Revista Noize #46 - Agosto de 2011

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DO UNDERGROUND AO MAINSTREAM

DIREÇÃO: 
 Kento Kojima Pablo Rocha Rafael Rocha COMERCIAL:


 Pablo Rocha pablo@noize.com.br Silvana Fuhrmann silvana@noize.com.br DIRETOR DE CRIAÇÃO: Rafael Rocha rafarocha@noize.com.br EDITORA CHEFE: Cristiane Lisbôa cristianelisboa@noize. com.br EDITOR: Tomás Bello tomas@noize.com.br REVISãO: Marcos Sosa marcossosa@noize. com.br

 REPÓRTER ESPECIAL: Marília Pozzobom marilia@noize.com.br REDAÇÃO: Marcela Bordin marcelabordin@noize. com.br Rafa Carvalho rafacarvalho@noize. com.br

DESIGN: Felipe Guimarães felipe@noize.com.br 
 ASSIST. ARTE: Camila Fernandes camilafernandes@noize. com.br ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO: noize@noize.com.br DISTRIBUIÇÃO: Henrique Dias henrique@noize.com.br GERENTE DE PROJETOS: Leandro Pinheiro leandro@noize.com.br EDITORA DE PROJETOS ESPECIAIS: Lidy Araújo lidy@noize.com.br REDAÇÃO: Bruno Nerva brunonerva@noize. com.br Júlia Silveira juliasilveira@noize.com.br Igor Beron igor@noize.com.br Laryssa Araújo laryssa@noize.com.br

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 AGENDA: shows, festas e eventos agenda@noize.com.br ASSESSORIA JURÍDICA: Zago & Martins Advogados PONTOS: Faculdades Colégios Cursinhos Estúdios
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 Bares e Casas de Show
 Shows, Festas e Feiras

 Festivais Independentes TIRAGEM: 30.000 exemplares CIRCULAÇÃO NACIONAL

• FOTO DE CAPA_ RAFAEL ROCHA

Modelo de Capa:

Fernanda Evangelista Super Agency

• COLABORADORES 1. Ariel Martini_ainda insiste em fazer fotos de show. flickr.com/arielmartini 2. Gaía Passarelli_ Gaía Passarelli gosta de descobrir música nova e comanda o GOO na MTV Brasil. 3. Lalai e Ola_ Lalai trabalha com mídias sociais, mas sua paixão é música. É DJ e produz a festa CREW. O Ola trocou a Suécia pelo Brasil, o design pela música e fotografia. 4. Brandon Tauszik_ Brandon Tauszik é um fotógrafo e cinegrafista doidão com sede em São Francisco, Califórnia. www.brandontauszik.com e www.sprinklelab.com 5. Alex Corrêa_ Carioca, mas gosta mesmo é de São Paulo e acredita na genialidade do Kasabian até o fim. 6. Eduardo Guspe_ Membro fundador do Núcleo Urbanóide, ultimamente se dedica a produzir DONUTS. 7. Daniel Sanes_ Jornalista por formação, lunático por opção e roqueiro de nascimento. Um dos editores de música do site www.nonada.com.br. 8. Rafael Kent_ Fotógrafo. www.rafaelkent.com 9. Fernando Halal_ Jornalista malemolente, fotógrafo de técnica zero e cinéfilo dodói, não morre sem ver um show do Neil Young . www.flickr.com/fernandohalal 10. Matheus Vinhal_ é de Brasília e escreve sobre música, às vezes, quase sempre. Tem twitter (@mvinhal), tumblr (http://poucocaso.tumblr.com) e algum amor pra dar. 11. Nícolas Gambin_ Jornalista freela. Aprecia tocar The Meters com amigos nas horas vagas. 12. Juca_Daniel Garcia, mais conhecido como Juca, é editor da revista Tarja Preta, diretor e produtor do documentário Malditos Cartunistas, jornalista, cartunista, ilustrador, designer gráfico e dj da Bangarang Sound System, da Tarja Preta Sound System e das festas Oh, Play That Thing!, Hula Hula a Go Go e SuperBacana. www.flickr.com/jucartum 13. Dani Arrais_Jornalista, nasceu em Recife, mora em São Paulo há quase cinco anos. Começou o donttouchmymoleskine.com há quatro anos e de repente viu que falava de amor quase o tempo todo. 14. Leonardo Bomfim_ Jornalista e diretor de cinema, edita o freakiumemeio.wordpress.com 15. Samuel Esteves_É nóis que tá. samuelesteves.com 16. Guilherme Medeiros_ Viciado em: música, tênis, skate e fotografia. www.flickr.com/photos/gnomo 17. Gustavo Mini_Gustavo Mini é guitarrista dos Walverdes, comentarista de cultura digital da Oi FM e blogueiro no OEsquema.com.br/Conector

Oops! Our mistake_ Na edição #45 creditamos errado o fotógrafo Lucas Martins de Mello, que clicou Television e Damn Laser Vampires. Já o novo álbum do Kaiser Chiefs, coitado, ganhou uma review bacana, mas levou a capa do Arctic Monkeys de quebra. Suck it and See não é The Future is Medieval, a gente sabe.

Os anúncios e os textos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.. Revista NOIZE - Alguns Diretos Reservados

• EXPEDIENTE #46// ANO 5 // AGOSTO ‘11_


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REVISTA NOIZE. TUMBLR. COM 6

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_foto: RAFAEL KENT


NOME_ Titi Müller PROFISSÃO_ VJ UM DISCO_ The Beatles | White Album

“No táxi, na rua, na televisão, nossos ouvidos passam boa parte do dia expostos a música ruim. Sou chata, gosto de coisas muito específicas e o resto me irrita bastante. Então sempre que quero dar uma “limpada”, ponho meus fones e saio por aí. Música boa é aquela que você quer escutar naquele exato momento, seja pra malhar, transar ou apenas se conectar consigo mesma.”


James Allan, vocalista do Glasvegas l ao divagar sobre Euphoric Heartbreak, novo disco da banda

“Eu espero que os fãs possam se perder um pouco em nossa música. Perder suas inibições, ficar um tanto embriagados, ter um pouco de romance com um estranho. Eu mesmo tenho me envolvido em algum. Por cerca de um ano fui ‘a’ transa da turnê. Se você quisesse estacionar sua bicicleta ou algo assim, eu era o seu homem.”

do Echo & The Bunnymen | pregando amor ao Oasis

“Não sei nada sobre punk.” Tom Verlaine | líder do Television

“Eu abandonei o vício de heroína em Nova Iorque. Eu fiquei muito, muito preso àquilo por um tempo. Mesmo. E eu deixei o vício. Eu tinha um vício de cerca de $25 por dia e eu deixei de lado.”

as músicas dos tudo bem. Mas coas declarações é demais.” Ian McCulloch, vocalista

Bob Dylan I em entrevista inédita de 1996

“Roubar Beatles, piar até ir longe

“Eu sei que os Beatles mudaram, mas a gente vai continuar dessa maneira. Pra nós esta é a melhor maneira. Nós sempre fomos uma banda que, se você ouvisse algo no rádio... bem, aquilo são apenas três minutos. Normalmente, as melhores músicas estão nos discos.” Angus Young, guitarrista do AC/DC | explicando à Sky News por que a banda é do jeito que é há quase quatro décadas

“As pessoas estão tão presas ao fato de não termos um novo álbum que estão esquecendo que as gravadoras estão se tornando cada vez mais irrelevantes, discos estão se tornando irrelevantes e todo esse ciclo álbum-turnê é irrelevante.” Daryl Palumbo, vocalista do Glassjaw l desabafando em entrevista à Kerrang!


“Meu negócio não é falar, mas sim tocar.”

rista do Black Lips | sobre a experiência de “quase-morte” de Mark Ronson

atual Beady Eye | não perdoando o irmão Noel por perder a final da Liga dos Campeões

“Para entrar no clima de gravar Raw Meat, nós começamos a comer todo esse sashimi de fígado. Então todos começaram a passar mal. Mark (Ronson, produtor) teve que ir ao hospital, porque ficou muito fodido. O cérebro dele tava cozinhando, cara.” Cole Alexander, vocalista e guitar-

“Ele é um cagalhão, não consegue ficar ao redor dos verdadeiros fãs. Ele estava em Los Angeles, não é? Com todo aquele tipo de gente... Ele está no rádio a cada m**** de fim de semana falando sobre futebol, mas ele nem está lá. Pobrezinho. Tenho certeza que ele tinha coisas melhores pra fazer.” Liam Gallagher, ex-Oasis,

Jimi Hendrix

“Não vá morrer sem experimentar a maravilha de trepar com amor.” Gabriel García Marquez

“A mente é como um pAraquedas. Só funciona se abri-lo.” “O Tyler tem que esperar na fila se ele quiser me esfaquear. Ele definitivamente não é o primeiro que me diz uma coisa dessas e nem será o último. Crescer é assim. Você pega alguns fãs e um punhado de inimigos pelo caminho.” Bruno Mars l em resposta a ameaças feitas por Tyler, The Creator

“Eu tenho nojo do conceito de sexo ‘homem com homem’. Acho que é contra a natureza. Eu acho que é estranho pra c******. Mas se esse é você. eu te amo. Eu não vou julgar a moral dos outros. Eu tenho amigos que são gayS. Eu digo ‘viva e deixe viver’.” Ted Nugent

Adele | em declaração ao tablóide britânico The Sun

noize.com.br

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Rafael Rocha

__Meu tempo é hoje* | Em outra encarnação assisti a uma palestra com Chico Buarque e Paul Auster. Não se

preocupe. Eu vou falar de música. É que quando alguém soltou a inevitável e sacal pergunta: “quem são seus escritores favoritos?”, Chico não disse. E contou: “Às vezes, leio entrevistas com escritores que sempre dizem a mesma coisa: ‘Estou lendo Flaubert, Dostoievski e Kafka”, ou então: ‘Não leio autores contemporâneos’. Ora, se ele não lê os contemporâneos, quem vai ler ?” Exatamente como fez todo o resto da plateia, ri. Mas só hoje consigo entender o que ele disse. Reverenciar os clássicos, beber nas fontes sagradas é importante e necessário, mas em determinado momento isso precisa parar. Existe uma cena artística acontecendo neste exato momento. Ainda não sabemos que cena é esta, o que vai significar daqui a 30 anos, como será vista pelos que virão depois de nós. E por isso mesmo, ela precisa ser observada de perto. Precisa ter plateia, precisa ter espaço e, acima de tudo, precisa ser ouvida. Pra isso, mergulhamos no agora. O que está sendo produzido na música hoje? Um pouco, muito pouco desta imensa e complexa resposta está nesta edição.Vanguart, Pública, Boss in Drama, lançamentos, histórias, sons. O que é hoje.Você sabe? Quer saber? Mergulha. Até o amanhã, que é logo. Cristiane Lisbôa *Meu tempo é hoje é o nome do documentário de Izabel Jaguaribe com roteiro do Zuenir Ventura sobre Paulinho da Viola. Este nome vem de um samba antigo chamado “Meu Mundo é Hoje” , de Wilson Batista, um dos compositores favoritos do sambista.


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_ouVINDO Pine - 12 Hour Collision Metronomy - English Riviera Primal Scream - Screamadelica Devendra Banhart - What Will We Be Mount Kimbie - Crooks Lovers

__Então, Kings Of

Reprodução

__Não gostar pode, censurar,

nunca mais.| O músico Tonho Croco foi intimado para responder a uma acusação de crime contra a honra. O motivo? A canção “Gangue da Matriz”, critica os deputados que tiveram a boa sacada de aumentar seus próprios salários em 73%. Se sentiram ofendidos e entraram com ação contra o cantor. O povo disse ”não”. O processo foi retirado. Mas os deputados obviamente mantiveram o aumento. não, cabô. Se volta? Cruza os dedos.

Leon não ia tão bem quanto se acreditava... | Um episódio vergonhoso e o drama começa. Durante um show em Dallas, o frontman Caleb Followill declarou que ia ali, no camarim, vomitar, beber mais cerveja, e já voltava. Claro que não voltou. A justificativa? Exaustão pelo calor. (Aham, Cláudia.) Jared Followill, irmão de Caleb, botou a boca no trombone e disse m.e.n.t.i.r.a. Qualquer semelhança com os irmãos Gallagher, nós também notamos. Resultado: cancelamento da turnê, que pode causar um prejuízo de 15 milhões e pedido de intervention pra Caleb. Como diria a @nairbelo: vamos acompanhar.

Reprodução

Divulgação

__Duas semanas seguidas de chuva e frio e guarda-chuvaS perdidos. Alguns vários muitos almoços feitos de sanduíche natural e suco de uva. Uma decepção amorosa, incontáveis shows, fotos na piscina, frases impublicáveis, amanhecer na redação. A Noize é feita de gente. E nossos assuntos hot do mês, aqui.

__I said no, no,

no.| Tragédia anunciada, maldição dos 27. Alguém pensou que o fim de Amy Winehouse seria menos triste? A diva virou promessa do soul e arrebatou a crítica e as pistas com “Back to Black”. O álbum rendeu cinco Grammys e vendeu milhões. A história acaba por aqui. Ou quase. Sua casa vai ser transformada em um centro de reabilitação para dependentes químicos. E não, não fizemos uma edição especial Amy. Nossa celebração é outra. Qual é sua?


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Rafael Rocha

__PUNK AOS 40 | O Television é uma lenda. Há mais de 40 anos abriu a chute a porta para todo o cenário do que até hoje é considerado o “último grande movimento jovem de contracultura”: o punk-rock. Com vocês,Tom Verlaine, líder do banda, em alguns momentos interrompido por Jimmy Rip, guitarrista. Muito cuidado. Eles não estão de bom humor. Como é viajar com uma banda criada há mais de 30 anos? Tom Verlaine: É bom ser apreciado. É surpreendente. Sim, porque há tão poucas bandas dessa época que existem e tocam... Não há nem mesmo tantos discos desse período que as pessoas “toquem”. É bom ainda estar por aí. Há essa coisa dos anos 70, e da cena punk, especificamente, que é aproveitar o presente. TV: Você tem que cuidar o que as pessoas dizem, porque não havia cena punk em NY. Se você olhar para os top 8 discos dos de 77 até o início dos anos 80, você não vai achar um disco punk.

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Quero dizer, de NY,Talking Heads, Patti...Tinha algumas coisas, mas não tinha nada nem perto do punk. As pessoas tendem a chamá-lo de padrinho do punk. Como você se sente a respeito disso? TV: Os únicos momentos em que eu ouço esse tipo de coisa é durante entrevistas. Juro por Deus, é o único momento em que escuto algo sobre isso. O jeito com que vocês tocavam guitarra nos anos 70 ainda influencia como algumas bandas tocam hoje. Strokes e Interpol, por exemplo. Jimmy Rip: São pessoas diretamente plagiando coisas.Acontece o tempo todo. Eu não vou dizer nomes, mas eles estão fazendo e

ganhando dinheiro com isso. O que só mostra que era ótimo antes e ainda atinge as pessoas do jeito certo agora. Mas só há um original.Ainda por perto, tocando. Eu tento tirá-lo de casa e tocar o máximo que a gente consegue. Criar uma música hoje em dia é muito diferente? TV: Eu não sei.Você vai ao redor do mundo e é o mesmo som de bateria, é a mesma batida bum-bumbum. Não importa se é um adolescente de 18 anos na Tailândia ou um adolescente russo. Porque todas essas coisas estão no computador, e assim que eles aprendem a fazer a matemática e deslizar o mouse aprendem a fazer essas coisas.Tem tantos milhares delas e essas músicas

são todas parecidas. Mas a possibilidade de fazer isso não existia 20 anos atrás. Então, você não tinha pessoas nem tentando, porque a possibilidade de criar desse jeito não existia. E agora você tem mais e mais e mais. E talvez menos e menos coisa boa. Mesmice. JR: Alguém ainda tem que sentar sozinho em uma sala e escrever uma canção. Ou é uma música ruim ou é uma música boa. O resto é só enfeite, eu acho. O melhor conselho que se pode dar é que você tem que escrever uma canção. São apenas canções que chamam a atenção e afetam as pessoas. Essas são as coisas que vão ser tocadas daqui a 30 anos.

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Best Coast | Our deal

#OUR DEAL _Para quem aguardava o tal clipe da Best Coast pela Drew Barrymore, a espera valeu. Em clima de Grease, o registro de “Our Deal” tem direito a muitos topetes e muros pichados. Bom contraste com o clima praiano da banda. Famosinhos adolescentes como Chloe Moretz, de Kick-Ass e Miranda Cosgrove, de iCarly (quem?) dão toque fresco ao vídeo de final trágico. Lindinho.

@paololol Awww so sad #ourdeal #bestcoast T_T Awww tão triste #ourdeal #bestcoast T_T

@johoepiojo The kick ass girl is like 10 and that greaser dude is like 21 #jusssayin #ourdeal A mina do kick ass tem tipo 10 (anos) e aquele carinha ensebado tem tipo 21 #jussayin #ourdeal

@marissagins Sitting at my desk crying at @bestycoastyy’s new music video. #ourdeal Sentado na minha escrivaninha chorando com o novo clipe do @bestycoastyy`s. #ourdeal

Tags: best coast our deal official video

Garotas Suecas | Banho de bucha

#BANHO DE BUCHA

_ Chuva de Jacaré. Um mini-jacaré dançando no braço da guitarra. Oito Jacarés. O novo clipe do Garotas Suecas, “Banho de Bucha”, juntou duas breguices amadas dos anos 90: um ícone do É o Tchan e muito Color Block. Nasceu hit. Ordinário. Tags: garotas suecas banho de bucha jacaré

@igorsousa Banho de Bucha, ou a volta do Jacaré @tadsh Jacaré declarou que não conhecia a música, mas que ela é “swingueira massa, balanço, mistura original e única”

TIMELINE A NOIZE entrevistou Lino Bocchini, criador do site fAlha de S.Paulo e o primeiro jornalista brasileiro a entrevistar Julian Assange.

Lá no site do Creators Project dá pra baixar de graça o novo álbum do Emicida, Doozicabraba e a Revolução Silenciosa.Vale o clique.

bit.ly/linobocchini

bit.ly/doozica

Não é barato, mas a grana vai para instituições de caridade. Quem se interessou pelos action figures dos Beastie Boys pode entrar aqui, ó: bit.ly/beastieshop

A tour do Foo Fighters nas garagens de fãs já pode ser vista no YouTube. Mesmo sendo os Foos, as reações das pessoas é que valem. bit.ly/foosgarage


“Isso não é nada comparado ao que acontece no McDonald’s todo dia”

Ok Go | All is not lost

#ÁUDIO

_Ok Go parece estar sempre querendo se superar – porque até agora nenhuma banda fez vídeos à altura. Em “All is Not Lost”, feito com o grupo de dança Pilobolus, os caras não mostram seus melhores ângulos. Mas mostram como se faz clipe. Tags: ok go all is not lost

Rome Ramirez | Rehab _Depois da morte de Amy, vários artistas prestaram sua homenagem à cantora. Rome Ramirez, vocalista do Sublime, fez a sua de maneira diferente: uma versão de “Rehab” virou uma carta de despedida à inglesa. Tags: rome ramirez rehab tribute

Beastie Boys | Don’t play no game that i can’t win _A tão esperada nova parceria entre os Beastie Boys e Spike Jonze saiu. A música, que tem a participação de Santigold, ganhou vídeo incrível com action figures. Não à toa, os bonequinhos já estão à venda.

Bon Iver | Ao vivo em Washington Bon Iver fez streaming ao vivo do seu show no 9:30 Club, em Washington. Quem perdeu e se chateou, boa notícia: a apresentação, que a crítica chamou de “hipnotizante”, está disponível para download ou streaming. bit.ly/boniverwash Lanie Lane | What Do I Do Jack White já tem a próxima Amy Winehouse: o seu selo, o Third Man Records, gravou duas canções da australiana Lenie Lane. A moça tem como influência o jazz e o blues – e qualquer semelhança com a mais recente grande perda da música, não fomos nós que apontamos. bit.ly/leniethird

Arcade Fire | Ready To Start (Remix by Damian Taylor & Arcade Fire) The Suburbs continua a render. E muito. Para comemorar um ano do seu lançamento, The Suburbs Deluxe Edition chega cheio de coisa nova. Inclusive esse remix que tem o dedo e a cara do Arcade Fire. bit.ly/readyremix

Wagner Moura | Creep Wagner Moura soltou a voz no novo filme de Claudio Torres. Em O Homem do Futuro, ele vive Zero, um cientista infeliz. “Creep” caiu como uma luva na descrição do personagem. E Wagner vai de Capitão Nascimento a Thom Yorke. bit.ly/wagneryorke

Tags: beastie boys spike jonze

@REVISTANOIZE A expo Red Bull 3MSF, com curadoria da NOIZE, tava lindona, arrancando sorrisos da redação. Perdeu? Dá pra folhear o livro: bit.ly/book3msf

Todo mundo ama Adele. Prova disso é a quantidade de covers dela espalhados por aí. De John Legend a Patti Smith, selecionamos alguns pra você. bit.ly/adeles

A bailarina infinita é o tipo de coisa legal que dá pra ficar viajando em cima por horas. Mas dá medinho. Não veja à noite, nem sozinho. bit.ly/bailainfinita

O escritor Eduardo Galeano avisou da gravidez do mundo. E diz que o parto é complicado. bit.ly/galeviaja

Repdrodução

_Morrissey, ensandecendo ao falar sobre os ataques na Noruega

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_Por Lalai e Ola Person

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MAS DEVERIa_

Divulgação

OH MINNOWS Origem:

São Francisco, EUA Som:

Se você curte Washed Out e Neon Indian, vai gostar de Oh Minnows, projeto solo do multi-instrumentista Chris Steele-Nicholson, da obscura banda indie The Semifinalists. Oh Minnows estreou com o recente álbum For Shadows, que passeia por sonoridades nos remetendo a My Bloody Valentine, Burial, Cocteau Twins. Corra atrás, pois For Shadows é perfeito para embalar sonhos. Escute:

http://ohminnows.com

ema SOME COMMUNITY Origem:

São Paulo, Brasil Som:

Uma banda paulistana de rock. Já se apresentaram no SXSW e andam, finalmente, tocando bastante em São Paulo. Em 2010 lançaram RinoRino, com 6 faixas pontuadas por escaletas por todos os lados, arranjos doces e, claro, um pouco de pancadaria rock’n’roll. Atenção especial a “Tereza” e “Let’s go back to Africa”, as minhas favoritas. Escute:

http://somecommunity.com

Se estavam faltando divas atuais do rock, Ema surgiu para preencher essa lacuna. Desde PJ Harvey, sua principal referencia, ninguém me pegou desse jeito. Impossível não se deixar seduzir pela voz crua e doce de Erika M. Anderson, conhecida como Ema. A loira andrógina de 28 anos, com cabelos a la Thurston Moore, surgiu há pouco tempo, mas não demorou para chamar atenção.Também pudera, o seu primeiro álbum Past Life Martyred Saints, é um dos melhores que ouvi esse ano. Recheado de referências como Cat Power, PJ Harvey e Sonic Youth, você já se derrete com “Grey Ship”, uma das canções mais belas do álbum, nos remetendo ao mesmo clima de “Dry”, da PJ. Se ainda assim você ficar com dúvidas,

corra atrás do cover incrível de 16 minutos que ela fez de “Kind Hearted Woman Blues”, do Robert Johnson. É de arrepiar a nuca. Seu som pungente, cru e cheio de emoção vai fazer seu coração parar. Não é à toa que Ema ganhou a crítica com o show recente que fez no Pitchfork Festival, onde eu ouvi falar dela pela primeira vez (com um certo atraso, diga-se de passagem). Torcendo aqui para que ela vá além do primeiro álbum, porque aparentemente Ema tem muito ainda a mostrar. E claro, que chame a atenção suficiente para que ela acabe aterrissando em algum festival brasileiro, afinal candidatas a divas são sempre bem-vindas. Escute: http://cameouttanowhere.com



_Por Lalai e Ola Person

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MAS DEVERIa_

Divulgação

HOW TO DRESS WELL Origem:

Chicago, EUA Som:

É o projeto solo do nova-iorquino Tom Krell, que em 2010 foi considerado pelo Stereogum uma das melhores 40 bandas do ano. Seu som R&B é etéreo num grau máximo. Eu assisti ao seu show no Sónar, que me causou estranhamento, num show super climático, mas que deu a impressão de ser totalmente improvisado. Só me convenceu mesmo quando dei uma segunda chance e fui ouvir seu álbum de estréia Love Remains. Aí eu me apaixonei. Escute:

http://howtodresswell.blogspot.com

zola jesus KITO & REIJA LEE Origem:

Austrália Som:

São duas australianas: Kito é produtora de dubstep, que nesse ano se juntou com a cantora Reija Lee.Trabalharam juntas anteriormente na música LFO. Deu tão certo que se juntaram resultando no EP Sweet Talk, lançado pela Mad Decent. O resultado é um dubstep com uma pegada bem pop. A faixa homônima tem vocais distorcidos manipulados por cima de batidas pesadas. Já “Broken Hearts” parece Uffie numa versão dubstep. Escute:

http://soundcloud.com/thisiskito

Esse mês o destaque foi para as mulheres. Zola Jesus não é exatamente uma novidade, mas merece um alcance maior do que teve por aqui. Para os que ainda a desconhecem, a americana de descendência russa Nika Roza Danilova tem apenas 22 anos, sendo 10 dedicados à ópera, adotou o nome Zola Jesus e tem dois álbuns no currículo: The Spoils (2009) e Stridulum II (2010). Se prepara para lançar o terceiro, Conatus, que já causa ansiedade após o lançamento do single Vessel, cheio de vigor, climão e batidas eletrônicas soturnas com sua voz A música de Zola Jesus é cheia de referência de música gótica, industrial, que nos remete aos anos 80. O projeto surgiu de forma natural, quando ainda na escola ela escrevia canções, na sua

maioria a cappella, porque não tinha instrumentos além de um velho piano e uma guitarra. Em entrevista concedida à Pitchfork, Danilova adianta que o novo álbum será mais despojado, com mais elementos acústicos do que nos trabalhos anteriores. Enquanto isso, a cantora faz também participação no novo (e esperado) álbum do M83, previsto para sair em outubro.Anthony Gonzalez afirmou que a colaboração de Zola Jesus é, principalmente, muito orquestral e grande. Só lamento ter perdido o show dela no último SXSW (assim como da Ema, que eu desconhecia na época). Vamos aguardar pra ouvir o que vem por aí. Escute: http://www.zolajesus.com



Arte por JG Fajardo

022\\

1.

CARLOS LACERDA

2.

Nelson Rodrigues

“Ele é um iconoclasta. E eu comecei a virar um iconoclasta com o Carlos Lacerda.”

“Ele me influenciou a vida inteira.Tudo que ele falava, escrevia. Eu o conheci como comentarista de futebol, só fui conhecer sua obra teatral nos anos 90.” 3.

JOHN LENNON

“A primeira entrevista que eu li foi a que ele deu pra Rolling Stone. Pensei: pô, que legal, ele chama o Dylan de Zimmerman. Quero ser esse cara.”

4.

Nietzsche

“Outro iconoclasta. O conheci quando tinha uns 12 anos.”

1. Lacerda foi jornalista e político notório. Era inimigo público de Getúlio Vargas, o tipo de cara que atacava a tudo e a todos – crenças, instituições ou tradições. Ou seja, um iconoclasta. 2. Foi taCHado de obsceno e imoral, mas a verdade é que produziu algumas das maiores pérolas da dramaturgia brasileirA, como Toda Nudez Será Castigada, por exemplo. 4. Friedrich Wilhelm Nietzsche era uma espécie de “desmascarador” da cultura e sociedade ocidentaIS. um dos maiores nomes da filosofia a nascer em solo alemão.


POR LOBÃO

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_Lobão é carioca, mas vive em São Paulo. Cresceu em meio aos violões da MPB, mas gosta mesmo é de guitarra. “O maior tabu da música popular brasileira”, defende. Sua vida roqueira virou livro, 50 Anos a Mil. E ele garante que não vai diminuir a velocidade. “Eu acho que eu vou morrer assim.”

5.

6.

“Foi muito importante pra eu fazer A Vida é Doce. Dentro de um contexto, foi o filme mais ‘eureka’ que eu já assisti na vida. E o filme é lindo.”

“Marcou a minha vida. O Fellini é o maior diretor de cinema, não tem nada parecido.”

7.

8.

A Eternidade e um Dia

Amarcord – Fellini

SALVADOR DALí

“Fiz um método de onipotência epilética baseado no método de paranoia crítica do Dalí. E eu também odiava o Picasso, achava ele muito MPB.”

BACH

“A música dele é o eletroencefalograma do que eu considero uma pessoa normal. Eu toco Bach pra meditar. O Bach vai me preparar pra minha velhice.”

5. Um consagrado escritor que, Em um só dia,vive nas palavras todas as emoções da vida. “A vida é doce”, diz num certo momento. E assim nasceu o álbum de Lobão, com um help do cineasta grego Theodoros Angelopoulos. 6. Em 1973, o italiano Federico Fellini lançou este longa que é, segundo o New York Times, um dos 1000 melhores filmes do mundo. 7. Ou, um dos mestres do surrealismo. Pintou, mas também se aventurou pelo cinema e fotografia. 8. Johann Sebastian Bach é alemão. É um dos maiores compositores de todos os tempos.Viveu entre 1685 e 1750.


_ por Gaía Passarelli

024\\

COLUNISTAS Ygrek

ALGUNS DELES_

BOSCO DELREY Disco lançado esse ano pela Mad Decent do Diplo, meio rock, meio dub, meio house, bem atual e candidato a disco de 2011. O artista mora no Tenessee e sobe ao palco sozinho, tocando guitarra e teclados.

__One Man Bands| Homens, parece, são mais afeitos a dedicação e nerdice típicas da produção musical. Engenheiros de som, músicos virtuosos, DJs, produtores musicais – normalmente são rapazes. Mas na mesma medida em que as mulheres vêm tomando espaço na forma de cantoras excepcionais da última década (Amy,Adele, Lykke Li, Zola Jesus, pra citar só algumas) homens proporcionam o fenômeno das one-man bands da virada de década. Claro que “one man band” é licença poética.Você bem sabe, ninguém faz nada sozinho. Mesmo que o Ernest

Greene do Washed Out insista em dizer que trabalha sozinho num estúdio caseiro, a gente sabe que o produto final passa por algumas pessoas. Os exemplos dizem respeito a caras que assinam sozinhos o trabalho e, às vezes, são responsáveis por todos os instrumentos/programação do álbum. As “monobandas” de hoje não têm nada a ver com a figura solitária do produtor de música eletrônica, aquele gênio dos computadores e/ou das pistas de dança que compõem com auxílio de um software. Estamos falando de caras que criam e tocam como uma banda,

esquema canção – só que sozinhos. Exemplos podem ir a extremos. O Kamtin Mohager, que assina como Chain Gang of 1974, aparece sozinho na capa do disco em fotos e é um dos projetos mais interessantes hoje, baseado numa mistura dançante de Tears for Fears e Duran Duran. Já o Jack Tatum, o Wild Nothing, compõe sozinho e assume para si todos os créditos de seu primeiro disco, lançado de forma independente em 2010, mas sobe ao palco com uma banda de apoio. No box ao lado, outros exemplos.

TOM VEK O multi-instrumentista Thomas Timothy Vernon-Kell estava devendo disco desde o começo dos anos 00, quando lançou sua estreia, com canções que remetem ao punk-rock e new wave. Seu disco novo chama Leisure Seizure.

O Lendário Chucrobillyman O brasileiro de Curitiba faz o que chama de “monobanda” e toca alto, muito alto. Mistura de rock, country e mais qualquer coisa, baseia seu som na viola caipira brasileira – e está em tour no sul dos EUA.



_Por Gustavo Mini www.oesquema.com.br/conector

026\\

www.sxc.hu

BLOGS

__REGRAS DA FIRMA l “Sérgio, você pode vir aqui na minha sala um minuto?” “Claro, chefe.” … “Diga.” “Sérgio, você sabe que... bem, você não sabe... mas nós instalamos recentemente nos computadores do escritório um software que mede o uso que as pessoas fazem da nossa internet.” “Não sabia... chefe.” “Pois então, Sérgio. Feche a porte ali, por favor.” Clam. “Este calhamaço aqui... estas 934 páginas que eu estou segurando... e só consigo segurar porque faço academia quatro vezes por semana... o que você acha que é isso?” “Chefe... nunsei... é... “ “Faça sua aposta... chute...” “É... hmm... bem... o relatório do que eu... faço... na...”

“Continue... você está indo bem...” “... na internet... aqui... no trabalho?” “...” “Chefe?” “Não, Sérgio. Estas 934 páginas são o meu livro de endereços do Facebook que eu imprimi. O relatório da sua atividade na internet durante o trabalho não preenche nem um post it.” “Chefe... eu...” “No mês de junho, Sérgio, você ficou exatamente trinta e... dois... minutos e quarenta e sete segundos na internet. Você é a pessoa aqui no escritório que passa menos tempo na internet. Olha aqui: Silveira, 54 horas no mês passado. Silvinha, 38 horas, sendo 30 no YouTube. Romeu, 28 horas, a maior parte delas no Orkut. Eu: 87 horas de internet.” “Chefe, eu posso explicar...” “Sérgio, isso não tem explicação. Pra mim, alguma coisa você está aprontando. A grande questão é: o que você está

fazendo o dia inteiro neste escritório que você não está na internet? Você já ouviu falar em redes sociais? Você sabe o que significa a palavra social? Claro que não, Sérgio.Você é anti-social.Você é mais do que anti-social, você é anti-rede-social. Um psicopata!” “Mas, chefe, eu que juntei o povo pra ir no meu apartamento fazer um churrasco...” “E não foi ninguém, Sérgio. Porque você não sabe usar a porra do Eventos do Facebook. Mas não é nem essa a questão, Sérgio. A questão é que você precisa entender por que nós somos pagos.Você não está aqui pra ficar de brincadeirinha, ficar de papo no café, ficar fazendo amizadezinhas reais, como você disse no seu único post do Facebook.” “Chefe, eu prometo que vou entrar mais...”



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BLOGS Jacques Antunes

__ Feira da Música de Fortaleza celebra 10 anos em 2011 l Realizada desde 2002 e pioneira no formato pelo país, a Feira da Música de Fortaleza acompanhou uma década de transformações na lógica do mercado musical, pautando discussões sobre a cadeia produtiva da música. Este ano, além das 33 atrações musicais e oficinas, a Feira traz o Intercâmbio de Saberes e o Laboratório Entrepontos visando à formação livre e à troca de saberes de jovens profissionais na cadeia da música. Os projetos com realização da Prodisc têm parceria da Rede Ceará de Música (RedeCem), Prefeitura de Fortaleza e patrocínio do Banco do Nordeste do Brasil e Governo do Estado. A décima edição será realizada de 17 a 20 de agosto, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e seu entorno, em Fortaleza. Mais em: feiradamusica.com.br

Nevilton / Divulgação

__ Novo disco do Nevilton l Uma das bandas de maior destaque do circuito independente e o maior selo de música independente do Brasil juntam-se para lançar o seu mais novo trabalho: o álbum De Verdade, do Nevilton, lançada pela FdE Discos, com disponibilidade para download a partir desse mês, na página do Compacto.REC. Natural de Umuarama, no Paraná, o Nevilton coleciona influências de Beatles, Pixies, Cake, Los Hermanos, Hellacopters, Pavement e, segundo os próprios, “toda música para ouvir, dançar e se divertir”. Além do álbum De Verdade, a temporada em terras paulistas tem em sua safra o clipe da música “Delicadeza”, lançado no programa “Na Brasa”, da MTV, e a produção de dois outros videoclipes para o segundo semestre do ano. Clipe de “Delicadeza” em: bit.ly/kCenrM

DIRETO AO PONTO O filme Argentino, de Diego Costa, do Coletivo Ajuntaê, levou prêmios de Curta Regional, Direção de Curta Regional e Curta Regional (Júri Popular) no Festival Paulínia de Cinema. O filme integra o catálogo da Distribuidora de Filmes FdE e narra a história de um estrangeiro e de uma empresa criada para falsificar documentos e impor novas identidades aos clientes. Leia mais: bit.ly/q8ZKfH

A Fora do Eixo Letras lança a segunda edição do seu fanzine, com 11 autores de estados diversos. Como na edição de estreia, o OrFEL está disponível em duas versões: uma para publicação impressa e outra online. Com registro em Creative Commons, o fanzine circulará por Congressos Regionais e Estaduais do Circuito, além dos Festivais e Noites FdE produzidas em todo o país. Mais informações no site www.foradoeixo.org.br/fel e pelo twitter @fdeletras.



_Por Daniela Arrais donttouchmymoleskine.com

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Daniela Arrais, já pensando em esconder a idade, jornalista, nasceu em Recife, mora em São Paulo há quase cinco anos. Começou o Dont Touch há uns quatro anos e, de repente, viu que falava de amor quase o tempo todo, numa tentativa eterna de entender a montanha-russa do coração.

BLOGS

__love is what you want l Tracey Emin fala de amor e de dor o tempo todo. A artista britânica faz desenhos, pinturas, vídeos, neons, esculturas, instalações e mantos bordados pra falar de sentimento, amizade, perda, relacionamento, nostalgia. Ela parece fazer, em vida, um inventário de suas experiências e emoções. Vi a exposição na Hayward Gallery, em Londres, e me apaixonei pelos neons dela! Ela diz que as frases vêm de coisas que ela já falou pra alguém e de coisas que ela já ouviu de volta. Outro momento da exposição que adorei foi um vídeo de quase meia hora em que ela tem uma conversa com a mãe sobre filhos, aborto, vida adulta. A mãe diz não ter se arrependido de ter tido ela e o

irmão, mas que sua vida foi muito diferente do que podia ter sido. Ela tem uma amargura e uma sinceridade que são tudo o que você menos espera de uma mãe, pelo menos em uma conversa direta com a filha. A exposição é forte. Em alguns momentos, é tão forte que chega a ser perturbadora – como no vídeo “How it feels”, em que ela mostra um aborto com todos os detalhes. Mas no geral sempre gosto desses trabalhos em que o artista expõe suas maiores intimidades, uma coisa Sophie Calle. Acho forte, sincero e corajoso. A exposição “Love Is What You Want” está em cartaz na Hayward Gallery, no Southbank Centre, em Londres, até 29 de agosto.



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_Por Christina Fuscaldo

PUBLIEDITORIAL

A NOVA GERAÇÃO DA MÚSICA BRASILEIRA ESTÁ AQUI! UmA rede social para que músicos, produtores e fãs possam de fato se conectar, trocar experiências, divulgar agenda, descobertas e promover encontros. De som. Pessoas. Lugares. Nesta estreia, nas páginas da Noize, as CINCO bandas que estão se destacando no circuito de mÚsica independente.

/MAGLORE

MAGLORE Rock com MPB e elementos populares. Para quem gosta de Los Hermanos e Strokes. Formada em Salvador, Bahia, o grupo foi tão bem recebido pelos fãs cadastrados na MB que acabou convidada a participar da primeira edição do MB Ao Vivo, show que levou bandas da rede social para o palco do Circo Voador.Todo tipo de arte é bem-vinda para essa turma, tanto que até os desenhos feitos pelo baixista Nery Leal e publicados no blog Memeglore viraram hit entre os fãs. Confira as charges e os quadrinhos sobre histórias engraçadas da banda: http://memeglore.blogspot.com

TRANSMISSOR Folk / Rock. Para quem gosta de Lô Borges e Broken Social Scene. O embrião do Transmissor foi a banda Diesel, que tinha Leonardo Marques e Thiago Corrêa morando e tocando juntos em Los Angeles. Certa vez, James Valentine passava pela porta do bar onde a dupla ia se apresentar. Além de entrar e assistir ao show, o guitarrista do Maroon 5 convidou os amigos para uma jam session em sua casa, com direito a “Wave”, de Tom Jobim, no repertório. O quinteto mineiro está para lançar um disco que terá participação de James.

/projetofeijoada

/TRANSMISSORBAND

PROJETO FEIJOADA Mistura de rock, samba e suingue. Para quem gosta de Monobloco e Bangalafumenga. Os integrantes do Projeto Feijoada têm o hábito de tocar com os músicos posicionados como se estivessem em uma roda de samba, mesmo quando estão em cima do palco. Nem santos nem nada, eles sempre fazem um brinde na mesa, mesmo se já tiverem começado a beber no camarim. Diz um dos integrantes que dá sorte. A banda capixaba transforma a mistura de rock, samba e suingue em um som dançante. Se Joga Malandro é o nome do seu novo disco.

ESKIMO Rock experimental. Para quem gosta de Tom Bloch e Beck. O vocalista Cauê Nardi e o baixista Patrick Laplan formam o Eskimo, que lançou recentemente um álbum chamado Felicidade Interna Bruta. No site da banda, há um diário de gravação no qual os músicos se soltam. Lá, é possível encontrar fotos interessantes e histórias divertidas como a de um piano que não entrou no disco porque, no dia da gravação, os integrantes perceberam que ele estava desafinado. Laplan tocou baixo nas bandas Los Hermanos e Biquini Cavadão.

Use um leitor de QRCode no seu smartphone para ler o código ao lado e acessar a rádio Noize na Melody Box.

/ESKIMO

Enquanto você escuta música na Melody Box ganha pontos que podem ser trocados por prêmios como iPads, iPods, instrumentos musicais e muito mais. www.melodybox.com.br




www.edutattoo.com.br


__TEXTO LEO FELIPE

__ENTREVISTA MARCELA BORDIN


METRONOMY //037

SAUDADES DA RIVIERA FRANCESA O pop experimental do Metronomy ganha o mundo, mas o líder do grupo, Joseph Mount, parece ainda trazer dentro de si aquele solitário garoto de Devon.

Totnes é uma pequena cidade no condado de Devon, região costeira do sudoeste da Inglaterra. Em algum quarto adolescente dessa idílica riviera inglesa, no home studio de um jovem munido de hardware tosco e mil ideias, surgiu o Metronomy. O ano era 1999. De Devon, o homem-banda-computador Joseph Mount partiu para Brighton e, de lá, para Londres e o mundo. No caminho, incluiu outros três integrantes ao projeto – para assim poder apresentar as canções ao vivo –, remixou dezenas de músicas de outros artistas – gente como Klaxons, Gorillaz, Charlotte Gainsbourg, Franz Ferdinand,Air, Lykke Li, CSS –, lançou três álbuns e hoje

é atração em alguns dos principais festivais do planeta. O grupo chega ao ponto alto de sua carreira com The English Riviera. Em poucos dias, estarão disputando a estatueta do Mercury Prize 2011, talvez o prêmio mais cobiçado da música britânica. Paradoxalmente, é um álbum introspectivo, confessional e melancólico, de andamentos desacelerados, canções tradicionais e bem mais orgânicas que nos experimentos anteriores. O primeiro, Pip Paine (Pay the £5000 You Owe), de 2006, soa como um disco feito com equipamentos de brinquedo. Já o segundo, o excelente Night Outs, lançado em 2008, é uma experimentação em rock dançante com aspirações


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“Imaginava que seria um álbum de estúdio. Quando digo isso, quero dizer meio velho mesmo, como os álbuns de estúdio eram feitos antigamente. Fleetwood Mac, Beatles, alguns discos de artistas como esses, em que eles se divertiam e experimentavam no estúdio.”

pop, confirmando que o Metronomy é realmente uma banda esquisita – seu disco pop é uma obra de cheia de imprevisibilidades, refrões entrecortados, barulhinhos. Comparado à euforia geek de Nights Out, The English Riviera soa um pouco como a ressaca de mil noites fora. Saudades de casa depois de descobrir Londres e o mundo através da música. Joseph Mount conversou por telefone com a Noize desde Nova York. Sua banda estava por tocar na cidade e depois cruzar os EUA de costa a costa até Los Angeles. De lá, atravessar os States de novo em direção à Inglaterra e então de volta ao interminável circuito dos festivais. Para aliviar a tensão, uma breve visita ao Brasil. “Nights Out era muito acelerado e foi minha tentativa de fazer um tipo de disco pop.Tudo foi feito em um laptop com materiais de gravação muito simples. Depois quis fazer algo diferente, tentar capturar uma outra atmosfera.Talvez porque estávamos em turnê, tocando todas as músicas do Nights Out, que são canções rápidas, quis fazer algo um pouco mais relaxado... Mas talvez ‘ressaca’ faça parecer algo doloroso. E acho que é menos doloroso que uma ressaca.” Marcando o contraste conceitual entre os trabalhos, The English Riviera foi gravado de uma forma completamente diferente do álbum anterior: em um estúdio profissional e com equipamentos superiores.

“Imaginava que seria um álbum de estúdio. Quando digo isso, quero dizer meio velho mesmo, como os álbuns de estúdio eram feitos antigamente. Fleetwood Mac, Beatles, alguns discos de artistas como esses, em que eles se divertiam e experimentavam no estúdio.Talvez tenha sido o tipo de processo que mais me inspirou.Tem várias canções dessa época, dos anos 70, canções clássicas, que foram feitas em um meio muito ‘tradicional’.Acho que isso foi o mais excitante e inspirador para mim.” O jeito old school se torna novidade para alguém acostumado a trabalhar sozinho com seu computador. Ainda mais um experimentalista como Joe:“As pessoas que gravam em estúdio hoje não fazem com tanta experimentação e exploração como se fazia antes”. No entanto, mesmo com todas as novas possibilidades, experimentos sonoros e viagens, o líder do Metronomy parece guardar dentro de si aquele solitário adolescente de Totnes. “Ainda é muito parecido como quando eu comecei. Muito solitário, sentado na frente de um computador, brincando com ideias e gravando pequenas coisas. Que depois se transformavam em canções.Acho que a grande diferença agora é que nós fazemos turnê (risos). Mas evoluiu muito desde o começo. Porque no início não existiam apresentações, eram só gravações e


METRONOMY //039

“Ainda é muito parecido como quando eu comecei. Muito solitário, sentado na frente de um computador, brincando com idéias e gravando pequenas coisas. Que depois se transformavam em canções.”

tocar músicas para os amigos.Agora você faz isso por muito pouco tempo, e então faz turnê por 18 meses, ou algo assim.” Nas letras de algumas das canções de The English Riviera, Joe deixa transparecer um pouco dessa saudade de casa de quem muito viaja. Mesmo assim, parece sempre obcecado pelo desejo de fugir da baía idílica. Como em alguns trechos dos dois pequenos hits do disco. “The Bay” Because this isn’t Paris And this isn’t London And it’s not Berlin And it’s not Hong Kong Not Tokyo If you want to go I’ll take you back one day “The Look” You’re up and you’ll get down You’re never running from this town Kinda think you said You’ll never get anything better than this Versos confessionais como estes, cantados em melodias que remetem ao pop dos anos 1970, tem

ajudado a proporcionar a melhor turnê do Metronomy. Só nos últimos meses, a banda chacoalhou corações no escocês T in the Park, no francês Big Festival, na Alemanha do Melt e está encerrando o seu verão no grandioso Reading Festival. “Está incrível. E estamos nos divertindo muito. É a melhor turnê que tivemos na Europa. Parece que esse ano as pessoas estão realmente felizes por estarmos tocando. E obviamente há pessoas que já eram fãs antes e que adoram o novo álbum assim como amam o primeiro.” O que só aumenta a expectativa para a segunda passagem do grupo pelo Brasil (a primeira foi no Planeta Terra, em 2009). Resta saber como o público tupiniquim vai reagir às canções old school, à maneira Metronomy, de The English Riviera – intercaladas às esquisitices dançantes de Nights Out.Talvez o pop autoral do grupo funcione melhor em lugares menores do que na vastidão dos festivais. Mesmo que Joseph Mount não pareça concordar com isso. “Acho que quando você está tocando para um número maior de pessoas parece mais assustador e energético. Mas realmente depende. Eu não sei dizer.” Façam suas apostas.


__TEXTO MARÍLIA POZZOBOM E MARCELA BORDIN

__FOTOS RAFAEL KENT


BOSS IN DRAMA //041

Ele já recebeu elogios de Justin Timberlake+1. Dividiu o palco com gente do calibre de Franz Ferdinand, Art Brut e LCD Soundsystem. Arrebatou o prêmio da MTV Video Music Brasil na categoria “Artista Eletrônico”. E tudo isso sem um único álbum pra guardar na mochila de paetê. Boss in Drama é o retrato em instagram do músico nos anos 2000. Pós MySpace (acaba ou não acaba?), pré o que será que será. Seu primeiro disco chama Pure Gold. Faz sentido. Boss in Drama foi a alcunha escolhida pelo produtor Péricles Martins para abrigar uma figura notória por atuações performáticas e músicas altamente dançantes. “Nunca fui somente DJ, sempre fiz algo diferente nas minhas apresentações, seja colocando fogo num keytar+2 de espelhos, cantando ou jogando purpurina na cabeça das pessoas.” E tudo isso nunca

foi só isso. Ele começou bebendo no pop funk dos anos 70, R&B, música negra e disco house. Conheceu o sucesso com seus remixes e resolveu arriscar na produção própria. O primeiro single com a sua assinatura chamava Favorite Song e era obrigatório em qualquer pista de dança em 2009. Ele mesmo declarou que tinha vontade de sacudir o esqueleto quando

[+1] “Boss in Drama esculpe dance beats sexy e suaves, pra ouvir em um pôrdo-sol. Como um Chromeo brasileiro.” [+2] Keytar é aquele instrumento estranho que mistura teclado, guitarra e sintetizador (KEYboard e guiTAR, sacou?).


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“Acho que não existe mais um ‘personagem’ que só aparece no palco. Eu uso paetê pra comprar aspirina, sabe?”.

[+3] Vanguart também circula pelas páginas dessa NOIZE. Com álbum novo pra mostrar. [+4] http://bit.ly/ pureboss [+5] O Wikipedia explica: “Um set é um conjunto de músicas gravadas em uma determinada ordem, sem interrupção, produzidas por DJs, que utilizam aparelhos específicos para fazer a transição de uma música a outra sem que haja diferença na velocidade”.

ouvia. Morde a língua quem disse que santo de casa não faz milagre. Desde então, já teve tempo de ser descoberto, virar sensação e assinar com a gravadora Vigilante, que tem Vanguart+3,Vivendo do Ócio e The Name no seu catálogo. Péricles criou e produziu tudo – quase – sozinho no Pure Gold. “O disco é ‘eletronicamente’ concebido, mas a estrutura é de música pop. As 12 faixas são um compilado de bater o pezinho. Eu cantei em todas (as faixas) e a cantora australiana Christel Escosa dividiu vocais comigo em quatro. Tem um featuring da Laura Taylor, do Bonde do Rolê, em uma das canções do disco, também.” Christel participou, ainda, da composição das letras. Os créditos da mixagem, ele divide com Rafael Ramos. “Tive influências tão variadas, desde Tim Maia e Janet Jackson, até Prince e Outkast.” E elas aparecem, de fato. A canção “Pure Gold”+4, primeiro gostinho do álbum, traz essa marca setentista de sacudir as pistas. Mas foi bem longe delas, mais precisamente entre as paredes de seu próprio quarto, que Péricles fez o disco. A festa ideal pra tocar suas composições, por outro lado, não tem nada do conforto do lar. Ao menos, não do seu. “Na casa da Madonna.” E essa história de fazer música eletrônica em português? “A Sandy e o Rogério Flausino tão aí pra provar que dá pra ser feito.” Apesar de já estar nadando na onda solo, Boss in Drama ainda faz remixes. Sobre o processo, ele diz que escolhe a dedo as “intervenções”. Preconceito, nunca viu, de ninguém. “90% do meu trabalho é autoral, e quando faço remixes, são de músicas que eu realmente amo”. Na prática, explica, remixar é pegar

as partes de uma composição que mais interessam e recriar tudo com seu estilo. Bem longe do simples “mexer no trabalho dos outros”. Aliás, a essa altura do campeonato, Boss in Drama existe em dois formatos: DJ set+5 e apresentações ao vivo. “Boss in Drama DJ set sou eu tocando músicas que eu gosto e que fazem as pessoas dançarem. Boss in Drama com banda, sou eu na guitarra e na voz, um cara na bateria e outro no teclado tocando as músicas do meu disco”. A preferência entre ser estrela solitária ou dividir o palco não existe. “Dá pra ser tudo ao mesmo tempo”. Em ambos os casos, o público ganha altas doses de... drama. “Me inspiro em homens que não tinham medo de ser estranhos ou abusados, que sempre surpreendiam com os figurinos e até hoje inspiram a moda. Bowie, NY Dolls, Marc Bolan, Michael Jackson, Prince, Sylvester e toda a cena disco que abusava do brilho nas perfomances.” E brilho, Pure Gold tem bastante. A arte gráfica, assinada por Pedro Avellato faz com que o CD pareça estar envolvido em ouro. Aliás, engana-se quem pensa que a vida real de Péricles Martins anda muito longe. “Acho que não existe mais um ‘personagem’ que só aparece no palco. Eu uso paetê pra comprar aspirina, sabe?”. Para o futuro, além de Pure Gold, existe o desejo de produzir o trabalho de outros artistas. Depois da experiência (didática) de fazer isso em seu próprio álbum, ele vai estender os horizontes. “Já estou começando a trabalhar com uma cantora mainstream brasileira – vou produzir algumas faixas para o disco novo dela”. Portanto, que façam mais pistas de dança. Boss in Drama apenas começou.


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__REPORTAGEM MARÍLIA POZZOBOM

__REDAÇÃO __FOTO CRISTIANE LISBôA SAMUEL ESTEVES 044\\


PÚBLICA //045

Pública caiu no mundo para aprender a fazer Canções de Guerra

A Pública é uma banda de rock formada há dez anos no Rio Grande do Sul. Entre suas influências estão o rock britânico, que vai de Supergrass a Beatles. Até aqui, um grupo de rock comum. Mais um gaúcho. Nada de novo no front. Você está certo. É que sempre existe um “mas”. Em dado momento eles cansaram da pretensa modernidade. Foram atrás do groove da música negra e a encaixaram às guitarras sessentistas e ao grude das canções pop dos anos 80. Veio a identidade, o traço inconfundível, a diferença entre eles e os outros. Aí, exatamente como os caras da matéria seguinte nesta mesma Noize que você está lendo: São Paulo. Porque só quem coloca a mochila e vai, descobre que personalidade a gente não ganha, conquista. Pedro Metz, vocalista e guitarrista da banda explica isso e ainda avisa: “Nós resistimos”. Canções de Guerra O nome do álbum é claramente uma alusão ao atual momento. A Pública carrega nas costas o peso de ser a aposta roqueira de publicações como a Revista Rolling Stone, que os chamou de “the next big thing” do rock à época do lançamento de Polaris, o primeiro disco dos caras, lá em 2006. Em 2008, o lançamento de Como Num Filme Sem Um Fim trouxe mais feitos: duas indicações ao VMB 2009, nas categorias Rock Alterna-

tivo e Videoclipe do Ano, levando o troféu na primeira. Em 2010, o single Long Plays, de Polaris, entrou na trilha sonora do ótimo Antes Que o Mundo Acabe, filme de Ana Luiza Azevedo. Resistimos outra vez “Procuramos uma assessoria do centro do país porque só assim chegaríamos aqui [em São Paulo], sabe?”, admite o vocalista. Ele explica que o Rio Grande do Sul, apesar de toda a sua tradição musical, não tem a estrutura pra apoiar quem quer subir na vida. Lá, eles seriam apenas mais uma banda entre tantas outras que batalham pra viver do seu som. Porque, em Porto Alegre, Pública é uma banda de rock gaúcho, colocada no balaio junto a tantas outras coisas – algumas duvidosas. Em São Paulo, Pública é uma banda de rock de influência britânica. Muitas vezes o bairrismo que tanto pauta a vida de quem vive no sul passa a rasteira em quem aceita o rótulo sem se preocupar com uma identidade. Ou mesmo quem decide ficar por aqui e tentar fazer dar certo. “O mercado do RS tá estranho, não tem como sobreviver lá. Olha o que aconteceu com a Superguidis+1. Foi muito triste”. Ele lamenta a perda como quem lamenta a baixa de um soldado amigo. E explica o mapa da mina: “Aconselhei bandas amigas como a Gulivers+2 e os Valentinos+3 a procurar essa assessoria no centro

[+1] Superguidis foi uma banda gaúcha que encerrou suas atividades sem choro nem vela, pelo Twitter, no final de junho deste ano. Deixou uma galera desolada e um clima de luto no meio roqueiro gaúcho. bit.ly/EPilogo


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“O mercado do Rio Grande do Sul tá estranho, não tem como sobreviver lá. Olha o que aconteceu com a Superguidis. Foi muito triste”. Pedro Metz, vocalista da Pública


PÚBLICA //047

do país. Se não são feitas estratégias, tu joga contra ti”. Tudo mudou pra mim, tudo mudou pra nós É um grande clichê dizer que um novo disco significa um amadurecimento da banda – porque, de fato, o tempo passa e mesmo na marra todo mundo cresce –, mas seria leviandade deixar esse crescimento passar batido. Não só muito mais elaborado do que os discos anteriores, Canções de Guerra é triste. Mas não uma tristeza quase adolescente como nos primeiros singles da carreira, e sim uma tristeza de quem viveu e tá ali de pé pra contar uma história. A tal resistência de que Pedro fala é a saudade que vai picotando fininho o peito da banda e que o vocalista tanto tenta mascarar. “É sobre mudar. Canções de Guerra é sobre mudar. Era o tempo de sair de lá [de Porto Alegre]”, ele admite, aceitando o destino ao qual sempre estiveram predestinados, como se fossem soldados finalmente convocados. Cai um irmão O novo trabalho foi gravado com um pelotão diferente. Cachaça e Amaro, membros originais da banda, acabaram saindo ao longo da trajetória do grupo. Então, a Pedro, Guilherme Almeida e Guri Assis Brasil se juntaram Alexandre “Papel” Loureiro (bateria) e Luciano Leães (piano) – este só para o disco. A vida seguiu o seu curso. Aconteceu o que tinha que acontecer, e sem isso a bolacha não tava aí. As composições do disco são na maioria assinadas por Pedro, mas Guilherme e Guri também fizeram suas contribuições. A única letra assinada pelos três membros originais da Pública, “Das Coisas que Não Fui”, é a que possui os versos mais pesados: “essa casa+4 não parece mais um lar / nós cantamos alto pra esquecer”. Ironicamente (ou não), é a canção que possui a melodia mais alegre do disco. Voamos alto pra alcançar Assim como os álbuns anteriores, o terceiro trabalho dos gaúchos também vai ser lançado na internet para download gratuito. A partir da segunda quinzena de agosto, o disco vai estar disponível pra quem quiser baixar e ver – ou melhor, ouvir – o amadurecimento de

que Pedro fala. O disco traz também novas influências – Bob Marley, Led Zeppelin. As participações especiais variam. Malásia assina a percussão de cinco músicas, enquanto Tita Lima empresta a sua voz doce a “Cartas de Guerra”, a quinta das 11 faixas. Coincidentemente, quando conversamos sobre essa faixa é que chega a surpresa: Helio Flanders, vocalista da Vanguart+5, contribuiu na composição da mesma faixa. Helio, que é fã declarado da banda, já tinha colaborado com a Pública escrevendo o release de Como Num Filme Sem Um Fim. Quando a noite vira sol Tá, e ser independente, nunca passou pela cabeça? Pedro nega e diz que “não adianta lançar [o trabalho] e ficar restrito ao RS”. Ser independente significaria uma fragilidade, um risco que eles não queriam correr: ser mais uma bandinha de rock do sul do país. Então, assinaram com a Fora do Eixo Discos e Cornucópia Discos. Segundo eles mesmos, assinar com um selo significou rodar pelo Brasil em festivais em que talvez nunca pisariam se fossem seus próprios managers. Rir da vida é sempre tão real O que fica subentendido na nossa conversa é que o disco é como um diário escrito por alguém que quer superar uma perda. Talvez a Pública tenha perdido a inocência+6 adolescente de quem mora perto dos parentes, dos amigos. E a união da banda, explícita durante toda a entrevista, resultou em um álbum escrito por uma família. Disco pronto, malas desfeitas, shows de lançamento marcados. “Agora a gente vai ver o que é estar em São Paulo”, prevê o vocal. “Estamos felizes e orgulhosos”. E a saudade, como é que fica? Ele respira fundo e admite “De vez em quando a gente volta”. E depois de uma leve pausa uma risada nostálgica admite: “Vai, faz festa com nossos amigos. Mas vai embora”.

[+2] myspace.com/ guliversrock [+3] myspace.com/ valentinosrock [+4] Guri, Pedro e Guilherme dividem uma casa na Rua Madalena, em Pinheiros [+5] A Vanguart também tá lançando disco novo. Já leu a entrevista com eles nessa edição? [+6] Da faixa “Sessão da Tarde”, de Como Num Filme Sem um Fim: “Somos crianças e queremos o poder / Sem medo do amanhã”.


__REPORTAGEM MARÍLIA POZZOBOM

__REDAÇÃO CRISTIANE LISBôA

__FOTO ARIEL MARTINI

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VANGUART //049

Vanguart é uma banda formada por cinco caras de Cuiabá. Desafiando a possibilidade de se transformar em um grande clichê, começaram cantando em inglês um som de pegada neo-folk. Veio o primeiro álbum. Eles foram pra São Paulo. E em pouco tempo eram os “queridinhos da vez”. Tinham fãs+1. Críticas elogiosas e shows no país todo. Uma trajetória que podia ser facilmente transformada em um roteiro de filme metido a cool. Acontece que eles teimaram em ser mais interessantes do que o óbvio. Decidiram esperar 4 anos entre um trabalho e outro.Tiveram o cuidado de trabalhar nele longe da terra da garoa, perto de casa. Misturaram Andy Warhol, despedidas, separações, Walt Whitman, rap e mulher. Veio Boa parte de mim vai embora, um disco todo cantado em português, com canções inéditas e algumas cruezas sonoras. Parece que pra chegar até ali, doeu mas foi bom. O vocalista Helio Flanders não disse isso. Falou bem mais. Senta, que lá vem história. O momento é hoje As canções deste disco, que se chama Boa parte de mim vai embora, são bem recentes. Não tem sobra do primeiro [disco] nem do DVD. Faz tudo parte de um

cenário, um enredo que se entende dentro dele. E a demora foi isso.A certeza de ter um material que fosse relevante pra lançar como álbum. Acho que o segundo álbum de uma banda é muito importante, a gente esperou e acho que valeu a pena. Mulher pode mexer no som Nesse disco a gente tem a presença em quatro faixas da Fernanda Kostchak, violinista. A gente se conheceu pra fazer um projeto de Bob Dylan, o Zé Mazzei do Forgotten Boys nos apresentou e foi imediato, sempre quis uma violinista que tocasse de uma maneira única assim. Um som que não fosse pasteurizado de quarteto nem muito clássica, mas que tocasse bem. Nós arranjamos duas músicas, ficou incrível, depois arranjamos mais duas. Tem uma pegada bem dela, uma coisa meio country de violino, até meio celta. E eu toco trompete em duas músicas com ela, então a presença dela foi fundamental pra esse disco existir. Acho que ela deu uma inspirada na gente, e um elemento a mais na música, assim. Acho que tirou a gente do mesmo lugar. O número

[+1] “Para que haja grandes poetas é preciso que haja também um grande público”. profetizou Walt Whitman.


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O disco são 13 faixas. A Fernanda tocou em quatro canções. Além disso, tem o Julio Nhanhá, que compõe duas músicas junto comigo, que é um cara de Cuiabá, um músico, maestro incrível. Ele compôs “A Patinha da Garça” e “Morrerão”. Depois tenho muitas canções com o Reginaldo, o baixista. A gente fez uma meia dúzia de canções. Influência Eu gosto de sempre citar Cida Moreira+2. Eu tive o prazer de cantar com ela no palco, e todas as vezes que eu estive com ela eu nem sei dizer o quanto eu aprendi. E as bandas contemporâneas: Pública+3 me inspira muito, Los Porongas... é meio injusto dizer, porque eu sempre acabo esquecendo algumas. Mas o momento é ótimo, tem o rap com Emicida, Criolo, que me influenciou muito também. De graça? Temos sim, temos interesse (em fazer download gratuito). A gente sempre levantou essa bandeira. No nosso ultimo álbum a gente infelizmente tava com uma gravadora major (sic) que não nos permitiu fazer isso. Mas agora com a Deck acho que a gente talvez consiga uma maneira de fazer isso. Só o fato de a gente ter colocado as músicas (na internet) já é uma coisa meio assim. O disco antes mesmo de estar na loja, vai estar todo na internet pra ser ouvido. Eu acredito muito em música livre, acho que é impossível você parar o download. Graças a Deus.

[+2] bit.ly/cidabrecht [+3] Pública é mais uma banda que se arrisca a lançar trabalho novo no mês do cachorro louco. Confere a entrevista com eles nessa edição.

O que você amar, você é Eu já tinha lido Walt Whitman, mas nesse disco ele ficou latente. Ele sempre fala de encontros além do corpo e coisas que você pode ver e não pode pegar. Então é bem isso. E sempre uma maneira de agradecer às pessoas que tão junto.Tem uma música, “Amigos”, no disco que é bem influenciada pelo Whitman, que é bem isso. Uma maneira mais natural, mais simples e humilde de ver a vida de acordo com o tamanho que a gente é. Das sensações, dos sentimentos, das pessoas que nos rondam, muita gente. A gente é um só.

Música feita em cima de uma base única, três, quatro acordes Acho que tem a ver com o tempo da vida que a gente tem pra fazer as nossas coisas.Tanto pra compor, como pra ouvir ou pra dançar. Não sei dizer, não acho que o jazz e as coisas mais elaboradas vão desaparecer, mas a música, pelo menos pra mim, tem a ver com o meu jeito de compor. É o “grito primal” como eu chamo: eu coloco pra gravar e saio tocando. Então você acaba indo muito mais no feeling do que qualquer outra coisa. É meio o ofício de um rapper, que faz as coisas na hora. A maioria das músicas desse disco eu escrevi assim, fazendo no take um. Acho que no meu caso a base única veio um pouco por isso também. E eu gosto de sons mais chapados, que te levam a uma densidade maior de massa encefálica. Lá em casa O disco foi gravado em Cuiabá. A gente queria sair da rotina, tipo time de futebol que vai pra concentração, sabe? Gravamos ao vivo, sem metrônomo. A gente ensaiou pra isso. Gravei violão e voz junto. Era ao vivo, não dava pra refazer quase nada. O disco é bem cru. Gravamos nos dias 2, 3 e 4 de março. Ficamos mais uns dias no estúdio pra fazer uns vocais e agora a gente lança pela Deck/Vigilante. Quem produziu foi o Thiago Marques, do estúdio Inca, de Cuiabá. Ele mixou, masterizou e a gente fez a produção musical. Gravadora pra quê? No nosso caso, digamos que foi viável pro trabalho. Uma maneira de a gente ter um aporte por questões financeiras mesmo, é muito caro gravar um disco e a Deck vai dar uma força. A gente também não tinha o know-how burocrático pra laçar um álbum...A gente não tinha suporte pra isso. Ia demorar muito pra lançar o disco. E o Rafael Ramos, da Deck, é um cara que a gente conhece há muito, é um amigo. E ele veio com uma proposta super legal, modesta, mas pé no chão. A gente também sem ilusão nenhuma de assinar com uma gravadora pra ganhar dinheiro. A gente tá pegando mais um parceiro mesmo, que entende bem disso e que comprou a ideia com a gente. É isso.


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“A gente teve que perder um pedaço e abrir mão de algumas coisas, até as que a gente amava, pra seguir vivo. Seguir bem, seguir em frente. Se essas coisas não tivessem acontecido, a gente nem tinha composto esse disco.” Abre o peito Esse disco, a temática maior dele são relacionamentos, idas e voltas, partidas e chegadas, morte e redenção. Espera. Então é um disco que fala sobre relacionamentos. E logicamente eu e o Reginaldo passamos por separações né, que nos inspiraram muito mais. Não só a separação em si, mas o fato de se ver sozinho de novo. Isso nos deu mais tempo, nos deu mais cabeça, a gente olhou pra dentro. As mulheres nos amadureceram. A gente teve que perder um pedaço e abrir mão de algumas coisas, até as que a gente amava, pra seguir vivo. Seguir bem, seguir em frente. Se essas coisas não tivessem acontecido, a gente nem tinha composto esse disco. É um disco que retrata um momento. Claro que hoje eu leio as letras e sei que as canções são muito maiores do que exatamente aquilo que as motivou a existir. Mas elas foram criadas a partir de coisas que existiram. Don’t speak Na verdade a gente não abandonou o inglês+4. Mas acho que foi uma questão estética de querer falar com o público. Em inglês todo mundo sabia o que eu tava falando mas não bate tão forte como nossa língua-mãe. E o português é um desafio, é mais difícil compor. O Vanguart em inglês é uma banda boa de blues, de folk. Mas em português o Vanguart é o Vanguart. É fato. A estrutura do português não favorece, ele é um pouco mais áspero.

As entonações, é tudo mais difícil. Em inglês a rima você resolve com qualquer coisa. É muito fácil compor em inglês. É muito fácil uma melodia ser agradável em inglês. Em português é muito difícil. Ainda mais quando você tenta fazer uma coisa que não é muito padrão.Você não tem pra onde olhar. Transbordamentos A gente gravou seis músicas no estúdio, em inglês,e depois a gente vai lançar um álbum todo em inglês. Acho que pro começo do ano que vem+5. A gente vai gravar mais umas quatro, cinco músicas e vai fazer After Vallegrand. A gente tem um EP em 2005, o primeiro da banda, que é o Before Vallegrand. Esse é o after. Rótulo é bom em embalagem Ou você é fofo, ou você é ingênuo, ou você é cool. Na verdade acho que em música não é isso. Em música você tem que tirar um pouco o orgulho e a fashion way pra fazer uma coisa realmente sincera pra quem valoriza isso também.Tem gente que não tá nem aí. Mas os artistas que eu gosto são aqueles que valorizam, que se doam um pouquinho ao fazer arte. Porque pra mim arte é isso.

[+4] bit.ly/heyosilver [+5] O começo do ano de Helio promete ser cansativo: bit.ly/reviewdeboteco


__REPORTAGEM E TEXTO LUCAS SILVEIRA

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#LucasEmbaixador

Em 1991, Perry Farrell queria organizar uma turnê de despedida para sua banda, o Jane’s Addiction. Convidou amigos, como Nine Inch Nails, Rollins Band e Butthole Surfers, e se jogou por boa parte do território norte-americano. Gostou da brincadeira. No ano seguinte, chamou Red Hot Chili Peppers e Pearl Jam e repetiu a dose. Por algum tempo, esta trip ganhou o título de maior festival itinerante do planeta - até encontrar um lar no Grant Park e a cidade de Chicago de braços abertos. Isso foi há 20 anos. Para comemorar, o Lollapalloza resolveu cair de volta na estrada. Mas foi mais longe. Em abril esteve no Chile, sua primeira edição na América Latina. Em 2012, já tem passagem comprada para o Brasil. A Noize esteve em Santiago (lembra?) e obviamente vai estar em São Paulo. No entanto, não quis perder o happy birthday: uniu forças com a STB e enviou o músico Lucas Silveira para curtir o festival. Foram 3 dias, 130 artistas, sete palcos e um parque no coração de Chicago. Para assoprar as velinhas? Coldplay, Muse, Arctic Monkeys, Foo Fighters, Cee Lo, Beirut, Bright Eyes, The Kills, My Morning Jacket e mais uma porrada de gente bacana. Uma festa que reuniu quase 300 mil fanáticos por música no primeiro fim de semana de agosto. “É gente de todas as idades, são famílias, teenagers, gente alternativa, playboyzada... Todos num mesmo lugar, sem se importar com nada a não ser a própria diversão”, garante Lucas. Na bagagem, ele garante que trouxe uma experiência inesquecível. Se você olhar bem as próximas páginas, vai descobrir que é verdade.


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“No festival, o povo é muito receptivo. Se um grupo de amigos vê que tu tá sozinho, sempre rola um ‘wanna hang out with us?’.


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“Incrível o respeito pelo espaço do próximo - mesmo quem tava grudado na grade tinha espaço pra existir, respirar, dançar, sem precisar roçar em ninguém (a não ser que fosse esse o objetivo).”

“Não era raro ver atendentes de biquíni distribuindo sorrisos lascivos aos seus clientes, ávidos pelo próximo latão de BudLight (por mim, apelidada de ‘a cerveja com a qual é impossível de ficar bêbado’, afinal é 99% água).”


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“O Perry’s Stage é fantástico. Uma tenda eletrônica do tamanho de um ginásio, com umas 10mil pessoas, o lugar perfeito pra ver mulheres inacreditavelmente lindas vestindo pouca roupa. Sem contar a galera doidona com suas performances mais ‘plásticas’, por assim dizer.”

“No PA obscenamente alto, quase que somente dubstep, ‘o ritmo do verão por aqui’. Já o comportamento das pessoas durante os sets dos DJs era tão ou mais selvagem do que o que eu já vi em shows de metal e hardcore. Completamente insano.”


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#LucasEmbaixador

_CONTIKI STB O Lucas Silveira viajou a convite da STB. E antes de chegar ao Lollapaloza, experimentou o Contiki, um pacote de viagem que reúne gente do mundo todo pra conhecer o lado b das grandes cidades.Tipo aquele carrinho de cachorro quente que tem fila de cineastas, porque fica em uma rua cheia de produtoras. Ou aquela loja de vinil que só o pessoal das antigas conhece. Até a pracinha onde os músicos locais vão fazer um som. Sabe? É tipo isso. É colocar um tênis, encontrar uma galera e ir pra rua, completamente fora do esquema padrão de roteiro de viagem. Como o Lucas mesmo disse: “O grande lance do Contiki * é que todo mundo tá na mesma pegada que tu. Não tem nenhuma frescura. Os rolês são de metrô, e se tu te perder da galera, paciência, e tu aproveita o quanto tu tiver a fim do conteúdo que tá sendo oferecido ali. Só assim o cara pode vivenciar de verdade o clima da cidade.” Viver a cidade.Taí o tipo de coisa que a gente gosta. E, sim, é claro que esta matéria é um publieditorial e só existe porque a Noize fez uma parceria com a STB. Mas só está aqui porque a idéia do Contiki passou pela aprovação geral da redação. E porque pode ser legal pra você também. Aliás, se você fizer esta viagem, conta pra gente?



Ser música. Viver música.

17 a 2 0

AGOSTO

Fortaleza-Ceará

Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura

www. feir a d a m us ica .com .br Estandes para expositores. Este projeto pode ser patrocinado pela lei federal e estadual de incentivo à cultura, toque essa ideia com a gente! realização

parceria

promoção

apoio cultural

apoio institucional


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A má fama de agosto começou em Portugal. Era mês em que as naus partiam atrás de terra a vista e as mulheres ficavam viúvas. No Brasil, a vigilância sanitária saía atrás de cães com raiva. Agosto, mês do desgosto, ficou. É. É?

CUIDE. VOCê tem só dois_

A VOZ DA PAREDE _

DE CACHORRO GRANDE_

Música colorida é sempre mais legal. E nesta onda “grandes fones”, os ouvidos ficam mais protegido da surdez, dizem. Então, esqueça os Restart e caia sem medo no color block. É unisex, divertido, tendência. Ah, o som também é ótimo.

Uma moça tomou chuva. Ficou com saudade, alegria e precisava de proteção. Uma reza, um verso. Pegou uma caneta e saiu escrevendo pela casa. Frase de Picasso para Frida Kahlo, bença de Jorge Ben. Coloque voz na sua parede você também.

Fones Suggar Daddy na Onassis Quanto? R$ 29,00 Onde? universoonassis.com/fonessugar

Frases na parede Quanto? A caneta piloto ou a Bic que você tem em casa Onde? Onde você quiser. Mas pode inspirar aqui: bit.ly/cozinhafetiva

Desde sempre Beatles e Rolling Stones são motivos de brigas entre os respectivos fãs. Neste livro, os autores prometem excluir a paixão musical e argumentar claramente quem é quem no rock. Será? É briga de cachorro grande que não dá pra se meter.

LAVANDO A ALMA_

VACINA_

pode perder_

Pra limpar a loucura do mês do cachorro louco nada melhor que um maço de arruda. A regra é clara: o banho tem que ser dos ombros pra baixo e pode ser em qualquer dia, qualquer hora. Dizem que o banho limpa, energiza e afasta obsessores. Porque yo no creo en brujas pero que las hay, las hay.

No mês do cachorro louco é possível proteger seu cão da doença do cachorro louco. Conhecida popularmente como raiva, faz teu cachorro espumar e ainda pode ser transmitida para humanos. A vacina é de graça e nem dói.

Chega de cadastros, filas, e blá blá blá. Chegou ao Brasil um telefone quase descartável e por um preço simples. Se seu aparelho cair na privada ou tomar mais vodka que você, é só correr num supermercado pra não ficar incomunicável. O aparelho tem viva voz, SMS, e vem desbloqueado.

Banho de arruda Quanto? Quase de graça Onde? No chuveiro mais próximo

Vacina anti rábica Quanto? De graça. Onde? No centro de zoonoses mais próximo

Beatles VS Rolling Stones Quanto? R$ 69,90 Onde? Na Globo Livros

Telefone One Touch 208 Quanto? Em média R$ 80,00 Onde? Em alguns Carrefours


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estampa

do mĂŞs Marca: Hurley Onde Encontrar: hurley.com.br

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_ILUSTRA DANIEL GARCIA “JUCA” / www.flickr.com/jucartum



_FOTO brandon tauszik


Portugal, The Man

In The Mountain In The Cloud

De tempos em tempos, surge um artista inspirado para nos lembrar que, sim, a psicodelia está livre, leve e solta no pop moderno. Cada vez mais experimentais e produtivos (a média é de um álbum por ano), os caras do Portugal, The Man acabam de soltar mais um discaço. O sexto da carreira. Agora um quarteto, o grupo de Wasilla, Alaska, entrega outro conjunto mágico de músicas viajandonas. E viciantes: as várias camadas de som que permeiam In The Mountain In The Cloud, com arranjos na medida e a voz sempre irresistível de John Gourley no comando, são garantia de horas e horas de prazer. Como se não bastasse, a capa é a mais linda do ano. Mergulhe de cabeça em pérolas como “Got It All” e esqueça o mundo lá fora. Fernando Halal

Chico Buarque Chico

“Temo que não dure muito a nossa novela, mas / eu sou tão feliz com ela”. Essa é uma das (muitas) dicas que Chico dá em seu novo disco: o nosso “ol’ blue eyes” está apaixonado. O resultado disso é um álbum que deixa de lado as crônicas urbanas dos trabalhos mais recentes, e tem como cerne seu suposto relacionamento com uma moça – também cantora – de cabelo cor de abóbora. No entanto, não há nada aqui que Chico já não tenha feito anteriormente. Seu título, aliás, dá boa conta do que mais surpreende no disco: quem escutamos não é o carioca, o cantor, o compositor. Quem canta em Chico é um senhor em amor por uma moça mais nova, receoso do tempo que lhe falta e sobra a ela. Esse senhor apenas calhou de chamar-se Chico Buarque. Matheus Vinhal

BEIRUT The Rip Tide

Zach Condon é um cara esperto. Dono de raro talento pop, o líder do Beirut conseguiu a proeza de moldar uma estética baseada em ritmos exóticos da world music, mas sem descambar para a chatice habitual. O fenômeno chegou ao Brasil com shows lotados, trilha em minissérie global e alguns fervorosos seguidores (A Banda Mais Bonita da Cidade, conhece?). O que nos leva ao terceiro disco de estúdio da trupe. The Rip Tide não traz a sensação de novidade dos álbuns anteriores, mas é uma viagem muito agradável de se acompanhar – típico CD que não evolui, mas também não declina. Mesmo em um momento aparentemente mais relaxado, Condon reserva surpresas eletrônicas (“Santa Fe”) e a magnífica faixa-título, com pianos, trompetes e saxofones a serviço de versos sofridos que falam em solidão. Singelo. Fernando Halal

FOSTER THE PEOPLE

Torches

Não é difícil pensar em bandas que lançam ótimos EPs, mas soam como um bando de retardados na hora de fazer um disco. O Foster The People é o contrário, tem uma carreira cheia de acertos nas costas. Torches, o primeiro álbum dos californianos, é uma boa forma de continuar o que MGMT, Phoenix e Two Door Cinema Club representam e já fizeram: electro leve, dançante, tão bom pra ouvir na pista quanto no quarto. Além das grudentas – e já conhecidas – “Pumped Up Kicks”, “Helena Beat” e “Houdini”, “Call It What You Want” é uma das músicas que mais agradam. O tom de voz meio feminino, meio infantil do vocalista Mark Foster ajuda a pregar a música na cabeça de qualquer um. Torches é um disco de pop fino, sem lady-gaguismos. Alex Corrêa

incubUs

If Not Now,When?

Se o single Adolescents já dava algumas pistas, a capa e o nome do disco revelam totalmente as intenções do Incubus em If Not Now,When?. Cinco anos após Light Grenades, a banda californiana volta aos trabalhos mais pop do que nunca. A similaridade (ou pastiche, como preferem alguns) com Faith No More e as influências funk e metal, que já vinham diminuindo a cada álbum, dão lugar a um som descaradamente voltado para as rádios. A voz de Brandon Boyd está bem mais alta do que o instrumental, carente de guitarras – na maior parte do tempo, a impressão é que Mike Einziger esqueceu de ligar o pedal de distorção. Não estranhe se “Isadore” ou “Friends and Lovers” tocarem enquanto você estiver na sala de espera do dentista. Daniel Sanes


face to face

junior boyS It’s All True

Laugh Now, Laugh Later

Escute também: SVS., RIOT ACT E PEARL JAM

Com mais de 20 anos de carreira será que é possível uma banda sobreviver a um hiato criativo de quase uma década, que incluiu brigas e vai-e-vem de integrantes? Veteranos e expoentes do punk-rock melódico noventista (atenção: não confundir com emo), os já quarentões do Face To Face provam que sim – e voltam agora à estrada com o frescor de quem está estreando. Sucessor de How To Ruin Everything, de 2002, Laugh Now, Laugh Later se mostra um parto empolgante. Melodioso, quase piegas, em “All For Nothing”. Estridente e obscuro em “Under The Wreckage”. Enérgico nos versos de “Should Anything Go Wrong”, primeiro single divulgado – e que traz um andamento acelerado, em clara referência a “Ace Of Spades”, masterpiece do Motörhead. Nicolas Gambin

Sabe aqueles discos que “crescem” cada vez que você ouve de novo? It’s All True é um deles, mas com um diferencial e tanto: já agrada na primeira audição. E olha que Jeremy Greenspan e Matt Didemus não fazem aqui somente música pra dançar. A faixa de abertura, “Itchy Fingers”, e a quase balada “Playtime”, por exemplo, impressionam mais pela beleza harmônica do que pelo ritmo. Ao mesmo tempo, o duo canadense mostra que o talento para sacudir as pistas permanece intacto: “A Truly Happy Ending” é simplesmente irresistível. E assim, sem muita pretensão, entre hits perfeitos e canções hipnóticas (ouça as geniais “ep” e “Banana Ripple”), o Junior Boys gravou um dos melhores discos de música pop – não apenas eletrônica – de 2011. Daniel Sanes

DISCOGRAFIABÁSICA

PEARL JAM

por Daniel Sanes

TEN| A força do disco de estreia do Pearl Jam pode ser mensurada com uma única constatação: Ten foi lançado em 1991, mesmo ano em que o Nirvana cometeu Nevermind. Longe de ficar à sombra de Kurt Cobain, Eddie Vedder se tornou um dos grandes ícones do rock contemporâneo ao lançar esta obra-prima cheia de rebeldia, letras fortes e um som que misturava punk, Led Zeppelin e várias outras referências. “Jeremy”, com letra e clipe polêmicos, virou hino entre os adolescentes da época. Mas não foi o único grande sucesso do disco. “Alive”, “Once”, “Even Flow”, “Black”, “Oceans”... Ten é simplesmente perfeito.

Yield| Depois de estourar com Ten e manter o sucesso com o quase tão bem-sucedido Vs., os

caras do Pearl Jam piraram. Deixaram de dar entrevistas e fazer clipes e lançaram os irregulares Vitalogy e No Code. A banda fez as pazes com o mainstream em Yield, de 1998, que possui alguns momentos realmente inspirados, como “Brain of J.”, “Wishlist”, “Given to Fly” e “In Hiding”. Com “Do the Evolution”,Vedder voltou a colocar o grupo nas paradas – muito, é verdade, por causa do sensacional clipe-animação criado pelo desenhista de quadrinhos Tod McFarlane (o mesmo de Spawn). O Pearl Jam estava de volta, e em ótima forma.

Backspacer| Pode parecer estranho um álbum recente figurar em uma discografia básica,

mas, dois anos depois de lançado, Backspacer já justifica, com louvor, sua presença nesta lista. Após uma série de trabalhos bons ou regulares, o Pearl Jam voltou com um som incrivelmente renovado em seu nono disco de estúdio. As influências da banda, do punk ao folk, estão distribuídas de forma harmoniosa, enquanto as letras são esperançosas e otimistas, coisa difícil de se perceber nos álbuns anteriores do PJ. “The Fixer” é o hit do disco, mas “Johnny Guitar”, “Just Breathe” e “Force of Nature” não ficam atrás.


BRIAN enO Drums Between the Bells

Um dos maiores workaholics da música, Brian Eno não consegue ficar parado. Com 30 discos nas costas – sem contar a carreira de produtor –, o ex-Roxy Music dá vida nova a uma velha parceria com o poeta Rick Holland. São 31 músicas divididas em dois álbuns: no primeiro, anônimos recitam versos de Holland ao som dos sintetizadores de Eno; no segundo, quase todas as músicas aparecem com outros nomes e sem acompanhamento vocal. Há boas faixas, como “Bless This Space” (ou “Spaced”) e “Sounds Alien” (ou “Alienated”), mas a ambient music do artista britânico não parece muito inspirada e inovadora neste disco, soando até repetitiva em alguns momentos. E olha que isso é algo incomum quando estamos falando de Brian Eno. Daniel Sanes

wannabe jalva

Welcome To Jalva

Ao apresentar os Jalvas a uma amiga, fui prontamente questionado: “a banda é gringa?”. Para sua surpresa, respondi que não. E entendi os tantos elogios tecidos pelo público ao grupo em tão pouco tempo de estrada. A equiparação com nomes como Foals e Phoenix não se dá apenas nas letras em inglês ou na estética “cabelo desfiado, estampa xadrez”. Se dá na maturidade sonora – vanguardista, em certa proporção –, nos ritmos palpitantes, nas guitarras que oscilam de cristalinas a drives crocantes (sinta o “espírito Frusciante” no solo de “Follow It”) e nos vocais grudentos, entoados em coros e falsetes. Welcome To Jalva mostra que eles estão com os radares afinados: sabem a quem e onde querem chegar. Um disco fácil de ser digerido. Nicolas Gambin

BIG TALK

Big Talk

TÁ POR VIR .: Feist | Metals | 04 de outubro Em abril de 2007, a cantora canadense lançou The Reminder, seu terceiro álbum. Conquistou o mundo. “1234” virou comercial do iPodnano, ela foi indicada ao Grammy, o disco vendeu 2,5 milhões de cópias. Desde então, silêncio absoluto. Até poucos dias atrás, quando Feist soltou um teaser dizendo que havia “um vislumbre a caminho”. O vislumbre? É Metals. Chega com participação de Chilly Gonzales e produção do islandês Valgeir Sigurðsson, que já assinou trabalhos de Björk e Magic Numbers.

CONFIRA SBTRKT SBTRKT ___SBTRKT (lê-se Subtrakt) é um dos nomes que movimenta a cena dubstep em Londres. No entanto, também deixa um pé no R&B. O autor do projeto não revela sua identidade por nada: tanto seu nome quanto seu rosto verdadeiro estão sempre atrás de uma máscara tribal africana.

AtariTeenage Riot Is This Hyperreal? ___ Electro-punk? Pode ser. Definições simplistas à parte, o que move Alec Empire e cia. há quase duas décadas é o tipo de barulho digital que deixa de lado a necessidade de um hacker para acabar com as partes íntimas do seu hard drive. É o primeiro álbum do grupo alemão desde 1999.

Cults Cults ___ Você já deve ter ouvido o refrão de “Go Outside” sendo cantado em coro em algum lugar. A estreia do Cults tem boas baladinhas em clima indie-rock sutil. Somada à voz meio infantil da vocalista, parece ter sido composto com a dupla dançando abraçadinha. Perfeito pra um dia de sol.

REDESCOBERTA Milton Nascimento Milagre dos Peixes (1973)

A primeira pergunta que vem a cabeça é: o mundo realmente precisa de um projeto solo do baterista do The Killers? Vencido o preconceito inicial, vamos ao disco de estreia de Ronnie Vannucci e seus novos amigos. Para alegria dos fãs, eles recorrem aos mesmos ingredientes da banda de Brandon Flowers: letras fáceis, melodias idem e refrões grandiosos. Os dotes de Vannucci como cantor e compositor ficam evidentes em canções como “Getaways”, “Hunting Season” e a doce “Girl At Sunrise”, onde emula a voz de Flowers. A qualidade das composições e a produção caprichada de Joe Chicarelli (Strokes, My Morning Jacket) garantem o interesse do ouvinte até o final. Enquanto não sai o novo álbum do Killers, um bom aperitivo. Fernando Halal

Do rock ao samba, a música brasileira colecionou discos pesados nos anos 1970. Álbuns repletos de amargura. Eram tempos de terror. Há quem tenha encontrado recanto desesperado no misticismo, na casa de campo ou ainda em trocadilhos afiados. Milton Nascimento encontrou apenas em sua voz. Em Milagre dos Peixes, a impressão é que ouvimos toda a tristeza do mundo. A censura devorou boa parte das letras, por isso o desfile de solfejos, sugestões, de palavras não ditas, de uma agonia ímpar. Numa das poucas músicas inteiramente cantadas, a voz infantil de Nico Borges desafina o surrealismo de “Pablo”: “meu nome é Pablo / como um trator é vermelho / incêndio nos cabelos / pó de nuvem nos sapato / meu nome é Pablo”. Leonardo Bomfim


Reprodução

_TEXTO MARÍLIA POZZOBOM

LARS VON TRIER / MELANCOLIA Lars Von Trier não é do tipo de diretor que chega às telonas sem que algum burburinho em volta do trabalho tenha sido debatido e rebatido por todos os especialistas em cinema e publicações especializadas no assunto. Melancolia, seu último longa, não é diferente. A tal Melancolia é na verdade um planeta que está prestes a se chocar com a Terra. Enquanto isso, Justine (Kirsten Dunst) celebra o seu casamento com Michael (Alexander Skarsgard). Diferente da irmã, Claire (Charlotte Gainsbourg), Justine se vê calma diante da possibilidade de extinção do Planeta. Com discutidas cenas de nudez – de muito bom gosto, diga-se de passagem –, uma impecável trilha sonora composta de música clássica e uma ambientação não de todo estranha ao diretor, a obra ainda carrega muitas influências do Dogma 95. Nada se explica, nada tá dito, cada pessoa vê um filme, portanto. A história é repleta de associações que fazem de Von Trier um dos diretores mais emblemáticos dos últimos tempos. E a narrativa densa permite que um misto de ansiedade e encantamento prendam o espectador até o último suspiro da película.


1. LARS VON TRIER

6. JUDAÍSMO Reprodução

O diretor de Melancolia ficou conhecido por fazer filmes “cabeça” como Dogville e o bizarro Anticristo. Em 1995, lançou o manifesto Dogma 95, junto com o diretor Thomas Vinterberg. O Dogma reúne 10 regras para a produção de filmes, entre elas não usar cenários – agora entendeu Dogville? –, não usar banda sonora e usar apenas câmera de ombro.

Reprodução

Reprodução

5. BEASTIE BOYS

Antes de dirigir o filme Festa de Família ,Vinterberg já tinha trabalhado com música em 1993, quando dirigiu o clipe de “No Distance Left to Run”, do Blur. Depois do sucesso, ele foi pra Hollywood e em 2008 voltou à sua origem, dirigindo o vídeo do single “The Day that Never Comes”, do Metallica.

Mike D, MCA e Ad-Rock são os três caras dos Beastie Boys. Aí você, que nunca viu nenhum deles (vergonha, hein?), pensa que eles são três bombados tatuados e que de três palavras que falam, cinco são “motherfucker”. Na verdade, Michael Diamond, Adam Yauch e Adam Horovitz são o oposto: judeus nova iorquinos (tipo Woody Allen), cultos, magros e branquelinhos.

Reprodução

3. “THE DAY THAT NEVER COMES”

“The Day that Never Comes” é o primeiro single de Death Magnetic, nono album de estúdio da banda, lançado em 2008 e assinado pelo produtor Rick Rubin. O disco ficou bastante conhecido por marcar a participação integral do baixista Robert Trujillo, que já tocava na banda desde 2003, e por ser visto como a “volta às origens” do grupo. Foi com essa bolacha que os caras fizeram aquela puta turnê no Brasil em 2010.

4. RICK RUBIN

Rick Rubin já produziu vários discos do Slayer, Red Hot Chili Peppers e ZZ Top. Entre os seus primeiros trabalhos está o Licensed to III, o álbum de estreia dos Beastie Boys. Reprodução

Reprodução

2. THOMAS VINTERBERG

No Festival de Cannes deste ano, Lars Von Trier chocou o público com uma declaração desagradável: “Houve um tempo em que eu queria ser judeu, mas descobri que sou mesmo um nazista. Eu entendo o Hitler.” De indicado ao Palma de Ouro, ele passou a persona non-grata do Festival. E foi pra casa de mãos abanando, claro.


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fotos: 1,4 e 6| Beatriz Ramello 2 e 3|Divulgação 5|Thiago Borba

THE CREATORS PROJECT

29.07 a 31.07 – São Paulo

em 6 momentos 1

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Com eletrodos na cabeça Emicida manda um improviso com palavras enviadas via twitter.

O cubo branco e vermelho não parecia muito, mas te levava direto pra dimensão de David Bowie.

3

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Logo na entrada, o anúncio: Tudo será catártico por aqui. Bem vindos.

Deep Screen de perto era assim, dimensão paralela.

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6

David Quagliola mexe com os sentidos. Em Natures, mistura flores reais com arte digital.

Emicida leva público ao delírio em apresentação histórica. Então toma.



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fotos: 1|Camila Mazzini 2|Guilherme Medeiros

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ARNALDO ANTUNES

GERSON KING KOMBO

Teatro do Bourbon Country, Porto Alegre, 26/07_

Opinião, Porto Alegre, 14/07_

“O show tava muito bom. Do caralho! O Arnaldo é foda. O Scandurra mais ainda”, Ciro Luis. “Achei que só ficou legal no final, quando o Scandurra enlouqueceu”, Gabriel Tuins, 13 anos. “Se fosse pista tinha virado festa”, Laura Durtre. “Dois shows dentro de um. Acho que ele devia estar sempre ao lado do Scandurra”, Roberta Gabriel. “Vamos fazer uma do Lupicínio”, anuncia Arnaldo. “Toca o hino do Grêmio, então”, grita um anônimo logo na cola. “Achei que o Curumim fosse mais novo”, Edgar Salvador. “Quando ele saiu, os Titãs morreram. Os Titãs eram um monte de globais e o gênio do Arnaldo. Show pra curtir do começo ao bis”, Ricardo Zebrini. “Eu achei que o show foi ótimo. E eu gostei de ver a música do Arnaldo com uma guitarra mais solta, foi o que aconteceu da metade do show pra frente. Achei maravilhoso, curti muito. Passei o show inteiro prestando atenção na guitarra solo”, Didi Bonocore. “Eu vim ver o Jeneci e o Jeneci não veio”, Cuca Tavares. “Lindo! Maravilhoso! Necessário!!”, berra anônima, aparentando uns 38. “Já estava indo bem, a banda é ótima. Aí quando resolveram tocar ‘O Pulso’ a coisa foi abaixo. Showzaço!”, Leonardo Mentz. “Pensei que não iriam mais parar de tocar.Voltaram pra um bis, depois outro, e outro... e as pessoas não saíam dali. Foi massa, mas fiquei com medo. Tipo, ‘parem de pedir mais um porque daqui a pouco ele volta querendo declamar poesia’, aí é foda”, Michele Backes. Cristiane Lisbôa e Tomás Bello

Ele é o rei do swing. O James Brown tupiniquim. Com 50 anos de soul-funk nas costas, nem gaúcho escapa do sacolejo. Guilherme Medeiros esteve lá e conta como foi. O Gerson teve a Funkalister como banda de apoio. Os caras seguraram a onda? Pô, os caras mandaram muito bem. Parecia que já tocavam com o Gerson há muito tempo. Gaúcho é sinônimo de molejo zero. Ele conseguiu botar o povo pra sacudir o esqueleto? Como um bom rei, o cara sabe o que faz. Conseguiu fazer o pessoal dançar sim. Muito. E ele tava muito emocionado por estar tocando ali. O que ele mandou no show? Principalmente as músicas da carreira solo. Mas rolou cover de James Brown, e a Funkalister mandou uma da Black Rio de muito peso. E aquele blazer com GKC escrito nas costas. Marra pura em cima do palco? Pôôô... todo rei que se preze usa uma capa, e o Gerson não deixou por menos. Entrou com ela, mas de tanto dançar, tirou. Não tem marra alguma ali, é simplesmente o estilo do rei. Se for pra definir o show do King Combo em uma palavra? Como o Gerson vive falando: “BROTHER”. Pergunta que não quer calar: e você, soltou o rebolado? E tem como não soltar o rebolado? Por mais difícil que isso seja pra mim, rolaram uns passos. Guilherme Medeiros

segundo os invejosos de plantão

No Day After



_O QUE ACONTECEU NO MÊS DE JULHO _Créditos Ariel Martini _Pélico @ São Paulo

Samuel Esteves _Helmet @ São Paulo

Guilherme Medeiros _Gerson King Kombo @ Porto Alegre

Thiago Borba _The Creators Project @ São Paulo

Divulgação _The Creators Project @ São Paulo

Pedro Braga _Red Bull 3MSF @ Porto Alegre

Samuel Esteves _Red Bull 3MSF @ Porto Alegre

Aiman Braga _Cartolas e Dingo Bells / Rasen Rock @ Dhomba, Porto Alegre







082\\

Roberta Sant’Anna

ALEXANDRE kumpinski FALA SOBRE... __Como soam os jeans|

O jeans ganhou sua primeira versão em Nimes, na França. Primeiro, era “tecido de Nimes”. Logo depois, “denim”. De lá partia pra Itália, direto pro corpo dos marinheiros do porto de Gênova – que, pelos franceses, eram chamados de “genes” e que, na Califórnia, pelas mãos de Levi Strauss, se transformaram no célebre “jeans” em meio a corrida do ouro. Tudo lindo. Mas aposto que se o jeans não tivesse bolso, e sim boca, ele cantaria. Fazer a conexão entre o rock e uma calça jeans, por exemplo, é barbadinha.

A calça jeans, especialmente a do tipo rasgado, é um dos símbolos clássicos do gênero; em outros tempos, ambos já traduziram a ideia de rebeldia e marginalidade. Basta lembrar de Elvis dançando nas telinhas norte-americanas, de Beatles e Stones, do jeitinho Ramones ou dos jeans montado de Mötley Crüe, Kiss e Cia. Depois, bem.. Depois os dois migraram do quintal da contra-cultura pros campos verde-dólar do status quo. Mas o que mais se vê de um no outro talvez seja essa capacidade impressionante que eles têm de se adaptar e combinar bem com diversos elementos. Uma calça jeans combina com uma camiseta de algodão, assim como o rock fecha bem com violão de aço. Calça jeans com terno, rock com violoncelo. Calça jeans com bata, rock com cítara. Calça jeans com lycra, rock com teclado. Jeans com nylon, sintetizador. Boca de sino, black music. Xadrez bandolim bolinha blues. Traje orquestra social de câmara de gala sinfônica. Seu madruga enéas punk rock balboa james jeans. Tudo vai bem. Daí a coisa vai aguentando o tranco, vai virando décadas,

vai se desdobrando. De pouco em pouco, vai se transformando, vai envelhecendo, vai se animando, vai enjoando.Vai virando séculos, vai ganhando espaço, vai perdendo fôlego, vai melhorando o corte, vai gerando cria, vai ficando mais curto, mais colorido, mais sexy, mais casto, mais belo, mais sujo, mais gasto. Todo mundo usa ou já usou. Todo mundo gosta de algum tipo, peso, textura ou cheiro. Tem de tudo, tem pra todos. Norte? Não precisa. Corte? À vontade. Morte? A extinção não preocupa o que se desdobra em vários.




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