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DO UNDERGROUND AO MAINSTREAM
DIREÇÃO: Kento Kojima Pablo Rocha Rafael Rocha
ASSIST. ARTE: Camila Fernandes camilafernandes@noize. com.br
COMERCIAL: Pablo Rocha pablo@noize.com.br Silvana Fuhrmann silvana@noize.com.br
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO: noize@noize.com.br
DIRETOR DE CRIAÇÃO: Rafael Rocha rafarocha@noize.com.br EDITORA CHEFE: Cristiane Lisbôa cristianelisboa@noize. com.br EDITOR: Tomás Bello tomas@noize.com.br REPÓRTER ESPECIAL: Marília Pozzobom marilia@noize.com.br
DISTRIBUIÇÃO: Marcos Schneider marcos@noize.com.br Henrique Dias henrique@noize.com.br GERENTE DE PROJETOS: Leandro Pinheiro leandro@noize.com.br EDITORA DE PROJETOS ESPECIAIS: Lidy Araújo lidy@noize.com.br
REDAÇÃO: Marcela Bordin marcela@noize.com.br Rafa Carvalho rafacarvalho@noize. com.br
REDAÇÃO: Bruno Nerva brunonerva@noize. com.br Júlia Lang julialang@noize.com.br Igor Beron igor@noize.com.br Laryssa Araújo laryssa@noize.com.br
DESIGN: Felipe Guimarães felipe@noize.com.br
ANUNCIE NA NOIZE: comercial@noize.com.br
ASSINE A NOIZE: assinatura@noize.com.br AGENDA: shows, festas e eventos agenda@noize.com.br ASSESSORIA JURÍDICA: Zago & Martins Advogados PONTOS: Faculdades Colégios Cursinhos Estúdios Lojas de Instrumentos Lojas de Discos Lojas de Roupas Lojas Alternativas Agências de Viagens Escolas de Música Escolas de Idiomas Bares e Casas de Show Shows, Festas e Feiras Festivais Independentes TIRAGEM: 30.000 exemplares CIRCULAÇÃO NACIONAL
• FOTO DE CAPA_ Marco Chaparro Guilherme Netto Rafael Rocha
Agradecimentos e parceria:
Marcus Mota
• COLABORADORES 1. Ariel Martini_ainda insiste em fazer fotos de show. flickr.com/arielmartini 2. Gaía Passarelli_ Gaía Passarelli gosta de descobrir música nova e comanda o GOO na MTV Brasil. 3. Lalai e Ola_ Lalai trabalha com mídias sociais, mas sua paixão é música. É DJ e produz a festa CREW. O Ola trocou a Suécia pelo Brasil, o design pela música e fotografia. 4. Marcos Hermes_ Fotógrafo há 20 anos, é um dos profissionais mais requisitados pela indústria musical brasileira. 5. Alex Corrêa_ Carioca, mas gosta mesmo é de São Paulo e acredita na genialidade do Kasabian até o fim. 6. Eduardo Guspe_ Membro fundador do Núcleo Urbanóide, ultimamente se dedica a produzir DONUTS. 7. Daniel Sanes_ Jornalista por formação, lunático por opção e roqueiro de nascimento. Um dos editores de música do site www.nonada.com.br. 8. Felipe Neves_ Fotógrafo e baterista. Ultimamento se viciou em fotografia analógica. Seus trabalhos: www.flickr.com/felipeneves 9. Fernando Halal_ Jornalista malemolente, fotógrafo de técnica zero e cinéfilo dodói, não morre sem ver um show do Neil Young . www.flickr.com/fernandohalal 10. Fernando Schlaepfer_ Designer por formação, ilustrador por aptidão, DJ por diversão e fotógrafo por paixão. 11. Nícolas Gambin_ Jornalista freela. Aprecia tocar The Meters com amigos nas horas vagas. 12. Seilá Pax Mfc_Megalomaníaco membro do Núcleo Urbanóide. facebook.com/seilaismo 13. Dani Arrais_Jornalista, nasceu em Recife, mora em São Paulo há quase cinco anos. Começou o donttouchmymoleskine.com há quatro anos e de repente viu que falava de amor quase o tempo todo. 14. Leonardo Bomfim_ Jornalista e diretor de cinema, edita o freakiumemeio.wordpress.com 15. Fernando Corrêa_ Nandog, Éder, Glande e tantos mais. Um puta cara.
Os anúncios e os textos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.. Revista NOIZE - Alguns Diretos Reservados
• EXPEDIENTE #45// ANO 5 // JULHO ‘11_
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REVISTA NOIZE. TUMBLR. COM 13
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_foto: ARIEL MARTINI ARIELMARTINI.com
NOME_ Facundo Guerra PROFISSÃO_ Engenheiro de formação, dono de boite por circunstância e professor de vocação. UM DISCO_ Charles Mingus | Tijuana Moods
“Hoje a música pra mim é funcional: existe música pra trabalhar, pra se exercitar, pra namorar. Perdi o prazer de ouvir música simplesmente por ouvi-la, depois de anos e anos de audição - ainda que ouça pelo menos 10 horas de música por dia. Se for pelo prazer puramente estético, prefiro o silêncio.”
“O que é mais difícil de compor, letra ou melodia? Nenhum, ñ deixe seu ego discutir com seu santo.” James Allan, vocalista do Glasvegas l ao divagar sobre Euphoric Heartbreak, novo disco da banda
“Eu espero que os fãs possam se perder um pouco em nossa música. Perder suas inibições, ficar um tanto embriagados, ter um pouco de romance com um estranho. Eu mesmo tenho me envolvido em algum. Por cerca de um ano fui ‘a’ transa da turnê. Se você quisesse estacionar sua bicicleta ou algo assim, eu era o seu homem.”
Rita Lee | tuitando ensinamentos
“Eu estou considerando. Não há nada realmente me prendendo. Eu apenas não sei se quero estar com aqueles caras. Eles são uns babacas. Eles são loucos.” Brian Wilson | ao avaliar a possibilidade de os Beach Boys voltarem aos palcos
“Parece existir um monte de chupação de *** para fazer sua música tocar para as massas, e eu simplesmente não estou preparado para chupar ***.” Plan B I falando sobre como fazer sucesso nos EUA
“Se a Rihanna me quisesse, eu iria para cama com ela. Ela é hot.” Adele | em declaração ao tablóide britânico The Sun
“Eu encontrei o Keith Richards há alguns anos e ele veio com essa: ‘Cara, vocês tiveram sorte, vocês tinham quatro vocalistas enquanto os Rolling Stones só tinham um.” Paul McCartney l em entrevista a Radio Times
“Era um cara grande e musculoso, um veterano na escola. Ele pegava o mesmo ônibus que eu todo dia, até que me convidou para ir a sua casa. O cara me estuprou. Foi rápido, e nada agradável. Eu fiquei com muito medo de contar para qualquer pessoa.”
“Eu acho que fiz um álbum bem melhor do que ele.”
Scott Weiland, vocalista do Stone Temple Pilots | em entrevista à Spin
gher, líder do Beady Eye e ex-Oasis
Justin Young, vocalista do The
eu vou tocar em uma m**** de Arena? Você está louco? Eu prefiro passar 12 anos tocando no Barfly (pub londrino) do que tocar uma noite na O2 (famosa Arena em Londres).” Adele | mostrando ódio aos grandes shows e festivais
“Eu costumava ser ‘o’ alvo. Eu fui jogada numa lata de lixo na esquina de uma rua por alguns garotos. Escreveram obscenidades no meu armário na escola enquanto os outros todos ficavam limpinhos. Eu levava beliscões no corredor e era chamada de puta.” Lady Gaga l falando ao jornal inglês The Guardian sobre seus anos de escola
“Se a Tegan and Sara precisarem de um *** duro, estou aí.” Tyler, The Creator | se oferecendo delicadamente às gêmeas Tegan and Sara através de seu twitter
“Eu já estive com garotos e com garotas. Eu acho que recai sobre a pessoa, não os genitais.”
“Eu não vou tocar em festivais. Você acha que
Jessie J | revelando ao jornal inglês The Telegraph que é aber ta em relação a sexualidade
Vaccines | cutucando Liam Galla-
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Marco Chaparro, Rafael Rocha e Guilherme Netto
__Chão para castelos no ar | “Loucura? Sonho? Tudo é loucura ou sonho no começo. Nada do que o homem fez no mundo teve início de outra maneira, mas tantos sonhos se realizaram que não temos o direito de duvidar de nenhum”. Monteiro Lobato disse esta verdade há mais tempo do que você e eu conseguimos contabilizar. Nenhuma outra combina tanto com esta edição que você lê agora. Porque esta Noize contém um encontro com Darwin Deez, um cara que, diz a lenda, mixou um disco inteiro em casa, em uma única madrugada. Também tem uma conversa com Cacá, vocalista do Copacabana Club. O primeiro álbum, carreira, sucesso imediato e o que vem depois dele. Tudo é assunto. O resultado de incontáveis horas de pesquisa sobre as maneiras de acesso ao mercado cultural de música vira um manual para você carregar debaixo do braço. O que fazer se tudo que você tem é uma guitarra velha, dois ou mais amigos de fé e uma vontade de ser ovelha negra. Sendo honesta, não temos as respostas. Temos histórias, exemplos, possibilidades e um mapa de pedras. Além da nossa torcida pra que daqui uns cinco (dois? dez?) anos, quando uma nova equipe fizer uma nova pesquisa, o primeiro entrevistado seja você. Buena suerte. Cristiane Lisbôa @crislis
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_ouVINDO Fat Freddy’s Drop - Dr Boondigga and the Big BWHunx and His Punx Jards macaclé - Jards macalé (1972) Twin Shadow - Forget Dorgas - Grangongon Years Around the Sun - Introstay
__Redações são feitas de pessoas. E pessoas de manhãs geladas, noites em claro, livros rabiscados, música alta, erros gramaticais, corações confusos, folhas em branco, pen drive lotado, café forte, bolacha maria e assunto. Aqui, o que se falou enquanto se escrevia e layoutava esta Noize 45.
| Era tão bom que teve fim. O “apartamento 80” mini casa noturna no centro de São Paulo que por alguns meses reuniu a fina flor da música contemporânea em shows para poucos, bons e iniciados fechou as portas. Dizque [sic] o zelador andava mau humorado com a animação do povo. Lenda urbana ou não, cabô. Se volta? Cruza os dedos.
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__Chama o Síndico
Eduardo Gabriel
Ariel Martini
__Red Bull 3MSF | Uma expo que homenageia uma galera importantíssima pra esta revista ter a cara que tem: os fotógrafos de shows. Eles ficam com o olho grudado no visorzinho da câmera enquanto você curte os maiores espetáculos da sua vida, seguro de que poderá relembrar tudo em imagens na Noize do mês seguinte. As condições em que trabalham são duras e claras: três músicas sem flash. É daí que saiu o nome da exposição Red Bull 3MSF, que tem curadoria nossa e invade o espaço de skate e arte urbana Banx, em Porto Alegre, no fim de semana de 15 a 17 de julho. No final, o público leva as imagens pra casa. De graça, claro.
__2012 é logo ali | Ringo, Lollapa-
loza, Roger Waters. Ignorando o fim do mundo, produtores não param de confirmar os shows que a gente quer ver. Será que vai dar tempo? Será que o mundo vai acabar no meio de um acorde? Hein?
__Deus é mineiro | Um púlpito solitário em meio a uma passarela. Noel Rosa entra com passos largos e um tanto cambaleantes. Ajeita o terno branco. Dá o tom. Os músicos da Vila Isabel respondem. As modelos entram sorrindo. Pronto. Ronaldo Fraga derreteu o inverno glacial da edição verão 2012 da SPFW. Com direito a elogios rasgados a coleção e um desfile que acabou em baile de carnaval com confetes, serpentinas, o povo da móda [sic] todo dançando (de Glória Kalili a Costanza Pascolato) ao som de “Pierró Apaixonado” cantado por Noel e Daniela Mercury. Tem confete até agora na nossa mochila.
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Thiago Travesso
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__FESTA DE ARROMBA | “Eu sempre quis tocar
__JOGO GANHO. | Já
era tempo de Spike Jonze e sua câmera voltarem a captar os Beastie Boys em ação. Não exatamente “os Beastie Boys”, já que o novo clipe de Jonze para os rappers parceiros de Nova Iorque será feito com bonecos. Em “Don’t Play No Game That I Can’t Win”, Mike D, MCA e Ad-rock se transformam em “action figures” (no estilo Comandos em
Ação, lembra?). O vídeo terá uma versão curta e uma épica. Só não sabemos se a compatriota Santigold fará uma ponta, já que a artista compôs a música em parceria com os Boys, mas não foi citada no comunicado oficial que a banda fez em seu site sobre a produção de Jonze. Nós que aqui estamos por vós esperamos, Mr. Jonze.
rock ‘n’ roll aqui”. Eis a primeira frase de Erasmo Carlos no palco do Teatro Municipal. O show era de festa. Setenta anos de vida, 50 de carreira e a maior envergadura moral deste país no uso de calça de couro e jaqueta jeans com tachas. Rei Roberto Carlos prestigiou o amigo e cantou com ele clássicos de décadas passadas, como “Eu Sou Terrível” e “Parei na Contramão”. Marisa Monte também subiu ao palco para adocicar “Se Você Pensa” e evidenciar, no dueto em “Mais um na Multidão”, que isso, o Tremendão e ela definitivamente não são. Quem viu, viu. Se você não viu, pede pro YouTube te mostrar um pouquinho.
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Emicida | Então toma
#ENTÃO TOMA _Dirigido por Fred Ouro Preto e com fotografia de vídeo gringo, Emicida lançou “Então Toma”, um dos clipes mais legais deste ano. Com a participação de Criolo, Zeca Baleiro e até de alguns meninos da Nx Zero, o “curta”, fala dos problemas do cara com direitos autorais, relacionados ao seu nome, e da trajetória do rap nacional. Preste atenção nos créditos. Tags: emicida entao toma
Foo Fighters | Walk
@marcio_oleiro O #entaotoma do @emicida é completamente foda. Meus maiores respeitos ao Fred Ouro Preto! @gutohiphop Ri demais no “Mereceu” do @Emicida quando o Criolo questionou ele sobre ter alguém amarrado na sala dele.. hahaha. #EntãoToma! @Leonamlopes @emicida meu nêgo, clipe loco, muito bom, parabéns mano. #entaotoma @Caasoaresf pra mim o @emicida é um dos melhores rappers que tem hoje no brasil. com o novo video então.. nem se fala #EntãoToma
#WALK FOO
_ Dave Grohl em “Um Dia de Fúria”. O novo clipe do Foo Fighters, que lembra o filme estrelado por Michael Douglas, tem direito a todas as impagáveis atuações caricatas e muitas brincadeirinhas à la Foos que consagraram vídeos como “Breakout” e “Learn to Fly”. Tags: walk foofighters wasting light
@r4fernandes Simplesmente não consigo parar de assistir esse clipe. @FelipeGladiador Remake de “Um dia de fúria” no clipe de Walk do Foo Fighters? Saiu no começo do mês e eu não conhecia ainda. Bacana.
TIMELINE Ringo confirmou sua vinda ao Brasil em novembro. 500 Dias com ela, do Marc Webb, lembrou por quê amar o cara.
Radiohead vai remixar The King of Limbs. “Little by Little”, a terceira
http://bit.ly/iloveringo
http://bit.ly/radioremix
faixa do disco, já ganhou nova versão bizarrinha do Caribou.
The Wub Machine tranforma qualquer música em um Dubstep louco. É só fazer upload de qualquer música e sair dançando por aí. wubmachine.com
A companhia de design Wonderbros fez sua versão cubista de vários heróis dos quadrinhos. O resultado é de derreter a cara. http://bit.ly/meltyourface
““Talvez seja a melhor coisa já feita por qualquer pessoa””
Chico Buarque | Chico e os comentários na internet _Chico Buarque jurava que todo mundo só tinha carinho e amor pra dar pra ele. Aí resolveu ler os comentários sobre a sua pessoa na internet. Ficou chocado com o resultado, mas se matou de rir. Impossível não rir junto. http://bit.ly/chicointernet
#ÁUDIO Superguidis | EPílogo Uma das melhores bandas de rock brasileiro atual chegou ao fim. Superguidis se despediu por twitter, sem drama. Mas deixou EPílogo, uma coletânea de demos e performances ao vivo. http://bit.ly/EPilogo
Wilco | Might O Wilco entrou na onda dos sem gravadora e vai lançar seu nono disco, intitulado The Whole Love, por selo próprio, chamado dBpm. “I Might” é o primeiro single da bolacha, que sai só em setembro.
Só um beijo salva _Um jovem ameaça se atirar de uma passarela. Uma jovem se aproxima. Conversa vai, conversa vem, ela beija o cara e a polícia aproveita e faz o resgate. O áudio (em chinês) a gente não entende nada. Mas a intenção sim. Tags: saves suicide by kiss
Alex Turner | Suck it and See acoustic
http://bit.ly/wilcoimight
Björk | Crystalline O primeiro single de Biophilia, o novo álbum da islandesa, foi parcialmente produzido com um iPad. De acordo com Björk, o trabalho é uma celebração a “como o som funciona na natureza, explorando a infinita expansão do universo, de sistemas planetários a estruturas atômicas”. A cara dela. http://bit.ly/bjorkcrystal
_Em sessão acústica para a revista gringa Spin, Alex Turner, vocalista do Arctic Monkeys, fez um versão linda para “Suck it and See”, do álbum homônimo que saiu neste ano. Só com um violão, o cara se saiu muito bem.
Thurston Moore | Blood Never Lies Em vídeo exclusivo para a internet,Thurston Moore, do Sonic Youth, tocou “Blood Never Lies” no programa do Jimmy Fallon. A faixa compõe o último trabalho solo em estúdio do cara, chamado Demolished Thoughts, que teve a produção assinada pelo multi-instrumentalista Beck.
Tags: suck it and see spin acoustic
http://bit.ly/thurstonblood
@REVISTANOIZE Lembra do clássico Campo Minado? O artista brasileiro Claudio Bueno juntou a idéia do jogo com um GPS. O resultado é muito legal. http://bit.ly/campomin
O álbum de tributo ao Buddy Holly pode ser ouvido na íntegra. São 13 músicas regravadas por artistas que vão de Paul a Kid Rock. http://bit.ly/bhintegra
Uma seleção de gatinhos e ovelhinhas fofas, o Cute Roulette é muito mais querido que o seu pai tarado, o Chat Roulette. http://cuteroulette.com
O negócio agora é rimar rápido. Com funcionalidade bem simples, o Writer Rhymes faz todo o trabalho. E pronto, pode beber. writerhymes.com
Repdrodução
_Lou Reed, falando sobre o seu projeto com o Metallica
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Especial Sónar
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_Por Lalai e Ola Persson
Na contramão dos festivais mundiais, o Sónar ousa ao apostar em artistas ainda não tão conhecidos do grande público. Isso não significa que a curadoria desaponte na escolha da programação, muito pelo contrário. Tem musica boa pra todo mundo. É só escolher a luz. Porque o Sonar é dividido de maneira simples: dia e noite. Para os que preferem nomes mais familiares (e até cantar junto), certamente vai preferir a noite, mas é o dia que se torna puro deleite e faz o festival ser tão especial. Caso falte energia para encarar 16h diárias de evento, vá por nós, escolha o dia. Além da programação musical, há também cinema, fóruns sobre música, o Music Hack Day, o Sónar Kids, o OFFFMàtica, com produção
do OFFF, Sonar e CCBB, que trazem instalações multimídia, além de uma pequena feira, que fica dentro do MACBA apresentando novidades tecnológicas. Os shows diurnos se concentram no MACBA em 4 palcos, sendo apenas um aberto, o Village, que é o principal. O Sónar Noite acontece na Fira Gran Via, um espaço gigantesco onde fica o Centro de Convenções da cidade, também com 4 palcos, sendo 2 abertos e um pequeno que fica em frente a uma pista de carrinho bate-bate. Mas se você conseguir encarar tudo. Melhor ainda. O que mais nos surpreendeu foi a quantidade de artistas experimentais, dando um tom mais cabeçudo com muita música ambiente e estranhamentos sonoros. A abertura esse
Ola Persson
Ola Persson
MAS DEVERIa_
ano ficaria nas mãos do veterano Steve Reich, pai do minimal, que tocaria acompanhado de uma orquestra. Infelizmente ele adoeceu e apenas a orquestra se apresentou. Ainda assim, quem assistiu, afirmou que rolou uma emoção. João Brasil chorou e tudo. Lamentamos ter perdido, mas faltaram pernas. Enfim, Para quem gosta de música e vive pesquisando novidades, esse é O festival de música eletrônica para ir. E para os que ficaram só na vontade, vale muito a pena conferir o line-up e olhar artista por artista. Até porque o futuro da musica, certamente ta escrito ali. Na próxima página, alguns destaques nossos. No www.noize.com.br a cobertura completa. Até já.
Especial Sónar
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_Por Lalai e Ola Persson
Ola Persson
__ ESKMO l Também conhecido como Brendan Angelides, faz um som cabeçudo, com influências de glitch, hip-hop e dubstep. Percussão mergulhada em graves marcam suas produções. Lançou o primeiro álbum em 2010 e em 2011 já tirou do forno o novo EP We Got More/Moving Glowstream. Também já assinou produções junto com o brasileiro Amon Tobin, como Eskamon, que também vale conferir. Fechou o Sonar Dia no dia 1 com louvor. Ouça, www.eskmo.com __ HOLY OTHER l Quem deu a dica foi o João Brasil, que já é uma ótima referência. O inglês trouxe ao público suas produções altamente experimentais, vocais distorcidos, construindo de forma minimalista seu som introspectivo, acompanhado de projeções com imagens etéreas. O show foi lindo de morrer e, apesar da distância do pop, embalou o público que fechou os olhos e se entregou completamente às suas músicas. Restaram aplausos e um “queremos mais”. Vai lá, soundcloud.com/holyother
Ola Persson
__ Stendhal Syndrome l Apesar do show climático e introspectivo ter rolado em pleno início de tarde, com o sol a pino, num lugar fechado, o local lotou. A dupla espanhola hipnotizou o público com suas canções marcadas pelo trip-hop, mas com muita referencia dubstep e jungle. Adri tem a voz doce, trazendo à tona Beth Gibbons e Björk. A projeção, que fica nas mãos de Alba Corral, é um show a parte. Banda pra correr atrás. Corre, www.stendhalsyndrome.org
Divulgação
__LITTLE DRAGON I É uma banda de Gotemburgo, Suécia e que não estava na nossa lista. Em meados de 2005 seguiram uma linha mais trip-hop, mas seus últimos trabalhos podemos definir como “electro soul”. Já lançaram 3 álbuns, sendo o último, Ritual Union, lançamento de julho. O show no Sónar foi animadíssimo, com a vocalista Yukimi Nagano convencendo quem passava perto ou longe a ficar (inclusive a gente). Confiram, little-dragon.se
Oscar Garcia
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1.
BLUR
2.
LOLITA
“Foi a primeira banda que eu realmente amei.”
“Meu livro favorito.” 3.
NYC
“É, provavelmente, nossa grande influência. Especialmente nos 80’s.A energia singular, a música, a arte, a moda.”
4.
DEBBIE HARRY
“Ela é o ícone perfeito antes da Madonna. É linda, tem uma imagem verdadeiramente forte. É tipo ‘o capitão num barco’.”
1. Damon Albarn, Graham Coxon, Alex James e Dave Rowntree. Ou, Blur: um dos gigantes do Britpop. 2. Lolita é um dos romances mais polêmicos do universo literário. Assinado pelo escritor russo Vladimir Nabokov, foi publicado pela primeira vez em 1955 (depois de ter sido rejeitado por dezenas de editoras). Carregado de erotismo, conta a história de um professor que se apaixona por sua enteada de doze anos. Sim, a tal Lolita. 4. Debbie Harry é o sonho de todo roqueiro cinquentão.Também conhecida como a vocalista do Blondie.
POR NEW YOUNG PONY CLUB
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_“Nós somos uma banda punk-dance de coração.” É o que diz o quarteto londrino New Young Pony Club sobre eles mesmos. Têm dois discos na bagagem, Fantastic Playroom e The Optimist. Recentemente, desbravaram terras tupiniquins ao subir em palcos de São Paulo e Porto Alegre.
5.
HIP HOP
6.
Colin Thurston
“Tem tantas ideias linguísticas e metáforas. Está constantemente se movendo, se transformando, e isso é realmente inspirador.”
“Ele é um cara brilhante. E muito legal.”
7.
Once Upon a Time in New York
“É sobre como o punk, o hip hop e a disco music aconteciam ao mesmo tempo na cidade. E aquele foi o período mais empolgante de todos.”
8.
The Stranglers
“É sujo. É punk. É nojento.”
6. Colin Thurston é, simplesmente, um dos nomes por trás de duas das maiores pérolas sonoras dos 70’s: Heroes, de David Bowie, e Lust For Life, de Iggy Pop. Também produziu discos de Duran Duran,The Human League e Gary Numan. 7. Grandmaster Flash, Patti Smith, Nile Rodgers, Chuck D e Tommy Ramone. Figuras que transformaram Nova Iorque e o mundo. E é essa a história contada no doc produzido pela BBC. 8. Nasceram em Guildford, na Inglaterra, em 1974. 37 anos mais tarde e ainda rodam o mundo com o british punk na bagagem.
_ por Gaía Passarelli
026\\
COLUNISTAS Divulgação
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TORO Y MOI O novo álbum de Chaz Bundwick tem menos cara de lomografia e investe numa sonoridade próxima do Stevie Wonder. Lançado com pompa de “melhores do ano”, não fez o mesmo sucesso do disco de estréia. O cara vem pra um festival em 2011.
__2011, o ano após a chillwave | Lá em 2009, quando um monte de sites e blogs começaram a usar o termo “chillwave” (ou “glo-fi”) teve quem se incomodasse. Principalmente os artistas que estavam sendo jogados dentro do novo selo, como os norte-americanos Toro y Moi, Memory Tapes e Washed Out, unidos por uma sonoridade lo-fi, eletrônica, solar e preguiçosa. Tirando a categorização forçada, não havia nada em comum a esses projetos. Não havia uma gravadora, uma estética ou uma localização geográfica comum, fato apontado pelos
artistas diversas vezes em entrevistas. Isso não impediu a imprensa, os blogs e o público de seguir com a tag. “Chillwave” virou gênero com direito a extenso verbete no last.fm, por exemplo. Por mais que a chillwave não tenha sido uma cena propriamente dita, não dá pra negar o uso de samples, nostalgia 80s, melodias altamente filtradas e climão maconha de vários nomes que estão em destaque desde começo de 2009. E entrou mais gente no caldeirão: Neon Indian, Teen Daze, Star Slinger, Memoryhouse e, recentemente, o eletrônico Com Truise (o nome é gênio) e até o classudo e
dramático francês M83. Os discos novos do Memory Tapes, Washed Out e Toro y Moi (leia ao lado) apontam na mesma direção: uma espécie de synth-pop lento cheio de boas influências dançantes dos anos 80. Abre espaço para algumas das melhores coisas desse 2011 pela metade, como os conterrâneos Twin Shadow e Chain Gang of 1974. E, já que estamos usando de ironia, para o “pós-chillwave”: as sonoridades trevosas e peculiares da witch-house encontrariam espaço não fosse a onda lo-fi/eletrônica desses últimos dois anos? Nada se cria, tudo se transforma.
WASHED OUT Aí sim, um dos bons discos do ano. Apesar de ter lançado singles desde 2009, Within and Without é o primeiro esforço em formato álbum do produtor Ernest Greene, esquema “um homem e um sintetizador”. Saiu oficialmente em 11 de julho.
Memory Tapes Ficou pra trás o Davye Hawks e seus lindos olhos verdes? Com intenções elevadas (“quero fazer música que soe como música que você ouve pela primeira vez”) o disco ainda não convenceu, mas bebe na mesma fonte “cresci nos anos 80”.
_Por Xico Sá xicosa.folha.blog.uol.com.br
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Reprodução
BLOGS
__ Liberaí, Chico Buarque, e viva o comuno-lirismo l Se vazou por marketing, generosidade ou furto lírico, lindo, pouco importa. O que vale é ter uma nova canção de Chico Buarque na rede. A canção nem é tão linda assim Ainda. Carece de tempo. Chico é gênio, mas a gente não sabe se uma música é tão incrível nas primeiras audições. Nem as de Lou Reed ou se Sérge Gainsbourg ditasse agora para um espírita safado e possível, je t´aime Alan Kardec. As faixas, sejam de quem forem, vão crescendo aos poucos nas nossas oiças, como aquelas moças que à primeira vista não damos nada e tomam conta das nossas vidas. Algumas dos Smiths, por exemplo, só agora, um quarto de século depois, é que passaram a fazer sentido. Quase 30 anos depois de dançadas naquele navio enferrujado na bacia do Pina, Recife. Disco novo para mim..., seja do Chico, Lou Reed, Mundo Livre S.A., Cidadão Instigado, Nação Zumbi, Edu Lobo, Johnny Hooker, Khan, Genghis Kan ou Cake (tá de volta mesmo ou é bolo trocadilhesco e torta pop na cara?) significam voltar para casa, preparar uma comida, uma bebida, e fazer um banquete mendigoso até a última larica. A canção que vazou do Chico Buarque, denominada
“Meu querido diário”, nem é tão bonita assim ainda, repito, carece envelhecer em barris de qualquer lágrima particularíssima. Certas canções dependem de dores que as justifiquem cá do nosso lado do balcão, mermão. A danada da faixa, porém, tem pelo menos um verso matador, que lembra um pouco o Tom Waits do “Rain Dogs”, em uma versão infinitamente mais solar, claro, o cara é dos trópicos! “De volta à casa, na rua, recolhi um cão/ que de hora em hora me arranca um pedaço...” Sensacional, Francisco, já ta valendo muito. Tem uma coisa assim também meio Freud do mal-estar da civilização nos primeiros versos, aquela história toda de carecer do religioso, mas ai já é viagem aqui do cronista empolgado e interpretativo madruga adentro. Esquece. Tudo bem, a música que rolou antes de consolidada a pré-venda da Biscoito Fino, a gravadora da nova obra, já é um baita presente.Venha ela da generosidade do artista, venha ela de um esperto do marketing ou de qualquer canto. Eu peço é bis. É tempo de compartilhamento. Querendo ou não querendo. Libera ai o resto, seu Francisco!, pra quê ganhar mais dinheiro, só para enricar os intermediários? É hora da gente exercitar nosso comunismo lírico, amoroso e estético!
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BLOGS Diego Aragão
__ Sutileza e poesia da música mineira l Cada refrão do CD Talvez hoje eu tope um plural, da banda Acidogroove, é uma boa pedida para quem gosta de músicas que mais parecem estar inseridas em livros de poesia. Formada por Fred Pinheiro (voz e guitarra), Cláudio Neto (baixo e voz), Gabriel Mendes (teclado, escaleta e voz) e Leonardo Kopa (bateria e voz), a banda lança o novo trabalho no mês de julho, resultado de três anos de produção. Letras que traduzem o cotidiano e que captam a melhor essência do amor.“Talvez hoje eu tope um plural”, que terá distribuição nacional pela Distro Fora do Eixo e será lançado pelo selos Megalozebu, Gravadora Discos e Sapólio Rádio.Acesse acidogroove.tnb.art.br e ouça!
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__ Festival Gramophone reúne bandas independentes de destaque l Produzido pelo Coletivo Colcheia, da cidade mineira de Sete Lagoas, o Festival Gramophone chega à sua 2ª edição entre os dias 28 e 30 de julho. Se no ano anterior o festival já mobilizou a cidade e a região, a expectativa para este ano é ainda maior.A programação musical está recheada de nomes do cenário nacional como BNegão e os Seletores de Frequência, Nevilton, Macaco Bong,Vendo 147 e Jair Naves, além de dar oportunidade para 5 bandas da cidade que investem no trabalho autoral. São 13 shows, oficinas, debates, ocupação Hip Hop, mostra de vídeo e exposição de arte compondo a programação. O Gramophone é o 2º festival do calendário do Circuito Mineiro de Festivais Independentes (CMFI), que se estenderá até dezembro com 12 festivais em 12 cidades de Minas Gerais.
DIRETO AO PONTO Vendo 147 e Julgamento Em junho, a Distro FdE lançou novos discos: Godofredo, da banda Vendo 147 (BA), e Muito Além, da banda Julgamento (MG). A primeira faz um rock instrumental inovador e foi lançada pelo Compacto.Rec. Já a segunda é um dos principais nomes do rap produzido em Minas Gerais, que garantiu destaque no Aposta MTV. Conheça Vendo 147, acessando vendo147.tnb.art.br e a Julgamento em rogerdeff.tnb.art.br
Festival Fora do Eixo acontece em quatro capitais Evento de maior integração artística do circuito, o Festival Fora do Eixo abriu as atividades no mês de junho, realizando edições no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia e São Paulo. Em BH foram duas semanas de artes integradas. No RJ, as ações aconteceram em três cidades. Já Goiânia recebeu 18 shows e SP fez sua 1ª etapa do festival focada nas artes cênicas. Saiba mais em festival.foradoeixo.org.br
_Por Daniela Arrais donttouchmymoleskine.com
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Daniela Arrais, já pensando em esconder a idade, jornalista, nasceu em Recife, mora em São Paulo há quase cinco anos. Começou o Dont Touch há uns quatro anos e, de repente, viu que falava de amor quase o tempo todo, numa tentativa eterna de entender a montanha-russa do coração.
BLOGS
__O OH! OH! l É com muita alegria que apresento a vocês o Oh Oh!, um zine colaborativo de fotografias com imagens escolhidas por mim e pelo Cláudio Silvano, Anorak! “A gente gosta de foto errada. Com enquadramento torto, luz estourada e com aquela textura que só é possível com o negativo. Foto de gente normal, sem cara de capa de revista, sem corpo de quem malhou horas no Photoshop. A gente gosta de imagem que emociona, que não precisa ser tecnicamente perfeita para encher os olhos. A gente gosta de simplicidade.
De ter uma câmera nas mãos para captar um momento do dia, da vida ou do coração. A gente gosta de registrar pedacinhos do mundo que nem sempre ganham os holofotes. Aquele carrinho de supermercado esquecido no canto, a cara de sono que chega a ter um tracinho do lençol. A gente gosta de simplicidade. De verdade. E de fotos bonitas. O Oh Oh! surgiu em uma madrugada insone no Gtalk, quando nos demos conta de que gostamos do mesmo tipo de fotografia. Apelidamos o conjunto da obra de “estética Flickr”, pois é no
site de compartilhamento de imagens que encontramos nossas maiores inspirações. Nada mais natural do que usar o próprio Flickr para reunir as imagens que compõem o zine. Criamos um grupo, mais de 400 pessoas se inscreveram nele e mandaram cerca de 2.600 fotos. Aqui, a gente faz uma seleção baseada, pura e simplesmente, no encantamento que sentimos ao olhar cada uma delas.” Para ver o Oh Oh!, acessem: http://issuu.com/ohoh/docs/ohoh
__TEXTO MARÍLIA POZZOBOM
__FOTOS __FOTO DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO
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Com um nome esquisito, letras em inglês e uma sonoridade um tanto pop para a roqueira Curitiba, o Copacabana Club se mantém de pé há quatro anos. Durante esse tempo, emplacou um single em vinheta de um canal pago distribuído por toda a América Latina, fez um videoclipe +1, viu seu Myspace bombar depois que Kanye West postou o tal vídeo em seu blog pessoal e conheceu as terras de além-mar, chegando a tocar no grandioso festival South by Southwest, no Texas. Tudo sem ter sequer um disco na bagagem.
Nascida em 2007 “sem pretensão nenhuma”, como garante a vocalista Camila Cornelsen - a Cacá -, a banda foi formada por um grupo de amigos em uma noite no bar+2. A idéia inicial? Se divertir. No ano seguinte, em uma velocidade incrível, já faziam sucesso pelo Brasil com um som comum aos ouvidos gringos, nem tanto aos tupiniquins: um rock recheado com pitadas eletrônicas, dançante, caprichado, perfeito para as pistas. Quem estava vivo e antenado na época lembra que “Just do It”, o primeiro hit dos Copas, virou hino dos dancefloors. Mesmo sem conhecer a banda, o mundo cantava junto. Mas afinal, o que é Copacabana Club? Eu não aguento e faço a pergunta mais chata que um jornalista pode fazer. Tranquilamente, Cacá me conta que a escolha do nome saiu de uma maneira
meio dadaísta: na busca por um nome fácil de guardar, e que remetesse ao Brasil, eles começaram a falar palavras em português de maneira aleatória. Numa dessas saiu Copacabana e todos gostaram. O Club é o tom disco que embala o som dos caras. Simples assim. E você aí com teorias conspiratórias, hein? Tropical Splash Quatro anos de sucesso e nenhuma gravação parece contraditório. O que pesa na história do Copa é que o sucesso veio muito rápido, então a pressão para a concretização de um álbum foi chegando enquanto a banda era ainda uma menina. Em 2008, os curitibanos soltaram o EP King of the Night. Nele, estavam as músicas “Come Back”,”It’s Us”, “Just Do It” e a homônima “King of the Night”.
[+1] bit.ly/copasdoit [+2] O Bar James é um dos mais conhecidos de Curitiba. É um dos primeiros (e únicos) lugares na noite da cidade para quem gosta de música alternativa.
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“A gente não consegue se imaginar morando em uma cidade grande, onde tudo é longe. Com a idade a gente passa a não querer se submeter mais a certas coisas” Mesmo assim, o lançamento não sossegou os fãs. E nem a banda. “É claro que a gente queria gravar um disco, mas não é assim tão fácil”, revela a vocalista. Tropical Splash, o primeiro álbum cheio do grupo, começou a ser gravado no final de 2009. Chegou às prateleiras em junho deste ano. A bolacha demorou para ver a luz do dia por falta de tempo. Como foi gravado no estúdio do produtor Dudu Marote, a banda só podia trabalhar quando a agenda batia com a de Dudu. E então você se pergunta, “por quê da decisão de se manter independente?”. Não seria muito mais fácil assinar logo com à música? Três selos mostraram interesse em contar com o Copacabana Club enquanto eles trabalhavam no álbum. No fim das contas, o apoio da indústria e as propostas que receberam não ofereciam grandes vantagens financeiras. O disco já estava sendo encaminhado, o dinheiro já tinha sido gasto e o serviço de merchand e assessoria oferecido não valia a pena. Gritar “independência”, nesse caso, foi a escolha mais óbvia. Hoje, Tropical Splash chega às prateleiras das livrarias e lojas de discos que aceitaram vendê-lo em negociação feita diretamente com os Copas. E a grana sai limpinha para eles. Se na internet o grupo deu certo, pergunto como é fazer um show sem ter um registro, um formato físico onde a versão final das músicas é imortalizada. A vocalista responde que acha engraçado o fato de todos pensarem que as versões de suas músicas mudavam de show para show. O que não é verdade: “É como com qualquer outra banda, muda um pouco a cada show. Mas não é uma mudança
drástica”. Durante a gravação de Tropical, nenhum single de King of The Night sofreu grandes transformações. “A ‘Just do It’, por exemplo, só foi remasterizada para ficar igual às outras músicas do disco. Fora isso, nada mais foi mudado, é a mesma música”. A única alteração bombástica aconteceu em “It’s Us”, que acabou ganhando novos arranjos. Aí sim, diferentes do que o público estava acostumado a ouvir ao vivo. Mesmo respeitando o tempo de sua evolução, os integrantes do Copa costumam brincar entre si dizendo que são a banda independente com o single mais longo que existe. Por outro lado, o alívio que a bolacha trouxe aos integrantes do grupo fica claro durante a conversa. A voz de Cacá responde ensopada em um misto de alívio e orgulho. Depois de anos sob pressão, ela confessa que ter o trabalho em mãos acalma os ânimos de todos. Prova pra eles mesmos, e para os fãs, que o quinteto é capaz de fazer um álbum. Ela não diz, mas fica implícito que o disco é a prova final: ok, agora somos uma banda. E agora? $$ Ainda que fazendo muito sucesso aqui e lá fora, a dona do mic insiste em me fazer entender que ser uma banda não é toda a farra que se pensa. A grana e as responsabilidades pesam. Nesse momento, em um ritmo quase didático, Cacá conta que mesmo para uma banda de ascensão tão rápida como a dela, nem tudo são flores. E exemplifica: até meados
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de 2010, Rafa e Tile (guitarrista e baixista, respectivamente) ainda mantinham seus empregos. Até que a compreensão dos chefes chegou no limite. Ela mesmo ainda faz uns frilas (É formada em Engenharia Civil, mas nunca praticou. Quando fala em “trabalho”, fora da banda, significa fotografia). São pouquíssimas coisas que uma banda consegue fazer que não resulte em gastos: viagens, ensaios em estúdio, tudo leva o dinheiro – difícil de ser ganho. Sucesso não necessariamente equivale a grana. BACKYARD “Backyard”+3, o primeiro videoclipe de Tropical Splash, ganhou lançamento poucas semanas depois do disco. Mais produzido que o clipe de “Just do It”, retrata a evolução dos caras como banda e como pessoas. Muito mais sombrio e elaborado, “Backyard” é maduro, sério. E profissional. Para o clipe, o grupo contou com a ajuda dos amigos e o apoio da Red Bull. Mesmo assim, a vocalista conta que a gravação por pouco não foi um desastre. No dia marcado para as filmagens externas, feitas no bosque da chácara de sua família, choveu muito. Era impossível gravar. As filmagens internas então foram adiantadas, mas o trabalho no dia seguinte permaneceu sendo um problema: a lama cobria todo o cenário. “Mesmo com amigos do cinema que ajudaram, com o maquiador que topou fazer o trabalho de graça, o gasto acabou sendo maior ainda”, ela lamenta. SORTE O caminho comum sucesso > disco > single > videoclipe não foi seguido pelo Copacabana Club simplesmente porque ninguém da banda esperava o que eles alcançaram. Em vários momentos, Camila enfatiza que o Copa só deu certo porque eles simplesmente estavam no lugar certo no momento certo. E se a afirmação soar meio prepotente no papel é só pela falta de entonação vocal. Sinceramente, não existe palavra melhor para definir o que aconteceu com os curitibanos. Pouco mais de um ano depois da formação do grupo, um
jornalista assistiu ao seu show e os colocou na capa de um dos cadernos mais importantes do País+4. Alguns meses depois e eles gravam o primeiro videoclipe. O Kanye West vê, curte e posta em seu blog pessoal. O Myspace explode de views e pronto: o sucesso ainda está aí. É claro que existiu esforço, suor e sangue, mas o “turning point” do Copacabana aconteceu “pelas costas”. SIMPLICIDADE A falta de pretensão que Cacá tanto discorre é pontuada em sua conversa mansa de quem fala da banda como quem fala da família. São poucos os momentos em que ela troca a primeira pessoa do plural pela do singular. Falando sobre o futuro - e mesmo agora, com um público capaz de cantar seu álbum de ponta a ponta - ela admite que não tem nada a ver eles saírem de Curitiba, onde todos ainda moram: “A gente não consegue se imaginar morando em uma cidade grande, onde tudo é longe. Além disso, poxa, eu já tenho quase trinta anos. Temos nossas casas. Com a idade, a gente passa a não querer se submeter mais a certas coisas.” À exceção dela, que nunca tinha vivido a rotina de uma banda, Ale (guitarra e vocal), Claudinha (bateria), Tile e Rafa podem afirmar que já haviam trilhado seus caminhos na música. Mesmo que em grupos distintos. No início da nossa conversa, Camila falou sobre um concurso de bandas que eles participaram. Apesar da importância de ter estado lá, questionou a validade desse tipo de evento. “É baseado em que, qual é o critério?”. O mesmo vale para prêmios de música. O grande diferencial do Copacabana Club provavelmente esteja neste tipo de maturidade. Não só de quem já tem uma vida um tanto planejada porque beira os 30, porque já pode ser intitular adulto, mas porque soube esperar o seu tempo. E soube fazer o que estava afim quando estava afim. ”O público muda de opinião toda hora. Você tem que fazer o que é importante pra você”. Sem querer, ela quase recita “Just do It”+5.
[+3] bit.ly/copasback [+4] Em dezembro de 2008 eles saíram na capa do caderno “Ilustrada”, da Folha de São Paulo [+5] “you can make some friends/form a band/or sing along/just do it cause you want it/not because you saw it”
__TEXTO CRISTIANE LISBÔA
__ENTREVISTAS FERNANDO CORRÊA, MARCELA BORDIN, MARÍLIA POZZOBOM e PEDRO BRAGA
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AS REGRAS DO JO GO Cada jogo vem com um punhado de regras+1 que, se seguidas a risca, levam a pelo menos uma vitória. Segui-las, portanto, é sempre a escolha mais segura. Afinal, trilhar o caminho já trilhado é, no mínimo, conhecer as tocas do perigo. Acontece que existe sorte. Existe malandragem. Existe destino. E, sobretudo, existe a variável decisiva do talento. Ou isso que nós tão descuidadamente chamamos de talento e que por si só não define sucesso ou pódim. Para tentar ordenar um pouco as caóticas, mutáveis e temperamentais regras da cultura musical brasileira reunimos produtores, jornalistas, donos de casas de shows, cambistas e músicos de bandas que um dia foram apenas um bando de amigos e algumas guitarras velhas. Ou seja, todo mundo que faz parte do hot music business. Com base em depoimentos, histórias reais e “pulos do gato” destes profissionais, fizemos o primeiro “As Regras do Jogo”. Cheio de dicas, sem auto ajuda e com nenhuma verdade incontestável ou absoluta. Portanto,
PLAY THE GAME.
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1 Identidade “É do produto artístico que parte o todo. Se Michael Jackson fizesse música concreta não adiantaria nada usar a roupa que ele usava e dançar como ele dançava. O artista tem que fazer o que sente, pra ser de coração, de verdade.Tem artista que gosta de botar essa premissa nas mãos de outras pessoas, mas no momento em que criamos a Trama todos artistas se queixavam da interferência não-consensual de grandes gravadoras.” João Marcello Bôscoli, diretor da gravadora Trama “Eu acho que é legal ter uma imagem bem cuidada, no sentido de só soltar vídeos bons, mesmo que sejam web-clipes bem simples. Uma banda que toma o devido cuidado com isso já meio que sai na frente do resto. E isso se aplica a tudo: um logo massa, um twitter ou página no facebook sem analfabetismo e miguxês, o que também dá muita credibilidade pro trampo do cara. E hoje com o YouTube a pessoa não precisa fazer nada mais do que dar UM clique pra ver teu vídeo. Agora, se a música for uma merda, nem Spike Jonze salva.” Lucas Silveira, vocalista da Fresno
2 Posicionamento “Eu acho que tem coisas maravilhosas e muito honestas no mainstream, e coisas fake também. Assim como existe o fake no underground. Eu não acredito muito nessa classificação, e não acho que estar no mainstream significa banalizar algo. Eu, particularmente, como músico, quero atingir o maior número de pessoas possíveis com meu trabalho, honestamente e sempre priorizando pela qualidade do que está feito, seja em termos de
arranjo, letra, melodia ou repertório pra comunicação verdadeira daquilo que eu produzo. Agora, se for da natureza honesta do cara cantar o que quer que seja e assim encontrar seu espaço, der certo, que lindo+2. “ Filipe Catto, cantor “Pra dar certo tem que fazer o que gosta: o negócio é se importar com o que a banda e seus integrantes gostam de fazer, e não o que acham que vão gostar. O público muda toda hora.” Cacá, vocalista do Copacabana Club “Tem muita banda que não se dá valor, que tem um puta som mas não tem aspirações. Parece que o sonho deles é ser sempre uma banda injustiçada. Em compensação, tem banda que acha que é estrela e precisa comer muuuito arroz com feijão ainda.Vimos os dois casos. E acho que é bom achar um meio termo, saber o seu valor mas não se supervalorizar.” Marçal Righi, organizador do Jukebox Festival “O processo de aprendizagem e formação é permanente; geralmente, algumas pessoas se dão por satisfeitas com algum saber adquirido e por vezes desdenham quem mantém uma busca constante de esclarecimento/ conteúdo através dos conhecimentos formais (academia, digamos assim). Devia ser diferente.” Frank Jorge, compositor e vocalista da Graforréia Xilarmônica “Me entristece muito saber da quantidade de bandas ótimas no Brasil, com gente ridiculamente talentosa, mas que não tem a menor manha ou disposição pra fazer aquilo ser conhecido. Aí ficam num ostracismo que cansa, o cara entra numas nóias de achar que é ruim, ou então fica se achando fodão demais e culpando isso pelo seu insucesso.” Lucas Silveira, vocalista da Fresno “É muito difícil verbalizar, mas frescor é virtude fundamental. Não tenho ilusão de que vá conseguir encontrar artista que crie novo gênero de uma hora pra outra. Mas pode botar assinatura pessoal, frescor, personalidade dele naquela música. Por exemplo, Rappin Hood faz rap
[+1] O livro “Palavra Pintada” de Tom Wolfe (Ed. Rocco) define 3 etapas rumo a notoriedade [+2] “Hoje em dia não existe mais uma fórmula tão pronta assim, nem pro sucesso, nem pro fracasso.” Filipe Catto
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brasileiro, mas tem assinatura própria. Nação também. E dá pra extrapolar, porque surgiram junto com um gênero. Mas existe uma série de artistas que não inventaram gêneros, embora tenham botado muito de si. E mais do que nunca, artista que se mexe, que tem iniciativa, corre atrás das coisas, de show, que tem uma iniciativa interessante no mundo digital, que não fique parado. Iniciativa é fundamental.Ter energia pra trabalhar. Um artista que tem assinatura própria e grande iniciativa, acho muito difícil não dar certo.” João Marcello Bôscoli, da Trama
3 Gerenciamento de carreira.
Faça mais de uma coisa. E olha só: profisionalismo – mesmo quando se é ainda amador – é bom e todo mundo gosta
[+3] “Não pode esquecer do roadie, do técnico de som, do técnico de luz, de monitor. É uma equipe grande. Uma banda não são 4, 5 pessoas. São 10, 12 pessoas. As bandas que dão certo, todas têm, de certa forma, uma estrutura. Nem que seja um rascunho disso. [+4] “O empresário ideal é aquele que participa com a banda, que negocia com a banda, sabe o que a banda deseja.
“Somos 10. Pra muita gente seria inviável, as pessoas pensam, ‘Se na banda são 10, a equipe técninca deve ser 30 pessoas’. Nós pensamos: somos 10, temos que fazer funcionar. Então a gente carrega instrumentos, ajuda a montar. Na banda, existem pessoas que sabem mexer na parte de sonorização, tem um economista, que sabe mexer com dinheiro. Então o que era pra ser a desvantagem se tornou a vantagem, usamos o caminho inverso. A gente tem um jornalista, tem um economista na banda, dois designers, um publicitário. Os dois biólogos entendem muito de gravação. O Esdras entende bastante de vídeos. Eu mexo na parte administrativa, o Ofuji na parte institucional e de contatos. A gente aproveitou a parte extra-banda e aplicou na empresa. Na realidade a gente deu sorte em relação a isso, mas nao necessariamente tem gente formada pra tudo - procuramos é aprender e aplicar. E isso ajuda. O artista não pode ser o cara que compõe, entra no estúdio, toca e sai. Os tempos são outros. Ou você se adequa, se adapta as novas tecnologias, novo cenário, ou você tá fadado a morrer na praia. É meio camaleão, você tem que estar o tempo todo sendo criativo, sendo criativo, sendo criativo, sem deixar o lado
artístico de lado.Tem que balancear as duas coisas.” Paulo Borges, Móveis Coloniais de Acaju, sax tenor e assistente de produção “Eu acho que as bandas, em geral, têm que tocar e têm que tentar fazer o pacote todo funcionar.Tem que ter um site bacana, tem que tentar colocar a música pra fora, acho que isso é importante. A gente nunca vai saber que tem uma banda nova em Goiânia, se ela não fizer chegar até mim. Então... obviamente a gente pesquisa e procura, a gente pede dicas de vários produtores pelo Brasil inteiro, porque eles sabem que têm bandas que têm dificuldade de sair daquele nicho. Mas é importante tentar rodar, tentar participar de eventos. Cada banda tem que passar por duas fases.Tem aquela fase que é a do investimento - que é muito importante, quando a banda tem que rodar, fazer mais de trinta cidades, numa turnê de Fora do Eixo, super importante, porque eles tocaram em lugares que eles nunca iriam normalmente. E agora a gente voltou pela segunda vez pra alguns lugares e foi muito legal.Ter essa recepção da volta, que certamente seria diferente se eles não tivessem tocado lá antes. Acho que é isso, acho que a banda tem que tocar. Essa é a dica principal.“ Ana Garcia, uma das fundadoras do Coquetel Molotov, produtora e coletivo cultural de Recife
Os três personagens por trás do gerenciamento de uma banda+3 “O AGENTE é o cara que simplesmente cuida de
vender show. É aquele cara que tem os contatos. “ “O EMPRESÁRIO+4 administra a carreira como um
todo. É parceiro da banda fulltime.Tu depende dele pra tua carreira andar e ele depende de ti pro sustendo dele. É praticamente um casamento. “ “O PRODUTOR é o cara do dia a dia. É um trabalho quase de secretário. “ Miranda, Produtor musical
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Shows
Gravar? Quando? Gravadora. Ter? Será? Imprensa? Como chegar nela?
“A coisa mais importante que um artista pode ter é o show. É premissa básica: sem bom show, nada acontece. Mesmo banda que toque no rádio – sem grande show, tudo rui. É onde a mágica se concretiza, de Luan Santana a Lenine.” João Marcello Bôscoli, da Trama “O show é uma das partes mais importantes. Mesmo com a internet, com as pessoas podendo matar mais a vontade de ver as bandas, o grande diferencial ainda é o show. A gente tem sempre essa preocupação de fazer um bom show, ter uma interação maior, descer do palco, trocar figurinha. Pra não ser aquela coisa do artista lá em cima, intocável, e o público embaixo. Então o que a gente procura é manter o máximo de contato, fazer com que o público também faça parte do show. O público tem que fazer parte, se sentir parte do espetáculo. As pessoas já vão pensando como vai ser, a hora que vamos descer, como vai ser a coreografia que vamos fazer com eles. E depois tem a repercussão em função disso. Até mesmo nos lugares que a gente vai tocar a primeira vez as pessoas já vão nessa expectativa.Tem que ser tudo muito organizado, a passagem de som, por exemplo, é uma etapa importantíssima.” Paulo Borges, Móveis Coloniais de Acaju, sax tenor e assistente de produção “O primeiro show é determinante.Tem que ter alguém esperto de marcar, um lugar legal, som legal. Senão a banda não vai pra frente. “ Miranda, Produtor
“Acho muito importante não demorar tanto a compor, gravar e lançar novo material - seja um disco cheio, single, uma música que seja. Os Beatles são um exemplo e tanto: no mesmo ano que lançaram o Sgt Peppers, saiu também o Magical Mistery Tour!!! Eram fominhas.Tinham talento, ok, mas trabalhavam com afinco.” Frank Jorge, vocalista da Graforreía Xilarmônica “A gravadora deve ser vista como uma parceira do seu trabalho. Ninguém te obriga a assinar um contrato com uma gravadora. Hoje pode-se ter uma carreira longe das gravadoras, mas é mais difícil. Divulgar um CD é caro e trabalhoso. É bem melhor ter um parceiro que entenda de todas as etapas pra ajudar.” Henrique Portugal, tecladista do Skank
E COMO MANDAR MEU MATERIAL PRA GRAVADORA? “1__Nada de CD-R num envelopinho de plástico sem
nada escrito. Isso eu nem escuto”. Sempre colocar o contato, né? 2__NUNCA, JAMAIS mandar músicas ou discos inteiros compactados por email. 4__Se possível, fazer um contato pessoal em festivais da Monstro ou shows. Não mordemos. 5__Não insista! Tem muita banda que às vezes entrega o material e fica ligando, mandando email, mensagem no facebook. Ser insistente é chato, a gente já descarta a banda de cara. Se o carinha já entregou o material, se tivermos interesse, iremos entrar em contato”. Léo Bigode, Monstro Discos
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“É uma lenda a respeito da Rolling Stone achar que a gente vai descobrir a sua banda, porque não é o papel da revista e nunca foi. Ao mesmo tempo, é complicado falar uma coisa dessas e desencorajar um monte de artistas a mandar os seus CDs pra cá. A gente trabalha com muitos colaboradores do Brasil inteiro, repórteres em quem a gente confia. Pessoas com níveis diferentes de especialidade ou que gostam de diferentes estilos e gêneros. A gente fica muito ligado no que eles dizem. O que é falado, mencionado ou recomendado por vários desses colaboradores que nos ajudam faz a gente ligar o nosso radar.” Pablo Miyazawa, editor chefe da Rolling Stone NOSSo CONSELHO? 1__Faça um release com no máximo uma página.
E fale do trabalho em questão, não que começou a tocar com o lesma, na 3o série e teu sonho era zzzzzzz. 2__Mande um CD com capa e índice de músicas. Pode caprichar aqui. Uma capa bacana, uma embalagem bonitinha. Ajuda. 3__Ligue pra perguntar se a pessoa recebeu o disco. E ponto final. Não pergunte “e aí, gostou?”. Ninguém responde a verdade. Por educação. 4__Desista de colocar teu precioso CD na mão de jornalista na balada. Não parece, mas jornalista é gente. Pode estar lá pra se divertir e beber e dançar. E, dentro do táxi, vai vomitar no teu CD.
6 Onde tocar? E mais importante: com quem eu falo pra tocar lá? [+5] Quer tentar? camila@beco203. com.br [+6] Quer tentar? curadoria@studiosp.org
“1__Monte seu RIDER técnico e material de divulgação da maneira mais criativa e objetiva possível, assim será mais fácil de ser atendido.
2__Peça somente coisas que realmente vão ser utili-
zadas. Desperdício e ostentação não são bem vistos por contratantes. 3__Mesmo recebendo cachê, ajude a divulgar seu show. Não é legal nem pra você e nem para o contratante shows vazios. A casa pensa duas vezes antes de te chamar novamente no caso de lugar vazio. E cheio é capaz de você sair com uma nova data de lá. 4__Seja organizado, mas ao mesmo tempo flexível. Imprevistos acontecem e são bem vistos pelo contratante quando o espírito é de resolver o problema e não de ataques de estrelismos e complicações por má vontade. 5__Seja pontual. 6__Carisma, um show criativo e bem montado “sem muitas falas durante” são bem vindos - a não ser que você seja um novo candidato a fazer stand-up comedy. 7__Convidados da banda são necessários, mas não esqueça que a casa tem que pagar seu cachê com o dinheiro da bilheteria. Então, manere. 8__A banda é a grande atração da noite, por isso: faça jus a isto. Bêbados não tocam melhor que sóbrios. Isso é lenda e também não é rock´n´roll. 9__Tenha na manga vários repertórios. Afinal, o público é imprevisível. 10__Mostre tudo aquilo que você ensaiou e transcenda no palco. Pule, grite, extravase, mas cuide dos equipamentos. Bebidas no palco e jogar equipamentos como backlines e microfones não é legal. Ainda mais quando não é seu.” Victor Lucas, dono do Beco 203+5 em São Paulo e Porto Alegre “A programação do Studio é feita através de uma curadoria, de uma direção artística. A gente tem uma programação bastante eclética, não é presa a um estilo musical, mas sim presa a uma determinada conexão com um estilo musical, com um padrão musical da casa. A gente recebe materiais ou indicações e, após ouvirmos e entendermos qual é a de cada banda, faz uma escolha. A gente sempre tenta ser o mais criterioso e cuidadoso possível, porque
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o Studio hoje tem um sistema que é como se fosse uma cadeia, através de uma escadinha que a banda percorre - e a gente, quando convida uma banda pra ingressar nessa escadinha, nesse sistema, a gente quer ter certeza que vai valer a pena, que é uma banda que está relacionada com os padrões da casa. Então, a banda começa tocando no Studio de graça, pra formar público, a gente fica um tempo com ela fazendo esse trabalho. Depois disso, essa banda passa a tocar em shows com bilheteria e aí segue uma trajetória. Muitas vezes essa banda entra no nosso leque de residentes e tudo mais. Mas o início é um começo de curadoria, de escolha por parte da casa. Mesmo. A grande maioria [do material] chega através das próprias bandas, ou do produtor, ou da pessoa que está cuidando da banda. A gente pede que, quando mandarem e-mails, enviem links e não precisa anexwar nada, mandem apenas os links. E a gente tem uma equipe aqui no Studio que cuida da programação da casa. Essa equipe avalia e discute com os outros setores pra ver qual banda pode entrar nesse sistema de difusão de artistas.” Ale Youssef+6 – sócio do Studio SP
7 Pulo do Gato. Trabalho x sorte x vontade “A gente se organizou porque ainda não conhecia o pessoal que realmente promovia eventos decentes na cidade. As iniciativas eram poucas, e a gente não podia ficar dependendo dos shows da Atrack, Not So Easy, festivaizinhos de colégios ou do Paraíba’s Festival (um festival bem clássico que rolava no Garagem Hermética) para fazer os shows. A gente queria fazer shows onde nós fôssemos os bam-bam-bams, onde eu pudesse fazer um cartaz onde a minha banda tivesse um puta de um destaque, fazer um release cheio de factóides e mandar bala. Uma coisa que eu encanei muito cedo era na magnitude do show. Se o Charilie Brown vinha pra POA e fazia um show no Opinião com um cartaz lambe-lambe de duas folhas, eu iria espre-
mer o orçamento do show pra meter um de OITO folhas. Aí o carinha que não conhecia a banda via aquilo na rua e pensava: “caralho, só eu não conheço essa banda”. Percebi bem cedo que tinha um pessoal de colégio que pirava no nosso, ao mesmo tempo em que ouviam, sei lá, Armandinho. Aí eu escolhia uns dez colégios bombados da cidade e fazia uns esquemas com Grêmio Estudantil, essas coisas. Botava o pessoal pra vender ingresso lá dentro. Deixava uns A3, umas cortesias e um CDzinho com nossas músicas pra ficarem estourando no recreio. Aí chegava mais perto e a gente ia pessoalmente entregar flyer na saída. Não sei como é hoje, mas na época isso deu MUITO certo. O momento em que eu vi que o negócio estava grande era quando parou um New Beetle com aquelas gostosas distribuindo Red Bull na frente do nosso show, lá na Croco. A gente tinha um espírito mega-mendigo, fazia uma correria toda na mão, e já estavam vendo nossos shows como EVENTOS. E essa crescida toda se deu em menos de 2 anos, e bem antes das rádios sequer saberem da nossa existência. “ Lucas Silveira, vocalista da Fresno “Eu vejo o sucesso com algo que tenha retorno de público e não obviamente isso se reflete em algum lucro. Acredito que sucesso seja sinônimo de aclamação. A qualidade é outra coisa, algo muito subjetivo e que varia do gosto pessoal de cada um. No geral meu parâmetro é : O que é bom faz sucesso e leva gente aos shows. “ Ricky Bonadio, dono do selo Arsenal e produtor de NxZero, Fresno e CPM22 “Na verdade, a coisa já tinha mudado quando a música entrou na novela. Eu já estava há algum tempo trabalhando com minha equipe, e continua assim, da mesma forma. Foi uma surpresa pra mim, claro, mas não teve nenhum beabá. Eu tive a sorte da música ser ideal pra personagem, e de estar em uma produção que tem essa abertura pro novo. Não é como se eu estivesse ali perdido no meio dos medalhões. O grande barato da trilha do Cordel é misturar a galera como eu e a Karina Buhr com gente como Zé Ramalho, Caetano e Djavan. “ Filipe Catto, cantor
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8 Grana ou a indefectível pergunta: vou ser pé rapado pra sempre? “Apostar em patrocínios e parcerias comerciais foi uma decisão da sociedade: as pessoas compravam mídias físicas numa intensidade que mudou.Tem que acompanhar o ritmo da história. Creio que pode ser boa fonte de receita.” João Marcello Bôscoli, da Trama “A gente faz a banda gerar dinheiro através da loja, com camisetas, bótons. Agora temos funcionária que trabalha só com vendas. É o velho esquema de banda independente, com mais profissionalismo.” Paulo Borges, Móveis Coloniais de Acaju, sax tenor e assistente de produção “Grana sempre foi relativo. Nunca tivemos um cachê fixo. Sempre tivemos a seguinte política: quando a pessoa vai tocar em um lugar pela primeira vez, vai com o que a casa/produtora do show tem a oferecer e é isso. A partir do segundo convite já podem rolar condições melhores. Se quiser arriscar e tentar se sustentar, viver de música na cena independente, trabalhe duro com uma galera que esteja querendo se dedicar 100% a isso. E seja desapegado: diga adeus à sua cama. “ Andrio Maquenzi, vocalista da extinta Superguidis
Uma última coisa antes de você voltar pro corre? Divirta-se. Sério mesmo. A melhor parte da viagem é o caminho. Sabia?
EXTRA! EXTRA! Primeiro clipe “1__Música. Escolha a melhor música do álbum, se tiver
álbum, claro. Se não a melhor musica que tiveres. De preferência aquela que seus amigos já sabem cantar. Essas normalmente são as que mais funcionam. 2__Ideia. Reunir a banda e decidir juntos o que querem comunicar, que cara vão dar à banda, como imaginam o vídeo clipe e como gostariam de ser vistos pelo público. Votem entre si qual é a melhor ideia. Falem um para o outro tudo. 3__Diretor. Chamar um amigo com inteligência para dirigir e organizar as ideias. Sim, uma banda iniciante tem muitas ideias que precisam ser filtradas por alguém que a banda admire e julgue ter brilhantismo para dizer o que realmente irá funcionar. Importante que ele tenha uma câmera pra filmar ou conheça alguém que tenha pra emprestar. Hoje em dia uma boa câmera digital faz imagens lindíssimas. 4__Produtor. Pense no cara da turma q tem o maior carrão. Conhece todo mundo.Tem facilidade para entrar nos luwgares e conhece todos os picos alucinantes de sua cidade. Esse você já pode chamar pra ser seu produtor.Vai arrumar transporte, alimentação e o lugar que vocês vão filmar. 5__Direção de arte. Quem vai cuidar do que vai aparecer em cena. Objetos, móveis, luminárias... chama aquela gata que se veste super bem e mora numa casa cheia de móveis alucinantes que parecem de filme. Ela pode também acumular a função de figurinista.Vocês vestem jeans e levam opcões de camisetas pretas pra que ela diga qual vocês estão melhor. Economiza na equipe e de quebra um de vocês ainda pode levar a gata, nessa de ver qual blusa fica melhor ela pode se apaixonar pelo seu tanquinho. 6.Sorte. Precisa ter para que tudo dê certo no dia da filmagem, principalmente se for ao ar livre. 7__Festa. Depois do clipe pronto, dê uma festa para apresentar o clipe para os amigos e as pessoas que vocês gostariam que assistissem. Aproveitem a oportunidade e façam um show com a banda pra todos verem vocês tocar ao vivo.” Candé Salles, diretor da Conspiração Filmes.
“minha dicas paras bandas que começam : não é só começar. tEM QUE CONTINUar.muitas vezes as pessoas desistem facilmente, sem saber o que pode vir pela frente. SIGa seu próprio caminho, não ache que o caminho que os outros seguiram também vá funcionar pra você.” Gabriel Thomaz, vocalista da banda Autoramas
__TEXTO MARCELA BORDIN
__FOTO REPRODUÇÃO
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Mais estranho que a ficção Um baixinho magrelo, casado com a enteada, que não crê em amor sem neurose e credita sucesso a sorte. Woody Allen é mais real que você.
Woody é pop Na cena inicial de Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, Alvy Singer conversa com a câmera. “Eu nunca pertenceria a um clube que tivesse alguém que nem eu como sócio”. Singer, sem dúvida, ocupa um alto posto no escalão dos personagens mais neuróticos e irritantemente sábios que Woody Allen já criou. Parafraseada por ele (a autoria é, supostamente, de Groucho Marx), a citação mostra o universo de inseguranças e auto-depreciações que o diretor comumente cria – assim como, pode-se desconfiar, denuncia sua própria vida. Nunca antes esse gênio da tragicomédia esteve na boca do povo como agora. Talvez nem em 1977, quando ganhou um Oscar de melhor filme justamente por Annie Hall. Com o lançamento de Meia-Noite em Paris+1, o prolífico diretor é o novo queridinho das telonas no Brasil. O filme é o maior lançamento de Woody no país, com 98 cópias distribuídas e cerca de 130 mil ingressos vendidos. Tweets correm soltos, todos curtem e falam a respeito. Quem não viu, está comendo mosca.
Tudo redondinho Se quer pertencer ou não a um mundo onde ele é popular, impossível saber. Então, vamos ao palpável. Existe um padrão woodyallenesco de trilhas sonoras, que aparece ao longo de suas quatro décadas de carreira. Com Meia-Noite em Paris, mais uma vez, o conjunto musical chama atenção. Aqui, um parênteses se faz necessário, já que, neste filme em especial, – e como é comum em produções de época – a música não é apenas decoração. É parte do contexto. Expliquemos. A sinopse conta a história de um jovem roteirista norte-americano que se vê na Paris dos anos 20, circulando entre os gênios e loucos da “geração perdida”. Assim, vemos Gil, personagem interpretado por Owen Wilson, passeando em boulevares parisienses, ouvindo conselhos literários de Hemingway, sugerindo que Gertrude Stein leia seu roteiro e conversando, entre um café e outro, com tipos como Salvador Dalí e Fitzgerald. Woody Allen não seria Woody Allen se tudo não ficasse redondinho. Às ações, foi incorporado
[+1] Enquanto participava do festival de Cannes, com MeiaNoite em Paris, Woody Allen declarou, durante uma entrevista, que o livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis, estava na sua lista dos cinco melhores.
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É sua crença que, se continuar fazendo filmes, de vez em quando vai ter sorte e um vai sair OK.
[+3 Trio também de Melbourne que escreve músicas como se estivesse compondo trilhas cósmicas para filmes psicodélicos. [+4] The Experiment é o álbum de estreia desse trio australiano que já saiu em tour com gente como La Roux e Groove Armada.
o som de clássicos como Cole Porter, Josephine Baker e Enoch Light and The Light Brigade. Porter, em especial, é rememorado no filme por suas composições em homenagem à Cidade Luz. Entre outras provas de sua afeição, escreveu para a cantora francesa Irène Bordoni o musical Paris, do qual ‘”Let’s Do It” (que aparece na trilha de Meia-Noite em Paris) faz parte. Figura controversa em seu tempo, o compositor realizava luxuosas festas em seu apartamento na capital francesa, sempre com o intuito de promover a “interação” entre seus amigos. Homo e heterossexuais. Gay declarado, casou-se com Linda Lee Thomas, norte-americana, divorciada e oito anos mais velha que ele. Os motivos que interessariam Woody Allen pela época não são poucos e, não fosse ele ter escrito e dirigido o filme, ninguém o teria feito melhor. Afinal, nada mais apropriado do que um amante de jazz para retratar a era dourada do estilo musical. Woody não se limita à temporalidade e estilos. Em 2009, com Tudo Pode Dar Certo, o diretor - notório por seu caráter cosmopolita - retornou ao cenário de Manhattan que tanto brilhou em obras passadas. A trilha do filme, que mistura música erudita com (de novo) o querido jazz, anuncia o que há por vir. Infestado pelo humor ácido de Larry David (que interpreta uma versão própria dos personagens de Allen, com direito a gagueira e voltas ao redor do mesmo assunto), a narrativa constrói o improvável relacionamento entre Melody St. Ann Celestine (Evan Rachel Wood) e Boris Yellnikoff (David). Ela, uma ingênua e boba menina do Mississipi que encontra abrigo no apartamen-
to de Boris. Ele, um esnobe professor de Mecânica Quântica habituado a descarregar seus desgostos com a vida em quem quiser ouvir. As canções que acompanham os idílicos passeios ao Central Park anunciam e denunciam sentimentos. Para os amantes da bossa-nova (que é filha do samba, mas parente distante do jazz), uma versão da brasileiríssima “Menina Flor”, interpretada por Charlie Byrd. Para os amantes do kitsch, “Happy Birthday To You”, cantada por Larry David. Anterior à Tudo Pode Dar Certo, a produção Vicky, Cristina, Barcelona vem embalada por canções com o clima caliente do flamenco. Na Espanha, Allen procurou – e encontrou – sua trilha sonora. Juan Serrano, Paco De Lucía e Guilio Y Los Tellarini, para citar alguns, contribuem com suas guitarras. Deixam a história irresistível. Talvez seja a presença de Javier Bardem, Penélope Cruz e Scarlett Johansson, mas o fato é que Barcelona nunca foi tão atraente. Precisa mais? Tudo bem, a gente conta. Guiado pela narração do ator Christopher Evan Welch, o filme mostra duas amigas em uma viagem de férias à capital da Catalunia. Pelas casualidades da existência (ou pelo artifício cinematográfico que Billy Wilder denominaria como ‘meet cutes’), Vicky (Rebecca Hall) e Cristina (Scarlett Johasson) conhecem e se apaixonam pelo arrebatador pintor Juan Antonio (Javier Bardem). Assim, no plural mesmo. Mas um triângulo amoroso não é o bastante para Woody Allen. Quando você acha que está assistindo a mais um conto de amor água com açúcar, aparece então a fogosa Maria Elena (Penélope), transformando o triângulo num quadrado amoroso.
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Só nos últimos dez anos, seus filmes cobriram Paris, Barcelona e Londres, fazendo a ilha de Manhattan, antes tema central em suas histórias, perder território.
Nem tão amador assim Além de admirador, Allen é músico. Judeu do Lower East Side, começou a tocar clarinete quando muito jovem. O polêmico septuagenário já fez aparições em diversos festivais e, com sua New Orleans Jazz Band, toca canções do início do século XX toda segunda-feira no Carlyle Hotel, em Nova York. O diretor e sua banda têm dois álbuns - The Bunk Project, de 1993, e a trilha de Wild Man Blues, de 1997. A relação com o jazz vai longe: o nome artístico “Woody”, por exemplo, foi inspirado pelo clarinetista Woody Herman - na verdade, o cineasta se chama Allen Stewart Konigsberg. Apesar de se considerar um amador na prática, realizou uma turnê europeia (isso não soa como amadorismo) em 1996, excursão que foi acompanhada pela diretora Barbara Koople e rendeu o título Wild Man Blues. No documentário, fica evidente que não há consenso a respeito de seus dotes musicais. Num episódio que qualquer entendedor de Allen consideraria um motivo pra ele discorrer em um de seus longos monólogos, Soon-Yi Previn+2, mulher e enteada do diretor (você não leu errado, é isso mesmo), fez questão de enfatizar que o público não está lá pela música, mas sim por gostar dos seus filmes. Ninguém duvida. Ele mesmo confessou, em entrevista ao jornal britânico The Guardian, que Soon-Yi considera uma tortura ouvi-lo praticar clarinete. Na mesma ocasião, e ainda sobre a esposa, afirmou que sua excelentíssima tampouco assistiu a todos os filmes feitos por ele.
Eterno noivo nervoso A crítica insiste em comparar o ‘novo’ Woody aos seus sucessos setentistas, como Annie Hall e Manhattan, por vezes desmerecendo os lançamentos. Apesar disso, as mais recentes produções do cineasta são bem recebidas pelos fãs colecionados desde O que há,Tigresa?, seu debut de 1966. Sempre empurrando a zona de conforto para longe, Allen mantém as tentativas de trabalhar com a teoria quantitativa, descrita por ele no documentário realizado por Robert Weide+3. É sua crença que, se continuar fazendo filmes, de vez em quando vai ter sorte e um vai sair ok. Ao mesmo tempo, lamenta que nenhuma de suas produções passaria no ‘teste do tempo’ a ponto de transformá-lo em um artista, já que não alcançam a qualidade de obra prima. Se não os seus, Woody, quais? Mas ele não se compara a pouco: Ladrões de Bicicleta, de Vittorio De Sica, e A Grande Ilusão, de Jean Renoir, sobreviverão aos anos. É assim que pensa. Na visão de Weide+4, Woody Allen é “o maior crítico dele mesmo”. Está sozinho na categoria dos que pensam que suas produções não são clássicos. É o paradoxo do pessimista que acredita em sorte - o mesmo que comentou, em 2005, após a premiere do drama (tragédia seria mais adequado) Match Point, que cinismo era só outra forma de escrever realidade. Difícil é acreditar que o trabalho desse gênio (a palavra anda sendo usada levianamente, mas, seguramente, não é o caso aqui) se sustente apenas na quantidade. Mesmo com sua paixão pela música, os passeios pelo jazz e o carinho com as trilhas sonoras, elas nada seriam sem os grandes filmes que as abrigam. Portanto, se o talento depende somente de sorte, Woody Allen parece ter bastante.
[+2] Soon-Yi Previn, atual esposa de Allen, foi adotada por Mia Farrow na época em ela tinha um relacionamento com o diretor. Contra o (bom) senso popular, [+3] Robert Weide, que já foi premiado com um Oscar, demorou 20 anos para convencer Woody Allen a participar do projeto. [+4] Durante as gravações de “Woody Allen: um documentário”, passou 18 meses ao lado do diretor.
_FOTOS FELIPE NEVES _TEXTO TOMÁS BELLO
Ele pensou em ser filósofo. Poderia ter sido psiquiatra, como o pai. No entanto, Prodigy mudou sua vida. “Eu tinha 13 anos, e fiquei muito emocionado com eles e com os Chemical Brothers. Então pensei, ‘meus amigos vão adorar isso’ ”. Abandonou então a universidade de Wesleyan, se despediu de Connecticut e deu hello a Nova Iorque. Passou um tempo atrás do balcão do lendário Sidewalk Café, de onde saíram figuras como Regina Spektor e Adam Green. Mas antes mesmo de servir seu primeiro muffin, já estava arriscando acordes. Primeiro, como guitarrista da Creaky Boards, banda que teve seus 15 minutos de fama ao acusar o Coldplay de plágio em “Vida la Vida”. Logo depois, trocou Smith por Deez. Manteve o Darwin. Virou o queridinho do mundo indie na temporada 2010/11. Crespo, estranho, bigode esquisito, Darwin Deez começou como todos o fazem: um single hypado na web. A música? “Constellations”. Fez o ianque estampar publicações como Time Out e figurar no top 10 da Cool List anual da bíblia musical NME. Na cola, gravou e mixou em casa um álbum completo. “Entre 7 da noite e 4 da manhã”, garante. E pode ser verdade. Diagnosticado pelo próprio pai com Transtorno do Déficit de Atenção, tem dificuldade em se concentrar em algo por horas a fio. “Só é difícil focar no começo, mas quando estou no groove trabalho até explodir.” Explosão foi o que Darwin provocou em sua estreia tupiniquim. Explosão de sorrisos, elogios, tweets animados e dancinhas. Sim, porque o moço da vez desembarcou no Brasil com uma banda formada por amigos de infância. Todos eles dançarinos, sapateadores, inclusive ele, que divide o nome com o famoso véio barbudo que nos livros de biologia explica a teoria da evolução. Por aqui, queria o que todo gringo quer, “futebol, carnaval e pessoas sexy (...), talvez uma pequena dose extra de animação”. Encontrou as lentes da Noize.
Vê o sol 3 ou 4 horas por dia. Não posta nos fins de semana. Espalha discos, livros, cinzero, dois laptops, a vitrola, o telefone, um calendário e a foto da mulher em cima da mesa. É 100% mashup. Dorme cedo, acorda cedo. 4h20. “Melhor hora pra escrever.”
KATE NASH
“Viajar o mundo em uma banda é o emprego perfeito para mim. Eu sento na van o dia inteiro e não faço nada. “ “O primeiro álbum que eu comprei foi Last Splash, dos Breeders. Comprei em uma loja de discos usados, super barato. E eu nunca entendi nenhuma das letras. Elas são simplesmente de outro mundo, nonsense, psicodélicas. Mas era um disco muito cool de se
40% música, 30% literatura, 10% series, 10% cinema, 10% kittehs. Diariamente, 14, 15, 16 horas em frente ter.” sexta eu libero para uma biritinha.” O a tela. Na mesa? Bloquinho, caneta e um copo d’agua ou café. “Na melhor amigo é o fone de ouvido.
“Eu costumava dividir meu cabelo ao meio quando estava na sexta série. Sempre quis ele liso, como todos os meus amigos. Então um dia, quando estava na oitava série, minha mãe acidentalmente cortou meu cabelo muito curto. E não há nada que eu odeie mais do que um corte de cabelo ruim. Então me dei conta de que havia uma benção dos céus, que tinha um afro acontecendo ali. Aí vi uns hipsters no college que imitavam um corte meio judeu. Roubei a ideia.” “Quando eu tinha 13 anos, eu fantasiava sobre dar entrevistas. Eu levava meu cachorro para passear e conversava comigo mesmo. Fazia de conta que estava sendo entrevistado. Eu explicava minha transição de quando comecei a tocar guitara para quando passei a fazer música eletrônica. E como aquilo era cool. E eu fazia de conta que tinha a atenção de pessoas como você.” “A maioria dos meus amigos são sapateadores.”
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1.Alienar ou ceder por certo preço. 2.Comerciar com. 3. Não ceder gratuitamente. 4.Dispor, a troco de dinheiro, do que lhe possui ou foi confiado. 5. Ceder sua própria liberdade por certo preço. Vender. Verbo. Dic. Aurélio.
ESPELHO MEU_
Céu Estrelado _
CILADA_
Acordar cedo, antes do natural para alguém interessante como você, se olhar no espelho e ver um zumbi. Pode ser totalmente desagradável. Ou não. Para quem tem humor, é auto vexatório por natureza, piadista bissexto ou se acha matinalmente sem alma, estes adesivos para espelho são diversão garantida.
Espalhados por várias cidades, os Planetários Municipais te levam de volta ao tempo da excursão escolar, te mostram a galáxia cheia de estrelas brilhantes e dão aquela forcinha pra gente acreditar no cosmos, e tudo ao som de música psicodélica. Por via das dúvidas, leve sua própria trilha sonora.
Uma come-tragédia ou uma tragecomédia? A ordem dos fatores não altera o produto, dizem os matemáticos, e o resultado final é sempre o riso. No caso do filme Cilada.com a globalização de constrangimentos pessoais transforma a vida do personagem principal em uma aventura mundialmente famosa. Dê sua espiadinha.
Rotting Zombie Glass Clings Quanto? R$24,00 no Onde? segredodovitorio.com
Planetário Municipal Quanto? De 5 a 20 reais. Onde? O que estiver mais próximo
Cilada.com Quanto? Depende do Cinema Onde? Nos melhores cinemas da cidade
EUREKA_
LÁBIOS_
CAMISINHA_
Às vezes nossa genialidade está em baixa, mas isso pode ser resolvido facilmente se você é uma pessoa que se inspira com pequenos gestos. Pequenos e que podem ficar por aí pelo seu campo de visão no trabalho, pra dar aquela inspiração. Aliás, Einsten jamais disse “Eureka!”.
Aquelas duas membranas carnosas e sem ossos que formam a parte exterior da boca e cobrem os dentes quando fecham, descobrem quando abrem em sorriso, ajudam na fala e na mastigação. E somente a eles é dado a dádiva de distribuir beijos. Use os que você tem. Sem moderação.
Mini Toy Einstein Quanto? U$5.99 + frete Onde? Na thinkgeek.com (entrega no Brasil)
Beijo Quanto? de graça. Não? Onde? Na rua, na chuva, na fazenda, ou numa casinha de sapêêêê
Mais um motivo para agradecermos os designers e suas idéias mirabolantes. Com um desenho único de forma arredonda na ponta, o Prudence Frisson Baggy aparece com a promessa de dar segurança em todos os movimentos – e posições – que o casal animado quiser executar, sem a neura de rasgar o preservativo. Preservativo Quanto? Em média R$10,00 Onde? Drogarias e supermercados
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estampa
do mĂŞs Marca: Billabong
Onde Encontrar: billabong.com/br/
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_ILUSTRA SEILÁ PAX MFC / WWW.Flickr.com/seilaismo
_FOTO MARCOS HERMES
EDDIE VEDDER
SEPULTURA
Ukulele Songs
Ukulele Songs segue a cartilha de um álbum-padrão de cantor/compositor: melodias reconfortantes somadas à letras que descem macio. E é aí que reside o grande problema do disco: ele é confortável demais. Ao ouvir as três primeiras faixas, já se sabe o que vem em seguida. Falta aquela cartada de risco que fez do líder do Pearl Jam um dos porta-vozes do rock moderno. Claro que há bons momentos - “Sleepless Nights” e “Broken Heart” vão fazer acender muito isqueiro (ok, celular) nos shows. O tão aguardado dueto com Cat Power, “Tonight You Belong to Me”, é de derreter o mais frio dos corações. Já o cover inusitado da vez é “Dream a Little Dream”, do Mamas And The Papas. Enfim, bela companhia para umas horas deitado na rede. Fernando Halal
Kairos
Há duas maneiras de avaliar este disco: comparando-o com o que o Sepultura produziu em sua fase áurea ou esquecendo desse passado já distante – afinal, lá se vão 15 anos desde a saída de Max Cavalera e, sem Iggor, um comeback é cada vez mais improvável. Os fãs xiitas torcem o nariz a cada novo álbum, mas é inegável que Kairos representa um avanço em relação aos medianos Dante XXI e A-Lex. Muito pelo desempenho inspirado de Andreas Kisser. Basta ouvir “Spectrum”, “Mask” e a faixa-título para perceber a volta dos riffs e solos matadores, algo que parecia ter se perdido no meio do caminho. Kairos está longe de ser um clássico, mas tem potencial para agradar até mesmo àqueles que tinham desistido do Sepultura. Daniel Sanes
Kaiser ChiefS The Future Is Medieval
Caindo na real: originalidade não é o forte do Kaiser Chiefs. Mas não é que, para lançar o seu quarto disco, o quinteto de Leeds decidiu chutar o balde com uma estratégia de marketing inovadora? E que pode até mesmo ditar os rumos da indústria nos próximos anos? O lance é o seguinte: o ouvinte vai até o site oficial e cria o seu próprio álbum, escolhendo a arte da capa e dez das 20 novas faixas disponibilizadas. Muito bem, palmas pela flexibilidade. Mas e a música, também empolga? Eles não são o Radiohead, porém, escolhendo bem, é possível chegar a uma compilação britpop de primeira. A baladona “Coming Up For Air” está entre as que não podem ficar de fora. “Child of The Jago” e “Can’t Mind My Own Business” também têm cara de greatest hits. Dado o recado, mãos à obra e bom voto! Fernando Halal
COPACABANA CLUB
Tropical Splash
Não tem discussão: três anos é, de longe, muito tempo para se trabalhar em cima de um EP. Pois foi esse o tempo que se passou entre o lançamento de King of the Night e Tropical Splash, o primeiro álbum de estúdio do Copacabana Club. É um disco complicado: o instrumental soa electro-punk na maioria das vezes, mas os vocais bobinhos, gemidos e com letras fracas (“Peach” é de dar calafrios) logo desconstroem a imagem. Para um disco que supostamente deveria soar pop, o trabalho tem faixas muito longas, quase sempre por conta das mil e uma repetições de refrão. A track mais interessante de Tropical Splash acaba sendo “Darling”, uma baladinha lenta e romântica que foge da jogação das outras faixas. Boa surpresa. Alex Corrêa
BON IVER Bon Iver
Repetir ou ir atrás de novos caminhos musicais? Três anos após o lançamento do elogiado For Emma, Forever Ago, Bon Iver resolve optar pela segunda opção - às vezes acertando, em outras nem tanto. As harmonias vocais elaboradas e em falsete ainda são sua característica mais marcante, mas os violões folk agora dividem espaço com pianos, violinos, saxofones e guitarras. Dessa mistura toda sai um som mais denso, que alcança bons resultados em faixas como “Perth” e “Michicant”. O single “Calgary” surpreende pelo peso, algo incomum para os arranjos de Justin Vernon. Já a inacreditável “Beth/Rest” só deve agradar aos fãs de trilhas sonoras bregas dos anos 80. Um bom disco, mas que fica devendo em relação ao primeiro. Daniel Sanes
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Digitalism
Ida Maria Katla
I Love You, Dude
Escute também: SINAL FECHADO, MEUS CAROS AMIGOS E CHICO BUARQUE 1984
Não é a mesma coisa, mas o Digitalism pode ser um bom consolo para quem já não aguenta esperar pelo novo disco do Justice. I Love You, Dude é um bom entretenimento. Porém, não vai muito além: é como se nada tivesse acontecido desde Idealism, o primeiro álbum do duo alemão - que, diga-se de passagem, era relativamente mais interessante. Nenhum hit aparece, mas algumas músicas chamam mais atenção do que as outras: é o caso da sequência que vai desde “2 Hearts”, passa por “Circles” (a melhor música do disco), “Blitz” e termina na mediana “Forrest Gump”, escrita em parceria com o Stroke Julian Casablancas. Para quem não quiser arriscar, vale mais a pena matar a saudades de Idealism do que procurar mais sarna para se coçar. Alex Corrêa
A norueguesa Ida Maria é uma espécie de Pink que deu certo: aqui, a atitude e o gogó afinado estão a serviço da boa música. É rock sem firulas, com letras confessionais e um punch raras vezes visto. O sucessor de Fortress Round My Heart (2008) não faz feio frente àquela gloriosa estreia. Aqui e ali, seguem ecos de Chrissie Hynde, Courtney Love e Joan Jett, mas a moça consegue emanar luz própria e personalidade em cada faixa. A fúria come solta em “Bad Karma”, “1000 Lovers” e “Devil”, que é pura psicodelia com seus quase 10 minutos. Destoando um pouco das demais, a divertida “I Eat Boys Like You For Breakfast” dá aquela piscadela para as feministas, enquanto a levada de piano de “My Shoes” hipnotiza. Go, Ida, go! Fernando Halal
DISCOGRAFIABÁSICA
CHICO BUARQUE
por Daniel Sanes
Chico Buarque de Hollanda| Em 1966, um jovem de olhos verdes causou estardalhaço ao vencer o II Festival de Música Brasileira da TV Record. “A Banda” virou mania nacional, garantindo a Chico Buarque a gravação de seu primeiro álbum. No disco, ele reverencia a bossa de João Gilberto e o samba de Noel Rosa, mas mostra que não pretende ser um clone. As letras e os arranjos de “Olê Olá” e “Sonho de Carnaval” são extremamente criativos, enquanto “Pedro Pedreiro” é uma espécie de protótipo de “Construção”. Como Nelson Rodrigues disse na época: “com ‘A Banda’, começa uma nova época da música popular no Brasil”. Impossível discordar. Construção| Quinze meses de exílio e a incansável perseguição da censura fizeram
Chico despejar toda a raiva reprimida em forma de música. Lançado em 1971, Construção é provavelmente o mais conhecido álbum do artista. “Deus lhe Pague” e a faixa-título, que narra a vida deplorável e a morte trágica de um trabalhador, são de uma sofisticação até então inédita na MPB. “Cotidiano” é uma bela crônica urbana, enquanto “Desalento”, “Olha Maria” e “Samba de Orly” marcam o início da profícua parceria com Vinícius de Moraes. Construção é um marco não apenas na carreira de Chico Buarque, mas na história da música brasileira.
Chico Buarque 1978 | Entre os discos de Chico Buarque que levam seu nome, este é o mais representativo, mesmo sendo uma colcha de retalhos. “Apesar de Você”, “Cálice” e “Tanto Mar” eram músicas antigas só então liberadas pela censura, enquanto “O meu Amor” (cantada por Elba Ramalho e sua hoje ex-mulher, Marieta Severo), “Pedaço de mim” (com Zizi Possi) e “Homenagem ao Malandro” foram compostas para a peça Ópera do Malandro. Apenas três canções foram feitas para o álbum. Longe de soar sem sentido, a mistura acaba sendo um ótimo exemplo da versatilidade do compositor. Não à toa, um dos discos favoritos do próprio Chico.
Bidê ou Balde Adeus, segunda-feira triste
Adeus, segunda-feira triste é uma adaptação do subtítulo de Café da Manhã dos Campeões, de Kurt Vonnegut - que, nas palavras de Carlos Carneiro (vocalista), tinha a ver com sua “cabeça perturbada”. O repertório do EP foi peneirado entre composições antigas - o último de inéditas é de 2005 - e as que surgiram durante as gravações. Os registros foram realizados em recortes: estrofes e refrães separados, assim como os loops de bateria (por Marcos Rübenich, da Walverdes). Logo após, misturou-se tudo no computador, com produção da banda e Gilberto Ribeiro Jr. A verve final é um punhado “preza” de pops bem trabalhados. Escute a surpreendente e suingada instrumental “VVA Decomposto” (com Jorginho do Trompete) e se renda à folia. Nicolas Gambin
BLONDIE
Panic of Girls
Se algum desavisado escutar “Mother”, “What I Heard”, “Love Doesn’t Frighten Me” ou “D-Day” em uma pista de dança pode achar que são músicas de uma banda nova. Pois é assim que o Blondie soa em seu nono disco: atual. Desde que retornou aos trabalhos, no final dos anos 90, o grupo não se mostrava tão inspirado como neste Panic of Girls. Debbie Harry e cia. parecem ignorar a passagem do tempo e apresentam aqui suas melhores composições em anos, além de um surpreendente cover de “Sunday Smile”, do Beirut. O disco ainda tem faixas em espanhol e francês, reggaes e uma linda balada, “China Shoes”. Mas o quente mesmo são as músicas citadas no início deste texto, que provam que o grupo ainda anima uma festa como poucos. Daniel Sanes
IS TROPICAL
Native To
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TA POR VIR .:The Kooks | Junk of the Heart | 12 de setembro Em abril de 2008, Luke Pritchard e cia jogavam Konk nas prateleiras. Resultado? Primeiro lugar nas paradas britânicas. Assim, sem esforço. Três anos e um bocado mais tarde e o quarteto britânico anuncia “um álbum para tocar ao sol”. É como o vocalista define a terceira bolacha dos Kooks. Segundo ele, “será uma jornada em que vocês poderão embarcar com a gente”. Junk of the Heart vem com assinatura de Tony Hoffer, cara que já produziu gente como Beck, Air e Belle and Sebastian.
CONFIRA Black Lips Arabia Mountain ___Quando um bando de rockers podrões encontram o mestre da sonoridade FM. É tipo assim o sexto álbum dos Black Lips - afinal. A assinatura é do produtor Mark Ronson (aquele que levou Amy Winehouse ao estrelato). Juntos, não reiventam a roda, apenas jogam a sujeira para debaixo do tapete.
Art Brut Brilliant! Tragic! ___ Certa vez, o vocalista Eddie Argos ficou surpreso ao ouvir: “Por que você fala ao invés de cantar?”. Ficou confuso. E mandou, “Mas eu estava cantando o tempo todo”. Moral da história: o charme do Art Brut se esconde em sua mais sincera excentricidade.
Yacht Shangri-La ___ Eles são hippies, mas do tipo que chacoalha aos beats dos anos 00. São de Portland, nos EUA, mas gostariam mesmo é de viver numa galáxia muito, muito distante. Carregam aqueles baixos grandões, que fazem qualquer branco sapatear até que ele se olhe no espelho e tome vergonha na cara.
REDESCOBERTA Burt Bacharach Burt Bacharach (1971)
Já no recém-lançado álbum de estreia, o trio Is Tropical é a promessa indie do ano. Assim que foi divulgado, o vídeo do single “The Greeks” – em que crianças simulam guerras entre traficantes e terroristas (com armas de brinquedo, é claro) – virou mania instantânea em blogs e redes sociais. E a música não fica para trás: é impensável ouvir Native To sem imaginá-lo tocando freneticamente em alguma pista de dança. Com predomínio de sintetizadores, instrumentos de cordas são inseridos timidamente, em poucos momentos - como em “I’ll Take My Chances”, que varia curiosamente de balada a eletrorock. O restante das faixas segue a lógica de BPMs aceleradas, pilhas de Moogs e climas new rave. Nicolas Garbin
Se nas últimas décadas algumas canções de Burt Bacharach foram retomadas por gerações mais novas, seus discos ainda precisam ser redescobertos. O de 1971 é oportuno, por não trazer tantos sucessos consagrados. Claro, tem “Close to You” – famosa com os Carpenters –, mas boa parte do repertório é de temas menos conhecidos que sintetizam bem o universo do compositor. Há a aproximação a sonoridades da bossa nova (“Freefall”), do pop (“Mexican Divorce”) e do jazz arrasa-quarteirão (“Wives and Lovers”, na melhor gravação de sua carreira). No entanto, o grande momento é sua voz frágil em “Hasbrook Heights”. Tá certo que Bacharach foi regravado pelos melhores intérpretes, mas quando ele canta não tem pra ninguém.. Leonardo Bomfim
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_TEXTO FERNANDO CORRêA
According to The Rolling Stones, Jagger/Richards/ Watts/Wood org. Dora Loewenstein e Philip Dodd 50 anos de música. A história dos Rolling Stones se confunde com a história do rock. Coube a eles, após a eclosão da beatlemania, reafirmar que aquela música que dominava o espírito e fazia homens e mulheres rebolar, era sim coisa do capeta. Dado a excessos, o quarteto londrino é ironicamente um dos mais longevos da história da música: fora o guitarrista Brian Jones, morto em um trágico afogamento na piscina de casa, o baile dos Stones ainda não acabou e segue rendendo histórias que até o Deus do Rock duvida. Keith Richards lançou o calhamaço autobiográfico Vida (Globo) no final de 2010, Ron Wood deve lançar suas próprias memórias em breve. E a Cosac Naify coloca na roda According to Rolling Stones, que manteve o título original e ganhou o subtítulo esclarecedor:“a banda conta sua história”.“Como ficará claro para qualquer um que ler este livro, os Rolling Stones nunca se curvaram diante de ninguém nem de coisa alguma”, declaram os autores no prefácio. As 350 páginas de fotos e depoimentos exclusivos que o digam. E dizem.
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1. AS BOCAS DO STONES Reprodução
6. JAGGER REGGAE
Falando nisso, vem à mente os mestres do reggae. Não só Bob Marley, mas esta clássica imagem em que ele aparece ao lado do parceiro Peter Tosh e de um sorridente – e visivelmente meio “grogue de fumaça” – Mick Jagger. Reprodução
O rock ‘n’ roll é tradicionalmente desbocado, mas os Stones transgridem essa regra: são deles as bocas mais aclamadas do rock. Tanto o bocão desejado de Mick Jagger quando o logo que John Pasche projetou para a banda em 1970. A boca vermelha, com a língua de fora, teve um destino infeliz: hoje é tatuada nos recantos mais inóspitos de corpos femininos e masculinos que nunca sequer balançaram ao som de “Satisfaction”. Recentemente, a arte-final original foi vendida por R$ 150 mil.
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5. JUSTIN TIMBERLAKE Justin é o astro pop perfeito: como Madonna e como os Stones é sexy, 2. O SOFA-BOCA DE SALVADOR DALÍ sem preguiça e com Outro que consagrou a figura das bocas no mundo da arte foi o indefec- aquele eterno ar de tível Salvador Dalí, com o sofá do clássico retrato em perspectiva de Mae “e se” . A última pitaWest. Dalí homenagearia outras atrizes de seu tempo, como a estrela- da de transgresão foi a declaração em que -morMarilyn Monroe. Me- afirmou fumar maconha com freqüência. nos lisonjeira, constituiu em um mix do rosto de Marilyn com a careca do 4. GUY RITCHIE então ditador chinês Mao Guy Ritchie é melhor diretor de filmes do Tsé-Tung estampo a capa que ex de Madonna – cargo que deu uma da Vogue em 1971. castigada na sua imagem. Mas os desentendimentos com a ex não o privaram de cons3. MADONNA truir boas relações quando eram casados. Em Um dos grandes hits da eterna rainha do 2009, o amigo de Maddie Justin TimberPop é “Vogue”, em que tanto as modelos lake chegou a ser cotado por Ritchie para o de capa da revista homônima quanto remake do musical Guys and Dolls. Marilyn foram inspiração. Mas Madonna também coleciona quadros famosos. Entre eles, “The Veiled Heart” (1932), obra de Dalí que teria sido um dos pivôs da separação de Maddie e Guy Ritchie, em 2008. Mas isso é fofoca. E a gente não faz fofoca. Faz?
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fotos: | Karina Santiago
FESTIVAL MÓVEIS CONVIDA 2011 em 6 momentos
25.06 a 02.07 – Brasília
Shows marcam os intervalos de aula de escolas públicas..
Palestras aproximam o mercado dos artistas.
Oportunidades para novas bandas através da ‘Rodada de Negócios’.
Festas complementam a programação do festival através do ‘Movimentando a Cena’
Fãs, cantam em coro as músicas de Fernando Anitelli Trio.
Móveis Coloniais de Acaju encerram o festival com povo pedindo bis.
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fotos: 2 e 3 | Camila Mazzini
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JUKEBOX FESTIVAL
THE CRIBS
Estúdio Emme, São Paulo, 01 e 02/07_
Beco 203, São Paulo, 18/06_
Bide ou Baldê, Holger, Boss in Drama, The Twelves... Foi com eles (e com tantos outros) que o blog amigo Move That Jukebox foi aos palcos pela primeira vez. E o povo gostou. “Vim pra ver o pessoal do Apanhador Só. E é legal nesses festivais em lugares fechados que você consegue realmente ver todos os shows. Só acho que deveria começar de dia e ter um dia só. O bolso ia agradecer, saca?”, Alexandre Hirata, 22. “Eu acompanho o site faz um tempo, e é legal que eles tenham umas iniciativas como esta. Quem tá aqui é por que gosta”, Eduardo Felix, 27. “Olha, eu caí aqui meio de pára-quedas, vim com uns amigos, que são amigos dos meninos do Killer on The Dancefloor, mas tô curtindo. É uma galera bem animada, né?”, Bruna Tavares, 29. “O bacana é que os DJs tão fazendo Live. As casas não investem nesse tipo de apresentação, mas é assim que a gente vê do que os caras são capazes. E eles são foda”, Cecília Pedroso, 24. “Acho engraçado o pessoal chamar de festival quando junta um monte de banda. Pra mim tá mais pra uma balada com line up incrível. Podia ser assim toda semana”, Henrique Mattes, 22. “O bom de quando tem um monte de banda é que vem um monte de Maria Baqueta, daí elas se misturam e você chega e fala duas coisas quaisquer sobre qualquer uma das bandas. Elas acham que você é amigo dos caras”, Claudio Sampaio, 27. “Acho que faltou os outros sites e blogs apoiarem. Esses blogueiros tem uma de ser cada um por si, né?”, Bianca Godino, 25.
Foi a estreia tupiniquim dos irmãos Gary, Ryan e Ross Jarman. A Noize ficou curiosa, botou Marcela Bordin na parede. E ela conta como foram os brits. O Cribs é famoso por seus shows explosivos. Foi assim mesmo? Nem que quisesse, o The Cribs conseguiria fazer um show calmo. Como bons meninos punk, derrubaram microfones, subiram na bateria e berraram ao seu bovine public. Eles tocaram “Hey Scenesters” e “Men’s Needs”? Sim. Fizeram a rotina de clássicas, que cobriu também “I’m a Realist” e “Another Number”. Foi essa rotina o ponto alto? Foi “I’m Realist”. Fez toda a platéia gritar em uníssono, “I’m an indecisive piece of shit”. Qual dos irmãos fez você querer se jogar em cima do palco? O Gary, divino com seu baixo. Aí a pergunta: mas ele e o Ryan não são gêmeos? São, porém o corte de cabelo não ajuda o Ryan - e na divisão do charme, Gary ficou com tudo. Você chegou a bater um papo com ele... Foi legal? Alguma frase marcante? Ele foi muito querido, se desculpou insistentemente por me deixar esperando enquanto faziam a passagem de som (como se eu fosse reclamar). Do alto de sua experiência, afirmou que a banda nunca ‘jogou o jogo’ e sempre se manteve íntegra. Marcela Bordin
segundo os electro-indies de plantão
No Day After
_O QUE ACONTECEU NO MÊS DE JUNHO _Créditos Ola Persson _Sónar Festival @ Barcelona
Lucas M. Martins _Television/Gig Rock @ Porto Alegre
Rafael Rocha _New Young Pony Club @ Porto Alegre
Camila Mazzini _Jukebox Festival @ São Paulo
Lucas M. Martins _Damn Laser Vampires/Gig Rock @ Porto Alegre
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Divulgação
PÉLICO FALA SOBRE... __Onde nascem os discos| Janeiro de 2010. Eu,
um violão, uns rascunhos de canções, algumas roupas na mala e quase quarenta graus na acolhedora Buenos Aires. Não era fuga, era só uma necessidade de isolamento. Buscar o que era meu, o que eu tinha vivido e já não sabia mais onde estava. Desconfiava que as guitarras distorcidas, o canto ébrio e os desafetos haviam ficado nas ladeiras da Pompéia. E Palermo não entendia meu romantismo debochado, minhas guitarras distorcidas, meu canto ébrio. Mesmo assim, sem promessas, canções foram
surgindo. Uma, duas, três melodias, palavras, rimas, acordes, vinho, estrofes, ruas arborizadas, refrões, mais vinho, um nome. Pronto, é isso. Que isso fique entre nós. Meu disco. O disco.Voltei. São Paulo, depois do carnaval, é mais eufórica pra quem não sabe sambar. Escolhi para o início da gravações, portanto. Fagote, clarinete, violino, tuba, trombone harmonizam com as novas canções e tudo que imagino é um disco. Só. Nada de impressionismo. Mostro pra Tulipa Ruiz as 16 composições finais. Ela escreve “São dezesseis músicas de amor. Ou melhor, desamor. Não, de solidão. Quer dizer, de esperança. Ou melhor, desapego. Ou pior, de saudade. Minto, de verdades.” Sorrio. Faz sentido. Jesus Sanchez (Los Pirata), meu produtor, concorda com a sutileza dos metais, madeiras e sugere também outros caminhos. Arranjos de sopro e violinos feitos por Bruno Bonaventura. A participação forte de músicos como Régis Damasceno (Cidadão Instigado), Richard Ribeiro (SP Underground), João Erbetta (Los Pirata), Tony Berchmans e Guilherme Kastrup. No comando, ele administra minhas vontades, discorda da minha ansiedade e começa. Não sem antes ouvir que tenho medo. De alma penada, mula-
-sem-cabeça, saci pererê, passos no andar de cima, sapo. Mas do ridículo não tenho, não. É, nem do ridículo. Só isso? Isso é medo? Não. Dos outros tenho menos. Já passei por tudo. Já desejei que alguém sentisse dor e saudade pro resto da vida, propus ser o que ela quer que eu seja, calei a minha dor, anunciei o fim e fui traído pelo destino, tentei convecê-la de tentar, esperei o que ficou pra amanhã, fui em paz mesmo ela não querendo mais, me acostumei com o inacreditável e, por fim, concluí que não se atravessa uma vida sem magoar alguém. Ou, sem transformar tudo isso em música. Mas que “isso fique entre nós.” Pode ser?
DESENHADO POR
Mesmo os melhores skatistas de rua amam uma volta pela cidade, e Chad Tim Tim não é uma exceção. Chad desenhou dois shapes que são perfeitos para andar pelas ruas. Os skates tem uma boa acentuação em seu tail e uma fatia levantada no seu nose e vem com rodas completamente macias que não deixam o skate tremer em buracos. Experimente o que Chad Tim Tim indica como um perfeito meio de transporte alternativo.
TIM TIM HAMMER NOMAD DIMENSÃO: 7.875"W x 30.75"L 5.875"N, 14.25"WB, 6.5"T
Cruiser clássico para todas as ruas. • Concave medio, ótimo para ollies. • Nose levemente curvado para cima • Camada inferior em Bamboo. • Lixa com corte customizado • Trucks fase 2 modelo raw 5.0 • Riser Pads de 1/8" • Rodas 58mm 80a Sidewalk Spinner •Rolamento Abec 5 NCLGQHAM - COMPLETO
TIM TIM CHISEL NOMAD
DIMENSÃO: 7.5”W x 29.5”L 4.625”N, 14.625”WB, 6.25”T • Cruiser clássico para todas as ruas. • Concave medio, ótimo para ollies. • Nose levemente curvado para cima • Camada inferior em Bamboo. • Lixa com corte customizado • Trucks Fase 2 modelo raw 5.0 • Rodas 54mm 85a Filmer Spinner • Rolamento Abec 5 NCLGQCHS – COMPLETO
ENCONTRE NAS LOJAS: BILLABONG; CALLOHA; DE LUCCA; MICROSHOP; POISON; SUNSET; CASA VIVA E JAWS EXTREME.