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CINCO MINUTOS COM: ANGELO TORRES POR DÉBORA DE AQUINO FOTOS: DIVULGAÇÃO

CINCO MINUTOS COM

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Angelo Torres

Angelo Torres não veio de família de músicos, mas aos 11 anos, quando se mudou para Niterói, cidade vizinha ao Rio de Janeiro e com intensa cultura musical, seu destino parecia traçado. Iniciou seus estudos musicais aos 16 anos e, dois anos depois, com os créditos do professor Edson Santos, passou a dar aulas na escola Art Music. Assim, foi se envolvendo cada vez mais com o meio profi ssional e entrou para o mundo da música de vez.

Seu primeiro trabalho de destaque foi a gravação do CD De Bem com a Vida, da cantora Melissa. As participações em shows e gravações passaram a fi car mais intensos. Trabalhou durante dez anos acompanhando renomados artistas gospel, como Cláudio Claro, Kleber Lucas, Ofi cina G3 e outros. Tocou com alguns nomes da música pop como Simony, Alexandre Lucas e Cláudio Zoli. Com a agenda lotada, realizou turnês por diversas cidades brasileiras. Agora, em seu terceiro CD-solo, Um Novo Tempo, Angelo toca e canta algumas músicas suas e outras em parceria com Kleber Lucas. Nesta entrevista a Sax & Metais, o saxofonista fala sobre a carreira, o novo trabalho e seus projetos musicais.

> Sax & Metais - O que o levou a escolher o saxofone?

Angelo Torres - Meu gosto pelo saxofone surgiu quando ouvi um solo num disco da cantora gospel Marina de Oliveira. Neste CD, havia uma música, Faça um Teste,

em que o solo de sax chamou a minha atenção pela sonoridade. Foi aí que meu interesse começou a despertar. Eu tinha 14 anos e ouvia as músicas nas rádios, logo identifi - cava aquele som que me atraía muito. Aos 16 anos, depois

RELEITURAS INSTRUMENTAIS

Intitulado Um Novo Tempo, o novo trabalho de Angelo Torres é um CD com releituras instrumentais de canções que emplacaram no circuito gospel como Deus Cuida de Mim, de Kleber Lucas; Leva-me além, do Min. Apascentar e Não há Barreiras, com participação de Álvaro Tito. “Há também algumas composições inéditas como Cada Vez Mais, Será uma Festa e Sara Nossa Terra. O CD tem um estilo congregacional, e além de tocar, canto algumas canções”, explica o músico.

A produção do CD é uma parceria de Torres com Kleber Lucas e a gravação foi realizada nos estúdios Art Music e KLC Studios. “Contamos com uma equipe de arranjadores e técnicos muito competentes, como os tecladistas Tiago Antony, que faz parte da banda de Kleber, e Adelso Freire, da banda Asaf, e os técnicos Júlio Silveira e Everson Dias, com mixagem e masterização de Val Martins, tudo supervisionado por mim e pelo Kleber”, conclui.

de muito insistir, meu pai fez uma surpresa e comprou um sax alto da Weril para mim. Fiquei muito feliz. Ele entrou em casa com o presente sem que eu soubesse. Comecei a me envolver com pessoas que tinham noções do instrumento, já que na época eu ainda não conhecia escola ou professor de música. Em pouco tempo já estava soprando umas notas na igreja Ministério Plenitude do Caramujo.

> O que gosta de ouvir atualmente?

Hoje minha maior infl uência é o saxofonista norte-americano Kirk Whalum. Gosto da forma como ele toca e aplica suas idéias. Mas não foi sempre assim. Comecei ouvindo Kenny G, como a grande maioria, pois é o mais popular. Depois conheci o trabalho do David Sanborn, a quem eu ainda ouço e coleciono. Nesse tempo todo tive várias infl uências em momentos diferentes, como Nelson Rangel, Charlie Parker, Gerald Albright. Atualmente ouço muita coisa diferente também, e não apenas discos de instrumentais. Gosto de Steve Wonder, Toto, Lionel Richie, Earth Wind & Fire e os brasileiros Djavan, Ed Motta, e muitos outros.

> Você diz que Deus lhe mostrou o caminho da música para o Ministério, mas queria fazê-lo de maneira não convencional. Como é o seu trabalho musical dentro da Igreja?

O trabalho instrumental já não é muito convencional nas igrejas, é algo diferente. Sempre toquei com outros artistas, e quando comecei e fazer minha música instrumental, a resposta do público era diferente. As pessoas assistem a uma apresentação instrumental e observam muito mais os elementos da música, os instrumentos captam a atenção das pessoas, essa é a diferença. Deus tem me ensinado que essa atenção tem de ser redirecionada para a glória e honra Dele, por isso precisamos buscar a unção de Deus, e não apenas uma boa técnica. Assim nossa música se torna um verdadeiro louvor.

DISCOGRAFIA Angelo Torres - 2002

Minha Vida - 2004 Sax for Christ (coletânea) - 2005 Um Novo Tempo - 2006

O CD Angelo Torres é o resultado de vários experimentos, das composições aos arranjos. Comecei a compor por acaso, nunca tinha feito isso e resolvi arriscar. No início, tudo era muito ruim, sem nexo, e às vezes ocorriam repetições de solos que eu tinha acabado de ouvir. Fui amadurecendo até ter alguma coisa que pudesse levar para estúdio. Começamos a gravar, gravei e regravei algumas coisas várias vezes, experimentava e, quando não gostava do resultado, deletava e refazia tudo. Muita transpiração. Quando terminamos o CD, fi quei muito satisfeito com o resultado. Nesse trabalho consegui mostrar exatamente o que eu era naquela época. Acredito que um trabalho registrado em CD é sempre assim, mostra o que o artista está sentindo.

Angelo Torres. Fale sobre este trabalho e sobre o seu processo de composição.

muito mais longe, mas tenho dado passos importantes. Quanto ao estilo, não gosto muito de rotular minha música. Gravo aquilo que está no coração, ouço muita coisa diferente e isso às vezes se refl ete nos meus discos. Estava observando a diferença do meu primeiro CD para o terceiro – em aproximadamente cinco anos mudei muito as características dos trabalhos. Quanto ao meu estilo de tocar, isso não mudou muito. Gosto do saxofone com um som pop e romântico.

> Como você vê os rumos da música gospel hoje?

Acho que tem melhorado muito. Os estúdios, arranjadores e produtores têm se aperfeiçoado bastante, temos excelentes músicos e cantores. Mas é preciso entender que a música de um determinado segmento não é apenas o que se ouve nas rádios. Existe a música comercial, como em qualquer outro segmento, e que muitas vezes não retrata fi elmente nossa música. Existe muito artista independente que não tem o mesmo espaço na mídia, mas que faz um som muito bacana.

> A vida de músico é um desafi o?

Sempre digo aos meus alunos que é preciso focar os objetivos e seguir em frente. É necessário também ouvir as coisas certas, ouvir os mais experientes e estudar muito. Cada dia é um novo desafi o, é preciso dar um passo de cada vez e vencer as adversidades. Fazendo isso, viverão muito bem e desfrutarão de uma vida realizada. z

SETUP DE ANGELO TORRES

Saxofones

• Sax alto Yamaha YAS 25 Boquilha Jumbo Java A 95 Palhetas Rico Royal 3

• Sax tenor Yamaha YTS 100 Boquilha ARB 9 Palhetas Rico Royal 3

• Sax soprano Condor Special Series Boquilha Dukoff D8 Palhetas Rico Royal 3

PERFIL GABRIEL GROSSI FOTOS: DIVULGAÇÃO POR REGINA VALENTE

Um dos principais gaitistas da nova geração musical, Gabriel Grossi concilia talento e emoção em seus trabalhos como instrumentista e produtor

Gabriel Grossi Técnica com sensibilidade

Faça o teste e pergunte a gaitistas e a outros instrumentistas de sopro o que eles pensam sobre o músico Gabriel Grossi. Provavelmente, a maior parte deles irá responder “é fera!”, “excelente gaitista”, entre outros elogios. Quem ainda não o conhece, depois de ler esta matéria, vai entender o porquê de tanta admiração por um jovem músico de 28 anos, nascido em Brasília e há quatro anos radicado no Rio de Janeiro. Quando criança, Grossi teve duas rápidas experiências que, muito provavelmente, acionaram o ‘botãozinho’ do talento para a música. “Aprendi um pouco de piano aos 7 anos, e de baixo, aos 14. Mas tudo como hobby”, despista. Por sorte, a família sempre incentivou o gaitista a enveredar na vida musical, já prevendo que seu talento para absorver e aprender música poderia render a ele ótimos frutos no futuro.

DE FRENTE PARA O MESTRE

Fã de estilos brasileiros, como choro e samba, e do improviso do jazz, Grossi começou a tocar mais intensamente aos 15 anos, quando fazia apresentações de gaita diatônica no tradicional Clube do Choro de Brasília, um dos redutos onde é possível encontrar músicos como Hermeto Pascoal, Hamilton de Holanda e Guinga, entre outros. O gaitista apresentava-se às quartas, quintas e sextas-feiras em uma casa de shows considerada uma grande vitrine para os novos talentos. “Fiz contatos com músicos incríveis lá”, conta Grossi, que trocou a gaita diatônica pela cromática aos 19 anos. “Foi uma opção para ampliar meu repertório, especialmente de música brasileira e de jazz.” A partir daí, Grossi se tornou fi gura freqüente nas rodas de samba e choro do Distrito Federal. Mostrava grande domínio técnico e capacidade de improvisação, mas ainda de forma muito intuitiva. “Quando passei para a cromática, senti necessidade de um estudo teórico mais denso”, lembra ele. Teve aulas de harmonia com Ian Guest e com o pianista Renato Vasconcelos. Para se aperfeiçoar na gaita, o jovem músico entrou em contato com um dos mestres do instrumento, Maurício Einhorn. “Estava passando férias no Rio e liguei para ele, sem muita esperança de retorno, pois eu era um adolescente de 19 anos que ninguém conhecia e um pouco atrevido”, brinca Grossi. Contrariando suas expectativas, a receptividade foi a melhor possível. “O Maurício foi muito bacana, fi cou feliz com meu interesse pela gaita e me convidou para ir à casa dele. Tivemos uma empatia instantânea: a primeira aula durou seis horas!”, recorda o gaitista, que viajava 18 horas de ônibus

CURIOSIDADES

• A primeira gaita de Gabriel Grossi foi uma cromônica (cromática com diatônica) modelo 48 vozes da Hohner.

• Antes avesso à tecnologia na música, o gaitista está estudando para conhecer mais o assunto. “Ainda estou no começo, mas vejo como um caminho inevitável para o músico. É muito útil conhecer o microfone que você usa, a equalização do instrumento, efeitos como delay e distorção.”

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