Revista Noize #50 - Especial 5 anos | Dezembro de 2011

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DO UNDERGROUND AO MAINSTREAM

• EXPEDIENTE #50// ANO 5 // DEZEMBRO ‘11_ DIREÇÃO: 
 Kento Kojima Pablo Rocha Rafael Rocha

ASSIST. ARTE: Camila Fernandes camilafernandes@noize. com.br

COMERCIAL:


 Pablo Rocha pablo@noize.com.br

ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO: noize@noize.com.br

DIRETOR DE CRIAÇÃO: Rafael Rocha rafarocha@noize.com.br

FINANCEIRO: Pedro Pares pedro@noize.com.br

EDITORA CHEFE: Cristiane Lisbôa cristianelisboa@noize. com.br EDITOR: Tomás Bello tomas@noize.com.br REPÓRTER ESPECIAL: Marília Pozzobom marilia@noize.com.br REDAÇÃO: Rafa Carvalho rafacarvalho@noize. com.br DESIGN: Felipe Guimarães felipe@noize.com.br

GERENTE DE PROJETOS: Leandro Pinheiro leandro@noize.com.br EDITORA DE PROJETOS ESPECIAIS: Lidy Araújo lidy@noize.com.br REDAÇÃO DE PROJETOS: Bruno Nerva brunonerva@noize .com.br Igor Beron igor@noize.com.br Laryssa Araújo laryssa@noize.com.br ANUNCIE NA NOIZE: comercial@noize.com.br

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 AGENDA: shows, festas e eventos agenda@noize.com.br ASSESSORIA JURÍDICA: Zago & Martins Advogados PONTOS: Faculdades Colégios Cursinhos Estúdios
 Lojas de Instrumentos Lojas de Discos Lojas de Roupas Lojas Alternativas Agências de Viagens
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 Bares e Casas de Show
 Shows, Festas e Feiras

 Festivais Independentes TIRAGEM: 30.000 exemplares CIRCULAÇÃO NACIONAL

• FOTO DE CAPA_

EDUARDO CARNEIRO

www.eduardocarneiro.com.br


vocês são noize


Passamos alguns fins de tarde, começo de noite, na rua Augusta, em São Paulo, para encontrar leitores da Noize.Virou quase uma campanha da Benetton dos velhos tempos.Vários rostos, diversas idades, diferentes sons. Uma revista. _fotoS: SAMUEL ESTEVES

NOME_ I$a NOME_ Raphael Yuji

IDADE_ 16 anos IDADE_ 23 anos

PROFISSÃO_ Estudante

UM DISCO_ New Found Glory | Not Without a Fight PROFISSÃO_ Vendedor / Músico

UM DISCO_ Box Car Racer | Box Car Racer


NOME_ Rafael de Castro IDADE_ 27 anos PROFISSテグ_ Produtor / Editor de vテュdeos UM DISCO_ Mos Def | Mos Dub

NOME_ Maria Fernanda IDADE_ 34 anos PROFISSテグ_ Tatuadora UM DISCO_ New Order | Substance


“Eu digo que o Run DMC é o Beatles do rap. E nós, os Rolling Stones.” “Não podemos ser cínicos. Viver de música é uma tarefa difícil. Fazer discos não dá dinheiro. E coisas como tocar em festas de grandes grifes nos ajudam a sobreviver, sabe?” Jamie Hince, guitarrista e vocalista do The Kills | @ Noize #49

Chuck D, vocalista do Public Enemy | @ Noize #16

“Eu não sabia que existia calo nas cordas vocais, e é irreversível. Mas eu quero ser leão, e vou continuar rugindo.” Mallu Magalhães l @ Noize #13

“Vocês são o filho do silêncio. Vocês têm agora de lutar contra o resultado do golpe de 64 que devastou a cultura, devastou tudo que vocês poderiam estar tendo e não estão.” Sérgio Dias, guitarrista dos Mutantes l @Noize #02

“Eu adoro Claudinho e Buchecha, adoro Sean Kingston.” Marcelo Camelo | @ Noize #18

“[A Jovem Guarda] foi a primeira vez na história da juventude brasileira em que a moda decodificou a música. Foi o primeiro sinal de transgressão, juventude e humor.” Ronaldo Fraga, estilista | @ Noize #43

“Compor é um lance de necessidade muito porrada. Tanto como comer, dormir e ir ao banheiro.” Prego, baterista da Pata de Elefante | @ Noize #05


__AS MELHORES FRASES PUBLIcADAS NOS ÚLTIMOS 5 ANOS. AQUI NA NOIZE.

“Albert [Hammond Jr.] pegava caixas de CD e as levava a pequenas lojas de discos em Manhattan. ‘Você ficaria com três dos meus discos e os venderia, por favor’?” Gordon Raphael, produtor de Is

“Hmm, entrevista? Pode ligar de novo em meia hora, então? Estou no meio do café da manhã.” David Longstreth, líder do Dirty Projectors l @ Noize #29

“Eu tô tocando rock’n’roll, e é a música mais universal. Não preciso ficar levando bandeira do RS por aí. Enfia o mastro da bandeira no cu, saca?”Beto Bruno, vocalista da Cachorro Grande | @ Noize #48

“Eu não acho que sou uma resposta, mas sim uma pergunta importante. No sentido de ‘Por que não podia ser assim? Por que essa parada não foi feita desse jeito antes’, tá ligado?” Emicida | @ Noize #44

This It, o álbum de estreia dos Strokes | @ Noize #31

“Quando eu tinha 13 anos, fantasiava sobre dar entrevistas. Eu levava meu cachorro para passear e conversava comigo mesmo. Fazia de conta que tinha a atenção de pessoas como você.” Darwin Deez | @ Noize #45 noize.com.br

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“Minha dica para bandas que começam: não é só começar, tem que continuar. Muitas vezes as pessoas desistem facilmente sem saber o que pode vir pela frente.” Gabriel Thomaz, vocalista do Autoramas | @ Noize #45

Lovefoxxx, vocalista do CSS | @ Noize #34

“Se for ver, quase todo rock brasileiro é parente do bolero.” Kassin, produtor musical | @ Noize #14

Boss in Drama | @ Noize #46

Pedro Metz, vocalista da Pública | @ Noize #09

“Acho que não existe mais um ‘personagem’ que só aparece no palco. Eu uso paetê pra comprar aspirina, sabe?”

“Não tem como a gente cair, pois pensamos muito no que fazemos.”

“Você pode tudo com a música lá [na Inglaterra]. Pode ter fama, pode namorar a Kate Moss sendo desdentado. E as pessoas se levam muito a sério.”

“MPB é feita de tudo o que é música popular feita por brasileiros. Sepultura? CSS? Eu acho que sim. De Cauby Peixoto a Paula Fernandes, passando por Lenine e Júpiter Maçã.” Caetano Veloso | @ Noize #47


__AS MELHORES FRASES PUBLIcADAS NOS ÚLTIMOS 5 ANOS. AQUI NA NOIZE.

“O pessoal acha que o Racionais puxa o freio de mão do movimento, mas nós apoiamos até o Xis na Casa dos Artistas. Só vão permanecer os bons e os que tiverem boa intenção.”

“Essa é a única coisa que estamos tentando dar as pessoas: magia e emoção.”

Ice Blue l @ Noize #10

Gaspard Augé, do Justice | @ Noize #48

“Não dá pra escrever de forma interessante sobre música se você não for consumido por ela.” Ryan Schreiber, criador do Pitchfork Media | @ Noize #33

“Quando você decide trabalhar em um formato pop, você está se limitando. E é legal porque você precisa se colocar nessa caixinha e tentar ser original e criativo dentro dela.” Chris Keating, vocalista do Yea-

“O Usuário representa toda a vontade, todo o tesão que um adolescente pode ter em tocar, fazer música e poder mudar alguma coisa no mundo.” Rafael Crespo, ex-guitarrista do Planet Hemp | @ Noize #35

sayer l @Noize #40

“Não tem como acontecer a MPB como era antes porque não tem mais o Brasil inteiro olhando o mesmo canal de televisão.” Tulipa Ruiz | @ Noize #37 noize.com.br

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Dudu Carneiro

Escolher ser músico é decidir que pelo resto da sua vida você vai lidar com o imprevisto, seduzir a inspiração, receber e-mails do seu pai com cursinho para concurso público e, de quando em quando, no fim da canção, de cima do palco, olhar em volta e ouvir a sua cabeça dizer: vale a pena, não vale? Ter uma revista de comportamento musical, gratuita e distribuída a cada mês em todo o Brasil é a mesma coisa. E é por isso que a gente tá comemorando. Ao longo de toda esta edição você vai conhecer – ou lembrar – como tudo começou, onde estava a musica lá no ano de 2007, onde está agora e até uma previsão de pra onde ela vai. Porque mesmo que o mundo acabe em 2012

– depois do Lollapaloza, por favor –, vamos ouvir com atenção o acorde que sobrou. Pra te contar a história. Obrigada a quem nos acompanhou até aqui, bem-vindo você que acaba de nos conhecer. Que por aqui a playlist nunca termina, a cerveja tá sempre bem gelada, os convidados são de primeira e o melhor da festa é sempre o que acaba de acontecer. Cristiane Lisbôa, editora-chefe, Tomás Bello, editor, Marília Pozzobom, repórter, Rafa Carvalho, repórter e Fernando Corrêa, que capitaneou esta revista durante 4 anos.


Reprodução

Rafa Rocha

Rafa Rocha

__Se a Noize fosse um filme (e pense na trilha sonora!), seriam estes os 5 momentos em que a redação trocaria olhares cúmplices, abafaria risadas ou derramaria uma discreta lágrima.

__O COELHO MALUCO|Edu K, vo-

Caetano mandou e-mail| Exatas 23 horas. O arquivo da Noize #47 tava saindo da máquina de Rafa Rocha rumo a gráfica. Todo mundo juntando mochila, bolsa e cansaço pra encher a cara de pancho e cerveja no bar uruguaio. Toca o telefone. Do outro, Candé Salles, dono da agenda mais poderosa deste país e nosso salva-vidas mensal. “Caetano respondeu o que é MPB. Ainda dá tempo?” Deu.

calista do De Falla, vestido de coelho, domingo a noite, em uma rua que reúne vinho barato, emos, punks, vodka, mendigos e adolescentes. Tinha como dar certo? Resumindo a história, o fotógrafo foi perseguido por um cara todo vestido de preto. Com uma faca na mão. Enquanto todo mundo gritava descontroladamente e Edu tentava enxergar através da cabeça de coelho. Mas as fotos ficaram ótimas.

__E O OSCAR VAI PARA...|Em uma noite de inverno de 2011, a Noize ganhou homenagem, palmas e troféu de “veículo destaque “ no prêmio Açorianos, o mais importante do RS, sua terra natal. A equipe lá, orgulhosa, fazendo rimas ruins em coro. E depois veio a comemoração em um bar, expulsão, outro bar, fotos difamatórias, um vídeo censurado com o tutorial de “como passar um batom sem espelho” e café da manhã de sopa de capeletti e vinho.

sxc.hu

Reprodução

__Parem as máquinas! O

__BELO ADORMECIDO|A entrevista estava marcada

__QUEM TEM MEDO DE GROUPIE|A entrevista es-

para às 17 horas de um dia de semana qualquer. O entrevistado chegou às 19, muito bem acompanhado. Se acomodou no sofá, respondeu tranquilamente a primeira pergunta e, antes que desse tempo de fazer outra, ele dormiu profundamente. Com direito a ronco, baba e posição fetal no chão da sala. Acordou no dia seguinte e ligou remarcando a conversa. Desde que fosse naquele exato instante e o repórter levasse duas coca-cola geladas. Justo.

tava indo bem. Perguntas respondidas sem medo, algumas gargalhadas, doses de uma bebida estranha com cheiro de cera de ouvido. Até que chegou uma moça de barriga de fora. (Nada contra moças de barriga de fora.) Em inglês, disse que estava acompanhada pela equipe de um filme de terror. E queria um autógrafo. Fez sentido pra você? Pra gente também não. Mas o entrevistado levantou da mesa pra autografar. Apareceu dois dias depois.Vivo. Bem vivo.


022\\

Rafa Rocha

KIMI BECKER UM COPO DE NESCAU E 5 PERGUNTAS

Kimi tem uma pequena cicatriz na sobrancelha esquerda. Não sabe como aconteceu. Tem cinco anos, oito namoradas e várias camisetas pretas. Gosta de usar tênis, acordar tarde, jogar vídeogame e escrever o próprio nome repetidas vezes. Kimi coleciona Noize. E pretende ser um rockstar. Quem escolheu esta camiseta? [Kimi está vestido com a camiseta dos Ramones] Eu. Você gosta dos Ramones ou gosta da camiseta? Eu gosto de rock. Rock é minha vida. Minha mãe coloca e eu gosto, balanço a minha cabeça, sabe? Qual a sua banda favorita? Aquelas que fazem barulho beeem alto. [joga os braços pra cima e pula.] Mas não sei o nome. Minha mãe que sabe. Esta revista é legal.

A Noize? É.Toda colorida. E com rock. Eu gosto desta revista. [folheia rapidamente]. Quando eu souber ler, vou ler.Agora eu fico vendo. Quando meu irmão crescer – conhece meu irmão? – eu vou fazer uma banda, sabe, vai ser meu nome com o dele, tudo junto: kimcomkel. Daqui a 5 anos você vai ter 10 anos. O que acha que vai estar fazendo? [Revira os olhos pra cima, balança as pernas] Tô pensando... Acho que... 10 anos, né?...Vou estar... Eu não sei... Com a minha banda. Construindo prédios. E tu?


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A volta do Black Sabbath

#black sabbath _No cabalístico 11.11.11, o Black Sabbath confirmou a volta aos palcos. E o melhor: em sua formação original. Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward, que juntos não lançam nada de novo há 33 anos, vão estar reunidos novamente em 2012 para encabeçar o Download Festival, realizar uma tour mundial e lançar um álbum só de canções inéditas.

@sebodesign *I need someone to show me the things in life that I can’t find* #paranoid #blacksabbath

Tags: blacksabbath 1111 ozzy tour mundial

@adventure_silva #ACDC vai lançar álbum e #blacksabbath vai voltar formação original...

Courtney Love vs Kurt Cobain no SWU _O Hole foi uma das principais atrações do SWU 2011 - e não por causa de seu som, mas sim pelas palavras de Courtney Love. Sobrou pra Billy Corgan, Gisele Bündchen e Dave Grohl, acusado de tirar dinheiro da filha de Love com Kurt Cobain. No vídeo, Courtney sai do palco irritada e só volta após o guitarrista da banda pedir para o público gritar, “Foo Fighters are gay”.

@Naotakkuny The song Planet Caravan is 41 years old! Man I love #Blacksabbath @krlos_mm Indo pro colégio ao som de #blacksabbath – paranoid @MariPaula_B_ Sim, exatas cinco horas de #BlackSabbath. :) ... Maravilha!

#COURTNEY LOVE @ladybeatrice Que muieh louca! #courtneylove @a_demonia #CourtneyLove, you’re my Viole @deianobrega_ Que deselegante! #CourtneyLovestones #courtneylove

TIMELINE Lollapalooza, Lobão e aquele rolo todo. Entenda: bit.ly/musicalidades

Darwin Porter, autor da bio de Frank Sinatra, revelou que o cantor fez um filme pornô aos 19 anos. O cachê? 100 dólares.

Nevermind fez 20 anos e Is This It, o primeiro disco dos Strokes, a Noize esteve em Londres comemorou sua primeira década. pra conferir a exposição bit.ly/10strokes comemorativa.

bit.ly/sinatraporn

bit.ly/exponevermind


_Tony Aiex, do blog Tenho Mais Discos Que Amigos, foi especialmente convidado para editar esta seção.Veja as escolhas dele para este Direto ao Ponto 2011.

Noel Gallagher @ David Letterman

#ÁUDIO

_A treta entre os irmãos Gallagher continua a render dor de cabeça para a mãe, Peggy. Mas, fora do território neutro, quem levou a melhor no duelo foi o guitarrista.Veja o que o cara anda fazendo nos programas de TV mundo afora. bit.ly/noel_onletterman

Amy Winehouse | Live At Glastonbury _É impossível repassar 2011 e não lembrar a morte da Amy como um dos fatos mais marcantes. Todos esperavam, mas no fundo tinham esperança que suas intuições estivessem erradas. Não estavam, infelizmente. bit.ly/p8mJiP

Chico | ao vivo de casa

Muppets | Smells Like Teen Spirit A trilha sonora do novo filme dos Muppets conta com a banda dos bonecos regravando esse clássico do Nirvana em versão pra lá de interessante. bit.ly/muppets_teenspirit

The Black Keys | Run Right Back El Camino, novo álbum do Black Keys, deve ser o grande motivo pelo qual as listas de melhores discos do ano não saíram até o fechamento desta edição. Todos ansiosos para ouvir o novo trabalho da dupla. Para ter uma ideia do que vem por aí, “Run Right Back”. bit.ly/blackkeysrun

Tom Waits | She Stole The Blush O novo disco de Tom Waits, Bad As Me, foi lançado em outubro com 13 faixas. Sua versão deluxe traz mais 3 inéditas do cara, que não lançava álbum de estúdio há 7 anos. Uma das faixas bônus é “She Stole The Blush”, que pode ser ouvida aqui. bit.ly/shestole

_Em julho, Chico Buarque promoveu o seu mais novo disco, Chico, de uma maneira diferente. Chamou João Bosco em sua casa, ligou uma câmera e fez um pocket show recheado de piadinhas. E isso, que ele tinha acabado de descobrir a internet.

Criolo | Não Existe Amor Em SP Sem discussões, Criolo foi um dos artistas de maior destaque nesse ano. Com o a, seu segundo lançamento de disco, “Não Existe Amor em SP” virou hino e foi parar até na boca do Caetano. bit.ly/criolo_sp2011

http://bit.ly/oGDiTA

@REVISTANOIZE O REM acabou! bit.ly/acabou_rem

O Google é mais um grande a criar um serviço de música e aliar loja de download a rede social.Tem 13 milhões de faixas, mas só funciona nos EUA. bit.ly/googlenamusica

Adele conheceu o sucesso, bateu recordes e perdeu a voz. bit.ly/adele_estrelas

Kim Gordon e Thurston Moore separaram e o Sonic Youth, inevitavelmente, entrou em um hiato. bit.ly/sonichiato

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028\\

1.

COMIDA. MUITA.

2.

Radiohead

“De lanchinho completo no meio da tarde, na casa dos pais, até cardápio de redação: junkie food, pizza fria e refri quente.”

“Pelo ‘radio’ e pelo ‘head’.”

3.

Punk Rock ou faça merda você mesmo

“Foi o punk rock um dos elos de ligação da equipe que fundou a revista. Aliás, primeira edição: Pennywise na capa.”

4.

vinil

“Não sabemos se, de tanto batermos na tecla do vinil, os leitores começaram a ouvir os bolachões. A gente, sim.”

1. COMIDA Quando o refrigerante tá quente, as moléculas de CO2 estão mais agitadas. E você com isso? Aí, que se você abre o refri quente, as moleculazinhas se perdem mais facilmente, a bebida espuma e você dá aquela choradinha quando bebe de gute-gute – ou aquele arrotão, se você é dos nossos. 2. RADIOHEAD Revolução? Não é pra tanto. Mas no ano em que esta revista gratuita começava a engatinhar, uma das grandes bandas de rock do nosso tempo entregava seu disco ao preço do ouvinte. Benção.


A NOIZE

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_A Noize não é uma revista de música normal. É feita por gente que, se encontra o leitor numa mesa de bar, pede licença para sentar e bebe junto. Se você encontrar a revista na rua, pode pegar sem avisar: é de graça.

5.

Doidêra

6.

As mina

“Psicodelia, multicores, sensações...Tudo o que tira o cérebro do eixo e mostra que, talvez, fique melhor desse outro jeito.”

“Foram cinco anos de mulheres criando mais tensão do que os homens no universo em que a NOIZE pasta. Admiramos de longe, escrevemos de perto.”

7.

Gente, incluindo estagiários

“Tanto quanto sempre, mais do que nunca. Cada um que passa por essa redação traz um pouco de alimento. E espera-se que se alimente aqui.”

8.

Banda larga

“Banda é que nem bunda: tem que ser larga.YouTube,Vimeo,Twitter, Facebook, muito disco (e filme!) em mp3. Multiplique isso por 20.”

5. DOIDÊRA NÃO USE DROGAS 7. ESTAGIÁRIOS Assim o Apocalipse foi retratado na Bíblia: “E todos os estagiários faltaram naquele dia”. 8. BANDA LARGA A Banda Larga brasileira varia entre 300 Kbps e 100 Mbps – mas as mais comuns são de no máximo 15 Mbps.




032\\


2000 //033

Para uma década difícil até de falar o nome, não soa estranho que a música dos “anos dois mil” - ou “anos zero zero” - também seja inclassificável. Bem-vindo à Música 2.0.


034\\ noize.com.br

[+1] Lançado em 1999, foi o programa pioneiro em compartilhamento de arquivos. Protagonizou a primeira grande batalha entre a indústria fonográfica e os sites de download de música na internet. [+2] Nos EUA, a capa original do disco foi censurada. Is This It ficou assim:

[+3] Veja como a banda Uó transforma “Last Nite”, o hit máximo dos Strokes, em um electrobrega sobre um cara que quer tirar a prostituta Rosa de sua ingrata rotina de trabalho. migre.me/6gSkT

[+4] Em 1994, o Chico Science & Nação Zumbi lançou Da Lama ao Caos, seu álbum de estreia. Revolucionário, mesclava funk com rock com maracatu com psicodelia e música afro. Foi o disco que inaugurou a cena Manguebeat. E “Samba Makossa” era parte dele.

Janeiro de 2001, o mp3 de “Last Nite” aparecia no site do semanário britânico NME. Com a track do The Strokes, a década tomava sua forma. Tudo ao mesmo tempo agora, musical e tecnologicamente. Além de distribuída através da página internética de uma revista, a música era de ninguém menos que da banda que viria a ser a principal dos anos 2000 em importância. Então o EP de The Modern Age foi lançado, com outras duas faixas.Veio a incansável busca por elas no Napster+1, gravadoras disputando o passe dos caras a tapa, a palavra hype ganhando força como nunca e, finalmente, o lançamento de Is This It+2, em julho de 2001. A discussão da revelância musical dos Strokes é sempre acalorada – e, se de um lado não houve nada realmente novo em se tratando de sonoridade, é inquestionável a influência estética deles em bandas de todo o período. “De uma maneira ou de outra, o Strokes pauta uma geração de novas bandas que, mesmo não influenciadas no som, certamente o foram pela essência, pela vontade de fazer uma música alternativa”, acredita a jornalista Izadora Pimentel, do Rock’n Beats. O próprio site lançou este ano a coletânea Is This Indie+3, com bandas brasileiras tocando as músicas do álbum de estreia de Julian Casablancas e cia. Jajá Cardoso, vocalista e guitarrista da Vivendo do Ócio, faz cover de “The Modern Age” no projeto. Não deu atenção ao disco na época, quando ouvia mais punk rock/hardcore, mas hoje percebe como Is This It moldou o perfil de uma geração, junto com a internet. “Foi um boom de sites hospedando as bandas de graça. Aproveitei que trabalhava com computadores e o tempo livre e virei um caçador, pesquisava e sempre conhecia novas bandas, muitas que hoje são grandes”, conta. Além dos Strokes terem feito o rock voltar às rádios, às paradas e pistas de dança, eles “revitalizaram o passado como uma revolução musical”, à exemplo do que dizia Chico Science em “Samba Makossa”, anos antes+4. “Isso foi muito positivo porque me aprofundei e cheguei na fonte dos sons, dos clássicos fundamentais, como Gang of Four, The Jam, Smiths e etc., cruciais para a música que faço hoje”, diz Jajá.

ABRIU A PORTEIRA O reflexo do fenômeno Strokes na primeira década do século XXI foi imediato. Só nos primeiros cinco anos, foram lançadas as estreias de The Killers, Kings of Leon, The Libertines, Franz Ferdinand, Kaiser Chiefs, Jet e Razorlight. Com eles, também se deu o boom nova-iorquino de Interpol,Yeah Yeah Yeahs, The Rapture e TV On The Radio. Todas elas com um “next big thing” pregado as costas. Ouve espaço ainda para “veteranos” como White Stripes (que naquele 2001 lançaria o seu terceiro álbum) e The Hives (até então, conhecidos apenas na Suécia). Na cola, a Rolling Stone norte-americana estampava o The Vines na capa e proclamava, em 2002, que “Rock is back!”. Com a mesma velocidade em que surgiam bandas, apareciam dezenas de serviços de compartilhamento de música. Para cada Napster fechado, abriram vários Kazaa, Audiogalaxy e Soulseek - os “dinossauros do download”, bem antes da atual era dos torrents. Se o rock tinha voltado, a internet tinha chegado. O surgimento do iPod foi uma saída lógica para reproduzir toneladas de pedaços de música em formato mp3. Era quase uma retomada, em formato digital, ao sucesso dos compactos dos anos 50. E o impacto dessa quantidade de música disponível foi evidente. “Antes eu ouvia mais vezes o mesmo disco, pela escassez. E isso dava uma profundidade”, lembra Gustavo Mini, publicitário e vocalista/guitarrista da banda Walverdes há quase duas décadas. “Faço parte de uma geração de transição, que pegou todos os formatos das últimas décadas: comprei vinil durante anos, gravei cassete, depois gravava CD alugado em K7 porque o CD era caro, comprei CD e por fim passei a baixar mp3. Não posso dizer que sou da geração de tal formato. Sou meio de todos e isso é um tanto maluco”, analisa.


2000 //035

A MULTIFACETADA GERAÇÃO Z

PRIMEIRO HIT DIGITAL

Toda essa confusão de formato teve resultado prático também na produção musical. Aquele sonho de toda banda, de nunca ser rotulada em determinado gênero, virou realidade pelo simples fato de não ter mais como classificar. Segundo Mini, “a partir dos anos 2000 a mistura passou a ser regra, e não mais exceção. Caiu um certo fundamentalismo de gênero. Também as guitarras perderam um pouco da sujeira, e os Strokes é que representaram mais claramente isso. O que vivemos hoje ainda é um pouco fruto dessas duas coisas”. Eclético, multifacetado, aberto à experimentações. Esse se tornou o perfil do ouvinte de música da primeira década 00. Outro fator decisivo na cara da música dos anos 2000 é a enorme geração de nativos-digitais – os nascidos durante os anos 90, já familiarizados com a existência da tecnologia –, uma geração que sempre teve música à disposição num simples clique, que trocou o termo ‘lançou’ por ‘vazou’. “O modo de ouvir música foi transformado pelo consumo. Hoje você ouve com o dedo no botão para trocar de música. Não é ela que ficou menos interessante, somos nós que não damos tempo para nos interessar”, avalia Daniel Corrêa, do setor de novos negócios do selo brasileiro Vigilante+5 . Ele próprio um nativo digital, Daniel acredita que hoje não há mais gêneros e classificações específicas. “A música dos anos 2000 destruiu de vez o conceito de gênero. O que é disco pode ser punk, funk e rock ao mesmo tempo e fazer perfeito sentido”. Estilos misturados, fácil reprodução das músicas, e a consequência disso demorou até mais do que o previsto para aparecer. Como um fruto maduro caído da árvore.

As gravadoras não encontraram outra alternativa se não rentabilizar downloads através de modelos pagos. E assim, em março de 2006, pela primeira vez na história, uma música alcançou o número 1 da parada britânica por meio exclusivo de venda online. Era “Crazy”, do duo Gnarls Barkley+6. Além de mudar os rumos do mercado fonográfico (outra vez), “Crazy” foi um hit instantâneo, permanecendo nove semanas no topo (já na versão CD) e se tornando o single mais vendido daquele ano. Menos do que música, o mercado é uma mitose de todas as mídias disponíveis, em redes sociais, vídeos no Youtube e ações de marketing. “Não que não houvesse esse outro lado no passado, mas hoje isso é multiplicado de forma assustadora”, afirma o frontman dos Walverdes. Na opinião dele, e de boa parte da crítica musical, tem bandas que se destacam porque sabem fazer clipes para o YouTube. “A música pode ser meia boca (geralmente é), mas bem ou mal os caras surfam no espírito desse tempo, talvez uma outra abordagem do pop não calcado na música.” Caso do ídolo teen Justin Bieber, por exemplo, que em novembro de 2011 alcançou 2 bilhões de visualizações no YouTube, se tornando o primeiro artista a bater tal marca. “Não curto, mas não deslegitimo”, brinca Mini. Esse zeitgeist fez a década sempre celebrar a cultura do “novo”. Se o mundo assistiu o movimento do new rock, também viu o neo-electro, new rap, new rave, neo-shoegazer, new new-wave, além de muitos outros. Já o final da década nos trouxe o neo soul, um revival do black-soul dos anos 60 e 70+7. Além do Gnarls Barkley, surgiram Mayer Hawthorne, Aloe Blacc e Bruno Mars, no time dos meninos, e Janelle Monaè, Amy Winehouse e Joss Stone no time das meninas. E ainda Adele, que virou a década batendo todos os recordes nos charts de música, sendo atualmente o grande fenômeno do planeta. Ficou claro que, durante os anos 2000, se pôde fazer e misturar qualquer tipo de música. O único perigo é transformar essa liberdade em música qualquer.

[+5] Braço indie da gravadora Deckdisc, o Vigilante é quem assina artistas como Boss in Drama,Vanguart, MIM e Volantes. É também o responsável por lançar no Brasil discos de Peter, Bjorn & John, Toro Y Moi e Panda Bear. migre.me/6gSOS

[+6] Veja como fica a track quando Danger Mouse e Cee-Lo Green entram no clima Star Wars: migre.me/6gSYS

[+7] Lançado em 2006, Back to Black, o segundo álbum de Amy Winehouse, foi o grande responsável por fazer a geração anos 00 cwwwonhecer o som da Motown de Marvin Gaye, The Temptations, Stevie Wonder, The Supremes e Jackson 5.




038\\ noize.com.br

[+8] Na semana em que chegou as prateleiras, Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not vendeu 360 mil cópias, ultrapassando Definitely Maybe, álbum de estreia do Oasis. Hoje, o debut do Arctic Monkeys soma mais de 4 milhões de unidades vendidas. [+9] É o ranking que lista os álbuns e cancões mais vendidos e tocados nas rádios norte-americanas. Os grandes campeões da Billboard? Elvis Presley, Mariah Carey, Madonna, Beatles e Michael Jackson. [+10] Sem dar bola as provocações, a banda canadense agradeceu a estatueta com um “What the hell?”. E ainda mandou “Ready to Start” ao vivo, encerrando a 53a festa do Grammy. migre.me/6gVpq

DARWINISMO

INDIE É O NOVO MAINSTREAM

O lance de “apenas os mais fortes sobrevivem” passou a funcionar como nunca. Com internet banda larga e blogs de mp3 distribuindo cada vez mais conteúdo, proliferam as chamadas “useless opinions” (“opiniões descartáveis”), uma ação direta entre fãs de música e bandas. Foi através desse “boca-a-boca” virtual que, por exemplo, Cold War Kids e Clap Your Hands Say Yeah tiveram seus quinze minutos de estrelato. Nada, se comparado à macacada. Ícones do novo rock na segunda metade da década, a fama precedeu os Arctic Monkeys. Foi a base de fãs que, em 2005, colocou no Myspace as músicas demo da banda, registradas caseiramente como nos “old times”, sem qualquer pretensão. Dali para as rádios, para o interesse das gravadoras, para o Reading Festival. Quando veio o contrato oficial, os dois primeiros singles foram logo ao topo da parada inglesa e, em 2006, finalmente nasceu o álbum de estreia. Desde então, e até hoje, é o debut com a vendagem mais rápida na história da Inglaterra+8. Porém, tudo obviamente passa pelo talento das bandas. Para cada Arctic Monkeys na ativa e fazendo bonito, surgem vários Bloc Party, The Fratellis e The Rakes, que acabam contribuindo apenas com sua dose de ostracismo ao planeta.

Apesar do nivelamento estético ser positivo, também é fácil constatar que os primeiros dez anos do novo século carecem de grandes estrelas se comparados a outros períodos. Todas as bandas que ainda hoje enchem estádios são remanescentes dos anos 80 e 90 – e 70, como os Rolling Stones. Grupos “indies” como Death Cab for Cutie,Vampire Weekend e The Decemberists alcançaram o nº 1 da Billboard+9, uma outra dezena atingiu o Top 10, mas não foi o indie que virou mainstream: foi o consumidor de mainstream que parou de comprar tantos discos. Quando o Arcade Fire foi coroado com Álbum do Ano no careta Grammy+10, a maioria das pessoas mal sabia quem eles eram – o Tumblr Who the fuck is Arcade Fire? foi criado justamente para zoar o desconhecimento. Aquilo que está por vir, impossível prever. Provavelmente, dependa mais de transformação tecnológica do que musical. O que temos de certo é mais e mais seleção. Antes de comprar um disco, você baixa; antes de baixar, escuta uma faixa no Youtube ou em streaming. E depois de passar por tudo isso, talvez resolva nem comprar o tal disco. Para uma exata compreensão da música dos anos 2000 (e do futuro, idem), só quando lá por volta de 2020 aparecerem outras bandas fazendo o revival do que se passa agora. Aguardaremos ansiosamente.

Texto: Leandro Vignoli


10 TRACKS QUE FORAM HITS NA PRIMEIRA DÉCADA 00 Strokes / Last Nite White Stripes / Seven Nation Army Franz Ferdinand / Take Me Out Jet / Are You Gonna Be My Girl The Killers / Mr. Brightside Outkast / Hey Ya Gnarls Barkley / Crazy Peter, Bjorn & John / Young Folks Kings of Leon / Sex on Fire MGMT / Kids

10 TRACKS QUE DEVERIAM TER SIDO HITS Black Rebel Motorcycle Club / Whatever Happened to My Rock ‘n’ Roll Los Campesinos! / You, Me, Dancing! Modest Mouse / Float on Black Kids / I’m not Gonna Teach Your Boyfriend How to Dance With You The Walkmen / Wake Up Big Pink / Dominos The Drums / Let’s Go Surfing Girls/ Lust for Life The Kills / Cheap and Cheerful Hard-Fi / Hard to Beat


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CINCO GRANDES MOMENTOS DA MÚSICA 2007 - 2011

por Gaía Passarelli Go-Go-Go

Para o bem e para o mal, eles representam um momento, deixam um legado. São apostas para um futuro hipotético. Para ler de novo daqui a cinco anos.

Britney Spears, Blackout, 2007

Daft Punk, Alive, 2007

O disco mais vendido de Brit foi lançado na pior fase de sua persona pública. Foi quando ela perdeu a guarda dos flhos, entrou e saiu de rehabs, raspou a cabeça e brigou na rua. Num futuro bem louco: Brit assume as rédeas de sua carreira artística e se torna uma cantora e compositora respeitada, enterrando de vez sua fase fantoche-rentável.

Poucos na música eletrônica alcançaram esse sucesso crítico e comercial. Com a tour da pirâmide gigante de neon, o duo francês impressionou multidões. É a vitória da eletrônica. No futuro: eles superam o retumbante fracasso de Tron: Legacy, tiram os capacetes brilhantes e voltam a fazer funk-sintético estrelar para as pistas de dança.

Radiohead, In Rainbows, 2008 O primeiro disco do Radiohead fora da EMI jogou a pá de cal nas gravadoras. Com o esquema “pague quanto quiser”, consolidou a ideia do artista dono da própria obra. No futuro: Thom Yorke se envolve com produtores de eletrônica vanguardista e torna o pós-dubstep popular ao assumir a influência em seu trabalho e... Peraí, isso já aconteceu!

Lady Gaga, The Fame Monster, 2009 Nomes do primeiro escalão pop como Beyoncé e restos como Jessie J tentam, mas Gaga voa sozinha. Esse EP a tornou querida da crítica e musa dos demais. De quebra, “Telephone” se transformou em um dos vídeos mais vistos de todos os tempos no YouTube. No futuro: Gaga assume os vocais da tour de retorno do Queen e se torna o Fred Mercury da nova década. Oh yeah.

Fever Ray, Fever Ray, 2009 O obscuro projeto de Karin Dreijer Andersson, do The Knife, rendeu apenas um disco e uma tour. Mas inaugurou uma estética sinistra e abriu caminho para uma série de cantoras de perfil dramático, como Zola Jesus e Lykke Li. No futuro: humildemente, gostaria de sugerir um retorno do projeto, com passagem pelo Brasil.



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OS MELHORES LOOKS MUSICAIS DOS ÚLTIMOS 5 ANOS

por Joana Moura Um Ano Sem Zara

Escolher os melhores looks da música nos últimos 5 anos é tarefa complicada. Muito mais pela abundância do que pela escassez. Porque música e moda sempre andaram de mãos dadas, mas nas últimas cinco temporadas parecem ter estreitado ainda mais essa relação. O primeiro bom exemplo é a inglesa Lilly Allen, que explodiu em 2006 com o single “Smile”. Meninas ao redor do mundo copiaram a inusitada mistura da cantora, que adorava combinar vestidinhos ultra femininos com tênis coloridos. Com o passar do tempo, o estilo da moça evoluiu. Os tênis deram lugar a saltos para lá de grifados e ela virou ícone de uma elegância jovem, fresca e feminina. A consagração veio com o convite para estrelar a campanha da Chanel, em 2009. E foi em 2009 que outro ícone do combo moda + música despontou: Florence Welch, da banda Florence and The Machine. Com apenas 25 anos, ela não tem só uma das melhores vozes da última década, mas também esbanja estilo. Em 2011, foi eleita a segunda mulher mais bem vestida da Inglaterra. Apesar da pouca idade, seu estilo é de uma mulher madura e segura, que sabe abusar de um toque de excentricidade. Ao falar na relação entre música e moda nos últimos 5 anos, não há como não lembrar de Amy Winehouse. Se tinha algo tão marcante quanto a voz era o seu estilo único, exagerado e cheio de referências de décadas passadas. Foi essa singularidade que a fez virar referência e inspirar centenas de editoriais ao redor do mundo. Menos dramático foi o bye bye da banda Juliette and the Licks, liderada pela atriz e cantora Juliette Lewis. O figurino de palco da cantora abusava de leggings de lamé e acessórios cítricos, consagrando o movimento de retorno dos anos 80 para a moda. Mas é bom olhar para o presente, para quem anda esbanjando estilo e originalidade e ainda promete surpreender muito. Na moda e na música, Janelle Monaé é um sopro de ar fresco. Ela é leve, alegre, moderna e cheia de personalidade. Janelle consegue importar como ninguém elementos do guarda-roupa masculino sem perder a graça de ser feminina. E a gente aplaude.



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APOSTAS PARA OS PRÓXIMOS 5 ANOS

por Lalai e Ola Persson Bandas Que Você Não Conhece

Reprodução

Divulgação

Mostrar novas bandas mês após mês é uma tarefa difícil. Só em 2011 apresentamos cerca de 50 nomes. Alguns deles ouvimos exaustivamente. Outros, apenas nos deliciam por um momento. Acabam passando. Nesta edição de aniversário, reunimos nossas maiores apostas para os próximos anos. O tipo de artista que deve durar mais do que apenas uma ouvida.

Giovanna Marshall

Citizens!

Nessas audições diárias, sempre há uma música que pega, gruda, fica no repeat. Aí você vai atrás e não descobre muita coisa. Então anota o nome e coloca no radar porque tem certeza de que pode vir coisa boa dali. O último nome que entrou nessa lista foi Giovanna Marshall. Giovanna é inglesa, tem apenas 21 anos e uma voz de arrepiar. A moça já fez participações em tracks de bandas como Noah and the Whale, Mumford & Sons e King Charles. E, aparentemente, promete. Toca piano clássico desde os 5 anos de idade, e tem apenas duas canções lançadas. Em “Out In Bold”, consegue mostrar o trabalho brilhante que é capaz de produzir. Suas inspirações vêm de misturas curiosas: Michael Jackson, Moby, Justin Timberlake e Sinead O’Connor. Para 2012 está prometido o EP Shaky Ground. Ouça: musicglue.net/giovanna

Há dias que tudo o que queremos é música despretensiosa, alegre e que nos dê aquela sensação de “dias melhores virão”. Assim é a música do quinteto inglês Citizens!, que estreia com toda pompa na compilação 12 do famoso selo Kitsuné. A canção “True Romance” teve seu clipe dirigido pelo Hight 5 Collective, que já assinou vídeos de Kanye West, Jay Z, The Weeknd e Frank Ocean. Ao ouvi-la, não tem como não lembrar da fase glam de David Bowie – ela soa a glitter e synthpop, mas com roupagem moderna. Além de ter passado pelo crivo da Kitsuné, a banda foi parar na NME e na coluna New Band of the Day, do The Guardian. Além disso, o Citizens! é produzido por ninguém mais, ninguém menos que Mr. Alex Kapranos, vocalista do Franz Ferdinand. Com esse time de peso por trás, não há como não criar uma expectativa em torno do grupo, que promete tomar as festas indie. Ouça: citizens.cz



Reprodução

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Low Anthem

Tyler, the Creator

Às vezes, só uma boa trilha sonora nos salva do estresse causado pela correria do dia-a-dia. São músicas que têm aquele efeito “calmante”, feitas para desligar de tudo. E o The Low Anthem consegue provocar esse relaxamento cada vez mais raro nos dias de hoje. A história começou em Providence, EUA, quando os multi-instrumentistas Ben Knox Miller e Jeffrey Prystowsky apresentavam um programa de jazz na rádio da Brown University. Em 2007, viraram um trio com a chegada de Jocie Adams e, um ano depois, lançaram Oh, My God, Charlie Darwin. Saíram em turnê, caíram nas graças do selo Rough Trade e isso rendeu convites para tocarem em festivais como Lollapalooza e Glastonbury. Este ano, o trio tirou do forno seu quarto álbum. Smart Flesh foi gravado em uma fábrica abandonada de molho de macarrão com o objetivo de usá-la para efeitos de reverberação e manipulação dos timbres sonoros. O resultado é um típico folk norte-americano, perfeito para quem gosta de lo-fi, The Avett Brothers e acha que os filmes do David Lynch são “a little bit too sunny”. Ouça: lowanthem.com

Tyler Okonma - mais conhecido como Tyler, The Creator - é um dos fundadores do coletivo Odd Future Wolf Gang Kill Them All, que tem uns 10 integrantes (Frank Ocean é outro deles). Participou de quase todos os releases do OFWGKTA, além de ter feito as artes dos releases e as roupas de merchandising do grupo. Aos 7 anos, costumava tirar as capas dos CDs e redesenhava tudo. Aos 14, aprendeu a tocar piano. Sozinho. É um cara polêmico, fala muito palavrão. Um infográfico da Fader diz assim: ele fala “bitch” 68 vezes, “fuck” 204 vezes. Tudo isso num álbum que tem 73 minutos de duração. Goblin é um disco que vai na contramão do hip-hop atual, resgata o que era o estilo na época do Wu-Tang. Já Wolf, seu terceiro álbum, está previsto para maio de 2012. O próprio Tyler diz que falar sobre estupro e corpos dilacerados não o interessa mais. Agora, ele quer fazer “weird hippie music for people to get high to”. Com apenas 20 anos, Tyler parece dar um novo caminho ao hip hop. E o seu novo álbum deve ser um dos mais interessantes da próxima temporada. Ouça: oddfuture.com/en

Nossas fichas nacionais continuam em artistas que já estão mais do que mostrando para que vieram:

The Cleaners,Viva City, Boss in Drama, Daniel Peixoto, Database, Killer on the Dancefloor, The Weeknd, Roots Rock Revolution, Thiago Pethit, Tiê, MixHell e Emicida. E N.A.S.A., por favor: tira logo um novo álbum do forno, porque já estamos com saudades.



HISTÓRIAS DE MÚSICA E AMOR Da última vez que vi Kim Gordon, ela continuava linda, com um corpo absurdo para quem tem 58 anos e uma energia impressionante para tocar baixo, guitarra e rodopiar pelo palco. A diferença é que ela estava triste. Um pouco antes do show no SWU, Kim e Thurston Moore anunciavam o fim do casamento de 27 anos. Um choque para todos os fãs de Sonic Youth, que se acostumaram a ver os dois como uma coisa só - no palco e fora dele -, que acompanharam um casal do rock com uma relação saudável, estável, duradoura. Tão diferente dos Kurt e Courtney da vida. Enquanto eles tocavam “Death Valley 69”, “Sugar Kane” e “Teenage Riot” eu pensava na beleza que é criar uma parceria de vida bem assim, que envolve música e amor, que vira uma coisa só. Nestes últimos cinco anos, vimos a música se misturar ao amor em vários estilos. De Justin Bieber e Selena Gomez a Katy Perry e Russell Brand, passando por Zooey Deschanel e Ben Gibbard (vocalista do Death Cab for Cutie). No Brasil, vimos um novo Rita Lee e Arnaldo Baptista (e, depois, Rita e Roberto de Carvalho) surgir quando Marcelo Camelo e Mallu Magalhães assumiram seu romance. E a diferença de 14 anos entre eles causou furor entre os mais moralistas, mas bastou ouvir “Janta”, música do primeiro disco solo de Camelo, para entender que amor não precisa de coerência. Anos mais tarde, e é Mallu quem se declara em “Sambinha Bom”: Eu, eu quero ficar com você / Eu, eu quero grudar em você / Eu, eu quero me bordar em você / Quero virar sua pele, quero fazer uma capa, quero tirar sua roupa. Tem coisa mais linda? No mundo em que todo Lennon quer uma Yoko para chamar de sua, é uma alegria lembrar dos amores de Jane Birkin e Serge Gainsbourg, Debbie Harry e Chris Stein, Justin Timberlake e Britney Spears, Beyoncé e Jay-Z, PJ Harvey e Nick Cave, June Carter e Johnny Cash, Lisa Marie Presley e Michael Jackson, Kelis e Nas, Lauryn Hill e Wyclef Jean, Nancy Spugen e Sid Vicious, Mick Jagger e Marianne Faithfull. Quer eles tenham dado certo ou não. O importante é a trilha sonora apaixonada que eles deixam para a gente ouvir eternamente.

por Daniela Arrais Dont Touch My Moleskine



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PUBLIEDITORIAL

uma alternativa para os próximos 5 anos da música Já está visto: o desenvolvimento da qualidade da internet no mundo e no Brasil tornaram o hábito de comprar um CD coisa de colecionador. Agora, com a internet móvel e o barateamento de todos os tipos de smarthphones, tablets e afins, até o download de música corre risco de extinção. Na Europa e EUA, plataformas que trabalham com streaming - o usuário não baixa a música -, como Spotify e Napster, fazem cada vez mais sucesso. Acompanhando essa renovação da música no mundo, a Melody Box nasceu para mudar a forma como se escuta e promove música aqui, no Brasil. No início de 2011, a empresa colocou no ar uma plataforma inovadora, que possibilita uma nova interação entre artistas e ouvintes. Através do computador ou celular, os fãs têm acesso ao conteúdo do site e apostam em quais serão os artistas preferidos da rede. Conforme a audiência do artista cresce, o fã ganha pontos que são trocados por prêmios como iPads, iPods e outros. Para os artistas, é um novo jeito de acelerar o boca a boca e aumentar o elo de ligação com os fãs. “Chamamos de política do ‘ganha ganha’, o artista ganha divulgação e o fã prêmios”, explica Fernando Jardim, sócio da MB. A plataforma é totalmente ligada às principais redes sociais. A MB quer virar ponto de encontro entre a nova geração de músicos e quem busca algo além do que as rádios conseguem entregar. A interação entre eles será direcionada a marcas interessadas em atingir seus consumidores de um jeito diferente. A idéia é fazer do celular um rádio moderno, onde o ouvinte escolhe o conteúdo e é atingido por propaganda direcionada.

A parceria comercial entre artistas e marcas não é novidade, mas ao contrário do download, em que o ponto de contato é curto, com o streaming a marca mantém presença por vinhetas e banners por um tempo maior e o usuário não precisa mais se limitar ao conteúdo baixado.

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Criar pareCe fáCil, mas quando é preCiso unir Criação a bons resultados a Coisa fiCa preta.

DesDe 2007 entreganDo soluções criativas com foco no resultaDo.




__ENTREVISTA CRISTIANE LISBÔA E TOMÁS BELLO __TEXTO CRISTIANE LISBÔA

__FOTOS RAFA ROCHA

__ILUSTRAÇÃO FILIPE CATTO


NO MEU ESPELHO ESTá A MINHA CARA //055

NO MEU ESPELHO ESTÁ A MINHA CARA Cinco anos atrás, o cantor Filipe Catto dava seus primeiros passos em direção aos palcos. Hoje, um EP gratuíto na web e um álbum lançado pela Universal depois e ele não é mais gaúcho. É brasileiro. Qualquer semelhança com a história da Noize é mera coincidência. Ou não. Com vocês, o que pensa, fala e ouve a revelação da música popular contemporânea.

Em que momento aconteceu a decisão de ir embora [de Porto Alegre para São Paulo]? Na verdade isso fazia parte dos planos, mas sem uma data definida. Eu sou muito grato e tenho imenso amor pelo público gaúcho, que sempre me deu força, mas minha situação em Porto Alegre tava ficando insustentável. Eu não conseguia ver luz no fim do túnel, de conseguir um nível profissional maior, de poder ter agenda, show marcado, viver de música autoral com dignidade. Eu ia lá, agendava teatro, a Kika Lisboa se matava fazendo a produção e sempre na dívida. Era pagar pra tocar. Quando eu consegui fechar minha participação no projeto Prata da Casa+1, do Sesc Pompéia, eu meio que vim pra São Paulo com a roupa do corpo e uma graninha pra ver o que rolava. Deu certo e eu fiquei.

Latina e o Brasil são muito possíveis de serem ultrapassados. Nossas culturas vêm do mesmo berço, e o samba e o tango, o bolero são irmãos. Entender essas raízes foi muito importante pra mim, pra definir uma linguagem.

Você começou a gravar depois de uma temporada em NY. Some a isto o fato de que sua música é altamente brasileira. Ou seja, ao invés de voltar americanizado voltaste mais brasileiro? Muito mais. Eu era mais americanizado antes de ir, quando vi tava ouvindo samba em NY. E isso foi ótimo porque me ajudou a ver a música brasileira, a ver onde eu me encaixava nela. O que foi mais marcante nessa temporada foi me encontrar com a música latina, e também entender que esses limites entre a América

Todo mundo bate nesta tecla de comparar você ao Ney Matogrosso. E você? Eu não me comparo, eu acho o Ney genuíno demais pra qualquer artista tentar se aproximar. Nós temos muito em comum, mas é coincidência. Eu admiro a postura, a voz e a inteligência artística do Ney, mas não quero nada que seja dele. É natural a comparação, porque as pessoas precisam rotular e tentar entender quem é aquele artista, e isso se dá muito no nível da comparação. Mas eu levo de boa, porque o tempo

Sua postura no palco é rock. Seu visual, seu figurino, parecem remeter a isto. Mas não suas escolhas de repertório. Eu não acredito muito nesses rótulos. Pra mim, o rock ‘n’ roll é uma atitude, uma postura, não um som exatamente. Não tem nada mais rock ‘n’ roll do que Bethania nos anos 70, a Elis no Falso Brilhante ou a Amy, que cantava soul. O rock está em mim, na minha entrega, nesse ímpeto kamikaze mais do que em qualquer coisa.

[+1] Realizado há mais de uma década, o projeto Prata da Casa é feito para dar espaço aos novos cantantes da música do Brasil. A seleção dos nomes é feita por sete críticos que apostam no futuro da canção brasileira.




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acaba demarcando o espaço de cada um. Se você estivesse nos anos 70 estaria fazendo a mesma coisa - repertório, show, etc - e estaria no mesmo patamar de carreira? Não sei me colocar nesse lugar do passado, mas eu só estou comprometido a fazer o que me satisfaça e o que me emociona. Acredito que tudo seria muito diferente, porque eram outros tempos, com outras demandas de discurso, outro contexto histórico. O que eu faço é canção, com letra, melodia e interpretação. E isso é a base do Cancioneiro Popular Brasileiro+2, portanto, atemporal, porque comunica e toca o público. Na história da MPB grandes intérpretes são geralmente mulheres. O fato de ser homem muda alguma coisa? Postura, escolha, cobrança. Eu não sinto muito esse peso porque não ligo muito pra isso, mas os cantores estão aparecendo outra vez. Não podemos esquecer que o Brasil também é uma terra de grandes intérpretes homens. Hoje temos o Jeneci, o Pélico, o Criolo... Fora o Caetano, o Milton, o Ney...

[+2] O Cancioneiro Popular Brasileiro é tudo aquilo que retrata a gente. Nós, brasileiros. De Gonzaguinha a...Filipe Catto. [+3] Foi uma das maiores cantoras americanas de todos os tempos. No seu repertório, passam clássicos do jazz, blues, folk, R&B e gospel. Nina, que morreu em 2003, era também uma grande ativista dos direitos civis. [+4] Milton é reconhecido mundialmente como um dos maiores e mais influentes cantores e compositores da MPB.

Quem é seu público hoje? É muito heterogêneo.Tem de velhinhos a adolescente. É um público que está ali pra se emocionar, esse é o mote do meu trabalho. Meu público vem de encontro a isso, então o perfil é vasto. É muito emocionante ver essa diversidade na platéia, ver que as barreiras estão sendo quebradas através dessa troca entre eu e eles. O que você ouve? De tudo. Eu gosto muito de música brasileira, e também de rock, de música negra... Eu gosto de música que me envolva. Um disco da Nina Simone+3, um do Milton+4, da PJ Harvey....+5 Eu gosto de música que me faz parar pra ouvir. Ultimamente, eu ando fazendo mais esse exercício de colocar um disco e ouvir inteiro. Eu adoro ouvir um bom intérprete executando seu trabalho. Quando você descobriu a voz? Sei lá, ela sempre esteve ali, fez parte da minha identi-

dade. Eu sempre cantei em casa, gostava, e sabia que eu queria isso pra mim. Eu cantava com meu pai, com meu irmão, nas festas de família... Até que meu pai meio que viu que eu dava um caldo e começou a me levar pra cantar nos eventos que ele fazia. Quando vi, eu tava no palco, cantando o Hino Nacional e essas coisas de evento... Então a descoberta da voz, mais profissionalmente falando, se deu no palco mesmo, na frente do público. Quando você entendeu que podia ser cantor? Eu acho que nunca tive uma segunda opção. Eu vivi 24 anos disso, com esse desejo. Não cogitei outra coisa. O atual momento da sua carreira é exatamente o que você imaginou? Não sei, porque tudo está acontecendo de uma forma tão natural, que eu não planejei muito isso. Eu fui cantando, fui fazendo, compondo, me enfiando nos projetos e quando vi eu tava no Theatro São Pedro+6. Esse momento foi emocionante pra caralho, mas ainda tem muita coisa pra conquistar. Eu quero uma relação duradoura, constante com esse universo. Um passo de cada vez. Uma grande voz é suficiente para fazer sucesso? Nada é suficiente pra fazer sucesso, até porque o sucesso não tem fórmula.Ter talento é fundamental, mas o talento sem trabalho vira algo vazio. Eu acredito no carisma, na espontaneidade, na verdade do artista. Isso comunica mais do que tudo. Você é um cantor popular no sentido literal da palavra? É da minha natureza ser um cantor popular. Eu sou um cantor de palco, eu gosto de platéia, eu faço isso feliz da vida. Agora, eu acho que é dever do artista levar qualidade ao público. Ser popular não significa má qualidade. Eu acho que a gente não pode subestimar o público. O show que eu faço no teatro é o mesmo que eu faço nas comunidades carentes, sem distinção. Eu não vou fazer uma gracinha pra agradar.Tem que ter seriedade


Não é um site pornô.

O NOVO VICE.COM

Tem muita coisa pra dizer sobre ele.


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com leveza, ao mesmo tempo. No seu espelho, está a Elis? No meu espelho, está minha cara. Eu quero me tornar o que eu sou, quero desvendar isso com minha arte. A Elis é minha grande professora, assim como Jeff Buckley, a PJ Harvey, a Bethania. Mas eu quero as ferramentas, não a carapuça. Referências são maravilhosas. Eu acredito nelas como caminho, mas o final da jornada é a identidade própria. Nisso eu tô interessado. A escolha do repertório tem a ver com o que a sua boca/alma quer falar ou com o que o público possa querer? Com o que eu quero falar. Quando a gente fala de coração, o público vem de encontro a isso. Eu acho que tudo tem de ser conseqüência, essa comunicação com o público acontece porque eu tô trabalhando um repertório que me define. Se não fosse assim, seria uma abordagem falsa. E falsidade não dá.

[+5] é um dos maiores ícones do rock dos anos 1990. É a única artista a ganhar o Mercury Prize duas vezes – a segunda neste ano, por Let England Shake, seu mais recente álbum. [+6] O São Pedro é o teatro mais antigo de Porto Alegre e fica localizado na praça da Matriz, próximo à Catedral Metropolitana.

Quem era o Filipe Catto 5 anos atrás? Quem é hoje? Quem será daqui a 5 anos? É engraçado, porque eu sempre fui a mesma coisa. Esses dias eu vi umas fotos mais antigas, e eu continuo com as mesmas roupas, com o mesmo corte de cabelo. Eu acho que eu continuo a mesma coisa, vibrando nas mesmas ondas. Há 5 anos eu era um cara cantando suas canções no Bar Ocidente, começando a sair da casca. E hoje eu sou um cara apresentando suas canções pra um público maior, mas a idéia é a mesma. A situação muda, mas essa consciência deve ser mantida, porque é daí que vem a força do trabalho. É se lembrar todo dia do porquê de estar no palco, cantando. A condução da sua carreira é intuição ou planejamento? Muito mais intuída do que qualquer coisa, porque tudo que vem acontecendo é meio na contramão. São as pessoas que estão fazendo isso, é no boca-boca, e uma coisa leva à outra. Para começar, tu escolheste regravar “Gar-

çom”. Porque? Porque eu amo essa música. Eu me peguei cantando essa música pela casa e achei a poesia dela de uma verdade, de uma brutalidade comovente. Então eu resolvi assumi-la por inteiro, com todo o respeito, porque eu não vejo essa canção como uma brincadeirinha. Acho uma canção linda, com muita nobreza. Aliás, a música considerada “brega” é a mais verdadeira face da música brasileira? Uma das mais, com certeza, porque não é pretensiosa. A pretensão é um grande perigo, porque afasta o artista do público. A música “brega” é muito honesta, porque tá ali, falando a verdade, se comunicando.Tem muita coisa valiosa nesse cancioneiro. Aquele mito “fechei com gravadora, perdi a identidade” é verdade? Eu acredito que os tempos são outros. A gravadora aconteceu na minha carreira, mas ninguém tem tempo nem dinheiro de inventar um artista atualmente. Com tanta gente boa por aí, mostrando seu trabalho, seria contraproducente. No meu caso, a gravadora me serve como um meio de deixar meu trabalho mais visível, de colocar meu disco nas lojas... Me poupa um trabalhão. Como eu cheguei na Universal através dos shows que eu vinha fazendo em São Paulo, o trabalho já estava encaminhado. Eles me viram já com uma proposta de repertório, então a ideia foi de reproduzir o que estava rolando no palco, foi bem tranqüilo, porque eu cheguei lá conhecendo muito bem o meu trabalho. Quem você é no palco? E no estúdio? E em casa? Acho que eu sou a mesma coisa, mas com intensidades diferentes. Em casa, eu gosto de estar tranqüilo, poder contemplar, fluir... Eu sou bem doméstico e prezo muito as pessoas ao redor. No estúdio eu sou exigente, mas entrosado com a equipe. E no palco eu sou bicho, tocando junto, olhando pros músicos, curtindo aquele momento. Mas sou bicho completamente realizado, porque ali é onde estou nu com a arte, com o imprevisível, jogado aos leões e adorando cada momento.


O MELHOR CONTEÚDO DO SURF BRASILEIRO AGORA NAS BANCAS!


__TEXTO MARÍLIA POZZOBOM 062\\ noize.com.br


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[+1] Hugh é o idealizador, fundador e editor-chefe da Playboy.

Em 1978, os Rolling Stones lançaram o disco que leva o título acima. Considerado um dos melhores da sua carreira, o álbum devolveu à banda o prestígio que estava em declínio depois dos medianos Black and Blue (1976) e Love You Live (1977). Abalada pelo vício do guitarrista Keith Richards, a banda inglesa penava, e a impressão que se tinha é de que seus integrantes batiam a cabeça entre acordes. Mas nós não estamos aqui para falar sobre isso. Em inglês, a palavra “some” designa “algumas”, mas também é usada no sentido de quantidade, “muitas”. Mas de onde saíram tantas garotas para influenciar a maior banda de rock viva de todos os tempos? É disso que fomos atrás. Acabamos percebendo que entre os anos 1960 e 70, o círculo amoroso do rock não consistia em tanta gente assim, e sim na simples matemática que você aprendeu lá pela terceira série - e que ingenuamente continua a fazer até hoje: três pessoas mais três pessoas são seis pessoas que podemos dividir em três casais. A matemática Stone é menos complicada: eleve seis ao quadrado e o resultado é bem mais interessante. Assim, tão óbvio que chega a ser infantil. E o denominador comum de toda essa matemática é loira, alta, modelo e bronzeada.

De amores, lendas, transas de uma noite só, surubas e pegadinhas inocentes, separamos as mulheres que mantiveram as pedras rolando - ou que quase as pararam no meio do caminho. Shirley Ann Shepherd, a boa moça Em outubro de 64 – dois anos depois do nascimento dos Stones -, Charlie Watts subiu com Shirley ao altar. O casal, que se conheceu antes de Watts fazer sucesso, tem uma filha juntos, Seraphina, nascida em 1968. E é só o que se sabe de Charlie. Recatado, o baterista de uma das maiores bandas de rock do mundo chama a atenção por ser monogâmico depois de quase meio século de casamento. E olha que as tentações não foram poucas. Rolam boatos que na década de setenta, durante visitas da banda à Mansão da Playboy, Charlie preferia se divertir na sala de jogos de Hugh Hefner+1 a se misturar à suruba que rolava nas outras salas. Krissy Findlay, a vagaba Procure o nome de Krissy no Google e você vai achar a seguinte definição: groupie lendária. Primeira esposa de Ronnie Wood, ela perdeu a virgindade


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com Eric Clapton no sofá da casa da mãe. Dois anos depois do casamento com Wood, em 1971, a loira engatilhou um caso com George Harrison.Vingança ou não, na mesma época Ronnie conhecia de perto os lençóis da casa do guitarrista da Fab Four. Pattie Boyd, então esposa de Harrison, caiu nos encantos de Ronnie. E não parou por aí: em pouco tempo, Krissy, inevitavelmente, conheceu John Lennon, que também não resistiu aos encantos da “cabeleira” da moça. Não pensou duas vezes em colocar os galhos em Yoko Ono. Quer mais? Tem. No início da década de 70, os Wood fequentavam muito a casa de Jimmy Page e sua mulher, Charlotte. Em 1974, a groupie e o guitarrista do Led Zeppelin esquentaram as coisas. Depois de um tempo de enrolações e casos extraconjugais, Ron e Krissy reataram, gerando então Jesse, o primeiro herdeiro do casal. Mas o relacionamento não durou muito: em 1978 o divórcio se concretizou. Krissy, que sempre teve problemas com drogas, morreu pobre e abandonada, de overdose de Valium, em 2005. Marsha Hunt, a mãe É a mais normal das garotas dos Stones, ficando atrás somente da Shirley de Charlie. Em 1970, Mick Jagger se aproximou de Marsha, então modelo, para que ela posasse para um anúncio de “Honky Tonk Woman”+2. Ela não aceitou, mas curtiu o jeito tímido de Jagger e não resistiu: mesmo casada, em 1970 deu à luz a Karis Jagger, a primeira filha do vocalista. E ganhou homenagem. “Brown Sugar” é uma alusão a sua pele morena. Pattie Boyd, a musa Em 1973, a modelo inglesa Pattie Boyd teve um breve caso com Ronnie Wood quando o cara ainda nem era um Stone. Até aqui tudo bem, sem grandes novidades para um homem de tantas mulheres como Ronnie Acontece que Pattie não é uma mulher qualquer.

Ela conheceu George Harrison em 1964, enquanto filmava A Hard Day’s Night, filme estrelado pelos Beatles, e em 1966 trocava alianças com o moço. O tempo passou, a coisa esfriou, anos 60, drogas e aquela coisa toda. Abalada com o casamento já frágil, Pat acabou caindo nos encantos de Ron, mas o caso não durou muito. Depois, quem se maravilhou pela inglesa foi Eric Clapton, um dos melhores amigos de George. Eric sofreu, até tentou pegar a irmã mais nova de Pattie, Paula. Enfim, fez o que pôde, mas não conseguiu evitar. Pattie e George se separaram e ela então se casou com Eric. “Something”, “Layla” e “Wonderful Tonight” são só algumas das canções que a moça inspirou. Resumindo: Pattie é a mulher que todas as mulheres querem ser. Jerry Hall, a esposa Monogamia nunca foi uma condição que Mick Jagger conseguiu suportar por muito tempo. Apesar disso, a modelo Jerry Hall foi a mulher que segurou o vocalista por mais tempo. O casal começou a se relacionar no início da década de 1980, mas só oficializou o matrimônio em 1990. O casamento durou nove anos e, juntos, eles tiveram quatro filhos: Elizabeth, James, Georgia May e Gabriel - as duas meninas herdaram a beleza dos pais e a profissão da mãe. Enquanto estavam juntos, Jerry sempre soube dos casos de Mick com outras mulheres, mas a gota d’água foi o anúncio da gravidez de Luciana Gimenez. Pegar é uma coisa. Procriar, é outra história. Luciana Gimenez, a periguete Lá fora, Pattie e Krissy fizeram várias farras com os membros dos Stones e ganharam a classificação de “groupies”. Por aqui, Luciana Gimenez teve um caso com Mick e ganhou o título de periguete – e olha, só para manter o nível do texto, porque já ouvimos coisa pior.

[+2] A canção foi composta por keith e Mick durante um feriado no Brasil. A inspiração dos caras foi os gaúchos do sítio onde ficaram hospedados.


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Em 1998, Luciana ficou grávida depois de um romance com Jagger, que ela conheceu em uma festa no Rio de Janeiro. Para quem não lembra, a brasileira até tentou esconder a paternidade de Lucas, mas depois do nascimento da criança – e um teste de DNA, obviamente -, o inglês assumiu o filho. Muita gente não sabe, mas na verdade Lucas Jagger é fruto de um relacionamento de mais de dez minutos, ao contrário do que muita gente pensa. Os dois viveram um romance de cerca de um ano, com direito a morar junto e tudo. Mick nunca teve papas na língua para falar que, apesar do amor pelo filho, se arrepende do relacionamento com Luciana. Ela, sempre que pode, defende o cara. Falando assim, até que parece amor, (ou contrato) não?

[+3] O primeiro guitarrista dos Stones morreu afogado em 1969, aos 27 anos. [+4] “Angie, I still love you, remember all those nights we cried/All the dreams we held so close seemed to all go up in smoke/Let me whisper in your ear/Angie, Angie, where will it lead us from here” [+5] Só a gente percebeu quantas mulheres os Stones e Eric compartilharam? [+6] http://bit.ly/ tearsgoby

Anita Pallenberg, a rodada A modelo italiana é a que mais rolou pelos braços dos Stones. Começou a sua “saga” com Brian Jones+3, o falecido guitarrista do grupo. Anita é conhecida pelos fãs como a ruína da vida de Jones: o introduziu às drogas, o maltratou e abandonou depois de cansar dos abusos cometidos pelo inglês – tudo encorajado por ela. Assim, ela foi parar nos braços da segunda pedra: Keith Richards. Os dois ficaram juntos por quase quinze anos, durante os quais tiveram três filhos. Tara, o filho mais novo, viveu apenas 10 semanas. Na década de oitenta, o casamento dos dois acabou. Anita não confirma, mas a lenda existe: durante a filmagem de Performance, filme de 1968 dos diretores Donald Cammell e Nicolas Roeg, no qual Anita e Mick atuam, os dois fizeram uma cena de sexo caliente demais. Ao ver a cena, Keith percebeu que não era atuação. Chorou e acabou tudo com a italiana. Angela Bowie, a corna Angela Bowie não chegou a ser exatamente mulher de nenhum Stone. Melhor (ou pior...): foi. Mas por tabela. Uns dizem que é boato, mas já virou lenda - e,

consequentemente, verdade. “Angie”+4, faixa do disco Goats Head Soup, lançado em 1973 pelos Rolling Stones, é supostamente direcionada à Angela Bowie, mulher de David Bowie, que teria pego o marido e Mick na cama. Jagger bate o pé que a música é para a filha de Keith, Angela Dandelion. Já na biografia do guitarrista, ele conta que Angie era um “apelido” para a heroína, droga que na época ele tentava largar. Escolha a sua versão. Patti Hansen, a guerreira Patti não tem um histórico vergonhoso, não se afundou nas drogas, não traiu e nem foi traída – até onde a gente sabe. Mas, há 18 anos ela consegue manter um casamento estável e vive feliz com o roqueiro mais junkie de todos os tempos, Keith Richards. Simples assim. Carla Bruni, a primeira-dama Quem vê a primeira-dama da França em seus terninhos finos não imagina o passado louco que a moça teve. Entre suas conquistas amarosas quando mais jovem estão roqueiros como Eric Clapton+5 e Mick Jagger. Hoje, Carla cruzou as perninhas, colocou sapatilhas de menininha e sai por aí sendo linda e fina ao lado do marido – e agora pai de sua filha mais nova, Giulia - Nicolas Sarkozy, presidente da França. Marianne Faithful, a junkie Na década de 1960, a cantora Marianne Faithfull alcançou o sucesso com a gravação da música “As Tears Go By”+6, uma das composições mais lindas de Keith e Mick. E assim que conheceu os caras, decidiu que um Stone seria seu namorado. “Experimentou” três e escolheu Mick. Depois de muitas drogas (muitas mesmo), tirou uma casquinha de mais um pessoal – incluindo duas mulheres desta lista - por aí até que resolveu cair fora. Segundo ela, a relação não deu certo porque ambos estavam apaixonados por Keith. Mas não imagine coisas: Keith e Mick nunca dividaram os lençóis. Pelo menos não sozinhos.





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• EU QUERO FESTIVAL // Rio de Janeiro, RJ

__TEXTO CRISTIANE LISBÔA

Fernando Schlaepfer / I Hate Flash


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Fim de tarde no litoral do Rio Grande do Sul. Hipsters, jornalistas, patricinhas, modernos, boys, manos, punks e, acredite se quiser, alguns góticos sentados na grama, conversando e recebendo altas doses de vitamina D na pele. Até que o Vampire Weekend sobe no palco. Cobra Snake prepara a câmera. O céu fica rosa, laranja, azul, dourado. E torna-se impossível distinguir as pessoas umas das outras. A descrição que você acaba de ler é do M/E/C/A/, festival de música que aconteceu em janeiro. Por lá, percebemos onde que as coisas iam parar. É que ficou claro – ao menos para esta equipe que vos fala – que 2011 seria definitivamente o ano em que o público brasileiro colocaria os dois pés nos festivais de música. Para o bem e para o mal, estávamos certos. Tênis, roupa confortável e o fone de ouvido perdido em algum lugar obscuro da mochila viraram uniforme ao longo do ano. No Rock in Rio, celebridades dando gafes históricas. E Stevie Wonder. Strokes no Terra. Cobertura em tempo real no Twitter. John Legend + Questlove?, Emicida + Criolo com os mano [sic] no Urban. Faith No More no SWU. Mad Professor e Public Enemy no Black Na Cena. A consolidação da força que tem uma multidão no Eu Quero. Bolhas nos pés, desculpas para faltar ao trabalho, a faculdade, em todos eles. Que 2011 seja o primeiro ano do resto de nossas vidas. E, se o mundo for mesmo acabar em 2012, que seja depois do Lollapaloza.


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• M/E/C/A/ FESTIVAL // Atlântida, RS Two Door Cinema Club

Divulgação / MECA


• URBAN MUSIC FESTIVAL // São Paulo, SP Emicida e convidados

Rafael Rocha

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• BLACK NA CENA // São Paulo, SP Flavor Flav e George Clinton

Divulgação / Black na Cena


• ROCK IN RIO // Rio de Janeiro, RJ //075 Stevie Wonder

Fernando Schlaepfer


• PLANETA TERRA // São Paulo, SP The Strokes

Fernando Schlaepfer


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SWU // Paulínia, SP Faith no More e Snoop Dogg Wilian Aguiar Ricardo Ferreira


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Ricardo Ferreira




__ENTREVISTA E TEXTO DANIEL SANES

__FOTO (AO LADO) Gustavo Stephan / Agência O Globo 082\\


LOS HERMANOS //083

Lembranças de um Carnaval agitado Há uma década, o Los Hermanos fugia do sucesso radiofônico para gravar Bloco do Eu Sozinho, um disco fundamental para a música brasileira. Nas próximas páginas, você visita os bastidores: o período de gravação, o rolo com a gravadora e os shows que o baterista Rodrigo Barba promove em homenagem ao álbum É triste constatar isso, mas lá se vão dez anos desde o último disco realmente fodão do rock brasileiro. Bons álbuns? Sim, muitos foram gravados depois dele. Mas nenhum com a relevância e a ousadia de Bloco do Eu Sozinho. O fato é que o Los Hermanos, ao “pedir um tempo” para “Anna Júlia”+1, mergulhou em uma perfeita fusão entre guitarras e MPB, elevando os padrões do que era produzido até 2001 em terras tupiniquins. Como quase toda obra-prima, o Bloco sofreu desde o parto: primeiro, com a saída do baixista Patrick Laplan, alegando as “clássicas” diferenças musicais; depois, com a rejeição da Abril Music às gravações originais, consideradas pouco comerciais. Ainda assim, os caras bateram o pé e cometeram, como parte da imprensa apontou na época, o OK Computer+2 brasileiro. E pode até soar meio pretensioso, mas não é demasia alguma. Nove entre dez artistas contemporâneos mor-

reriam para ter composto um álbum como ele, ou mesmo uma canção como “Todo Carnaval Tem seu Fim”, “A Flor” ou “Sentimental”. Caetano Veloso virou fã e se disse influenciado pela sonoridade hermana. Mesmo os críticos mais severos tiveram que se render ao disco. Às vezes, a admiração vinha por linhas tortas, como na resenha de Pedro Alexandre Sanches para o caderno Ilustrada, da Folha de S. Paulo: “Se em seu disco de estreia esses garotos soavam constrangedoramente infantis, a volta com Bloco do Eu Sozinho causa desconforto em proporção talvez equivalente, porque nele querem a todo custo parecer bem mais adultos do que são”. Como era de se esperar, os holofotes sempre ficaram direcionados aos compositores Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante. No entanto, lá atrás, segurando um par de baquetas, havia uma figura fundamental para o andar da carruagem. E hoje, dez anos depois, é ele quem organiza um tributo histórico ao disco. Faz apresentações ao vivo reunindo músicos

[+1] “Anna Júlia” dispensa apresentações, mas se você esteve em coma durante os últimos 12 anos, veja este vídeo. http://migre.me/6f4ds [+2] Lançado em 1997, o terceiro disco do Radiohead é considerado um dos álbuns mais importantes e inovadores da história do rock.Thom Yorke, líder da banda, chegou a afirmar ter perdido a capacidade de tocar guitarra depois de Ok Computer.


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“Outra coisa difícil para eu avaliar é esse negócio de influência. Não sei se o Bloco influenciou muita gente, não consigo reparar nisso. Acho que a influência, se existe, nem é tanto musical, e sim de postura, de peitar a gravadora, de querer manter a integridade do seu trabalho. Se bem que hoje em dia o pessoal não tá nem aí pras gravadoras. (risos)” Rodrigo Barba


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“A resposta que chegou pra gente depois que a Abril Music escutou o disco era que tínhamos que mudar TUDO.” que tocaram com o Los Hermanos, além de outros convidados especiais. Nas próximas linhas, a história do álbum mais importante da música brasileira nos anos 2000 na versão de Rodrigo Barba. Lidando com a fama A turnê do primeiro disco foi muito corrida, não tivemos tempo de pensar em nada. Quando resolvemos fazer o segundo, sentimos que tínhamos que parar com tudo para tentar minimamente entender o que estava acontecendo e ver como seriam as coisas dali para frente. Foi nesse clima que o Bloco foi aparecendo. Não estou falando que conseguimos entender e nem que o que achávamos que estávamos escolhendo aconteceu, mas foi nesse clima que o disco começou a ser arranjado e gravado.

[+3] Ventura, de 2003, é o terceiro álbum de estúdio do Los Hermanos. [+4] Como o próprio nome indica, este disco de 2005 é a quarta bolacha da banda. E o último – pelo menos até agora.

Fora do tom A saída do Patrick (Kaplan, baixista da formação original do Los Hermanos) foi uma situação bem difícil para nós. Ficou um clima tenso. Mas ele tava noutra, não tinha o mesmo envolvimento, o negócio não fluía... Não deu pra continuar. Então chamamos o Kassin (Alexandre, que acabou produziu os álbuns posteriores da banda) para fazer o baixo. Até não acho que rolou inimizade com o Patrick, mas também não teve clima para a gente seguir se falando. É preciso mudar.TUDO A resposta que chegou pra gente depois que a Abril Music escutou o disco era que tínhamos que mudar

TUDO. Hoje é até engraçado, mas foi isso. Como disse antes, não sei se conseguimos o que queríamos, mas a gente já tinha alguma ideia do que não queríamos mais. O que é normal de acontecer com a experiência, mesmo com a pouca que a gente tinha. E, de alguma maneira, a gente foi caminhando para outro lugar. O primeiro disco não foi pensado exatamente como um disco. Ele foi uma união das duas demos que já tínhamos, com mais algumas músicas que já estávamos tocando ao vivo. É diferente. No Bloco a gente sabia que teria começo, meio e fim. E isso era novidade. Não consigo nem fazer uma comparação clara entre os dois. Acho mais fácil comparar o Bloco com o Ventura+3 do que com o primeiro. Gravadora x banda Essa história eu acho muito triste. Gosto muito do Chico (Neves, produtor). Não tenho nada contra o Sussekind (Marcelo, chamado pela gravadora para mixar o material), mas a Abril colocou a gente numa situação muito ruim. Se mudou alguma coisa? Mudar, mudou. Teria mudado se tivéssemos feito o mesmo processo com o Chico. Disco não acaba, tem que largar ele. Senão, a gente fica mudando toda hora alguma coisa. E o que se resolveu entre as partes envolvidas era que, para o disco sair, precisava mudar alguma coisa. Isso depois de seis meses dele já pronto. A Abril achou que tirando o Chico iria resolver, como se o Chico fosse o bandido. O que não é verdade. O Chico foi um grande parceiro nas nossas ideias. E quando o Sussekind chegou, ele gostou do disco e entrou na parceria, só que não foi por nossa escolha. Acho que foi só isso que realmente mudou. Tudo na paz em Piraí. Depois... Trabalhar num sítio foi ótimo. Gostamos tanto da experiência que procuramos outros, em imobiliária mesmo, para o Ventura e o 4+4. Mas na pré-produção do Bloco do Eu Sozinho, o sítio, em Piraí, na região serrana do Rio, era de uma tia do Alex (Werner, produtor e amigo da banda). A coisa era muito relax, a gente ficava lá de segunda a sexta-feira, distante de tudo, apenas fazendo música. No final de semana,


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voltava para casa para ouvir como tinha ficado o material. O Kassin se juntou a nós logo em seguida e ajudou muito. Não tinha ninguém da gravadora por perto, o que nos deu total liberdade, já que não precisávamos dar satisfação. Mas, pensando assim, talvez isso tenha ajudado a irritar o pessoal da Abril, que acabou não investindo muito na divulgação do disco logo depois... Tava tudo ótimo no sítio, ruim ficou quando voltamos de lá! (risos) Mas, se dá para dizer que teve algo de bom nessa briga com a gravadora, foi que ela ajudou a nos unir ainda mais. E esse disco até hoje tem um significado muito forte pra nós. Olhar interno Ok Computer brasileiro? Acredito que isso foi pelo disco ter vazado antes, não foi? Olha, quando a gente está envolvido diretamente na gravação, essas comparações ficam meio distantes. O olhar de quem está dentro do processo é diferente de quem vê de fora. Todos nós tivemos influência (de Radiohead), mas não consigo avaliar desse modo. Nesse clima não consigo ver, não. Hoje, vejo que foi uma época muito importante para nós como banda e, para mim, como músico e pessoa. Influências Outra coisa difícil para eu avaliar é esse negócio de influência. Não sei se o Bloco influenciou muita gente, não consigo reparar nisso. Acho que a influência, se existe, nem é tanto musical, e sim de postura, de peitar a gravadora, de querer manter a integridade do seu trabalho. Se bem que hoje em dia o pessoal não tá nem aí pras gravadoras. (risos) As coisas mudaram muito na indústria musical, ninguém mais fica preso a uma gravadora como naquela época. Há dez anos, havia bem menos ferramentas de internet disponíveis. O que a gente tinha era um site em que precisava pagar pela manutenção. E só. Hoje se tem mais possibilidades, melhores recursos. Foi uma década de muitas mudanças tecnológicas. Tributo light O tributo surgiu de uma forma muito natural. Sempre

“Não sei se conseguimos o que queríamos, mas a gente já tinha alguma ideia do que não queríamos mais.” gostei desses eventos de comemoração, em que a banda sobe no palco e toca o disco na ordem em que ele foi gravado. Daí, quando comecei a pensar nessa ideia, neguinho foi ficando animado e topou fazer. Começamos em janeiro e desde então fizemos alguns shows bem bacanas, num clima muito legal. Mas uma reunião da banda para esse tributo não era uma boa ideia por dois motivos. Primeiro, porque isso é só uma brincadeira entre amigos, uma coisa sem compromisso. Depois, porque o Marcelo tá em turnê, o Rodrigo tá gravando disco em Los Angeles... Cheguei a convidar o Bruno (Medina, tecladista), só que ele também estava com um compromisso profissional. Acabou que ele passou as bases para o Alex Werner, que tá tocando teclados nessas apresentações+5. Nos shows, claro que tem uma vibe que lembra aquela época, mas o pessoal fica meio que pensando: “É só isso mesmo?” (risos) Porque nós vamos lá e fazemos só as músicas do disco, três ou quatro covers que eram tocados na época e uma música do primeiro. O pessoal pede mais, mas a proposta não é essa. E agora? Sobre essa volta da banda, tudo está caminhando para serem só os shows. Todos estão envolvidos em algum projeto com possibilidade de lançamento em 2012. A Canastra, banda em que eu toco desde 2008, já está com o disco pronto. Devemos lançar ele no primeiro ou no segundo semestre do ano que vem. Acho que essa volta do Los Hermanos com músicas novas e disco ainda não vai ser agora.

[+5] Além de Barba e Alex, o grupo tem Rodrigo Costa, vocalista do Forfun, Melvin, baixista do Carbona, mais Bubu Trompete e Gabriel Bubu, integrantes da banda de apoio do Los Hermanos.



www.edutattoo.com.br


__ENTREVISTA E TEXTO CRISTIANE LISBÔA E TOMÁS BELLO

__FOTOS RENATO REIS 090\\


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Jurunas é um dos bairros mais populosos da periferia de Belém do Pará. É exatamente como você imagina: casas simples, muros baixos sem reboco, cachorros vira-lata, crianças jogando futebol com bola de meia, pessoas que cumprimentam olhando nos olhos.A diferença do Jurunas para outras periferias – do Brasil, de Paris ou da África - é que ali, cada poste de luz tem uma caixa de som. E desta caixa, só sai tecnobrega: uma música quase sem melodia, que mistura letras de amor, efeitos sonoros, loops de bateria e samples de jogos eletrônicos. Que pode chegar a 170 batidas por minuto e já chegou aos ouvidos de Vincent Moon, o cineasta francês por trás do cultuado site La Blogothèque, do antropólogo Hermano Viana e do produtor do Domingão do Faustão. É que este tal de tecnobrega tem um segredo: a voz rouca de Gaby Amarantos. Que fez modernos, indies e hipsters dançarem no VMB 2011. Deu a ela o apelido de Beyoncé do Pará e a faixa de “novo marco da música brasileira.” Que “pode entrar na briga com qualquer Ivete Sangalo”, nas palavras do produtor musical Miranda, responsável por lançar de CSS a Skank e que agora assina produção do primeiro álbum da cantora, Treme. Com participações de Thalma de Freitas, Zé Cafofinho, Felipe Cordeiro, Fernanda Takai,Alípio Martins e Iara Rennó. E que você pode até disfarçar, mas conhece, gosta e já colocou no iPod. Esquece o que você acha. Solta o som. O Jurunas vai falar.

Vamos do começo, o que é o tecnobrega? O tecnobrega é uma mistura de batidas eletrônicas com música brega.A gente tem uma cena aqui [em Belém] que começou paralela à Jovem Guarda. Na mesma proporção de sucesso, só que eram os nossos artistas. Mauro Cota, Franquito Lopes,Alipio Martins – até regravei uma música dele no meu disco. Como os caras vieram de bairros menores e não agradavam, galera começou a chamar de brega porque não entendia. Até que na década de 90 aconteceu o boom do brega.Tinha uma festa que chamava Baile do Real, que reunia tipo 10 mil pessoas todo final de semana. Nos anos 2000 estourou a aparelhagem. E o que embalou isso foi uma única música.“É o pop, é o pop, é o pop som. Ele é o mais querido, é o pop som.” Que é o nome de uma das aparelhagens, que hoje se chama Super Pop. Essa música estourou e as pessoas começaram a querer saber quem era o Pop e ir na festa do Pop. Daí a aparelhagem foi crescendo, se informatizando, se enchendo de tecnologia. Os artistas começaram a disputar. Um ia fazer uma música pro Pop, outro pro Rubi e outro pro Príncipe. Até que num show da banda que eu comecei [Tecnoshow], que me tornou hoje a artista que sou, eu decidi que a gente ia fazer uma música pra cada aparelhagem. Pra gente tocar em todos os lugares. Só que a coisa bombou tanto que a gente chamava a Tecnoshow de Beatles do Brega. Minha voz tava em todo lugar. Foi nesse período que a gente entrou em estúdio, pra gravar com qualidade, com um DJ auxiliando, com músicos,




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mas sempre com a batida eletrônica. Antes era como? Comecei gravando num computador, no meu quarto. Eu acordava, fazia uma versão de Roxette. Nossa, fiz muito Roxette, Cindy Lauper, Bee Gees...Tudo que era mais conhecido.Tipo:“Aah, vou fazer uma versão de ‘Bizarre Love Triangle’”. Daí, chamava um cara, fazia a batidinha no meu quarto, subia no computador e botava a voz com um microfonezinho tosco que eu tinha e levava o CD pra festa. Na hora, o DJ já anunciava:“Vamos fazer um lançamento”.As pessoas – umas 5 mil por festa, ou mais – acabavam gostando e comprando o CD ali mesmo. Os DJs gravam a festa toda e depois vendem. Tipo,“CD da festa do African Bar” ou “CD da festa do Portal Show”. A gente, como não tinha gravadora mesmo, fazia o CD e levava pro camelô.Tem muitos ali no Ver- o-Peso [Mercado tradicional de Belém].A gente ia lá e falava que era o disco novo e o cara fazia as cópias e começava a venda. Só que isso foi tomando uma proporção muito grande. Um novo modelo de negócio? Foi um modelo novo de mercado que o Pará inventou. Sem precisar de gravadora, do aval do sudeste pra fazer sucesso, fazendo a divulgação do nosso jeito.Até mesmo da rádio.Tudo isso sem precisar de jabá de rádio. Só com as vendas em camelô os artistas conseguiam estourar. Daí a classe B começou a consumir.Até que a classe A também adotou. Chegou a ter festas de tecnobrega tipo “O Baile da Playboyzada”. Que só ia galera classe A, na Assembléia Paraense, a casa mais “chique” daqui, onde a galera super vai.Tomou conta.

[+1] Treme-Treme é uma dança onde o bailarino abre os braços e sacode a cabeça de um lado para o outro enquanto rebola. [+2] Os repórteres tremeram na aparelhagem à convite de Gaby e do Festival Conexão Vivo.

E você sabe explicar por que? O tecnobrega traz outra forma de você se entreter num show.Você olha em volta e as pessoas estão ali “tremendo”+1, e você olha em volta e é uma coisa tão vibrante. Quando a gente for na festa hoje, vocês vão ver+2.Vocês que são de fora vão olhar em volta e pensar:“Quero subir nessa mesa! Eu quero subir no ombro desse cara! Eu quero tomar cerveja nesse balde também!”.As pessoas levam piscina pro baile!

Elas enchem a piscina de latinhas e se jogam dentro! As pessoas da periferia são muito unidas.A mulherada não liga se o cabelo é crespo, se a maquiagem borrou, ela quer saber de estar suando ali no meio do povo. E é muito bonita essa liberdade, sabe? No baile, você vê uma alegria nas pessoas da periferia que é impressionante. O cara tá todo endividado, mas ele não quer saber. Ele vai pra festa e naquele momento ele é o rei da festa. Ele subiu na mesa, acendeu um negócio que saiu um fogo e todo mundo olhou pra ele. É o momento dele se sentir artista. O tecnobrega é isso, todo mundo vira artista no seu mini palco.As mesas viram mini palcos, as pessoas sobem nos ombros umas das outras e começam a tremer e fica uma disputa de quem treme mais. Eles ficam com faixas com os nomes das equipes, que é pro DJ falar. O DJ fica meio de mestre de cerimônia, falando o nome da galera.“Um abraço pra equipe dos cachorrões. Um beijo pra galera das gostosas”.Além de tocar, ele ainda faz essa ponte na festa. E é meio isso, o cara tá ali e quer ouvir aquele abraço do DJ, a música dedicada pra equipe dele. É o momento dele. É o momento de se sentir artista. O tecnobrega poderia ter sido feito em qualquer outra periferia do mundo? As periferias acabam dialogando umas com as outras meio sem saber que a outra existe. Isso é muito engraçado. Eu tava vendo esses dias o kuduro africano, que é mega foda e que tem tudo a ver com o tecnobrega também. O dubstep também tem muito disso, que era a molecada da periferia fazendo aquele som de dub.Também tem a ver. Existe um inconsciente coletivo entre as periferias. Mas acho que, especificamente, o tecnobrega se diferencia pela coisa da dança, das equipes, pela treme. São as pessoas vibrando e colocando energia na dança, saca? Isso é muito particular.Vem da eloqüência (risos) do povo paraense. O povo daqui é muito doido, maluco. Vocês exploram bastante os instrumentistas, a banda. Como é essa decisão de incluir um solo no meio da música? Isso é uma coisa muito do tecnobrega também.Antes a


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“A Beyoncé do Pará foi uma brincadeira, que me abriu portas. Só que eu posso fazer muito mais que isso. Não sou uma artista fabricada por trás de uma gravadora que tá tentando me empurrar.”


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gente só cantava com um DJ, que comandava tudo. Eu vi uma necessidade de ir além. Mais do que um DJ, era preciso ter uma banda, que conversasse musicalmente e etc. Colocar essa parada da música pra valer nas composições. Eu até tirei dançarino porque eu acho que as pessoas têm que dançar do jeito delas, pra democratizar a música mesmo. No primeiro show que a gente assistiu, você estava usando um macacão de LED que mudava de cor por controle remoto. De quem são essas ideias? Minhas. Sempre preguei espelho nas roupas, paetê, fiz bota com papel camurça. Lady Gaga e Beyoncé nem existiam, a minha referência era a Cindy Lauper, o Boy George, a Madonna. O que eu pegava de girassol pra colocar nas roupas... Sabe aquela coisa cafona bem maluca? Eu fico olhando e pensando:“Meu deus, o que eu já fiz”. É que eu sempre tive a arte, a moda e a música caminhando juntas. E quando aconteceu a Beyoncé do Pará+3? A Beyoncé do Pará foi uma brincadeira, que me abriu portas. Só que eu posso fazer muito mais que isso. Não sou uma artista fabricada por trás de uma gravadora que tá tentando me empurrar.

[+3] http://bit.ly/ beyonce_para [+4] É um festival de música que acontece todo ano em Recife, Pernambuco.

Por enquanto, até os indies parecem gostar de tecnobrega.Você acha que em um possível estouro popular o pessoal vai parar de gostar? Tem essa coisa dos jornalistas e formadores de opinião de meio que me adotarem.Teve a galera do Rec Beat+4 também, que é um festival de rock. Eu toquei no meio de um festival de rock, né? E a galera do rock ‘n’ roll falando,“que que essa mulher veio fazer aqui?”. E no Twitter,“esse show vai ser uma bosta, cara, quem é essa mulher?”. E depois os camisa preta (risos) vieram todos me apertar a mão e falaram:“Poxa, desculpa aí, a gente falou mal de você, mas seu show é rock ‘n’ roll, velho”. Então, até agora não parei pra pensar ainda até onde vai isso.Tento não me preocupar. Eu não quero atingir um público especificamente e acabo de alguma forma tocando vários.Toco numa festa de rock, depois numa

feira agropecuária, depois num aniversário de cidade, em evento gay e depois em evento de igreja. E é uma coisa nova da música, acho. Hoje em dia você não precisa ouvir aquilo que a rádio quer que você ouça, dá pra ir lá no YouTube e pesquisar tipo a “cena punk rock da Somália”. E tem ali na sua frente um monte de resultado. Então acho que democratizou total, sabe? Você elege seus artistas independente de que tipo de música eles tocam. E é uma coisa da galera estar abrindo mais a mente pra outras coisas.Antigamente, tinha a tribo indie, a do rock, a do axé, a do tecno. Hoje em dia eu vejo a galera começando a abrir. Cada vez mais a galera vai começar a entender que o ecletismo é coisa de gente mente aberta, que é coisa do futuro. Você acha que o caminho é esse? Ser sempre independente? Eu fico pensando,“qual a vantagem de estar numa gravadora?”. Já tenho toda a entrada na TV, por exemplo. O Cleodon Coelho, que dirige meu show, é produtor do Faustão. Eu vou fazer Som Brasil logo mais, o Altas Horas... E esta costuma ser a parte mais difícil, né? A gravadora nem te dá tanta entrada na rádio também.A minha música tá começando a tocar na rádio porque as pessoas pedem pra ouvir.Aquela coisa de ir sozinha, sabe? Acho que a coisa tá indo talvez de uma forma mais lenta, mas mais natural. Não é aquela coisa de toda hora você liga a TV e tá aquela coisa de compre tal CD de tal artista, e aquela febre que daqui pro ano que vem, puff! Ninguém mais sabe nada da pessoa. Febre passa. Você tem essa coisa de levantar a bandeira do tecnobrega. Não é todo artista que faz isso.A maioria é “não me importa de qual movimento eu venho.” Quero acabar com este preconceito com o brega, essa coisa de ser um ritmo de mau gosto. Pro povo paraense é divertido, é alegre, é estilo de vida.As pessoas precisam entender essa nova sonoridade.Até porque não é só tecnobrega.Tem guitarrada, carimbó e outros artistas incríveis que eu trago comigo. Eu sou uma agente formadora de opinião e eu quero levar essas pessoas comigo. Me sinto meio que missionária.


GABY AMARANTOS //097

“Hoje em dia você não precisa ouvir aquilo que a rádio quer que você ouça, dá pra ir lá no YouTube e pesquisar tipo, a “cena punk rock da Somália”. E tem ali na sua frente um monte de resultado. Então acho que democratizou total, sabe?” Você pretende sair daqui do Jurunas? Não seria justo. Às vezes, eu olho e penso que sim, é verdade, eu não moro numa mansão. Eu não tenho o carro mais caro. Mas eu tenho uma vida digna, sabe, e isso pra mim é motivo de orgulho. Eu não gosto dessas coisas de ter que andar com um monte de segurança e de não sair. Eu chego no bar, bora beber, bora dançar. Sem essa de espaço pra mim reservado não sei onde. Acho que também faz parte da nova música brasileira. As pessoas te respeitam porque você faz uma música boa, não porque você tem quatro seguranças. O Vicente Moon+5 teve aqui [em Belém] pra gravar com você? Ele esteve aqui no Brasil e não sei por que cargas d’água veio parar em Jurunas. O cara pirou. E resolveu fazer um show. O público era a galera daqui.Tipo os traficantes que vendem droga, o cara que vende coco, os técnicos da banda e tal. É uma das coisas que eu mais me orgulho de ter feito, foi lindo. Eu desci as escadas cantando o “Canto das Três Raças”, de Clara Nunes, e minha mãe com meu filho lá dentro de casa. Quando a câmera vem pra rua parece que eu vou entrar numa van e ir pra outro lugar, daí a câmera vira e tá todo mundo na rua, enlouquecido e gritando muito. Foi lindo, celebrando aquela popstar da periferia, sabe? Foi um registro incrível! O mais legal é que o Vincent sempre faz uma música com cada artista, mas aqui ele fez um DVD, com 12 músicas, porque ele acha que é o movimento mais legal que ele viu nos últimos tempos. Ele disse: “O Brasil

ainda vai cair aos pés de Gaby Amarantos.” [Sorri, pela primeira vez encabulada].Vai ser o próximo trabalho que a gente vai lançar. As vendas no camelô, o primeiro disco com produção do Miranda, este DVD com o Vincent Moon...Você mesma que planeja a carreira? Tudo que tá acontecendo até agora acho que foi um plano meio divino. Eu sou muito espiritual, tenho muita fé e acho que as coisas aconteceram muito naturalmente. Do que aconteceu em Recife, da imprensa me chamar de Beyoncé, do mundo do tecnobrega, do Nelson Motta+6 pegar meu disco e dizer que foi o disco mais incrível que ele ouviu nos últimos dez anos.Tudo isso foi muito natural, nada foi planejado. Engraçado que uma vez eu fiz um mapa astral e dizia que pessoas muito poderosas é que iam me fazer poder ir mais longe. E é meio isso que tá acontecendo, sabe? Tipo, cara, o Nelson Motta é o maior critico de música do país, o Hermano é super importante, o Miranda é genial produtor e tal. Mas nunca pensei. Não assim. E agora? Agora eu sinto a necessidade de ter uma equipe, pra montar o que vai ser daqui pra frente, uma pessoa pra vender show, trabalhar no próximo CD, trabalhar em projetos sociais e essas coisas. E é meio isso. Quero mostrar a periferia, mostrar que a gente tá aqui e que nem por isso a gente não venceu.

[+5] O cineasta francês é conhecido por trabalhar com imagens e música. É dele a iniciativa dos “Take Away Shows” (ou “Shows para Levar”, em tradução livre), que reúne videos com bandas famosas, como Phoenix e Arcade Fire, tocando pelas ruas de uma cidade. Dá pra conferir o trabalho dele no blogotheque.net. [+6] É um jornalista, compositor, escritor, roteirista, produtor musical e letrista brasileiro. É dele os best-sellers Noites Tropicais e Vale Tudo - O som e a fúria de Tim Maia.


098\\

Para fazer e ouvir música alta, boa e agora. WWW.PLAYTECH.COM.BR

Para os efeitos de guitarra_ Essa pedaleira tem um ótimo modelador de amplificadores e mais de 80 efeitos de alta definição. De cara, você já sai com 256 presets de fábrica. E ainda pode acrescentar 128. Pedaleira Line 6 POD HD 300 Quanto? 12x de R$120,75 ou R$1.275,12 à vista

Festinha no iPod_

Não lave os pratos_

Música no centro das atenções, onde e com quem você estiver. Com um cabo USB você sincroniza e carrega seu iPod ou iPhone, enquanto navega pela biblioteca por controle remoto. São dois falantes de uma polegada, com potência de 2 W cada.

Para tirar aquele som “limpinho” das suas baquetas, essa é uma boa escolha. São pratos fabricados em liga especial de bronze B20 em um jogo composto por chimbau de 14”, ataque de 16” e con-

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dução de 20”.Set Sabian Performance XS 20 5005B Quanto? 12x de 149,92 ou R$1.583,12 à vista

Tipo Slash _

Sem nó na orelha_

Não que ela vá fazer você tocar como ele, mas aqui está toda a tradição e estilo das memoráveis guitarras dos 50’s e 60’s. Corpo e braço em mogno africano, escala em rosewood com 22 trastes, ferragens cromadas e dois captadores Humbuckers Gibson.

“Eu visito mais de uma dúzia de países todo ano, e estes são os fones de ouvido que eu quero comigo”, já disse Quincy Jones. Projetado para longas horas de uso, o Q 460 é articulado para maior portabilidade. E seu design é especialmente desenvolvido para iPod, iPhone e iPad.

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//099

estampa

do mĂŞs Marca: ...Lost Onde Encontrar: lost.com.br


_ILUSTRA FELIPE NAVARRO



_ILUSTRA RAFAEL CHAVES


_Qual o melhor disco dos últimos 5 anos? E show, qual o melhor? //0103 Fizemos estas perguntas pra gente fina, elegante e sincera do país todo. Teve quem gaguejou, quem não soube, quem contou porque, quem nem precisou de 5 minutos pra pensar antes de responder. E você, concorda? Discorda?

Red Hot Chili Peppers

Seu Jorge Almaz

Tiro Williams Tiro Williams

Karina Buhr Eu Menti Pra Você

Stadium Arcadium

É uma banda antiga que fez um disco duplo de inéditas com uma pegada diferente. Mateus Prado, designer

Esse disco deu uma chacoalhada na música feita no Brasil. Candé Salles, Diretor

Amy Winehouse Back to Black

Yeah Yeah Yeahs Show Your Bones

Foi quase heróico o esforço desses rapazes do Distrito Federal em conseguir unir uma sonoridade indie americana a boas letras em português, de maneira sagaz e narrando episódios quase autobiográficos.

Tenho acompanhado uma artista que tem me chamado a atenção: Karina Buhr. Por isso se for pra indicar apenas um melhor disco, citaria este. Pela coragem, pela diferença, pelo talento. Coisa rara no mercado brasileiro.

Alexandre Bezzi, DJ e Editor de Conteúdo (Sim, ele é o cara dá música do CSS “Eu já peguei o Bezzi”)

Fábio Queiroz, Relações Públicas

Arcade fire The Suburbs

Claudio Cunha, comunicador da Rádio Ipanema Fm

Foi uma das poucas bandas que conseguiu se adaptar às novas tendências musicais que começaram a surgir na época (com pegada mais eletrônica) sem perder a essência ou se tornar repetitiva como os Strokes, Arctic Monkeys e etc.

the raconteurs Consolers of the Lonely

Lívia Lira, Head de Social Media da Agência Tudo. Rafa Rocha, Dir. Criação Noize

Sinto que as temáticas do Arcade Fire são muito próximas das que usamos na Pública. Fora que, musicalmente, a banda canadense insiste em dizer ao mundo que é possível fazer discos de canções e isso soar relevante pra pessoas.

Por Pedro Metz, vocalista da Pública


0104\\

Deftones

LOBÃO

Diamond Eyes

Porque o Deftones ficou muito tempo sem lançar uma coisa tão apurada. É a volta de uma banda que era muito boa, ainda melhor. Dá pra ouvir da primeira à última música.

Digitalism

Kassin

A Vida é Doce

Idealism

Sonhando Devagar

O disco que me vêm à cabeça ainda é o A Vida é Doce do Lobão ou o Carnaval na Obra do Mundo Livre SA. São dos anos 90, acho.

Foi um disco que marcou a temporada 2007/2008 nas pistas. Me influenciou muito e traz boas lembranças. “Pogo” marcou época.

Anna Butler, ex-Diretora de Relações Artísticas da MTV e dona da agência Conteúdo Musical.

Daniel Galera, escritor

Rafael Schutz, DJ residente do Beco 203

Tulipa Ruiz Efêmera

Denis de Castro, baixista da Black Drawing Chalks

Andrew Jackson Jihad

RADIOHEAD

People That Can Eat People are the Luckiest in the World

In Rainbows

Porque é um disco-manifesto. Não só inaugurou um novo período da indústria fonográfica - liberando o disco pra download e dizendo pros fãs determinarem quanto pagar por ele -, como é um álbum redondinho, para ouvir de uma vez só, de cabo a rabo.

Pélico, músico

Chico Buarque Carioca

Por Marcela Donini, jornalista

Na minha opinião é o melhor disco do AJJ , com destaque pra “Nother Beer” e “Brave As A Noun”. É um folk DIY impregnado de cinismo e humor negro. Stephan Doitschinoff, artista plástico

Arthur de Faria, músico


//0105

Dirty Projectors Mount Wittenberg Orca

Cérebro Eletrônico

Lucas Santtana

Deus e o Diabo no Liquidificador

Sem Nostalgia

Um disco que a gente que é músico ouve e pensa: “O que eu tô fazendo?”. Ótimo. Guilherme Saldanha, vocalista do Garotas Suecas

Ronaldo Bastos e Celso Fonseca

Letras corajosas, fala sobre coisas que acontecem com todos nós. O som todo é corajoso. Na verdade, cheio de referências, inovador. Paula Liberatti, atriz

SuSana Vieira Encena

Liebe Paradiso

Melhor disco dos últimos 5 anos e certamente dos próximos 5. Um disco diferente de tudo o que ouvi. E, ao mesmo tempo, me dá aquela sensação de familiaridade, de saudade de algo que não vivi. Gisele de Santi, Cantora

Reinventar o formato voz e violão como ele fez nesse álbum é um feito enorme na música brasileira. É um disco com conceito definido, coerente, bem executado e totalmente inserido na linha evolutiva da nossa cultura. Faz referência (tanto explícita quanto invisível) a momentos valiosos e clássicos da música nacional sem deixar de apontar pra frente, como não deveria deixar de ser.

Por Alexandre Kumpinski, vocalista da Apanhador Só

Justice

Prefuse 73

Cross

Preparations

Karina Mota, sócia da Surface To Air

Felipe Guimarães, Designer da Noize

O melhor disco dos últimos tempos foi o da Susana Vieira. Porque ele nos mostra que, acreditando, tudo é possível. PODE SONHAR, GENTE! Daniel Carvalho, A.K.A. Katylene.com


0106\\

Merriweather Post Pavilion

Phoenix,2010 @ Playcenter Chris Garneau, 2009 @ SESC Belenzinho

Fernando Schlaepfer

Animal Collective

Dan Nakagawa, Músico

Miike Snow, 2010 @ Beco 203 Eles já tinham um baita disco. Ali, naquela noite, mostraram ter também um baita show.

Porque mudou tudo. Pata, Vocalista da Holger

Achei o show incrível, a vibe dos caras é demais. Carine Diaz, Brand Manager da Nixon no Brasil.

Lirinha

Cidadão Instigado, 2010 @ Studio SP Liliane Callegari

Lira

Tomás Bello, Editor da Noize

Method Man e Radman, 2011 @ Festival Black na Cena Kichi Kx, Promoter da festa Black Tape no Clube Glória

primus, 2011@ SWU Me surpreendeu a sonoridade. Ele sempre teve um discurso forte, mas sempre foi linkado ao Cordel. Com esse disco ele mostra que continua o mesmo, com o mesmo discurso.

André Juliani , DJ e sócio do Cine Joia

Não é à toa que eles estavam esse ano no Rock in Rio. Tatá Aeroplano, Músico

Patrícia Palumbo, jornalista

Paralamas, 2010 @ cOPACABANA O meu show memorável foi o do Paralamas na praia de Copacabana, no reveillon de 2010. Pelo show e pelo clima na praia. Nando Olival, Diretor de Cinema

the mummies, 2010 @ clash cluB Gabriel Gaiarsa, Sócio do Clash Club



João Xavi

Mos Def, 2009 @ SESC Santo André

Rodrigo Ogi, Rapper.

Renata Miyagusku

Radiohead, Kraftwerk e Los Hermanos, 2009 @ Jockey Clube SP

Vampire weekend, 2011 @ circo voador O óbvio seria dizer ‘Paul McCartney, no Engenhão - RJ 2011, toda a mobilização do ‘na na na na na na na’ só potencializa o fator ‘histórico’ do show - se não bastasse estar de frente a um Beatle. Mas, quando se trabalha com música, um show se torna o melhor dependendo do que o cerca. Nos últimos 5 anos, assisti a vários shows incríveis, a trabalho ou não. Incubus, no Citibank Hall (RJ), em 2007, foi incrível por se tratar da minha banda favorita. Mas minha escolha envolve o trabalho e o não trabalho juntos em um só show:Vampire Weekend, no Circo Voador (RJ). Foi impressionante, emocionante, divertido, contagiante. Provavelmente um dos shows e uma das bandas que eu não vou esquecer nunca mais. Roberta Guimarães, Coordenadora de Novas Mídias - Warner Music Brasil

fabiana cozza, 2007 @ tEATRO mUNICIPAL DE SÃO pAULO Sou muito caseira e vou pouco aos shows, mas tem um que me marcou muito que foi o de Fabiana Cozza, em 2007, com o Zimbo Trio, no Teatro Municipal de São Paulo. Um arrepio da cabeça à alma. Andrea Del fuego, Escritora

Bruno Natal

Friendly Fires, 2009 @ Circo Voador Radiohead, Kraftwerk e Los Hermanos na Chácara do Jockey Clube de São Paulo, em uma noite quase gelada de 2009. Música boa pra muito tipo de gente, espaço de sobra na pista, um ótimo cachorro quente, céu estrelado e a companhia perfeita. Cristiane Lisbôa, Editora-Chefe da Noize

Stevie Wonder, 2011 @ Rock in rio Porque ele, que é uma lenda viva, mostrou que está super em forma não só cantando e tocando suas dezenas de hits maravilhosos, mas cativando o público gigantesco. Tem uma coisa chamada carisma que não precisa de grandes cenários, figurinos excêntricos ou cambalhotas no palco. Basta um homem, um piano e uma canção bonita. Não tem pra ninguém. Stevie Wonder pra presidente dos EUA. Blubell, Cantora

Casa vazia para ver a melhor banda da década em seu auge, em plena terça-feira de chuva, em São Paulo. Tocaram como se fosse encerramento de Coachella. Quem viu, não esqueceu. Lúcio Ribeiro, Jornalista



Fernando Schlaepfer

Justice , 2008 @ Skol beats

Eduardo Gabriel / focka.com.br

LCD Soundsystem, 2007 @ Via Funchal

Gaía Passarelli, Jornalista,VJ da MTV e colaboradora da Noize Foi para poucos, mas quem estava lá não vai esquecer jamais! Claudia Assef, Editora de Música do Vírgula Facundo Guerra, Empresário

Antes de orkutizar o eletrônico, acho que o Justice foi das poucas bandas de electro que entraram nas paradas de sucesso sem ter pegada David Guetta. O show foi no meio de um festival super comercial, mas valeu a pena enfrentar a multidão. São dois DJs que parecem uma banda de rock no palco. . Rafa Carvalho, Repórter da Noize

Paul Mccartney, 2010 @ beira rio Marcos Hermes

Casa vazia para ver a melhor banda da década em seu auge, em plena terça-feira de chuva, em São Paulo. Tocaram como se fosse encerramento de Coachella. Quem viu, não esqueceu.

Madonna, 2008 @ morumbi Eu sou meio conservador, então vou de Madonna mesmo. Foi incrível: eu tinha ingressos para a tal da área VIP. Cheguei meio em cima da hora e quando me dei conta estava de cara para o palco (e conseqüentemente para Madonna). Eu nem precisei olhar para os telões: ela estava a 10 metros de distância. Tinha horas em que eu jurava que ela estava olhando pra mim (rs). Brincadeiras à parte, foi o máximo conseguir enxergar tudo com riqueza de detalhes. Não vou me esquecer tão cedo daquela experiência. André Hidalgo, Sócio do Clube Glória e Diretor Criativo da Casa de Criadores Foi o da Madonna, aqui em SP. Acho que vou ir ao show dela até ela rodopiar de bengala. Meu vestido de 15 anos era uma réplica da capa do Like a Virgin. Chris Campos, Jornalista e escritora.

Chemical Brothers, 2008 @ Credicard Hall Show do caralho. Eles sacaram que é muito bacana mesclar música e imagem. Ao vivo. Paulo Daidone, Cabelereiro

Não fui a nenhum além do Paul Mccartney (risos). Cardoso, Jornalista Foi incrível ver um Beatle ao vivo.Vi com a família, remeteu a infância. Mariana Marçal, Assessora de Imprensa

Smashing Pumpkins, 2010 @ Buenos Aires Foi um show completo, que qualquer fã da banda esperaria. Marco Chaparro, Diretor de Criação da Icon



Eduardo Carneiro

0112\\

_TEXTO FERNANDO CORRÊA

6 graus de separação (ou seriam NOIZES?) Edição 50. Uma dezena de pessoas numa sala climatizada em Porto Alegre. É verão lá fora. Dentro – da sala e da revista –, o espaço é para celebração. Cinco anos atrás, 50 revistas parecia uma meta inalcansável. Esta edição comemorativa chega a todo Brasil com um tanto da história da música nestes últimos cinco anos, que é também a história da Noize. Chega com listas bacanas que passam o período a limpo. Chega com matéria sobre o Bloco do Eu Sozinho, disco do Los Hermanos que escreveu a cartilha seguida por artistas brasileiros após o 2001 de seu lançamento. As tais bandas cresceram, passaram pelas páginas da revista e várias delas acabaram tocando nos mais diversos festivais brasileiros. Os festivais também cresceram, tanto que a Noize 50 tem uma pá deles. Em seis graus – e várias Noizes de separação, dá para sentir que estes 5 anos realmente passaram e que fizemos o nosso retrato bem feito da cultura brasileira, sem deixar de captar o que chegava de todo o canto do mundo.


1. ANA DE HOLLANDA

Reprodução

Sim, a irmã de Chico, ministra da Cultura no Brasil. A época é de mulheres com os melhores salários, mulheres na música e mulheres na política. Ana de Hollanda foi O assunto no meio cultural em 2010 e, embora tenham-na acusado de beneficiar sanguessugas, Ana continua firme e forte no Ministério da Cultura. Disseram que Ana cairia, olha Ana aí (sim, a última frase deve ser cantada como paródia de “Galileu da Galiléia”, de Jorge Ben Jor).

6. WHERE’S THE DILDO?

Neste lendário banheiro, havia um dildo (sim, um pênis de borracha). Foi um presente – uma brincadeira – para um dos nossos funcionários. Pois bem, o dildo sumiu, nunca mais voltou. Se alguém viu, faça o favor de devolver.

Reprodução

Caso seja feito um balanço da presença editorial de gêneros ao longo destes cinco anos de revista, a suspeita maior é de que as mulheres estejam na frente. Houve matérias emblemáticas com o CSS (#24), com Lovefoxxx sozinha e sollita (#34), Binki Shapiro (#21), do Little Joy, as novas vozes da MPB indie (#37), Madonna e Michael (#16). Não, o Michael não entra na conta.

Divulgação

Em outra encarnação, a Noize ocupava uma pequena sala no bairro Rio Branco, em Porto Alegre. Havia um banheiro cujos recordes de sujeira só eram igualados pelos banheiros químicos de festivais em geral. Era muito homem errando a mira. Com o tempo, a presença feminina na redação foi aumentando e os toaletes ficaram proporcionalmente mais habitáveis. Hoje, são um brinco, faxinados diariamente. 4. MONTANHA RUSSA O Planeta Terra não é o melhor festival do Brasil, mas graças ao parque de diversões e aos banheiros decentes, é o único com um ar de Terra do Nunca. Na busca por funções realmente divertidas e perrengue free, acabamos por cobrir festivais em outros lugares do mundo - como o Lollapalooza, no Chile (Noize #42). Aliás, viram que no ano que vem ele vai estar em São Paulo com Foo Fighters e Arctic Monkeys, né? 3. MICHAEL JACKSON

A Noize #15 celebrava os 50 anos de Michael e Madonna. Mas ao longo do meio século em que viveu o rei do pop, não há indícios muito fortes de que ele gostasse de dividir qualquer coisa com mulheres. Ainda mais com as decididas feito Maddie. Também, se você tivesse uma montanha russa em casa, ia querer mulher por quê?

Reprodução

5. BANHEIROS DA MÚSICA

2. MULHERES NA MÚSICA

Pedro Braga

Reprodução

//0113


0114\\

Arquivo Pessoal

FERNANDO CORRÊA FALA QUE... __Ninguém falou que ia ser fácil| Não foi. Fim

de 2006. Eu estava tocando violão no banheiro, estilo João Gilberto, quando meu celular tocou. “Alô. E aí, meu? Ã? Ah é? Sobre música? Gratuita? Qual o nome? Noise? Ah, Noize, que afudê. Pô, valeu pelo convite, Rafa, que irado.” Eu estava prestes a largar o jornalismo para ser biólogo, mas a ligação de um parceiro de adolescência colocou a música no meu caminho. Quer dizer, música e texto já eram boa parte do meu confuso ser, embora minhas pretensões profissionais passassem longe dela. Mas existe algo na vida que trata de rebobinar tuas intenções nunca concretizadas de or-

ganização e planejamento. Bota tudo no liquidificador e, do nada, você é um vago mashup do que era, com a responsabilidade de ajudar a fazer algo – que ainda não é – acontecer. Como se faz uma revista de música? Com muita coisa, inclusive música. Não, biologia não. Ser primeiro repórter e, depois, editor da NOIZE exigiu que eu me tornasse algo que eu nem planejava ser. Escrever sobre quem eu não conhecia até um ou dois dias antes de empunhar a caneta. Falar bem de quem depois me decepcionou. Criticar quem acabou me surpreendendo. Não me entendam mal, a caminhada e cada chegada é extremamente recompensante. E tudo que é bom, me ensinou um professor, sai ou com suor ou com lágrimas. E deixa uma saudade desgraçada. Parte 2 Quando eu estava prestes a sair da NOIZE, entraram dois editores que agora ajudam a levar esta barca adiante. Cris Lisbôa revigorou minhas pilhas de repórter,Tomás Bello me mandou ir viajar para recarregar o resto. Continuei trabalhando com eles uns meses até passar o bastão, entregar o filho para os novos pais. Foi um processo tranquilo e

positivo. Olho para a revista hoje e percebo o quanto ela cresceu, o quanto mudou e, ao mesmo tempo, ainda enxergo eu e uma dezena de velhos comparsas em cada página que viro. O mais legal é ver que esta revista sempre foi um projeto colaborativo entre muita gente dando pequenas contribuições indispensáveis. A música foi protagonista, mas,s principalmente, foi a trilha-sonora de cinco anos de busca instintiva, “penso” intenso e fazer mais ainda. Porque música é isso: é o que toca no seu coração enquanto você usa a cabeça – e vice versa.


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