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O receio de ter que assumir a liderança da Contra-Revolução

O receio de ter que assumir a liderança da Contra-Revolução

Nós fomos peregrinos à procura dos restos da Cristandade. Nossas peregrinações deram resultados os mais pungentes, os mais desapontadores que se possa imaginar261 .

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Procurei contato com as classes mais tradicionais, as classes que a Revolução procurou liquidar e destruir: o clero e a nobreza. Procurei os elementos mais conservadores do clero e da nobreza. E verifiquei que em nenhum havia a posição inteiramente contra-revolucionária que a TFP tinha262 .

Notem que eu não tinha ideia de que, o que estava no meu espírito, era a graça, porque, nessa época, eu não tinha ideia da graça.

Bem, isso tudo eu sabia e tinha certeza. Não tinha certeza de encontrar essas pessoas. E às vezes pensava: “Nossa Senhora, coitada (é um absurdo dizer d’Ela “coitada”), eu desconfio que Ela vai ter de acabar se contentando comigo. Porque eu vejo que fazer, Ela fará, e que Ela pegará qualquer ‘dois de paus’, se utilizará dele para fazer o que Ela quiser, caso os naturalmente chamados não quiserem. E esse ‘dois de paus’ posso ser eu”.

Isso eu considerava sem ambição, sobretudo sem nenhum orgulho, sentindo bem minha desproporção.

Mas tinha, de outro lado, até certo receio que isso fosse verdade, porque exigiria de mim mais esforço sobre mim mesmo, para chegar ao píncaro de mim mesmo. E exigiria de mim mais luta da que eu teria se tivesse um chefe. Mas, podia ser, e no total eu deveria me preparar inclusive para isso. Os episódios da Ação Católica me desiludiram do clero e a minha viagem em 1950 à Europa me desiludiu da nobreza. E aí a ideia de uma missão pessoal se vincou muito mais263 .

Percebia que alguém tinha que fazer isto. Deveria haver, para uma obra tão ampla, um ponto de coordenação uno, senão ela não se faria. Mas por todos os lados das vastidões do meu horizonte, eu não notava ninguém assim. E eu me dizia: “Alguém tem que fazer. Eu não me vejo a não ser a mim. E olhando-me a mim, vejo que posso fazer alguma coisa nessa direção. Sei o que eu posso fazer não é pouco para o que um homem pode

261 Palavrinha EANS 11/6/82 262 SD 17/5/85 263 MNF 12/12/85

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