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REGINALDO GOMES

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BOBBY WYATT

BOBBY WYATT

CEORA, DE LEE MORGAN Reginaldo Gomes Trompete

Falar de música é sempre gratifi cante e um dos principais inimigos quando começamos a aprender um instrumento é a ansiedade em poder tocar como os caras que admiramos. Mas devemos lembrar que, para uma boa execução, precisamos ter certo domínio técnico, que vai se aprimorando conforme prosseguimos nos estudos. Para isso, é necessário ter um professor em quem confi amos fazer com que trilhemos um caminho de progresso técnico. Isso nos permitirá interpretar e executar passagens ou músicas com mais naturalidade e controle. Certa vez, em um workshop, perguntei ao Cláudio Roditi se ele ainda praticava todos os dias, e ele respondeu que os grandes mestres diziam: “Quando alguém toca um instrumento de sopro e fi ca sem estudar um dia, você percebe, se você fi ca dois sua família percebe e se você fi car três o mundo todo percebe”. Por isso, devemos praticar como se fôssemos atletas. Poderia falar de muitos trompetistas e escolher uma canção mais conhecida, mas preferi uma música que eu adoro: Ceora, composta e gravada por Lee Morgan, entre os anos 1950 e 1960. Composta em tonalidade maior, ela deslancha na forma da cadência dois-cinco-um na qual, em vários momentos, o primeiro grau se

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Reginaldo ‘16T’ Gomes é trompetista e integrante dos grupos Funk Como Le Gusta (www.funkcomolegusta.com.br) e Clube do

Balanço (www.clubedobalanco.com.br) e cantor do coral da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (www.osesp.art.br).

transforma em segundo reiniciando a cadência e indo para a próxima modulação. É uma ótima harmonia para treinar as escalas e arpejos de cada acorde. Essa música foi composta praticamente dentro da região média do instrumento (observe que as notas estão dentro do pentagrama). Assim, qualquer estudante de nível intermediário poderá tocá-la. Ela foi gravada como se fosse uma bossa nova, mas também pode ser tocada como jazz, basta dar o sotaque certo para cada estilo. Se você não tem um professor, ouça os discos e repare como cada trompetista toca. Para estudá-la com o intuito de improvisar, basta seguir a harmonia: primeiro você pode tocar a fundamental de cada acorde no tempo da música e imaginar, mentalmente, a melodia. Depois vá adicionando a terça do acorde, depois a quinta, a sétima, procurando preencher no tempo em que cada acorde dura. Você pode treinar também tocando as escalas e os arpejos de cada acorde, ou ainda inventar um grupeto de duas, três, quatro ou mais notas e praticá-las em cima de cada acorde da música. São muitos os caminhos para praticar, mas é preciso disposição e perseverança para que, quando você for tocar a música pra valer, sinta em sua alma uma inspiração nova e realize-a sem difi culdades. Dá também para enfeitá-la com notas de aproximação (apogiaturas) ou grupetos em torno da nota real do acorde. O estudo e a prática servem justamente para fazer o difícil parecer mais fácil. Boa sorte e boa diversão a você!

EU RECOMENDO

Se você quer ouvir boa música, aqui vão minhas sugestões de trompetistas: Lee Morgan, Clifford Brow, Miles Davis, Fred Hubbard, Winton Marsalis, Wallace Roney, Chet Backer, Hoy Hargroove, Nicolas Payton, Terence Branchard, e alguns brasileiros que aprecio, como Marcio Montarroyos, Daniel D’Alcântara, Joathan Nascimento, Nahor Gomes e muitos outros.

CEORA

Obs.: A partitura está para o tom do piano, por isso, os instrumentistas transpositores podem aproveitar e fazer um exercício de transporte: um tom acima para os instrumentos afi nados em Bb, e um tom e meio abaixo para os instrumentos em Mib.

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