Revista Noize #44 - Junho de 2011

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DO UNDERGROUND AO MAINSTREAM

DIREÇÃO: 
 Kento Kojima Pablo Rocha Rafael Rocha

EDITORA NOIZE.COM.BR: Lidy Araújo lidy@noize.com.br

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 Pablo Rocha pablo@noize.com.br Silvana Fuhrmann silvana@noize.com.br

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO: Pedro Braga pedrobraga@noize. com.br

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EDITORA CHEFE: Cristiane Lisbôa cristianelisboa@noize. com.br EDITOR: Tomás Bello tomas@noize.com.br

 REPÓRTER ESPECIAL: Fernando Corrêa nando@noize.com.br REDAÇÃO: Marcela Bordin marcela@noize.com.br Rafa Carvalho rafacarvalho@noize. com.br

GERENTE DE PROJETOS: Leandro Pinheiro leandro@noize.com.br PROJETOS ESPECIAIS: Bruno Nerva brunonerva@noize. com.br Júlia Lang julialang@noize.com.br Igor Beron igor@noize.com.br Laryssa Araújo laryssa@noize.com.br

ASSESSORIA JURÍDICA: Zago & Martins Advogados PONTOS: Faculdades Colégios Cursinhos Estúdios
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ASSIST. ARTE: Camila Fernandes camilafernandes@noize. com.br

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Boombox acervo de Dj Anderson do selo independente (Nego Preto Discos). Dj de black music e da banda Ultramen.

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• COLABORADORES 1. Pablo Vaz_Fotógrafo www.pablovaz.com 2. Samuel Esteves_ É nóis que tá. samuelesteves.com 3. Gaía Passarelli_ Gaía Passarelli gosta de descobrir música nova e comanda o GOO na MTV Brasil. 4. Lalai e Ola_ Lalai trabalha com mídias sociais, mas sua paixão é música. É DJ e produz a festa CREW. O Ola trocou a Suécia pelo Brasil, o design pela música e fotografia. 5. Casper Balslev_ Fotógrafo dinamarquês que gosta de café passado e caça. www.casperbalslev.com 6.Tony Aiex_ um cara que tem mais discos que amigos. 7. Alex Corrêa_ Carioca, mas gosta mesmo é de São Paulo e acredita na genialidade do Kasabian até o fim. 8. Eduardo Guspe_ Membro fundador do Núcleo Urbanóide, ultimamente se dedica a produzir DONUTS. 9. Gustavo Telles_ Músico, multi-instrumentista. Integrante da Pata de Elefante e figura central de Gustavo Telles & Os Escolhidos 10. Daniel Sanes_ Jornalista por formação, lunático por opção e roqueiro de nascimento. Um dos editores de música do site www.nonada.com.br. 11. Felipe Neves_ Fotógrafo e baterista. Ultimamento se viciou em fotografia analógica. Seus trabalhos: www.flickr.com/felipeneves 12. Fernando Halal_ Jornalista malemolente, fotógrafo de técnica zero e cinéfilo dodói, não morre sem ver um show do Neil Young . www.flickr.com/fernandohalal 13. Fernando Schlaepfer_ Designer por formação, ilustrador por aptidão, D.J. por diversão e fotógrafo por paixão 14. Nícolas Gambin_ Jornalista freela. Aprecia tocar The Meters com amigos nas horas vagas. 15. Gabriela MO_ Jornalista e fotógrafa de menos de 1/4 de século, sonha em um dia largar tudo e viver da arte. 16. Guilherme Krolow Arduin_Designer por formação, ilustrador em tempo livre. Gosta de Rage Against The Machine, Tipografia, Moda e Cerveja. 17. Mayra Maldjian_ Jornalista paulistana, gasta o que não pode com vinil e bota um soul Na Mantega. www.namantega.tumblr.com/ 18. Dj Anderson_ Dj de black music e da banda Ultramen. Comanda o selo independente Nego Preto. www.myspace.com/negopreto 19. Francesca Sara Cauli_ Italiana, fotógrafa e (NR) possivelmente uma gata.

Os anúncios e os textos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.. Revista NOIZE - Alguns Diretos Reservados

• EXPEDIENTE #44 // ANO 5 // JUNHO ‘11_


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REVISTA NOIZE. TUMBLR. COM 8

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_foto: PABLO VAZ flickr.com/photos/pablovaz


NOME_ David Gonzalez PROFISSÃO_ Skatista UM DISCO_ Slayer | Show no Mercy

“Sem música eu não consigo andar de skate. Antes de sair pra session, o som precisa estar estourando, é a minha deixa. Quando você está em cima do skate e o som começa a rolar você fica empolgado. Rock ‘n’ roll, heavy metal, o que for bom. Eu toco guitarra há dois anos e meio, mas toco sozinho mesmo. Sempre levo comigo nas tours, é assim que aprendi a tocar. Levo minha guitarra, fico no quarto do hotel, tocando, e vou andar de skate no dia seguinte. É demais!”


@criolomc, @Kamau_ e @emicida de Hip Hop Universitário! É tão genial q só pode vir de... universitários!.” Daniel Ganjaman, integrante do Instituto | soltando elogios em seu twitter

grupo com sua formação original após 15 anos

“Haters agora chamam artistas como

Mark Webber, guitarrista do Pulp l ao comentar a celebrada reunião do

Liam Gallagher, vocalista do Beady Eye | descascando o Glastonbury Festival

“ Pior que alguém fazendo uma versão ruim de sua música é alguém assassinando sua própria música anos mais tarde. A gente espera não cair nessa armadilha.”

“E agora é tipo a Bond Street com lama, com um monte de celebridades perambulando em suas botas e guarda-chuvas. Eu não engulo essa.”

“Eu estou considerando. Não há nada realmente me prendendo. Eu apenas não sei se quero estar com aqueles caras. Eles são uns babacas. Eles são loucos.” Brian Wilson | ao avaliar a possibilidade de os Beach Boys voltarem aos palcos

“É A P**** DO TWIT- “Eu odeio o vídeo da miTER, NÃO O ALTAR! nha colaboração com a FIQUEM CALMOS.” Beyonce, ‘Telephone’.” Rihanna I em resposta aos fãs que a criticaram por seguir Lady Gaga l vendo o que outros olhos veem há tempo o ex (e espancador) Chris Brown no microblog


“Primeiro era tipo uma piada, e então se tornou uma espécie de desafio.” Eddie Vedder, vocalista do Pearl Jam | sobre Ukelele Songs, seu novo disco solo

“O Alice é o vilão. Eu sou o cara mau no palco, o Darth Vader, o Hannibal Lecter, o sujeito que todo mundo quer ver morto no final. Mas o Vincent é um cara na boa, que não bebe e acha que o rock é pura diversão.” Alice Cooper l revelando seu verdadeiro ‘eu’ (Vincent Furnier) em turnê no Brasil

Eu tentei uma vez, quando era mais novo, mas eu realmente não curti.” Steve Tyler | vocalista do Aerosmith I vocalista da banda soltando notícias sobre um novo disco do Green Day em seu twitter

documentário em que o ex-presidente defende a descriminalização das drogas

Fernando Henrique Cardoso | durante o lançamento de Quebrando o Tabu,

“Eu fiquei oito anos no poder e confesso que não sabia muito sobre o tema. Fui aprendendo com o tempo.”

“Mick Jagger é minha esposa. Só que a gente não pode se divorciar.” K e i t h R i cha r ds | guitarrista dos Rolling Stones

é coisa pra mim.

Billie Joe Armstrong,

Alice Cooper | revelando o que toca no seu iPod

“O Sexo gay não

“Ok, aqui vai um furo jornalístico. O Green Day tem ensaiado novas músicas todos os dias. Há uma tonelada de novas músicas.”

“Wasting Light é o melhor disco que ouvi este ano, não sai do meu iPod. Dave Grohl sabe das coisas. Também acompanho tudo o que Jack White faz. Seria umA grande honra trabalhar com ele, quem sabe pinta alguma produção conjunta no futuro.”

noize.com.br

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Rafa Rocha

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__Para o alto e avante | Some 4+4 e temos 8. O número que representa o infinito em pé, te encarando com despeito e destemor. Que só assim é possível alargar universos particulares. Este mês, inspirados pelo infinito rodamos o dial. Temos Karina Bhur, Emicida, Criolo, Bob Dylan, Cut Copy,Arctic Monkeys e Teenage Fanclub. Tudo feito com a participação de pessoas que, de uma maneira ou de outra – sempre particular e instransferível -, tiram o melhor som do seu instrumento. Jornalistas, fotógrafos, fãs, músicos.A Noize é feita por um tipo de gente que utiliza a frase “ligar a tomada, abrir a janela, escancarar a porta” * todos os dias. Para acordar ou produzir o material que todo mês entregamos a você.Tanto faz. O que interessa é diariamente estar disposto a ouvir mais do que se vê. Porque só o que está ao nosso alcance é pouco demais. Bem vindo a melhor Noize de junho de 2011 que se terá notícia. Hasta. Cristiane Lisbôa

p.s: este mês, Fernando Corrêa, bravo e valente repórter que por muito tempo capitaneou os textos da revista Noize, vai para águas além mar. Mas vai com nosso desejo de sorte, estórias e encontros catalisadores. Boa sorte, nandoco. E como diria meu avô João Bigode: segue o baile que o gaiteiro tá pago. . * Trecho de “Olhos de lince” poema/ música de Jards Macalé e Waly Salomão.


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_ouVINDO Com Truise - Cyanide Sisters Hunx and His Punx - Too Young to be in Love Is Tropical - The Greeks Arctic Monkeys - Suck it and See Tahiti80 - The past,The Present & The Possible

__Somos pessoas por trás destas páginas. Circulamos no meio da música e a música circula em nós. Aqui, agora, vamos sempre usar para dizer do que particularmente nos encanta/espanta e vira assunto na redação nos dias de trabalho, corres e risos que antecedem cada Noize que cai na sua mão. __CONEXÃO VIVO BH | Anualmente, o Conexão Vivo pega emprestado o Parque Municipal de BH para encontros, pão de queijo, Caldo do Amor e pastel de angu. Mas é de música que se faz este festival. Estivemos lá durante todos as noites da edição de 2011 para uma cobertura ao vivo no noize.com.br Abaixo, nossos melhores momento. Conexão Vivo/Divulgação

Conexão Vivo/Divulgação

__Jards Macalé benzeu o show do Graveola e o Lixo Polifônico com clássicos do seu repertório, como “Revendo Amigos” e “Let’s Play That”. Não dava para saber quem estava mais emocionado: público, banda ou o próprio Macalé.

__Amado Jeneci. O paulistano reafirmou o posto de

“queridinho do Brasil” ao fazer uma apresentação que mais pareceu uma aula de canto – em que o professor só precisa dar a primeira nota e os alunos se encarregam do resto. Conexão Vivo/Divulgação

Conexão Vivo/Divulgação

__Os falsetes precisos de Tulipa Ruiz fazem cócegas nos corações mais sisudos. Mas foram cada uma das centenas de vozes cantando em uníssono “Só sei dançar com você” as estrelas do show – tanto que Tulipa não se deteve em passar o microfone pra galera

__Hardkarina Buhr. O show visceral da garota está para

a “nova mpb” como os Stooges estavam para o cenário nova-iorquino de sua época. Em um macacão lantejoulado, voou alto também nas músicas novas, que se não são punk rock, são bem mais que isso.


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__MAGNÂNIMO PUYEHUE | Este é o nome do velho adormecido que, ao acordar, deixou a América do Sul em parafusos. As cinzas do vulcão chileno que entrou em erupção no início de junho tomaram conta do céu, fecharam aeroportos, atrasaram voos, cancelaram shows e confundiram a vida de muita gente. A banda australiana Cut Copy ficou presa em Buenos Aires e não pode cumprir a agenda de shows nem em São Paulo, nem no Rio de Janeiro. A apresentação no HSBC Arena, em SP, será remarcada, mas os cariocas ficarão sem Cut nem Copy. Até a metade de junho, as cinzas do Puyehue ainda “causavam”. Falava-se até em cancelar partidas da Copa Libertadores da América. Acompanharemos.

Dries Vandevyvere

Rafa Rocha

__URBAN MUSIC FESTIVAL | O Urban Music Festival tomou conta do Anhembi no domingo, 29, e fez bonito para compensar o desfalque do furão Cee-Lo Green. O primeiro momento arrebatador do festival aconteceu sob comando da lenda dance Tecnotronic. O clássico “Pump up the Jam” causou reações adversas naqueles pouco afeitos ao bailado, mas não seria o único revival da noite. Emicida levou o apoio da super-banda Instituto e as participações de Fabiana Cozza, Criolo e Rael da Rima. O rapper-revelação e sua crew ensaiaram trechos de Sabotage,Thaide & Dj Hum e Racionais MC’s que – disparados em sequência no meio do show – arrancaram urros de felicidade. Nem só os saudosistas se rendem à nostalgia. Aguardados como a grande atração internacional da noite, John Legend e The Roots subiram ao palco com bastante pontualidade e começaram o show tocando “Hard Times”, música de abertura, também, do disco em conjunto de Legend e Roots, Wake Up. Pausa para transe coletivo. Por fim, o grande não-momento da noite vai para… Ja Rule! Depois de alegar “problemas no hotel”, ser transferido para o último horário e ainda assim chegar mais de uma hora atrasado, o cara não quis tocar para os 200 guerreiros que resistiram no Anhembi. Se tivesse rolado, o show seria um de seus últimos, já que no dia 8 de junho, Rule foi condenado a dois anos de cadeia por posse ilegal de arma.

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Ă€ venda na Cartel011, Rua Arthur de Azevedo, 517 - Pinehiros, SP.


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Kanye West | Monster

#FFYR REVISITED _Há quem diga que é a primeira música do Kanye West a sair melhor que o clipe. Há quem diga que o vídeo macabro é uma obra de arte audiovisual. Há quem não diga nada. Fato é: com Jake Nava por trás das câmeras, são seis minutos de modelos penduradas no teto, Kanye mandando rimas enquanto segura a cabeça de uma delas e Jay Z ao lado de uma mulher seminua e necrosada. Tags: kanye west monster

L.O.V.E. Banana João Brasil e Lovefoxxx _ A galera do Hardcuore já tinha mostrado talento para stopmotions cheios de cores tropicais. Com a música do novo projeto de J. B. e Lovefoxxx, as cores ganham sons correspondentes, e a direção de arte, sua devida trilha sonora. Tags: lovebanana lovefoxxx

@mindyjenks I’m pretty sure @kanyewest’s new video, #Monster, could give me nightmares. @valmor_pedretti Che, e esse clipe do Kanye West pra “Monster”? Bã, como se a música já não fosse boa o bastante! #darktwistedfantasy @4qq que fique claro que so estou vendo o clipe novo do Kanye West por causa da Nicki Minaj #FORAKanye @pdrvianna Esse novo clipe do Kanye West e tão macabro, senhor. @LauraLaRue Anybody know what #monster by @kanyewest is about.

#GARAGE TOUR @HugoBrain Lambada + bundas + bom humor. http://bit.ly/iHQcsc

@FelipeGladiador Essa música da Lovefoxxx com o João Brasil é tão tão tão legal. Não consigo parar de ouvir.Tá no Top 5 vícios do momento.

TIMELINE Destricted, longa sobre um assunto que todo mundo gosta: a interpretação poética de vários artistas para o bom e velho vuco-vuco. http://bit.ly/destricted

Inspirados pela NOIZE #43, convidamos vários músicos a cantarem suas preferidas do Rei Roberto. O resultado você vê e ouve aqui: http://bit.ly/robertos

O AGORA / ÁGORA é um projeto muito bacana de arte e ativismo que estamos apoiando. A expo virtual e o Fluxo de Ideias valem a visita! www.agora.art.br

Sobre por que 1976 foi o pior ano na história da música pop britânica, tendo como base os anais do programa Top Of The Pops, da BBC. http://bit.ly/sad70s


“Bob Dylan é um fdp miserável” “Bob Dylan is a miserable cunt!”

Tom Zé |

#ÁUDIO

Petites Planètes

_Tom Zé e José Domingos são os primeiros brazucas a saírem na série Petites Planètes, nova investida de Vincent Moon, criador do La Blogotheque. Agora, em vez de apenas um vídeo de sua autoria, uma coleção de peças multimídia – incluindo o vídeo.

Gil Scott-Heron | We are new here Gil Scott-Heron se foi. Cabe relembrar o trabalho do cara com outro empenho de Jamie XX, o álbum We’re new here, lançado em fevereiro.Trata-se de um remix de todo último disco de Heron, I’m New Here.

http://www.petitesplanetes.cc

http://bit.ly/giljamie

Kaiser Chiefs | Little Shocks _Depois da pouca repercussão de Off With Their Heads, o Kaiser Chiefs está de volta, um passo adiante da energia punk que conduziu o último disco. “Little Shocks” é mais eletrônica e sombria. Um passo natural? Tags: kaiser chiefs little shocks

Adele | Rolling in the Deep Jamie XX remix Jamie XX mandou sua versão para a música que cravou Adele no topo de rankings ao redor do mundo. “Rolling In The Deep” ganhou frescor. http://bit.ly/adelejamie

Guizado e Júpiter Maçã | Dia de Cão Guizado e Júpiter se juntaram para algumas poucas apresentações e compuseram juntos esta canção que carrega muito das melodias do gaúcho. Ficou bem bacana. http://bit.ly/diadecao

80’s Friendly Fires _Tá a fim de se sentir em uma rave da década de 1980? O Friendly Fires fez uma versão alternativa para o clipe de “Live Those Days Tonight” que mais ou menos cumpre o papel de teletransporte.

Weezer | Paranoid Android Weezer deu uma roupagem quase idêntica à original. Mas as diferenças entre as bandas de Rivers Cuomo e Thom Yorke bastam para tornar este cover um mashup sob medida para quem gosta mais de Cuomo do que de Yorke. http://bit.ly/pelicotenta

Tags: friendly fires rave montage

@REVISTANOIZE Também no clima de superação do luto pela morte de Gil Scott-Heron, o hypebeast resgatou este bom documentário da BBC sobre o mestre: http://bit.ly/docdogil

Um museu de Los Angeles está com uma super mostra sobre o mestre da fantasia cinematográfica Tim Burton. Rola uma espiada virtual: http://bit.ly/timmostra

Entrevistamos dois ícones do punk rock: Marky Ramone e Glen Matlock. Confere os papos no http://bit.ly/ramonepistol

Porque transpiração não é tudo dessa vida, certo? Então, eis um site repleto de vídeos e imagens para inspirar. www.theinspiration.com/

Divulgaçnao

_Liam Gallagher, ex-Oasis atual Beady Eye.

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_Por Lalai e Ola Person

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MAS DEVERIa_

Divulgação

WAXDOLLS Origem:

Bélgica Som:

A dupla Lieven, produtor musical, e Wim, sexologista, faz um electropunk despudorado, bem feito e dançante. Eles são de Ghent, na Bélgica. Lançaram o 1º álbum em 2009, High Speed Killer Ride, mas têm chamando a atenção é com o novo single Dingeling King. O clipe, uma orgia não só musical, mas sexual, foi removido pelo Youtube logo após sua publicação. A música contagia e funciona bem nas pistas. Escute:

waxdolls.be

charles bradley MARKLION Origem:

França Som:

Depois de 10 anos explorando do 8-bit ao electro na banda Dat Politics,Vincent Therion tem um novo projeto chamado Mark Lion. O som é cabeçudo, mas sem ser cansativo. Produções bem feitas, passando pelo synth-pop e o grunge.Tem apenas um EP, YOU, EP e diz que tem outro saindo do forno. A música que me derreteu foi “Bridge to a Small Head”. Seu live surpreende, tocando só produções próprias e pouco conhecidas. Escute:

myspace.com/marklionmusic

A edição de maio da revista SXSW tem o Charles Bradley na capa. Na hora que vi, fui tomada pela mesma emoção que o show dele me proporcionou. Charles Bradley entrou no palco vestindo um paletó dourado com pinta de James Brown, de quem ele se apropria dos trejeitos fazendo um show memorável com a banda Menahan Street Band. Ele levou todos ao delírio com suas músicas cheias de grooves irresistíveis, gritos, rebolados, e cantando com a alma. O ponto alto foi sua versão de “Heart of Gold”, do Neil Young, que arrancou gritos da plateia ensandecida. O amor de Bradley pela música surgiu em um show do James Brown, em 62. Depois disso começou a imitá-lo,

chegando a fazer covers em bares. Trabalhou por mais de 20 anos como chef e passou por muitos maus bocados durante a vida, até o dia em que se apresentou no Brooklyn e foi descoberto pelos caras da Daptone Records. Bateu na porta da casa do fundador, Gabe Roth, e iniciou uma parceria em que se descobriu, também, como compositor. Quem acha que já passou do tempo para realizar seu sonho, precisa ler a biografia de Bradley. É a prova de que nunca é tarde: aos 62 anos de idade, ele lançou seu primeiro disco. No Time for Dreaming é sua vida cantada em 12 canções, traduzindo literalmente a palavra “soul” com melodias sublimes. Charles Bradley é a Sharon Jones de calças. http://thecharlesbradley.com



_Por Lalai e Ola Person

022\\

MAS DEVERIa_

Divulgação

ALICE IN VIDEOLAND Origem:

Suécia Som:

Alice in Videoland é uma banda sueca, formada em 2002, que se auto-intitula a melhor banda de electropunk do mundo. Se são os melhores, não sabemos, mas electropunk é o que melhor os define. As músicas são enérgicas e empolgam desde a primeira nota, misturando sintetizadores pesados a uma pegada de synth pop anos 80 e uma atitude punk. Já lançaram 4 álbuns, sendo o último em 2010. Music for fun. Escute:

myspace.com/aliceinvideoland

the weeknd ED SHEERAN Origem:

Inglaterra Som:

Com 20 anos, já lançou 5 EPs e fez 600 shows. Uma das faixas do último EP ficou em 2º lugar no iTunes em menos de 24h após o lançamento. Elton John ligou pra dar parabéns pelo feito. Sheeran foi a um show aos 11 anos e voltou com a certeza de que queria ser músico. Para colocar o sonho em prática começou a aprender a tocar guitarra e não demorou a compor. O estilo do som é folk e há faixas com fortes influências de hip-hop e grime. Escute:

edsheeran.com

Quem achou que nada surgiria pós-The Xx, não ouviu House of Balloons, do The Weeknd, mixtape lançado em março desse ano e disponível para download gratuito. O mixtape foi produzido por Illangelo e Martin “Doc” McKinney, que são relativamente desconhecidos – McKinney fez uma faixa junto com Goodie Mob, para o filme Slam. The Weeknd é Abel Tesfaye, de Toronto, mesma cidade de Drake, o que facilitou uma faixa em colaboração entre os dois, “Birthday Suit”.Tal parceria fez com que The Weeknd se espalhasse rapidamente pelo mundo, deixando muita gente boquiaberta. Sua música é etérea, com referências pós-dubstep, trazendo a mesma atmosfera noturna de Burial e The Xx.

Combine a isso um vocal R&B, que gruda como se fosse pop, e você tem The Weeknd, com certeza um dos melhores projetos de 2011. As letras falam sobre drogas e sexo, nada novo em R&B, mas é essa atmosfera etérea que envolve as músicas a grande sacada do projeto. Apesar de House of Balloons ter sido lançado como mixtape, ele é praticamente um álbum. As músicas também estão todas disponíveis no Youtube, cada uma com uma capa diferente, tendo a música sempre em foco. House of Balloons é o primeiro mixtape de uma trilogia. O segundo será lançado em breve,Thursday, e o outro, Echoes of Silence, sai por aqui na nossa primavera.Vemos bastante futuro. http://the-weeknd.com/



024\\

1.

PASTORIL

2.

Walter França

“As meninas fazem coreografia...”

“Um grande músico, mestre do maracatu Estrela Brilhante. Com ele comecei a tocar tambor de verdade.” 3.

ROGER

“Roger tinha a Soparia em Recife, nosso melhor lugar pra tocar e farrear durante anos. Hoje tem O Som da Rural e muito, muito mais! E ainda é gato.”

4.

SEX PISTOLS

“Sex Pistols”

1. A cada virada de ano o nordeste é tomado por grupos de pastoril. É folguedo popular dramático, são cordões com diversos personagens que cantam e tocam maracá. 2. Mestre Walter França é um dos maiores responsáveis pela difusão do Maracatu de Baque Virado, um dos mais antigos do Carnaval do Recife. Já aos 4 anos acompanhava o pai Zacarias na tradicional escola Gigantes do Samba. 3. Roger de Renor é o “Cadê Rogê? Cadê Rogê? Cadê Rogê, Ô?” cantado por Chico Science em “Macô”. É figura emblemática na cena cultural de Recife.


POR KARINA BUHR

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_Karina Buhr é cantora, e percussionista. Nasceu em Salvador, se jogou para Recife oito anos mais tarde. Por lá, respirou Chico Science, Nação Zumbi, mergulhou no maracatu. Em Eu Menti pra Você, seu debut solo, mostra o resultado de tudo isso.

5.

“The Velvet Underground and Nico”

6.

Salustiano e Maracatu Piaba de Ouro

“O disco”

“Fui baiana do Piaba em 1994. Não cabe numa legenda se eu começar a falar.” 7.

ZÉ CELSO

“Fomos com Os Sertões pra Berlim, Quixeramobim e Canudos. Impossível resumir.Tô apenas tentando.”

8.

ELKE MARAVILHA

“Ela é minha musa primeira! E só quando cantei com ela na Caixa Preta, de Itamar Assumpção, é que me toquei disso.”

6. O Maracatu Piaba de Ouro é um dos mais famosos maracatus de Pernambuco. Foi fundado pelo saudoso Mestre Salustiano, ator, músico e uma autoridade em cultura popular pernambucana. 7. Zé Celso é uma entidade do teatro brasileiro. Adaptou e dirigiu Os Sertões, liderou o Teatro Oficina e coleciona obras ao lado de nomes que vão de Augusto Boal a Fernanda Montenegro e Chico Buarque. 8. Elke Maravilha é anarquista, como ela mesmo afirma. Já foi modelo, manequim, atriz e jurada de Chacrinha e Silvio Santos. Elke é universal.


_ por Gaía Passarelli

026\\

COLUNISTAS Alan - flickr.com/algreen/

GO_

INDIE Depois do sucesso do Pitchfork Festival, outro site de música se arrisca na produção de seu festival. É o Gorilla vs Bear, que acontece em julho em Dallas. O lineup tem White Denim, Grimes e outros (ainda) menos conhecidos. Aqui: http://goo.gl/kumwb

__Verão no hemisfério de cima é pra quem pode, essa é a hora de organizar a agenda para pegar os festivais de junho a agosto. Não faltam bons sites e guias dedicados apenas a isso, como o Pitchfork Media (http://goo.gl/myt3H)

mas as dicas desta coluna que vos fala já estão aqui. Nos EUA logo mais tem o Lollapalooza, começo de agosto. O lineup é gigante e tem alguns nomes comuns a vários festivais de 2011 pelo mundo como Foo Fighters, Girl Talk e Kid Cudi. Do outro lado do país bandas como Little Dragon, Foster the People e a Sia participam do Out-

side Lands, com vista para a Golden Gate em São Francisco. Mas é no Reino Unido que a parada pega fogo, com uma lista impossível de festivais e destaque para os gigantes Reading, Leeds e Glastonbury. Todos sold out. Então atenção para os menores que tem ingressos à venda como o londrino Field Day que foca em música eletrônica e tem Tenskane e Rapture, e o gigantesco Oxegen, com todo mundo que você pode imaginar do pop/rock, de Bead Eye a Glasvegas. Na Espanha ainda dá tempo de pegar o Benicàssin, que tem Strokes, Big Audio Dynamite e o Primal Scream

tocando Screamadelica na íntegra. Barato, bacana e menos manjado é o roteiro de shows da Croácia numa busca rápida surgem nomes como Electric Elephant e Stop Making Sense. Já o Canadá dois festivais elogiados, o Osheaga e o Pop Montreal, sem contar o cabeçudo Mutek (veja box ao lado). Não vai rolar viajar? Tranquilo - o cliché do “Brasil entrou na rota dos shows internacionais” reflete a realidade e veremos muitas confirmações bacanas por aqui em breve. Mas, infelizmente, quase tudo com “área VIP” na frente do palco e ingressos a preços abusivos. Desculpa, mas é.

VANGUARDISTA O canadense Mutek, que rolou no comecinho de junho, reuniu nomes como Floating Points, Siriusmo, Gold Panda e Four Tet. É celebrado como meca da música vanguardista e já teve a presença dos brasileiros Nego Moçambique e Gui Boratto.

CANARINHO Até o fechamento desta edicão, Strokes,Vaccines,Toro y Moi confirmados para o Planeta Terra. E SWU e Rock in Rio.Também existe a sugestão de edição em solo nacional do Sónar em 2012, pela mesma produtora do RnR. A ver.



028\\

BLOGS

Em 14 de Junho o Tenho Mais Discos Que Amigos! COMPLETA 2 anos de vida e para comemorar fez uma lista dos melhores discos lançados nesse período. Que tal?

__Foo Fighters Wasting Light l Os Foos voltaram com seu melhor trabalho desde The Colour And The Shape. Provavelmente o melhor disco de 2011. __The Black Keys Brothers l Guitarra e bateria e não é o White Stripes. Misturando garage rock e blues a dupla que lançou “Brothers” foi celebrada por fazer rock como há muito tempo não se ouvia. __Arcade Fire The Suburbs l A banda canadense definitivamente foi a mais falada de 2010, e não à toa, já que teve seu disco elogiado por 9 entre cada 10 jornalistas de música e atingiu a consagração maior ao levar o Grammy de Álbum do Ano. Merecidíssimo. __Against Me! White Crosses l Folk e punk em doses perfeitas fazem do Against Me! uma das bandas mais interessantes da atualidade, e desse um dos melhores discos dos últimos anos. __Social Distortion Hard Times And Nursery Rhymest l O Social Distortion deixou de ser uma banda punk para ser uma entidade do rock’n’roll americano. O disco traz riffs e solos inesquecíveis e elementos como vocais femininos até então pouco utilizados pela banda. Discão!

__Deftones Diamond Eyes l Em meio à tragédia que deixa o baixista da banda em coma desde 2008, o Deftones compôs o melhor disco de sua carreira e mostrou em forma de 11 faixas que sabe misturar melodia e peso como ninguém no mundo. __The XX XX l O disco do XX saiu em 2009 e figurou na parte de cima da maioria das listas da época.Totalmente merecido, já que “XX” traz indie rock dos mais bonitos somado a sons dos anos 80 sem exageros e cópias sem graça. __ The Gaslight Anthem American Slang l Sete anos se passaram e Mike Ness e companhia estão de volta com um disco de rock completo, recheado de riffs, vocais femininos e belas histórias pra contar. __ Muse The Resistance l Com esse disco e seus shows, o Muse se transformou em uma das banda gigante, levando prêmios e tocando em eventos dos mais importantes, como as apresentações do U2 no Brasil. __Mumford & Sons Sigh No More l Os queridinhos do folk emplacaram uma série de hits em seu disco de estreia e encantaram o mundo com seus sons e performances acompanhadas de instrumentos tradicionais.



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BLOGS I Hate Flash

__ FESTIVAL FORA DO EIXO l Em junho rola mais uma edição do Festival Fora do Eixo, que esse ano desembarca nas capitais de quatro estados, nas seguintes datas: em São Paulo de 21 a 26, Goiânia dia 25, Minas Gerais de 9 a 18 e Rio de Janeiro de 17 a 25, sendo realizado também em Niterói e Nova Friburgo. Em São Paulo o festival deverá acontecer em etapas, sendo esta primeira dedicada às artes cênicas, à etapa de julho às artes integradas e em agosto a etapa musical. O Festival visa valorizar projetos de centenas de artistas de diferentes regiões do país, reunindo-os nos grandes eixos culturais para apresentar ao público as novidades do cenário cultural atual, onde também serão realizados observatórios para debate sobre a cena cultural contemporânea. Acompanhe tudo pelo site: festival.foradoeixo.org.br

Fora do Eixo

__ COLETÂNEA VIRTUAL FDE NORTE l O mais novo produto do Circuito Fora do Eixo é uma ação encabeçada pela regional Norte da rede. Trata-se da coletânea “Tu não te garante”, que reúne 14 faixas de bandas e autores da região indicados pelos coletivos que compõem a regional. Explorando sonoridades que vão do pop ao zouk, passando pelo experimental e o bom e velho rock ‘n’ roll, a ideia era mostrar, através da variedade de ritmos, a identidade musical da região. A seleção do material foi feita pelo guitarrista Léo Chermont do Casarão Cultural (PA) e pelo baixista Saddy Menescal do Coeltivo Palafita (AP). Segundo Chermont, já está prevista uma nova edição da coletânea para outubro deste ano: “Nessa próxima queremos prensar a mídia física também, e já estamos procurando captar recursos para custear o projeto”.

DIRETO AO PONTO Quando você vê vários artistas visuais em um ponto Fora do Eixo, ao redor de tintas, canetões e lambe-lambes, é provável que esteja acontecendo uma edição do Compacto.ARTE em sua cidade. A expressividade política e as imagens que tatuam as paredes da Casa FDE, em SP, por exemplo, é fruto deste projeto de intervenção artística que reune craques em graffiti, colagens, serigrafia, além de muito diálogo, tecnologia livre e a criatividade aclamada pelo improviso.

O Fora do Eixo, lançou no último mês o seu Banco de Trabalhos. A iniciativa une todos os estudos acadêmicos realizados dentro ou sobre a rede. A ideia é facilitar a divulgação desses estudos e ajudar àqueles que pretendem realizar um trabalho acadêmico sobre o Fora do Eixo, deixando a disposição de todos, o primeiro passo. Para quem já tem um projeto e quer compartilhar ou pesquisar sobre basta acessar aqui! http://migre.me/4CNOG



_Por Daniela Arrais donttouchmymoleskine.com

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Daniela Arrais, já pensando em esconder a idade, jornalista, nasceu em Recife, mora em São Paulo há quase cinco anos. Começou o Dont Touch há uns quatro anos e, de repente, viu que falava de amor quase o tempo todo, numa tentativa eterna de entender a montanha-russa do coração.

BLOGS

__ESTOU DISPONÍVEL PARA FALAR DE AMOR l Eu amo coincidências e amo a internet. Dia desses, recebo um email da Lorena Costa, contando que viaja por vários lugares carregando uma placa em que está escrito que ela se dispõe a falar sobre amor. Aproveitei pra perguntar um monte de coisas pra essa artista. “O trabalho nasceu dentro de prêmio de artes visuais promovido pelo Centro Cultural Usiminas. Recebi uma bolsa para desenvolver um trabalho ao longo de um ano. A ideia nasceu durante a pesquisa, em uma viagem pelo nordeste, onde eu vinha desenvolvendo tra-

balhos de aproximações, com lugares e pessoas desconhecidas. Sou formada em arquitetura, mas sempre vi mais os espaços como feitos de relações do que matéria (concreto e tijolo). Todos os meus trabalhos são do lugar das relações e afetos. Mas neste, em especial, anuncio a palavra amor. Viajando sozinha e tentando construir laços com os lugares por onde passava, a placa nasce estrategicamente com o objetivo de romper o percurso do transeunte, para sentar-se comigo, para falar de amor. Uma maneira de promover encontros de curta ou longa duração. Depois da placa vieram as camisas que foram enviadas pelos Correios

para diversas partes do mundo com a mesma frase, na língua nativa de cada pessoa que recebeu. E também um outdoor, na escala das vias e rodovias. Os registros são negociados com fotógrafos diferentes, de cada cidade. Profissionais que trabalham muitas vezes com turistas, lambe lambe 3×4, álbuns de 15 anos e festas de casamentos. Ouvi muitas histórias, ganhei chocolates para adoçar minha vida, livros de orações, números de telefone. Após o fim da exposição, o trabalho segue amadurecendo. Pretendo percorrer cidades do interior do Rio, São Paulo, Londres, Istanbul. Mas as rotas podem sofrer mudanças…”




www.edutattoo.com.br


__TEXTO TOMÁS BELLO

__FOTO DIVULGAÇÃO

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Apesar da estreia tupiniquim asfixiada por cinzas vulcânicas, o quarteto australiano se mantém firme em sua missão: chacoalhar esqueletos com “pequenos frames do mundo”.

Era manhã de uma sexta-feira. No calendário, a nova página que acabara de virar estampava 10 de junho de 2011. Nos principais jornais do país, a mesma manchete: “Cinzas de vulcão fecham aeroportos do sul do Brasil”. Em princípio, a frase não deveria chamar a atenção de quatro australianos que respondem por Cut Copy, que visitam os 80’s para retornar aos anos 2000 com um synthpop delicioso, de chacoalhar o esqueleto de rockers e ravers sem distinção alguma. Mas a frase saltou aos olhos. Dan Whitford, Tim Hoey, Mitchell Scott e Ben Brownning estavam em Buenos Aires, haviam se apresentado por lá dias antes. E de lá não conseguiam sair. Seu destino seria a ponte aérea Rio-São Paulo. O passeio por terras tupiniquins não estava agendado à toa – serviria para coroar a tour de Zonoscope+1, o terceiro e mais recente álbum do grupo. “Uma realização essencialmente conceitual”, garante o baixista Ben. Mesmo assim, um disco que bateu na 2ª posição do ranking dance/eletrônico da Billboard+2. Ou seja, um conceito de sucesso, talvez. Uma pena que exista o chileno Puyehue, vulcão que deve detestar boa música - afinal, ao espalhar suas cinzas pelo sul da América impediu o quarteto de dar um abraço no Cristo e beber uma cerveja gelada nos botecos da Augusta. Os shows no Brasil não aconte-

ceram, ficam prometidos pra próxima temporada de inverno sem nuvens vulcânicas. A Noize, porém, não precisou ficar atenta a precipitação de cinzas pra bater um papo com Ben. Sol, praia e as famosas ondas australianas? Ficam de fora da conversa. O mundo Cut Copy gira em torno de sintetizadores, samples, teclados e atmosferas sombrias. Como se Manchester de repente acordasse não com sua centena de indústrias, mas sim com um mar azul. Um mar repleto de ondas. Ondas que para Dan, Tim, Mitchell e Ben significam músicas ganhando vida em uma tela de computador. O Cut Copy é uma banda que vem de Melbourne, na Austrália. É um país famoso por suas praias, surf, sol e calor. Onde entra o electro do Cut Copy nesse verão? Bem, a Austrália é um país muito grande, e Melbourne é provavelmente uma das regiões onde mais faz frio. Quando gravamos o álbum Zonoscope era inverno, então definitivamente não havia sol, praia ou surf. Eu acho que essa é uma imagem popular da Austrália. Quer dizer, nós realmente temos um verão de muito calor e praias lindas, mas este álbum nós de fato fizemos durante o inverno, em um grande e velho depósito abandonado, muito longe da ideia de praia ou algo parecido.

[+1] O álbum chegou às prateleiras em fevereiro deste ano. Na capa, traz uma Nova Iorque engolfada por uma cascata - arte brilhante do japonês Tsunehisa Kimura. [+2] Fundada em 1894, a Billboard é uma revista norteamericana responsável por divulgar o ranking de álbuns e músicas mais vendidos a cada semana. Os grandes campeões? Elvis Presley e Mariah Carey.


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“Há uma relação entre como você toca as músicas ao vivo e a resposta que você tem do público. E isso afeta a maneira como pensamos e fazemos nossa música” Você diria que, ao lado de bandas como The Presets e Midnight Juggernauts+3, o Cut Copy tem pavimentado a estrada pra música feita em cima de samples e sintetizadores? Talvez vocês estejam fazendo os australianos abrirem seus ouvidos pra música eletrônica... Eu acho que sim. Parece ter havido sim um grande número de bandas baseadas em sintetizadores saindo da Austrália nos últimos 5 anos. Tem também o Miami Horror, tem essa nova banda que logo mais está lançando disco, o Art vs. Science+4. O que eu acho é que a cena electro na Austrália estava mesmo no topo há uns 3 ou 4 anos. Agora talvez não esteja mais tão em alta assim. O que faz com que grupos como o Cut Copy, o The Presets+5 e esses outros saiam e influenciem um público ainda maior mundo afora. O Cut Copy começou como um projeto solo do Dan+6, certo? É, foi por aí sim. Uma espécie de banda de um homem só, dentro de um quarto. Algo assim.

[+3 Trio também de Melbourne que escreve músicas como se estivesse compondo trilhas cósmicas para filmes psicodélicos. [+4] The Experiment é o álbum de estreia desse trio australiano que já saiu em tour com gente como La Roux e Groove Armada.

E assim foi gravado o primeiro disco, com Dan escrevendo e produzindo todas as músicas. Mas então veio você, o Mitchell, o Tim e o Cut Copy acabou evoluindo pra uma formação mais tradicional. Como funciona hoje, mudou a forma de vocês escreverem um álbum? Muito ainda vem do Dan, em termos de composição principalmente. Mas nós definitivamente contribuímos e trabalhamos como uma banda quando estamos no estúdio. As ideias e opiniões vêm de todos os lados. Eu acho que nós ficamos em algum lugar no meio disso,

de um cara em um quarto e de uma banda tradicional. Não acho que seja exatamente um ou outro. Nunca nos consideramos algo como “uma banda de rock tradicional”. E como é esse Cut Copy em estúdio? Quando fazemos um álbum brincamos muito, não temos algo do tipo ‘eu toco baixo’ ou ‘eu toco guitarra’ e tenho que estar com esses instrumentos e esses precisam estar em todas as músicas. A gente trata cada música como se ela tivesse vida própria, algo que pode virar algo em torno de si mesmo. É uma espécie de território livre, então? Sim, sem dúvida! O estúdio é um lugar onde você pode tentar de tudo, jogar ideias, fazer música da maneira que você acredita que ela deva ser feita. É um lugar onde você pode levar a produção até onde você consegue, fazer o que você acha que precisa para deixar a música interessante, sem ficar restrito ao fato de ser ou não uma banda, ou até mesmo ao fato de ter que apresentar aquilo ao vivo mais tarde. Mas essa música pode virar algo em torno de si mesmo como também beber em outras fontes? Porque o Cut Copy é geralmente incluído na onda “revival 80’s/pós-punk”, o que significa reiventar algo que já foi feito. Além disso, lança seus álbuns pelo Modular Records, mesmo selo que assina lançamentos de Klaxons, MSTRKRFT e Chromeo, outros nomes que passeiam bastante por décadas passadas. É o que resta na música, reiventar?


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Eu acho que a música ainda evolui, muda a cada dia.Talvez de maneira um pouco mais sutil atualmente. Nós sempre tentamos criar algo novo com nossa música, da forma que podemos. Somos definitivamente influenciados por música de outros tempos, ouvimos muitos álbuns antigos, das décadas de 60, 70 e 80, assim como música de hoje. Por outro lado, o que sempre tentamos fazer é acrescentar novos elementos em nossas músicas. Mesmo se alguma música nos faz lembrar de algo dos 60, 70 ou 80, nós geralmente tentamos combinar aquilo com elementos de décadas diferentes, algo que nos possibilite criar um novo mundo. Você acha que esse novo mundo foi alcançado em Zonoscope? Eu acho que o que nós sempre queremos e procuramos fazer é: um álbum melhor do que o anterior. Um álbum diferente, pelo menos, que signifique uma progressão. Existe algum tipo de pressão nessa busca que, ao que parece, é constante na vida do Cut Copy? Pressão no sentido de o disco se dar bem nas paradas, quem sabe? Não penso que sentimos pressão por sucesso nas paradas. Creio que nunca sentimos. O tipo de pressão que sofremos vem de nós mesmos, no sentido de fazer algo que a gente possa se orgulhar de ter feito. Acho que se você faz um disco que agrade a você mesmo, que você goste de fazer e ouvir, as pessoas vão provavelmente agradecer. Elas vão gostar. Artistas passam meses e meses em estúdio, gravam um disco, tentam criar esse novo mundo, mergulham nele até cansar, avaliam sua criação e então chega o momento de levar tudo isso a pessoas que eles nem conhecem. Ou seja, é o momento em que o público avalia o que foi criado pelo artista. Parece ser um ciclo, interminável, e que não pode ser evitado. É este o sentido de fazer música? Hmm.. É uma questão complexa. Fazer um álbum é um momento isolado, uma experiência em que você entra

em sua própria cabeça, em que você tenta focar em todos os detalhes, nas micro partes de cada música. É o momento em que você tenta criar essa imagem que você tira de pequenos frames do mundo. E então quando você sai para tocar essas músicas ao vivo é algo completamente diferente. Você tenta encarnar essas músicas com as quais você tem uma espécie de relação física, busca aproximar o público daquilo que você está fazendo. Acaba se tornando uma nova etapa. É um ambiente totalmente diferente e, com sorte, essas músicas funcionam nesses dois ambientes. Algum segredo pra essa fórmula dar certo? Nós sempre tentamos fazer discos que sejam interessantes pras pessoas ouvirem em seus quartos, talvez ouvindo em seus headphones, mas também quando elas estão no carro, estão na pista de dança em um club ou mesmo num festival.Talvez seja esse o segredo. E você considera essas experiências e ambientes algo que vai e volta? Se o Cut Copy faz música para as pessoas, quando sai pra tocá-las ao vivo essas mesmas pessoas podem dar uma resposta de tal maneira a influenciar vocês em um próximo disco ou mesmo pro show seguinte... É, eu acho que.. Eu acho que você tem razão sim. Acho que a reação das pessoas em um show pode influenciar um próximo disco, mas acho que é algo que acontece de uma forma inconsciente. Porque nós sempre tentamos conceber nossos álbuns a partir de um ponto de vista artístico, conceitual. Nós sempre procuramos fazer músicas que funcionam umas com as outras, que possam fazer parte de um todo, como uma grande peça. O disco é uma realização essencialmente conceitual. Mas eu definitivamente penso que sim, que há uma relação entre como você toca as músicas ao vivo e a resposta que você tem do público, respostas diferentes para músicas diferentes, e isso afeta a maneira como pensamos e fazemos nossa música.

[+5] Duo de música eletrônica de Sidney. Na bagagem, dois álbuns e uma porrada de estatuetas do ARIA Awards (o “Grammy Australiano”). [+6] Dan Whitford é DJ, músico, produtor e designer. Fundou o Cut Copy em 2001, quando fazia gravações em seu próprio quarto. É a cabeça pensante por trás da banda.






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PRA QUEM DESACREDITOU DO MEU ROLÊ

_TEXTO MAYRA MALDJIAN

_FOTOS RAFA ROCHA

_AGRADECIMENTOS RAFAEL TUDESCO

(“Cerol” – Criolo)

Um frio desgraçado amargava a tarde daquele domingo em São Paulo. Foram horas e horas batendo o queixo, à espera do show do The Roots e do encontro caloroso que deu origem às linhas abaixo. Atração do Urban Music Festival, que rolou na Arena Anhembi no último 29 de maio, Emicida e seus convidados especiais, Criolo e Rael da Rima, nos receberiam no camarim para trocar uma ideia sobre o que os uniu na vida: o rap. No corredor que nos levava até eles, já se ouvia Emicida fazendo piada. Pela porta, um vai e vem frenético de instrumentistas, assessores, gente da música. Praticamente uma festa. Pudera, naquela noite, a trinca de MCs paulistanos dividiria o palco com Fabiana Cozza e o Instituto, banda que transformou os beats do repertório em arranjos de arrepiar o couro cabeludo. Lá dentro, circulavam os amigos Emicida, Criolo e Rael da Rima, rapazes da periferia que se criaram no rap na época em que os Racionais MCs mostravam ao Brasil um novo jeito de fazer poesia. Hoje, esses mesmos rapazes estão na linha de frente do grande momento que o hip-hop nacional está vivendo, o da emancipação. Depois de muita luta, o rap se livrou das amarras que o confinavam no quartinho escuro para

circular consistente e elegante sob os holofotes da cena musical brasileira. “O hip-hop mostrou que pode estar em qualquer lugar”, afirma DJ Dan Dan, 34, braço direito de Criolo nessa caminhada e um dos cabeças da Casa de Hip Hop de Diadema, grande reduto dessa cultura em São Paulo. Pra lá e pra cá, entre o palco e o camarim, Ganjaman (produziu trabalhos da Nação Zumbi e do Sabotage), o capitão do Instituto, e peça importante na “libertação” do rap - que já havia tomado rumo nas mãos de outros nomes importantes, como Rodrigo Brandão e Lurdez da Luz. Com o Instituto, Ganja promove show pelo Brasil em que o astro é um MC convidado – além de Kamau, o oficial do coletivo: BNegão, Flora Matos, Sombra, entre tantos outros. Não por acaso, Ganja também é um dos caras por trás de “Nó na Orelha”, primeiro disco de canções de Kleber Gomes, 35, o Criolo, que tem feito até marmanjo chorar. Um álbum visceral, que resume toda essa conquista de que falamos até agora. Uma das faixas, “Não Existe Amor em SP”, causou o maior alvoroço. Em três dias, 25 mil downloads do álbum foram feitos. Nos dois shows de lançamento, em junho, lotação máxima. “De tanto em tanto tem que


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surgir alguém pra dar uma chacoalhada geral em todo mundo”, comenta Marcelo Cabral, que também assina a produção do disco. Em 2009, São Paulo também foi cenário da ascensão de um outro rapper. Leandro Roque de Oliveira, 25. Com seus parceiros, Emicida andava pelas ruas com dezenas de CDs de fabricação caseira na mochila. Um mês depois, já tinham vendido três mil unidades, de mão em mão, por nada mais que R$ 5. Era “Pra Quem Já Mordeu um Cachorro por Comida, Até que Eu Cheguei Longe”, o primeiro trabalho do MC do Cachoeira, zona norte de São Paulo. Em abril deste ano, Emicida foi atração do Coachella, um dos maiores festivais de música dos EUA. Rael da Rima, que também foi para a Califórnia à convite de Emicida, volta em breve ao Canadá para tocar no Montreal Jazz Festival e no festival de verão de Quebec. Foi lá que ele lançou seu disco solo de estreia, MP3 – Música Popular Brasileira (2010). Uma bela produção que enlaça reggae, dub e jazz ao seu rap, tudo arranjado por ele e tocado por uma banda de sete músicos. Em uma conversa sobre passado, presente e futuro, ali mesmo, no camarim, Emicida, Criolo, Rael e DJ Dan Dan relembram o primeiro contato com as rimas, o momento em que seus caminhos se cruzaram, o papel de cada um na cena e o que vai ser do hip-hop daqui pra frente. O RAP ME ESCOLHEU (“Triunfo” – Emicida) Criolo / Eu moro no Grajaú desde 1982, antes de morar no Grajaú eu morei no Jardim das Imbuias. O rap veio pra mim quando eu tinha uns 12 anos de idade. Eu vi um colega fazendo uma rima, achei bonito e quis fazer rima também. Depois fui percebendo que várias outras pessoas faziam rima e tinha um pouco disso no rádio. Aí só depois fui saber que o nome disso era rap. Foi em 87, 88.

Emicida / Os primeiros rolês que eu fiz de rap mesmo foram na Galeria Olido, que era um lugar onde tocava rap, exclusivamente. Eu tinha uns 17, 18 anos. A gente colava lá para fazer freestyle porque tinha microfone aberto. Kamau que apresentava, e como um ícone da parada chamou quase todo mundo pra lá. Na época da Olido eu conheci todo mundo. Criolo eu conheci na Rinha+1. O Rael eu conheci pelo Pentágono. São artistas que influenciaram várias coisas dentro da minha música. Pra mim é muito especial poder juntar esses caras aqui. Caras que eu admiro e que também são amigos. Rael da Rima / Conheci o Emicida na Rinha também. E o Criolo é de longa data, ia com o Criolo nos campeonatos de rap, era moleque, comecei a colar com ele, começamos a fazer coisa junto. Quando fomos ver a gente já tava gravando. Criolo / Subi no palco a primeira vez em 89. [Tanto da nossa música quanto da Rinha dos MCs] a gente só procurou fazer o melhor que a gente podia dentro das nossas limitações. A Rinha hoje tem cinco anos de idade, graças a Deus. Eu comecei a cantar rap em 89, Dandan também tem uma baita de uma história, respeito ele demais, é um grande mestre pra mim. Dan Dan / A Rinha é uma consequência de uma história que a gente vem construindo. Estar desde 89 no hip-hop, vivenciando várias coisas que aconteceram, várias transformações, nos trouxeram um amadurecimento, e hoje a gente consegue lidar com as coisas de uma forma mais adulta. A Rinha abriu uma porta que estava faltando para a gente e para todos que estão aqui. Pentágono, Emicida, Projota, Flora Matos. Foi essa vitrine para que essas pessoas pudessem mostrar os seus trabalhos. Emicida / Eu gosto da beleza do baile, mas sempre fui lá fazer freestyle e não pra tirar uma onda. Sou meio nerdão, gosto de ler, de ir ao cinema, ao teatro.

[+1] Em noite de Rinha dos MCs, a plateia também sai de casa com o gogó afiado. Afinal, fica feio não responder à tradicional pergunta feita ao longo da batalha de improviso: “Aqui só um canta de galo, o resto é?!” E a galera responde: “frango!”. Criada em 2006 por Criolo Doido e DJ Dan Dan, a Rinha é uma das festas mais tradicionais de rap de São Paulo. Além do freestyle, também abre espaço para shows de novos MCs e DJs do hip-hop nacional. Confira esses vídeos da Rinha. Criolo e Emicida em grandes momentos:


ENTRE O SUCESSO E A LAMA (“Negro Drama” – Racionais MCs) Criolo / Deus tá presenteando a gente de ver esses meninos tão talentosos e tantos outros que a gente vê tantos dias em vários estados do Brasil que a gente visita. A gente vê tantos talentos. É prova de que o rap e o hip-hop têm trazido coisas positivas para o nosso país, entendeu? Não tem mais como abafar, como dizer que o rap não é forte e que nós estamos equivocados. Dan Dan / Hoje o hip-hop brasileiro saiu da fase da adolescência e está mais adulto. Não é tão simples fazer hip-hop. Hoje você vê DJs tocando em bandas

que não sejam de hip-hop exclusivamente. Hoje o grafite está nas grandes galerias. Hoje os MCs cantam em qualquer tipo de banda. Seja de samba, de rock. Qualquer cara que canta sua mpb pode fazer sua mpb, seu samba. Mas pra ele fazer rap ele vai ter que aprender com a gente, porque a gente sabe fazer rap. Dizem por aí que o rap perdeu o protesto. O rap continua protestando. Mas ele está mais adulto agora. As pessoas estão enxergando a poética do rap agora. O rap é uma poesia importante que pode se encaixar em qualquer lugar. Rael / O rap era muito preso, né. Os presos prendem e os livres libertam. Agora as coisas estão mais livres,


ROBERTO CARLOS

o rap não é apenas só discurso, é música. Se você falar que meu disco é de rap, não é de rap. São várias vertentes. O disco do Criolo também é uma mistura. Eu e o Emicida também temos feito várias coisas juntos aí, que estão indo além do que a gente esperava sobre o rap. Antigamente não tinha como tá falando essa ideia. Criolo / Só posso dizer que quem faz rap no Brasil está de parabéns. Seja lá na Bahia, no Rio Grande do Sul, na Amazônia, Curitiba, São Paulo, interior e litoral. Só tenho que tirar o chapéu. São jovens que têm atitude, que não estão conformados com o que está ao redor, que querem mudanças, coisas boas para a comunidade, para a sua família. O que eu enxergo é

isso. O brasileiro já nasce com muitos dons, é um povo guerreiro. Emicida / Eu não acho que sou uma resposta, mas sim uma pergunta importante. No sentido de “Por que não podia ser assim? Por que essa parada não foi feita desse jeito antes”, tá ligado? Eu sinto que sou meio que como um estalo para várias pessoas. “Putz, se eu tivesse feito isso.” E eu mesmo não faço questão de ser porra nenhuma. Mas acho importante ter alguém como eu. Eu não quero competir com outros MCs, meu barato é competir comigo mesmo. Se eu faço um bagulho que eu acho foda, o próximo vai ter que ser duas vezes foda.


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“Eu não acho que sou uma resposta, mas sim uma pergunta importante. No sentido de ‘Por que não podia ser assim? Por que essa parada não foi feita desse jeito antes’, tá ligado? Eu sinto que sou meio que como um estalo para várias pessoas. ‘Putz, se eu tivesse feito isso’.” Emicida UM BOM LUGAR (“Um Bom Lugar” – Sabotage)

Carmem Miranda e da nossa música dos anos 60, sem desrespeitá-los.

Rael / Eu acho que o intuito de mudar o rap parte de todos nós. É o que está acontecendo. Estamos fazendo uma nova geração, de gente que faz e de gente que ouve também. Eu vejo a galera que curtia os festivais nos anos 90, hoje é tudo pai de família, ninguém vai mais no rolê. A nova geração que ouve é a nova geração que está fazendo.Tá todo mundo ouvindo de tudo. E o rap está vindo com isso também. Com essa parada de abrir o leque, de ir para outros lados, de trabalhar com o que você gosta de fazer. Hoje em dia você pode misturar, fazer de tudo, sem perder sua essência. Acho que o rap está nesse caminho.

Criolo / [Eu fiz minha] despedida da Rinha porque eu já ia passar a Rinha para o Dandan cuidar de tudo. Eu ia fazer minhas letras, curtir de outra forma. E acho que tem muita gente boa cantando. Então, até que ponto eu estou contribuindo? Até que ponto a minha construção de texto foi evoluindo com o passar do tempo? Até que ponto eu vou superar? Então foi meio que semancol comigo mesmo. Se não é o melhor então não é o melhor pro grupo todo. Eu que tenho que falar isso pra mim. Já estamos há 23 anos, não é deixar o rap, virar as costas pra ele, é simplesmente falar ‘meu, e agora vamos ver o que as pessoas vão fazer aí’ e vamos aplaudir quem tá chegando, quem tá de parabéns.

Emicida / O meu conceito de música mudou muito nos últimos anos. A forma como eu vejo o rap é muito diferente. E a minha intenção é buscar coisas diferentes. Esse lance de banda é do caralho também, mas eu sinto que não é o bagulho. Acho foda fazer show com banda. Mas também acho muito louco fazer funcionar no formato tradicional. Porque é o desafio de a gente fazer a nossa música dentro de um formato tão funcional quanto o que os gringos fazem. Pra mim é um desafio fodido. Não copiar os caras. Nas minhas duas mixtapes têm uma coisa ou outra que flerta com o bagulho Brasil. Boa parte do bagulho é o rap que os caras têm lá com uma mixagem inferior. O que eu quero fazer é música brasileira contemporânea. É tudo o que consegue fazer as pessoas esquecerem da

Dan Dan / Estou indo pra 35 anos de idade, o Criolo pra 36. [As pessoas pensam] ‘pô, os caras demoraram pra caramba pra chegar onde estão’. Não, esse é o momento certo, o momento exato para a gente executar o nosso trabalho. [O que esperamos pro futuro é] muita alegria, muito amor, e que as outras pessoas consigam se inspirar nisso e continuar esse trabalho. Porque a gente não vai estar aí pra sempre.Viemos para plantar uma semente para as outras gerações colherem os frutos.





LALAI / lalai.net

20 horas por dia em frente ao computador, contando as olhadas pelo smartphone. Faz parte do COA (Compartilhadores Obsessivos Anônimos). Tem impressão que trabalha o tempo inteiro. Por sorte, acha o trabalho divertido. Se escreve a noite, se dá ao luxo de uma tacinha de vinho. “Não olho o relógio, porque fico deprimida”


_FOTOS RAFAEL ROCHA

Paulo Terron / withlasers.blogspot.com

“É fácil você reproduzir algo, difícil é colocar os fatos em contexto.” Lê uns 30 blogs por dia. Não gosta de trabalhar a noite. Bebe café em quantidades que provavelmente matariam um animal de pequeno porte. É 40% música, 25% cinema, 25% TV, 10% café e 100% amor.


ALEXANDRE MATIAS / oesquema.com.br/trabalhosujo

Vê o sol 3 ou 4 horas por dia. Não posta nos fins de semana. Espalha discos, livros, cinzero, dois laptops, a vitrola, o telefone, um calendário e a foto da mulher em cima da mesa. É 100% mashup. Dorme cedo, acorda cedo. 4h20. “Melhor hora pra escrever.”


KATE NASH

Mariana Rezende / anyothershoes.com

40% música, 30% literatura, 10% series, 10% cinema, 10% kittehs. Diariamente, 14, 15, 16 horas em frente a tela. Na mesa? Bloquinho, caneta e um copo d’agua ou café. “Na sexta eu libero para uma biritinha.” O melhor amigo é o fone de ouvido.





apresenta

artes integradas

belo horizonte

09, 10 e 16 a 18

junho

rio de janeiro goiテ「nia e niterテウi

12 e 17 a 25

junho

25

junho

sテバ paulo

22 a 26

junho (Palco FdE)

2a7

agosto

festival.foradoeixo.org.br

apoio


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Junho tem inverno, dia dos namorados, feriadão, todas as festas juninas que você quiser, possibilidade de fogueira no sítio e a sua chance de dizer “quero que você me aqueça nesta inverno”. Tá a fim?

SUBMARINO_

Quadrilha _

HOT_

Encha a maior xícara possível com leite integral bem quente. Jogue uma barra de chocolate amargo, uma barra de chocolate ao leite, espere tudo afundar, fundir, virar a melhor bebida para um domingo frio qualquer. Pra beber em duo. Ou sozinho mesmo, vendo aquele filme que só você gosta.

Vingue-se daquela maldita segunda série quando você foi par do menino(a) mais feio(a) da escola. Encha o jardim, quintal, garagem, mini sacada da sua casa de bandeirinhas coloridas, sirva quentão caseiro, pipoca, maçã do amor. Chame amigos e peguetes. Disponibilize pescaria e barraca do beijo. E nos convide.

Super Caneca 450ml l Quanto? R$ 22 na Tok & Stok

Festa l Quanto? Depende do seu orçamento

Tá frio? Esquenta. A Blowtex tem uma camisinha com um gel lubrificante que tem um “toque” especial que dá uma sensação de calor na hora que a coisa toda fica quente, pra deixar um tudo um pouco mais caliente, se é que você me entende. Diverte, é gostoso e ainda protege. Precisa dizer mais? Blowtex Hot l Quanto? em média R$ 5,00 e vende no supermercado.

gOSTOSO_

deixa chover _

LINDA_

Moletom é unissex, confortável, quentinho, bom de usar e um companheiro incansável em dias frios, madrugadas geladas, manhãs confusas depois de duas ou mais festas ou pra ficar em casa mesmo. Que como já disse a musa Lee “nada melhor do que não fazer nada”.

Aqui do lado de baixo do Equador não existe pecado e, em alguns lugares, nem inverno. Mas em junho São Pedro canta “ema, ema, ema, cada um com seus problemas” e chove sem dó em todos os cantos do país. Se não der mesmo pra fazer a Vanessa da Mata e tomar um banho de chuva, um banho de chuva, use.

Fotógrafa da cena musical do final dos 60´s com quase todo acesso a gente como Bob Dylan,Aretha Franklin e Janis Joplin. Primeira mulher a ter um trabalho na capa da revista Rolling Stone, em 68. Mulher de Sir Paul. Um livro com escolhas do próprio, a partir de um acervo de 200 mil fotos.

Moletom do álbum Efêmera, de Tulipa Ruiz l Quanto? R$ 35 reais + frete (fechado) ou R$ 40 reais + frete (com zíper)

Guarda-Chuvas l Quanto? De 5 a 30 reais no ambulante mais próximo

Linda McCartney: Life in Photographs I Quanto? Sob Consulta, na Taschen Online


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estampa

do mĂŞs Marca: King 55 Onde Encontrar: king55.com.br

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_ILUSTRA GUILHERME KROLOW / WWW.BEHANCE.NET/GKROLOW



_FOTO CASPER BALSLEV


Danger Mouse & Daniele Luppi

Friendly Fires

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Pala

Rome

Danger Mouse não para. Neste novo projeto, o irrequieto músico e produtor compõe a trilha de um bangue-bangue imaginário (!). Para encarnar esse Ennio Morricone pós-moderno, convocou o maestro italiano Daniele Luppi e o outro workaholic do momento, Jack White. Ambos dão uma ajuda nos arranjos. Norah Jones também dá as caras, e o resultado não poderia ser outro: Rome é puro luxo vintage. Quem curte esse gênero do cinema vai se arrepiar - vários septuagenários que ajudaram a musicar clássicos de Sergio Leone têm participação especial. Os títulos das canções são sugestivos: “The Matador Has Fallen”, “The Gambling Priest”, “Two Against One”. Quentin Tarantino, que prepara um faroeste, deve estar com a antena ligada. Fernando Halal

O salto na piscina que o Friendly Fires tanto falava sobre no primeiro disco, de 2008, só foi dado três anos depois. E que salto: em Pala, o trio inglês soa muito mais eufórico e mostra um disco cheio, completinho e repleto de identidade. As percussões, que já apareciam vez ou outra no debut homônimo, ficaram muito menos tímidas e atropelaram os poucos vestígios de indie-rock que sobravam. Porém, é bom observar, as batucadas dão trégua quando podem. As pausas dos tambores abrem portas para boas músicas, como a disco-funk “Hurting”, sampleada de Toro y Moi, a lentinha “Pala” e “Helpless”, que fecha um disco em tom de pop-soul dos anos 80. Disco classudo com o espírito perfeito para se começar uma manhã de domingo. Alex Correa

ARCTIC MONKEYS Suck It and See

Sai a psicodelia, entra o pop. A sequência do sombrio Humbug (2009) mostra um Arctic Monkeys em busca de luz, mas o resultado final soa rasteiro e desinteressado. Cadê o baixo pulsante e a bateria marcada a galope que nos faziam bater cabeça feito loucos? E os guitarraços ensaiados com o guru Josh Homme, empacaram no deserto californiano? Claro que há bons momentos. Alex Turner, certamente o grande letrista de sua geração, segue com a pena afiada e isso faz uma diferença e tanto. “Don’t Sit Down ‘Cause I Moved Your Chair” e “Brick by Brick” são hits de nascença, e a cozinha ressurge endiabrada em “Library Pictures” e “All My Own Stunts”. Além disso, que outro álbum menor de uma superbanda traz tesouros como “Reckless Serenade” e “Piledriver Waltz”? Mais capricho na próxima, macaquinhos... Fernando Halal

Apanhador Só

Acústico Sucateiro

Tecladinho de brinquedo, chave de fenda, ralador. Convenhamos: apesar de ousada, a ideia não é tão original assim – Hermeto Pascoal e Tom Zé desde sempre o fizeram; e o Pato Fu, ano passado. Todavia, a questão é ir adiante deste mérito. Produzido e mixado pelos próprios integrantes, os inteligentes trabalhos de guitarra, baixo e bateria do bem falado disco de estreia dão lugar a arranjos acústicos sem tanto compromisso, que beiram o rústico, mas nunca desleixados. As faixas soam como se a banda estivesse na sala de casa entre amigos, improvisando o batuque embebidos de descontração. Outro touché de mestre pode ser notado na distribuição: além da versão virtual, o álbum também está disponível em fitas cassetes. Nicolas Gambin

The Cars Move Like This

Depois de mais de 20 anos separados e sem produzir material inédito, reunião à vista: em meados de 2010, o fuzuê é gerado quando, na página da banda no Facebook, imagens da formação original reunida em estúdio são divulgadas, replicando comentários aos milhares. Guardadas as proporções, a sonoridade new wave dos hits do passado é mantida. Contudo, adquire nova roupagem, mais moderna, como denota a pulsante “Blue Tip” - que ganhou belo registro em vídeo, construído sob a performance do grafiteiro Joe Iurato. Impecável e densa, “Sad Song” parece ter saída de um disco clássico deles. Em Move Like This, a fórmula característica se reafirma, aliada à inconfundível voz de Ric Ocazek. Nicolas Gambin


068\\

BEN HARPER

MOBY Destroyed

Give Till It’s Gone

Escute também: LOVE IT TO DEATH, TRASH e THE LAST TEMPTATION

Gravar o décimo álbum de estúdio deve ter feito Ben Harper refletir sobre os rumos que sua carreira estava tomando. Não que Give Till It’s Gone seja um primor de criatividade, mas é um disco bem superior aos seus mais recentes antecessores, especialmente Lifeline, que parecia tocado no piloto automático. Destaque para as duas parcerias com Ringo Starr, “Spilling Faith” e “Get There from Here”, além da empolgante “Clearly Severely” e da suingada “Waiting on a Sign”. A atmosfera sessentista permeia todo o trabalho, numa espécie de resgate das origens do já quarentão Harper. Uma louvável tentativa de deixar sua música mais crua, algo que só causará estranheza a quem acha que o hit “Diamonds on the Inside” é de Jack. Daniel Sanes

Destroyed é, praticamente, um disco de aniversário: aos 45 anos, Moby finalmente chegou ao seu décimo disco de inéditas. E esse trabalho é uma boa forma de comemorar, sendo muito mais convidativo do que boa parte de seus trabalhos. A atmosfera do álbum – que, nas palavras de Moby, soa como “a trilha sonora de uma cidade deserta às duas da madrugada” – faz as faixas conversarem entre si. O disco é homogêneo, parece simples (nem as orquestrações de “When You Are Old” conseguem soar grandiosas) e, mesmo com uma hora e dez minutos de duração, até evita a chatice. Por outro lado, já passou da hora de alguém dar um toque pro cara jogar fora aquela máquina do tempo que não deixa ele sair dos anos 90 por nada. Quem se candidata? Alex Correa

DISCOGRAFIABÁSICA

ALICE COOPER

por Daniel Sanes

SCHOOL’S OUT| Nem todo mundo sabe, mas Alice Cooper, antes de ser o alter ego do

cantor Vincent Furnier, era também o nome de sua espetacular banda de glam/hard rock, que gravou sete álbuns entre 1969 e 1973. Um dos melhores discos dessa prolífera fase é School’s Out, de 72. Nele, está toda a ironia do maníaco com nome de mulher. “Blue Turk” tem um estilo noir/cabaret, que fez com que Alice fosse respeitado e admirado por gente como Frank Sinatra. Mas o grande destaque é mesmo a faixa-título, com seu riff pegajoso e uma letra que virou hino para os adolescentes que não tinham o mínimo saco de ir à escola.

Billion Dollar Babies| Este álbum de 1973 é um dos mais emblemáticos da carreira de Alice Cooper. E não é para menos: Billion Dollar Babies é o único trabalho do artista a alcançar o topo das paradas nos EUA e Reino Unido. De “Hello Hooray” ao dramático encerramento com “I Love the Dead”, não há uma única música meia boca no disco. Ironicamente, no auge do sucesso, o Alice Cooper Group se desfez, abrindo caminho para o vocalista explorar ainda mais o aspecto teatral de suas apresentações, até então restritas ao uso de maquiagem (anos antes de Kiss e Secos & Molhados) e figurinos exóticos.

Welcome to my Nightmare | Para sua estreia solo, em 1975, Alice cercou-se de grandes músicos e compôs este álbum conceitual com a temática do pesadelo. “Welcome to my Nightmare”, a música, é uma viagem funkeada e com bela interpretação vocal. O clima fica mais dark entre “Devil’s Food” e “Black Widow”, com narrativa na voz do ícone do terror Vincent Price. É também neste disco que está a música que talvez seja a mais conhecida de Alice: “Only Women Bleed”. A essa altura, o show de horrores de Alice já era bem mais elaborado, com direito a guilhotina, cobra e camisa de força. Mas a música vinha acima disso tudo, e era brilhante.


Death Cab For Cutie Codes and Keys

Determinar se um disco é clássico se torna fácil após uns 20 anos; pensar isso na época do lançamento geralmente é um atestado de insanidade. Pois corro esse risco e ouso dizer que o Death Cab for Cutie acabou de cometer um clássico. Em Codes and Keys estão presentes a melancolia de Transatlanticism, a riqueza harmônica de Plans e o experimentalismo de Narrow Stairs – ou seja, o melhor de seus trabalhos anteriores. Alguns não vão curtir o momento mais “alegre” da banda liderada por Ben Gibbard, mas o indie rock não precisa ser deprê o tempo todo para soar bonito. “You Are a Tourist”, sabiamente escolhida como single, traduz o clima do álbum: doce e amargo na medida certa. Para ouvir até cansar – se é que isso é possível. Daniel Sanes

MEAT PUPPETS

Lollipop

Triste lembrar que o auge do Meat Puppets se deu somente após Kurt Cobain declarar seu amor pela banda e o Nirvana gravar alguns covers no Unplugged in New York. Porque, a despeito da carreira irregular, o trio liderado por Curt Kirkwood merecia melhor sorte. Conseguiu amadurecer bem, apresentando um indie rock agradável, com fortes influências de folk e country. Este novo álbum não tem o frescor e o despojamento dos anos 80, mas em nenhum momento soa como uma tentativa forçada de tocar nas rádios – embora canções com potencial para isso não faltem, como “Incomplete” e a quase ska “Shave It”. Ainda assim, é difícil crer que Lollipop possa alçar o Meat Puppets a um patamar maior do que o obtido nos anos 90. Daniel Sanes

nuda

Amarénenhuma

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TA POR VIR .:Wilco | GetWell Soon Everybody Depois de passar um tempo de pernas pro ar, Jeff Tweedy e cia estão de volta aos bons sons. O que faz a Noize abrir um sorriso, afinal dois anos já se foram desde Wilco (The Album). Segundo Tweedy, 20 músicas já estão gravadas. E ele garante: é o primeiro lançamento pela dBpm Records, selo criado pela própria banda. Entre as novas tracks, o vocalista antecipa “Black Moon”, “Whole Love” e “Art of Almost”, que tem “uns sete minutos de duração”, diz ele. Nas prateleiras em setembro.

CONFIRA Raphael Saadiq Stone Rollin’ ___Ele liderou o Tony! Toni! Toné!, grupo soul-funk californiano dono do hit “Little Walter”. Ele já saiu em tour com o Prince. Ele é a cara do Malcolm X. E ele respira a Motown sessentista. Aqui, Raphael põe tudo isso num saco e joga no ventilador daquela garagem rocker à la White Stripes.

Gang Gang Dance Eye Contact ___ Beats que soam como punhaladas no peito. Levadas de piano que amolecem o coração. O Brooklyn do Gang Gang Dance soa como um universo sonoro de infinitas possibilidades. Uma terra feliz, embora caótica. Um lugar cheio de texturas e harmonias. Psicodelia digital.

Miles Kane Colour of The Trap ___ O cara tentou com o The Little Flames. Não rolou. Partiu pro The Rascals, e de novo o freio de mão parecia puxado. Foi ao lado de Alex Turner que seu talento pegou velocidade, com o delicioso The Last Shadow Puppets. Em seu solo debut, Miles segue pilotando o amor pelos 60’s de “wooooah”.

REDESCOBERTA The Impressions

The Young Mods’ Forgotten Story (1969)

Aí está o aguardado debut do quarteto pernambucano. Três anos atrás, o EP Menos Cor, Mais Quem conquistou uma pequena legião de admiradores Brasil afora, com sua inusitada mistura de psicodelia, indie 90’s e ritmos nordestinos. Amarénenhuma é daqueles álbuns pessoais e de personalidade forte, para se desvendar aos poucos. As pessoas acostumadas a fórmulas fáceis devem passar longe do disco. Quebrando todas as convenções, ele toma o ouvinte pelo inconsciente, arrastando-o como uma maré qualquer. Quando a espuma se dissipa, o volume está lá em cima e as letras fluem como poesia. Para baixar, o custo é um tweet: www.nuda.com.br. Poucas vezes uma viagem espiritual saiu tão barata. Fernando Halal

A despedida de Curtis Mayfield dos Impressions já antecipa muita coisa de sua inventiva carreira solo – a funkeada “Mighty Mighty” deixa isso claro. Apesar das inclinações experimentais, o disco não embarca nos modismos do final dos anos 1960, com o romantismo característico do grupo pontuando obras-primas como “Wherever You Leadeth Me”. A questão política é colocada de forma madura. Se na época os Panteras Negras clamavam pelo Black Power, o trio de Chicago questionava na belíssima “Choice of Colors”: “há quanto tempo você odeia o seu professor branco?” E cantam isso com uma ternura impressionante, como se estivessem falando de amor. E no fundo era isso mesmo. Leonardo Bomfim


Divulgação

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_TEXTO MARÍLIA POZZOBOM

NÓS VAMOS INVADIR SUA PRAIA ANDRÉA ASCENÇÃO Mesmo quem não é muito fã do rock brasileiro dos anos 80 há de reconhecer a importância da Ultraje a Rigor. Em “Nós Vamos Invadir Sua Praia”, livro de Andréa Ascenção que narra a trajetória da banda, a gente entende o porquê. Embalados pelo espírito ácido do punk dos anos 70 e embebidos no puro rock’n’roll, o Ultraje ganhou seu espaço como um do grupos mais irreverentes dos anos 80. Tirou onda com toda a sociedade da época de maneira inteligente, se divertiu pra caralho e compôs músicas com letras pertinentes até hoje – já prestou atenção na letra de Inútil? O mais legal do livro é que não é aquele bloco chato construído por histórias maçantes e batidas. É uma conversa descontraída entre seus olhos, a banda e todo mundo que contribuiu pra construção da história dela. De quebra, um monte de fotos ótimas de arquivo pessoal, os (estranhos) apelidos, e as letrinhas pra quem se empolgar e quiser cantar junto no final do livro. Tudo isso embalado em uma publicação bem colorida. A cara da Ultraje.


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6. CENSURA

O álbum de estréia do Ultraje a Rigor, que dá nome ao livro, foi lançado em 1985, produzido por Pena Schmidt e Arnolpho Lima Filho, o Liminha. Liminha é o ex-baixista d’Os Mutantes que se afastou da banda em 1974 e seguiu a carreira de produtor musical. Entre os nomes mais conhecidos que ele já produziu estão Raul Seixas, Gilberto Gil e Ritchie.

Todo mundo sabe, entre 1964 e 1985 o Brasil viveu uma ditadura. Resumindo o irresumível, foi uma época de intensa perseguição política. No início dos anos 80, o Ultraje chegou a gravar a canção “Ricota” como um tapa-furo caso acontecesse de “Inútil” ser censurada. Felizmente isso não aconteceu e “Ricota” foi lançada posteriormente na edição remasterizada do álbum, em 2001.

Reprodução

3. CLÁUDIO ZOLI Quem nasceu nos anos 90 não tem idéia, mas Cláudio Zoli fez muito sucesso nos anos 80 com a banda de soul-funk Brylho. É dela o megahit “Noite do Prazer”, aquela da mulher que trocava de biquíni sem parar. Se você se pergunta até hoje porque raios ela fazia isso, a gente te explica: na verdade na festa tocava “B.B King sem parar” (entendeu? di-bi-qui-ni bi-bi-kingui...). Aí se você não sabe quem é B.B King, é outra história. 4. O BIQUÍNI

De acordo com a Wikipedia, o biquíni é “um maiô de duas peças de tamanho reduzido, que cobrem o busto e a parte inferior do tronco”. O nome vem do atol de Bikini, onde se deu uma explosão atômica. No Brasil, o biquíni começou a ser usado no final dos anos 50, inicialmente por vedetes. Na década de 70, Leila Diniz escandalizou a sociedade brasileira ao posar grávida usando a reduzida veste. Foi acusada pelas feministas de “servir aos homens”.

Erik Drooker

Reprodução

5. LEILA DINIZ

Diante do regime ditatorial brasileiro, Leila Diniz quebrou tabus. Casou,descasou, posou de biquíni grávida e disse que transava de manhã, de tarde e de noite. Em 1969 deu uma entrevista para O Pasquim cheia de palavrões. Foi depois dessa publicação que se instaurou a censura prévia à imprensa, mais conhecida como Decreto Leila Diniz.

Bernard of Hollywodd

Reprodução

2. RITCHIE O londrino Ritchie conheceu Liminha e mais um grupo de brasileiros enquanto gravava o LP Either/Or com a sua banda Everyone Involved. Dentro deste grupo estavam nomes como Rita Lee e Lucinha Turnbull, a primeira guitarrista mulher brasileira. Na ocasião, o grupo convidou Ritchie pra conhecer o Brasil, para onde ele veio em 1973. Vinte anos depois ele lançava o álbum Tigres de Bengala, em parceria com a banda homônima que tinha entre seus integrantes Vinícius Cantuária e Cláudio Zoli.

Reprodução

1. NÓS VAMOS INVADIR SUA PRAIA


072\\

fotos: 1 | Mario Águas 2 | Felipe Neves

2

1

TEENAGE FANCLUB

ALICE COOPER

The Week, São Paulo, 11/05_

Porto Alegre, Pepsi On Stage, 31/05_

Então a boa e velha armada indie escocesa esteve pelo Brasil. Pra saber como foi a Noize jogou as perguntas na mesa. O fã nem tão teenager assim Leandro Vignoli as arremessa de volta. Com respostas. Quem estava mais pra teenager: banda ou público? De teenager não sobrou ninguém. A maioria das pessoas tinha mais de 30 anos (ou quase lá). E os caras da banda uns tiozinhos - Norman Blake de cabelinho cortado e óculos, Gerard Love mais enrugadão do uísque e Raymond McGinley um grisalho meio cool.Talvez seja a primeira geração de indies velhos. Ponto alto? Ponto baixo? Um ponto alto foi “Neil Jung”, que estava fora do setlist e eles tocaram a pedidos. E o encerramento com “Everything Flows” foi sensacional: mandaram ver como teenagers. O ponto baixo foi uma versão meio lerda de “Star Sign”. Qual foi o look predominante da noite? As camisetas de bandas dominaram, eu mesmo estava com uma do Manics. Acho que o xadrezinho também tá em alta. Mas ninguém supera o carinha de dreadlocks, camisa de flanela, tênis vans e óculos vintage da avó. Parecia fã de hardcore. Acha que os ‘velhinhos’ ainda têm gás pra mais alguns anos? Com certeza. Mas nessa vibe mais calminha, sem tanta distorção das antigas. Nota de 1 a 10? 7.5. O de alguns anos atrás foi bem melhor. Leandro Vignoli

1 - Apagam-se as luzes. Alice Cooper surge do alto de uma escadaria forrada de teias de aranha. Com roupas de couro, soltando faíscas dos braços, manda “The Black Widow”. Os efeitos são simples. Mas o público vai à loucura, claro. 2 - “Only Women Bleed”, um dos momentos mais “ternos” do show. Nota-se que a produção é modesta em comparação ao que Alice já fez. Em vez de uma atriz, o cantor interage com uma boneca. Só não decepciona porque a música é linda. 3 - Alice surge vestido de cientista maluco e, pedindo auxílio ao ajudante Igor, começa a mexer numa máquina bizarra. Após uma explosão surge uma versão gigante do vocalista, uma espécie de “Alice Frankenstein”. Sai o monstrengo passeando pelo palco, cantando a dançante “Feed my Frankenstein”. Hilário. 4 - Soam os acordes de “Killer”. É uma das músicas mais esperadas da noite - afinal, Alice está prestes a morrer no palco. Policiais o levam até uma guilhotina e, enquanto a banda começa a tocar “I Love the Dead”, o cantor é decapitado. Urros da plateia, sedenta por sangue – mesmo que de mentirinha. 5 - Alice volta para o bis cantando “Elected”, pedindo para que votem nele. Para ganhar os eleitores, usa uma camisa da seleção e uma bandeira do Brasil. Depois emenda “Fire”, de Jimi Hendrix, que encerra um show divertido e despretensioso. Daniel Sanes

no day after

em 5 momentos



074\\

fotos: 3 | Marcos Hermes 4 | Rafa Rocha

3

4

PAUL MCCARTNEY

MARCELO CAMELO

Estádio do Engenhão, Rio de Janeiro, 22/05_

Porto Alegre, Opinião, 12/05_

Jovialidade não tem idade. Tomei a última latinha de cerveja e entrei na fila em frente ao Estádio do Engenhão. Consegui entrar no estádio às 21h – lá dentro, encontrei um lugar em meio à multidão. Às 21h42, Paul McCartney sobe ao palco. A partir daí, começa um processo de sublimação coletiva, uma espécie de catarse. Bastam alguns acordes de “Hello, Goodbye” e o público se entrega de corpo e alma. No palco, Paul conduz o espetáculo com carisma e jovialidade, cantando muito e tocando muito. Aliás, sua jovialidade é impressionante. O fato é que ele manteve o “espírito beatle” durante toda a sua vida, e com certeza isso tem a ver com o intenso magnetismo que Macca exerce sobre todos nós. É fantástico olhar em volta e constatar que todos os presentes no show, sem exceção, estão envolvidos 100% com o que está acontecendo. Um ritual musical conduzido por um dos maiores artistas de todos os tempos. E McCartney tem simpatia e carisma de sobra, é um gentleman à serviço da boa música, proporcionando momentos genuínos de emoção e alegria para muitas e muitas pessoas há quase 50 anos. Dá para perceber facilmente que Paul se alimenta da energia gerada pela plateia. Agradece todo o carinho mostrando sua genialidade, cantando cada canção em seus tons originais e tocando como se tivesse vinte e poucos anos. De fato, jovialidade não tem idade. Gustavo Telles

A Noize ouviu o novo disco de Marcelo Camelo, Toque Dela. Ouviu a música “A Noite”, se prendeu ao verso que diz: “Dentro dessa noite, tudo vai girar”. Pensou, pensou... e resolveu ir ao show colocar a tal afirmação à prova. Dentro dessa noite tudo vai girar? Sim - 58%; Não - 16%; Ãnn? - 26% “O show da Apanhador foi muito curto., não rolou nem “Maria Augusta”, Camila Konrath. “Eu tô gostando, mas na verdade não conheço nenhuma música”, Marcela Cardoso. “Show em pé é pra dançar, então vamo pegá um no outro e chacoalhar o cabelo!”, Marcelo Camelo. “É estranho, parece que a gente prefere ele tímido”, Maria Joana Avellar. E aí, tá girando? Sim - 70%; Não - 10%; Hein? - 20% “Ahhh, isso aqui tá bão demais!”, grito anônimo. “O show é muito melhor que o CD. Mais animado!”, Isadora Neuman. “O show me surpreendeu. O Camelo. tá feliz, porque é assim que pensa musicalmente. Não tem que esperar o Los Hermanos de volta”,Vauto Mendes. “Não acredito que não vão tocar ‘Todo Carnaval tem Seu Fim’!”, anônima aparentando uns 15 anos. Girou? Sim - 80%; Não - 10%; Huggggo - 10% “Eu vou tocar essa então, não precisa falar palavrão”, Camelo antes de “Santa Chuva”. “Poishh é”, gaúcho cantando a saideira “Pois É” com sotaque carioca. “Ahhhh, a gente tentou pegar a samambaia mas não deu!”, Laila. “’Zôgostanu’. Umas cervejas ajudam! Não conhecia ele solo, só aquele, como é mesmo? Toque Dela”, Pedro Abichequer. Fernando Corrêa

segundo um Pata de Elefante

em 5 momentos



_O QUE ACONTECEU NO MÊS DE MAIO _Créditos Samuel Esteves _Festivalma @ São Paulo

Felipe Neves _Alice Cooper @ Porto Alegre

Fernando Schlaepfer _Sublime @ Rio de Janeiro

Francesca Sara Cauli _Primavera Sound Festival @ Barcelona

Rafael Rocha _Urban Music Festival @ São Paulo

Marcos Fertonani _Holger @ Noisey / São Paulo

Gabriela M.O. _Defalla @ Beco / Porto Alegre





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082\\

Candé Salles

DAVI MORAES FALA SOBRE... __OUçA esta história |Uma casa na praia de Je-

riquaquara, alto verão e a chance de receber amigos para um bom papo, uma boa violada ou guitarrada. Tem como ficar melhor? Levando os amigos. Domenico Lancelotti,Renato Brasa,Pedro Baby e Betão Aguiar. Melhor ainda? Dois grandes artistas locais para acompanhar. Toinho do Acordeon e Giuliano, que com 13 anos já tem intimidade com Bandolim e Guitarra. Melhor mesmo? Espalhar pela casa amps valvulados, pedais, guitarras, baixo, bateria, MPCs, violões e um verdadeiro e poderoso P.A. pilotado pelo grande produtor e amigo Fabiano França. No primeiro dia,

já estávamos com Sandra de Sá e um trio de forró em uma das casas de musica ao vivo da cidade,no segundo,fizemos um show aberto na praia com o Tony Garrido,eu de guitarra e Domenico com sua MPC. Foi uma pancada! 2 horas de som literalmente na areia com a galera a mil com a gente. Depois, a galera de Jeri já perguntava ”Quem chega amanhã?!?!”Fizemos shows muito divertidos com os queridos convidados:Sandra,Tony,Thalma de Freitas,Quincas,Pedro Luiz,Roberta Sá,Karina Zeviane,além de um incrível encontro de guitarristas com Beto Lee,Frejat,eu e Pedro Baby.Com meu pai fizemos uma grande festa-show dentro da casa e trouxemos a turma toda que invadiu e fez a festa.Com Arnaldo Antunes e Maria Rita fizemos musicas novas,uma boa violada na mesa do café e demos boas risadas. No último dia juntamos todas as MPCs,baterias eletrônicas e guitarras e rolou um som totalmente livre,free-style total,no melhor estilo RAVE na praia na AREIA-DANCE FLOOR,Mc Domenico arrasou! O grande barato de tudo foram os encontros,o exercício da improvisação,um dia a dia sem muito

roteiro definido onde todos criavam tudo na hora de forma muito espontânea,afinal,todo músico brasileiro é meio músico de baile, tem essa coisa de tocar vários estilos,criar,fazer rolar sem tanto ensaio. Ah, você quer mais que isso? Então vem pra esta festa comigo. Porque isso tudo e mais um pouco virou Som e Areia, programa da parceria Multishow – Conspiração, com direção do Candé Salles e apresentação minha, todo domingo, as 22 horas. Tô te esperando. Um grande abraço,saúde paz e muito som! Valeu!


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C l a s s i f i c a ç ã o i n d i c at i va : l i v r e

em , 30 set 5 2 , 4 2 23, tubro ic a 1 e 2 ou a eletrôn

ú s ic anhã, a m ramação_ m a d 4 s a prog n o it e à is K d a s 1 0 d a d o R o c k . C o n f ir a , t a e : Franço b k a e , Bre id a d Soul com o C & n a c y d i from e d r T o e it B , t e n f im ra ous ars o er >> D e b Y r e h G t 5 y 1 u >> T r a n c e , H o e s p a ç o m a is v ib G > e >> no > o Ja n ei r o ir e > > L u c ia k i > > D J V ib em ê > > Le o iz M A o > N e > v s e to y t va i s a c u d o S at ia > > B Gui Bor In g r id ten >>

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