Destaque outubro 2012

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Imagem do mês outubro de 2012

Casal de Vila Chã

B

eatriz Maria Dias Simões Lopes nasceu em Vila Chã, em 1955, no casal agrícola arrendado por seus pais. É oriunda de uma família de agricultores da zona saloia, mais precisamente de D. Maria, freguesia de Almargem do Bispo. Em Vila Chã a exploração pecuária esteve sempre presente, e o tratamento dos animais ditava as rotinas diárias dos moradores do Casal. Ao recordar os seus tempos de infância, Beatriz Lopes narra-nos as suas longas jornadas a pastorear as ovelhas nas terras envolventes do Casal. Também tinham gado bovino e a produção de leite era suficiente para a sua mãe o vender, avulso, porta a porta na Amadora, juntamente com os queijos frescos que confecionavam. Em outubro pomos em destaque uma fotografia de Beatriz Lopes e da sua irmã, mais velha, no pátio do Casal de Vila Chã, rodeadas pela criação e pelo burro “Flecha”. possível encontrar referências ao lugar de Vila Chã desde, pelo menos, finais do século XVI, nos livros de registos de nascimentos, casamentos e óbitos da freguesia de Belas. Entre 1706-1712, no Mapa de Portugal Antigo e Moderno, o Padre João Batista de Castro registou a existência de três casas em Vila Chã. A cerca de um quilómetro de Carenque, e quilómetro e meio do centro da Amadora, os núcleos populacionais mais próximos, o Casal de Vila Chã era um casal saloio típico, constituído por vários edifícios destinados a habitação dos moradores e à exploração agrícola, como palheiros, currais, armazéns de alfaias agrícolas, etc. A sua situação isolada propiciou a manutenção da atividade agrícola e pecuária no Casal até praticamente ao final do século XX. No entanto, a partir da década de 1960, a expansão urbana acabou por afetar, de forma indireta, a vida no casal. Nos extensos terrenos afetos ao casal de Vila Chã as pedreiras e fornos de cal, fervilhavam numa atividade constante, para fornecer materiais para a construção civil em expansão. Entre a Vila da Amadora e o Casal formou-se o bairro degradado de Santa Filomena, dando origem a problemas de segurança típicos de zonas suburbanas. Em Vila Chã houve que limitar a área de horta a uma faixa de terrenos fronteiros à casa, uma vez que os talhões mais afastados da vigilância direta dos moradores do Casal eram frequentemente alvo de pequenos furtos dos produtos hortícolas. Neste século, a expansão urbanística ditou o desaparecimento deste típico casal saloio, porventura um dos últimos que mantinha a atividade agrícola e pecuária outrora dominante nos terrenos da Amadora.

É

Foto cedida por Beatriz Lopes.


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