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Cartas

Com edições em São Paulo, Rio de Janeiro, Vitória e Curitiba, o festival reúne durante três dias grandes músicos do jazz e do pop e rock. Um dos maiores eventos musicais da América Latina, o TIM Festival se destaca pela experimentação e pela diversidade musical. O festival traz bandas consagradas, mitos do jazz e do rock, além de representantes do pop, da world music e da música eletrônica. No universo do sopro, o destaque fi ca para a banda vencedora do Grammy 2005 de Melhor Álbum de Jazz por Concert in the Garden: Th e Maria Schneider Orchestra. A musicista começou a carreira em 1985, como assistente de Gil Evans, colaborador de Miles Davis. A partir de 1993, sua orquestra passou a se apresentar às segundasfeiras no Visiones, no Greenwich Village, em Nova York. O sucesso foi tanto que Schneider recebeu convites para se apresentar na Europa, América Latina e Ásia. Schneider trabalhou também com Ivan Lins, fazendo arranjos para a turnê européia do cantor em 2003. Além do Grammy, o álbum Concert in the Garden recebeu o prêmio de CD de jazz do ano do Jazz Journalists Awards. Evanescence (1994), seu primeiro trabalho, também foi indicado ao Grammy 1995, assim como os álbuns seguintes Coming About (1996) e Allegresse (2000), que ainda concorreram ao prêmio máximo da música norte-americana. Em suas apresentações, a orquestra recebe a presença do trombonista Vince Gardner.

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MSO: 18 músicos virtuosos em show superconcorrido

Homenagem de primeira

Aloysio de Oliveira, integrante do histórico Bando da Lua, foi para os Estados Unidos com Carmen Miranda e ali fez sucesso com ela, como compositor, músico e participante de fi lmes em Holywood. No CD Coisas que Lembram Você (gravado e lançado pela CPC-Umes), Sonya, vocalista do Quarteto em Cy, presta uma comovida homenagem ao compositor. Além de excepcional cantora, Soninha fez esta emocionante releitura da obra de Oliveira da melhor forma possível: ao lado de alguns dos melhores músicos do Brasil, como Gilson Peranzetta, Roberto Menescal, Luiz Alves, Mauro Senise, Celinha Vaz, Paulo Russo, João Cortez, Ricardo Pontes, Adriano Giff oni, Chiquinho Netto e Jimmy Santa Cruz. Pelo talento privilegiado de Sonya, este CD mostra o quanto foi grande Aloysio.

Sonya (sentada, à esquerda): CD inspirado

ALEXANDRE CALDI

Osaxofonista cresceu em um ambiente musical. O pai, falecido, era pianista, e a mãe também é. “Freqüentava concertos, festivais, ambientes de música erudita, e hoje percebo o quanto tudo isso foi importante”, conta. Seu grande desejo, porém, era fazer música popular.

Aos 17 anos, começou no mundo do sopro tendo aulas com Mauro Senise. Apesar disso, Caldi achava que a música era um hobby, tanto que chegou a cursar três meses da faculdade de jornalismo, antes de decidir se

SETUP DE ALEXANDRE CALDI

Saxofones

• Sax soprano e tenor Selmer Super Action • Sax alto Yamaha 62 • Sax barítono Selmer Mark VI • Flauta Muramatsu • Flautim Scholastic

“São instrumentos que praticamente apareceram para mim. Comprei-os em épocas distintas, sempre em ótimo estado. Sou fiel a eles há muito tempo.”

tornar profi ssional. “A partir daí tive contato com outras pessoas fundamentais para a minha formação, como a Bia Paes Leme, com quem estudei teoria, percepção, harmonia e arranjo; Laura Rónai, que me deu aulas de fl auta e, principalmente, Carlos Malta, que me orientou muito e me indicou para substituí-lo em uma série de trabalhos”, relembra. O músico tem outra qualidade importante: procurou sempre escutar de tudo, de Bach a Pixinguinha, de Villa-Lobos a John Coltrane. Caldi conversou com Sax & Metais sobre sua carreira e seus projetos.

Rotina: “Como toco quatro tipos de saxofone, além de fl auta e fl autim, ensaio em vários grupos e sou professor de sax, fl auta, teoria e percepção musicais, tento estudar diariamente e procuro defi nir as prioridades conforme os compromissos se apresentam. Mas sempre dou uma atenção especial à fl auta, que, dos instrumentos que eu toco, vejo como o que mais exige de mim para o padrão de qualidade não cair. Também busquei trabalhos que me fi zeram praticar os quatro saxofones: no Garrafi eira, toco os saxes soprano e barítono, e no Sembatuta, o alto e o tenor.” Estilo: “Considero-me um saxofonista eclético. Já fui mais jazzista, toquei música erudita quando gravei uma peça de Almeida Prado. Agora estou aprimorando uma linguagem mais brasileira, mais próxima do choro, mas há trabalhos que exigem outras leituras, como o LiberTango, que se dedica a Piazzolla. Vou aceitando os desafi os.”

Garrafieira (vencedor do Prêmio TIM 2005 de melhor grupo de MPB):

“Foi uma alegria enorme ter esse reconhecimento diante da difi culdade que é manter um grupo grande (dez músicos) atuando sem ter espaço no rádio ou na televisão. O prêmio nos trouxe algum status, nosso mercado melhorou um pouco, mas não foi nada que tenha transformado radicalmente a trajetória do grupo. O Garrafi eira está planejando seu segundo CD e está aberto a conversas.”

CD-solo: “Sempre trabalhei bem em parcerias ou em grupos. Achei que era hora de pensar mais em mim como solista e estou gravando meu primeiro CD-solo. Como não tenho condições de parar tudo o que estou fazendo só para gravar, é um trabalho de médio prazo, que espero lançar no início de 2007. É um produção independente e 80% autoral, com um perfi l bem brasileiro: choros, sambas, baiões. Hoje você encontra centenas de gravações de música brasileira, choro, frevo, na forma de partituras, métodos, songbooks, etc. Temos de valorizar nossa música, sem xenofobia, claro. Podemos apreciar igualmente o Hermeto Pascoal e o Joshua Redman.” z

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