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Gian de Aquino (TUBA

COMO ELABORAR SEU PLANO DIÁRIO DE ESTUDOS Tuba e Bombardino

Por Gian e Aquino

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Existem atividades físicas básicas e exigências quando se tocam instrumentos de metal que precisam estar além do reino do pensamento consciente, especialmente fora do modo de questionamento, não pondo dúvidas em mentes sensíveis. É por esta razão que uma rotina diária que passe por todos os aspectos básicos para se tocar, se torna essencial. O músico não pode fi car pensando se aquela ligadura de oitava vai sair, se aquela entrada em piano vai acontecer. Estes aspectos básicos de nosso desempenho já deveram ter sido amplamente trabalhados em nossas práticas diárias. Alguns artistas têm uma seqüência estrita de exercícios que eles praticam diariamente antes de começar a prática de música propriamente dita. Outros preferem variar mais seus exercícios, baseados nas necessidades atuais de cada indivíduo, permitindo que cada um escolha sua seqüência com base nas suas necessidades imediatas, nas suas defi ciências atuais e nas músicas que eles estão praticando. Isto permite ao músico estruturar sua rotina em porções apropriadas não só reforçando suas forças, mas também confrontando suas fraquezas e modifi cando a rotina à medida que suas necessidades também mudarem. A vantagem de uma rotina diária básica fl exível é que ela permite ao artista um balanço mais equilibrado em sua prática, contornando possíveis problemas decorrentes do trabalho específi co que ele esteja realizando no momento e que pode prejudicar certos aspectos de sua performance. Uma boa coleção de material para prática diária básica pode ser encontrada no Método Completo para Tuba de William Bell, na parte de aquecimento e rotina diária, publicado por Charles Colin. Este livro contém uma rápida, porem efi ciente, seqüência de exercícios que o levarão depressa aos rudimentos de tocar: produção do som, articulação, exercícios rápidos de língua, escalas e arpejos. Minha rotina básica diária consiste num conjunto de exercícios que, dependendo da quantidade de tempo que eu tenho para trabalhar neles, podem durar de 20 minutos até 2 horas de prática. Embora eu tente trabalhar diariamente em cada área, divido o tempo de trabalho de cada área, confrontando minhas forças atuais com minhas fraquezas. Existem oito áreas na minha prática que eu tento cobrir a cada dia. Eu acredito que funcione melhor para eu atravessar estas áreas na ordem em que elas estão listadas. Podem servir de sugestão para o início da formulação de sua própria rotina diária, uma coleção de estudos que podem variar de acordo com o tempo disponível para sua prática e também de acordo com os problemas específi cos que precisem ser resolvidos com freqüência. Cada músico deve desenvolver sua própria rotina, se aprimorando a cada dia.

Gian de Aquino é primeiro tubista da Orquestra Sinfônica de São Paulo e desenvolve atividades pedagógicas no Centro de Estudos Musicais Tom Jobim (antiga Universidade Livre da Música), em São Paulo. Site: www.gianaquino.mus.br. E-mail: tubamore@ig.com.br

fundas, relaxadas, abertas constantemente, procurando exalar o ar sem restrições ou fechamento da garganta, e produzindo um som lindo, consistente e ressonante. Nesta área eu utilizo os exercícios de notas longas do Método do Max Schlossberg, publicado por M. Baron Company. 2. Resistência, Flexibilidade e Fluxo de Ar Constante. Depois de ter certeza que a respiração e a produção do som estão em seus lugares, eu volto minha atenção para exercícios simples de ligaduras e manutenção do fl uxo de ar constante. Exercícios de ligaduras de lábio através da série harmônica como os encontrados no Schlossberg e nos exercícios do grande tubista Arnold Jacobs, encontrados no fi nal do Método Avançado para Banda, livro de Tuba, da editora Hal Leonard, são perfeitos para esta prática. 3. Registro Grave e Amplitude Sonora. Tubistas freqüentemente negligenciam seu registro grave, enquanto desejam igualar a habilidade pirotécnica e a excitação de tocar notas agudas exibidas pelos trompetistas. Isto não quer dizer que tubistas não devam desenvolver velocidade de execução e muito menos não devam desenvolver seu registro agudo, mas isto não deve ser feito em detrimento de seu registro grave e da qualidade de seu som, o que faz com que um trabalho diário no registro grave se torne essencial. Exercícios de notas longas no extremo grave são um bom início desta prática, seguido pelos 43 Bel Canto Etudes para Tuba de Marco Bordogni, tocados uma oitava a baixo, publicados por Robert King. Uma publicação um pouco mais recente e também excelente para trabalhar esta região são os Low Etudes for Tuba de Phil Snedecor, também publicados por Robert King. 4. Consistência da Articulação e Colocação da Língua. É muito importante que o controle e correta posição da língua durante a articulação sejam estabelecidos e mantidos. Como a formação bucal varia entre cada indivíduo, é importante que cada um descubra a melhor posição para si. Alguns exercícios básicos de articulação devem ser praticados a cada dia para dar a segurança de que as corretas sílabas de articulação estão sendo utilizadas e que a articulação está consistente. Alguns dos melhores estudos básicos de articulação podem ser encontrados no Método Arban e incluem os exercícios de semínimas, colcheias e semicolcheias, encontrados logo no início do método. Estes exercícios deveriam ser praticados diariamente.

5. Estabelecimento e controle de um Grande Espectro de Di

nâmica. Neste ponto de minha rotina diária é muito importante checar se o controle do fl uxo de ar está completo, para que am

bos, tanto piano quanto fortíssimo, possam ser tocados facilmente. Para esta checagem, eu procuro utilizar trechos orquestrais variados, como por exemplo, o Romeu e Julieta de Prokofi ev, ou algumas passagens da ópera Das Rheingold de Wagner, inclusive a Entrada dos Deuses em Valhalla, o solo do Gigante e o solo do Dragão. 6. Técnica, Destreza dos Dedos e Registro Extremo. Depois que as áreas básicas de execução, respiração, produção do som, controle de ar e colocação de língua foram trabalhadas, é hora de dar um pouco de atenção em técnicas mais complexas, com maior velocidade e no registro agudo. Para esta parte eu utilizo pelo menos dois grupos de escalas e arpejos diariamente que incluem maiores, menores naturais, harmônicas, melódicas, escalas maiores em terças, quartas e escalas de tons inteiros. Escalas são o elemento básico de todas as músicas que nós tocamos e precisam estar sob completo controle. Além do trabalho com escalas específi cas, exercícios técnicos encontrados no Método Arban e no Herbert Clarke Technical Studies, publicados por Carl Fischer, constituem-se num excelente material para se conseguir um refi namento técnico adicional.

7. Expressividade e Melodias. A essência da música é a melodia, e na maior parte do repertório tocado pelos tubistas não temos grandes oportunidades de tocar melodias bonitas. A habilidade para executar melodias é indispensável para qualquer músico e os tubistas devem fazer desta habilidade o foco de sua prática. Os 43 Bel Canto Etudes de Marco Bordogni constituem-se num excelente ponto de partida. Outra coisa que eu gosto muito de fazer é tocar as melodias bonitas escritas para outros instrumentos, como por exemplo, o solo do Cisne do Carnaval dos Animais, a Reverie de Schumam e o Largo do Inverno de Vivald. 8. Ultrapassando os Limites. A pessoa tem sempre de se esforçar para obter um completo controle técnico do instrumento. Devem desafi ar-se com exercícios mais difíceis, músicas novas e mais complexas entre outras coisas. Outros livros que podem também ser utilizado são os 70 Estudos do Blazhevich e os 60 Selected Studies do Kopprash, publicados por Robert King, Bixby-Bobo Studies in Bach, publicados por Western International e os 12 Special Studies de Maenz, publicado por Hofmeister.

EXERCÍCIO DE RESPIRAÇÃO SEM O INSTRUMENTO

(sempre respirações completas, relaxando durante todo o tempo)

Charles Vernon

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