DIREÇÃO: Kento Kojima Pablo Rocha Rafael Rocha
NOIZE FUZZ
DIRETOR DE CRIAÇÃO: Rafael Rocha rafarocha@noize.com.br
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EDITORA-CHEFE: Cristiane Lisbôa cristianelisboa @noize.com.br
GERENTE: Leandro Pinheiro
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EDITOR: Tomás Bello tomas@noize.com.br
PLANEJADORES: Bruno Nerva Igor Beron
REDATORES: Marília Pozzobom marilia@noize.com.br Karla Wunsch karla@noize.com.br
REDATORES: Ariadne Cercal Bruna Valentini Carolina Ferronato Francieli Souza Laryssa Araujo Leonardo Serafini Luciano Braga Martim Fogaça Pedro Barreto Yago Roese
DESIGN: Felipe Guimarães ASSIST. ARTE: André Chaves COMERCIAL: Pablo Rocha pablo@noize.com.br Ricardo Hernandes ricardohernandes @noize.com.br ADMINISTRATIVO: Pedro Pares pedro@noize.com.br
T.I.: Aletsiram Castro
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• COLABORADORES 1. Ariel Martini_ Ainda insiste em fazer fotos de shows. flickr.com/arielmartini 2. Lucas Neves_ Fotógrafo. Queria usar óculos, mas usou aparelho.Trabalha na bandits graphiks, no inverno é meio ruivo e fora isso não tem quase nada ao seu favor. Não que ruivo... 3. Lalai e Ola_ Lalai trabalha com mídias sociais, mas sua paixão é música. É DJ e produz a festa CREW. O Ola trocou a Suécia pelo Brasil, o design pela música e fotografia. 4. Renata Simões_ Renata Simões, 34, é jornalista. Já produziu documentários, apresentou os programas Vídeo Show e Urbano, colabora com revistas e sites e ainda tem um programa diário no rádio em São Paulo, onde mora. 5. Nicolas Gambin_ Jornalista freela. Aprecia tocar The Meters com amigos nas horas vagas. 6. Leandro Furini_ Fotógrafo, formado em comunicação visual, e dono do blog OneDV com mais dois amigos. 7. Daniel Sanes_ Jornalista por formação, lunático por opção e roqueiro de nascimento. Um dos editores de música do site www.nonada.com.br. 8.Thany Sanches_ Não sabe andar de patins, detesta ver seus lápis de cor desarrumados e ainda não ganhou o Miss Brasil. Adora Gal Costa, poetas russos e vento na cara. É fotógrafa, pintora, bailarina e mãe. 9. Fernando Halal_ Jornalista malemolente, fotógrafo de técnica zero e cinéfilo dodói. Não morre sem ver um show do Neil Young . www.flickr.com/fernandohalal 10. Rafa Carvalho_ É jornalista, se arrisca em voo solo no Killer.155.wordpress.com e tem a péssima mania de estar sempre online. 11. Marcos Faria_ Marcos Faria jura que esta é a última vez que trabalha como jornalista. Todas as vezes. 12. Dani Arrais_ Jornalista, nasceu em Recife, mora em São Paulo há quase cinco anos. Começou o donttouchmymoleskine.com há quatro anos e de repente viu que falava de amor quase o tempo todo. 13. Leonardo Bomfim_ Jornalista e diretor de cinema. Edita o freakiumemeio.wordpress.com 14. Flávia Lhacer_ É stylist e figurinista da dupla Debbies. Com o tempo que sobra ela borda e tricota sem parar. 15. Samuel Esteves_ É nóis que tá. samuelesteves.com 16.Tony Aiex_ Tony Aiex é editor, repórter, blogueiro, tradutor e tem mais discos que amigos!
• FOTO DE CAPA_ RAFAEL ROCHA. Produção: FELIPE GUIMARÃES ANDRÉ CHAVES
Os anúncios e os textos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista. Revista NOIZE - Alguns Diretos Reservados.
• EXPEDIENTE #52 // ANO 6 // ABRIL ‘12_
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REVISTA NOIZE. TUMBLR. COM 3
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_FOTO: LEANDRO FURINI
NOME_ Jon Rose O QUE FAZ_ Surfista profissional, fundou a Waves 4 Water, ONG que trabalha para garantir que comunidades carentes ao redor do mundo tenham acesso à água limpa e potável. UMA MÚSICA_ “Penetration”, do Iggy and The Stooges. “Música realmente inspira o meu trabalho. O Raw Power é, definitivamente, um dos meus álbuns favoritos. Ele traduz o que é a Waves 4 Water. De certa forma, nós somos uma ONG punk rock. A maneira como trabalhamos, como estamos no mundo das Organizações Internacionais, é vista por muitos como punk, diferente. Bem, entre a UNICEF e outras, nós parecemos nem falar a mesma língua. Elas são muito presas a burocracias e nós sempre tentamos contornar essa merda toda, fazendo o que temos que fazer.”
“LADY GAGA NÃO TEM UMA SÓ MÚSICA BOA.” RUFUS WAINWRIGHT _ revelando que as letras mais críticas de seu novo álbum são inspiradas em Gaga, que representa algo “previsível e chato”
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“Quando a minha filha Kate [Hudson] casou com um rock star “No meio do caminho fiquei inglês eu não me preocupei. O que importa é se a relação sabendo que seria pai. Iria é boa. O que as pessoas fazem não é necessariamente coincidir com o lançameno que elas são.” GOLDIE H AWN, ATRIZ _ ao comentar o casório da filha, tam- to. Como não dá pra atrasar bém atriz, com o vocalista do Muse Matt Bellamy o filho, atrasei o disco.” “Violento mesmo é o amor, o resto é só cara de mal.” EMICIDA
CURUMIN _ ao justificar a demora de um ano pra lançar Arrocha , seu terceiro álbum
“O Spotify vai ultrapassar o “Nosso novo álbum soa adul- “Simon Cowell não é qualiiTunes em dois anos.” SEAN PA- to e triste.” BETH DITTO, VOCALISTA ficado para ser um jurado RKER, FUNDADOR DO NAPSTER _ segundo DO THE GOSSIP _ ao avaliar que A Joyful de música.” ele, o serviço de streaming pode render
Noise é mais maduro que os discos ante-
mais dinheiro às gravadoras do que à Apple
riores da banda
TOM JONES, CANTOR BRITÂNICO
“Eu não sou louco, é o mundo que não enten- “Tenho certeza da importância que é fazer de minha lucidez.” RAUL SEIXAS a experiência de liberar as drogas. Seria como a bebida. Seria comprar cocaína “O Damon Albarn deveria se aposentar.” como se compra cerveja, livremente. E se MIKE SKINNER, A.K.A. THE STREETS cuidaria dos cocainômanos como se cuida dos alcoólatras.” GILBERTO GIL “Eu estava meio doente durante as gravações do álbum, e isso me custou caro. Eu “Rodolfo não sabe o que é amor. Amor não estava com nojo de mim mesmo.” RYA N JA R- se mede em palavras, se mede nas atituM A N, GUITA RRISTA E VOCA LISTA DO THE CRIBS _ confessando des.” DIGÃO, GUITA RRISTA E VOCA LISTA DO R A IMUNDOS _ que entrou numa bad após o fim do namoro com Kate Nash
“Eu odeio artistas que não gostam ou fogem da fama e do dinheiro. Se você não gosta de fama, saia do meio musical. Se você não gosta de dinheiro, assine um cheque para Gene Simmons.” GENE SIMMONS, VOCA LISTA E BA IXISTA DO KISS
ao comentar o encontro acidental com o ex companheiro de banda no Aeropor to de Congonhas, em São Paulo
“Não vai ser um remake, e sim uma verdadeira sequência com Michael Keaton como o personagem título, Beetlejuice .” SE TH GR A H A ME-SMITH, AUTOR DA CL Á SSICA COMÉDIA DE TIM BURTON, L A NÇA DA EM 1988 _ ao explicar o “novo” Os Fantas-
mas Se Diver tem
__TOCA RAUL | “Se você vai tentar, vá até
o fim. Caso contrário, nem comece.” A frase do véio [sic] Bukowski sintetiza as escolhas de pauta desta edição. Não sei você, mas a gente gosta é de quem não teme o fim do túnel. Mesmo que ainda não dê pra ver a luz. Por isso,Titãs e os 25 anos de Cabeça Dinossauro, disco que ensinou uma geração a cantar balançando – com força – a cabeça pra frente e pra trás. Nada Surf e a sobrevivência – de cabeça erguida – dos caras que estavam lá quando o indie, que agora você conhece como verdade, começou a virar pop. E pra deixar claro o que a gente pensa, respeita: Raul Seixas. Um baiano que começou a carreira imitando Elvis, virou executivo da música, bruxo, profundo conhecedor de óvnis, parceiro de um certo futuro escritor de sucesso mundial e um dos maiores roqueiros deste país. Com tudo que um roqueiro tem direito: sucessos, lendas urbanas, sexo, drogas e um final infeliz estampado no jornal. Então pega o ovo de chocolate que você escondeu debaixo da cama e senta, que lá vem história. Cristiane Lisbôa
Foto: Ola Persson
I’M A HOMELESS, A 4G HOTSPOT
__RECORD STORE DAY | Sabe
aquelas lojinhas pequenas, perdidas entre os bairros, devoradas por grandes cadeias internacionais? Pois é, o Record Store Day é um dia em que artistas e fãs de música se unem pra lembrar a importância das lojas de disco independentes. Ano após ano, algumas das bandas mais legais do planeta lançam material exclusivo pra comemorar a data. Já rolou gente como Metronomy, Iggy Pop, Miike Snow, Vaccines, Arcade Fire e Bob Dylan. Neste ano, Arctic Monkeys, Wilco, Jack White e The Clash já prometeram coisa nova pro dia 21 de abril, o Record Store Day 2012. Só nos resta esperar pra ouvir as músicas que vêm por aí... www.recordstoreday.com/
Recém rolou em Austin, no Texas, um dos maiores festivais de música, cinema e tecnologia do mundo. O South by Southwest é berço de novas ideias e referência pra um montão de coisas que você vai ver ao longo do ano. Foi lá que a Home Front, uma ONG de apoio aos desabrigados da cidade norte-americana, juntou forças com a agência BBH em uma ação de cara inovadora: eles usaram 13 moradores de rua como pontos de acesso Wi-Fi. A ideia? Chamar atenção para o problema dos sem-teto, e de quebra facilitar o acesso à internet dos frequentadores do festival. Se a causa deu certo ainda é uma incógnita, mas tudo o que rolou no SXSW você confere ali na página 50.
24 HORAS
O anúncio da primeira edição do Lollapalooza no Brasil foi uma explosão de alegria pra todos os músico-maníacos de plantão. Teriam a chance de ver muitos dos seus artistas favoritos pela primeira vez em terras tropicais.Toda essa euforia resultou no seguinte: em cerca de 24 horas, os ingressos da pré-venda se foram. No melhor estilo chute na porta e soco na cara.
8,4
POR CENTO
A Associação Brasileira dos Produtores de Disco diz que o mercado fonográfico tupiniquim bateu nos R$ 373,3 milhões em 2011. Cresceu 8,4% em relação ao ano anterior. Com um detalhe: 53% desse número vieram da venda de CDs, 31% de DVDs musicais e 32% de serviços como downloads, música digital e ringtones pra telefones celulares. E todo mundo aí dizendo que a internet tava colocando o sistema abaixo...
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016\\
__50 ANOS| Em uma tarde de no-
vembro, em 1962, Bob Dylan entrou em estúdio pra gravar seu primeiro álbum. Registrou as 13 cancões em apenas seis horas, deu à bolacha o seu próprio nome. Tudo por um valor que hoje equivale a R$ 5.520. Fazendo os cálculos, percebemos: são 50 anos. É quase o dobro da idade da maioria dos escrivinhadores da nossa redação. Aliás, algumas mães por aqui nem eram nascidas. Ou seja, 50 anos é muita estrada.
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5 PERGUNTAS E UMA TAÇA DE PICO SOUR COM KILLER ON THE DANCEFLOOR
Philip A. e Fatu. São eles os paulistanos que atendem por Killer on the Dancefloor quando estão atrás das picapes. O duo já remixou M.I.A. e Phoenix, se estabeleceu entre os grandes da nova música eletrônica brasileira, e agora lança seu álbum de estreia. Com participações de Copacabana Club, Turbo Trio, Holger e MC C4bal, Criminal é tão rock quanto disco, tão indie quanto electro. E já está nas prateleiras.
do seu próximo disco, quem seria? Ah, teriam algumas boas opções… O Steph e o Dave, do Soulwax / 2ManyDjs, o Xavier e o Gaspard do Justice, quem sabe o Guy e o Thomas do Daft Punk... Por aí vai.
O mundo da música está conturbado. Não é raro ver bandas reclamando do mercado, da pirataria, dos downloads... E vocês são DJs, o que talvez seja pior. Por que então lançar um álbum físico? Todo músico sempre tem a vontade de ver um disco seu na prateleira de uma loja, ou no playlist de algum DJ que você admira. Foi por isso que resolvemos fazer o Criminal.
Com tantas madrugadas no currículo, já estão quase virando vampiros? Acho que dizer que minha cama é um sarcófago responde a pergunta com bastante clareza (gargalhadas).
Criminal tem várias parcerias legais. Mas e se vocês pudessem escolher qualquer artista pra participar
Qual a melhor música pra dançar agarradinho na pista? Sem dúvida “Teach Me Tiger”, da April Stevens.
E a trilha sonora perfeita pra um domingo pós-balada sob o comando do KOTD? O mais legal seria sempre acordar ouvindo a Radio Nova, de Paris.
020\\
FILME | Cantando na Chuva
#SINGININTHETAIN
_ “Vi esse filme mais de vinte vezes. Conheço as cenas de trás pra frente e sei cantar todas as músicas. É um filme completo. Tem um roteiro brilhante, humor, música, dança, direção de arte, ótimos atores… Gene Kelly será pra sempre meu muso. Não é à toa que finalmente comecei a fazer aulas de sapateado…”
@Beth_garcez: ‘#SinginInTheRai n=#Cantandonachuva, completando 60 anos...amo este filme, um clássico do cinema!
@LuciaClSloan: Gene Kelly in toto proprio. Potrei morire. #singinintherain
@Andarko: Happy 60th Anniversary to my favorite movie of all time #SinginInTheRain, as funny, charming & entertaining as ever!
BLOG | This is Not Porn
PERFIL DO TWITTER | @laricatotal
_ “Blog com fotos raras e quase sempre hilárias de todo tipo de celebridade. Diversão garantida…” thisisnotporn.net/
_ “Pra quem, como eu, não é um gênio da culinária. (Eu não gosto de cozinhar, mas peço um delivery delicioso...)”
Convidado do mês I Blubell Blubell é cantora, compositora e apegada ao violão. Lançou o disco Eu Sou do Tempo Em Que A Gente Se Telefonava e com ele foi – literalmente – até o Japão. É uma das atrações da primeira edição do Lollapalooza Brasil.
REMIX | Dudu Tsuda - Let Them In _ “A versão de ‘Let’em In’, do Paul McCartney, que está no disco solo do Dudu Tsuda. Quentinho, recém-saído do forno. Beleza pura! Aliás, o disco todo é lindo.”
DESCOBERTA | Marilyn - Marilyn Monroe
_“Muita gente pensa que não, mas ela sabia cantar, e muito bem. Na verdade, ela foi se aperfeiçoando ao longo da carreira e dos diversos musicais em que atuou. Ela chegou a se aproximar da Ella Fitzgerald e até ajudá-la na carreira, quando rodou a baiana pra que Ella se apresentasse no clube Mocambo, em Hollywood - que, até então, se recusava a receber artistas negros. Conseguida a façanha, Marilyn assistiu da primeira fila a todos os shows que Ella fez naquela temporada.”
UM ARTISTA PARA CONHECER | Corinne Bailey Rae _ “Quando lançou o disco homônimo, em 2006, ela foi apontada como revelação do jazz contemporâneo. Com The Sea (2010), dois anos após a morte do marido, o saxofonista Jason Rae, ela apresentou o que, pra mim, é uma obra prima. E pop. O disco tinha tudo pra ser triste e é, na verdade, uma daquelas obras que fazem a gente lembrar como é bonito simplesmente estar vivo.”
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_Por Lalai e Ola Persson
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MAS DEVERIA_
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ESPECIAL SXSW 2012 Foram duas mil bandas em dez dias. Você imagina o caos? Você imagina a quantidade de música a que fomos submetidos? Seria necessária uma revista inteira sobre o festival. E ainda faltaria espaço. : ) Então, aqui na coluna está apenas o que tem que, tem que, tem que, tem que: ouvir.
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Daughter, trio londrino, fez um show épico em uma pequena igreja de Austin. A maioria das pessoas não sabia exatamente o que estava acontecendo – um show da igreja? Será? –, mas todo mundo se rendeu à melancolia de um show acústico lindo de chorar. No final, Elena Tonra foi aplaudida de pé. Ouça “LOVE”. Enquanto esperávamos Daniel Johnston, fomos presenteados com um ótimo show “glitch-folk” do Motopony, banda de Seattle que em 2011 lançou álbum homônimo. Aliás, ele foi feito pra ficar no repeat. Ouça aí: facebook.com/ohdaughter http://motoponymusic.com http://sxsw.com/music
Tom Morello: The Nightwatchman O londrino debutou em 2011, já abriu a tour da Adele e foi comparado a Van Morrison.Tá bom pra você? Pois ele acaba de assinar com a Polydor. Ouça Home Again, álbum de estreia que parece coisa de veterano. Ouça: myspace.com/mikeksongs
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Michael Kiwanuka
Tom Morello, do Rage Against the Machine, nos surpreendeu com este projeto que nasceu em 2003. Pra surpresa geral, é folk com muita gaita e pouca guitarra elétrica, que só aparece em poucas faixas. O mais recente álbum, World Wide Rebel Songs, foi lançado em 2001. Ouça: nightwatchmanmusic.com
_ por Renata Simões renatasimoes.com
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Mulheres cheias de atitude encaram a câmera de maneira que o espectador se sente imprescindível, preso por aquele olhar. Só que nenhuma delas existe de fato. Juan Francisco Casas usa caneta esferográfica e fotos de amigos para criar mulheres fortes e sedutoras que poderiam ter acabado de cruzar a sua rua. bit.ly/ySIJqD
apenas na mente de quem o vê. O fotógrafo Janne Parviainen, de Helsinque, começou seu projeto desenhando esqueletos e outras figuras a partir da luz e passou os últimos quatro anos fotografando-as em diversas situações. Uma mesa de jantar forrada de lamen brilhante, homens de luz no carrinho de bate-bate. Será que brilhamos de felicidade ou quando estamos entediados? Are you really lost? bit.ly/GRj5d4
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Enquanto a tecnologia corre atrás de reproduzir em imagem a resolução do olho humano, cresce o número dos que se aproveitam das qualidades técnicas para criar sua interpretação da realidade. Como uma singela brincadeira com a certeza de quem vê, as imagens hiper-realistas, as situações cotidianas, os ambientes que podem ser familiares são usados de maneira distorcida, trabalhando na fronteira do que existe e do que está
O mundo imaginário – o seu, e não o do Dr. Parnassus – espera para ser explorado. Coloque “Cachaça Mecânica”, cantada por Erasmo, pra tocar nos seus ouvidos, compre o ticket e viaje confortavelmente.
Caminhando por uma floresta no meio da Escócia você descobre pessoas camufladas no espaço, refletindo a paisagem ao seu redor. Rob Mulholland criou uma série de instalações feitas em espelho em formato de gente, seis silhuetas batizadas como Vestige. O projeto, idealizado como temporário, tornou-se permanente graças aos pedidos da população. bit.ly/yBOb2R
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026\\
_Por Daniela Arrais donttouchmymoleskine.com
Não conhecia o som da banda Cassidy, formada por Nicola Sultanum e Rodrigo Coelho, até ver o clipe de “Lust in Poison”. A dupla é de Recife. O clipe, também – foi produzido pela Bateu Castelo. E o duo faz um som bem legal, usando muito sintetizador e buscando inspiração nos anos 1980.
Rosie and Me é uma banda de Curitiba que faz “melodramatic popular song”. Precisa de mais pra gente achar uma fofura? Ouçam “Light You Up”, que não sai do repeat por aqui: bit.ly/H8G7iG
Os espanhóis do coletivo BoaMistura passaram um tempinho na favela Vila Brasilândia, zona norte de São Paulo, para fazer a intervenção urbana Luz nas Vielas. Eles fizeram pinturas tridimensionais com as palavras beleza, amor, doçura, firmeza e orgulho. Lindo demais.
25 de abril
e
quarta-feira
gigantinho ingressos: bilheteria do teatro do bourbon country telentrega ingresso show (51) 8401 0555 ingresso rápido 4003 1212 opuspromocoes.com.br ingressos:
promoção:
realização:
_Por Flávia Lhacer e Thany Sanches thedebbies.tumblr.com pentequetepenteia.tumblr.com
028\\
Metalizado nelas! Tendência que mais se destacou na última temporada de moda. Vale misturar os brilhos e o metalizado com peças básicas, como camiseta, jeans e o bom e velho All Star.
Parecida com o design e o fecho do bolsão utilitário da “bolsa-carteiro”, agora em versão mini e bicolor. Superfeminina :).
030\\
1.
ARMAS
2.
THE ROLLING STONES
“Porque nós somos americanos.”
“Eles são uma banda de rock de pai. Isso é legal.” 3.
BISNAGUINHA
“Meu Deus, isso é muito uma influência! A gente não tem isso lá…”
4.
WHISKY RUIM
“A gente gosta de whisky medíocre, bem ruim mesmo.”
1. A SEGUNDA EMENDA DA CONSTITUIÇÃO DOS EUA PREVÊ UM “ESTADO LIVRE, NO QUAL O DIREITO DOS CIDADÃOS DE PORTAREM ARMAS NÃO SEJA INFRINGIDO”. 2.MICK JAGGER TEM 68 ANOS DE IDADE. KEITH RICHARDS? TAMBÉM. ESTÃO À FRENTE DOS ROLLING STONES DESDE 1962. 4.UÍSQUE: S.M. AGUARDENTE DE CEREAIS (CEVADA, AVEIA, CENTEIO) QUE CONTÉM CERCA DE 50% DE ÁLCOOL. “GOSTAMOS MUITO PORQUE VIVEMOS EM MINNESOTA, E LÁ É TRISTE”, GARANTE O QUINTETO.
POR HOWLER
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_ Jordan Gatesmith, Brent Mayes, Ian Nygaard, Max Petrek e France Camp são de Minneapolis, EUA. Para a NME, foram a terceira Best New Band de 2011. Para quase todo mundo, são a melhor banda de todos os tempos da última semana.
5.
TWIN PEAKS
6.
NEVE
“É lindo, inspirador e do mal. E o mal sempre vence.”
“Em Minnesota neva muito, e a gente cresceu brincando na neve.” 7.
OPRAH
“Ela veio do gueto e hoje é o que é. É uma hood bitch.”
8.
AVIÕES
“Vivemos dentro deles. Dormimos dentro deles. É uma influência muito grande.”
5.TWIN PEAKS, CULTUADA SÉRIE DE TV CRIADA POR MARK FROST E PELO CINEASTA DAVID LYNCH. PAROU DE IR AO AR EM 1991, MAS AINDA HOJE É TIDA COMO OBRA-PRIMA. 6.MINNESOTA RECEBE ENTRE 50 E 180 CENTÍMETROS DE NEVE POR ANO. NO INVERNO, A TEMPERATURA CHEGA A -21°C. 7.DURANTE VINTE E CINCO ANOS, OPRAH WINFREY COMANDOU O PROGRAMA THE OPRAH WINFREY SHOW. NASCEU POBRE, NO MISSISSIPPI, MAS JÁ FOI ELEITA A AFRO-AMERICANA MAIS RICA DO SÉCULO XX.
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TOCA Raul Seixas é o nome mais pedido em rodas de violão – sobretudo após a décima caixa de cerveja ou o quinto litro de vinho. Ainda hoje, 20 anos após sua morte, é um dos artistas que mais vendem no país, cerca de 300 mil cópias por ano.
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RAUL Tem admiradores na galeria do rock, na lista dos mais ricos, nos abrigos de mendigos e nas lojas de vinis raros+1 no Japão. Foi a primeira pessoa a usar jaqueta de couro e topete na Bahia. Misturou Elvis com Luiz Gonzaga. E acaba de ressuscitar. De novo.
Texto: Cristiane Lisbôa e Marcos Faria Fotos: Divulgação Agradecimento especial ao Raul Seixas Oficial Fã Clube / Sylvio Passos
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O INÍCIO
“Era um menino quieto, do tipo perigoso.” D. Maria Eugênia, mãe de Raul
[+1] Os vinis do Raul podem custar de R$ 30 a R$ 1.000 na internet. Já o raríssimo LP inaugural do cantor, Raulzito e Os Panteras, custa hoje R$ 5 mil. [+2] O cantor forjou o fim de sua banda, Raulzito e Os Panteras, só pra convencer o sogro de que era um dito cidadão respeitável e poder se casar com a namorada Edith Wisner. Também fez vestibular – e passou – para Direito, Letras e Filosofia. Eles casaram, a banda voltou e ele não foi pra faculdade.
Salvador, Bahia, anos 50. Raul não gostava de brinquedo nenhum, nem de pião, nem de bola. Gastava o tempo devorando a biblioteca do pai, desenhando histórias em quadrinhos e se preocupando com a certeza de que era louco, mas que ninguém da família queria contar a verdade. Ficou três anos na 1ª série. Fugia do colégio para visitar uma casa que chamava Cantinho da Música. Gostava de canções cubanas, de baião. Com 12, 13 anos fazia shows no interior da Bahia em que se jogava no chão imitando Little Richard. Quando cumprimentava alguém, girava três vezes em torno do próprio corpo. Morava perto do consulado norte-americano e era obcecado pelo modo de vida em inglês. “Nunca mais vou me esquecer disto: eles carregavam uma latinha, dessas latinhas de lanche de escola, e essa latinha era cheia de 45 rotações. Tinha Chuck Berry, Elvis, tinha tudo.” Raul Seixas Foi pela grama do vizinho que o menino estranho conheceu o rock. E aí começou a dançar com as empregadas da casa, a usar couro, camisa com a gola levantada, cabelo com goma, olhar lânguido. Passou a ter má fama com as mães da moças de família. E boa fama com as filhas das mães de família. Montou algumas bandas com amigos, com a irmã, até que, em 1967, chegou a Raulzito e os Panteras, grupo fundado para tocar exclusivamente rock’n’roll. Vale deixar claro
que, na década de 60, o rock não era nada no Brasil. Só havia espaço para a bossa nova, João Gilberto, banquinho e violão. A Jovem Guarda – o que havia de mais parecido com os Panteras – era desprezada pela crítica. A briga só teve fim com a Tropicália, quando os Mutantes, Caetano e Gil adotaram a guitarra. Mas antes disso, bem antes, Raulzito apavorava no solo. Sem ter mais espaço na Bahia, já casado com a filha de um pastor protestante norte-americano,+2 ele decidiu que era hora de ir pro Rio de Janeiro. Com uma ajudinha de Roberto Carlos e Chico Anysio, de quem havia ficado amigo, Raul consegue contrato com a gravadora Odeon e finalmente lança um disco. Foi um fracasso. Raulzito e os Panteras viraram banda de apoio de Jerry Adriani, que na época era um dos cantores de maior sucesso no país, com canções como “Um Grande Amor” – cujo refrão era “Amor eu já sei que você me tem / Pois meu coração já é seu também”. Depois de um tempo, Raul voltou pra Salvador. Certo de que precisava ser menos hermético para fazer sucesso. Em depressão porque ainda não sabia como. Comprou uma motocicleta, encarnou James Dean e novamente apavorou a cidade de todos os santos. Até que aconteceu um milagre.
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O FIM
“Seus imbecis, se não fosse esse cara ninguém estaria aqui hoje.” Marcelo Nova, para os punks que vaiavam Raul no Circo Voador, 1988. Já nos anos 80, ele tentou outra vez. Lançou Abre-te Sésamo e teve várias faixas censuradas. Sim, ainda existia censura no Brasil. Bem nessa época, fez um show em uma cidade do interior de São Paulo e tava tão bêbado e tão pirado que o delegado o prendeu, alegando que ele era um impostor. “De madrugada me ligou um delegado dizendo que um impostor tinha tomado o lugar do Raul, e eu dizia que não, que era o Raul, e o delegado dizia ‘mas ele nem sabe onde nasceu o Chacrinha+3, se fosse artista mesmo ia saber’”, conta Kika Seixas, a quarta das suas cinco companheiras. Em 83, mais um tempo com a cabeça fora da água. Cantou “Carimbador Maluco” para o especial infantil Plunct, Plact Zuuum+4, e o álbum Raul Seixas, que continha a canção, ganhou disco de ouro. O sucesso resultou em um novo contrato com a Som Livre, que rendeu Metrô Linha 743. A calmaria e o sucesso não esquentaram cadeira. Logo a roda-viva de álcool, drogas e crises recomeçou. Novamente ele perdeu muito. Lá pelo meio de 86, Marcelo Nova, da banda Camisa de Vênus, disse que pegou nas duas mãos de Raul e o levou a fazer shows, novamente. Mesmo
fazendo apenas metade dos shows por conta da sua fragilidade física, voltou a ser reverenciado pelo público. O resultado dos 50 shows feitos pelo país inteiro virou o disco A Panela do Diabo, lançado pela Warner em 89, no mesmo mês em que Raul Seixas foi encontrado morto em sua cama, no apartamento de São Paulo. O disco vendeu 150.000 mil cópias. No dia 22 de agosto de 1989, uma multidão acompanhou o enterro do ídolo em Salvador. Mas o caixão que desceu ao túmulo, sob um coro de milhares de vozes gritando “Raul, Raul”, era só um corpo. O mito mesmo não se foi. Nos anos seguintes, vieram muitos outros discos, homenagens, especiais, confusões, eternas aberturas de baú e materiais póstumos. Uma geração de roqueiros que nem era nascida quando Os Panteras barbarizavam em Salvador descobria que o diabo é pai do rock, e Raul, o seu padrinho. A admiração virou culto, materializado em eventos como a Passeata Raulseixista, que todos os anos toma as ruas de São Paulo. Agora, nas telas, o mito volta a mostrar força no documentário Raul - O Início, o Fim e o Meio. Com depoimentos de gente como Caetano Veloso, Zé Ramalho e Tom Zé. E uma controversa mosca que aparece na Suíça (existem moscas na Suíça?) justamente quando Paulo Coelho+5 começa a falar. Até o fechamento desta edição, o doc já havia sido assistido por 23,8 mil espectadores. Segundo a Paramount (distribuidora), essa é a segunda abertura em público de um documentário brasileiro (atrás de Pelé Eterno) e a primeira de um documentário musical nacional. Ou seja, o Raulseiximo voltou. Por cima, de terno e pronto pro aplauso.
[+3] Chacrinha fez fama na TV, onde teve quatro programas diferentes e inventou frases como “Ô, Teresinha!” e “Na televisão nada se cria, tudo se copia”. Lançou para a fama vários músicos como Roberto Carlos e o próprio Raul Seixas. [+4] Em 1983, a Globo lançou uma série de musicais infantis. O primeiro deles foi Plunct, Plact Zuuum, que teve roteiro e trilha feitos especialmente para o programa. Além da famosa “Carimbador Maluco”, do Raul, teve também composição de Lulu Santos e Nelson Motta, cantada por Fafá de Belém, e Maria Bethânia cantando Jon Lucien. [+5] Paulo Coelho é hoje escritor de fama mundial, com fãs como Madonna e Bill Clinton (entenda como um elogio. Ou não.). E imortal da Academia Brasileira de Letras.
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040\\ noize.com.br
DISCOGRAFIA RAUL 1968_ Raulzito e os Panteras
1971_ Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10
1973_ Krig-ha, Bandolo!
1973_
1974_ Gita
1975_ Novo Aeon
1976_ Há 10 Mil Anos Atrás
1977_ Raul Rock Seixas
1977_ O Dia Em Que a Terra Parou
1978_ Mata Virgem
1979_ Por Quem os Sinos Dobram
1980_ Abre-te Sésamo
1983_ Raul Seixas
1984_ Metrô Linha 743
1984_ Ao Vivo - Único e Exclusivo
1987_ Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Béin-Bum!
1988_ A Pedra De Gênesis
1989_ A Panela do Diabo ( Com Marcelo Nova )
1991_ Eu Raul Seixas (Show na Praia do Gonzaga, Santos, 1982)
1993_ Raul Vivo
1994_ Se o Rádio Não Toca.. ( Gravado ao vivo em Brasília, em 1974)
Os 24 Maiores Sucessos da Era do Rock
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O MEIO
“Perguntam se faço música para a Classe A ou Classe C. Não faço nada disso. Minha música é fácil, é para todas as culturas.”
Em 72 ele ficou entre os finalistas do Festival Internacional da Canção com “Let Me Sing, Let Me Sing”, uma mistura de Elvis com Luiz Gonzaga. Pouco depois, leu uma matéria sobre óvnis publicada numa revista riponga, em que viu pela primeira vez o nome de um certo Paulo Coelho.
Raul Seixas
Pausa para respirar. Aqui a luz começa a ficar difusa nesta história.
Jerry Adriani convenceu Evandro Ribeiro, o então presidente da gravadora CBS, de que Raulzito daria um grande produtor. Assim, ele voltou pra cidade maravilhosa e depois de ter quase passado fome deu a volta por cima. Usando um terno bem cortado. Nessa época – comecinho dos anos 70 – Raul assumiu para si mesmo que fazer letra de música era diferente de fazer poesia. Começou então a ser gravado por ídolos da Jovem Guarda. De Renato e seus Blue Caps a Odair José, o casting da gravadora lançava hits assinados pelo futuro maluco-beleza. Que obviamente não se conformava com a sombra. Aproveitou então uma viagem do chefão da gravadora, juntou-se a Sérgio Sampaio, Edy Star e Míriam Batucada para formar a Sociedade da Grã-Ordem Kavernista, gravando o anárquico Sessão das 10. Misturou harpa com descarga de banheiro, circo com iê iê iê. Segundo a lenda, foi demitido pela ousadia. Mas quem conhece a história do princípio ao fim vê que depois daquilo não dava para continuar nos bastidores. Raul tomava, definitivamente, o caminho do palco.
Em 74, Raul, agora não mais Raulzito, gravou Krig-ha, Bandolo! , seu primeiro disco solo. Aliás, Krig-ha, Bandolo! é nada mais nada menos que o grito do Tarzan para avisar que os inimigos estão chegando. Deu certo. Paulo Coelho aprendeu com o novo parceiro as manhas para escrever letras de sucesso. E o álbum que lançou “Metamorfose Ambulante”, “Al Capone”, “Mosca na Sopa” e “Ouro de Tolo” jogou o cantor no meio da arena. A imprensa e o público do país todo tentavam entender o que estava acontecendo. Missão difícil. Nessa época, os dois parceiros decidiram se aprofundar nas teorias de Mr. Crowley (saiba mais: da música homônima de Ozzy Osbourne), um bruxo inglês que se autointitulava a Besta 666. Entraram para a Ordem do Templo do Oriente, que seguia os seus ensinamentos e cujo principal conselho era justamente “Faze o que tu queres, há de ser tudo da Lei”. Inspirados no tal cara estranho, os dois compuseram – viva – a canção “Sociedade Alternativa”, que quase, quase saiu de fato do disco para a vida real.
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“Eu pertencia a uma sociedade esotérica na época, em 74, que me deu um terreno em Minas Gerais para eu construir uma cidade chamada Cidade das Estrelas, onde o advogado era o não advogado, o policial era o não policial, os conceitos e os valores eram trocados, né?”, explica Raul, enquanto come um hot dog com mostarda em um vídeo craquelado pelo tempo. Os moradores dessa cidade seriam as pessoas que estivessem prontas para o Trem das 7, que, além de ser uma das canções mais conhecidas da dupla, é como eles chamavam a Era de Aquário, que até hoje ninguém sabe direito se já começou. O símbolo da sociedade alternativa era uma mistura de chave com cruz egípcia e vinha sempre acompanhado da palavra Imprimatur, que em latim quer dizer “imprima-se”. Era o termo usado pela Igreja Católica medieval para autorizar publicações aprovadas pelo Papa. Bruxos, sucesso, a besta, a igreja católica, fracasso, amizade, sexo, cachorro-quente, drogas, guitarras e rock’n’roll. Falei que era pra respirar.
Junte a toda essa informação o abandono do terno, os cabelos revoltos, o colete sem camisa, o cigarrinho de artixta [sic] e os panfletos distribuídos nos shows, e pronto. Raul Seixas e Paulo Coelho foram “convidados” a se esclarecer com os milicos. Segundo Paulo, os dois ficaram felizes porque achavam que o governo levava a sério a ideia. “Claro que uma semana depois a gente tava preso.” E foram torturados por vários dias para confessar os nomes dos participantes/mandantes da sociedade alternativa. “Literalmente, foi choque no saco”, resumiu Raul muitos anos depois. Eles foram liberados depois de jurar de pé junto que não tinham pacto com ninguém além do diabo. Ora, o diabo era parceria dos milicos.Tava tudo certo, eles seriam só exilados em Nova York. Raul deu no pé, desapareceu. Foi cantar country music nas calçadas e passar o chapéu em busca de uns trocados, enquanto a imprensa diria que era uma viagem de trabalho para solidificar parceria com John Lennon.
Pode rir.
Durante a estadia nos EUA, o LP Gita, gravado poucos meses antes, começou a fazer muito, muito sucesso, chegando a 600.000 cópias, disco de ouro. Febre nacional, convites para aparecer no Chacrinha, contando que não só passaram vários dias com Lennon como conheceram Bob Dylan e otras personas más. Colou. Era anos 70, bicho, não tinha internet, câmera digital, Skype, celular. Mil anos depois (mais ou menos em 2011), Paulo Coelho desmentiu toda a história em uma entrevista para o Fantástico. E com detalhes sórdidos: ficaram dias na frente da casa do ex-Beatle até ele passar e eles gritarem histéricos. Só. Na volta, na crista da onda, Raul foi terminantemente proibido de falar sobre o assunto, apesar de ser considerado apenas “subversivo”, e não perigoso. E não me entenda mal, mas taí uma verdade, não? Um tempinho depois, no meio de um show, ele – cuja música “Rock das Aranhas” havia sido censuradíssima – esqueceu as recomendações. “Todo compositor brasileiro tinha obrigação de receber um dicionário dessa grossura [mostra o tamanho com as duas mãos] com as palavras proibidas. Inclusive uma proibida é – não sei por quê – povo, gente, universidade, escola.” O tal povo aplaudiu. Em 75, lançou o disco Novo Aeon – aeon vem a ser uma era (2.148 anos), ou o tempo exato que a Terra leva pra girar 360o –, que tem uma de suas canções mais populares ainda hoje, “Tente Outra Vez”. Apesar disso, nem 60 mil cópias foram vendidas. No ano seguinte, o LP Há Dez Mil Anos Atrás vendeu um pouco mais. Mas aquele mundo todo começou a ruir. A parceria com Paulo Coelho acabou depois de os dois saírem no tapa. Os três discos lançados nos anos seguintes, apesar dos sucessos “O Dia Em Que A Terra Parou” e “Maluco Beleza”, por exemplo, tiveram vendagem mediana. E o roqueiro, já diabético e com pavor de insulina diária, caiu no álcool, perdeu o pâncreas, teve crises de hepatite, entrou em depressão e se afundou nas drogas. Não exatamente nessa ordem.
_ENTREVISTA E TEXTO TOMÁS BELLO 046\\ noize.com.br
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NADA SURF: survivors
Sete discos. Quase duas décadas de música. Briga com gravadora e um tapa no rótulo de one hit wonders. Após oito anos,o Nada Surf volta ao Brasil cheio de saudade. Com novo álbum e a receita da sobrevivência indie.
Moqueca e feijoada. É o que Daniel Lorca gosta de cozinhar quando está em casa, longe dos aeroportos, hotéis e palcos. “Eu cozinho quase todas as noites. E não gosto de cozinhar pra menos de 15 pessoas”, emenda o baixista do trio nova-iorquino Nada Surf. Um indie veterano que já pensa em outra carreira? Quem sabe um indie veterano que não consegue largar o velho sex, drugs and rock ‘n’ roll, com carnaval todas as noites? Nenhum dos dois, garante ele. “Eu gosto mesmo é de toda aquela cerimônia de reunir os amigos, sentar em volta da mesa. É uma coisa social mesmo. Conversa verdadeira, não como ficar sentado em frente à televisão.” Se a cena descrita por Daniel lembra a casa de seus avós em uma churrascada de domingo, as preferências gastronômicas do cara não têm o toque brasileiro por acaso. Em 2004+1, na única vez em que estiveram no país, Lorca, o baterista Ira Elliot e o vocalista Matthew Caws se apaixonaram. Pelas pessoas, pelos lugares, pela maneira de viver e, claro, pelas apresentações que fizeram. Tinham o sonho de voltar
com mais frequência. Fizeram tal promessa aos fãs de cima do palco do Teatro Odisseia. Nunca conseguiram cumpri-la. “Nós dissemos que tocaríamos no Rio com a mesma frequência que tocamos em Los Angeles. E queríamos realmente fazer isso. Mas descobrimos que era muito mais difícil do que havíamos pensado”, lembra o baixista. Ele diz que Mathew se apaixonou perdidamente pela cidade maravilhosa. Amor à primeira vista. “Na época eu estava me mudando de Nova York pra Paris e ele dizia coisas tipo ‘Pô, você agora tem o seu lugar em Paris, por que eu não arranjo um lugar pra mim aqui no Rio?’. ‘Faz isso mesmo, vai ser bom pra você’, eu dizia.” Dias depois, lá estava Mathew novamente sentado na sala de seu apartamento, no Brooklyn. O Nada Surf é o tipo de banda que um gringo chamaria de survivors. Tiveram seu primeiro hit na distante década de 90, tempo em que as pessoas ainda sintonizavam uma tal de MTV pra conhecer as últimas novidades sonoras de Londres ou Nova York. Na cola,
[+1] Naquele ano, o Nada Surf fez show em cinco cidades, quase todos com ingressos esgotados. Era a tour de Let Go, um dos melhores álbuns da banda.
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“Ninguém sabia o que era a internet. A gente visitava as gravadoras, eu falava pra eles sobre mp3 e tudo que eles diziam era ‘vocês estão sonhando! Ninguém nunca vai fazer esse tipo de coisa, ouvir música dessa maneira’. Eles não acreditavam, chega a ser cômica a lembrança.” - Daniel Lorca
[+2] O trio foi descoberto por Ric Ocasek, líder da lendária banda new wave The Cars. Ric se apaixonou por uma demo que ouviu e, logo depois, acabou produzindo a estreia do Nada Surf.. [+3] “I’m head of the class/I’m popular/I’m a quarter back/I’m popular/My mom says I’m a catch/I’m popular/ I’m never last picked/I got a cheerleader chick”, canta Mathew no refrão [+4] A banda só foi lançar o disco em 2000, dois anos depois de gravá-lo. Pra isso teve que criar um selo, o MarDev.
foram abandonados pela gravadora. Deram de cara com os anos 2000, com a chegada do mp3, viram o indie virar pop e, no meio do caminho, foram colecionando bons álbuns, sempre mantendo uma cadeira cativa no coração dos fãs. “Eu acho que nós sempre tivemos sorte”, simplifica Daniel. E perseverança, ele poderia acrescentar. Uma boa dose dela. Pra entender essa história é preciso voltar a junho de 1996. Foi ali que o trio viu chegar às prateleiras High/Low+2, seu álbum de estreia, pra muitos lembrado como o disco de “Popular”. Com guitarras distorcidas, alternâncias entre momentos calmos e pesados, entre vocal falado, cantado e berrado, a canção ainda respirava o ar pós-grunge – e pós-Nirvana – que alimentava o rock norte-americano nos anos que sucederam a morte de Kurt Cobain. A música traçava uma espécie de “guia da popularidade”, repleto de sarcasmo, cheio de raiva e ironia+3. Em questão de semanas, “Popular” ganhou status de hit, incendiou as college radios norte-americanas e ganhou alta rotatividade na então influente Music Television. O mundo parecia perfeito. A “sorte”, como diz o músico, parecia estar ao lado da banda. Até chegar o segundo disco. Em The Proximity Effect, a gravadora Elektra não enxergou uma “nova Popular”. Tentou fazer com que o grupo gravasse alguns covers, canções radio
friendly, que fariam o papel do grande hit. Daniel, Ira e Mathew não receberam bem a ideia. Acreditavam que a bolacha estava artisticamente perfeita. Em setembro de 98, enquanto rodavam a Europa em uma turnê sold out, ouviram a notícia: a Elektra não vai lançar o álbum, está largando vocês. Os próximos anos foram na Justiça, dias e noites em infindáveis batalhas pela recuperação dos direitos de sua obra+4. Eram outros tempos, a internet ainda engatinhava, estar sem gravadora significava uma incógnita pra muitos artistas. O Nada Surf, por outro lado, via justamente ali o seu futuro.“É até engraçado”, lembra o baixista, que desde lá mantém os longos dreadlocks. “Eu sou programador, então tinha uma boa ideia do que estava acontecendo, imaginava o que iria rolar mais adiante. Mas ninguém sabia o que era a internet. A gente visitava as gravadoras, eu falava pra eles sobre mp3 e tudo que eles diziam era ‘vocês estão sonhando! Ninguém nunca vai fazer esse tipo de coisa, ouvir música dessa maneira’. Eles não acreditavam, chega a ser cômica a lembrança.” Daniel lembra que, já no segundo álbum, ele mesmo criou o website do grupo, com diversas ações interativas, impensáveis pra época. Fez o trio perceber que era possível viver por conta própria. “Nós abraçamos a internet desde o primeiro dia. Porque percebemos que quem está roubando os fãs de música são as
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gravadoras, elas não repassam quase nada ao artista. Então se é pra não fazer dinheiro com isso, tudo bem. Mas então que as pessoas tenham a chance de ouvir nossos discos por aí, não importa como.” A visita ao Brasil, mais uma vez, se mostrou transformadora pra banda. Se não no cardápio, ao menos na relação com o público e a música.“Em um dos locais em que iríamos tocar, nós terminamos de passar o som e fomos sair pra comer. Chegamos na rua e tinha essa fila enorme na frente do club. Nós não tínhamos ideia, não sabiamos o que pensar. ‘Que diabos vocês estão fazendo aqui?’, perguntávamos. ‘Como assim, vocês têm uma legião de fãs na cidade’, respondiam. E tudo por conta da internet.” Desde cedo, o Nada Surf se deu conta de uma sentença que ainda hoje não é assimilada por alguns dinossauros da indústria do entretenimento: você não pode dizer não ao progresso. E, embora continuem lançando álbuns no formato convencional, têm a noção de que isso não passa de romantismo. “As pessoas não ouvem mais um álbum inteiro. Nesse sentido, é até um pouco melancólico continuar fazendo”, reconhece o baixista. “Nós poderíamos simplesmente lançar uma música nova a cada dois meses, lancá-la na internet e pronto. Mas nós somos excessivamente românticos, não fazemos música pra todos. Fazemos música pra pessoas que ainda gostam de ouvir um disco.” Pra velha guarda indie, os que “ainda gostam de ouvir um disco”, o Nada Surf está em uma espécie de lugar sagrado do gênero, perto de onde vivem nomes como Pavement, Weezer, Teenage Fanclub e Sonic Youth. Como alguns destes, parecem estar sempre em busca da canção perfeita, do pop em sua verdadeira essência. Vivem o lado romântico da música, como confessa o próprio Daniel Lorca. Nesse sentido, nada mais apropriado do que gravar um álbum à moda antiga – ao vivo, um músico ao lado do outro, sem CTRL C / CTRL V a cada acorde mal tocado ou tempo perdido. Em The Stars Are Indifferent to Astronomy+5, primeiro álbum de canções inéditas desde 2008, Mathew, Ira e Daniel resolveram olhar pra eles mesmos.
Buscaram ir além, sim, mas ficando em casa. Foram atrás do novo, porém fazendo o que mais os anima desde sempre: tocar. Juntos. “Nós havíamos feito esses três shows em Nova York onde tocamos um álbum a cada noite. E tinha música que nunca havíamos tocado ao vivo antes, então tivemos que reaprendê-las, reaprender os próprios discos. Foi aí que nos demos conta: ‘Cara, já fizemos tanto aquele processo cuidadoso de compor, experimentar as músicas em diferentes andamentos, mais lento, mais rápido, quem sabe tentar de uma maneira diferente... É hora de realmente aprendermos a tocar essas músicas desde o início, senti-las e gravá-las da forma que elas saírem ali, no estúdio, com nós três lado a lado’”, conta o baixista. O trio foi então ao Headgear, estúdio que fica no coração do Brooklyn, na esquina de onde moram os três. Gravaram tudo ao vivo, de pé, instrumentos pendurados no corpo. Como se estivessem em cima do palco, no calor do show. E como pouquíssimos artistas fazem hoje. “Os backing vocals nós criávamos na cozinha do meu loft, enquanto eu cortava alho pra fazer a janta”, sorri Lorca. Porque quando o assunto é Nada Surf, a conversa sempre dá um jeito de voltar pro universo dos comes e bebes. Ao ouvir as dez tracks de The Stars Are Indifferent..., você sente o desprendimento, o clima reunião de amigos. Que ecoa não apenas nas canções de riffs simples, de belas harmonias vocais e recheadas com as típicas letras melancólicas e nostálgicas de Mathew Caws. Mas também na indiferença ao indie, pop, grunge ou qualquer que seja o rótulo do momento. Eles estão fazendo música pra eles mesmos, pelo romantismo, e pra aqueles que ainda curtem se atirar na poltrona, apertar o play e ouvir um disco do início ao fim. Sem apelar pro forward, ou pro shuffle. Ao ouvir as dez tracks de The Stars Are Indifferent to Astronomy, você tem uma clara ideia de como vai encontrar o Nada Surf em palcos brasileiros após oito anos+6. Só não se esqueça de levar na mochila uma boa garrafa de vinho. E quem sabe aquele rango caprichado pra completar o encontro.
[+5]
[+6] Entre 22 de abril e 05 de maio o trio se apresenta em São Paulo, Curitiba, no Rio de Janeiro, em Recife, Fortaleza e Belém. http://migre.me/8u9MO
SXSW
SOUTH by southwest 2012 Texto e fotos por Ola Persson
“Finalmente fui para o Texas conferir o SXSW, um dos maiores festivais do mundo, onde muitas bandas estouram - The Strokes, White Stripes e Foster the People são ótimos exemplos. Até o fechamento desta edição, certamente não terei me recuperado de tantos dias ouvindo música boa e observando mais do que os meus olhos podiam ver. Além disso, os números oficiais ainda não saíram. Mas é certo que, neste ano, o festival bateu o seu próprio recorde. E mais de 200 mil pessoas passaram por Austin. Os eventos acontecem em todos os cantos da cidade. É só olhar pro lado que tem algo rolando. Na rua, no bar, no clube, no cinema. Se a Terra fosse o planeta da música, ele seria o SXSW. Foram cerca de duas mil bandas se apresentando. Em muitas delas eu jamais tinha ouvido falar e, exatamente por isso, fui ouvir, ver, sentir. Que é este o grande lance de um festival: encontrar algo novo, que será no futuro próximo. E se o futuro próximo da música depender do SXSW, estaremos todos muito bem, meu amigo. ”
__FOTO SAMUEL ESTEVES
__ENTREVISTA E TEXTO TOMÁS BELLO 056\\
THE NAKED AND FAMOUS //057
Kiwi é como carinhosamente chamam um sujeito nascido na Nova Zelândia. Cinco deles, conhecidos no mundinho indie como The Naked and Famous, estão deixando o apelido de lado. Querem conquistar o mundo.
Uma música cai na internet. Circula entre blogs do mundo inteiro. É ovacionada por músico-maníacos de plantão sedentos pelo next big thing. Vira hit na rede, toma de assalto as pistas de dança e pronto: nasceu a sua nova banda favorita. Você já viu esse filme dezenas de vezes. Não há novidade alguma na narrativa. O detalhe nessa história é a locação: Nova Zelândia. Com apenas quatro milhões e meio de habitantes e “mais ovelhas do que gente”,+1 não dá pra dizer que o pequenino país banhado pelo mar da Tasmânia seja uma fábrica de talentos musicais. “A Ladyhawke estourou”, diriam os wannabe indie. Sim, ela conseguiu ter uma track animando festinha hipster mundo afora depois de ser adotada pela imprensa britânica. E só. Ou você sabe dizer agora, de bate pronto, outra de suas músicas que não “Paris is Burning”? “Acontece que, ao mesmo tempo em que a nossa cena musical é realmente pequena, ela pode ser extremamente compreensiva com seus artistas, dando muito apoio”, garante David Beadle. E o baixista do The Naked and Famous tem razão. Enquanto artistas de um país imenso como o Brasil sofrem pra ouvir seus nomes anunciados em FMs água com açúcar, uma banda kiwi+2 com um single em mãos tem a certeza de que uma rádio como
a 95bFM+3 vai tocá-la com gosto. E sem jabá. Em Auckland, a “metrópole” neozeolandesa, também está a Kiwi FM, dedicada exclusivamente a tocar a produção local. Sem contar o NZ Music Month+4, quando a música do país ganha atenção especial de rádios, canais de TV, jornais e revistas. É assim que ganham impulso nomes bacanas como Liam Finn, The Checks, Fat Freddy’s Drop e The Mint Chicks. E os “pelados e famosos”, claro. Um dos raros casos a ecoar além mar. “Esse empurrão definitivamente veio por conta da internet. Quando do lançamento de “Young Blood” em sites como o YouTube e blogs, nossa música pôde viajar a outros países com uma rapidez incrível, antes mesmo de sermos reconhecidos pelo público ou por gravadoras estrangeiras”, lembra David. Foi em junho de 2010 que o quinteto colocou “Young Blood” nas prateleiras. Música climática, recheada de sintetizadores, de ar um tanto melodramático. Mas com um beat de chacoalhar o esqueleto, refrão de grudar na testa e letra perfeita pra gritar aos quatro ventos: “Eu tenho vinte e poucos anos, sim, e daí?”+5. Não à toa, o single foi direto ao número 1 das paradas em sua terra natal. Encerrou um jejum local de três anos. A partir dali, o grupo saiu em uma turnê sold out pela vizinha Austrália e fechou a temporada
[+1] A lã era o principal produto agrícola exportado pela Nova Zelândia até o início do século XX. Ainda nos 60’s, significava mais de um terço da receita de exportações do país. [+2] O apelido de “kiwi” vem de uma ave de mesmo nome. Espécie de símbolo do país, tem o tamanho de um pequeno frango e está em perigo de extinção.
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[+3] Inicialmente uma rádio pirata criada por estudantes em 1969, a bFM hoje é a maior estação de rádio da Nova Zelândia quando o assunto é música alternativa.Vale ouvir! http://www.95bfm.co.nz/ [+4] São eventos e ações especiais que a Comissão de Música da NZ promove ao redor do país durante o mês de maio. Ocorre desde 2000, e já serviu pra lançar muito artista, assim como fortalecer o mercado fonográfico local. [+5] “The bittersweet between my teeth/ Trying to find the inbetweens/Fall back in love eventually/Yeah yeah yeah yeah”, diz o refrão. [+6]
dentro da Sound of 2011 – a famosa lista de apostas da BBC que, em outros anos, já teve Adele, MGMT, Florence + the Machine e Lady Gaga. Ou seja, definitivamente uma conquista a ser celebrada. “Nós somos a primeira banda da Nova Zelândia a fazer parte de algo assim, então só pode significar coisas boas”, comentou a vocalista Alisa Xayalith à época. E de fato significou. De lá pra cá, o Naked quebrou a barreira de fã ao dividir o palco com nomes do naipe de Nine Inch Nails e tem sido atração constante em festivais grandiosos como o inglês Glastonbury e o Lollapalooza, em Chicago, EUA. Há algumas semanas, o grupo ainda comemorou sua estreia em solo tupiniquim. E não soma mais de dois dias consecutivos de folga até o início de junho. Diante de uma temporada dessas, difícil até escolher um destaque. “Toda essa experiência tem sido incrivelmente única”, confessa David Beadle. “Agora, uma coisa em que todos nós concordamos é que o Fuji Rock festival, no Japão, foi um momento extraordinário. Porque não é todo dia que você tem a chance de se apresentar pra um público genuinamente animado, em um país que é culturalmente tão distante de nós. Foi realmente uma coisa inexplicável.” Críticos de todos os cantos já tentaram encontrar explicações pro sucesso internético do Naked and Famous, mesmo em países de culturas distintas, como carimba o baixista. Derek Sedam, por exemplo, da conceituada rádio californiana KROQ, diz que o quinteto faz música que reflete de forma direta o tempo em que vivemos. “Todas aquelas emoções que sentimos ao entrar em 2012 e além”, emenda ele. “Como quando ouvi pela primeira vez ‘Time To Pretend’, do MGMT.” O músico parece concordar. “’Young Blood tem uma letra e um tema musical que são fáceis de ser assimilados por um grande grupo de pessoas. É algo fantástico”, comemora. “Nós vemos muita integridade na música que fazemos, e vamos continuar batalhando por isso como artistas e como banda, onde quer que nos leve.” Poderia levá-los à televisão, David deveria acrescentar. Quem sabe ao mundo dos games? Desde o estouro de “Young Blood”, os kiwis já viram músicas
suas servirem de trilha sonora pra seriados badalados como Gossip Girl e The Vampire Diaries, além de jogos milionários tipo FIFA 12. Suas contas bancárias agradecem. “Porque não é apenas uma maneira muito legítima de fazer dinheiro com a música, mas também uma forma bastante inteligente de expor sua obra a um novo grupo de pessoas”, avalia.“Com o rádio, as pessoas escolhem sintonizar uma estação específica, e assim esperam ouvir um certo tipo de música. Com algo como trilha pra televisão, os artistas têm a oportunidade de ter sua música exposta a um público que, se não fosse assim, talvez não soubesse que tal banda ou gênero musical existissem.” Passados quase dois anos do lançamento de “Young Blood”, é inegável que as pessoas hoje “sabem” que o Naked and Famous existe. Mais do que isso, lotam shows quando o grupo cruza o planeta em direção a Rio de Janeiro e São Paulo. Na apresentação no Cine Jóia, por exemplo, não era difícil ver almas animadas cantando em coro as letras do vocalista Thom Powers. E não só das que compõem o hit maior dos caras, mas de tracks como “Girls Like You” – ambas do álbum de estreia da banda, o elogiado Passive Me, Aggressive You+6. “Da capa com um globo digital em cima de uma paisagem analógica, passando pelas letras e a dinâmica vocal feminina/masculina, um álbum que circula em meio a polaridades”, opina David sobre a obra que ajudou a criar. Opostos que não parecem atrair o quinteto apenas quando estão com instrumentos em mão. Afinal, ao mesmo tempo em que elogiam o cenário musical da “Terra da Grande Nuvem Branca” e dizem ser fãs de conterrâneos como os Mint Chicks, afirmam não se considerar verdadeiros kiwis. “A maioria das coisas que compõem um ‘verdadeiro kiwi’ são coisas para as quais nós não damos muita bola, como churrascos e rugby”, revela ele. Talvez por isso que a banda tenha resolvido trocar as ovelhas de sua terra natal pelos tabloides de Londres. E, quem sabe por esse mesmo motivo, a vocalista Alisa Xayalith tenha terminado o show em Sampa afirmando que, definitivamente, eles vão voltar. Ok, Alisa, no worries. Estaremos por aqui.
THE NAKED AND FAMOUS //059
OUTROS KIWIS
The Mint Chicks Se os Buzzcocks encontrassem os Pixies ou o Devo, eles soariam como os Mint Chicks. Rock nervoso, mas de boas melodias. Pop, embora sempre com um toque experimental. Um álbum: Crazy? Yes! Dumb? No!, de 2006.
DE QUE VOCÊ PODE GOSTAR
The Phoenix Foundation
Auckland
“Composições tão boas não surgem com tanta frequência”, garante o The Guardian. É música atmosférica, elegante, pop e quase dançante. Um álbum: Buffalo, de 2011.
Fat Freddy’s Drop Meio dub, meio reggae, tão funk quanto soul, essa big band é uma instituição neozeolandesa. Trilha sonora perfeita pra um churrasco com os amigos ou um fim de tarde na praia. Um álbum: Dr Boondigga and the Big BW, de 2009.
Flight of the Conchords Atores, músicos, comediantes e compositores. O duo Bret McKenzie e Jemaine Clement já é hit na HBO, encarou os Simpsons e tem um Grammy no currículo. Se você ainda não os viu – ou ouviu – está atrasado. Um álbum: I Told You I Was Freaky, de 2009.
Wellington
Os dois – únicos – grandes centros culturais do país ficam na Ilha Norte: Auckland e a capital Wellington. Tudo se concentra por lá, desde brechós e lojas de vinis a festivais como o Big Day Out. Ou seja, se você for pra Nova Zelândia já sabe onde gastar algumas noites.
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__ENTREVISTA LARYSSA ARAÚJO
__TEXTO BRUNA VALENTINI
TITÃS //061
Em pé de festa, mais que de guerra, os Titãs comemoram 25 anos de Cabeça Dinossauro - um álbum antológico do rock brasileiro.
“Inspirada num canto do Xingu, a pulsação primitiva e tribal da faixa-título abre o disco e mostra o pau.” Com essa frase, no dia 25 de junho de 1986, a Folha de São Paulo abriu a matéria “Dinossauro na cabeça”, do jornalista Marcos Augusto Gonçalves. Os Titãs lançavam o terceiro, e até então mais corajoso, disco da carreira. Gonçalves comparou o grupo a uma tribo de guerreiros em pé de festa e de guerra: “Batucam e gritam. Os dinossauros descem dos viadutos e se escondem nos edifícios”. Arnaldo Antunes, Branco Mello, Charles Gavin, Marcelo Fromer, Nando Reis, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto.Todos no mesmo palco. Os Titãs do Iê-Iê que haviam se conhecido na escola, no final dos anos 70, em plena ditadura militar, agora eram universitários e já não carregavam o Iê-Iê na identidade. E se por um lado o nome simplificou, por outro, a identidade se tornava mais complexa. Era hora de acordar. A tribo de guerreiros assumia o posto de porta-voz de uma geração que ficou calada por muito tempo e dava os primeiros passos rumo à democratização do país. Cabeça Dinossauro marcou uma virada estética na carreira dos Titãs e fez muita gente gritar junto. As duas gravuras que estampam o disco+1, ambas de Leonardo da Vinci, expressam uma dualidade entre barbárie e civilização, o dinossauro e o homem. Explicam – ou ilustram – a performance dos caras: selvagem. Assim como a sonoridade do álbum. Mas pra você entender exatamente o
que estamos falando é preciso contextualizar. Cabeça Dinossauro foi lançado nos anos 80, quando a juventude passou a existir novamente e respirou após o sufoco dos Anos de Chumbo+2. Música era apenas LP, fita cassete e rádio. E o Brasil estava carente de entretenimento. Charles Gavin lembrou ao Jornal do Brasil que o público precisava tanto de informação que, no primeiro Rock in Rio, em 1985, aplaudiu a parede de Marshalls do Whitesnake antes mesmo de eles entrarem no palco. “A plateia aplaudiu os amplificadores, literalmente aplaudiu o equipamento da banda, não tinha ninguém no palco, só equipamentos.” E ainda que os Titãs não tenham sido convidados para o evento, faziam parte de uma geração de artistas brasileiros que estavam levantando a voz. Finalmente. Ultraje a Rigor, RPM, Ira!, Barão Vermelho e Kid Abelha, Blitz.Tudo era muito pouco pra quem tinha tanta sede. Embalados por esse background efervescente, os Titãs estavam prontos para uma reviravolta. Para o músico e radialista Arthur de Faria, “o Cabeça Dinossauro foi uma entrada desse rock de bermudas na idade adulta. Ou, talvez melhor: a saída da infância pra entrar na rebeldia raivosa da juventude”. E a rebeldia raivosa veio em forma de letras e melodias, traduzidas pelo produtor Liminha, ex-Mutante, que trabalhou com inúmeros artistas e grupos brasileiros, entre eles Ultraje a Rigor, João Gilberto, Luis Melodia, O Rappa, Jorge Ben e Raul Seixas. O produtor buscava veracidade para o som dos
[+1] A capa do disco leva como base o esboço de Leonardo da Vinci chamado A Expressão de um Homem Urrando. E a contracapa recebeu Cabeça Grotesca, também do gênio e pintor italiano. [+2] Anos de Chumbo: final de 1968. Edição do AI-5. A ditadura, que havia começado em 1964, endurecia. Até março de 1974, o Brasil viveu em clima de guerrilha. Com o fim do governo Médici, o país dava os primeiros – e lentos – passos rumo à democracia. Com a promulgação da Constituição de 1988, Lei Suprema do Brasil que priorizava os direitos fundamentais e as eleições diretas, finalizou-se o período de redemocratização, iniciado em 1985 pelo então presidente José Sarney.
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Titãs, que queriam fazer algo fora do padrão sem perder o vigor. “Cheguei a apostar com o Bellotto uma garrafa de Jack Daniel’s. A gente tem a chance de dar certo pelo avesso.Vamos ganhar disco de ouro”, disse Branco, em entrevista à jornalista Lorena Calabria. Branco assumiu também que escolheram a música mais estranha para ser a faixa de trabalho: “AA UU”. Ainda nesse bate-papo, os Cabeças se defenderam da acusação de se apropriar do punk: “Isso é ‘coisa da imprensa’ (risos). Diziam que era oportunismo nosso. É que a gente era mesmo uma banda meio brega no início (gargalhada). Nessa época, sim, os punks hostilizavam, jogavam cerveja. Com o Cabeça, fomos respeitados”. Quem? Leo Henkin, do Papas da Língua, encontrou justamente nesse desejo irreverente dos Titãs o motivo para delirar ao assistir aqueles jovens universitários. “Eram a síntese do que se ouvia na época. Influenciados pelo punk, pelo ska, pelo reggae. As pessoas se identificavam. O disco foi a catarse de uma geração que queria botar muita coisa pra fora. Que agora podia falar. A capa, a pressão, os timbres, a mixagem maravilhosa, a performance, simbolizavam muitas formas de arte. Eles inspiravam tanto em forma quanto em conteúdo.” “A gente ficava chocado com a capa, com aquela pintura muito louca – o Titãs ficou desse jeito, a capa tem muito do som. Eu tinha 9 anos, era moleque. Quando tocava ‘Porrada’, a gente saia se batendo entre os irmãos, e até as primas ficavam bem loucas dançando na sala.” Maurício Fuzzo, da banda Locomotores, segue admirando a irreverência daquela bomba de 1986. O mix [+3] Charles Gavin entre o punk rock violentíssimo e a abrangência pop da deixou a banda em 2010 e agora é banda foi, e é, o diferencial para o músico. “Tinha humor, produtor musical. e os palavrões nada tinham a ver com apelação. Eram Arnaldo Antunes partiu em 1992 e, raiva e indignação. Um som único”, relembra. Para Mauassim como Nando Reis, que saiu do grupo rício, se o álbum fosse lançado hoje, não seria tão legal: após a gravação do “Os tabus estão menores, e o palavrão foi banalizado”. álbum A Melhor Banda de Todos os Tempos da Márcio Paz também gritava “vão se foder”, no Última Semana, seguiu carreira solo. Marcelo auge dos seus 21 anos, com os amigos, e ainda jura que Fromer morreu em um acidente de a palavra saía do peito, não do disco. Hoje comunicatrânsito durante a dor e DJ, seguiria gritando. “Cabeça Dinossauro foi um produção desse álbum, em 2001. puta álbum de rock. A galera gritava a música toda.
Eles falavam o que a gente queria falar, sem frescura.” Mal sabia por onde começar a olhar o palco. “Cada um deles era único, tinham diferentes maneiras de atuar, cantar, compor, pra finalmente transformar a essência do grupo em som.” Márcio não tem dúvidas: “É o melhor álbum de rock já gravado no Brasil, porque mistura coragem, qualidade e produção”. Ácido e rasteiro Cabeça Dinossauro vendeu 300 mil cópias e deu o primeiro disco de ouro aos Titãs. Duas décadas depois do lançamento, ocupava a 19ª posição na lista dos 100 maiores discos da música brasileira feita pela revista Rolling Stone, em 2007. E, quase trinta anos mais tarde, Paulo Miklos afirma que as canções continuam potentes e atuais. “Estive numa delegacia recentemente aqui em São Paulo para registrar um B.O. e tirei fotos com a turma do plantão. Mais uma vez ficou evidente como as canções são precisas.” É desse álbum um dos maiores hits da carreira da banda, “Polícia”, que foi tocada pela maioria das bandas de rock do Brasil. Lamenta: “Infelizmente, muitos dos problemas que abordamos nas músicas permanecem os mesmos”. Hoje Para os Titãs, com trinta anos de carreira, a atual turnê de aniversário representa uma imersão em emoções e memórias - e o resultado, ainda assim, é um show conceitual rígido com faixas tocadas na ordem do disco e com arranjos originais. Branco Mello, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto são acompanhados pelo baterista Mário Fabre, que substituiu Gavin após sua saída.+3 E, sim, a turnê reserva surpresas. “A segunda parte do show contempla o lado mais radical do nosso repertório, além de músicas inéditas”, revela o vocalista. A temporada de sete dias em São Paulo, no SESC Belenzinho, encerrou-se no dia 17 de março. Os ingressos estavam esgotados em apenas duas horas e meia de venda. O show Cabeça Dinossauro deve ainda viajar pelo Brasil neste primeiro semestre de 2012. A gente vai atrás. E você?
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“Semana passada* estávamos ensaiando para o disco novo da Tulipa**, no estúdio Loop, em Pinheiros, São Paulo. Na sala 1, Miklos, Branco, Britto e Bellotto ensaiavam. Tulipa começou a ficar agitada. ‘Nossa, eles tocaram esta música! Nossa, eles tocaram aquela! Nossa que loucura.’ No café soubemos que eles estavam reensaiando Cabeça Dinossauro para uma temporada. Os meninos da banda ficaram loucos (temos uma diferença de 30 anos). Amo os Titãs, como banda e individualmente - quero dizer, pessoalmente. Nos anos 80, eu tocava na Isca de Polícia***, de Itamar Assumpção****. Nós éramos a coisa mais importante que estava acontecendo. No Teatro Lira Paulistana, os meninos e seus cortes de cabelo esquisitos pediam para ensaiar quando o espaço que ocupávamos ficava livre. Nós lotávamos sem parar a sala Funarte da Alameda Nothmann (uns 200 lugares). Eles surgiram e começaram a lotar o Ginásio do Ibirapuera!!! Tentei a ir a dois shows lá e não entrei nem como músico nem como jornalista. Grande!!! Não dei bola para o Cabeça Dinossauro. Mas fui atingido culturalmente por ele. Achava demais a loucura sequencial que uma banda de oito pessoas permitia. Talvez conheça todas as músicas, mas nunca tive o disco. Era mais velho já. Que bom que quem lotava a Funarte ou o Ginásio do Ibirapuera ainda está aí. Anyway, Titãs forever!” _LUIZ CHAGAS, um dos importantes nomes da Vanguarda Paulista, como era chamada a geração de músicos que nos anos 70-80 começava a gravar seus discos de forma independente. * Esta entrevista foi feita em março de 2012. ** Tulipa Ruiz, filha de Luiz Chagas e uma das revelações da música brasileira contemporânea. *** Isca de Polícia, banda criada em 1981 para acompanhar Itamar Assumpção e mudar o que se conhecia como música brasileira. **** Itamar Assumpção. Sem palavras. http://bit.ly/H8TSvn
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Quem quer dinheirooo? Quem quer camisetaaa?
CAMISETA COM HISTÓRIA
DENTRO DA MOCHILA
_CHUCK HIPOLITHO, músico da banda Vespas
_JOÃO BRASIL, DJ e produtor.
Mandarinas, DJ, diretor e VJ da MTV.
“A primeira vez que fui para a Argentina com minha banda foi em 2004. Era uma turnê com os Forgotten Boys. Lá eu ganhei uma camiseta de um selo independente local chamado Rastrillo Records, do meu amigo Pirulo. Já de volta a São Paulo, fizemos fotos de divulgação para um disco e eu vesti a camiseta. A partir dele, toda vez que vou fazer alguma foto realmente importante ou em que preciso me sentir bem, é ela que eu visto. Hoje já está toda fodida, rasgada e velha... mas, quanto mais, melhor.”
1. Camiseta dos Ramones: “Estou viciado nela. Tenho usado direto nas minhas apresentações, já tá até pegando mal”. 2. Teclado AKAI: “Sempre levo esse tecladinho caso tenha que produzir alguma coisa”. 3. Óculos de sol: “Fundamental para as noites que acabam pela manhã”. 4. Óculos de grau: “Uso eles quando trabalho no computador. Como passo a maior parte do tempo trabalhando, não vivo sem eles”. 5 e 6. Macbook e MPD AKAI: “São minhas armas no palco. Não vivo sem os dois”. 7. Fones de ouvido: “Sem eles a vida de quem está em volta de mim seria um inferno”.
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MARCA: VANS
ONDE ENCONTRAR: VANSDOBRASIL .COM
THE SHINS
Port of Morrow
SBME Special Mkts
Com essa frase aí ao lado, retirada do filme cult de Zach Braff, o The Shins conquistou de vez o seu lugar no coração dos “alternativos”. Era fácil, afinal, apostar nas palavras de uma sorridente e maluquete Natalie Portman oferecendo seus headphones a um desconhecido na sala de espera do hospital. Port of Morrow traz de volta aquela sensação de conforto que só o Shins é capaz de oferecer. Confirmando a evidente influência dos Beach Boys nos genes da banda, estão lá a superfície delicada e os falsetes quase oníricos do vocalista James Mercer. A chicletuda “Simple Song” é o típico single que irá manter o grupo relevante por um bom tempo. “September” é um calmante mais eficaz que muito tarja preta, e a melodia espacial da faixa-título poderia estar em Kid A. O fato é que a banda cresceu, e Mercer talvez sinta falta da época em que não tinha tantos compromissos pela frente. Ele jamais escreveu uma música ruim, mas o tédio infelizmente avança em boa parte do álbum – vide as fraquinhas “It’s Only Life” e “No Way Down”.
“Esta canção vai mudar sua vida!” - Natalie Portman, em Hora de Voltar
No geral, a impressão é de que faltou ousadia, faltou assumir riscos. Porque toda boa banda possui um título menor em sua discografia, e o The Shins acaba de ganhar o seu. Não há motivo para pânico. Fernando Halal
Para ouvir o álbum na íntegra: Leia o QR Code ao lado com a câmera do seu smartphone.
LEGENDAS Pra quem gosta de: Modest Mouse, Beach Boys e The Morning Benders
Ouça no talo É, legal
Dá um caldo Seu ouvido não merece
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VIVENDO DO ÓCIO O Pensamento é um Ímã Deckdisc O Pensamento É Um Ímã não destoa do passado da Vivendo do Ócio: rocks corretos e com forte apelo indie. Mas os arranjos, a timbragem e a gravação, tudo soa melhor. A banda comeu poeira. Tanto que confessa, na meia-balada “Nostalgia”, que ameniza o clima acelerado do álbum, o outro lado do beligerante ato de largar uma cena-porto-seguro e pegar a estrada em busca de novas cores. Nessa busca o grupo canta a sua “Saudade da Bahia” – no interlúdio, entre refrão e solo, são recitados trechos de “O Incriado”, poema de Vinicius de Moraes: “Como está longe o mar/Como é dura a terra sob mim.”
Pra quem gosta de: Moptop, The Strokes e Forgotten Boys
Outra ode a Salvador e ponto alto do repertório é “Radioatividade”, que convida, em forma de hit radiofônico, a um passeio pelas ruelas da capital baiana. Construída em beat eletrônico (novidade para eles), “Dois Mundos” traz acordes dissonantes e flerta com Los Hermanos, como se viesse a hora de bradar “Chega de Saudade!”. Nicolas Gambin
MIIKE SNOW Happy to You Downtown Records/Columbia Quando o Miike Snow liberou “Devil’s Work”, ainda no ano passado, surgiu um ponto de interrogação: o que esperar do segundo álbum do trio sueco? A perturbadora faixa conta com pianos etéreos, sopros dramáticos e mais psicodelia do que o usual. Depois, os caras soltaram o grudento electropop “Paddling Out” e “The Wave”, que, com seu ritmo marcial, parecia fazer o meio-campo entre as outras duas. A verdade é que o alto nível dessas três músicas, lançadas junto de vídeos viajandões – sobre a criação de uma nova raça, representada pelo sujeito sem camisa correndo aí na capa do disco – não é mantido no decorrer de Happy to You. Bons momentos? “Pretender”, um irrecusável convite às pistas, e a densa “Black Tin Box”, com participação da amiga e conterrânea Lykke Li, estão entre eles. Pra quem gosta de: Delphic, Miami Horror e Passion Pit
Happy to You é um ótimo disco, sem dúvida. Mas, no geral, fica a sensação de que o Miike Snow pode ainda mais. Daniel Sanes
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SLEIGH BELLS
CRANBERRIES
Mom & Pop
Lab 344
Pra quem gosta de: The Kills, Metric e Ladytron
Pra quem gosta de: The Smiths, Florence + the Machine e R.E.M.
FELIPE CORDEIRO
FRANKIE ROSE
Pra quem gosta de: Los Hermanos, Karnak e Mundo Livre S/A
Pra quem gosta de: Crystal Castles, Cocteau Twins e Beach House
BRUCE SPRINGSTEEN
KILLER ON THE DANCEFLOOR
Reign of Terror
Kitsch Pop Cult Nรก Music
Wrecking Ball Sony Music
Pra quem gosta de: Bob Dylan, Mumford & Sons e The Pogues
ESTELLE
All Of Me Warner Music
Roses
Interstellar Slumberland
Criminal 3Plus Music
Pra quem gosta de: Chromeo e Simian Mobile Disco
THE PHENOMENAL HANDCLAP BAND Form and Control Universal
Pra quem gosta de: Janelle Monรกe, John Legend e Missy Elliott
Pra quem gosta de: Blondie, Scissor Sisters e Roxy Music
ANTI-FLAG
MACY GRAY
The General Strike Side One Dummy
Pra quem gosta de: NOFX, Cรณlera e The Clash
Covered 429 Records
Pra quem gosta de: Corinne Bailey Rae, Mark Ronson e Amy Winehouse
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ODD FUTURE OF Tape Vol. 2 Columbia
DISCOTECA BÁSICA Bob Dylan Por Daniel Sanes
Pra quem gosta de: Wu-Tang Clan, Tyler, The Creator e DMX
THE FREEWHEELIN’ BOB DYLAN | O mestre do folk se consagra, já neste disco de 1963, como o maior poeta da música pop. A faixa de abertura é nada menos que “Blowin’ in the Wind”, o hino/ manifesto de uma geração.
PAUL WELLER Sonik Kicks Yep Roc
HIGHWAY 61 REVISITED | Em 1965, Dylan chocou ao eletrificar o folk e mudar a história. De “Like a Rolling Stone” a “Desolation Row”, tudo soa perfeito. Nem os que o chamaram de Judas podem negar.
Pra quem gosta de: Blur, Kaiser Chiefs e Richard Ashcroft
TRUPE CHÁ DE BOLDO Nave Manha
BLOOD ON THE TRACKS | Após uma série de altos e baixos na carreira, o poeta ressurge com um belo álbum em 1975. “Tangled Up in Blue” e “Idiot Wind” trazem o velho Dylan de volta, afiado e irônico.
Independente
Pra quem gosta de: Mutantes, Karina Buhr e Tropicália
LEE RANALDO
Between the Times & the Tides Matador Records
E NEM TÃO BÁSICA Donovan
Sunshine Superman Pra quem gosta de: Sonic Youth, The Rakes e Guided by Voices
HOUSSE DE RACKET Alésia Love Da Records
Pra quem gosta de: Two Door Cinema Club, Ladyhawke e Phoenix
Por Leonardo Bomfim Quando Donovan surgiu com suas canções folk, logo foi tachado de “a versão britânica de Bob Dylan”. Sunshine Superman, seu terceiro disco, marca uma guinada importante: é o momento em que o trovador escocês sai de vez da sombra pesada do ídolo norte-americano. A psicodelia dá o tom, de forma nada usual, numa aproximação eletrificada (o jovem Jimmy Page passeava pelo estúdio) aos temas medievais favoritos do compositor. Da viagem otimista (faixa-título) à bad trip (“Season of the Witch”), trata-se de um item obrigatório da discografia lisérgica da década de 1960.
Reprodução
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_TEXTO TONY AIEX
NADA A PERDER _Dave Grohl . Pergunte para um grupo de roqueiros o que eles acham sobre o trabalho dele no Foo Fighters, Queens Of The Stone Age e tantos outros e a resposta será a mesma: “O cara é foda”. O livro Dave Grohl - Nada A Perder, recém lançado no Brasil pela Edições Ideal, traz a história do queridinho do rock desde seus tempos de hardcore até os quase 20 anos de sucessos do Foo Fighters - passando pelo período em que morou com Kurt Cobain. Traduzido por Tony Aiex (Tenho Mais Discos Que Amigos!, eu mesmo, prazer), o livro traz Grohl em seu lado pessoal, profissional e sua relação com as pessoas a sua volta e com a mídia. Seus primeiros ensaios, a paixão pelo rock, a infância pobre, os primeiros acordes de Beatles em um violão velho e muito mais estão lá para que você veja além do que foi revelado no documentário Back And Forth, do ano passado. Se irá continuar amando o cara, você só saberá depois de ler o livro!
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1. Nirvana | Além de tudo, Grohl foi baterista do Nirvana. A banda liderada por Kurt Cobain contou com as performances do guitarrista Pat Smear durante os últimos anos de existência.
3. Germs | Em 1979, o Germs lançou seu primeiro e único disco de estúdio, o aclamado (GI). Mas o sucesso da banda foi interrompido devido à morte de seu vocalista, Darby Crash, em 1980. Quem também esteve no line-up do grupo, tocando bateria, foi Belinda Carlisle, que viria a se tornar a líder do The Go-Go’s anos depois.
5. John Lennon | Ao lado de seu parceiro de banda, Paul McCartney, o cara escreveu algumas das músicas mais importantes de todos os tempos, como “Yesterday”. A canção, lançada originalmente no disco Help!, de 1965, entrou no livro dos recordes - o Guinness como a música que mais recebeu gravações de outros artistas no mundo todo.
2. Pat Smear | Georg Ruthenberg, o desengonçado guitarrista que tocou no Nirvana e depois de idas e vindas está de volta ao Foo Fighters, é mais conhecido como Pat Smear, e foi recrutado por Cobain devido às suas participações no Germs, influente e barulhenta banda punk do final dos anos 70.
4. Darby Crash |Um punk muito louco, que fundou o Germs e foi comparado no livro de Dave Grohl a uma “mistura de Johnny Rotten com Sid Vicious”. Morreu de overdose de heroína em 7 de dezembro de 1980, justamente um dia antes da morte de John Lennon - o que fez com que sua morte passasse despercebida.
6. Paul McCartney | Paul McCartney era o baixista e outra figura importante do quarteto de rock mais famoso da história. Na ativa até hoje, Paul já tem show marcados no Brasil novamente este ano e fez um dos shows mais bacanas do Grammy 2012, em que participou de uma jam com nomes como Bruce Springsteen e Dave Grohl.
_FOSSO É O LUGAR QUE FICA DE FRENTE AO PALCO. DIRETAMENTE DALI, OS SHOWS DE MARÇO.
Você sabe: rapadura é doce. Mas não é mole. Ninguém lembra disso quando vê o fotógrafo no show, bem na frente, lugar privilegiado, cara a cara com o ídolo, nariz no palco. Mal sabem que não pode ter flash. Que ele só vai ficar ali durante algumas músicas. Que o tênis tá molhado, o estômago tá roncando, as costas moídas e o nariz descascou de tanto sol. Que fotógrafo de show tem que contar tanto com a sorte quanto com a técnica. E que nunca dá pra fechar os olhos e curtir o som. Nas próximas páginas, os melhores shows do mês. E algumas verdades.
CÉU / SESC VILA MARIANA / SÃO PAULO - SP “Você sabe que um show foi bom quando decidir as melhores fotos é uma tarefa muito difícil. Céu começa saída do mar, com seu vestido sereia e colar concha. Chega à terra de índigo, com seu pai, chorando com o palhaço. Enfrenta sua timidez com a voz poderosa. A plateia se levanta. Céu é nossa estrela.” Depoimento e foto: ARIEL MARTINI
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/ BECO 203 / PORTO ALEGRE - RS
“Tive que me meter no meio das rodas punk e tentar sair ileso dos empurrões e dancinhas. Musicalmente, foi foda demais, uma legítima aula de punk rock old school.” Depoimento e foto: RAFA ROCHA
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ROGER WATERS / ESTÁDIO BEIRA-RIO / PORTO ALEGRE - RS
“Ir ao show do Roger Waters é como ir a um grande museu. Música, história, genialidade e efeitos visuais perfeitos com engajamento político sério se unem em um verdadeiro show. Uma obra atemporal que precisa ser compreendida pelo mundo. Inesquecível. Depoimento e foto: LUCAS NEVES
BIXIGA 70 / AUDITÓRIO IBIRAPUERA / SÃO PAULO - SP
“O Bixiga 70 fez mais uma apresentação impecável, dessa vez no suntuoso Auditório Ibirapuera. O show teve participação de Luisa Maita, que cantou uma música de seu pai, Amado Maita. O canadense Philippe Lafreniere, da Souljazz Orchestra, também participou.” Depoimento e foto: ARIEL MARTINI
THE NAKED AND FAMOUS / CINE JOIA / SÃO PAULO - SP
“Com mini atraso a banda entra no palco e o primeiro som parecia ser o predileto da maioria das pessoas, assim como vários na sequência. A dedicação banda/público era mútua. O hit mais esperado, ”Young Blood”, ficou por último. Banda não volta pro bis, mesmo com público enlouquecido.” Depoimento e foto: SAMUEL ESTEVES
Divulgação / Sylvio Passos
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Os diálogos mais surreais travados por esta redação que vos fala enquanto esta revista que você acabou de ler era produzida. É tudo verdade. Ou não. -- Olha, eu sei que tu é mulher... Mas tá tarde, não tem ninguém pra quem eu possa falar isso... -- Ai, meu Deus. -- A Erykah Badu. -- Quem? -- A Erykah Badu. Aquela. -- Ah. O que tem? -- Tem um bundão, cara. Um bundão sinistro. -- Você quer que eu comente isso? -- Não precisa.Tudo bem. É que eu precisava dizer.
-- Tá. -- E a Madonna? -- Ninguém da Noize gosta da Madonna. -- Eu gosto. -- Ninguém gosta. Sério. -- Que idiotice. Quem não gosta da Madonna? -- Sabe que tem uma teoria de que a Xuxa ia parir a reencarnação do Raul Seixas? -- Tipo a Xuxa mãe do Raul? -- Meio isso. -- Mas faz superpouco que ele morreu. -- E daí? -- Daí que não daria tempo. -- Nossa, é mesmo, esse é o único empecilho pra que essa teoria seja verdade. -- Cabeça Dinossauro é um puta nome
de banda. Melhor que Titãs. Não acha? -- Não. Melhor que Nada Surf. -- Não. -- Que inveja do Ola e da Lalai. -- Lá não tem Chicabon. -- Sabe o que mais me irrita, o que me deixa puta? -- Quê? -- Deus. -- Como assim, Deus? -- Filho da puta. -- Cara. Filho da puta? -- Tanta hora pra fumar cigarrinho de artista e ele fuma bem quando tá escrevendo o roteiro da minha vida.