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Os discípulos devem discernir o “unum” do espírito do fundador
Eu não seria o fundador da TFP, nem teria fundado nada, se no meu modo de ser os senhores não percebessem que entra minha alma inteira.
Não existem recantos de minha alma que não entrem nisso. E não há aspecto de minha personalidade que não seja aproveitado para isto.
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Quer dizer, o que posso dar, os senhores sentem que está dado por inteiro. E que esse “por inteiro” é uma conjugação de aspectos de minha personalidade em torno de um ponto chave.
Minha personalidade encontrou esse ponto chave para a qual foi feita, entregou-se a esse ponto chave, e convocou as suas qualidades, maiores ou menores, para dar em tudo louvor àquele ponto chave e na luta por esse ponto chave.
Se os senhores não notassem isto muito claramente, não sei até que ponto a coesão entre nós ficaria abalada. Poderiam guardar de mim uma boa recordação simpática. Mas a solidariedade pela qual um varão diz: “Acertarei os meus passos com os daquele varão, o meu caminho será o dele”, não saía.
Esse dar-se, que é próprio de uma vida religiosa in fieri como é a nossa, não sairia.
Se os senhores percebessem que qualquer capacidade minha fica dependendo de horas de abatimento ou horas de entusiasmo, ficariam desapontados a legítimo título515 .
Os discípulos devem discernir o “unum” do espírito do fundador
O discípulo tem certo discernimento dos espíritos, um discernimento receptivo em relação ao espírito do fundador. De maneira que, afinar-se bem com a vocação dele, ele terá uma facilidade de conhecer seu fundador como não terá para conhecer ninguém na terra.
Por uma espécie de experiência visual psicológica direta, ele tem esse conhecimento e nada substitui esse conhecimento, nem sequer se equipara com ele.
Esse conhecimento é uma forma de reação e de acolhida que, vamos dizer, tem seus vaivéns, com as refrações próprias de cada um. Isto forma o elemento perfeito para uma união de espírito.
515 MNF 5/11/86
Isto faz com que pessoas muitas vezes de cultura pequena, instrução pequena, conhecendo-me pouco, entretanto intuem o que sou e aderem ao que sou, não por um ato de fanatismo, mas por uma afinidade que vem do mais fundo de uma alma até ao mais fundo da outra alma, e que é propriamente o elemento religioso516 .
A mentalidade de todo homem pode até certo ponto ser descrita como um cone, uma pirâmide.
Há coisas que dão o tom e explicam tudo o mais. São aquelas pelas quais aquele homem é atraído para a virtude e sente élan para se consagrar à virtude inteiramente; e padece o sofrimento dele, realiza a vontade de Deus e vai para o Céu.
O religioso deve procurar a consonância com o píncaro da mentalidade do fundador. Daí vem a consonância com todos os outros pontos. Vem do fato de entender o que o fundador tem de católico, e como aquilo que ensina é uma aplicação da doutrina católica.
Se aquilo não fosse católico, seria uma particularidade pessoal e não valeria dois caracóis.
Qual é o píncaro da mentalidade do fundador para o qual os senhores foram chamados?
Os filhos das trevas conhecem. Tanto conhecem, que todos eles odeiam esse píncaro. E odeiam no fundo pela mesma razão.
O ódio de um revolucionário é irmão do ódio de outro revolucionário. Eles poderão exprimir esse ódio de maneiras diferentes, mas no fundo é o mesmo ódio. Tanto é que têm os mesmos sintomas: o modo de nos guerrear é o mesmo, o modo de nos perseguir é o mesmo, o modo de nos caluniar é o mesmo517 .
Como seres humanos, somos capazes de ter afinidades ou distonias colossais, apenas no primeiro olhar. Porque – é curioso –, em contato com o outro, o que a pessoa vê primeiro não são as notas secundárias da partitura, mas o leitmotiv da música.
Acho que não há, talvez, sensibilidade maior do que esta, pela qual o unum de “A” vê o unum de “B”, e os dois entram num relacionamento
516 CA 16/12/91 517 Almoço EANS 3/1/89
en conséquence, sejam eles dois inocentes ou dois bandidos, dois revolucionários.
O curioso é quando o indivíduo de hoje se dá ao mal, ele recebe o veneno da Revolução, e aquele veneno entra de algum modo na alma dele. E quando ele olha para outro que lhe seja similar, ele percebe que aquele também tem o mesmo veneno. Aquela sombra o sujeito pesca, e forma uma solidariedade que nós já conhecemos.
No caso da união com o fundador, esse assunto entra eminentemente.
A alma do fundador, como qualquer outra alma, está compreendida nessa regra. Ela tem o seu unum. E, no compreender esse unum, o membro do Grupo deve ver como a sua alma foi chamada por Deus para formar uma melodia com esse unum.
Deve também procurar ordenar-se, apreciando na alma do fundador aquilo que é afim com o seu lado bom, e estimular, dar energia àquilo, de maneira que as zonas de afinidade aumentem e encontrem no fundo a ligação unum-unum, que é a ligação perfeita, a ligação por excelência, que faz do religioso e do fundador um binômio de inteiro serviço a Nossa Senhora!
É muito bonito ver que a Igreja Católica tem o seu unum. Esse unum é o Divino Espírito Santo, não tem dúvida. Mas Ele proporciona determinadas graças pelas quais ficamos com a impressão de ver e sentir a Igreja Católica no seu todo.
Por exemplo, no trato da Igreja Católica com cada povo, vemos que a Igreja tem um sentido de qual é o unum daquele povo, unum esse que Ela põe mais em evidência para tratar com aquele povo, formando um encaixe que é fortíssimo! E que constitui o fundamento da robustez da Santa Igreja Católica Apostólica Romana.
Da mesma forma, trata-se para um discípulo ver, na alma do fundador, qual é o unum dele. Os desígnios da Providência são muito mais profundos do que as aparências. Esse olhar de unum a unum é o elemento unitivo mais forte da TFP.
Um exemplo imensíssimo de fundador: Santo Inácio de Loyola.
Há um quadro dele, clássico, que nos deixa sentir a mentalidade, o unum do homem que fez os “Exercícios Espirituais”, mas também do homem que, ao mesmo tempo, criou a escola de diplomacia jesuítica, criou o estilo de ensino jesuítico, criou isso, criou aquilo e aquilo outro de um modo magnífico, e que consiste numa certa forma de prontidão da inteligência pela qual a inteligência dele voa!
Como uma águia vai para o sol, assim vai a alma de Santo Inácio para as últimas consequências do que ele pensou. Ficamos com a impressão de que a última consequência é o polo de atração dele, a qual
vem de uma primeira visão meio intuitiva das coisas, claríssima como um brilhante, e a partir da qual quase que não é possível senão voar até à última consequência.
Por isto ser assim, vemos que ele, com as almas afins a ele, é capaz de afetos, de bondades de que não se imagina. Mas também por causa disso, é capaz de ofensivas, de impactos destruidores como não imaginamos. E esse homem ultra afetivo é um inexorável na força do termo.
Daí resulta um unum dele que vamos encontrar, por exemplo, nos “Exercícios Espirituais”. Tomem aqueles raciocínios, é isto até o fim. E é com a força da lógica que pega a alma com vontade, a agarra pelo pescoço e a leva até a consequência que ele quer.
Para exprimir o que está na sua alma, o fundador da TFP tem modos individuais irrepetíveis. Ele não seria capaz de compor e exprimir o que pensa à maneira de, por exemplo, uma poesia de Camões. Ele só saberá se exprimir nos modos eventualmente limitados que tem.
Mas isto não vem ao caso quanto à fidelidade da missão. Porque, na realidade, desde que ele se exprima com toda a sublimidade, usando os meios humanos limitados de que dispõe; e que se perceba que, se ele pudesse, ele faria mil vezes mais; e se perceba ainda que ele é aberto com entusiasmo para todas as outras formas de sublimidade, ele estaria quite com a sua missão.
Então, pode ele ter lacunas humanas dessa ou daquela ordem, mas isto não o impede, se ele se empenhasse em levar a missão até o último ponto possível, de a levar.
Fica aqui dada uma ideia de como deveria ser visto um fundador da TFP. Com misericórdia para com as limitações de seu condicionamento pessoal, e compreensão por tudo quanto há de elevado nesse dar-se à vocação518 .
518 MNF 1/6/89
Consagração a Nossa Senhora nas mãos do fundador
Adendo do compilador
Com o intuito de melhor amar e servir Àquela por quem combatem, os discípulos de Plinio Corrêa de Oliveira costumam seguir, em matéria marial, a espiritualidade de uma alma de fogo que figura entre os mais destacados mestres da devoção à Santíssima Virgem, isto é, São Luís Maria Grignion de Montfort (1673-1716), solenemente canonizado por Pio XII em 1947, com gáudio indizível de todas as almas mariais ardorosas, então muito numerosas pelo mundo afora.
Por isto, costuma-se entre esses discípulos ler e estudar de modo especial duas obras célebres desse Santo, o “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem” e “O Segredo de Maria”, das quais, a partir principalmente do século XIX, se têm feito sucessivas traduções e edições em grande número de idiomas. E, ao cabo da leitura, costumam, como o mesmo Santo recomenda, consagrar-se como “escravos de amor à Santíssima Virgem”, a Quem cada qual dirige uma oração nos seguintes termos: “Entrego-Vos e consagro-Vos, na qualidade de escravo, meu corpo e minha alma, meus bens interiores e exteriores, e até o valor de minhas obras boas passadas, presentes e futuras, deixando-Vos direito pleno e inteiro de dispor de mim e de tudo o que me pertence, sem exceção, a vosso gosto, para maior glória de Deus, no tempo e na eternidade”. Estas palavras são do texto da consagração redigido pelo Santo.
Dado que a atuação anticomunista desses discípulos, então aglutinados na TFP brasileira e em outras TFPs e associações latino-americanas afins, era em 1967 e desde todo o sempre, e ainda continua sendo é conforme à Fé e à Moral cristã, e à vontade de Maria Santíssima – e dado ainda que desenvolver tal ação supunha esforço concatenado e disciplinado, sem o qual nenhuma ação é frutífera –, obedecer, na pugna anticomunista, os que na TFP então exerciam cargos de direção, era logicamente vontade de Maria. É nesta perspectiva que procediam os que a Ela se consagravam