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Uma base operária
legítima, a dois seria usurpadora. Ele fora um dos fundadores da VPR, e no racha, ficava do lado da VAR-Palmares. Aqui, ele se refere a Lamarca:
O relato segue: claro que num momento ou outro, quando era preciso um chefe e ele tinha certezas, utilizava isso na VPR nova, na velha não, na VAR também não. Mas em outros momentos entrava em crise tanto é que ele rachou depois com a VPR. Você já viu comandante que racha? Chefão que racha? E sai sozinho? Isso indica duas coisas. Primeiro, que ele não conseguia controlar a organização, porque havia uma parte que insistia no colegiado e que praticava o colegiado. E ele acaba rachando sozinho, saiu sem ninguém, foi para o MR-8, que não sabia o que fazer com ele.29
Há uma carga de ressentimento, que demarca uma posição que nunca aceitou Lamarca, atribuindo a ele uma forte personificação, da qual seria difícil de se dissociar, além de ser uma construção posterior, pois apenas em 1971 Lamarca deixaria a VPR, e não sozinho e ainda acreditando na revolução.
Uma base operária
Neste contexto pré-Congresso, encontramos um logo documento, de maio de 1969, identificado como “contribuição de uma base operária”, o que indica que havia discussões e pequenos grupos dentro do grupo maior. As tensões entre a afirmação de um marxismo e a relação com a classe trabalhadora seguiam presentes. O documento aponta pelo menos 18 destaques ao texto do Comando. Os problemas variam entre formas de interpretação teórica, até diver gências pontuais. A crítica já iniciava enunciando que o programa estava muito obtuso quanto ao marxismo, “cremos que é necessário que haja maior clareza quanto a esse critério, que o mesmo seja evidenciado por palavras, e não apenas por conceitos. A opinião é que, em primeiro lugar seja definido o seguinte: Nosso guia é o marxismo leninismo”.30 Nesse sentido fazem uma discussão sobre as contradições do sistema e a forma da ditadura do proletariado. Criticam a “pretensão de intelectualidade” do documen-
29 Idem, p. 191. A referência ao MR8 está deslocada, já que ocorreria apenas em 1971, quando os conflitos se recolocavam em relação à VPR, não mais à VAR-Palmares. 30 Uma crítica do documento das resoluções do Congresso de maio 69. Base Operária. BNM 42.