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DÉBORA DE AQUINO

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PAULO OLIVEIRA

PAULO OLIVEIRA

Você até hoje se atrapalha quando precisa escrever para instrumentos transpositores? Falar em transposição sempre gera dúvidas e confusão. Se você é saxofonista, trompetista, clarinetista, já deve ter ouvido falar que seu instrumento é afi nado em Bb (Si bemol) ou Eb (Mi bemol). Sabe o porquê disso, ou o que isso quer dizer? Isso acontece porque esses instrumentos são os chamados instrumentos transpositores. Como devo proceder se vou tocar sax alto com um pianista? Você já deve ter percebido que se os dois lerem a mesma partitura vão estar tocando em tons diferentes, pois o piano é afi nado em C (Dó) e o sax alto em Eb (Mi bemol). Vamos desvendar esse mistério e resolver de uma vez o ‘problema’ da transposição. A princípio pode não parecer lógico utilizarmos instrumentos transpositores. Se pensarmos em um clarinete em C (Dó), ele é apenas um pouco mais longo que um em Bb (Si bemol), então por que usar um em Bb se o trabalho será maior? Isso se deve a razões históricas. Nos primórdios da música, os instrumentos de sopro eram constru

Débora de Aquino, saxofonista e fl autista, de São Paulo, é coordenadora do Departamento de Sopro do CLAM Zimbo Trio (Centro Livre de Aprendizagem Musical). Contato: (11) 5051.5158 ou www.clamzimbo.com.br

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ídos especifi camente para a tonalidade em que tocavam, se não fosse dessa forma ocorriam desafi nações, daí termos as famílias de instrumentos sendo cada um construído em uma tonalidade. Com a evolução da música e das teorias musicais, o problema de afi nação acabou e os instrumentos passaram a afi nar bem em qualquer tonalidade, porém notou-se que alguns instrumentos soavam melhor em uma tonalidade do que em outra. Os clarinetes em Dó, em Ré, ou Mi, não têm boa sonoridade, e caíram em desuso a favor do clarinete em Bb. Outra razão bastante convincente é o fato de os instrumentos estarem organizados em famílias. É lógico que os membros de uma mesma família sejam concebidos de forma idêntica quanto à disposição de sua mecânica. Isso facilita o estudo porque uma nota produzida com um determinado dedilhado terá o mesmo nome em qualquer um deles, mas como os instrumentos possuem dimensões diferentes, os sons produzidos serão naturalmente diversos. Assim, a dedilhação correspondente ao Dó soa Dó em um clarinete em Dó, soa Si bemol em um clarinete em Si bemol, soa Mi bemol em um clarinete em Mi bemol. Esse sistema facilita muito a execução dos instrumentistas, mas por outro lado difi - culta a leitura e a escrita das partituras. Agora passaremos para a parte prática da história. Abaixo vemos uma tabela com alguns dos instrumentos transpositores. A primeira coluna mostra o som real produzido, a segunda indica o intervalo que deve ser aplicado para o transporte e a terceira a notação a ser empregada. Para um total domínio do emprego dessa tabela é necessário que você já tenha estudado e domine as matérias Construção de Escalas e Análise Interválica.

TABELA DE TRANSPOSIÇÃO

Agora vamos a um exemplo prático aplicado a uma música. Pensando em transportar para sax soprano Bb, vamos fazer o seguinte raciocínio:

1. Verifi que o tom da música. 2. Faça o transporte da tonalidade. Se a música estiver em Dó

Maior (nenhum acidente), vai para Ré Maior (dois sustenidos), intervalo de 2M (1 Tom) conforme a tabela, corrija então a armadura de clave. 3. Agora vá transportando nota a nota mantendo o intervalo de 2M. * Atenção: A cifragem também deve ser transposta.

A seguir temos um pequeno trecho da música All of Me transposta para clarinete e saxofones.

ALL OF ME

Observação: note que o sax soprano Bb e o sax tenor Bb estão no mesmo tom, o que muda é apenas a oitava para que eles soem na mesma região. Porém, tocar a música acima no sax tenor é um tanto desconfortável por estar muito agudo, mas nada impede que ele seja tocado com a mesma partitura do sax soprano, o que facilitará a mecânica e fará com que soe bem mais agradável. Instrumentos de mesma tonalidade podem ler a mesma partitura, mas poderão soar em oitavas diferentes.

Simon / Marks

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