Revista Noize #42 - Abril de 2011

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DO UNDERGROUND AO MAINSTREAM

• EXPEDIENTE #42 // ANO 5 // ABRIL ‘11_ DIREÇÃO: 
 Kento Kojima Pablo Rocha Rafael Rocha

EDITORA NOIZE.COM.BR: Lidy Araújo lidy@noize.com.br

COMERCIAL:


 Pablo Rocha pablo@noize.com.br Silvana Fuhrmann silvana@noize.com.br

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO: Pedro Braga pedrobraga@noize. com.br Marília Pozzobom marilia@noize.com.br

DIRETOR DE CRIAÇÃO: Rafael Rocha rafarocha@noize.com.br EDITORA CHEFE: Cristiane Lisbôa cristianelisboa@noize. com.br EDITOR: Tomás Bello tomas@noize.com.br

REDAÇÃO: Alex Corrêa alexcorrea@noize.com.br Rafa Carvalho rafacarvalho@noize. com.br DESIGN: Felipe Guimarães felipe@noize.com.br

GERENTE DE PROJETOS: Leandro Pinheiro leandro@noize.com.br PROJETOS ESPECIAIS: Bruno Nerva brunonerva@noize. com.br Júlia Lang julialang@noize.com.br Igor Beron igor@noize.com.br Laryssa Araújo laryssa@noize.com.br

ASSESSORIA JURÍDICA: Zago & Martins Advogados PONTOS: Faculdades Colégios Cursinhos Estúdios
 Lojas de Instrumentos Lojas de Discos Lojas de Roupas Lojas Alternativas Agências de Viagens
 Escolas de Música Escolas de Idiomas
 Bares e Casas de Show
 Shows, Festas e Feiras

 Festivais Independentes TIRAGEM: 30.000 exemplares CIRCULAÇÃO NACIONAL

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 ASSINE A NOIZE: assinatura@noize.com.br

• FOTO DE CAPA_ RAFA ROCHA

1. Samuel Esteves_ É nóis que tá. samuelesteves.com 2. Gaía Passarelli_ Gaía Passarelli gosta de descobrir música nova e comanda o GOO na MTV Brasil. 3. Lalai e Ola_ Lalai trabalha com mídias sociais, mas também é promoter, produz a festa CREW e às vezes banca a DJ. Na adolescência foi metaleira e ainda nutre sua paixão eterna pelo AC/DC, sua banda do coração. Atualmente tem ouvido muito folk e sons etéreos, mas na pista gosta mesmo de um electro bem pesado e não abre mão de um bom show de rock.. Ola é sueco, DJ, fotógrafo, designer entre outras coisas. Está sempre com o fone de ouvidos e atrás de músicas novas. Gosta de psicodelias sonoras, rock, breaks, dubstep e foge do pop. Os graves e os grooves são o que mexem com sua cabeça. 4. Kátia Lessa_ Kátia Lessa é repórter da Folha de São Paulo, faz críticas de moda para a Oi FM e no blog “Ka_kaos” salva notícias condenadas a morte 5. Guilherme Thiesen Netto_ Emancipate yourself from mental slavery. 6. Camila Mazzini_ Jornalista e fotógrafa morando em são paulo mas não sabe o que quer da vida. flickr.com/photos/camila_mazzini 7. Ariel Martini_ ainda insiste em fazer fotos de show. flickr.com/arielmartini 8. Eduardo Guspe_ Membro fundador do Núcleo Urbanóide, ultimamente se dedica a produzir DONUTS. 9. Leonardo Bomfim_ Jornalista e diretor de cinema, edita o freakiumemeio. wordpress.com 10. Ana Malmaceda_ Jornalista desorganizada, tenta picotar o mundo e guardar os pedaços mais bonitos. Não passa um dia sem se encantar com alguma história e socializa até com árvores. 11. João Papa_ Asmático desde os 3. Bonito só a partir dos 21. Nunca foi engraçado, nem estudioso, mas sempre compensou com um sorrisinho maroto 12. Daniel Sanes_ Jornalista por formação, lunático por opção e roqueiro de nascimento. Um dos editores de música do site www.nonada.com.br. 13. Fernando Halal_ Jornalista malemolente, fotógrafo de técnica zero e cinéfilo dodói, não morre sem ver um show do Neil Young www.flickr.com/fernandohalal 14. Maria Joana Avellar_ Jornalista rainha do besteirol e cabeça de rádio. Replicante tentando escapar do Grande Irmão. 15. Nícolas Gambin_ Jornalista freela. Aprecia tocar The Meters com amigos nas horas vagas. 16. Bruno Felin_ Jornalista que adora a rua, principalmente com trilha sonora. Sempre de olho nos detalhes do extra pauta.

Os anúncios e os textos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.. Revista NOIZE - Alguns Diretos Reservados

REPÓRTER ESPECIAL: Fernando Corrêa nando@noize.com.br

DISTRIBUIÇÃO: Marcos Schneider marcos@noize.com.br

AGENDA: shows, festas e eventos agenda@noize.com.br

• COLABORADORES


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REVISTA NOIZE. TUMBLR. COM 8

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_foto: RAFA ROCHA


NOME_ Steve Caballero PROFISSÃO_ Skatista UM DISCO_ Metallica - Kill ‘Em All

“Música é importante pois caminha lado a lado com o estado de espírito que você está. Em esportes como o skate, a música se encaixa perfeitamente, ambos têm muita energia. Um dos meus álbuns favoritos é Kill ’Em All do Metallica. Foi um dos primeiros discos que ouvi que me levaram para o metal, as guitarras são demais, muito bem tocadas e vai muito bem com o skate vertical. A energia dos riffs e refrãos se une perfeitamente à energia do skate.”


James Franco | respondendo especulações de que estaria emaconhado ao apresentar o Oscar

“Acho que até o Diabo da Tasmânia pareceria chapado se estivesse ao lado de Anne Hathaway.”

“Eu passei minha carreira tentando pular fora da sombra do Nirvana.” Dave Grohl |Foo Fighters

“É bom que os filmes comecem a se pagar. Enquanto os filmes não se pagarem não teremos uma indústria de fato.” Andrucha Waddington |sobre a indústria cinematográfica brasileira

“Não, eu não escuto Justin Bieber nem aqui e nem no inferno.” Ozzy Osbourne | brincando com jornalista brasileiro

“Vocês já se sentiram estúpidos? Eu me sinto estúpido o tempo todo...”

“É o tipo de coisa que gosto de ouvir quando não estou gritando feito um louco.”

Jonathan Pierce, vocalista do The Drums | ao anunciar “I Felt Stupid” em São Paulo

Chino Moreno, vocalista do Deftones | ao definir Crosses, seu novo projeto paralelo


“Eu defino boa música como aquela que me faz paraR de pensar em qualquer outro tipo de música.”

“É difícil acreditar que 42 anos

Andy Ross |Crítico de música da New Yorker

Richie Furay | sobre retornar aos palcos ao lado de Neil Young e Stephen Stills

“As canções estão saindo do solo e indo em direção à luz.” Coldplay | comentando as gravações do novo disco

“Eu assisto Bob Esponja e amo gatos” Slash

passaram

desde

que

tocamos

juntos como Buffalo Springfield. Agora poderemos dividir nossos corações com vocês novamente!”

“Quando eu disputei as eleições para governador, em 2003, e comecei a ouvir as pessoas falando em ‘o Governator’, achei a palavra legal.” Arnold Schwarzenegger | justificando o nome do personagem que marca sua volta às telas, em parceria com o mestre Stan Lee

“O Red Hot obviamente baseou sua carreira no Gang of Four. Há alguns anos, eu esbarrei no Flea em uma festa e ele falou,’Andy, não entendo como vocês nunca nos processaram’.” Andy Gill | Gang of Four noize.com.br

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Marcelo Camelo

__Ôô | Sabe o looping de cabeça pra baixo da montanha russa? Fazer uma revista é ter exatamente esta sensação. E quando saímos

do looping, suados, um pouco mais felizes devido ao excesso de sangue no cérebro e com o frio ainda na barriga já é mês seguinte. E de novo precisamos escolher – dentre a quantidade insana de informações, notícias, sons – o que vale a pena virar papel. Perdemos dias encontrando porquês. Horas tecendo palavras que viram frases que viram textos que viram informação que viram assunto que – será? – abrem uma cortina dentro do pensamento. Do seu. Do nosso. Este mês, fomos rumo ao desconhecido a partir de uma conversa regada a chopp e alheira com Marcelo Camelo, este cara que no auto-retrato aí em cima, serve de apoio para felinos.A cada palavra dele, pergunta nossa, a edição tomava forma. Ecad, poesia, encontros, um pouco de humor, testes de possibilidades. Porque não um auto review? Porque não transformar a voz do jornalista na voz do público no show do Ozzy? Por que não falar em imagens sobre o Loolapaloza? Por quê? Não? Decidimos fazer. E sem medo. Que a imperfeição é uma qualidade humana e, discussões hippies à parte, só gente faz música. Entonces, bora. O mundo é vasto, a música é alta e nós que aqui estamos por vós esperamos.Vem pro looping com a gente. Té mais, Cristiane Lisbôa * “Ôô” é a segunda música do disco Toque dela de Marcelo Camelo. E também uma expressão que pode ser usada para chamar alguém que você não sabe o nome, para dizer “se liga, bico de luz” de maneira mais rápida ou tocar o gado.


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_ouVINDO

Divulgação

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Talking Heads - Stop Making Sense David Bowie - Hunky Dory Blackbird Blackbird - Halo LP Black Sabbath - Volume 4 Marcelo Camelo - Toque dela

__Sai Liz Taylor, entra Tim Maia | Elizabeth Taylor foi enterrada no mesmo dia em que Tim Maia foi desenterrado. Sim, aos 79 anos, a eterna diva partiu deste mundo depois de décadas de encantamento nas telas de cinema e anos lutando para manter o coração em funcionamento. Pelo visto conseguiu: além da filmografia impressionante, deixou US$ 600 milhões para uma fundação de combate à AIDS. Mas pára tudo, você não leu a primeira frase desta nota? No 23 de março em que Liz nos deixou, mandaram chamar o síndico. Uma mulher de 29 anos alegou ser filha de Tim Maia e conseguiu na justiça – e contra a vontade da “família oficial” – o direito de tirar o homem da tumba. Exame de DNA, essa coisa toda. Se Tim estivesse vivo, segundo seu eterno parceiro Hyldon, receberia a possível filha de coração aberto. Mas ia fazer o DNA no Ratinho, só pra poder virar pro técnico de som e pedir, com seu vozeirão: “Mais grave, mais médio, mais agudo... mais tudo!”

__Lamba o prato em que cuspiu | Faz mais de dez anos que o Metallica protagonizou uma batalha judicial contra um dos primeiros softwares de p2p (troca de arquivos computador-a-computador – na época, principalmente o mp3). Em abril de 2000, James Hetfield e cia. processaram os criadores do Napster, Sean Parker e Shawn Fanning, e deram gás à polêmica em torno do programa de computador que reinventou a relação Consumidor x Música. O mundo dá voltas. Parker se deu bem na vida, ajudou a criar o Facebook e juntou-se a uma importante empresa de capital de risco de San Francisco. O Napster até ensaiou alguns retornos, ultimamente apostando na venda de música. Agora, Sean Parker pretende comprar nada menos que a Warner Music, por algo na linha dos US$ 2,5 bilhões. Caso a compra se concretize, adivinha de quais metaleiros – por quem deve manter profundo apreço – Parker passará a ser chefe? Do Metallica. #WINNING


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__MÚsica is my hot businesS | A

revista Noize – esta que vos fala – acabou de receber “Menção Especial” no 20º Prêmio Açorianos de Música. A cerimônia de entrega será dia 26 de abril. Estaremos todos lá, orgulhosos, felizes, comemorando um sonho que hoje é coletivo. Muito obrigada por nos ajudar a escrever o som. É uma honra dividir nossas ideias, histórias, invencionices, descobertas, pensamentos e os mais delirantes projetos, com você. #partiufuturo. P.s: fotos não oficiais da festa não serão publicadas por esta equipe. E no dia seguinte, vai estar todo mundo de folga.

visionada | No romance 1984, de George Orwell todas as pessoas estão sob vigilância de telas, câmeras, olhos que ninguém vê mas sabe que estão ali. A propaganda do estado repete sem parar que “Big Brother is watching you”. Deu medo? Pois a realidade superou em surrealismo a ficção e há onze anos de janeiro a abril, Pedro Bial comanda o Big Brother Brasil. (E a rima não foi proposital). Um zoológico de gente que todo mundo discute, comenta no elevador. Este ano, tivemos à nossa disposição transexuais, excessiva auto-estima, mulheres que amam demais, misoginia e heterofobia.Você está pronto para 2012, grande irmão?

Reprodução

Reprodução

Bicicleta Sem Freio

__A revolução não será tele-

__A volta de quem não foi | Em 2004, Bowie se submeteu a uma complicada cirurgia no coração. Desde então, exceto por aparições ao lado de amigos como David Gilmour, do Pink Floyd e o pessoal do Arcade Fire, ele estava em completo silêncio musical. Até agora. O álbum Toy – gravado em 2001 e arquivado por conta de uma briga entre o cantor e a gravadora – caiu na rede.Você já ouviu?



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Thiago Pethit | Nightwalker

#NIGHTWALKER _“Dançando, dançando, você aparece no fundo da minha mente”. É Alice Braga quem encarna os versos de Thiago Pethit em “Nightwalker”, clipe dirigido por Vera Egito e Renata Chebel. A produção em plano contínuo coloca a atriz global (no sentido internacionalizante da palavra) a ditar passos de uma vida apaixonada. A aventura noturna é bonita e teatral em sua singeleza. Tags: pethit nightwalker

Quatro horas de LCD Soundsystem _ James Murphy aguentou no osso, com a ajuda de convidados especiais da linha de Arcade Fire. LCD Soundsystem mais intenso e duradouro do que nunca: 3 horas e 40 minutos de despedida garganta à fora, hits e mais hits pisoteados por uma multidão que lotou o Madison Square Garden. Tags: lcd last show

@yessicakm Nightwalker vale pelos cinco segundos finais de Thiago Pethit sorrindo <3 :) @marcot @thiagopethit é muito fino mesmo. Alice Braga no novo clipe dele. @Ipeq Something cute, peaceful and romantic;Thiago Pethit Nightwalker. @netturegert Thiago Pethit “Nightwalker”: Ideias simples geram grandes resultados. @andretnk Bom dia! Realmente lindo o clipe novo do Thiago Pethit, Nightwalker, com a Alice Braga (via um monte de gente).

#LCD LAST SHOW @thefader LCD Soundsystem do “All My Friends,” possibly/probably their best song, at MSG. A shame this will never happen again. @SilkEWilk Reliving LCD at MSG via youtube. Dancing/Crying at work.

TIMELINE O Radiohead lançou seu jornal(zinho) Universal Sigh (Suspiro Universal) em tiragem limitada. O zine pode ser baixado a partir daqui: http://bit.ly/jornalhead

Will Ferrell é o mais cotado para cobrir a falta que fará Steve Carell em The Office. Dia 14 de abril, sai o primeiro episódio com Will. http://bit.ly/carellferrell

Daniel Galera, André Conti e papel imaginário: as correspondências que os escritores trocaram no site do Instituto Moreira Salles. http://bit.ly/cartasdeescritor

Quando você fica velho demais para montar no seu cachorro, vem a ideia GÊNIA de calçá-lo feito um skate! http://bit.ly/skatecao


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“Um brinde pra você aqui ó, dos bananas aqui ó! Fim de papo.”

Emicida | Rua Augusta

#ÁUDIO

_Emicida reitera a crueza e o realismo do rap com um clipe de tratamento bonito, mas retrato triste: a vida de uma mulher que, além de mãe, é prostituta. “A mesma grana que compra o sexo mata o amor.”

Booker T | Representing Memphis Booker T chama a nova-iorquina Sharon Jones e o frontman do National, Matt Berninger. Juntos gravam uma canção representante da negritude relax, cheia de soul, que vem dando as caras com força nos últimos 2 ou 3 anos.

Tags: emicida augusta

Justice | Civilization A reprodução em uma rádio francesa revelou para o mundo o novo single do Justice, parte da nova campanha da Adidas. Punch, distorção, house medieval – justíssimo.

Fleet Foxes | Grown Ocean _O vídeo de uma das mais belas faixas do novo Fleet Foxes, Helplessness Blues, é como um calafrio visual: a neve fica quente e as harmonias de sons e imagem dão vontade de sair febril e sarar enquanto derretem as paisagens. Tags: fleetfoxes ocean

Skank interagindo de repente _O Skank deu uma bela cartada na onda 2.0 com um videoclipe interativo em que você pode, mesmo, substituir um ou mais instrumentistas da banda pelo seu próprio talento. E pior é que funciona.

Holger | Let’em shine below” (Database remix) O Database leva o Holger para a pista com ainda mais intensidade ao repaginar “Let’em shine below” em um remix fervente, lançado junto à versão japonesa do disco de estreia dos paulistanos. Mixhell | Antigalatic O trânsito de São Paulo visto por um motoqueiro. O clipe é do Mixhell, então parece jogo de video game. O som bacana ganhou remix de Gui Boratto. Tune-Yards | Bizness Bizness coloca o Tune-Yards em sintonia com hypes mais ou menos recentes, como Dirty Projectors,Yeasayer e Vampire Weekend.

http://bit.ly/skankderepente

@REVISTANOIZE O que será que os usuários do metrô paulistano andam escutando? É isso que se propõe a mostrar o Metrophones. http://metrophones.tumblr.com/

A criatividade rende grafites em que a rua é mais personagem do que nunca. http://bit.ly/criafit

Saca o Blu, gênio dos grafitis que ganham movimento em vídeos de stop motion não menos geniais? O site dele é uma belezura. http://blublu.org/

As sessions produzidas pelo Daytrotter constróem uma paisagem musical formada por novos artistas ou versões para velhas canções. http://daytrotter.com/

Divulgação

_Banana Mecânica (a.k.a Hermes e Renato) em resposta às acusações de Gil Brother


_Por Lalai e Ola Person

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ESPECIAL SxSW MAS DEVERIa_

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MAPUCHE Origem:

Florianópolis, Brasil Som:

O músico Isaac Varzim, metade do Superpose, acaba de lançar seu projeto solo, o Mapuche. O projeto já surge com o álbum de estreia Sanctity, com músicas introspectivas, orgânicas, arranjos delicados, bases eletrônicas, violões, bandolins e até saxofone marcando algumas canções. O álbum nos deliciou e surpreendeu aqui em casa, tanto que já está no repeat há alguns dias.Vale ficar de olho,Varzim aparentemente tem muito a mostrar.

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Escute:

mapucheways.com

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fm belfast DOLL AND THE KICKS Origem:

Inglaterra Som:

Fez um dos shows que mais me encantaram no SXSW.A vocalista Doll, assim como o nome, parece uma boneca. Linda, performática, com uma voz que já ganhou comparações com Siouxsie. Considerada por Morrissey a melhor cantora britânica da atualidade. Em 2008, a banda foi convidada pelo próprio cantor para abrir sua turnê. Para quem adora indie rock britânico, vai ter o álbum homônimo como um dos preferidos dos últimos tempos. Com certeza. Escute:

myspace.com/dollandthekicks

Eles vêm da gélida Islândia para esquentar a pista como ninguém. A banda de electro-pop, com pitadas de synth e bases cruas, é formada pelo quarteto Lóa, Árni, Árni e Örvar, além de um quinto elemento que varia a cada apresentação. O casal Lóa e Árni criou a banda em 2005 para gravar uma música de natal e presentear os amigos. Todos que ouviram, adoraram e a música se espalhou por Reykjavick afora, tanto que no verão seguinte a dupla acabou se apresentando ao vivo. Para as apresentações seguintes, acabaram convidando o outro Árni e Örvar, que acabaram entrando para a banda. Colaboração com nomes como Trentemøller e Kasper Björk renderam menções na mídia internacional e

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convites para tocar em outras cidades do mundo. Em 2008 lançaram o primeiro álbum, How to make friends, que se traduz muito bem no palco com uma banda que surpreende, contagia, diverte a quem assiste. O FM Belfast transforma seus shows em grandes festas. O grande hit é “Underwear”, que vai crescendo lentamente com bases marcantes – no refrão, você já está cantando junto, para depois colocá-la no repeat. Não lançaram nada desde How to Make Friends, que se mantém atual e cria expectativas pro que vem por aí. Afinal, a banda está apenas começando a mostrar pro que veio. Escute: http://fmbelfast.com http://soundcloud.com/fmbelfast

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K



_Por Lalai e Ola Person

022\\

ESPECIAL SxSW MAS DEVERIa_

Divulgação

MODERN CAVEMAN Origem:

Suécia Som:

É uma banda sueca, vinda de Gotemburgo, que afirma que rock, em primeiro lugar, é para ser ouvido ao vivo. Formada em 2005, lançou apenas um álbum, Jonnhywise, cheio de canções de atitude. Ouvi-los nos faz querer estar num festival dançando na grama, celebrando com os amigos num clássico show de rock’n roll. Escute:

myspace.com/moderncavemanmusic

viva city NATURAL CHILD Origem:

EUA Som:

É uma banda de Nashville, que toca garage rock dos bons, com fortes influências de punk e country. Fazem música despretensiosa e com letras bem-humoradas e simples, como “My best friend’s at home with his wife/ Nobody wants to party with me”. Música que dá vontade de ouvir em lugar pequeno, bebendo cerveja com os amigos e, claro, chacoalhando a cabeça. Lançaram apenas um EP, The Jungle, mas que já faz a gente se apaixonar por eles e querer mais. Escute:

myspace.com/naturalchildband

Eu caminhava sozinha atrás de um café da manhã quando o som de sintetizadores mesclados a uma guitarra barulhenta chamou minha atenção. Subi as escadas do bar e me deparei com um show para um público pequeno. Fiquei. O Viva City é isso: conquista de cara com suas músicas bem produzidas e regadas a batidas de electro, riffs de guitarra, bateria e bases pesadas feitas com sintetizadores, além de uma performance enérgica comandada pelo frontman Ali, que sabe como fazer todo mundo dançar. A banda inglesa, de Newcastle, é formada por Ali, vocal e guitarra;Trey, vocal e samples; Bruce, baixo e sintetizadores e o baterista Chris. Na edição do SXSW de 2010, a banda ganhou elogios que já faz valer a pena ouvi-la:

David Sinclair, do The Times, escreveu que o Viva City é o Prodigy escrevendo boas músicas e o Tom Robinson, da BBC 6, considera-os geniais. Já foram comparados com Depeche Mode, LCD Soundsystem, Justice,The Faint e o próprio Prodigy. Começaram a ganhar espaço após terem emplacado “Hot Wax”, produzida pelo Kosheen DJs, num comercial de TV sobre marcas britânicas de moda. Já está disponível em mp3 o álbum Remove Money Maker, que será lançado oficialmente neste próximo verão europeu. São 13 faixas de eletrorock dançantes, que fazem qualquer um se derreter pela banda. Ao vivo, também mostram que merecem ser vistos. Escute: http://myspace.com/vivacityuk http://soundcloud.com/vivacitymusic


nixonbrasil


024\\

1.

LOGAN’S RUN (FILME)

2.

DAFT PUNK

“Aborda o escapismo. Grande influência pro nosso single ‘Sometimes’”

“Basicamente criaram a dance music moderna. Eles são demais!” 3.

FLORES

“Quem não gosta de flores? Flores são lindas. Elas mudam seu humor. Te deixam feliz”

4.

DARK SIDE OF THE MOON

“Expande a mente. A faz explodir no final”

1. Ficção científica de William F. Nolan e George C. Johnson.Virou filme em 1976. Dá vida a uma sociedade futurista que mantém equilíbrio através da morte de pessoas. 2. Daft Punk é Guy-Manuel de Homem-Christo e Thomas Bangalte. Franceses, ‘homens-robô’ e campeões da eletrônica. 4. The Dark Side of the Moon é a psicodelia em forma de música. Lançado pelo Pink Floyd em 1973, está na lista dos 200 álbuns definitivos do Rock and Roll Hall of Fame.


MIAMI HORROR

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_Miami Horror é uma banda de Melbourne, na Austrália. É resultado da mente criativa de Benjamin Plant. Cozinha grooves, beats, sintetizadores e psicodelia – o recheio de Illumination, seu álbum de estreia.

5.

SINTETIZADORES

6.

Led Zeppelin

“Também fazem meu cérebro explodir.”

“Jimmy page na guitarra, é do caralho.” 7.

The Holy Mountain (filme)

“Os temas são incríveis, profundos, soturnos. A direção de arte é incrível. É o melhor filme que já assistimos. “

8.

Alan Braxe

“Eu o coloco na mesma categoria que o Daft Punk. Ele também mudou a dance music.”

5. Instrumento que faz música através de correntes elétricas ou por uma combinação de vários métodos. O Moog é o mais famoso, criado em 1964. 7. Um homem que é A cara de Jesus Cristo é reanimado por um bando de anões. No cume de uma montanha sagrada, forma o Sistema Solar. É o filme de Alejandro Jodorowsky. 8. Alan Braxe é peça central na música eletrônica francesa. Famoso por seus remixes pra Goldfrapp, Röyksopp, Kylie Minogue e Justice.


_ por Gaía Passarelli

026\\

COLUNISTAS soundfromwayout

OUÇA_

BEN L’ONCLE SOUL Lançamento de 2010 da Motown francesa, é bem pop e tem referências diversas (e um videoclipe genial): vá ao youtube e procure por “Soul Man”. A versão que ele fez de “Seven Nation Army” do White Stripes é um colosso.

_ Soul music não é novidade. Nem neo-soul, por mais que o nome passe uma urgência novidadeira. O termo é usado desde os distantes anos 90 para identificar artistas como Erykah Badu e, a bem da verdade, soul music é um termo elástico demais, como rock ou jazz. Pode querer dizer qualquer coisa entre James Brown a Gnarls Barkley, passando por Seal e Barry White. Neo-soul e variantes vêm na mesma estética e se referem de alguma forma a um som que tem como base a música negra clássica norte-americana dos anos cinquenta em diante.Vocais dramáticos, intenção dançante, instrumental elabo-

rado, uso de metais, backing vocals, melodias grudentas – tudo isso pode estar no pacote. Misture com outras tags (hip-hop, funk, rock, bem ao gosto dos nossos tempos) e o resultado é, normalmente, irresistível. Desde que os triunfos do indie rock e da eletrônica dos anos 00 começaram a baixar a bola, a soul music, que nunca deixou de acontecer, voltou a aparecer com vontade. Mark Ronson fez uma parte importante da história, ajudando a moldar Lily Allen e Amy Winehouse para as paradas pop lá em 2006, 2007. O que veio de cantora com vozeirão e malícia na cola das duas.. A também inglesa Adele,

por exemplo, está (no momento em que entrego esse texto) comemorando dois meses no topo da parada britânica com sua “Rolling in the Deep”. O sucesso de Amy ajudou a tirar do limbo a genial Sharon Jones (que já com bons 60 anos de idade, segue excursionando com seus Dap Kings) e tornou possível o furacão Janelle Monaé.A eletrônica também assimilou o suingue do soul. Gente como Jamie Lidell, um inglês ruivo que fazia IDM para a Warp até descobrir que podia cantar – e montou uma (excelente) banda para ganhar os palcos –, já está no terceiro álbum – e vem ao Brasil em maio próximo.

CEE LO GREEN Com estatura vocal para ser um Percy Sledge (google it!) dos nossos tempos, Cee-Lo ficou conhecido no wmundo todo ao cantar as faixas de Gnarls Barkley, seu projeto com o produtor Danger Mouse. Ele voltou esse ano, mais pop e furioso.

RAPHAEL SAADIQ Instrumentista e produtor, era membro da banda Tony! Toni! Toné! - e encarou carreira solo lá nos anos 2000. Já trabalhou com a Joss Stone e com o D’angelo e tem lançado faixas geniais como “Good Man”.



028\\

BLOGS Bweez

www.sxc.hu

__ A ERA DE OURO DOS TEASERS I Em tempos de vários discos sendos lançados – e esquecidos – por dia, a preocupação quanto a forma de lançamento só aumenta. Mas teasers não garantem êxito: antes do lançamento do questionável Angles, do Strokes, sites tinham previews de 30 segundos das faixas.Tem coisa mais broxante que ouvir fragmentos de algo tão esperado? Por outro lado, o Radiohead, com sua aura de music trendsetter, avisou que o 8° disco estava pronto e seria lançado 7 dias depois. Nesse caso, quem precisa de teaser quando já se é responsável por uma das mudanças no consumo de música? E chegamos ao Foo Fighters, que lançou mão de MUITAS possibilidades para divulgar o novo álbum. Dave Grohl abraçou as redes sociais: postou fotos das gravações, deu dicas de shows surpresas – nos quais tocaram o tal disco na íntegra – e, numa jogada de mestre, armou um concurso no qual o ganhador terá o grupo tocando em sua garagem! Baita marketing – mas que não vale nada se o LP não corresponder às altíssimas expectativas.

__ MSTRKRFT, JUSTICE E AS BOAS NOVAS I Meses depois de ensurdecer os fãs com o live deliciosamente pesado do SWU (lembra de “Roots Bloody Roots” fechando o set?), o MSTRKRFT reaparece com um single de densidade semelhante. “BEARDS AGAIN” surpreende ao trazer guitarras à la heavy metal conduzidas por uma base eletrônica típica dos caras e coroadas com um solo de bateria furioso no final. O tipo de música que vai fazer o seu amigo headbanger fritar na pista sem nenhum receio: http:// tiny.cc/novadomstrkrft E o Justice também volta do seu sono produtivo. O novo single dos franceses, “Civilization”, tem sido amplamente divulgado como trilha da nova campanha da Adidas (se vacilar você já ouviu na sua TV) e é o primeiro single do próximo álbum dos caras, que sai pela Ed Banger ainda em 2011. http://tiny.cc/novadojustice



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BLOGS Morena Pérez Joachin

__ RESUMÃO DO GRITO ROCK l A edição 2011 do Festival Grito Rock, o maior festival colaborativo das Américas, foi uma edição de números redondos. Tivemos em torno de 130 cidades, 10 campanhas, 2 mil bandas e 200 mil pessoas. Consolidamos o Grito Rock como uma plataforma de integração de diversas linguagens artísticas, com produtos como o #OrFEL, fanzine produzido pela frente de letras do Circuito, o #GritoEncena, mostras de artes cênicas da respectiva frente e #ExpoGritoRock, exposição virtual organizada pelo núcleo de Poéticas Visuais do Fora do Eixo. Além disso, houve o registro de toda essa movimentação, através do #Grito.Doc, um documentário colaborativo realizado em episódios pelos diversos Gritos espalhados pela América. www.gritorock.com.br

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__ COMPACTO.REC - COLETÂNEA ESPECIAL l O Compacto.REC é um selo virtual que já lançou bandas como Porcas Borboletas, Nevilton, Diego de Morais e o Sindicato, Rinoceronte. Mês a mês, quem acessa o compactorec.foradoeixo.org.br, pode baixar de graça um álbum novo de artistas independentes. Em junho deste ano, o projeto lança uma coletânea especial, que registrará o momento da música emergente brasileira no último ano com 12 faixas escolhidas entre os artistas selecionados. Para participar, as bandas - de qualquer estilo - devem se cadastrar até o dia 15/04 no Toque no Brasil: é tudo grátis. Em seguida, uma curadoria vai escolher as melhores músicas respeitando critérios de diversidade de gêneros e de regiões. Depois, a gente baixa e aproveita o som. www.compactorec.foradoeixo.org.br

DIRETO AO PONTO Os fãs da banda Macaco Bong já podem agendar seus shows favoritos durante todo o ano de 2011. O trio cuiabano lançou o projeto Macaco Bong e Convidados. Em uma quinta de cada mês, a banda faz uma apresentação conjunta com convidado(s). Grandes nomes da música brasileira já estão cotados para o projeto. O pontapé inicial foi em março, quando os Macacos levaram ao palco do Studio SP o rapper Emicida. http://bit.ly/h3mKJC

Você pode ter acesso a todos os arquivos e números que movimentam e registram as ações do Circuito Fora do Eixo. A plataforma para esse tipo de busca é o Diário Oficial Fora do Eixo, que, mensalmente, registra seus indicativos, relatórios, balanços e gastos em moeda social e real. Lá, você acessa, por exemplo, o balanço do Grito Rock na América Latina e os acessos à plataforma Toque no Brasil. http://bit.ly/eGALb6



_Por Kátia Lessa kakaos.wordpress.com

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Biel Carpenter / Reprodução

BLOGS

__Entre dois amores - Quando arte e música se encontram | Foi quando conferi a exposição Das Naturezas, uma coletiva de gravura, pintura e fotografia na Galeria Mezanino, que descobri Biel Carpenter, 27. O artista nascido em Marília, interior de São Paulo, mas que hoje mora em Curitiba, me chamou a atenção com um trabalho delicado, surreal e de temas fabulosos. Comprei duas telas, uma pintura e uma gravura, enfeitei as paredes de casa e desabafei a paixão artística no blog. Meses depois, recebo um e-mail do cantor Marcelo Camelo dizendo: “Estou certo de que você vai gostar do encarte do novo disco”. Música e traço, fino do fino, tudo misturado. A minha tela virou capa do CD. Os outros originais ainda estão à venda. Ao lado um papo

que bati com Biel: Você fez o encarte do novo disco do Marcelo Camelo. Como foi feito esse trabalho? Encontrei com o Marcelo em São Paulo e ele cantou as músicas do disco novo pra mim. Passei uma tarde com ele no estúdio e aí voltei pra Curitiba com algumas ideias e comecei a trabalhar. Foi tudo muito manual e arcaico.Todo o encarte foi feito a mão.Trabalhei com pinturas sobre papel, gravuras e com as próprias matrizes. As letras foram datilografadas numa antiga máquina de escrever. Encarei o encarte como um livro de artista. O Marcelo me deixou muito à von-

tade, ele é um cara muito criativo e trabalhou como um diretor de arte durante todo esse processo. Qual a sua lembrança mais antiga no mundo das artes? Acho que foram umas telas do meu tio que vi na casa da minha avó. Eu ficava meio que hipnotizado na frente daqueles quadros. Qual a técnica que você mais domina? Gravura em metal. Mas estou sempre em constante aprendizado, trabalho com incertezas. No caso específico da gravura, é um processo vivo. É preciso associar a técnica ao pen-

samento poético, tem que ralar muito. Quando decidiu que seria artista plástico? Eu tinha essa vontade de estar envolvido com este fazer artístico. Comecei como músico, depois quis ser jogador de futebol, adolescente eu escrevia muito, e depois comecei a pintar e trabalhar com gravura. Acho que demorei até ter essa convicção de que definitivamente seria artista plástico. Nossa geração usa a internet como galeria de arte.Você é dessa turma? Como as pessoas podem conseguir um trabalho seu? Estou atualizando meu site, em breve com algumas novidades. Se alguém quiser um trabalho meu, é só passar na Galeria Mezanino (atualmente na Rua Augusta, 2.559 - Jardins - São Paulo). Quem mora longe pode me escrever ou marcar uma visita aqui no atelier.



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PUBLIEDITORIAL

OUTRAS HISTÓRIAS ARAÚJO VIANNA. com.br

O Capital Inicial apresentou-se no Araújo Vianna em 2001, e o baterista Fê Lemos conta por quê este show foi importante para a banda em http://araujovianna.com.br/beta/?post=1082.

Arquivo Pessoal

Tonho Meira

__Histórias de Edu K | Nascido em Porto Alegre, Eduardo Dornelles foi criado fora da cidade. Voltou em 1983, quando já atendia por Edu K e, um ano depois, fundou o Defalla, cuja formação original contava ainda com Carlo Pianta (baixo) e Biba Meira (bateria). Com a banda, subiu muitas vezes ao palco do Araújo Vianna. Numa das ocasiões, levou uma mala cheia de roupas e trocou de figurino diversas vezes diante do público. Na mesma noite, o Nenhum de Nós também se apresentou, mas é da passagem de som que Edu K guarda a lembrança mais bizarra. Acesse http://araujovianna.com.br/beta/?post=1104 para saber que história é esta. O auditório também foi escolhido pelo Defalla como cenário para suas fotos de divulgação. Clicadas por Tonho Meira, as imagens foram feitas no palco e nas cadeiras do Araújo Vianna. Uma dessas relíquias, você pode ver em http://araujovianna.com.br/beta/?post=1105.

__Clássico, Os Eles no palco | Curta, porém intensa, foi a vida d’Os Eles. A banda nasceu em 1984 e, em quatro anos, encerrava os trabalhos. Dos integrantes, apenas Leo Henkin segue na música e, hoje, integra a banda Papas da Língua. Leandro Branchtein (voz), Darwin Gerzson (baixo) e Régis e Dannie Dubin (bateria e guitarra, respectivamente) optaram por outros caminhos, como medicina e publicidade. As apresentações d’Os Eles eram marcadas por interpretações teatrais e causavam polêmica. Para interpretar a música “Prendo e Arrebento”, por exemplo, o vocalista vestia uniforme da polícia (foto). E foi assim que fez um show num clube militar, a contragosto da direção. Há poucos registros da banda, mas o produtor Ilton Carangacci guarda relíquias, como uma imagem do show realizado no Araújo Vianna, em 1985, veja em http://araujovianna.com.br/beta/?post=1050 e aproveite para escutar o hit “Silicone”.

No último dia 20,Vitor Ramil tocou no aniversário do Araújo Vianna. Na ocasião, gravou um depoimento sobre o auditório, que pode ser visto em http://araujovianna.com. br/beta/?post=1079.

Ainda na festa de 47 anos do auditório, Bebeto Alves subiu ao palco. Antes, porém, contou histórias vividas no Araújo Vianna. O vídeo está em http://araujovianna.com. br/beta/?post=1077.




www.edutattoo.com.br


__ENTREVISTA RAFA CARVALHO

__FOTOS SAMUEL ESTEVES TOMÁS BELLO

__REPORTAGEM

PEU e BIANCA

__AGRADECIMENTOS


THE DRUMS //039

THE DRUMS Eles são de Nova Iorque, mas soam ingleses. Vivem o Brooklyn mas respiram Manchester. Pra muitos, Jonathan Pierce+1, Jacob Graham, Connor Hanwick e Tom Haslow são os “novos Smiths”. Desde que 2010 bateu à porta, o nome The Drums figura entre os trending topics de blogs, sites e revistas mais antenados do mundo pop. Seu autointitulado álbum de estreia+2 chegou às prateleiras em junho passado. No Brasil, o quarteto desembarcou em março pra apresentação única em São Paulo. Colamos neles.

Vocês são de NY, mas as pessoas adoram vocês na Inglaterra. Como se sentem com isso? Jonathan: Achamos que isso é consequência do nosso foco de influências. Temos muitas influências do rock inglês+3. E também projetamos toda a nossa primeira turnê na Europa, o que nos faz ser mais conhecidos por lá do que em nossa terra natal. De qualquer maneira, é ótimo ser amado em todos os lugares, seja em NY, seja em Londres. E como vocês enxergam toda a badalação em torno do The Drums no decorrer do ano passado? Estar no topo da lista de melhores de 2010+4 da New Musical Express, por exemplo? Jonathan: Foi uma grande surpresa pra gente, mas ao mesmo tempo a realização de um longo ciclo de trabalho. Nos sentimos recompensados e, claro, reconhecidos profissionalmente. Jacob: Mas o que dita mesmo o que somos é o público. Afinal, sucesso de crítica nem sempre significa ter um sucesso musical estrondoso. Tocar ao lado do Kings Of Leon: colocou o Drums num outro patamar? Jonathan: Tocar com eles foi bem legal. Eles são pessoas ótimas e nos ajudaram bastante. Foi uma

experiência incrível tocar para um público tão grande. Mas isso não nos levou automaticamente a ser mais famosos do que éramos antes. Nos ajudou muito a perceber como se conduz uma platéia que não está ali necessariamente pra te ver. Vocês estão cozinhando um novo álbum, certo? O que esperar, vem algo completamente novo? Jonathan: Eu acho que não. Um disco é como um relacionamento, leva algum tempo para que amadureça, que tome forma e estilo, e quando finalmente você chega lá você simplesmente muda tudo? Eu acho que não. Fizemos muita coisa que gostamos nesse novo álbum+5, assim como no primeiro. E as nossa influências continuam as mesmas. Tocar para plateias enormes, como em festivais+6, e tocar em lugares pequenos, como o Estudio Emme. Qual a maior diferença? Tom: Eu não achei aqui tão pequeno. Não acho duas mil pessoas uma plateia pequena. Jonathan: Acho que a maior diferença é justamente sentir que em uma plateia dita pequena, as pessoas estão ali justamente porque gostam do seu som e se identificam mais intimamente com a banda. São essas pessoas que falam com a gente no twitter, postam coi-

[+1] Jonathan e Jacob são os fundadores do Drums. Amigos de infância, se conheceram nos tradicionais summer camps. Criaram a banda em 2006, quando cansaram de antigos projetos voltados à música eletrônica. Trocaram os sintetizadores pelas guitarras. [+2] The Drums, o disco, foi todo gravado em clima lo-fi - no apartamento de Jacob, na Flórida, na casa do quarteto em NY e em uma cabana em Woodstock, mesmo local que sediou o lendário festival de 1969. [+3] O quarteto é fã confesso de grupos como The Cure e The Smiths, que nos 80’s ajudaram a mudar o rumo da música britânica. [+4] Em janeiro daquele ano, a banda cravou o #5 na famosa BBC Sound of 2010. Ao mesmo tempo, foram #1 na lista de apostas da NME..


040\\ noize.com.br

sas na nossa página do facebook e enchem nossa caixa de entrada dizendo “sou do Brasil, gostaria muito de ver ser show aqui”. Sabe? Jacob: É, e tocando em um festival é muito mais fácil de ser rejeitado, eu acho. Tipo, a pessoa está passando de um palco pro outro e para pra ouvir apenas uma música sua. Ela ouve uma estrofe da música e te joga uma garrafa gritando “voces são um lixo!”. Aí, ela anda pro próximo palco dizendo pros amigos “aquela banda é um lixo”. Boas impressões do Brasil até agora? Somos famosos por ter um povo muito caloroso... Jacob: Sim! Eu entrando aqui na loja e veio uma menina pedir pra tirar fotos com ela. Ela não falava muito inglês, e eu não falo nada de português, mas ela estava realmente animada! Jonathan: Estamos animados de fato. Essa cidade parece enorme, diferente de outros lugares que já conhecemos. Faltam algumas horas pro show e já vi que tem pessoas na porta desde cedo. Acho que será um show muito animado. É nosso primeiro show fora de NY em 4 meses, estamos realmente animados com isso.

– Vila Olímpia). Preocupado, o tour manager liga pra produtora e ela informa que estão parados no transito da 23 de maio. @10h47: Os Drums chegam ao hotel. Todos acompanhados de belas olheiras, com cara de cansado, mas tranquilos. Só querem saber de dormir um pouco. “Tem piscina?”, pergunta Jacob. @11h00: Povo faz o check in rápido e se manda pro quarto. O manager da banda ficou pela recepção resolvendo algumas encrencas e conversando com a Bianca, a produtora. É nesse momento que ele ganha uma sacola com alguns presentes - entre eles, uma amarelinha número 9 da Seleção Brasileira. Feliz, ficou celebrando a camiseta. @11h40: De sopetão, o quarteto abandona os quartos com uma pessoa da produção e sai a procurar um Starbucks. Caem num brazilian coffee mesmo. @12h17: De volta ao hotel. @12h30: Enquanto eles descansam, palco e instrumentos começam a ser montados.

24 HORAS - OU QUASE - COM THE DRUMS @08h15: The Drums está em solo brasileiro. Jonathan Pierce, Jacob Graham, Connor Hanwick e Tom Haslow desembarcam no Aeroporto Internacional de Guarulhos em meio a mochilas e instrumentos. [+5] Segundo o batera Connor Hanwick, o novo álbum deve sair ainda este ano, uma vez que está “75% finalizado” [+6] Ao deixar Sampa, o Drums foi direto ao Chile, onde se apresentou na primeira edição do festival Lollapalooza fora de Chicago. A Noize também esteve por lá. Basta pular pra página 56 e ver como foi.

@08h45: Ao passar por um túnel, o trânsito para. Todos se assustam: a grande fila de motos que passam por entre os carros sem nenhum impedimento parece não ser comum aos olhos nova-iorquinos. @09h38: Parada rápida em um posto de gasolina pra comprar água pra geral. Os músicos não descem do carro, mas olham um tanto assustados pra o tamanho da cidade. @10h00: Nada da banda chegar no hotel (ITC Park

@15h45: Jacob, Connor e Tom despertam. Se jogam na van em direção ao Emme. Jonathan fica com a cara no travesseiro. Já Nolan, o manager, aproveita os minutos de trânsito pra tirar dúvidas linguísticas. “Obrigado é tudo que eu preciso saber, certo?’’, pergunta. Zoando, indicamos que ele também precisa saber “foda-se!”. @16h20: Van estaciona em frente ao Emme. “Is it a nice neighbourhood?’’, pergunta Connor, o batera. E assim o povo sai pra conhecer os arredores do club. @16h30: Uma fã chega na entrada de serviço pra tentar ver a banda. Ela quer fotos. Um autógrafo. E dá azar. Afinal, eles haviam acabado de sair – mas ela garante: “Vou chegar bem cedo pra poder ficar grudada no palco” (e de fato chegou, era tipo a décima pessoa da fila horas depois).


THE DRUMS //041

08:15hs

10:47hs

15:45hs

17:00hs

18:15hs

18:50hs


042\\

23:14hs

@17h00: Os caras retornam do passeio. Antes de Jonathan chegar do hotel, Connor, Tom e Jacob dão a largada na passagem de som. Brincando e rindo, ensaiam trechos de Blink 182 e Offspring. @17h45: O vocalista chega ao Emme. A banda deixa o palco e se concentra no camarim pra dar início a bateria de entrevistas. @18h50: Chega de imprensa. O quarteto deixa o camarim, toma o palco, e começa a passagem de som. @19h35: Alguns acordes mais tarde, camarim. Connor abre a geladeira e vê que além refrigerante e água tem uma lata branca com a silhueta de uma mulher

desenhada. “O que é isso?”, pergunta. Sem titubear, explicam que a tal lata é uma cerveja brasileira chamada Devassa, e que em sua última campanha era Paris Hilton a garota propaganda. “No way!”, responde o baterista. O que segue é uma risada contida. @20h10: Eles saem em busca de um restaurante pelo bairro de Pinheiros. É hora da janta. @21h40: Uma fila grande vai se formando do lado de fora do Emme. Enquanto o club enche de Drums-maníacos, os Funhell DJs vão animando a pista. @22h25: Pista enchendo. Quase hora do show. A banda retorna. “Comemos countryside chicken”.


//043

00:15hs

Pra acompanhar? Algumas caipirinhas. “Pra matar a curiosidade”, justifica. Não à toa, Jonathan caminha até o camarim se apoiando pelas paredes. @23h12: The Drums no palco. É hora do show. @23h14: Soam os acordes de “What You Were”. É a primeira música. Casa cheia e todos cantando junto. @23h41: “Best friend” já foi, assim como “I Felt Stupid” e “Let’s Go Surfing”. Jonathan Pierce está visivelmente surpreso com a animação do público. Entre uma música e outra, “thank you, thank you, thank you”. @00h08: Chega o bis. Jonathan deixa sua regata preta, a jaqueta de couro, e veste a camiseta do Brasil

que havia ganhado mais cedo. Nas costas, o número 9 e o escrito, “The Drums”. @00h15: Com a tristonha “Down by the Water”, o show acaba do jeito que começou: público em delírio, cantando em coro, como se cada palavra fosse sua última. “Este deve ser um dos melhores shows que já fizemos. E, claro, por causa de vocês. Esperamos voltar assim que pudermos”, declara Jonathan. @00h45: “Bye bye”, dizem os new-yorkers. Do Estúdio Emme, seguem pra o Bar Secreto, a cerca de duas quadras. É hora de comemorar.




046\\ noize.com.br

Marcelo

camelo _ENTREVISTA RAFA CARVALHO e JOÃO PAPA

_REPORTAGEM CRISTIANE LISBÔA

_FOTOS RAFA ROCHA

“Nem só de música eu vivo”

Marcelo Camelo é um homem de passos largos e quase rápidos. Emenda uma conversa na outra, dá voltas, muda, volta ao início. “Qualquer assunto é assunto”. Ri largo. Embora não tanto. Gosta de gente, boteco e teorias conspiratórias. Acaba de lançar seu segundo disco solo, Toque dela+1, por selo próprio - Zé Pereira – em parceria com a Universal Music. Gravou novamente com a banda Hurtmold e chamou o piano de Marcelo Jeneci para algumas faixas. Em três músicas, toca todos os instrumentos sozinho. Em todas elas, mostra quem é e onde pisa. É um fim de manhã com sol morno, ele chega para um chopp em um bar semi-vazio perto de onde mora, em São Paulo. Tem lugar pra você na mesa. Chopp com colarinho ou sem? Criar sozinho. Criar com hermanos. A diferença fundamental é que eu já conheço meus amigos do Los Hermanos há muito tempo, aprendi a tocar com eles, então quando eu fazia a música eu já imaginava eles tocando, já sabia de saída as músicas que não iam rolar. A banda tinha uma coisa estética

já – por mais que mudasse muito –, mas era um cacoete, era uma relação de carreira. Agora eu me sinto livre pra escolher dentro das músicas que eu faço, porque no Los Hermanos tinha músicas que acabavam não servindo pra gente, daí eu acabava não dando muita atenção para elas. Hoje em dia eu me sinto mais livre pra caminhar sobre esse aspecto de musicalidade, de timbre de música e tal, me sinto mais à vontade na prática. E isso traz uma coisa de interiorizar e você leva isso pra outros lugares da nossa observação, enfim me sinto livre pra sei lá, fazer um xaxado, saca? Quem vê a música. O primeiro disco eu fiz muito em contato com os amigos e fui mostrando os trechos, como eu tava no Rio, eu encontrava com eles lá em casa e ia mostrando. Mas como a ideia agora é mudar o método, o jeito de fazer eu não mostrei pra quase ninguém. Pra Malu, sim. Como a gente tá sempre junto, a gente acompanha o nascimento das ideias um do outro, é tudo muito próximo.


MARCELO CAMELO //047

Parceria em Toque Dela O Hurtmold+2 tocou em várias faixas, foi bem legal. Mas eu participo bastante dos arranjos, eu fico com umas coisas na cabeça e dirijo bastante. Eu me envolvo bastante assim, gosto de tocar várias coisas, mas é muito bom tocar com gente que nem o Hurtmold porque os caras tocam pra caralho, né? Você dá uma idéia e só de o cara tocar pra te perguntar se é isso mesmo ele já melhora mil vezes o que você queria. Como defini o repertório Fiz umas quatorze músicas ao todo (NR: São dez músicas no CD) e fiz outras que não serviram e tal, mas no meio do caminho eu parei pra fazer trilha sonora pro negócio lá da Globo – a mini série Afinal o Que Querem as Mulheres –, compus várias músicas, gravei, arranjei, um trabalho colossal e os caras acabaram usando pouquíssimo do négocio, e eu vou acabar dando uso pra outras coisas dessas músicas. Mas deu um trabalho filha da puta. Chamei o Rob Mazurek+3, que é um cara de Chicago que toca cordas e veio pra fazer esse trabalho comigo. Enfim, acabei compondo muita música ao longo desse ano. No final, acaba não sendo só um trabalho de peneira, é meio no feeling de o que cabe no disco. Influência caseira A música funciona também como uma forma de sentimento, né? Que nem uma pintura, um quadro, tudo expressa algum tipo de sentimento. Tudo que gira em torno desse caminho, o sentimento e o desdobramento dele caminha pra você melhorar o seu aparelho perceptor, sua linguagem cognitiva. Nesse sentido a influência é meio com os amigos que a gente (NR: Mallu e ele) tem em comum e tal, como em outros trabalhos, vocês que estão aqui me entrevistando, as coisas que vocês trazem pra entrevista e as coisas que vocês carregam de informação pra vocês, são fruto de coisas que os amigos trouxeram, das conversas que vocês tiveram com outras pessoas. E quando você tem uma mulher, uma companheira, ela também faz parte desse mundo. Eu tive a sorte de começar com os Hermanos e aprender muita coisa, não só

pela genialidade individual deles – supostamente de nós todos –, mas do aprendizado coletivo. Uma coisa que você [percebe] ali junto com todo mundo. Qual o papel do baixo na composição, o que a bateria pode acrescentar, que tipo de jogo que dá pra fazer entre a guitarra e a bateria, sabe? Essas coisas todas você aprende jogando ali no dia a dia. adj. e s.m. Diz-se de, ou pessoa sujeita a distrações; abstraído; entretido; ocupado; descuidado. Os processos todos, de escolha, de filtro, de peneira, o objeto que eu uso hoje em dia é a distração, é meio que não estar atento à parada, à escolha em si. E já foi ao contrário, o negócio do peso da escolha é uma coisa que eu quero voltar a fazer, e eu tô tentando fazer sem o peso dela. Por isso que quando você me pergunta o porquê de uma coisa muito específica, eu nunca sei direito o que responder, tipo na hora que eu escolhi eu não fiz questão de escolher um motivo, é tudo na base do insight. Eu não escolho pensando em depois como é que eu vou justificar certa coisa ou certa música. A extensão da arte Acho que hoje as pessoas consomem música no audiovisual. Isso é muito próprio da música. Quando você ouve uma coisa, imaginar ela visualmente faz parte, a imagem é música, e a música é imagem. Eu tenho uma certa dificuldade porque eu assumi uma narrativa que contempla minha própria narração das coisas, sabe? Minha linguagem narrativa é meio.... eu senti muita identificação quando li os textos de uma portuguesa que se chama Maria Gabriela Lançol. Ela escreve um pouco do jeito que eu acho que eu escrevo também, não é uma observação narrativa do mundo, é como se o mundo estivesse em mim. Não sei explicar direito. Mas é como se a minha escrita levasse em conta só aquilo que eu sinto, e como eu vejo o mundo. Eu tenho meio dificuldade de enxergar o visual fora disso, eu tendo a enxergar coisas análogas ao meu próprio olhar sobre o mundo.

[+1] Arte de Biel Carpenter

[+2] myspace.com/ hurtmold [+3] robmazurek.com/


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MARCELO CAMELO //049

“Hoje em dia eu me sinto mais livre pra caminhar sobre esse aspecto de musicalidade, de timbre de música e tal. Me sinto mais à vontade na prática. E isso traz uma coisa de interiorizar, e você leva isso pra outros lugares da nossa observação, enfim me sinto livre pra, sei lá, fazer um xaxado, saca?” Coletivo A coisa da banda te coloca mais a par de uma necessidade coletiva, você fica mais emparelhado com o coletivo, te coloca de igual pra igual com os outros, e isso tem seus aspectos positivos e negativos, já que no individual você se cobra das próprias expectativas. Na prática isso [carreira solo] me faz ter mais tempo sobrando, eu posso me dedicar à fotografia, ao cinema, a tocar um monte de instrumentos. Do Los Hermanos pra cá eu aprendi a tocar um monte de coisa, comprei um monte de instrumento. Eu gosto muito do clarone, eu acho um instrumento bonito. É um clarinete baixo. Bateria eu sempre gostei, sempre toquei. (NR: em várias músicas de Toque dela a bateria é muito bem marcada.) Eu guardo uma bateria em casa pra na hora do Garage Band+4. Dá pra compor tendo uma bateria em casa. Instrumentos O baixo eu acho meio misterioso, sabe? Eu gosto muito. Mas nunca senti firmeza no meu jeito de tocar baixo, e nesse disco pela primeira vez eu me permiti tocar e gostei bastante. Gostei muito de poder tocar baixo, bateria e guitarra, de ter construído a estrutura da música compondo assim. Primeiro lugar O disco que eu mais gosto na minha vida, o meu Chega de Saudade, o melhor disco já feito pela humanidade, se eu tivesse que eleger algum – apesar de odiar essa coisa de eleger, porque quando você elege você tira todos os que são bons do caminho –, é o disco da Guiomar Novaes, o ultimo disco que ela gravou em vida, que é surreal.

Noite Eu acompanho muitos os projetos paralelos dos meninos do Hurtmold. Tem um show que vocês não podem deixar de ver que é do MDM+5, do Marinho, é dó caralho o som o deles. Um igualmente foda é do Chancas, que é irmão dele. E o MDM é foda, eu adorei ter visto. Foi tipo pequenininho, umas cinquenta pessoas, chutando. Mas foi muito bom. Twitter Não tenho interesse nenhum em ficar no twitter o dia todo. É uma falta de interesse pessoal mesmo, não é nada contra ninguém ou método. Mas eu não tenho opinião fixa sobre nada cara. Mas eu mudei muito, assim, minha maior distração é comer na frente do computador assistindo ao documentaryheaven.com. Twittar coisas que eu leio, vejo, eu atá faria, mas eu tenho uma falta de interesse sobre a ferramenta mesmo. Gravando sem gravadora A gravadora tem muito pouca força hoje em dia dentro da obra de um artista. Estar sem gravadora significa pagar do seu próprio bolso o custo da feitura de um disco, e não é barato. Estar com ela significa um parceiro pra ajudar a pagar uma coisa que não é barata. Se você for buscar gente sem gravadora no Brasil, são pessoas que num modo geral tem outros empregos e conjugam sua vida a ter a música como uma parte. A não ser que o cara vá pra uma coisa de música experimental e vá pra um museu e tal, talvez consiga. É lei Eu tenho uma relação meio conturbada com a Lei Rouanet, sabe? Desde que a lei existe as pessoas vêm

[+4] Software de gravação de música multi-canais para os computadores Macintosh, da Apple [+5] myspace.com/ mdmsp [+6] Causou polêmica no mês de abril a aprovação de R$ 1,3 milhão em verba para um blog em que a artista postaria, ao longo de um ano inteiro, vídeos diários dela lendo grandes poemas. Os vídeos devem ter direção de Andrucha Waddington, que dirigiu Maria Bethânia - pedrinha de Aruanda.


050\\ noize.com.br

“As pessoas vêm falar de apropriação do dinheiro do Estado, tipo “porra, nossas criancinhas estão sem educação”, ou “esse dinheiro podia estar indo pra comida’’. Gente que coloca o papel da arte menos importante do que é na real.” me perguntar o que eu acho, o que eu não acho... falar de apropriação do dinheiro do Estado, tipo “porra, nossas criancinhas estão sem educação” ou “esse dinheiro podia estar indo pra comida”. Gente que coloca o papel da arte como menos importante do que é na real. Eu tenho a sensação que o artista profissional tem um espaço nacional e deve ter um espaço bacana mesmo. Eu me vi pensando em pegar uma bolsa de estudos do governo canadense pra tocar violão estranho, sabe? Daí depois eu falei, porra? Porque o Canadá que vai me bancar? As pessoas acham super normal que o governo de outros países banque seus estudos, suas pesquisas, e acham que de certa forma o Brasil não pode fazer, não é merecedor ou simplesmente não tem dinheiro mesmo, sabe? Ou que nossa arte não é suficiente pra isso. Mas com relação à Lei Rouanet, eu acho – como cidadão – que ela deveria ser usado como uma forma de incentivo cultural, sabe? No meu caso, por exemplo, eu não consegui chegar em Belém com o meu show junto com o Hurtmold. Porra, eu adoraria ir pra lá, sabe? Pra mim seria incrível, eu acho que as pessoas de Belém têm * Confira o Saiba Mais sobre Maria Bethânia na página anterior

muito que contribuir e tal. Mas e aí é interessante o Estado financiar minha ida pra Belém? Eu acho que sim. Agora “porra, sei lá, mas não vamos dar o dinheiro da educação e levar o Marcelo pra Belém?” Não, porra,o dinheiro da educação existe, esse é um outro dinheiro. É um dinheiro pra cultura. Eu acho que ele não deveria ser usado pra financiar 100% dos espetáculos, sabe? Ou, tipo, quem é que vai escolher pra onde vai o dinheiro? Se é o Estado fica uma coisa babaca, comunista, sabe? Se são as empresas o dinheiro fica tipo pro Cirque Du Soleil, porque, porra, quem é que vai trazer a atenção das pessoas e a resposta pras empresas? Mas será que o Cirque Du Soleil precisa desse dinheiro, saca? Cria umas disparidades, sabe? Agora, um blog da Bethânia+6*, de poesia, com uma poesia por dia vale? Eu acho que vale. Só não sei se essa bolada toda. Além da música Me sinto fazendo muita coisa, sabe? Tem foto, tem texto, tem uma porção de expressões ao mesmo tempo, em que a música é o meu fio condutor. Eu vou fazendo. Eu vou fazendo de tudo.


YEASAYER


__ TEXTO FERNANDO CORRÊA


O ESCRITÓRIO CENTRAL //053

Escritório central de arrecadação e distribuição. Escritório porque é isso mesmo, e no plural: além da matriz, no Rio de Janeiro, são várias as salas que o Ecad ocupa em todo o País. Central porque coordena a atuação de nove associações de músicos e compositores, atuantes em todo o território nacional e responsáveis por fazer a ponte entre seus filiados e o órgão centralizador. De arrecadação e distribuição porque o que o Ecad se propõe a fazer é cobrar de quem deve e repassar a quem é devido. Somam-se as partes e o resultado é a organização responsável por distribuir a 300 mil associados o dinheiro a que eles têm direito pela execução pública de suas músicas. Não parece muito simples, e não é mesmo. O Brasil é imenso, tem milhares de emissoras de rádio e TV e incontáveis “espaços públicos” (bares, restaurantes, lojas, parques e por aí vai) onde a arrecadação é assegurada por lei. Dar conta de todo esse território é o desafio pelo qual o Ecad existe.Afinal, músicos trabalham para criar, ensaiar e gravar, e a organização que os representa tem a obrigação de recolher o que lhes é devido.

Cabe lembrar: nem todo artista é ligado ao Ecad. Ele pode filiar-se a uma das nove associações ou… cobrar os seus direitos por conta própria. Quer dizer, tentar fazer hoje o que, cem anos atrás, se provou impossível. Quando, em 1977, a matriz do Ecad foi inaugurada – então em Brasília –, uma das artistas que comprou a briga do direito autoral estava morta há três décadas. Chiquinha Gonzaga criou a Sociedade Brasileira de Autores Teatrais no início do século 20, fazendo coro à demanda de outros artistas, que já buscavam uma estrutura de arrecadação mais eficiente. Passaram a se reunir por afinidade, e logo cada turma de músicos, compositores ou autores tinha formado uma associação diferente. Se uma peça de teatro fazia uso de várias obras de autoria distinta, as associações de cada autor bateriam à porta de quem promovia o espetáculo. No início da década de 1970, as sociedades chegaram a um consenso: “Precisamos de um escritório central.” Quem conta essa história é o gerente executivo de arrecadação do Ecad, Mario Sergio Campos. Segundo ele, foi então que “as associações se organizaram


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e foi feita uma proposta de lei”. No final de 1973, em plena ditadura militar, entrou em vigência o primeiro conjunto de normas jurídicas exclusivamente sobre o direito autoral. Quando a lei nº 5.998+1 soprou os ares que edificaram o castelo de areia do Ecad, a MPB vivia um momento de envergadura. Em tempos de AI-5 institucionalizado, a música era uma linguagem requisitadíssima, fosse para distrair multidões, fosse para tentar passar, por entre as pernas dos censores, aquele chute no saco do milico. Não deve ter sido difícil para o Ecad, com amparo legal e uma vez instrumentalizado, conquistar seguidores, satisfeitos com a busca de seus dividendos em todos os cantos da nação. Passaram os anos, passaram os militares, a música nacional cresceu exponencialmente (em número de artistas, ao menos) e por mais de uma década, o Ecad tem sido alvo de acusações provenientes dos próprios músicos. São críticas em sintonia com a realidade brasileira: arrecadação indevida ou abusiva, distribuição ineficiente, inaptidão em lidar com a cultura digital. Sozinha, a internet como novo espaço público seria capaz de colocar em colapso qualquer estruturação aparente de direitos de autor, ainda mais se houvesse resistência e embate entre as partes envolvidas na história. E há.

[+1] Lei nº 5988/73, posteriormente atualizada pela Lei nº 9610/98 [+2] Contrato de uso e distribuição da obra pré-estabelecido entre autor e usuário do CC.org que conflita com o uso do Ecad. Ana justificou-se alegando que o selo era propaganda. [+3] Trecho parafraseado do anteprojeto que foi à consulta pública, em 2010. http://bit.ly/ leimodificada e http://bit.ly/el0nVY

Enquanto isso, em Brasília A quem diga que a matriz do Ecad saiu de Brasilia, mas Brasilia não saiu do Ecad. É a mesma parcela da população que entrou em polvorosa quando a irmã de Chico Buarque e atual Ministra da Cultura,Ana de Hollanda, retirou o selo do Creative Commons+2 do site do Ministério e avisou que modificaria o texto do anteprojeto de lei que deve atualizar a legislação do direito autoral no Brasil.Ainda na gestão de Gilberto Gil e Juca Ferreira no MinC, iniciou-se a discussão do anteprojeto em um processo que levou três anos, envolveu quase uma centena de encontros formais e mais de 2 meses de consulta pública.Ana e sua equipe, com a justificativa de estarem safando os artistas de um assalto aos seus direitos, modificaram partes do projeto que tocavam em pontos sobre o uso das obras com fins educacionais e de pesquisa, além de adequações dos direitos aos novos tempos em que a cópia de uma música demanda

um clique – as mudanças que buscavam “harmonizar os interesses dos titulares de direitos e os da sociedade”+3. Mas quem mantém o Ecad no olho do furacão, mesmo, é um punhado de questões simples, que antecedem e extrapolam o teto político sob o qual tem-se dado a polêmica: afinal, quanto vale a arte quando sua reprodução não demanda esforço? Porque devem todos se submeter a uma única organização arrecadadora? Se existe estrutura para cobrar em todo País, porque artistas que sabem ter suas músicas executadas não são remunerados? O Ecad é contra a democratização da cultura? Para o produtor Carlos Eduardo Miranda, o problema está na eficácia dos métodos. “O Ecad é atrasado no sistema de cobrança e tem uma estrutura arcaica, relapsa, que trabalha pela lei do menor esforço”, dispara.Vamos confundir um pouco mais? Quanto pesa a música? O primeiro contato com o Ecad costuma se dar assim: a pessoa resolve fazer uma festa com os amigos, alugam um salão e, em plena sexta à noite, quando a função vai começar, são surpreendidos por um fiscal do Ecad cobrando pela “execução pública da obra de seus filiados”. Isso porque a legislação garante ao Ecad que salões alugados configuram espaço público. O argumento do Ecad, que se estende para a execução de música em lojas de todo tipo, eventos dos mais variados e diversas outras situações em que você se surpreenderia, é simples: a música – assim como o segurança, os cozinheiros, o pessoal da limpeza – contribui para o sucesso do local ou do evento. Logo, nada mais justo que o autor desta música seja remunerado. Indagado sobre a discrepância entre o trabalho braçal dos que fazem um evento ou estabelecimento funcionar, e a mera reprodução eletrônica de uma determinada música, Mario Sergio Campos explica: “O Ecad reconhece que cada forma de utilização de música tem um peso, e este peso interfere no critério de arrecadação.” Assim, a cobrança de uma loja pelo uso da música está relacionada à área do local, e em geral fica na casa das dezenas de Reais mensais. Casos que geram mais polêmica – porque estão mais ligados ao mercado da música em si – são


O ESCRITÓRIO CENTRAL //055

os critérios para shows. Em eventos, a cobrança “é um percentual em cima da receita, de acordo com a relevância daquela música para o evento”. Em shows, a relevância é total. Desta forma, se você for tocar com sua banda na pequena casa alternativa da cidade, e resolver colocar “A Cabeleira do Zezé”+4 no repertório, deverá pedir autorização prévia via Ecad. Na maioria dos casos – salvo quando o autor liberar os direitos –, pagará 10% sobre a receita do show ao Ecad, que fará a distribuição, via sociedade arrecadadora a qual o autor for filiado. O autor fica com 75% da arrecadação que lhe cabe, o Ecad com 17,5%, e a associação, com 7,5%. Dançando na rede O Ecad sustenta a posição de que a lei do direito autoral de 1998 dá conta das mídias digitais. Tanto que recentemente anunciou um acordo com o YouTube e seus donos do Google: até junho de 2011, pagará para vários de seus filiados – e apenas para eles – o montante correspondente aos plays que seus vídeos receberam no site. Segundo Campos, as pessoas tendem a imaginar uma arrecadação muito maior do que a realidade. “O YouTube começou aqui no Brasil em 2007, e nossa cobrança de novas mídias é um percentual sobre a receita desses sites”. As mídias digitais representaram, em 2010, pouco mais de 0,5% dos R$ 432,9 milhões recolhidos pelo Ecad. Considerando que há outros 200 veículos digitais, dá para estipular menos de R$ 30 mil referentes ao portal de vídeos. Conduta de fiscal “Fiz uma festa em que tinha como objetivo tocar produções undergrounds minhas e de amigos produtores.Tudo inédito, desconhecido e portanto, sem registro. Eu mostrei ao fiscal e perguntei como eles repassariam aquela grana se eles não saberiam a quem pagar. Resposta depois de muito argumento:“Rola 50 pratas e tá tudo certo”.A fala de DJ Dolores reverbera há anos entre os músicos, mas não ecoa no Ecad. Segundo Mario, não existe cobrança indevida – evidentemente, a organização diz não tolerar condutas como esta. Para os que reivindicam uma revisão profunda, este é mais um efeito colateral da exclusividade de que o Ecad desfruta.

As amostras Grande parte da fiscalização do Ecad, inclusive a de rádio e TV, é feita por amostragens,+5 método estatístico que busca precisão, mas inevitavelmente deixa gente de fora. Para Mario, há um problema maior: 45% das rádios estariam inadimplentes, e só a Band e a Record, das TVs abertas, teriam sua situação regularizada junto à organização.“Quanto será que o Victor [da dupla Victor & Leo] receberia se as rádios pagassem?”+6, ele indaga. A pergunta, para muitos, deveria ser refeita: “Quanta gente entraria para a amostragem se o Ecad usasse tecnologias notavelmente acessíveis?” Como aponta Miranda, “hoje qualquer celular identifica a música que está tocando”. O Ecad investe pesado em tecnologia, mas segundo Campos, ainda é impossível registrar cada execução de toda rádio do País. Tim tim por tim tim “Desde que lançamos o Pareço Moderno, nossas músicas tocam em rádios, e quase mensalmente eu recebo uma grana via Abramus, minha sociedade arrecadadora”, conta Tatá Aeroplano. Segundo o Ecad, foram 87,5 mil os autores contemplados em 2010, o que anularia o argumento de que “só os grandes recebem”.Ainda assim, muita gente – filiada, com todas músicas registradas – não vê a cor do dinheiro. Por essas e outras, uma das reivindicações mais presentes é a de transparência. Para Campos, o Ecad é completamente transparente: é auditado pelo Governo, coloca todo seu regimento à disposição+7 e envia, sim, demonstrativos de onde as músicas são executadas. Nas discussões em torno da nova lei do direito autoral, se pede uma fiscalização ativa do Estado, o que, nas palavras da Ana de Hollanda, cheira a ditadura. Segundo Campos, o Ecad está sempre aberto a dúvidas e críticas. Mas a verdade doída é que nem todos artistas parecem estar ganhando o que lhes é devido com as coisas como estão. Falta discussão franca e tolerante. Se o Ecad é uma organização criada por músicos, para os músicos, ele não deve temer. Enquanto isso, todo mundo segue baixando música sem pagar. Lembra uma prática antiga: proíbe-se o que é inevitável e sofre-se todas consequências do que é feito às escuras.

[+4] Ou qualquer outra música. O exemplo é oportuno porque João Roberto Kelly, autor da música, é um dos artistas que mais arrecada nos carnavais. [+5] Gravam-se dias esporádicos da rádio ou TV, por exemplo, e se faz a distribuição em cima dessas músicas, ranqueadas por número de execuções. [+6] Victor Chaves foi o maior arrecadador de 21010. [+7] www.ecad.org.br


2 e 3 DE ABRIL, 2011


KATE NASH //057

_TEXTO e FOTOS GUILHERME THIESEN NETTO

1991. Guns ‘n’ Roses lançava Use Your Illusion I e II. Kurt Cobain conquistava o mundo com Nevermind. Pearl Jam apareceu com Ten. O Blur surgiu com Leisure. Blood Sugar Sex Magic, dos Chili Peppers, também chegava às prateleiras tudo, enquanto Freddie Mercury e Miles Davis partiam desta pra uma melhor e em Chicago, Perry Farrell dava luz ao Lollapalooza – ainda hoje, o maior festival de música itinerante do planeta. 20 anos mais tarde e a ideia deixa o berço pela primeira vez. Atravessa os Andes. Arma palcos na América Latina. Nos dias 2 e 3 de abril, fez história como o primeiro grande festival de música do Chile, transformando Santiago na colônia de férias de todos os músico-maníacos latino-americanos. Em uma reserva natural no centro da cidade, 5 palcos, 60 atrações e 24 horas de música. No Parque O’Higgins, cerca de 100 mil pessoas desfilando seu fanatismo por artistas como Flaming Lips, Deftones, Kanye West, Devendra Banhart, Ben Harper, The Killers e uma boa dúzia de cantantes chilenos. Estudantes, pais de família, crianças, loucos e sóbrios reunidos em um fim de semana de muito sol, música e álcool zero. No primeiro Lollapalooza Chile, a cultura era verde. A loucura, espontânea. Nos vemos em 2012!


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2011 é ano do coelho no horóscopo chinês. E no mês de abril, a trilha sonora é o indefectível “Coelhinho da Páscoa, que trazes pra mim?”. Tá no inferno, abraça o capeta.

Você está atrasado_

Corra, rabbit, corra _

FUJA_

Tim Burton está aí pra não nos deixar mentir. Alice no país das Maravilhas não é um livro infantil. Logo no comecinho, quando um coelho branco tira um relógio do colete e diz “Ai, ai! Ai, ai! Vou chegar atrasado demais!”, você já está no abismo.Sem volta.

Uma pulseira igual à original: de borracha, sem efeitos placebo e boa para virar piada. Drunken System, a “tecnologia” do produto adverte que se combinado com álcool pode (ou não) causar desequilíbrio e perda da noção da realidade. Experimenta. Mas não nos culpe depois.

É feriado prolongado, e você não precisa correr atrás de esconderijos de coelho na casa da sua vó. Vá até Brumadinho (Minas) para conhecer o Instituto Inhotim, um museu de arte moderna a céu aberto que reúne obras que não poderiam estar em outro lugar.

Alice no Pais das Maravilhas – (versão integral) Cosac & Naif l Quanto? R$ 45. http://bit.ly/abueuc

Dysbalance da …Lost l Quanto? R$ 30

Passagem até BH l www.submarinoviagens.com.br/

oreia_

MAIS HUMOR POR FAVOR_

SÓ QUERO CHOCOLATE_

Exceto neuróticos, deprimidos, insones, bebês ou vampiros, ninguém começa e termina um livro no mesmo dia. Ou noite. Se você quiser, dobre a página no meio. Mas se te falta coragem, inspire-se nos modelos de orelha personalizados. Orelhas do artista Igor “Rogix”.

Uma tiara com orelhas de coelho pode ser divertida, surreal, sexy, bizarra, debochada, fantasiosa, maluca, piadista ou vergonhosa.Você decide a intenção, você dá o clima. O que vale é rir antes, durante e depois. (Ou você acha que ninguém vai fotografar?).

Chocolate tem uma substância chamada teobromina que ajuda no bom funcionamento do coração, na flexibilização do raciocínio. Além de ser uma delícia e iguaria oficial desta época do ano. Embora ninguém entenda a ligação coelhos-cacau. Consuma o quanto puder. Como quiser.

Orelha marca-livro l Quanto? Depende.Vai copiar a idéia? De graça.Vai falar com ele? www.icoeye.com/

Tiara com – discretas – orelhas de coelho l Quanto? R$ 20 no Mercado Livre.

Prudence Plus – Chocolate l Quanto? R$ 3,20 em farmácias, supermercados e locadoras.


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estampa

do mĂŞs Marca: ...Lost Onde Encontrar: lost.com.br

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_ILUSTRA ANDRIO CATILIO / WWW.FLICKR.COM/ANDRIO_CATILIO



_FOTO GUILHERME THIESEN NETTO


metronomy

REM

The English Riviera

Lá vem o Metronomy desafiando a lógica e as convenções do electropop com sua inconfundível sonoridade artsy-retrô. A banda preferida de Alex Kapranos solta mais um petardo de canções aparentemente desconexas, mas que fazem todo sentido para quem já se deu conta que o mundo é um lugar bem estranho. Se eles ainda não têm o lugar que merecem no Olimpo dos night clubs, é porque ainda se perde muito tempo com coisas insípidas como Klaxons e Hot Chip – esses londrinos é que são os verdadeiros cientistas da e-music, como o Kraftwerk foi um dia. O sucessor do genial Nights Out (2008) revela-se mais chill out, embora não menos viciante. “The Bay” já é a música do ano, com seu baixo marcante e refrão irresistível. Para baixar, comprar e amar. Fernando Halal

Collapse Into Now

Michael Stipe bazofiou: seria o melhor trabalho de três décadas. Produção de Garret Lee (U2, Bloc Party), aditivado por convidados de peso, estava entre “os” aguardados do ano. “Discoverer” e “All The Best” abrem com pique, carregadas em espessas batidas. Peter Buck não economiza na mão e orquestra suas distorções com a maestria habitual. Hits imediatos, “Überlin”, “Oh My Heart” e “It Happened Today” (vocais de Eddie Vedder) enternecem o clima – tons sorumbáticos, lúgubres inserções acústicas. A excêntrica Peaches retoma o astral introdutivo e agitado em sua participação – astral mantido nas “Mine Smell Like Honey” e “That Someone Is You”, de visguentas melodias. “Blue”, com Patti Smith, finaliza: epifania. A pleno vapor. Nicolas Gambin

FOO FIGHTERS Wasting Light

Dave Grohl sabe mesmo como vender seu peixe. Primeiro, disse que o sétimo álbum do Foo Fighters seria o mais pesado da banda; depois, foi soltando um single aqui, um vídeo ali, causando grande comoção em torno do lançamento. Felizmente, a expectativa não foi em vão: Wasting Light é um dos melhores discos do grupo – “um dos” porque ainda não foi desta vez que The Colour and the Shape perdeu o trono. O peso propalado por Grohl se faz presente na faixa de abertura, a irretocável “Bridge Burning”, e segue em “Rope” (com um belo trabalho de guitarra) e “White Limo”. Mas há, sim, melodias mais suaves e até óbvias – “These Days”, forte candidata a hit, soa parecida com outras músicas do próprio Foo Fighters. Como isso não chega a ser um demérito, já dá para considerar Wasting Light um dos grandes discos de 2011. Daniel Sanes

VACCINES

What Did You Expect From The Vaccines?

Os quatro garotos mais hypados de Londres pegaram carona nos mimos que receberam da crítica britânica e não esperaram para lançar seu primeiro disco - que saiu muito antes do que se imaginava. What Did You Expect From The Vaccines? vem com músicas curtas e mostra que a banda é boa para fazer mais com menos: o hit “Wreckin’ Bar”, por exemplo, dura pouco mais de um minuto e, mesmo sem ter tempo para um refrão, é indiscutivelmente catchy. A pegada 1970 da música, meio Ramones, aparece no disco conversando com indie-pop e post-punk, relembrando The Smiths e Joy Division – e, trazendo as referências para os anos 2000, impossível não lembrar do White Lies em três ou quatro faixas. O indie-rock britânico acaba de estender sua sobrevida. Alex Correa

STROKES Angles

Em 2003, uma revista-pôster questionava: “Strokes: a salvação do rock?”. Em 2011, exigir um Is This It? é tão útil quanto pensar sobre a pergunta da revista. Encrustrados em riffs das bandas que os sucederam, os Strokes lançam Angles, um álbum de experimentos com música eletrônica mergulhado em sonoridades nostálgicas. Os anos oitenta em “Machu Pichu”, assim como os noventa em “Two Kinds Of Happiness”, parecem transbordar das nove músicas. As mudanças mais claras em Angles possuem uma relação íntima com o disco solo de Julian Casablancas, Phrazes for the Young. Para os que gostariam de algo mais próximo dos primeiros discos, há “Under Cover of Darkness”, tão igual aos Strokes antigos que chega a soar como cópia. Ana Malmaceda

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FLEET FOXES

Elbow

Build a Rocket Boys!

Helplessness Blues

Escute também: Bark At The Moon, The Ultimate Sin e Ozzmosis

Típica banda deslocada no seu tempo e espaço, o Fleet Foxes poderia muito bem figurar como uma atração de luxo do Jurassic Park. O sexteto de Seattle segue produzindo madeira de lei num mercado que se acostumou a lançar fórmica vagabunda. A fórmula é a mesma do ótimo début de 2008: arranjos muito bem pensados, vocalizações de inflar o peito de Brian Wilson, suítes e capa feita sob encomenda para o mercado do vinil. Tivesse sido lançado em 1970, Helplessness Blues estaria no topo dos preferidos daquele seu tio riponga fissurado em Byrds e CSNY. Longe de ser um álbum difícil, traz um repertório de melodias que te exige toda a atenção do mundo. E do jeito que andam as coisas, é o melhor elogio que se pode fazer. Fernando Halal

Há quem chame de exaustivo o prog art-rock do Elbow – que, se não fossem os críticos, estaria fadado à obscuridade. Mas vamos calmos, para você não cansar. A banda então surge impulsionada pelo ótimo antecessor, que vendeu milhões – contrariando o passado – e emplacou até trilhas de TV (House e Big Brother UK). As novas seguem, sim, tendências de faixas anteriores. Entretanto, há nuances, sofisticações, ainda que camufladas entre marcas registradas - como “Lippy Kids”, primeira música divulgada, comprova: compassos que primam pela sutileza, arranjados em cima de oníricas ambientações de teclas, sob entonação vocal que remete a Peter Gabriel, oscilando modulações quase mântricas. Gangorra minimalista a pendular entre a limpidez e o ofegante. Nicolas Gambin

DISCOGRAFIABÁSICA

OZZY OSBOURNE

por Daniel Sanes

BLIZZARD OF OZZ| Ter sido o frontman daquela que por muitos é considerada a primeira banda de heavy metal da história já seria um feito e tanto para qualquer artista. Mas isso era pouco para Ozzy Osbourne. Em 1980, dois anos depois de deixar o Black Sabbath, o vocalista reuniu uma banda fantástica – com destaque para o jovem guitarrista Randy Rhoads – para gravar seu primeiro e, possivelmente, melhor disco solo. Com um som pesado, mas mais acessível que o do Sabbath, Ozzy invadiu as paradas dos EUA e do Reino Unido com hits como “Mr. Crowley” e “Crazy Train”. “I don’t Know”, “Goodbye to Romance” e a polêmica “Suicide Solution” são outros clássicos que ainda hoje aparecem no repertório do lendário vocalista. Diary of a Madman| Menos de um ano após ter gravado seu primeiro álbum solo, Ozzy mostrou que estava em um momento de bastante inspiração ao lançar Diary of a Madman. Embora não tenha sido tão bem-sucedido nas paradas quanto seu antecessor, o disco é extremamente uniforme, a ponto de não ter músicas ruins. As canções mais conhecidas são “Over the Mountain” e “Flying High Again”, mas “You Can’t Kill Rock’n’Roll”, “S.A.T.O.” e a sublime faixatítulo não ficam atrás. Lamentavelmente, este foi o último registro em estúdio de Randy Rhoads, que morreu em um acidente de avião em 1982. Ao vivo, as incríveis performances do guitarrista ainda seriam registradas em Tribute, gravado em 1981 mas lançado somente seis anos depois.

No More Tears | Uma década antes de se tornar popular fora do mundo do rock ao protagonizar o reality show The Osbournes, Ozzy lançou seu álbum de maior sucesso comercial. Lançado em 1991, No More Tears traz o vocalista britânico em grande forma e, mais uma vez, acompanhado por um guitarrista extremamente talentoso – Zakk Wylde, hoje líder do Black Label Society. “I Don’t Want to Change the World”, “Hellraiser”, “Desire” e a épica “No More Tears” comprovam a capacidade do cara de fazer rock pesado e ainda assim “palatável” para o ouvinte comum. No entanto, o momento mais marcante do disco é uma balada: a linda “Mama, I’m Coming Home”, que certamente já fez muito cabeludo se debulhar em lágrimas.


Marcelo camelo Toque dela

Pode ter sido ”A Noite”, na marchinha que acelera e emudece. Pode ter sido na malemolência praiana de “Acostumar” ou no acordeon delicioso de “Tudo que você quiser”. Descobri um Camelo bem mais conquistador. Foi certamente no romantismo que transborda e arrepia em “Três Dias” e “Vermelho”, quando as faixas crescem e acalentam, que percebi que o instrumental inspirado da Hurtmold segue tão delicioso quanto sempre. Trata-se da evolução de Sou, solta, fluída, preocupada apenas em fugir do óbvio. Toque dela veio fazer braços torcerem com dez canções que são puro agrado e delicadeza.Veio mostrar um artista mais feliz e menos melancólico, menos metafísico e mais vivo, como quem, enfim, rende-se. Como quem para de pensar e começa a sentir. Maria Joana Avellar

Snoop Dogg Doggumentary

Hoje, Snoop Dogg é um produto capaz de pendurar os mais impensáveis rótulos. Anunciou que esse disco seria Doggystyle 2, sequência do clássico de 1993, mas sentiu o tamanho da responsabilidade. A solução foi usar Doggumentary, onde além do seu melhor, sobraria espaço para ceder às pressões de mercado. O disco só não é frustrante em momentos criativos que devem ser garimpados nas 21 faixas - os novos G-Funks “Peer Pressure” e “Wonder What I Do” trazem ótimas lembranças, mesmo ao lado da pobreza de “Platinum” ou “Boom”. Já na busca por originalidade, “Gang Bang Rookie” é obrigatória. Nem Kanye West, Gorillaz ou Willie Nelson prendem a atenção e, criativamente, é Bootsy Collins quem merece referência. Metade do álbum vale a pena. Bruno Felin

J Mascis

Several Shades of Why

De Robert Plant a Eddie Vedder, passando por Mark Lanegan e Marcelo Camelo, existe uma linhagem de vocalistas de rock que buscam resgatar suas raízes musicais - quando compor ao violão sozinho no quarto ainda era a maior das diversões. Mascis, voz e cérebro do Dinosaur Jr., acaba de entregar este belíssimo álbum folk. O peso da idade está a favor do artista: os floreios são na medida, as melodias são maduras e certeiras e, mesmo com o formato acústico, trazem a densidade que muita bandinha de punk rock sonha ter um dia. Ainda há espaço para os convidados: entre os chapas convocados pelo grandalhão grisalho, estão Kevin Drew (Broken Social Scene) e Ben Bridwell (Band of Horses).Vida longa a esse desplugado Mascis. Fernando Halal

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TA POR VIR .: 6 de junho_Arctic Monkeys | Suck It and See “Brick by Brick” circula por aí há algum tempo. 30 segundos de “Don’t Sit Down ‘Cause I’ve Moved Your Chair” já vazaram. Ótimo título, ótimas guitarras. Se ao descartar a expertise de Josh Homme a banda indicou um retorno aos tempos de acordes limpinhos, os aperitivos sonoros servidos até agora sugerem o contrário – ao que parece, um Alex Turner mais pesado ainda está por vir. Será?

CONFIRA Raveonettes Raven in the Grave ___A melancolia característica do duo dinamarquês é ainda maior em seu sexto trabalho. Em pouco mais de meia hora, Sune Rose Wagner e Sharin Foo quase conseguem convencer que sofrimento é sinônimo de felicidade. Perfeito pra um dia nublado.

Travis Barker Give the Drummer Some ___Ele ganhou fama como o batera do Blink-182. Em seu primeiro álbum solo, deixa o pop punk e visita o mundo do hip hop ao lado de gigantes como Kid Cudi, Snoop Dogg e Busta Rhymes. Ao mesmo tempo, deixa claro que seu coração é roqueiro.

Cornershop Cornershop & the Double-O Groove Of ___Se levou alguns anos pro Cornershop dar brilho à sua mistura de música indiana, brit-pop e beats dançantes, hoje Tjinder Singh e cia destilam uma rica e saborosa coleção de boas canções. Não é exatamente novo. Mas, nesse caso, o velho cai muito bem.

REDESCOBERTA Laura Nyro

Eli and the Thirteenth Confession (2002)

A introdução de “Luckie” dá a impressão de um soul-pop à la Martha & The Vandellas, com aquela energia típica da Motown, mas a canção segue e a voz de Laura Nyro começa a percorrer outros lugares. Da melancolia sussurrada à euforia, vai do céu ao inferno na mesma estrofe. Se a compositora não foi imediatamente abraçada pelas feministas, é porque não escondia o sofrimento. Ao mesmo tempo, seu universo era barra-pesada demais para a música pop.Talvez por isso suas composições só tenham encontrado grande sucesso em versões domesticadas de outros artistas, como o 5th Dimension. Em “Luckie”, ela convida o diabo para dançar e ainda ri por último. E é apenas a primeira canção da obra-prima Eli and the 13th Confession. Leonardo Bomfim


Franco Biciocchi

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UM LUGAR QUALQUER (SOMEWHERE) SOFIA COPPOLA Em Somewhere, voltamos ao mundo de Sofia: desconforto, solidão e estranhos íntimos. Na trama, também roteirizada por ela, Stephen Dorff é Johnny, um típico ator celebridade cercado de mulheres, bebidas, noites que nunca acabam e aquele tédio que sente quem tudo tem. Ele mora no lendário Chateau Marmonts e é obrigado a passar uns dias com a filha Cléo (Elle Fanning, irmã de Dakota). É óbvio? É. Mas estamos falando do filme de uma Coppola. Então, esta descoberta de afeto e sentido é pontuada por um humor irônico destilado em doses pequenas, entre piadas sobre a saga Crepúsculo, coletivas de imprensa, pole dancing com loiras e diálogos imediatamente inesquecíveis. O restante do elenco também ajuda. Benicio Del Toro, Michelle Monaghan, Chris Pontius e Laura Ramsey. Todos, abaixo de uma trilha sonora que vai de Foo Fighters à versão demo de “You Only Live Once”, dos Strokes. Ou seja, o filme é mistura agridoce. Um drink que parece não ter álcool. Mas tem.


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Locação principal de Somewhere e clássico hotel discreto/luxuoso de Hollywood. Com tudo de bom, ruim e insano que esta frase pode conter. Por lá, Jim Morisson andou pelado no telhado, os caras do Led Zeppelin usaram Harley-Davidson no hall, Scarlett Johansson e Benício Del Toro iniciaram um hot romance no elevador e, reza a lenda, Johnny Deep se apaixonou a primeira vista por Winona Ryden e, tempos depois, dormiu com Kate Moss em cada uma das 64 suítes. Mas ninguém confirma nada. Melhor ainda.

6. PHOENIX Thomas Mars, vocalista da banda assina a trilha de Somewhere. Ele e Sofia se conheceram na época em que a diretora estava montando a trilha de Encontros e Desencontros e, desde então estão juntos.

Michael Ligon

Divulgação

1. CHATEAU MARMONTS

5. DAFT PUNK Guy-Manuel de Homem-Christo, do duo Daft Punk produziu o disco Sexuality de Sebastian Tellier, primeiro artista a entrar na trilha de Encontros e Desencontros. Foi com ele que Laurent Brancowit teve a banda Darlin antes de entrar pro Phoenix.

www.commeaucinema.com

2. MILENA CANONERO

A convite de Canomore, Marc Jacobs criou as malas usadas pelos protagonistas do filme Viagem a Darjeelin,que aliás, tem roteiro de Roman Coppola, irmão você sabe de quem e também diretor. Malas Louis vitton, off course, já que ele é diretor criativo da Maison onde, aliás, Sofia Coppolla tem uma bolsa com seu nome.

Endosage Camila Mazzini

3. LOUIS VUITTON

www.louisvuitton.com

Ela tem 3 estatuetas do Oscar na sala de casa. Assinou o antológico figurino de Maria Antonieta e também de filmes como: Expresso da Meia Noite, Lobisomem, Laranja Mecânica, Fome de Viver, a trilogia de O Poderoso Chefão, Dick Tracy e Viagem a Darjeelin.

4. SPIKE JONZE

Diretor, produtor executivo e eventualmente ator, roteirista e editor de revista. Dirigiu Onde Vivem os Monstros, Quero Ser John Malkovich e Adaptação.Também colocou imagens em musicas de gente como Daft Punk, Björk,The Chemical Brothers Sonic Youth. Foi casado com Sofia Coppola.


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fotos: 1 | Divulgação t4f 2 | Kento Kojima

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OZZY OSBOURNE

ANTI-FLAG + THIS IS A STANDOFF

São Paulo, Arena Anhembi, 02/04_

Porto Alegre, Bar Opinião, 24/03_

“Trouxe minhas duas filhas, minha mulher e irmã. Gastei uma grana e até fiquei com medo de me arrepender no final, mas foi tudo muito foda. Só tô com medo das meninas ficarem gripadas depois da chuva... (risos)”, João Ricardo, 41. “Cara, o que foi esse show? Nunca usei drogas e mesmo assim tenho certeza que não vou chegar na idade do Ozzy com a saúde que ele tá!”, Eduardo, 21. “Ele, o Eduardo, não quer falar, mas ele deu uma choradinha quando o show tava começando! Também dei uma lacrimejada de leve quando o Ozzy pegou a bandeira do Brasil”, Marcela, 21 (namorada do Eduardo). “Foi a primeira vez que vim a um show com esse tamanho e agora quero ir sempre! O público foi incrível e o Ozzy também!”, Paula Gonzales, 26. “Chamam o cara de Príncipe das Trevas e mesmo assim ele não precisa fazer showzinho quebrando guitarra, botando fogo no palco, nem nada.Tudo é voltado pra música, não fica parecendo um circo. Muita banda de metal não é assim hoje em dia...”, Guilherme Pereira, 36. “É um show muito pulsante! Really crazy, man!”, Augusto Correa, “52 anos muito bem vividos”. “Eu só achei que ele tem uma história muito grande na música pra encaixar em uma hora e meia de show, mas as músicas são muito boas, os solos são impecáveis e a banda segurou muito bem. Ele tá muito acabado, mas aguentou o show inteiro. Nota nove”, Emerson Ribas, 38. “Ficou faltando ‘No More Tears’! Tava todo mundo pedindo, mas acho que ele tava entendendo ‘one more song’!”, Jéssica, 18. “Fuck the rain!”, Ozzy Osbourne, 62. Alex Corrêa

1 – O This is a Standoff entra avassalador. Punk e técnica combinam? Se existia alguma dúvida pra resposta, bastou observar por alguns minutos o guitarrista John Meloche e seus colegas. 2 – Queria ver outras bandas com músicos tão legais quanto os do This is a Standoff e Anti-Flag. Do baixista do TIAS, Nick Kouremenos, vulgo “Jesus”, ouvi que “mais importante do que tocar para muitas pessoas é conseguir com que aqueles que assistem ao show estejam todos com um sorriso no rosto”. Neste caso: missão cumprida. 3 - Justin Sane, Chris #2, Chris Head e Pat Thetic sobem ao palco. Público enlouquecido. Serão quase duas horas de punk rock ou perdi a noção do tempo? Tanto faz. 4 – Duas músicas executadas em sequência capazes de incendiar o que já eram chamas. “Die for Your Government” e “Should I Stay or Should I Go” em ritmo ultra-acelerado. A primeira foi visceralmente berrada do início ao fim. O The Clash, por sua vez, é hors concours como cover. Letal. 5 – Última música. A bateria passa a ser desmontada. A banda começa a tocar “Power to the Peaceful”. Para euforia geral, Pat Thetic posiciona caixa, bumbo e alguns pratos no meio da massa - aí estava algo diferente e empolgante. É o Anti-Flag agradecendo ao seu público e unindo-se a ele para, em um só tom, exaltar a mensagem de paz que permeia todos os seus ideais. Gustavo Corrêa

Segundo os headbangers de plantão

em 5 momentos


Quantos números cabem em 256

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Acompanhe as comemorações em rede.

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5 anos fora do eixo.

Acesse www.foradoeixo.org.br

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fotos: 3 | Pedro Braga 4 | Camila Mazzini

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MIAMI HORROR

THE NATIONAL

Porto Alegre, Beco, 05/04_

São Paulo, Citybank Hall, 05/04_

Benjamin Plant, Josh Moriarty, Aaron Shanahan e Daniel Whitechurch sobem ao palco.Tomam seus instrumentos. Bateria, baixo, guitarra, teclados e sintetizadores. É sua estreia em terras tupiniquins. Segundo eles, foi melhor que a encomenda. “Nós estamos muito felizes de estar no Brasil. Eu acho que o show foi bem. Nós nos divertimos muito. Muito mesmo. Todos aqui parecem ser pessoas bacanas, muito bonitas. Ficamos muito felizes com a resposta do público. Nós adoramos! Ao que parece, as pessoas também gostaram.Tentei falar um pouco do português que eu aprendi algumas horas antes do show. É o segundo dia de Brasil na minha vida, então não sei se deu certo. Mas me esforcei. Mesmo assim, após cada show a gente se reúne e discute o que rolou legal, o que não foi tão bem.Tentamos ver onde os teclados podem mudar, onde a bateria entrou bem e onde pode ficar melhor. Onde o baixo pode dar mais suporte. Estávamos mesmo falando sobre como melhorar o som. Sempre tentamos melhor. Até porque, clubs diferentes sempre soam de maneiras diferentes. Então, estamos felizes com o show, mas vamos melhorar. No futuro, talvez gostaríamos de ter alguns canhões gigantes explodindo confetes. Algo como os Flaming Lips. Eles têm esses canhões, além de outras atrações incríveis no palco. Se a gente puder fazer shows maiores daqui pra frente, talvez possamos ter algo assim. Nós voltaremos em breve.” Laryssa Araújo e Pedro Braga

Pré-show: Matt Benninger, frontman do The National: “Tocar em um lugar como este me traz mais conforto, posso rolar no chão, cantar sentado, essas coisas. E sempre que os shows são só nossos, por mais que tenha gente na plateia que veio pra conhecer a banda pessoalmente, muitos já gostam da música e cantam junto. Isso muda todo o clima.” Pós-show: Benninger estava em casa. Durante o hit “Mr November” se jogou no povo e cantou junto. De volta ao palco, agradeceu e afirmou “Me sinto como os Kings Of Leon”. Pré: “Hoje vamos abrir com algo de High Violet.” Pós: De fato, o National abriu o show com música de High Violet. “Runaway”. Uma escolha acertada, já que foi ovacionada e cantada com entusiasmo por todos. Pré: “Nunca parei pra pensar que falamos demais em tristeza ou solidão. Prefiro achar que isso faz parte da atmosfera de nossa música.” Pós: Durante o show estavam todos “alegremente tristes”. Pré: “Surpresa? Além de eu sair de dentro de um bolo, acho que nada.” Pós: Se Matt ficou devendo sair de dentro de um bolo, a cereja não faltou e veio na última canção, “Vanderlyle Cry Baby Cry Geek”.Versão totalmente desplugada e todos cantando em coro. O National funciona em casas menores. Proporciona um tom intimista à apresentação, que oscila o tempo todo entre o grandioso e o acolhedor. Exatamente como o som da banda. Victor Sá e Rafa Carvalho

...por Miami Horror

pré e pós-show



_O QUE ACONTECEU NO MÊS DE MARÇO/ABRIL _Créditos Pedro Braga _Miami Horror @ Porto Alegre

Samuel Esteves _The Drums @ São Paulo

Ariel Martini _Beco @ São Paulo

Rafa Rocha _Reb Bull Music Armada @ Rio de Janeiro

Ariel Martini _CSS @ São Paulo







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Rafa Rocha

RENATA SIMÕES FALA SOBRE... __TOCORImÉ | O sol levanta no horizonte e antes o céu já ganhou outros tons, uns rabiscos de aquarela. Deslizamos como que numa ilha de madeira por aquilo que a professora te ensinou a chamar de oceano. Oceano uma ova, é água que não acaba mais, é água que vai longe no horizonte. E aí você percebe que horizonte, céu e mar têm a mesma cor. Mas e o mundo? O mundo não era redondo? Ou o horizonte não era a certeza dos primeiros navegadores de que a Terra era quadrada? Pois é, meu irmão, mais uma certeza que cai, nem redonda, nem quadrada: no mar, esse planeta parece não ter fim. Navegar a cem milhas da costa foi uma das experiências inesque-

cíveis proporcionadas pelo Red Bull Music Armada. À bordo do Tocorimé Pamatojari, o espírito aventureiro construído em madeira em Santarém há catorze anos por Markus Lemman e seus três amigos holandeses, navegamos por parte da costa sul e sudeste e pela cultura local durante o mês de março: o verão de Florianópolis, o skate em Santos, os naufrágios em Ilhabela, a cachaça em Parati, o charme franco-argentino de Búzios, o rolê no Vidigal no Rio de Janeiro. A cada parada uma festa ao pôr do sol, como quem quer prolongar o verão para dentro do outono, pedir para o sol não ir embora nunca. As sunset parties foram abençoadas por São Pedro, pois quando parecia que ia chover, a chuva corria da gente. Foi assim em Florianópolis, onde tivemos “double rainbow” na costa enquanto se dançava ao mar. Foi assim em Parati, onde apenas depois que o último convidado desembarcou caiu o pé d´água que só parou na manhã seguinte. As festas traziam a terra ao barco e a música inspirava e enchia o convés por dias: Copacabana Club, Zegon + Chorão + CBJR, Killer on The Dancefloor, Tulipa Ruiz, Tiê, Toomy Disco, Melanina Carioca, Marcelinho da Lua, DJ MAM. Quanta gente passou e tocou por ali, em todos os lugares daquela nau. Viver à bordo modifica os horizontes e muda profundamente o seu olhar. É lembrar que a chuva vem, você a

vê no horizonte, não tem como escapar. Então entra, pega a capa amarela para melhor enfrentar e espera passar. O sol volta. Às vezes demora mais ou menos, mas volta. Essa é uma das belezas. Assim como a lua cheia. Assim como o céu bordado na lua nova. Assim como dividir o barulho do silêncio que faz o mar. E, acredite, ainda nem comecei a falar de tudo que aconteceu por lá. Mas você sabe, o que acontece no barco, fica no barco. *Agradeço a Ota, Giovanna e toda Red Bull Br, a Kiko Ribeiro, Debora Soares e equipe Mixer, a Maurice Lisbona e equipe Rede 106 e a todos do Tocorimé: Ciro, Marcelo, Markus, Mike, Natalia, Nevile, Nica, Nikolas, Rafa, Rafa DJ, Therese por terem rocked the boat e rocked my world.




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