Revista Noize #60 - Dezembro de 2012

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DIREÇÃO:

NOIZE FUZZ

Kento Kojima Pablo Rocha Rafael Rocha

Gerente: Leandro Pinheiro

DIRETOR DE CRIAÇÃO: Rafael Rocha rafarocha@noize.com.br EDITORA-CHEFE: Cristiane Lisbôa cristianelisboa @noize.com.br EDITOR: Tomás Bello tomas@noize.com.br REDATOR: Karla Wunsch karla@noize.com.br DESIGNERES: Felipe Guimarães Guilherme Borges ASSESSORIA DE IMPRENSA: Carola Gonzalez Revisão de texto: Jeferson Mello Rocha COMERCIAL: Pablo Rocha pablo@noize.com.br Administrativo: Pedro Pares pedro@noize.com.br

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• COLABORADORES 1. Ariel Martini_ Ainda insiste em fazer fotos de shows. flickr.com/ arielmartini 2. Lalai e Ola_ Lalai trabalha com mídias sociais, mas sua paixão é música. É DJ e produz a festa CREW. O Ola trocou a Suécia pelo Brasil, o design pela música e fotografia. 3. Renata Simões_ Renata Simões, 34, é jornalista. Já produziu documentários, apresentou os programas Vídeo Show e Urbano, colabora com revistas e sites e ainda tem um programa diário no rádio em São Paulo, onde mora. 4. Nicolas Gambin_ Jornalista freela. Aprecia tocar The Meters com amigos nas horas vagas. 5. Daniel Sanes_ Jornalista por formação, lunático por opção e roqueiro de nascimento. Um dos editores de música do site www.nonada.com.br. 6. Fernando Halal_ Jornalista malemolente, fotógrafo de técnica zero e cinéfilo dodói. Não morre sem ver um show do Neil Young. www.flickr.com/fernandohalal 7. Dani Arrais_ Jornalista, nasceu em Recife, mora em São Paulo há quase cinco anos. Começou o donttouchmymoleskine.com há quatro anos e de repente viu que falava de amor quase o tempo todo. 8. Leonardo Bomfim_ Jornalista e diretor de cinema. Edita o freakiumemeio.wordpress.com. 9. Crib Tanaka_ é carioca-sansei, jornalista e trabalha com marketing. Acredita cada vez mais no ditado que diz “temos dois ouvidos, dois olhos e uma boca para vermos e ouvirmos duas vezes mais do que falamos”. 10. Rodrigo Esper_ Tem como trabalho ser fotógrafo no I Hate Flash, e como hobby falar duas vezes antes de pensar, ser a pessoa mais empolgada do mundo e a mais exagerada do universo. www.ihateflash.net/esper 11. Fernando Schlaepfer_ 12. Raul Aragão_ Fotógrafo. www.ihateflash.net 13. Gustavo Elsas_ Fotógrafo. www.ihateflash.net 14. Lúcio Luna_ Fotógrafo. 15. Eric Gomes_ Fotógrafo. 17. Marilia_ 18. Vignoli_

• CAPA_ reprodução

• CONTRA CAPA_ Eric gomes

Os anúncios e os textos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista. Revista NOIZE - Alguns Diretos Reservados.

• EXPEDIENTE #60 // ANO 6 // DEZEMBRO ‘12_


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REVISTA NOIZE. TUMBLR. COM 7

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_foto: RAFA ROCHA

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NOME_ Santiago Nazarian O QUE FAZ_ Escritor UM DISCO_ “Suede, da banda Suede. Ganhei de presente de uma namorada na adolescência, e as guitarras rasgadas, letras ambíguas e voz andrógina do vocalista Brett Anderson se tornaram a trilha perfeita para as descobertas que eu estava fazendo na época.” “Música é trilha para todos os momentos da minha vida. Ando sempre com iPod, de fones de ouvido, então acabo desligando o mundo ao redor. É uma forma de me sentir confortável no meu próprio mundo, aonde quer que eu esteja.”


“O Queens of the Stone Age é a banda de rock ‘n’ roll mais foda do mundo.” Dave Grohl _ ao revelar que está gravando as baterias no novo disco do grupo


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“Surgery rocks!” Bjork _ anima- “Quando as bandas fazem um álbum, é porque todo mundo quer. E da com a cirurgia que a curou de nódulos esse não é o caso do Rage Against the Machine.” Tom Morello, guitarnas cordas vocais.

rista _ deixando claro que o grupo não planeja novidades para um futuro próximo.

“Já entrevistei o Mick Jagger, por que não a Madonna?” Luciana Gimenez _ sonhando alto com o novo programa, o talk show Luciana by Night.

“Eu chorei como um bebê na noite em que me declarei gay.” Frank Ocean

“O título do nosso próximo vai ser pronunciá- “Eu estou aberto a uma reunião do Velvet Revolvel.” Chris Martin, vocalista do Coldplay ver.” Scott Weiland, vocalista do Stone Temple Pilots “O Robert Plant tá muito ocupado para uma reunião do Led “Conheço meus melhores ânguZeppelin.” Jimmy Page, guitarrista _ afirmando que uma tour mundial progra- los.” Scarlett Johansson _ brincando com mada há anos só não sai por causa de Mr. Plant.

o “vazamento” de fotos em que aparecia nua.

“Não procuro a mulher perfeita.” Neymar _ ape- “Eu vou trabalhar com o Keith Richards ou morrer sar de solteiro, o jogador diz: “Daqui a pouco Deus me dá uma tentando.” Ke$ha _ revelando que o guitarrista dos Rolling Stones namorada linda e tá tudo certo”.

é o seu “sonho de consumo” para uma parceria.

“Meu amor pela música surgiu da dor que eu sentia em casa.”

Christina Aguilera_

“O dubstep é uma verdadeira bos- “Gosto de me sentir como uma mulher.” ta.” Corey Taylor, vocalista do Slipknot_ preferências na cama.

Rihanna _ ao revelar suas

“Eu não preciso de uma persona para so- “Ele [Caleb Followill] faz filés maravilhosos.” Lily Aldridge, esposa do líder do Kings of Leon _ dizendo que o marido breviver.” Lana Del Rey _ rebatendo as críticas de que ela não é autêntica.

“é um cozinheiro impressionante”.

“Rock ‘n’ Roll não se aprende nem “Nada que a ciência jamais encontrar vai desmentir Deus.” se ensina.” Raul Seixas_ Brandon Flowers, vocalista do The Killers_ “Adoro essa palavra.” Caetano Veloso _ ao comen- “Eu tinha confiança de que iria fazer sucesso na tar o título de seu novo disco, Abraçaço. “Usar esse aumentatimúsica.” Johnny Marr, ex-guitarrista do The Smiths _ ao exvo dá um eco, parece que a pessoa errou na digitação, é bonito

plicar que mudou seu sobrenome de Maher para Marr para não ser con-

de ver”, completa o baiano.

fundido com John Maher, baterista do The Buzzcocks.

“Ele [Michael Jackson] morreu aos 50 anos, casto.” Randall Sullivan, autor de Intocável: A Estranha Vida e a Trágica Morte de Michael Jackson, polêmica nova biografia sobre o Rei do Pop.


Estamos na dúvida: esta é a última Noize antes do fim do mundo ou a primeira Noize depois que o mundo não se acabou? Ninguém tem resposta (nem esta, nem muitas), o que temos é trilha sonora para as suas perguntas. Pra começar, Luis Gonzaga. Fomos até Exu, sertão de Pernambuco, para conhecer de perto a história de um dos maiores nomes da música brasileira, influência de Caetano, Gil, Raul Seixas e outros músicos que você aplaude. Depois, nossas apostas, nossos desejos, cartas para alguém bem perto feitas pelos nossos colunistas, uma ajudinha pra quem vai escolher agora o que fazer do resto da vida. E Un poco de gracia com o guia do hit de verão. Pois sendo um fim ou um começo, o sol está mais alto, os dias esquecem de anoitecer e a noite não dorme por causa do brilho das estrelas. Dê adeus ao que precisa ir, boas-vindas ao novo, faça você mesmo suas próprias revoluções e entre com o pé direito. A gente se vê ali, em 2013. Hasta la vista, Cris Lisbôa e Tomás Bello.


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Foto: Eric Gomes


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TWITTER |

Reprodução

FILME | Garotos de Programa - Gus Van Sant

_ http://bit.ly/VnYt4 (trailer). Um pequeno épico sobre a geração 90, sobre a juventude, sobre garotos e sobre a maturidade.

BLOG | katelovesme.net

Cola neles!

@LaerteCoutinho1

@elgroucho

Porque o Laerte é gênio, pra além de cartunista, e não precisa de explicações. Ele atualiza o status de pouquinho em pouquinho e cada tweet é uma pérola aos muitos.

Pense nessa junção de um Groucho Marx com Marx e Hegel! Quer entender e pensar o mundo de um jeito engraçado? Esse é o tweet certo para acompanhar.

@pinkywainer

@trabalhosujo

A Pinky é uma mulher maravilhosa. Comenta tudo, todos, e cada assunto que faça parte do que está acontecendo (no mundo dela) com uma visão muito inteligente, particular e engraçada.

O Matías atualiza o Twitter de acordo com os posts do blog “Trabalho Sujo”, um dos mais interessantes e cheios de informações sobre a cultura digital, música e outros tralalás.

Alex Antunes

FACEBOOK | Alex Antunes

_Blogueiro de moda é de lascar, mas o Pelayo Diaz, ou Prince Pelayo, como é mais conhecido, tem sempre ótimos looks e ideias para moda masculina.

_Jornalista, iconoclasta, provocateur, maluco beleza e defensor da desordem natural das coisas: um dos poucos grandes pensadores (fazedores) da cultura contra cultura contra cultura contra cultura.


Divulgação

Reprodução

Convidado do mês I Thiago Pethit Thiago Pethit, estrela decadente que já cansou de ser chamado de “novo paulista”, não entende o que é neo mpb e quando morrer quer ser um anjo com a boca de cowboy.

UM ARTISTA PARA CONHECER | Friends _Talvez seja só mais uma banda do Brooklyn, mas é a que tem os riffs mais legais, e a vocalista é ótima. O clipe de “I´m His Girl” é pra matar de saudosismo dos anos 1990.

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Divulgação

CINCO perguntas e um T-BONE com MATANZA Em Thunder Dope, a banda carioca desenterra músicas que ficaram esquecidas em um passado histórico, abre o baú de raridades para os fãs. Para promover o novo disco, os caras levam a seis capitais do país o Matanza Fest, que ainda inclui alguns dos melhores grupos rockers tupiniquins. Eis o que o vocalista Jimmy London diz sobre a coisa toda. A ideia de regravar todas essas músicas antigas veio pra revelar a “pré história do Matanza”. Mas, ao ouvir o disco, a impressão que dá é que a banda não mudou tanto assim desde o primeiro dia. A essência é realmente a mesma após esses anos todos? Temos no Matanza a ideia de que é muito mais interessante e desafiador desenrolar até o fim um mesmo fluxo (porém mantendo a relevância artística, pelo menos no nosso senso critico) do que mudar de estilo a cada disco. Criamos uma cara pra gente, baseada naquilo que gostamos e no que achamos que sabemos fazer, e, geralmente, gostamos do resultado quando estamos nesse terreno. Nada que nos impeça de flertar com coisas que aparecem e fazem parte da mesma árvore musical. Mas com o nosso sotaque, sempre. Se você não fizesse música, faria o quê? Nem música eu faço muito bem, imagina se tivesse que fazer outra coisa. No máximo, seria um pescador bem fracassado. Onde está o rock no Brasil? Acho que o rock está onde sempre esteve: na necessidade

das pessoas de ter uma vida menos medíocre. E, como no Brasil não tá nada fácil ter acesso à cultura de uma maneira geral, todos estão sedentos quando rola uma possibilidade. O que falta é um mercado de tamanho médio. Nesse momento o rock vai aparecer fortissimo, não porque não exista, mas só porque está escondido em lugares muito pequenos. Qual seria a sua primeira frase ao encontrar Johnny Cash no inferno? Só quem deve ir pro inferno sou eu. Ele tá lá, certinho no lugar onde escolheu ficar. Puta cara generoso. Mas sejamos sinceros, alguém acha mesmo que tem alguma coisa depois disso daqui? E o segredo pra sobreviver ao Matanza Fest? (aliás, parabéns pela iniciativa!) Muito obrigado pelos parabéns, mas agradeço também se tiver alguma ideia de como sobreviver. Vai ser útil pra caralho, porque eu mesmo ainda nao sei. O que sei é que vou suar sangue e fazer os melhores shows que meu velho corpo permitir. E depois ainda vou um pouco além.



_Por Daniela Arrais donttouchmymoleskine.com

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Querida Cat Power, Estou preocupada com você.Você não me conhece, mas eu acho que te conheço profundamente. Primeiro, por conta das suas músicas que eu tanto amo e com as quais tanto me identifico em diferentes momentos da vida. Segundo, porque acompanho sua vida pelo Instagram. E, terceiro, porque li uma biografia sua; não autorizada, é verdade, mas uma jornalista não ia mentir do começo ao fim. Há uma semana, te vi ao vivo. Acho que pela quinta ou sexta vez. Dessa vez foi em Nova York, a cidade pra qual você escreveu “Manhattan”. A casa estava cheia, antes de você entrar um cara do Occupy Wall Street falou sobre como a gente deve parar de procurar um herói quando se olha no espelho.Você entrou com seu novo cabelo moicano, descolorido, calça preta, jaqueta azul-marinho, botas e uma canequinha que parecia de chá. Sua voz estava meio rouca, de quem está gripada e toma xarope e remédio há uns dias. Você tentava cantar. E quando conseguia era tão bonito! Mas na maior parte do tempo você parecia brigar com o som, com você mesma. É como se você tivesse fazendo MUITO esforço pra estar ali.Você reclama do som, é como se quisesse a perfeição na hora de se mostrar, pra que ninguém veja que você está em pedaços. Dá medo, porque parece que a qualquer momento você pode deixar de conseguir cantar, de subir em um palco. E a gente não quer isso. Por isso te escrevo essa carta, na esperança de que você encontre essas palavras bobas e pense no quanto tanta gente ama você nesse mundo. Fica boa, fica forte. Daqui a gente espera que esse amor chegue no seu coração e traga alegria e serenidade. Se cuida, Chan, você é fantástica. Um beijo, Dani.



_Por Lalai e Ola Persson

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MAS DEVERIa_

Querido verão, Estivemos um pouco ausentes com você em 2012, mas isso só apertou as saudades. Portanto, cá estamos. Você viu quem arrancou elogios do público no Pitchfork Festival, em Paris? A AlunaGeorge! Prepare-se para ouvi-la bastante com a gente. “Your Drums,Your Love” é ótima entrada para nos acompanhar em um aperitivo à beira da piscina. Sem conversinhas, sabe? E o The Weeknd, será que os ventos o trarão para cá? Está na hora da gente curti-lo ao vivo, não? E com você ao lado, seria melhor ainda. Aliás, você sabe que será com você nosso warm-up para os festivais que aterrissarão no Brasil neste primeiro semestre. Nomes bons não faltam, sejam velhos ou novos, mas uma coisa é certa: Alabama Shakes vai nos chacoalhar bastante, afinal tem tudo a ver com tudo de bom que você nos proporciona nessa sua estadia. Quem resistiu ao álbum Boys & Girls? Duvido que você tenha conseguido... A gente acredita que você vai nos brindar com ótimas trilhas sonoras, com muitas novidades, afinal, querido verão, você raramente nos decepciona. E ó, pra brindar sua chegada, a gente preparou uma mixtape* de presente, assim você se anima e brilha durante toda sua estadia. Esperamos que curta. Lalai & Ola

*Ouça em www.noize.com.br



_ Por Renata Simões renatasimoes.com

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Cris Lisbôa, nossa editora-guia-espiritual-e-carrasca, sugeriu que escrevêssemos cartas abertas para esta edição da Noize. Li a carta que Dani Arrais escreveu a Cat Power, tão honesta e sincera... Achei que eu iria deitar e rolar quaráquaquá, tarefa boa de se cumprir. Encarando o template de Word em branco concluo que é mais difícil do que imaginei. Para quem escrever? Inicialmente pensei em escrever para os roteiristas. Aqueles que desenham as cenas da vida, que te colocam em situações que você olha pro alto e pensa “tá de sacanagem comigo, né?”. E no final a carta poderia de ser resumida em uma pergunta: 2013 tá aí, roteiristas.Vocês, que ironicamente compõe as linhas do nosso dia a dia, poderiam antecipar alguns capítulos? E, por favor, pega leve conosco. Uma carta que escrevo continuamente é direcionada a minha mãe, que morreu quando eu tinha 10 anos. Nesse ano que nasce logo mais eu farei 36 anos, a idade que ela tinha quando faleceu. Não é uma pergunta, não, são mais de trezentas que tenho sobre a vida, ainda mais sobre os 36. Não caberia neste espaço. Para todas as outras cartas, aquelas lindas, bem-humoradas, tristes, existenciais, existe um site lindo chamado Letters of Note. Dedicado a toda correspondência que merece ser lida por mais gente, o LoN contém o fac-símile da carta escrita à mão ou à máquina e sua transcrição. Um maduro Elton John escreve para si próprio aos 16; Tom Hanks, que é colecionador de máquinas de escrever, usa-a para responder um pedido de entrevista, além de cartas surpresa, troca de confidências, bate-papo. Um beijo a quem lê esta coluna e outras cartas. Site: www.lettersofnote.com Renata Simões



www.avalanchetropical.com twitter.com/avalanchebr

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Salve, Rei! Estamos aqui na contagem regressiva esperando seu especial de fim de ano e seguimos firmes e fortes como seus leais súditos. Se tem alguém que admiramos, esse cara é você. Ficamos felizões quando esse ano você lançou “Furdúncio”, incorporando elementos do funk melody. Então decidimos passar algumas dicas de coisas que achamos que você deveria escutar. Quem sabe ano que vem a gente não vê o primeiro trap by Roberto e Erasmo? Andamos pirando na eletrônica africana. Tem muita coisa boa saindo de lá. Dá uma escutada na mixtape King of Africa que o Dago fez, vale como uma boa introdução. goo.gl/IUiid No tecnobrega você já deve estar ligado, né? Afinal de contas, a Gaby Amarantos foi até trilha de novela na Globo. Mas a gente sugere que você vá atrás da galera que está expandindo as fronteiras do estilo, como a Banda Uó, a Gang do Eletro, o Jaloo e o Omulu. Você, que sempre foi sucesso nos países vizinhos, também poderia dar uma sacada na cumbia digital que nossos hermanos da ZZK andam aprontando já faz uns anos. A coletânea Future Sounds of Buenos Aires serve como um belo primeiro contato com esse mundo. goo.gl/mnnyb Mas, claro, se sua ideia for só ter uma trilha sonora pra este verão, não deixe de ouvir Ilhabela, o disco novo do Holger. O play tem produção do Alex Pasternak, da banda californiana Lemonade. Tem participação da colombiana Li Saumet, do Bomba Estereo, e da Irina, do Garotas Suecas. Fora o João Parahyba, mas esse você conhece. Escute que você não vai se arrepender. Um grande abraço, Avalanche Tropical.


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_Por Crib Tanaka www.circulador.wordpress.com

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Embarque: verão Depois de alguns dias amenos, os Celsius viraram muitos. Céu azul, dia que vai até a noite. O horário que leva teu nome chegou na frente e fica agora por meses. Falta agora você. Verão, você já me pede cor. Aliás, você exige. Entendo isso e começo a guardar os meu pretinhos básicos para te dar passagem e fazer os raios refletirem. Se absorvo tudo, derreto. Começo a guardar os casacos, pegar novas roupas para fazer as malas de férias, pra te encontrar. Escolhi para o nosso percurso de três meses vestidos coloridos, floridos, tênis leves e chinelos, porque é só o que termino usando no final de semana. Na cabeça, bandanas coloridas ou chapéus de palha com faixas largas.Você inspira. Fico pensando em como passar tranquila pelas noites, principalmente aquelas que podem chegar a 40 graus. Sorte, estaremos no balneário, onde as noites são democráticas. Short, rasteira com pedrarias e camisetinhas regatas coloridas. Para dar uma graça, um colar maior ou pulseira. Sem muita coisa. Simples. Os dias prometem praias com pôr do sol sem fim. Então, separei os biquínis maiores, meio vintage, tomara-que-caia e calcinha larga, como temos visto as meninas de Ipanema usando, sabe? Acho que assim ficamos bem confortáveis.Vou levar vários desses, cangas, kaftans curtinhos. Prontos para sairmos direto da praia para a cerveja gelada de frente para o mar.

Bom, te espero ansiosa e com as malas prontas. Até já. Crib Tanaka


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_ Por Tony Aiex tenhomaisdiscosqueamigos.com.br

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Querida Vitrola, Muito obrigado por ter aguentado mais um ano de tantas mexidas na agulha, tantos discos, tantas mudanças de rotação e de posições da chave de 7 e 12 polegadas. Se não fosse por você, esse ano eu não teria me encontrado novamente com Gwen e seus amigos, ou com aqueles loucos do The Hives, que passaram por você correndo. Não fosse você, eu não ouviria as novas melodias de Chino que antecedem verdadeiras porradas na guitarra e também não teria fica sabendo como Brian Fallon e seu Gaslight Anthem mandaram bem na estreia por uma grande gravadora. É verdade que falhei com você, colocando por exemplo o novo disco do Offspring pra rodar. Juro que não irá se repetir, ok? Em compensação o Jack White te fez uns carinhos que eu sei, e o Green Day te deu umas aulas de Espanhol, mostrando que sabe contar de Uno a Trés. Sei também que você conheceu gente nova. Gostou da Lana? Ela é meio esquisita mas é gente boa. Gente boa também é o Frank Ocean, que com aquela voz deve ter lhe deixado doidinha, não? 2012 foi um grande ano pra gente, não podemos negar. Agora é hora de descansar, tomar aquele banho de óleo lubrificante e se preparar, porque ano que vem vai ter champagne e caviar servido por Josh, Dave, Oliveri, Lanegan e Reznor. Da marca QOTSA. Coisa fina! Tony Aiex



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1.

2.

“Promovemos, a toda hora, verdadeiras gincanas de imitações de vídeos ‘clássicos’. O humor é importante.”

“Fiel aliada da banda, é a maior responsável pela divulgação dos nossos vídeos e agenda de shows.

Internet

3.

Café “Maradona”

“Nessa onda de turnê, fuso-horário e afins, é sempre a melhor opção para se manter de pé. Espresso longo, a cada dia mais forte e sem açúcar.”

Reprodução

TV Pirata

4.

Parafernália audiovisual

“Poupamos espaço nas malas para carregar conosco microfones, câmeras, interfaces... Adoramos promover ‘guerrilhas’ de gravação para gerar conteúdo online.”

1. O melhor programa de humor que a TV brasileira já viu. Com tom nonsense e repleto de sátira, foi ao ar na Globo entre 1988 e 1992.Tinha roteiristas como Luís Fernando Veríssimo e o quadrinista Laerte, e lançou a carreira de atores como Luiz Fernando Guimarães e Regina Casé.Você pode assistir Às reprises pelo Canal Viva. 3. Segundo eles, o Maradona do nome é “piada interna”. 4. A Banda Mais Bonita afirma que “grande parte de nosso álbum de estreia


Grupo de Curitiba, meio indie, meio pop, meio MPB que alcançou seus seis minutos de fama com o clipe de “Oração”, que soma mais de 11 milhões de views no YouTube. O álbum de estreia dos caras foi financiado pelo Catarse.me e disponibilizado pra download gratuito na web em outubro de 2011.

5.

Novos compositores brasileiros

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Divulgação

A BANDA MAIS BONITA DA CIDADE

6.

Cinema

“A banda mantém em seu repertório diversos compositores parceiros. Entre eles, o intenso Leo Fressato (do hit ‘Oração’) e o joia China (atual VJ da MTV).”

“A maior parte da banda é viciada na sétima arte, o que influencia diretamente nossa forma de encarar a música.”

7.

Moda DIY

“A vocalista Uyara Torrente é adepta das compras em brechós. Com as bagatelas que encontra, está sempre customizando seus figurinos.”

8.

Amizade

“Nossos produtores e equipe técnica são amigos próximos. Na medida do possível, o mote da banda gira em torno do trabalho em ‘família’.”

foi registrada dessa forma, com equipamento próprio e em locações inusitadas encontradas ao acaso”. 5. É uma parceria com China o mais novo lançamento dos curitibanos: um compacto em edição limitada e com duas tracks, “Terminei Indo” e “Só Serve Pra Dançar”, ambas escritas pelo VJ da MTV. 7. DIY = Do It Yourself. Ou seja, “moda faça você mesmo”.


* A jornalista viajou a convite do governo de Pernambuco.

_ TEXTO CRISTIANE LISBÔA* E RAQUEL CHAMIS

_ COLABORAÇÃO MARCOS XI

_ FOTOS DIVULGAçÃO FUNDARPE

_ AGRADECIMENTOS ERIC GOMES noize. com. br


LUIZ GONZAGA //035

Luiz Gonzaga morreu. E voltou a viver através das graças de “uns cabeludos”. Morreu de novo. E renasce agora em seu centenário, comemorado com festa, filme, livro e uma luz forte em cima do pedaço da história que ele ajudou a escrever.

“Os Beatles gravaram ‘Asa Branca’.” O anúncio do roqueiro capixaba Carlos Imperial correu o Brasil nos anos 60, década em que Luis Gonzaga – o semi analfabeto que decidiu ser sanfoneiro e se transformou em parte da história da MPB – estava praticamente esquecido nos grandes centros, engolido pela Bossa Nova, a Jovem Guarda e os tempos modernos. O boato era mentira pura, ainda que uma ótima mentira. Nas entrelinhas, porém, trazia uma verdade que não se devia esquecer: apesar de o homem cujo apelido era Lua jamais ter emprestado seu maior clássico para os Fab Four, foi para a música brasileira o que Lennon e McCartney foram para o pop: revolucionário.

Junto do primeiro choro, o bebê respirou o Nordeste profundo que acabou virando a origem de tudo o que fez na vida+2. A secura da terra não foi motivo de tristeza: Gonzagão costumava dizer que uma criança com o carinho dos pais, pobre ou não, jamais sabe o que é a infelicidade. A relação com a família foi crucial para a sua vida. Segundo dos nove filhos de Januário José dos Santos e de Ana Batista de Jesus (a Santana), herdou do pai os ofícios de lavrador e de sanfoneiro. Apesar de a mãe não querer saber de filho músico, depois de muita insistência acabou abençoando a sanfona do menino. Mas foi uma bênção que não veio que definiu a vida de Gonzaga: um homem poderoso de Exu não aceitou Luiz como seu genro – e involuntariamente criou um mito.

Lá no meu pé de serra/ Deixei fincar meu coração/ Ai que saudade eu sinto/ Quero voltar pro meu sertão. (“No Meu Pé Se Serra”, Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira)

“Me tardei a namorar”, justificou Gonzagão ao relatar a história que mudou o curso de sua vida. A primeira paixão, aos 17 anos, já fez o sanfoneiro querer casar. Nazinha era filha “de grande”: Seu Raimundo Milfont era gente importante do sertão. Quando soube do pedido, jurou que a filha não juntaria os dias com um molequinho sem futuro, um tocadorzinho de merda. O desaforo foi grande demais para o jovem Gonzaga, que se dispôs a matar o homem depois de empinar uns bons goles de cachaça. Parado em frente àquele que um dia quis como sogro, mostrou a arma na cintura. “Era um moleque raçudo, porque o pirão que mamãe fazia nos dava essa condição de ter bom físico. Entendi de tirar a vida do homem“, contava

O Nordeste dói. Tem chão de terra, céu de estrelas, planta com mais espinho que folha e um calor que só ameniza quando alguém abre uma sanfona de 8 baixos e canta uma história para lembrar que é na dor que a vida entusiasma. Foi bem no meio dele que o Lua começou. Em Exu+1 , cidade fronteiriça entre Pernambuco e Ceará, a 700 km de Recife, Luiz Gonzaga Nascimento chorou pela primeira vez em 1912.

[+1] Segundo o IBGE, o nome da cidade não tem nada a ver com o orixá: mais provável é que seja uma corruptela de Ançu, uma tribo índigena que habitava o local, ou da abelha “enxu”, muito comum na região. [+2] Pioneiro da canção de protesto, Luiz Gonzaga falava pelo Nordeste todo. “Vozes da Seca”, parceria com Zé Dantas, é um símbolo dessa força: “Seu dotô, os nordestinos/ Têm muita gratidão/ Pelo auxílio dos sulistas/ Mais dotô, uma esmola/ A um homem qui é são/ Ou lhe mata de vergonha/ Ou vicia o cidadão”.


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Gonzaga. O experiente cabra foi mais hábil. Desconversou, disse que tudo não passava de falação de povo. E foi sorrateiro aos ouvidos da mãe do tal raçudo, contar tudo: da ameaça, da arma, do amor proibido. Santana deixou a feira e levou o filho para casa pela última vez. Aplicou em Luiz uma “surra da moléstia”. Ferido e humilhado, o sanfoneiro decidiu que era hora de deixar a família para trás. Dono do próprio rumo, ganhou um caminho novo: longe de Exu, o plano era entrar no Exército. Para isso precisou mentir a idade, pois nem dezoito anos tinha. O tempo passou e logo começaram as farras e as músicas de corneta que ele tocava para embalar o namoro de muitos casais. Por conta das Forças Armadas, passou pelo Ceará, pela Paraíba, pelo Piauí. E estava cheio de Nordeste na pele quando pediu o Sul como destino. Deu baixa no Exército e seguiu viagem – primeiro para São Paulo, depois para o Rio de Janeiro. Começou a tocar no Mangue, um bairro do meretrício carioca onde à noite se juntavam marinheiros de várias nacionalidades. Mas o trabalho não ia bem para Gonzagão, já que o repertório composto por músicas estrangeiras não causava efeito nas rodas por onde circulava. Um dia, porém, foi advertido por um grupo de estudantes cearenses: por que não cantava músicas de sua terra em vez de imitar os gringos? Desafiado a revelar de novo o Nordeste, preparou “uns negocinhos” – assim se referia às músicas em tom de forró, xaxado, maracatu e baião. O primeiro bom sinal veio ao apresentar a canção “Vira e Mexe” no programa de rádio de Ary Barroso: Gonzagão conquistou a nota máxima. Era o início de um personagem que se vestia de cangaceiro, no estilo de Lampião. Fora de Exu, mas sempre com Exu por dentro, nasceu a lenda.

Eu vou mostrar pra vocês /Como se dança o baião / E quem quiser aprender/ É favor presta atenção / Morena chegue pra cá/ Bem junto ao meu coração/ Agora é só me seguir/ Pois eu vou dançar o baião (“Baião”)


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[+3] O baião foi quase uma unanimidade e chegou a ameaçar a soberania do samba no Brasil. Talvez por isso Dorival Caymmi tenha reagido mal ao ritmo, em entrevista para a Revista de Música Popular: “A nossa música popular recebe em cada fase muitas influências exóticas e de um caráter estritamente comercial. Há muitas falsidades, como o baião e a música do morro”. [+4] O Luiz Gonzaga era praticamente analfabeto e precisava de um letrista para fazer palavras das coisas que sentia. O compositor cearense Humberto Teixeira, advogado apaixonado por música, foi seu parceiro e juntos compuseram “Asa Branca”, entre outras muitas canções

baião+3

O é velho como a sanfona. Foi Gonzagão, no entanto, que há algumas décadas levou a música dos sertanejos para as vitrolas do país. Coroado um dos cantores mais populares do país, ele criou uma estética nova para a música brasileira, produzindo o artesanal, misturando sonoridades clássicas da música nordestina a invenções de sua sanfona e letras+4 simples, sobre a falta de chuva, o amor, o trabalho. Adorado pelo público por onde quer que andasse, cruzou o país diversas vezes, chegando ao ápice da carreira musical nas décadas de 1940 e 1950. Ao som de sanfona, zazumba e triângulo, o Rei do Baião liderava cortejos e, por ter sido um dos primeiros artistas brasileiros a ter turnês patrocinadas por grandes marcas, cantava também para o público que não podia pagar ingressos para os shows. “Canto até a polícia chegar”, bradava antes de interpretar nas sacadas dos teatros clássicos como “Qui Nem Jiló”, “Paraíba” e “Asa Branca”.

Até que com a eleição de Jucelino Jubitschek, em 1956, surgiu um Brasil diferente. Cinema Novo, Jovem Guarda, Televisão, 50 anos em 5, sonhos possíveis e um povo com vontade de ouvir o urbano. “Aqueles adolescentes que no apogeu do Rei foram forçados pela moda a estudar sanfona, tinham crescido. Agora eram adultos e tinham trocado o odiado “piano de joelho” por um violão, os 78 rpm de Luiz Gonzaga pelos LPs de João Gilberto e o ritmo alegre do baião pela balanço sorridente da Bossa Nova. A geração que estava chegando não queria mais ouvir rimar coração com Sertão. E varreu o baião, com o mesmo deprezo que uma dona de casa tirando poeira”, explica Dominique Dreyfus, a francesa nordestina que fez a primeira biografia do cantor.

Pronde tu vai, baião?/ Eu vou sair por aí/ Mas por que baião? Ninguém mais me quer aqui. (“Pronde Tu Vai, Baião?”, música de João do Vale e Sebastião Rodrigues)


LUIZ GONZAGA //039

Isso, contudo, não significou a morte matada. Pois a Bossa Nova atingia essencialmente a classe média, cujas relações com a cultura eram – e são? – vinculadas a grande mídia. Então, Luiz Gonzava deixou de ser moda e ficou marginalizado, sim, mas o ostracismo foi apenas midiático. Ele continuava com as turnês patrocinadas, percorrendo sertões, mangues, o interior do país. “Eu gravava meus discos e ia procurar meu publico lá nos matos. Eu arranjava patrocinador no local e, às vezes, levava patrocinador do Sul que tinha pretences no Nordeste. Eu cantava na praça pública, nos coretos, nos circos e até nos quartéis. Eu chegava na cidade do interior com meus discos, cantava na praça pública e vendia meu peixe“, disse Gonzagão para a biógrafa Dominique. E assim foi por muito tempo, o Brasil “culto” com ouvidos apenas para barquinhos e violões, o Rei na estrada. Tanto que, na época, fez com José Clementino o “Xote dos Cabeludos”.

Cabra do cabelo grande/ Cinturinha de Pilão/ Calça Justa e bem cintada/ Costeleteta bem fechada/ Salto alto e favelao/ Cabra que usa pulseira/No pescoço um medalhão/ Cabra com esse jeitinho/ No sertão do meu Padrinho/ Cabra assim não tem vez não.

Mal sabia ele que eram justamente os tais cabras do cabelo grande que o ajudariam a ocupar o espaço que sempre fora seu de direito. Oia Em 1965, Geraldo Vandré, compositor da emblemática canção “Pra Não Dizer Que Não Falei de Flores”, que se tornou um hino de resistência do movimento civil e estudantil que fazia oposição à ditadura militar, gravou “Asa Branca” em seu LP A Hora de Lutar.+5 Mais ou menos por esta época, Gonzaguinha – o filho que por toda uma vida foi renegado – já estava fazendo música, conhecendo gente e vendo doer a fome e a censura. E dois baianos estavam inventando

uma nova ordem mundial com músicas como “É Proibido Proibir”, explosões de cores, mistura de vanguarda, tradição e Brasil. Era a Tropicália, um estilo musical que se dizia influenciado por Beatles, João Gilberto e um tal de Luiz Gonzaga. Assim, através de declarações de amor dos novos ídolos da juventude e da mentira inventada por outro cabeludo – a de que os Beatles haviam gravado “Asa Branca” no então lançamento White Album+6, a imprensa voltou a procurar Gonzaga e a “grande influência do Tropicalismo” voltou a ter um rosto e uma voz. Depois disso, a agenda pouco a pouco voltou a encher. Os “discípulos” começaram a despontar pelo país, Fagner, Alceu Valença, Elba Ramalho, Dominguinhos, cada um de um jeito, todos descendentes musicais do Rei. “Quem tem talento não tem medo de perder. Eu botei um mundo de artistas cantando na minha linha e o que é que deu? Reforcei as minhas criações e saí lucrando até hoje”, disse Lua em várias entrevistas. Tanto que sua música respinga ainda hoje em tudo o que se pretende brasileiro. Prova disso é a canção “Morena”, interpretada pelo Rei do Baião e regravada este ano pelo cantor Qino+7 para o álbum Canduras. É uma amostra da reinvenção da obra de Lua pela nova geração da MPB: “Eu descobri essa música, me apaixonei, fiz uma versão, comecei a tocar nos meus shows e fui percebendo que ninguém conhecia. Então me senti com a responsabilidade de trazê-la de volta, tirá-la do esquecimento”, disse o cantor em entrevista ao site RocknBeats. “Morena” integrava O Canto Jovem de Luiz Gonzaga, álbum raro em que o experiente sanfoneiro entoava composições de jovens artistas da época – Tom Jobim, Gilberto Gil, Caetano Veloso e Edu Lobo entre eles.

Minha vida é andar por este país/ Pra ver se um dia descanso feliz/ Guardando as recordações/ Das terras onde passei/ Andando pelos sertões/ E dos amigos que lá deixei. (“Vida do Viajante”, Luiz Gonzaga e Hervê Clodovil)

[+5] Em 1968, Gonzagão, conhecido por simpatizar deveras com a tal “direita” gravou “Pra Não Dizer que Não Falei de Flores”. [+6] Verdade que havia um pássaro no disco, mas era “Blackbird” e estava léguas e léguas distante longe do forró ou do xaxado. [+7] A versão de Qino para Morena conta com a participação de Elba Ramalho, que fez inúmeras parcerias musicais com Gonzagão.


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O sucesso do primeiro renascimento era apenas ensaio, a valorização de fato aconteceu no início dos anos 80. Quem o buscou para voltar aos palcos, lugar de onde jamais deveria ter saído, foi Gonzaguinha. A dúvida da paternidade sempre pairou, e o menino foi criado por padrinhos, crescendo longe do pai que cruzava o país em intermináveis turnês. Por ironia do destino, foi também uma turnê que uniu os dois homens separados pela própria história: A Vida do Viajante foi um show emblemático em que pai e filho dividiram acordes e construíram lembranças. O palco manteve os dois Gonzagas juntos por quase um ano. Em meio ao pó da estrada e ao ritmo de sanfona, os ressentimentos foram ficando para trás. E os apelidos de Gonzagão e Gonzaguinha viraram nomes oficiais.

O meu cabelo já começa prateando/ Mas a sanfona ainda não desafinou/ Minha voz vocês reparem eu cantando/ Que é a mesma voz de quando meu reinado começou. (“Chapeu de Couro e Gratidão”, Luiz Gonzaga e Aguinaldo Batista)

[+8] A escolha ficou com Land Vieira, Chambinho do Acordeão e Adélio Lima.

A reconciliação veio a tempo – antes da morte de Gonzaguinha em um trágico acidente de carro no ano de 1989, dois anos antes da partida do pai. Foram-se os dois, ficou a memória. O resgate da história de Luiz Gonzaga não aconteceu pelo livro que Gonzaguinha planejava escrever. Faltou tempo e a morte veio cedo demais. Por sorte, Gonzaguinha desenvolveu nos últimos anos de convivência o hábito de gravar alguns diálogos entre os dois. O que sobrou desse acervo foi entregue pela família à jornalista Regina Echeverria, que escreveu o texto de onde saiu o roteiro do filme Gonzagão e Gonzaguinha: de pai para filho+8, de Breno Silveira. No longa, que já foi exibido a 1,3 milhão de espectadores, o diretor brasiliense narra a trajetória do cantor que deixou o Brasil com um pouco mais da cor do sertão.


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“Fiquei um ano e meio fazendo testes para encontrar quem fizesse Luiz Gonzaga. Procurei vários atores, mas nenhum deles era parecido. Aí resolvi partir para a realidade. A produtora de elenco, Cibele Santa Cruz, desbravou o Nordeste. Chegamos a ter cinco mil candidatos a Gonzagão”, explica Silveira. Que acabou encontrando no músico Chambinho do Acordeon o perfeito Gonzaga. Não à toa, Chambinho foi um dos convidados para, no dia 13 de dezembro, abrir em Exú um dos palcos montados para a festa do Rei.+9 Pois o centenário de Luiz Gonzaga não teve uma festa. Teve um imenso forró que durou cinco dias simultaneamente nas cidades de Recife e Exú, e desmembrou em mostras artísticas, oficinas de sanfona e de momentos já históricos. Como o de Gilberto Gil cantando “No, Woman, No Cry” sob as estrelas do céu limpo da cidade natal do homenageado. Ou quando Alceu Valença, no Recife, não conseguiu sair do palco porque o público não parava de dançar e cantar. E “Asa Branca” sendo entoada por vaqueiros na Aza Branca, lugar onde viveu nos últimos anos e está enterrado Gonzaga. Ainda teve Elba Ramalho entoando à capela “Oração de São Francisco” acompanhada por 50 mil vozes no centro de Exú, sendo o número de público quase o triplo dos moradores da cidade. E o choro vagaroso de Seu Sebastiano, 85 anos, que na plateia sorria sem parar. “Se ele estiver vendo, vai gostar de me ver rindo assim, boca aberta. É que esta dentadura, moça, foi ele que me deu.” Findo o festejo de cem anos do Lua, fica a certeza de que este vinil voltou a rodar na vitrola. E de que o homem simples que tal qual Carmem Miranda se apropriou do Brasil para se transformar em si mesmo, renasceu. De novo. Seja bem-vindo, seu cabra safado.

[+9] “Resolvi conhecer o Parque Aza Branca, em Exu. Acredita que quando entrei no mausoléu meu celular tocou dizendo que eu tinha passado em mais uma etapa do filme? “ Chambinho do Acordeon


_por Leandro Vignoli

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Hey, Hey, Hey, Latino e o Rei! “Vem chegando o verão, o calor no coração.” Ok, essa é uma daquelas músicas clichês da temporada de sol e praia. Mas, aí, quantos hits mais desse tipo já não foram compostos na estação mais caliente do ano? Milhares. E, dentro destes, a figura de Latino se destaca com léguas de vantagem para os concorrentes. A melodia nunca é grande coisa, a letra muito menos e, ainda assim, fica na cabeça feito chiclete no tênis. Na soma de tudo isso, conhecer sem nem gostar, não há dúvidas: Latino é o rei dos hits de verão. Quando surgiu, ainda nos anos 1990, Latino foi uma espécie de precursor midiático do funk melody. O hit “Me Leva” tocava em todo canto. Sem Latino, não haveria Claudinho & Buchecha, por exemplo (ou seja, ele é o culpado disso também). Mas após a moda passar, o hitmaker veranil sumiu por um bom tempo. Quer dizer, no começo dos anos 2000 ainda emplacou as composições de “Baba Baby” (2001), da (na época) esposa Kelly Key, e, após a separação,

“Tô Nem Aí” (2003), aquela do “pode ficar no seu mundinho que eu não tô nem aí”, cantada por Luka. Um slogan brega que daria música, o “sou brasileiro e não desisto nunca”, seria a melhor forma de definir Latino. O cara nunca parou de tentar, nunca desistiu. Para cada hit que você lembre, tem 4 ou 5 piores ainda que nunca ouviu falar. Dessa forma, doze anos depois de fazer sucesso cantando uma música nos programa de televisão é que chegamos em 2005, “Festa no Apê” e a rima com bundalelê. Latino virou uma máquina programada, fazendo tudo sempre igual, de onde surgiram “Renata Ingrata”, “A Dança do Kuduro” e, mais recentemente, “Despedida de Solteiro”, baseada no hit internacional “Gangnam Style”. Latino encontrou uma fórmula. A fórmula Latino de compor um hit de verão. Com base num exercício de observação analítica, análise semiótica das letras e estudos técnicos das melodias (ok, tudo mentira), traçamos um panorama.


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Hit internacional O primeiro passo é não ter trabalho algum. Fique atento a qualquer música bizarra de um país desconhecido e copie a melodia. Pode ser um house da Romênia, um dubstep da Eslováquia, um ritmo chacoalhante do Taiti. O importante é: descubra o que está bombando nas pistas desses lugares.YouTube é a melhor opção, tem sempre um vídeo esdrúxulo de alguém dançando músicas assim no quarto. Sugestão: uma regravação em português da clássica “Ecstasy Ecstano”.


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Se beber... faça uma música Uma coisa vai levando a outra. Então, pra falar de festa, tem de prometer que vai ter muito trago (uhúúú). Exemplos como “birita até amanhecer”, “a ressaca vai me matar”, “hoje quero beber e zuar” pegam em cheio todo o tipo de pessoa. Ela pode até fingir e dizer que acha brega com o Latino cantando, mas a maioria em uma festa quer mesmo é encher a cara. Só evite usar o “bebemorar”. Sugestão: uma música chamada “Combo”, sobre a moda da vodka com energético nas baladas. Se você der sorte, pode até ganhar um patrocínio.

Sexo e duplo sentido

Festa A vida é uma grande festa, y’ know? Quase toda música de sucesso do Latino tem festa na sua letra, do apê a despedida de solteiro. Use a imaginação. Tem festa de 15 anos, festa de aniversário, festa de formatura, festa de reunião de formandos, festa da firma, festa de ano novo... Há uma infinidade de temas esperando por você. Sugestão: caso já tenha ido a Paris, escreva uma letra sobre as festas de lá, batize a música de “Paris É Uma Festa” e ainda pague de leitor de Hemingway.

O produtor Carlos Eduardo Miranda costuma dizer em entrevistas que, no fundo, todas as melhores músicas são pra “fazer neném”. Não importa o estilo. Latino entendeu isso como ninguém. Use e abuse do tema sexo (nas festas), fale de orgia se for o caso, não tenha vergonha de estimular o fio terra se achar um refrão que todo mundo cante junto. Sugestão nada sutil: “Bilu-bilu/ Mulher bebê quer tudo na boca/ Quando chega a hora de dormir, ela quer brincar/ No meu colo vira um bebê querendo mamar”.


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Refrão pegado Após fazer esse combo temático da alegria, não dê muita bola às estrofes da música. Elas servem apenas pra enrolar, ninguém canta mesmo.Você pode até ir no Google logo depois e colocar qualquer coisa que encaixe. O importante em um hit é o refrão. Que seja curto, grosso e que dê o recado, em forma de tags: “#apê”, “#bundalelê”, “#aparecer”. Não é preciso mais nada pra captar o que esse cara quer dizer. Uma música das Velhas Virgens, por exemplo, em forma de batidão, poderia virar hit instantâneo. Sugestão: misture as palavras “festa”, “malícia”, “suor”, “pior”, “testa”, “delícia”, “sei de cor” que alguma coisa vai funcionar.

Audiovisual Não se iluda que é apenas a música que conta. Faça um vídeo muito louco mostrando essa combinação de festa-trago-sexo. É fundamental que apareçam mulheres, muitas delas, de preferência com pouca roupa (há estudos que indicam que até mesmo as mulheres acham que uma festa é boa quando veem outras mulheres se enlouquecendo). Agora, finja que, apesar de toda doidêra e álcool, todo mundo é bonito, saudável e não vomita. Sugestão: uma ex-BBB chegando na festa de paraquedas, e o garçom enchendo seu copo de álcool assim que ela aterrissar na piscina.


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Mão pra cima e meia-volta No verão, a maioria do povo vai à praia. E a grande maestria de um hit de verão é vir acompanhado de uma dancinha. É lá que até o mais duro dos viventes acaba dançando na boquinha da garrafa. Por isso, dê preferência a algo fácil de fazer, um gesto malicioso, que combine com a letra. Sugestão: se a ideia de “Paris É Uma Festa” vingar, faça um triângulo com as mãos acima da cabeça (como se fosse a torre, AHN?). Depois é só jogar os braços para a frente da PÉLVIS e friccionar para frente e para trás.

Venda-se Pense na música como se ela fosse um jingle de produto. No “Latino style”, um hit de verão é quase como a venda de algo (de alegria, diversão, orgia etc.). Antes do povão gostar, veja se a música se encaixaria em uma propaganda de cerveja. Afinal, o fato é um só: se encaixar, o povão vai gostar de qualquer maneira. Sugestão: se nada disso der certo, venda a música pro Latino.Talvez você tenha feito algo errado, mas ele certamente vai emplacar mais um hit de verão.


_TEXTO CRISTIANE LISBÔA

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BOTA A CAMISINHA BOTA MEU AMOR Pois justamente neste tempo em que informação é um bem free demais e beira o excesso, o número de jovens entre 17 e 25 anos infectados pelo HIV aumentou vergonhosamente. E, caso você não lembre, Aids mata. Por isso, a partir de agora, nós e todos os músicos que você gosta entramos de cabeça (hahaha) na campanha “Bota camisinha, bota meu amor”. Que sexo é bom, todo mundo gosta e a coisa mais careta do mundo é transformá-lo em motivo de preocupação. Então, se for namorado(a), se for ficante, peguete, se for rolar, lembra que camisinha é gostoso, é seguro, é prático e, se precisar, tem de graça no posto de saúde. E bom verão pra você.


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Edu K


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1.

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4.

5.

6.

1. Lucas Santtana 2. Thalma de Freitas

3. Blubell 4. Ava Rocha

5. PĂŠlico 6. Pedro Granato


1.

2.

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1. Alexandre Kumpinski (Apanhador S贸) 2. Filipe Catto

3.

4.

3. Felipe Puperi (Wannabe Jalva) 4. Dan Nakagawa

5.

6.

5. Tat谩 Aeroplano 6. Loco Soza e Lu Horta


LADO A


LADO b


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Tenha ela sua origem no sol californiano ou sob as luzes de Paris, a trilha sonora deste verão está na mão das mulheres. Com tracks fresquinhas tomando de assalto a blogosfera, Haim e Melody’s Echo Chamber mostram que são boas promessas para o novo ano. E que, na beira da praia, all you need is love.

Lado A

HAIM Quem é: Alana, Danielle e Este Haim, três irmãs de 20, 23 e 26 anos, respectivamente. O baterista Dash Hutton acompanha as sisters nas apresentações ao vivo. De onde vem a música: Los Angeles, Califórnia. Durante mais de uma década, as irmãs tocaram ao lado dos pais em uma banda de classic rock chamada Rockinhaim – a mãe era guitarrista; o pai, baterista. Alana, Danielle e Este faziam todo o resto. Não é preciso nem dizer que elas cresceram com os acordes de Rolling Stones, Fleetwood Mac e cia. Como ganhou a blogosfera: apesar de já gravarem juntas há cerca de cinco anos, foi só em 2012 que as irmãs Haim botaram nas prateleiras o seu primeiro lançamento: o EP Forever. A track que dá nome ao disquinho virou hit indie nos EUA e Inglaterra, levando o trio a turnês com Florence + the Machine e Mumford & Sons.

_TEXTO TOMÁS BELLO

Se descrevem como: “Eu acho que a gente tem a estrutura do rock old-school. Mas o R&B dá o tempero”, resume Alana. O álbum de estreia: prometido para abril de 2013, o álbum de estreia do trio vem com assinatura da Polydor Records, renomado selo britânico que tem em seu casting artistas como La Roux, Kate Nash, Kaiser Chiefs e The Maccabees. O hit pro verão: “Don’t Save Me”. Lançado com exclusividade e frisson pelo DJ Zane Lowe na BBC Radio 1, o single é uma espécie de aperitivo para o álbum

de estreia das garotas. É pop, dançante, tem melodia assobiável e letra sobre a ever hard entrada para o mundo adulto. Ah, no vídeo as irmãs arriscam um basquete contra um bando de carinhas sarados enquanto mandam coreografias no meio da quadra. O que dizem por aí: “Mesmo que os Beach Boys cantassem sobre as garotas da Califórnia mais de quatro décadas atrás, é fácil imaginar que eles estavam pensando na Haim quando escreveram aquelas canções”, avalia Melissa Locker, crítica do influente blog norte-americano Stereogum. Já para Freddie Campion, da Vogue USA, a música do Haim é encantadora: “neo-folk–encontra–90’s–R&B-pop”, define. Feito pra quem: tem saudade da Beyoncé no Destiny’s Child, ama as harmonias ensolaradas dos Beach Boys, os riffs de Keith Richards e o tom new wave do The Go-Go’s. E acha que tudo isso junto é melhor ainda. Item essencial no guarda-roupa: short de cintura alta com franjas e uma blusa larga, básica pra compor. O famoso look “piriguindie”. Maior lenda urbana: que este fez faculdade de música na UCLA, onde se especializou em percussão e música brasileira. “Ela está sempre mostrando essas coisas legais do Rio que eu nunca ouvi falar”, já revelou Danielle. Acompanhamento etílico ideal: vodka, acompanhada de suco de morango ou tangerina.


LADO A / LADO B //055

Lado B

Melody’s Echo Chamber Quem é: Melody Prochet, 25 anos. De onde vem a música: Paris, França. O pai era baixista de uma banda de rock setentista, a mãe cantava em coral e o irmão, fanático por sintetizadores, montou seu primeiro estúdio aos 16 anos. Melody, claro, como boa irmã mais nova, acompanhou tudo de perto. Não por acaso, frequentou conservatórios e coleciona diplomas de música clássica. Como ganhou a blogosfera: quando a francesinha conheceu Kevin Parker, o líder do Tame Impala, após um show do grupo em Paris. Os dois trocaram telefone, segredos sobre pedais de guitarra e demos. Até que um dia Parker levou a moça para a Austrália e produziu suas canções. O single “Crystallized” foi o começo de tudo. Se descreve como: “Eu sou uma pessoa extremamente sensível. Choro quase quatro vezes por semana. É ridículo. Mas é aí, quando a emoção cresce em mim, que eu me inspiro.” O álbum de estreia: recém-lançado no Brasil, o disco foi todo produzido por Kevin Parker e gravado no estúdio caseiro do cara em Perth, Austrália. “Foi tudo muito divertido e natural. A gente gravava por algumas horas e então saia pra pedalar e curtir a praia”, conta a francesa. Ela mesma terminou a bolacha na casa de praia dos avós, em Cavalière, sul da França. O hit pro verão: “I Follow You”. É um dos singles do debut de Melody Prochet, em que a ela canta

a saudade de um amor que ficou pra trás (seria você, Kevin?). Em cerca de quatro minutos, a música mergulha em um mar épico de pura psicodelia, com guitarras beirando o shoegaze, mas sem deixar de lado a doçura pop da voz de Prochet. Um resumo perfeito da obra. O que dizem por aí: “Alternando entre o francês e o inglês, Melody Prochet se inclina para espaços sombrios em suas letras, deixando a música trazê-la de volta à luz”, opina Robin Murray, editor da Clash Magazine. James Skinner, crítico da instituição britânica BBC, completa: “é música adorável, cintilante, repleta de um espírito aventureiro”. Feito pra quem: curte ver o mundo através de um caleidoscópio. Ou acha que os Beatles na era Revolver até que poderiam soar bem com uma garota nos vocais. Ou que a vida parou nos 1960, e que não há nada mais divertido do que dançar com os amigos sob um sol de 40oC. Item essencial no guarda-roupa: vestido colorido ou floral com óculos vintage pra acompanhar. O popular hippie chic. Maior lenda urbana: que Kevin Parker, o Sr. Tame Impala, não só produziu o disco de estreia de Melody como conquistou o coração da moça. “Ele é demais, o maior nerd que eu conheço, um verdadeiro guru dos sons”, é tudo o que ela diz sobre o cara. Acompanhamento etílico ideal: absinto, de preferência tomado na tradição do ritual La Louche.


_ TEXTO MARÍLIA POZZOBOM


COMO VIVER DE MÚSICA (SEM SER MÚSICO) //057

Antes de pensar em largar tudo e ir ser candango na empresa do seu pai, pense bem: você pode não fazer música, mas ela pode te sustentar.

Não é todo mundo que nasce com o dom de dedilhar uma guitarra, esmurrar uma bateria, tocar pandeiro ou qualquer que seja o instrumento dos seus sonhos. Depois de anos – ou meses – tentando, você finalmente acorda pra vida e percebe que vai ter que “seguir carreira”.Vai sentar no banco de um curso ou faculdade, estudar e decidir o que você vai fazer da vida pra pagar as suas contas. Isso normalmente acontece ali pelo tempo em que a mesada dos seus pais já não cobre mais as suas cervejas (mas tem muita gente por aí que já virou o Cabo da Boa Esperança e insiste em seguir tentando). O que pouca gente sabe é que existe um desvio nesse caminho, mas o destino final ainda é o mesmo: a música. Fomos atrás de produtores, fotógrafos, cenógrafos e professores pra nos responderem a fatídica pergunta: como viver de música sem ser músico? Comunicação Social: o repórter, o A&R e o assessor de imprensa Sim, viemos começar no lugar mais óbvio de todos: você já deve ter ouvido a máxima que diz “todo crítico musical é um músico frustrado”, não? A verdade é que sim, a comunicação esconde muitos músicos frustrados, claro. Mas com certeza o Direito também. A diferença é que, com sorte, alguns comunicadores conseguem transformar o amor pela música em seu ganha pão. Consegue imaginar ganhar uma grana pra ver um show? Roberta Martinelli,

apresentadora de TV e Rádio, consegue: “Que delícia ter uma profissão onde os limites entre trabalho e diversão se confundem muitas vezes! Ler uma biografia de um músico é trabalho e ao mesmo tempo é uma delícia, shows, discos, tudo”, afirma. Patrícia Palumbo, apresentadora do programa Vozes do Brasil, na Eldorado FM, de São Paulo, trabalha na área há mais de duas décadas. Resultado? Continua apaixonada. Pra ela, trabalhar também é sinônimo de prazer. “Ouvir muito, ler tudo a respeito dos compositores, cantores, instrumentistas. Antes mesmo de me formar eu já devorava as biografias de Cole Porter, Ella, Tina Turner, as entrevistas da Rolling Stone. Um bom jornalista é curioso e sabe ouvir”, diz. Ser curioso e saber ouvir significa: se você quer ser jornalista, não adianta pensar que você é o centro das atenções, “jornalista não é celebridade e não pode querer ser maior que o seu entrevistado”, completa Palumbo. Ou seja: se você estivesse no palco, seria o principal. Mas você não é, então mantenha o foco no bloquinho. A&R (Artists and Repertoire) é uma das profissões que estão despontando por aí, segundo o produtor musical e professor da PUC do Rio Grande do Sul, Ticiano Paludo. De acordo com ele, um A&R é aquele cara que cuida da imagem do artista e organiza tudo que precisa. Por que a Lady Gaga não acordou um dia e simplesmente resolveu colocar o bife que comia na cabeça? Existe um trabalho por trás do


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visual dela, e pra que ele seja bem-feito, é necessário que exista um bom repertório por parte da equipe. O que inclui nesse repertório? “Desde Design até História da Arte”, Paludo afirma. “A equipe da Gaga é muito parecida com a Factory,+1 do Andy Warhol (...) por que existem tantas cantoras pop todos os anos que são promessa e não conseguem, mas ela ainda tá no topo?”, completa. É tudo estudo, bicho. Aliás, perceba outro detalhe: sim, a Lady Gaga pode ser uma referência. Porque quando você quer trabalhar com música, tem que ouvir música. E, sim, você vai ouvir muita coisa ruim. Mas o segredo está em não ter preconceitos: essa dica é unanimidade entre todos os comunicadores do mundo. Só porque você gosta de rock, não significa que só o rock é bom. Já o assessor de imprensa é o cara dos contatos. É ele quem coloca a nota sobre um show no jornal, é ele quem libera quem vai cobrir o show em determinada casa noturna e também é ele quem acompanha o artista onde ele for. Nesse caso, é quase uma “contenção de riscos”: não dá pra colocar o Paul McCartney em um táxi e gritar pro motorista “leva ele pra Globo!”. O assessor tem que acompanhar o trajeto, descobrir em que estúdio vocês vão e fazer um meio de campo entre o repórter e o artista para acertar o que vai ser feito (ok, e muitas vezes ainda quebra um galho de tradutor). Ok, já falamos demais. Existem centenas de coisas que você pode fazer com um diploma de Comunicação Social.Vamos resumir? Lá vai. Tem que fazer faculdade? [+1] The Factory foi um estúdio de arte fundado por Andy Warhol. Lá ele fazia as suas obras, e vez em quando umas putaria. Por lá passou gente grande como Capote, Salvador Dali, Bob Dylan e Mick Jagger. [+2] goo.gl/ubV17 [+3] E falando em curta-metragem e botox, já viu “Ride”, da Lana Del rey? goo.gl/wFY6n

Tem. Além de aprender a escrever direito, “tem alguns princípios éticos que bons professores podem passar”, lembra Palumbo. Como começar? É como diz Ticiano (e a gente confia porque ele é professor): “Vai viver o mundo”. Se a inscrição do vestibular é só no ano que vem, aproveita.Vai ver shows, vai em casas noturnas, conhece gente, lê, vê filmes e escreve. E se a sua mãe disser que você

anda muito vagabundo, mostra essa revista pra ela. Mas, quando chegar a hora, você pode pensar em cursar Comunicação Social (com ênfase em Relações Públicas, Publicidade ou Jornalismo) ou um curso de Rádio e TV. Audiovisual O clipe como você conhece hoje começou a ser utilizado pelos Beatles lá nos idos anos 1960. A ideia era bem simples, mas no fundo, genial: em um mundo pré-internet, onde levar um artista internacional para as terras de além-mar era dificílimo, a Fab Four pensou: e se a gente estivesse em todos os lugares ao mesmo tempo? Foi assim que nasceu o videoclipe, com o simples e puro intuito de acalmar os hormônios das menininhas (e marmanjos) que rasgavam a blusa toda vez que ouviam “I Want To Hold Your Hand”.+2 Hoje, os vídeos são quase curtas-metragens, ganharam figurino elaborado, participações especiais e maquiagem digna de Oscar. Cada vez mais eles são utilizados para chamar a atenção para o artista (ou sua obra) antes mesmo que ele seja conhecido. O clipe sai antes do disco e você se apaixona pela nova princesinha pop no momento em que vê sua linda boquinha estourada de botox.+3 O produtor audiovisual Eis que surge uma nova profissão (não, não é cirurgião plástico): produção audiovisual. Muito além de ser câmera ou escrever roteiros, trabalhar com isso significa ter boas ideias – e ter paixão, como afirma Rodrigo Pesavento, sócio e diretor da Zeppelin Filmes. Segundo ele, trabalhar na área não é difícil, já que o mercado hoje oferece inúmeras possibilidades. “As ideias pipocam na TV a cabo, na internet, num território onde elas não têm mais dono. E as câmeras são tão leves que em qualquer Paraguai se compra por uma mixaria”, garante. No início dos anos 1950, um movimento cinematográfico chamado Cinema Novo mexeu de vez com os ideais e a estética do cinema brasileiro. Mas foi já nos anos 1960 que um cara chamado Glauber Rocha, que imortalizou a corrente artística com filmes como Deus e o Diabo na Terra do Sol e Terra em Transe,


COMO VIVER DE MÚSICA (SEM SER MÚSICO)


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soltou a seguinte frase: “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”. Pronto, o dito esse se transformou no lema do novo movimento. O que Pasavento lembra, no entanto, é que isso foi há mais de 40 anos – tempos onde fazer um filme custava muito, muito tempo (e muito mais dinheiro). Ou seja: hoje você pode ligar no Shoptime, comprar a sua Tekpix+4 pelo telefone e ir pra rua colocar a mão na massa. Tem que fazer faculdade? Não tem, mas é sempre legal fazer. Entre as opções estão Comunicação Social com ênfase em Publicidade e, obviamente, Produção Audiovisual/ Cinema e Vídeo. Como começar?

[+4] A Tekpix é uma câmera doméstica do tipo canivete suíço (grava, tira foto, é gravador, webcam e controle remoto), que hoje em dia custa em torno de 4 mil reais e não faz nada além de te deixar 4 mil reais mais pobre.

Candé Salles, diretor do documentário Carnaval de Rua do Rio e da série Som & Areia, do Multishow, responde: “Procure seu gênero favorito e sua turma no meio. Compre uma câmera e saia filmando tudo”, diz. Mas é bom lembrar, nem só de diretores vive a indústria. Maquiagem, figurino, fotografia e direção de arte são algumas das áreas pelas quais você também pode se interessar. Pra quem não se vê trabalhando com imagens, dá pra pensar no básico e ir... pro som. O que não dá pra negar é: o áudio e a imagem se completam de forma perfeita. “Quando estou na ilha de edição montando uma cena, fico impressionado com a grandeza que se torna a mesma quando a musica é inserida”, afirma Candé. Em ambos os casos (áudio e vídeo), uma formação em Publicidade e Propaganda pode ser uma boa ajuda. O curso de Design também pode ser levado em consideração, se você é bom em artes. Ticiano Paludo também lembra que as faculdades oferecem cursos específicos, de extensão, que podem ajudar a melhorar o seu currículo. Ele mesmo, por exemplo, ministra o curso de Produção Musical. “Tem artistas, DJs, comunicadores, punks, indies e até mesmo seminaristas que já fizeram o meu curso. E o mais legal de tudo é a troca que acontece entre essas pessoas dentro da aula”, afirma.

O produtor O som não precisa incluir só um dia inteiro na frente de uma mesa cheia de botões. Com cara e coragem (e uma boa grana), há quem se arrisque a ter o seu próprio negócio. “Queria criar uma plataforma de lançamentos para novas expressões artísticas. Foi assim que surgiu o Studio SP”, conta Alê Youssef, o dono da badalada casa noturna de São Paulo, e que hoje possui uma filial no Rio. Alê, que também é produtor, jura que dá trabalho – mas que compensa. “O produtor tem que estar preparado para meter a mão na massa a qualquer momento. Não existe um que observa de fora sua produção ou que não tenha aquela ansiedade natural. Por isso, as dores de cabeça e desgastes operacionais são constantes. Prefiro trabalhar para dar as condições necessárias para quem tem talento aparecer, circular e viver de arte. Isso me dá muita satisfação”, diz. Tem que fazer faculdade? Não, mas se você quiser abrir a sua própria casa, uma faculdade de administração não é jogada fora – mas lembre-se: não adianta fazer isso pensando só no dinheiro. Como começar? “Eu me apaixonei por cultura alternativa e de vanguarda quando fui coordenador de juventude da Prefeitura de São Paulo e tive a oportunidade de conhecer e apoiar diversos artistas e produtores que hoje são protagonistas da cena cultural brasileira, mas que naquela época estavam apenas começando. Tudo que produzo tem relação com ativismo e engajamento e está sempre relacionado, mesmo que indiretamente, à política cultural”, lembra Alê. Ou seja: estude. Estude muito. Fotografia Nos shows que você vai, já deve ter percebido que existe um fosso entre o público e o artista. Aquele lugar é reservado – acredite – para um trabalhador: o fotógrafo. Enquanto você tenta equilibrar o seu


COMO VIVER DE MÚSICA (SEM SER MÚSICO) //061

telefone na mão e tirar uma fotinho em meio a um mar de gente, ele está lá na primeiríssima fila do show. Mas nem tudo são rosas, garante o fotógrafo Fernando Schlaepfer, fundador do I Hate Flash.+5 A urgência da foto, principalmente em festivais, é o que pode dificultar o trabalho do fotógrafo. Isso porque a organização da grande maioria dos shows e festivais (ou mesmo o próprio artista) possuem uma política de permitir fotos apenas nas três primeiras músicas das apresentações. “Ter que sair correndo de um palco para outro em shows que estão acontecendo simultaneamente e não conseguir chegar antes de acabarem essas três primeiras é uma das sensações mais frustrantes que pode acontecer ao trabalhar com shows – e quando é de uma das suas bandas favoritas, então...”, admite Schlaepfer. Como começar? “A verdade é que pra trabalhar como fotógrafo, a pessoa só precisa saber operar uma câmera (...), mas mais necessário que saber operar, é ter uma ‘cultura de imagem’ rica e entender do que você está fotografando. E isso requer muito esforço. Consumo imagem que nem um desgraçado, continuo lendo, escutando, assistindo tudo que é novidade. É essa carga que te faz capaz de se destacar”, afirma o fotógrafo Rodrigo Ésper, que também trabalha no I Hate Flash.

novo) com ênfase em Jornalismo ou Publicidade e Propaganda, ou cursos profissionalizantes como os do Senac. O cenógrafo Quando cai uma chuva torrencial durante a música mais linda do show da sua banda preferida, você já parou pra pensar no quanto isso dificulta o trabalho de centenas de trabalhadores que trabalham duro para manter de pé aquela puta estrutura? Esse é o maior desafio do pessoal da cenografia, segundo Marcelo Checon. Dono da empresa MChecon, que fez a cenografia de festivais como o Sónar e o Rock in Rio, Marcelo conta que trabalhar na área não é tão fácil. Pra ele, as altas quantias de dinheiro que rolam por trás desses eventos são o que seduz quem trabalha com isso – mas admite, elas são apenas miragens. “Você ganha 100 mil reais para fazer um evento e pensa que é uma boa grana, mas aí tem que levar em consideração o pagamento de todos os funcionários, marceneiros, estrutura... não é bem o que parece”, alerta. E às vezes, até pequenos detalhes acabam fazendo parte de uma rotina de pequenos problemas com os quais ele tem que lidar. Desde uma porta pequena, por onde não passam todos os materiais, até a aderência de uma fita que fica comprometida pela chuva. Como começar?

Tem que fazer faculdade? “Formação com ligação a artes visuais ou coisa do tipo é um acréscimo de muita valia para um fotógrafo, mas definitivamente não acho indispensável – indispensável, sim, é continuar estudando mesmo sem formação acadêmica, ou até após ela”, garante Schlaepfer, que se diz um defensor do olhar, e não da técnica. Além disso, ambos os fotógrafos possuem formação totalmente diferente da fotografia: Fernando é designer, e Ésper, game designer. Então, podemos dizer que dá pra fazer praticamente qualquer coisa, desde que você seja estudioso. Mas, se quiser começar do zero, dá pra fazer Comunicação Social (a bendita aqui de

Checon diz que trabalhou como produtor até criar coragem de abrir o seu próprio negócio. Segundo ele, o mercado é extremamente competitivo (são cerca de 1200 empresas deste tipo funcionando no Brasil hoje. Seriedade, uma equipe bem estruturada e ser bom em soluções rápidas também são fundamentais. Tem que fazer faculdade? Não, mas o trabalho é muito mais fácil se você tem um diploma de arquitetura ou engenharia. Anotou? [+5] ihateflash.net/


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MÚSICA PRA LER

Lero-Lero. Cacaso. Cosac&Naif Portátil

Motorheadphones _

Chuveiro Portátil _

A gente desconfia que esse produto só foi lançado pela graça do trocadilho ou mesmo pra encher os bolsos da banda que já tem até loja de bebidas. Mas tá valendo conferir os três modelos de headphone do Motorhead.

Para sobreviver a esse calor dos infernos, só tomando vários banhos. E se você não é de ficar em casa o dia todo esse chuveiro portátil invertido te ajuda. Só não vai abusar, o planeta agradece.

Preço: Sob Consulta Onde encontrar: http://bit.ly/128De9d

http://bit.ly/RxvaIA

Um dos livros mais importantes dos anos 1970, que estava há um longo tempo fora de catálogo. E voltou em grande estilo, já que esta edição inclui uma cadernetinha que acompanhava o poeta por todo lado, na qual ele ia anotando ideias e rabiscando desenhos. Se você quer fazer música, amor, revolução ou simplesmente amplificar a alma, leia.

Maiô animal _

Calendário Rock _

Exagerou no inverno e agora tá indo para praia? Nada de cortar o sorvete. Esses maiôs são uma elegância só, mistura do clássico com uma nova tendência. A águia caçadora também é ótima para as solteiras.

Os italianos da Laboratorio Zanzara sabem fazer umas ilustras preza. E no calendário do próximo ano eles capricharam na arte, e no rock.Tem Beatles, Hendrix e Sonic Youth.

Preço: U$ 220 Onde encontrar: http://bit.ly/YMhnUh

Preço: Sob consulta Onde encontrar: http://on.fb.me/UskNYD


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Olha que beleza, Silvio. Produtos que você não precisa ter mas vai querer mesmo assim. Aeeeeeee.

DENTRO DA MOCHILA

camiseta COM história

_MERMANS MOSENGO, vocalista do grupo multicultural Playing For Change.

_CAROL TEIXEIRA, vocalista do Brollies & Apples e colunista da VIP.

1. Fone de ouvido: “Pra poder ouvir música a qualquer momento, em qualquer lugar.”

“Amo Stooges. E o show mais foda que vi na vida foi o do Iggy Pop no Fuji Rock Festival, no Japão. Então, embora eu tenha muitas camisetas de rock, essa é preferida – uso tanto, tanto, que meus amigos vivem mandando eu parar de usar. Ela é cortada desse jeito porque usei na foto da primeira coluna que escrevi pra revista Vip. E, desde lá, fiz muitos shows da minha banda e vivi momentos pessoais bem importantes usando ela. Ela me dá sorte. Ou, uso ela tanto, que nos momentos de sorte ela casualmente acaba participando (risos).”

2. Laptop: “Pra todo mundo poder ouvir música junto.” 3. Dente de Leão: “É uma relíquia familiar, que passa de geração para geração.” 4. Cuecas: “Porque não dá para ficar sem.”


Soundgarden

King Animal Universal

Nada menos que 16 anos separam Down on the Upside de King Animal, o novo disco do Soundgarden. Nesse período, muitas bandas nasceram e morreram. Com exceção do Pearl Jam, nenhum grupo de Seattle manteve a popularidade em alta como nos anos dourados do grunge. Nesse contexto, um sexto e insólito álbum de estúdio da banda de Chris Cornell poderia ser encarado ou como um lance de oportunismo ou uma volta às raízes. Levando em conta que pouca gente fatura no mercado fonográfico atualmente, a primeira opção não parece muito plausível. King Animal traz o som característico do Soungarden: rock pesado, com guitarras bem trabalhadas e uma cozinha de tirar o fôlego. Cornell, a despeito de sua carreira solo irregular – incluídos aí os dois discos do superestimado Audioslave –, nunca desaprendeu o ofício e está cantando pra cacete. No primeiro single, apropriadamente intitulado “Been Away Too Long”, a banda mostra que continua afiada. Momentos mais calmos, mas incrivelmente inspirados, remetem ao excelente Superunknown (1994) – ouça “Bones of Birds”, “Black Saturday” e “Halfway There”, a mais pop do álbum. É verdade que algumas faixas são mais enjoadas, dispensando facilmente uma segunda audição. Em termos gerais, no entanto, King Animal é um bom disco. E, para quem ficou tanto tempo parado, um recomeço promissor. Daniel Sanes Pra quem gosta de: Audioslave, Foo Fighters e Queens of the Stone Age

Para quem ficou tanto tempo parado, King Animal é um recomeço promissor.

Para ouvir o álbum na íntegra: Leia o QR Code ao lado com a câmera do seu smartphone.

LEGENDAS Ouça no talo É, legal

Dá um caldo Seu ouvido não merece


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Bidê ou Balde Eles São Assim. E Assim Por Diante. Independente A Bidê sempre se equilibrou entre o debochado e o romântico. Em Eles São Assim. E Assim Por Diante – que, como o EP anterior, homenageia a obra literária de Kurt Vonnegut –, a primeira impressão que se tem é que o clima amainou, que os andamentos desaceleraram. As roupagens melancólicas e apaixonadas levam grande vantagem sobre o lado pueril. Em um segundo momento, o que se nota é muita camaradagem nas gravações, que contam com participações de estilos diversos. Outra: as composições estão mais distribuídas – o guitarrista Pilla assina cinco delas, e Frank Jorge, quase um integrante fantasma, quatro. Nos arranjos, “Melhores Veteranos” mescla minimoogs futuristas aferrados a riffs fuzzy de guitarra. “Lucinha” traz leveza, sopros e pianos. Já “Eu Quero Morar em Marte”, beats editados e modulações espaciais. Pra quem gosta de: Cachorro Grande, Autoramas e Wander Wildner

Contudo, não se prenda ao aparente drama, pois a clássica verve pop rock da BoB vai bem, obrigado: “+Q1 Amigo” e “Me Deixa Desafinar” são hits imediatos. Nícolas Gambin

Crystal Castles (III) Fiction Como um David Fincher da música eletrônica, é difícil não pensar em expressões como “soturno” e “atmosférico” quando o assunto é Crystal Castles. O terceiro trabalho do duo canadense, adequadamente batizado de III, traz a mesma estética dark de discos anteriores – o que já se percebe na capa ao estilo sadomasô-Nine Inch Nails. Ao conferir a morbidez da tracklist, o fã-clube de Alice Glass e Ethan Kath respira aliviado: “Plague”, “Sad Eyes”, “Insulin”. Ok, e o som? Segue experimental, apesar de uma certa amaciada. Até possíveis hits de “pishta” dão as caras, com “Wrath of God” e “Telepath” tomando a dianteira. A calmaria fica por conta de “Violent Youth” e sua melodia espacial, enquanto “Pale Flesh” é uma ótima desculpa para testar os agudos do seu equalizador. O grand finale chega com a imperdível “Child I Will Hurt You”. Pra quem gosta de: Ladytron, Fever Ray e The Knife

Para apreciadores de um dance mais sujo e que ainda não conhecem o som dos caras, é o cartão de visitas ideal. Fernando Halal


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Sufjan Stevens

Brian Eno

Pra quem gosta de: Bon Iver, The Beach Boys e Joanna Newsom

Pra quem gosta de: The Orb, Klaus Schulze e Tangerine Dream

Medialunas

Godspeed You! Black Emperor

Pra quem gosta de: Guided By Voices, Sleater Kinney e Nirvana

Pra quem gosta de: Explosions in the Sky, Mogwai e Mono

Silver & Gold: Songs for Christmas,Vols. 6-10 Asthmatic Kitty

Medialunas Transfusão Noise Records

Ty Segall

Lux Warp

‘Allelujah! Don’t Bend! Ascend! Constellation

Glass and Glue

Twins Drag City

Give Me Some Of Your Dreams Deck

Pra quem gosta de: Black Lips, The Sonics e Jay Reatard

Pra quem gosta de: The Kills, Elastica e Goldfrapp

Deftones

Roc Marciano

Koi No Yokan Reprise

Reloaded Decon

Pra quem gosta de: Incubus, Tool e Glassjaw

Pra quem gosta de: Sean Price, Nas e Wiz Khalifa

Black Drawing Chalks

Lindstrøm

Independente

Smalhans Smalltown Supersound

Pra quem gosta de: Fu Manchu, Forgotten Boys e Queens of the Stone Age

Pra quem gosta de: The Field, Holy Ghost e Aeroplane

No Dust Stuck On You


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Melody’s Echo Chamber

Melody’s Echo Chamber Vigilante

Pra quem gosta de: The Flaming Lips, Tame Impala e Cocteau Twins

Aerosmith

Music From Another Dimension! Columbia

Pra quem gosta de: ZZ Top, The Darkness e Guns N’ Roses

DISCOTECA BÁSICA Green Day Por Daniel Sanes

Dookie | O terceiro disco do Green Day, de 1994, é seu cartão de visitas. Sem reinventar a roda, o então emergente trio poppy punk cai nas graças da geração MTV com hits como “Basket Case”, “She” e “When I Come Around”.

Warning: | Em 2000, o Green Day inicia uma transição surpreendente: passa de banda engraçada e descompromissada a algo mais sério. O som também fica mais leve, mas nem por isso pior – como atestam “Minority” e “Warning”.

Matanza

Thunder Dope Vigilante

Pra quem gosta de: Rock Rocket, Nashville Pussy e Velhas Virgens

American Idiot | Um álbum conceitual em pleno 2004? Quando ninguém esperava algo maior que Dookie, Billie Joe, Mike Dirnt e Tré Cool conseguem se reinventar descendo a lenha em George W. Bush e compondo pop rock de alta qualidade.

Gary Clark Jr. Blak and Blu

E NEM TÃO BÁSICA

Warner

The Living End Por Leonardo Bomfim

Pra quem gosta de: The Black Keys, Stevie Ray Vaughn e The Jon Spencer Blues Explosion

Holger Ilhabela

Avalanche Tropical

Pra quem gosta de: The Very Best, Banda Uó e Vampire Weekend

Na esteira do Green Day, surgiu um sem número de bandas que apostavam na soma entre a sonoridade punk e refrãos grudentos. O The Living End foi uma delas, tendo como diferencial a referência notável do rockabilly entre as canções. Lançado em 1998, o disco de estreia dos australianos não esconde a sombra pesada de Billie Joe e cia, mas pede passagem com certo estilo em músicas como “Prisoner of Society”, “Second Solution” e “West End Riot”, de inusitadas variações instrumentais e mensagens políticas bem-direcionadas.


Reprodução

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_TEXTO TOMÁS BELLO

RAGE AGAINST THE MACHINE 20 ANOS _ “Fuck you, I won’t do what you tell me. Motherfucker!”. Saca aquele refrão que você tanto já cantou (ou ainda canta, vai saber) com raiva e desespero sozinho no quarto, na casa dos bróder ou na festinha de 15 anos da prima? Pois é, ele acaba de completar duas décadas. Era novembro de 1992, as rádios e paradas de sucesso estampavam Boyz II Men e Whitney Houston. Até que uns caras chamados Rage Agains the Machine lançaram seu álbum de estreia, com uma inédita sonoridade tão rock quanto rap ou metal. O disco revolucionou a música, abriu os olhos de uma geração para os Zapatistas e outras tantas causas sociais. Como já disse o guitarrista Tom Morello, “nós sempre teremos orgulho que na história do rock nunca houve uma banda com radicais políticos mais popular que o RATM”. Em Rage Against the Machine – XX, uma justa comemoração. É um box set com o álbum remasterizado, incluindo um livreto de quarenta páginas, pôster, DVDs com shows históricos e a inédita fita demo gravada em 1991, que a banda vendia a 5 doletas em seus primeiros shows. Saudade de Zach de la Rocha e cia.? Eles estão de volta.


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1. Pelado, nú com a mão no bolso | A música é do Ultraje a Rigor, ok. Mas quem também entrou na onda “Pelado” foram os integrantes do RATM, quando, em 1993, ficaram com o p** ao vento por 15 minutos no palco de um grande festival em protesto ao PMRC – aquele órgão criado pela esposa do ex-presidente dos EUA Al Gore e que é responsável pelo famoso selo Parental Advisory, sabe qual é?

3. Karl Marx | Arquiteto, designer e urbanista, Charles-Édouard Jeanneret – ou Le Corbusier, como é mais conhecido – foi um dos pioneiros do que hoje é chamado de arquitetura moderna. Apesar de ter morrido como cidadão francês em 1965, Corbusier nasceu em La Chaux-de-Fonds, na Suíça. Cidade que foi apelidada de “cidade-indústria” por Karl Marx.

5. Independence Day | Um dos filmes de maior arrecadação da história do cinema, a ficção científica Independence Day foi dirigida por Roland Emmerich. Emmerich, excêntrico que é, coleciona murais e retratos de líderes comunistas e ditadores – e de gosto duvidoso, diga-se. Como o presidente Iraniano Mahmoud Ahmadinejad em pose homoerótica.

2. Harvard | Uma das mais prestigiadas universidades do planeta, Harvard não só formou o guitarrista Tom Morello, mas também sete presidentes norte-americanos, entre eles Barack Obama e John F. Kennedy. É lá que está localizado o Carpenter Center for the Visual Arts, assinado por Le Corbusier.

4. BBC | Fundador do comunismo moderno, o alemão Karl Marx é tido por nós, você e a torcida do Flamengo como um dos grandes intelectuais da história. Em 2005, através de uma pesquisa, a BBC comprovou: Marx foi eleito o maior filósofo de todos os tempos.

6. Diego Rivera | Viúvo de Frida Kahlo e um dos principais expoentes da arte mexicana, Diego Rivera tinha no muralismo a sua paixão e especialidade. Assim como Roberto de la Rocha, que não chegou nem perto da fama de Diego, mas é pai de uma celebridade roqueira: o vocalista do Rage, Zach de La Rocha.


_FOSSO É o lugar que fica em frente ao palco. diretamente dali, os shows DE NOVEMBRO. Fotografias são imagens acontecidas em segundos perdidos que passaram a ser reais quando fixaram na retina, no filme, no papel. Todas contam muito mais do que mostram. No caso de fotos de shows, elas vêm diretamente do fosso, um vão livre em frente ao palco reservado para que alguns poucos escolhidos possam congelar o ídolo. Estão em volume máximo e, às vezes, valem uma canção.

BEN KWELLER / IMPERATOR / RIO DE JANEIRO “Com todas (todas!) as músicas cantadas em uníssono, o show só pode ser chamado de minimalista por ter um instrumento tocado de cada vez.Tivemos o público pra completar a banda, inclusive subindo no palco e ‘tocando’ com o cara. Inesquecível.” Depoimento e foto: FERNANDO SCHLAEPFER



VIVE LA FÊTE / BECO 203 / SÃO PAULO

“Na ativa há 15 anos, o duo francês veio mais uma vez para São Paulo, dessa vez no Beco da Augusta. Um bom público acompanhou algumas músicas do seu último disco, o sétimo, além de clássicos da época do electro clash.” Depoimento e foto: ARIEL MARTINI


MIDNIGHT CONSPIRACY / STUDIO RJ / FERNANDO SCHLAEPFER

“Em sua segunda turnê mundial, o duo de Chicago fez seu set de electrodubstep-heavy bass pela segunda vez na minha querida 7 Day Weekend, dessa vez no Studio RJ. Quem passou naquela esquina do Arpoador/Ipanema rumo a praia na manhã seguinte sentiu os graves reverberando até a areia.” Depoimento e foto: FERNANDO SCHLAEPFER


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As melhores músicas, os melhores álbuns e os acontecimentos musicais que marcaram a temporada 2012 segundo você, que nos acompanha mês a mês. Assim eleitos através de lista colaborativa promovida em nosso Facebook, Twitter e no noize. com.br. Eis a NOIZE TOP TOP ’12.

Melhor Música

Melhor Show

1. “Hey Jane”, Spiritualized 2. “Sixteen Saltines”, Jack White 3. “Gangnam Style”, Psy 4. “Nostalgia”,Vivendo do Ócio 5. “Hot Knife”, Fiona Apple

1. Foo Fighters 2.The Wall, Roger Waters 3. Planet Hemp 4. Paul McCartney 5. Los Hermanos

NR: Porque se você não dançou o número 3 esse ano, não viveu.

NR: E Robert Plant? E Pulp? Feist? Kiss? Foram tantas emoções...

Melhor Álbum

Bafão Musical do Ano

1. Blunderbuss, Jack White 2. Coexist,The xx 3. Lonerism,Tame Impala 4.Tudo Tanto,Tulipa Ruiz 5.Visions, Grimes

1. Fiasco Lady Gaga. Ninguém quis ingresso pros shows. 2. A morte do Wando. 3. Oasis e Blur tocando juntos. 4. Rita Lee sendo presa. 5. Capitão Nascimento cantando Legião Urbana.

NR: Percebeu que dessa lista só faltou a gente entrevistar o Jack White? Quem sabe em 2013...

NR: E agora, pra quem vão jogar as calcinhas??



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