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Gospel: conheça o trabalho do saxofonista Angelo Torres, que faz um som moderno e de qualidade

Raul de Souza está preparando o lançamento (pela editora Keyboard) de três métodos musicais, para trombone, saxofone e trompete.

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Essa reedição gerou vários convites, inclusive para participar do novo disco de Ithamara Koorax (em uma das últimas sessões do baterista Dom Um Romão, com Ron Carter e Gonzalo Rubalcaba completando o trio de base), e compor a trilha sonora para o fi lme Lost Zweig, de Sylvio Bach, cuja estréia vem sendo sucessivamente adiada. “O fi lme retrata a última semana de vida do escritor judeu austríaco Stefan Zweig, autor do livro Brasil, País do Futuro, e de sua esposa Lotte”, comenta Raul. “Eles fi zeram um pacto misterioso, se suicidaram em Petrópolis, após o Carnaval de 1942, tudo foi premeditado. Fiz a trilha junto com o Guilherme Vergueiro, pianista, e grande parte das músicas foi improvisada no estúdio enquanto assistíamos ao copião.” Também nos planos de Raul está um projeto sinfônico, com variações jazzísticas sobre a obra de Brahms, seu compositor predileto. Uma pequena prévia desta acomplagem com orquestra foi realizada em um concerto com a Jazz Sinfônica, em 2005, em São Paulo, fi lmado para lançamento em DVD, que ainda não aconteceu.

TRAJETÓRIA BRILHANTE

Nascido João José Pereira de Souza, em 23 de agosto de 1934, no Rio de Janeiro, começou tocando pandeiro na Igreja Presbiteriana da qual seu pai era pastor. O primeiro trabalho profi ssional surgiu aos 16 anos, tocando tuba na banda da Fábrica Bangu, onde trabalhava como tecelão. “Era uma das indústrias mais importantes do Rio naquela época”, relembra. “Tocávamos nas inaugurações das lojas e também em jogos de futebol, para animar as torcidas. Experimentei fl auta, trompete e sax tenor, antes de optar pelo trombone de válvula, também chamado de trombone de pistões.” O apelido de ‘Raulzinho’ foi dado por Ary Barroso, quando o garoto se apresentou no famoso programa de rádio comandado pelo compositor. “Já temos o Raul de Barros, o Raulzão, então você vai ser o Raulzinho do Trombone. Além disso, João José não é nome de trombonista”, sentenciou Ary. Durante o serviço militar, fi cou amigo do lendário batera Edison Machado quando ambos serviam na Infantaria de Guarda da Aeronáutica, chegando a Primeiro Sargento-Músico. Retomando a vida civil, passou a tomar parte em vários concursos radiofônicos, conhecendo mestres como Pixinguinha, Waldir Azevedo e Altamiro Carrilho. “Em 1955, fi z algumas gravações com A Turma da Gafi eira, conjunto liderado pelo Altamiro, com participações de Edison Machado, Sivuca, Zé Bodega e Baden Powell. Depois fui para Curitiba, onde casei, tive três fi lhos e fi quei cinco anos, tocando na orquestra do trompetista Osval Siqueira, e na Banda da Escola de Ofi ciais e Guardas da Base Aérea de Bacacheri. À noite, saía de uniforme e tudo para tocar nos dancings. Foi lá também que conheci o Airto, que cantava boleros em boates de reputação duvidosa”, diverte-se. Diz a lenda que, em uma região pantanosa, o trombonista costumava estabelecer inusitados diálogos musicais com um búfalo, o que teria infl uenciado sua volumosa sonoridade. O jornalista Roberto Muggiati, testemunha ocular do fato, conta a versão correta para a esdrúxula amizade que gerou até mesmo uma música (Water Buff alo, incluída no disco Colors) em homenagem ao mamífero ruminante. “Raulzinho tocava numa boate que fi cava dentro do Passeio Público de Curitiba, misto de parque e zoológico. Nos intervalos, ele caminhava perto do tanque dos búfalos, que de tão grande parecia uma lagoa. E de fato travava longos duetos com os animais, para espanto meu, do escritor

SETUP DE RAUL DE SOUZA

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