Educação em Rede
Volume 3
Gerontologia
Sesc | Serviço Social do Comércio Departamento Nacional Rio de Janeiro Outubro de 2013
Sesc | SERVIÇO SOCIAL DO COMÉRCIO Presidência do Conselho Nacional
Produção Editorial
Departamento Nacional
Assessoria de Divulgação e Promoção Gerente
Antonio Oliveira Santos Direção-Geral
Christiane Caetano
Maron Emile Abi-Abib
Supervisão editorial e edição
Divisão Administrativa e Financeira
Fernanda Silveira
João Carlos Gomes Roldão
Divisão de Planejamento e Desenvolvimento
Álvaro de Melo Salmito
Projeto gráfico
Ana Cristina Pereira (Hannah23) Revisão de texto
Divisão de Programas Sociais
Clarisse Cintra Elaine Bayma Tathyana Viana Viviane Godoi
Nivaldo da Costa Pereira
Consultoria da Direção-Geral
Juvenal Ferreira Fortes Filho
Diagramação
Julio Fado
Produção gráfica
Celso Mendonça
Conteúdo
Estagiário de produção editorial
Thiago Fernandes
Gerência de Educação e Ação Social Gerente
Maria Alice Lopes de Souza Especialistas responsáveis
Maria Clotilde Barbosa Nunes Maia de Carvalho Claire da Cunha Beraldo Gerência de Desenvolvimento Técnico Gerente
Márcia Alegre Pina
Especialista responsável
André Souto Witer
FICHA CATALOGRÁFICA Gerontologia. – Rio de Janeiro : Sesc, Departamento Nacional, 2013. 152 p. : 25 cm. – (Educação em rede ; v. 3) Inclui bibliografia. ISBN 978-85-89336-96-3. 1. Gerontologia. 2. Envelhecimento. 3. Idosos – Cuidados médicos. I. Sesc. Departamento Nacional. II. Série. CDD 305.26 ©Sesc Departamento Nacional Av. Ayrton Senna, 5.555 — Jacarepaguá Rio de Janeiro — RJ CEP 22775-004 Tel.: (21) 2136-5555 www.sesc.com.br Impresso em outubro de 2013. Distribuição gratuita. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei no 9.610 de 19/2/1998. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida sem autorização prévia por escrito do Departamento Nacional do Sesc, sejam quais forem os meios e mídias empregados: eletrônicos, impressos, mecânicos, fotográficos, gravação ou quaisquer outros.
“A velhice é uma conquista admirável da civilização tanto quanto da exclusividade de um indivíduo que atravessa o tempo, desafiando a vulnerabilidade do seu corpo que segue o curso contínuo do desenvolvimento, envelhecendo mais e mais” (PY; BURLÁ, 2005).
Desde as primeiras transmissões de documentos via fax ao advento da internet e democratização do acesso ao computador pessoal, o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação trouxe novas perspectivas ao processo ensino-aprendizagem. Isso contribuiu para encurtar distâncias e ampliar as oportunidades de intercâmbio de saberes e experiências. Ao celebrar 10 anos de implantação da Rede Sesc de Desenvolvimento Técnico, assumimos o pioneirismo institucional ao ofertar ações de capacitação mediadas por videoconferências, promovendo a integração e o aprimoramento técnico das equipes nas Unidades Operacionais, em tempo real. Esta publicação resulta desse intercâmbio, uma parceria técnica entre especialistas em Gerontologia e os profissionais responsáveis pela condução do Programa Assistência nos Departamentos Nacional e Regionais do Sesc, ocorrido durante a realização do curso Gerontologia, promovido no exercício de 2012. O presente material compila fontes de estudo para o pensar e repensar sobre a importância da formação continuada de profissionais responsáveis pelo Trabalho Social com Idosos, atividade desenvolvida no Sesc desde 1964 e atualmente presente em 24 estados e no Distrito Federal, atendendo aproximadamente 100 mil idosos. Acreditamos no diálogo entre os diferentes atores envolvidos como via para a expressão de pensamentos e difusão de conhecimentos que reafirmam o protagonismo do Sesc nas ações nacionais de Trabalho com Grupos de Idosos.
Maron Emile Abi-Abib Diretor-Geral do Departamento Nacional do Sesc
Sumário introdução 8 TRANSIÇÃO DEMOGRÁFICA E EPIDEMIOLÓGICA
José Elias Soares Pinheiro
10
Envelhecimento Normal e Patológico
Rodrigo Bernardo Serafim
20
POLÍTICAS SOCIAIS E DE SAÚDE PARA A VELHICE
Maria Angélica Sanchez
34
PRINCIPAIS PROBLEMAS QUE ACOMETEM A SAÚDE DO IDOSO
Tarso Lameri Sant Anna Mosci
48
TEORIAS E ASPECTOS PSICOLÓGICOS, SOCIAIS E CULTURAIS DO ENVELHECIMENTO
Eloisa Adler Scharfstein
68
OCUPAÇÃO DO TEMPO LIVRE E RELAÇÕES INTERGERACIONAIS
Dulcinéa da Mata Ribeiro Monteiro
82
CAPACIDADE FUNCIONAL E REABILITAÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL
Marli de Borborema Neves
104
INTERDISCIPLINARIDADE E MULTIPROFISSIONALIDADE EM GERONTOLOGIA: CONJUGAÇÃO DE SABERES E AÇÕES
Ligia Py e José Francisco P. Oliveira
122
PALIAÇÃO: UMA FILOSOFIA DE CUIDADO INTEGRAL
Daniel Lima Azevedo, Claudia Burlá e Ligia Py
132
Introdução O Sesc, como instituição pioneira na promoção social da velhice, conta com a participação de seus Departamentos Regionais, em todo o Brasil, na articulação para a implementação das políticas voltadas ao segmento idoso. A ação do Sesc com os idosos começou na década de 1960 e revolucionou o trabalho de assistência social, na deflagração de uma política voltada para as pessoas idosas. O Programa Assistência, por intermédio da Atividade Trabalho Social com Idosos, tem desenvolvido capacitação técnica em Gerontologia por videoconferência desde o ano de 2007. Para o ano de 2012, o curso de Capacitação Técnica teve o objetivo de desenvolver competências necessárias para atualizar e aprofundar os conhecimentos em Gerontologia, visando ao desenvolvimento do trabalho de forma mais dinâmica a partir da compreensão do envelhecimento enquanto processo. Este curso retoma conceitos e propostas em consonância com as ações ofertadas nos exercícios de 2007, 2008 e 2009. Para ministrar as aulas, convidamos profissionais da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia Seção Rio de Janeiro, sob a coordenação da gerontóloga
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Maria Angélica Sanchez, que reuniu os profissionais da SBGG na realização das aulas, abordando as principais questões que envolvem o processo de envelhecimento. A capacitação foi voltada para os coordenadores e técnicos da Atividade Trabalho Social com Idosos em todos os Departamentos Regionais e para profissionais de instituições parceiras do Sesc, no atendimento ao idoso. Esta publicação integra as ações previstas para o ano de 2013, em que o Sesc está comemorando os 50 anos do Trabalho Social com Idosos, e proporcionará o aprofundamento dos conteúdos abordados na capacitação em Gerontologia, sendo mais um material fruto da proposta do Módulo Político do TSI e da política de ação do Sesc, voltada para o aprimoramento dos técnicos e contribuindo com seus pares na propagação de conceitos e práticas em prol do trabalho social com a população idosa brasileira. 9 Introdução
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Transição demográfica e epidemiológica José Elias Soares Pinheiroi
Título de especialista em Medicina Geriátrica pela Sociedade Brasileira de Geriatria e
i
Gerontologia e Associação Médica Brasileira; presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia na seção do Rio de Janeiro, biênio 2010-2012; membro da Câmara Técnica de Geriatria do Conselho Federal de Medicina, geriatra do Instituto de Neurologia Deolindo Couto da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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RESUMO
ABSTRACT
O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial e uma conquista do século 20. O processo de transição demográfica e epidemiológica nos proporciona uma série de informações que nos possibilita um exercício para o desenvolvimento de práticas pessoais e de políticas públicas de saúde para um envelhecimento ativo e sustentável.
Population aging is a worldwide phenomenon and an achievement of the twentieth century. The process of demographic and epidemiological transition provides us with a series of information that enables an exercise for the development of personal practices and public health policies for active aging.
Palavras-chave: transição epidemiológica, envelhecimento populacional, envelhecimento ativo.
Keywords: epidemiological transition, active aging.
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Transição demográfica e epidemiológica
O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial. Tem sido considerado com uma das grandes conquistas do século 20. É um processo dinâmico e progressivo, no qual há modificações morfológicas, funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam perda da capacidade de adaptação ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que terminam com a morte. Esse processo vem propiciando um desenvolvimento das áreas de Geriatria e Gerontologia.
12 Transição demográfica e epidemiológica
A Geriatria é uma especialidade médica que teve início nos primórdios do século passado, decorrente da necessidade diferenciada de atendimento de indivíduos idosos com múltiplos problemas de saúde. Moldou-se então um profissional que foca sua atenção no envelhecimento humano, na promoção da saúde, na prevenção e no tratamento das doenças, na reabilitação funcional e nos cuidados paliativos que estão envolvidos neste processo. A Gerontologia é a ciência que se propõe a estudar o processo do envelhecimento em todos os seus aspectos biológicos, sociais e psicológicos, interligando áreas como Direito, Educação, Arquitetura, Políticas Sociais, Antropológicas, entre outras. O idoso é definido, de acordo com a Política Nacional da Pessoa Idosa, como o cidadão que tem 60 anos ou mais de idade, não tendo, portanto, uma idade que delimite o fim desse ciclo vital da vida. Em face disso, teremos grupos populacionais de idosos de 60 anos e também grupos de idosos de 100 ou mais anos de idade. Tal situação resulta na heterogeneidade desse segmento populacional denominado “idoso”. A Transição Demográfica é o movimento de passagem de altos para baixos níveis de fecundidade e mortalidade. O envelhecimento populacional decorre de um movimento de crescimento elevado, seguido de uma redução da fecundidade e da mortalidade da população. No Brasil, o processo de taxas elevadas de crescimento ocorreu no período dos anos 1950 a 1970, cerca de 3,0% ao ano. E a taxa de fecundidade, que é a quantidade média de filhos por mulher em idade de procriar, ou seja, de 15 a 45 anos, que era, em 1960, de 6,1%, reduziu-se para 1,85%, em 2010, ocorrendo em conjunto
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uma queda da mortalidade em todas as faixas etárias, em decorrência de inúmeros fatores, culminando em uma maior quantidade de idosos na constituição do contingente populacional. A figura da pirâmide etária é a forma padrão para se observar o envelhecimento da população. Esse processo se caracteriza pelo estreitamento da base da pirâmide e um alargamento contínuo dos demais níveis de faixa etária até chegar ao topo da pirâmide.
Idade
1910
Homens
800 600 400 200
Milhares
Idade
Idade
100
2005
100
2025
100
90
90
90
80
80
80
70
70
70
60
60
60
50
50
40
Mulheres
Homens
40
50
Mulheres
Homens 40
30
30
30
20
20
20
10
10
10
0
0
200 400 600 800
Milhares
800 600 400 200
Milhares
200 400 600 800
Milhares
800 600 400 200
Milhares
0
Mulheres
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200 400 600 800
Milhares
Figura 1: Dados do IBGE (2010).
À medida que as populações envelhecem, a pirâmide populacional triangular vem sendo substituída por uma estrutura mais cilíndrica. A participação da população idosa, que era de 4,1% em 1940, e de 11% em 2010, tem uma projeção de ser de 27% em 2040. O Brasil continuará, portanto, a apresentar um envelhecimento populacional elevado, fruto de um período de alta fecundidade com baixa mortalidade infantil, seguido de um regime de baixa fecundidade e baixa mortalidade principalmente dos indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos. A população idosa feminina tem uma participação maior na constituição da quantidade de idosos do Brasil. As mulheres, em 2010, eram 55,7% do segmento populacional de idosos. Nítidas evidências apontam que essa proporção irá se manter ainda por um longo período.
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14 Transição demográfica e epidemiológica
Figura 2: Transformação da pirâmide populacional (IBGE, 2010).
A população brasileira atingiu os 190.732.694 habitantes representando um aumento de 12,3%, com 95,9 homens para cada 100 mulheres, sendo cerca de 18 milhões de indivíduos idosos. A esperança de vida ao nascer, duração média de vida esperada para os membros de uma espécie, no Brasil, em 1940, era de 45,5 anos. Os dados apontam para um ganho progressivo para a esperança de vida e atualmente temos uma esperança de viver 73,17 anos. As mulheres continuam com uma esperança maior, 77 anos, e os homens, 69,4 anos. Projeções apontam para 81,29 anos em 2050. Em relação aos países da América do Sul, estamos abaixo da Argentina, 75,2 anos, e Venezuela, 73,8 anos. O Japão tem a maior esperança de vida ao nascer, 82,7 anos.
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80 75-79 70-74 65-69 60-64 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-21 15-19 10-14 5-9 0-4 9,0
7,0
5,0
3,0
1,0
1,0
Fonte: IBGE/Censo Demográfico de 2010. Projeções IPEA/Coordenação de População e Cidadania
3,0
5,0
7,0 Mulheres 2040 Mulheres 2010
9,0 Homens 2040 Homens 2010
Figura 3: Censo 2010, Projeção etária por sexo IPEA (IBGE, 210).
A esperança de vida é uma contribuição inestimável da transição demográfica e epidemiológica para elaboração de planos e metas futuras de um país em desenvolvimento. A esperança de vida dos brasileiros com 60 anos de idade é de 20,9 anos para o homem e de 24,5 anos para a mulher. Gera-se, dessas informações, um imenso desafio para novas políticas de mercado de trabalho, saúde, previdenciárias e demais áreas. A Transição Epidemiológica é a modificação dos padrões de morbidade, invalidez e morte que caracterizam uma população e que ocorrem em conjunto com outras transformações demográficas e sociais. O envelhecimento caracteriza-se por uma maior incidência e prevalência das chamadas doenças não transmissíveis. Tem como características comuns serem crônicas, custo elevado para o diagnóstico e tratamento e por terem um curso longo de morbidade com perda da autonomia e independência. Doenças não transmissíveis Hipertensão Arterial Diabetes AVC Doenças cardiovasculares Câncer
DPOC Artrite Osteoporose Demência Depressão Diminuição da visão e da audição
Quadro 1: Exemplo de doenças não transmissíveis.
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15 Transição demográfica e epidemiológica
A autonomia é a habilidade de controlar, lidar e tomar decisões pessoais sobre como se deve viver diariamente, de acordo com as próprias regras e preferências. Independência é a capacidade de viver independentemente na comunidade, com alguma ou nenhuma ajuda de outros para executar as atividades de vida diária. Com o envelhecimento populacional observa-se uma mudança nas causas de morte. As mortes deixam de ter como principal causa as doenças infecciosas e agudas. Passam a aparecer como causas de morte as doenças do aparelho circulatório, as doenças neoplásicas, doenças neurodegenerativas e causas externas, como acidentes. As particularidades da população que envelhece geram uma série de questionamentos quanto à qualidade de vida desse segmento populacional e que medidas devem ser tomadas para darmos uma condição favorável para o envelhecimento. 16 Transição demográfica e epidemiológica
O termo qualidade de vida tem permitido discussões calorosas quanto a sua conceituação. Podemos utilizar a conceituação da percepção que o indivíduo tem de sua posição na vida dentro do contexto de sua cultura e do sistema de valores de onde vive, e em relação a seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações. Para que os indivíduos alcancem essas prerrogativas, a Organização Mundial da Saúde cunhou o termo “envelhecimento ativo.” O envelhecimento ativo é um processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem. Envelhecer é um processo fisiológico, porém as doenças que se apresentam nesse ciclo da vida têm características que impõem uma abordagem especializada multiprofissional e interdisciplinar. À medida que se envelhece ocorre um comprometimento da capacidade funcional que é a ausência de dificuldade no desempenho de certos gestos e atividades da vida cotidiana. A Organização Mundial da Saúde estima que, no Brasil, cerca de 2,3 milhões de idosos têm dificuldade para realizar as atividades instrumentais de vida diária e as atividades básicas de vida diária. De cada 100 idosos brasileiros, 11 têm comprometimento de saúde que afeta a realização dessas atividades. A projeção é que, em 2030, cerca de 5 milhões de idosos no Brasil tenham dificuldade em realizar as AIVD e ABVD.
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Atividades básicas da vida diária
Atividades instrumentais da vida diária
Comer
Fazer compras
Usar o banheiro
Tarefas domésticas
Tomar banho
Preparar refeições
Andar pela casa
Cuidar do orçamento
Quadro 2: Exemplo de ABVD e AIVD.
As denominadas doenças não transmissíveis e típicas dos idosos apresentam causas múltiplas, não constituem um risco de vida, afetam a qualidade de vida e têm um elevado custo diagnóstico e terapêutico. As incapacidades geradas são descritas como os cinco “I” da Geriatria, gerando grandes desafios na área de Gerontologia e da medicina geriátrica. • Instabilidade postural: é decorrente de uma grande quantidade de condições clínicas que aumentam a incidência de quedas. • Imobilidade: é a incapacidade dos idosos de se deslocarem sem auxílio para manter a sua autonomia e independência. • Incontinência: eliminação involuntária de urina e/ou fezes, que constitui uma das mais difíceis situações de abordagem pelo profissional médico, sendo muitas vezes negligenciada pelo médico e pelo próprio idoso. • Insuficiência cognitiva: refere-se ao comprometimento das funções mentais, gerando perda da autonomia e evoluindo em diversas situações para a necessidade de um “cuidador” nas 24 horas do dia. • Iatrogenia: condição decorrente, principalmente, da utilização pelo profissional médico de vários fármacos para tratar os sintomas atribuídos à velhice. Ao pensarmos em uma das doenças listadas no Quadro 1, percebemos que à medida que há o agravo da condição clínica, o idoso pode ter uma instabilidade postural que gera uma queda, levando-o à imobilidade, que pode ocasionar incontinência urinária e fecal, predispondo a insuficiência cognitiva e, diante de tantas particularidades, acaba gerando uma iatrogenia. Temos o típico efeito dominó muito comum na área de Geriatria e Gerontologia.
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O envelhecimento populacional brasileiro, com suas particularidades de país em desenvolvimento, tendo que alocar recursos para todas as faixas etárias da população, proporciona um momento de discussão em todas as áreas do conhecimento humano, gerando o grande desafio de podermos elaborar atitudes pessoais e mais ainda de políticas públicas de saúde voltadas para um envelhecimento ativo e sustentável.
18 Transição demográfica e epidemiológica
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 2.528, de 19 de outubro de 2006. Aprova a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa. Diário Oficial da União, Brasília, p. 142, 20 out. 2006. CAMARANO, A. A. (Org.). Os novos idosos brasileiros: muito além dos 60? Rio de Janeiro: IPEA, 2004. CHAIMOWICZ, F.; CAMARGOS, M. C. S. Envelhecimento e saúde no Brasil. In: FREITAS, E. V.; PY, L. (Ed.). Tratado de geriatria e gerontologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. p. 74-98. IBGE. Censo demográfico 2010. Disponível em: http://ibge.gov.br. PAPALÉO NETTO, M. O estudo da velhice: histórico, definição do campo e termos básicos. In: FREITAS, E. V.; PY, L. (Ed.).Tratado de geriatria e gerontologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. p. 3-13. PASCHOAL, S. M. P. Qualidade de vida na velhice. In: FREITAS, E. V.; PY, L. (Ed.). Tratado de geriatria e gerontologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. p. 99-106. PY, Ligia et al. Promoção de saúde, tempo de envelhecer: percursos e dimensões psicossociais. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2004. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Tradução Suzana Gontijo. Brasília: Organização Pan-Americana de Saúde, 2005.
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Envelhecimento normal e patológico Rodrigo Bernardo Serafimi
Geriatra titulado pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia/Associação Médica
i
Brasileira (SBGG/AMB); mestrado em Clínica Médica pela UFRJ; coordenador da enfermaria de Geriatria HUCFF/UFRJ.
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