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Vida de músico Alexandro Caldi

de Brasília para o Rio aos fi ns de semana para freqüentar as aulas com Einhorn. O sacrifício valeu a pena. “Sou muito grato a ele, porque acreditou no meu potencial e me abriu muitos caminhos na música.” A amizade rendeu também muito conhecimento para Grossi, que destaca três grandes ensinamentos absorvidos com Einhorn: o amor pela música, a importância de cuidar bem do instrumento e de sempre estudar harmonia. “Ele batia muito nesta tecla e também na improvisação”, diz o gaitista, lembrando uma característica que hoje é sua marca. “Meu ímpeto é de improvisar, me entusiasma. Respeito as músicas executadas com perfeição e rigidez, mas gosto dessa liberdade.”

CARREIRA-SOLO

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Grossi, além de tecnicamente apresentar incrível vigor, virtuosismo e sensibilidade, vem construindo uma sólida carreira na produção musical. “Trabalhar com música envolve tocar, produzir, dar aulas, gravar. É um leque muito grande de opções e eu me considero um profi ssional versátil.” Ele foi co-arranjador e músico do CD Eu me Transformo em Outras, de Zélia Duncan, e gravou o CD e o DVD de Beth Carvalho. Tocou e gravou com artistas como Leila Pinheiro, Lenine, Dominguinhos, João Donato, Chico Buarque e Paulo Moura. Lançou, em 2005, seu primeiro trabalho-solo, Diz que Fui por Aí (Delira Música), com participações especiais de artistas como Maurício Einhorn, Hamilton de Holanda e Hermeto Pascoal. Seu disco de estréia foi muito bem re

GAITA COM VIOLÃO

Gabriel Grossi e Marco Pereira se conheceram em Brasília, durante as gravações do CD Eu me Transformo em Outras, de Zélia Duncan. Por dois anos, se apresentaram juntos na turnê do disco e, entre uma passagem de som e outra, surgia, espontaneamente, um repertório em comum. “Quando vimos, já tínhamos um CD quase pronto nas mãos”, lembra o gaitista. Daí para o lançamento do CD Afinidade, foi um passo. A combinação da gaita com o violão rendeu um álbum original e agradável. “Os timbres dos instrumentos combinam muito e o repertório com baladas mais românticas me deu a oportunidade de desenvolver um outro lado musical, de tocar notas mais longas, em um ritmo mais lento”, explica Grossi.

Diz que fui por aí, primeiro trabalho-solo de Grossi, conta a participação do mestre das harmônicas Maurício Einhorn e o grande violonista Marco Pereira

cebido pela crítica especializada, tanto em relação à original concepção musical quanto ao trabalho de composição e arranjos. A história do álbum é curiosa: Grossi estava terminando a faculdade de jornalismo em Brasília, em 2002, e pensava em mudar-se para o Rio, onde o mercado era mais pro

• Gaita Bossa, de ouro, afinada em Dó. “É um modelo novo da Bends, fábrica recém-inaugurada no Brasil, que vem fazendo um ótimo trabalho, me surpreendeu.”

missor para a sua carreira. Montou o repertório e toda a concepção do álbum. De surpresa, seu pai inscreveu o projeto no MEC. Depois veio a notícia de que o CD havia sido aprovado e a Delira Música o gravaria. Diz que Fui por Aí é um trabalho de grande técnica, interpretação e sentimento, que contou com a participação de Marco Pereira (violão), Hermeto Pascoal e, claro, o ex-professor, mestre e amigo Maurício Einhorn. “É um gaitista espetacular, um músico de forte personalidade, movido por uma enorme paixão pela gaita e pela música, me encho de orgulho em ter participado deste brilhante CD”, comenta Einhorn. “Gabriel é aquele menino que leva a lição pra casa e, no dia seguinte, já tem algo pra ensinar. Intuitivo, atrevido, reconhecido por seus mestres, um músico emocionado e emocionante”, completa a cantora Zélia Duncan. O gaitista está em turnê pelo Brasil, divulgando seu trabalho no álbum Brasilianos, do bandolinista Hamilton de Holanda, e do disco Afi nidade, gravado em duo com Marco Pereira (ambos lançados pela Biscoito Fino) e já tem um novo projeto engatado. “É um CD de forró, bem brasileiro, com gaita e sanfona, que tem tudo a ver um com o outro”, revela o músico, que também faz parte do sexteto do contrabaixista Th iago do Espírito Santo. z

O gaitista está em turnê pelo Brasil e deve lançar CD mesclando gaita e sanfona no começo de 2007

o craque do trombone RAUL DE SOUZA

Aos 72 anos, o trombonista brasileiro mais famoso internacionalmente faz uma retrospectiva de sua carreira, em reportagem especial para a Sax & Metais

Por Arnaldo DeSouteiro* Fotos: Marcelo Rossi e divulgação

Desde o início das comemorações por conta de seus 70 anos, em 2004, que incluiu até um documentário sobre sua vida, Raul de Souza não pára. Agora, decidiu viver na ponte aérea Rio-Paris. Além de se preparar para lançar um novo disco com músicos brasileiros, segue se apresentando com sua banda francesa na noite parisiense. “Montei um conjunto com a bela saxofonista Claire Michael, que mistura ritmos brasileiros e sons eletrônicos, bem na linha dançante do acid-jazz. Mas para o mercado brasileiro tem de ser outra jogada, por isso fi z o Jazzmim numa outra onda”, revela. Em férias no Rio com a esposa Yolaine, o mais completo, versátil e expressivo trombonista brasileiro de todos os tempos – e o único a alcançar fama mundial, graças a seus trabalhos com Airto Moreira, Flora Purim, Sonny Rollins, Cal Tjader e George Duke – ainda usufrui da ótima repercussão causada pelo relançamento de seu álbum-solo de estréia, À Vontade Mesmo, cuja reedição tive a honra de produzir para a série RCA 100 Anos de Música.

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