Revista Noize #75 - Os Paralamas do Sucesso - Fevereiro | Março 2018

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Em 1996, o lançamento de 9 Luas atingiu a música brasileira como um meteoro, mudando para sempre sua topografia. Hoje, chega às suas mãos a primeira versão em vinil desse álbum decisivo d’Os

#75 // Ano 12

expediente

Paralamas do Sucesso.

Direção Leandro Pinheiro Pablo Rocha Rafael Rocha

Coordenação de Projetos Jordana Monteiro Júlia D’Ávila Júlia Ferreira Pedro Webber Thaís Martins

Gerente Financeiro Pedro Pares

Atendimento Interno Ingrid Mônaco

Gerente de Planejamento Cássio Konzen

Redação Camila Oliveira Daniela Barbosa Guilherme Flores Marta Karrer Rodrigo Laux Tássia Costa Victória Favero

NOIZE COMUNICAÇÃO

Diretor de Criação Rafael Rocha Diretor de Arte Guilherme Borges Diretor de Arte Jr. Árthur Teixeira Jade Teixeira Lucas Abreu Vitória Proença Produção Marcelo de Bacco Nicole Fochesatto Vídeo Bernardo Winck Denis Carrion Jonas Costa Maurício Canterle Pedro Krum Shandler Franco Foto Mell Helade Novos Negócios Leandro F. Gonçalves

REVISTA / SITE / RECORD CLUB

Unindo raízes latino-americanas, rock n’ roll, ritmos jamaicanos e a brasilidade inerente da banda, suas faixas orbitam uma dicotomia central do ser humano: o amor x o dever. De um lado, há um indivíduo que é só paixão, dedicado ao pleno gozo da contemplação de todas as belezas; de outro, alguém que corre sobre uma esteira de

Planejamento Bernardo Costa Carolina Santos Eric Souza Julia Brito Juliano Mosena Mickael Prass

perguntas e responsabilidades, pisando confiante um caminho que, na verdade, não sabe aonde vai dar.

Mídia Aline Oelrich Kathiry Veiga

Jogamos um flash amarelo no Lado

Community Manager Maurício Teixeira

A desta revista, que, com seu tom solar, traz Charly García, os

GRITO

VJs da antiga MTV e os próprios

Gerente de Planejamento Marcel Maineri

Paralamas falando sobre o que

Coordenação de Projetos Carolina Farias

amam. Já o Lado B, banhado de azul lunar, mergulha nas irmandades e

Assistente de Projetos Helena de Oliveira

laços que a banda é famosa por

Planejamento Lucas Regio Matheus Barbosa

nutrir. Aqui, estão personagens

Editor Ariel Fagundes

Redação Camila Benvegnú Jéssica Teles Pedro Veloso

Valle e Paulo Sérgio Valle, todos

Community Manager Kelvin Furtado

NOIZE BOOST

NOIZE FUZZ

boost@boost.mn boost.mn

Coordenação de Projetos Thiago Fernandes Thiago Piccoli

como Maurício Valladares, Marcos membros, de uma forma ou de outra, de uma mesma família. Nossa volta por 9 Luas tem 60

Editor Gustavo Brigatti Joana Barboza Leonardo Baldessarelli

páginas. Fique à vontade, curta as estrelas e aproveite a viagem.

Ariel Fagundes 4A


colaboradores

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Os Paralamas do Sucesso

Paulo Sérgio Valle

Formada em 1982, a banda

Vianna e irmão de Marcos

composta por Herbert Vianna,

Valle, foi o letrista de muitos

Bi Ribeiro e João Barone é,

sucessos, como “Evidências”,

há 36 anos, uma das mais

“Se Eu Não Te Amasse Tanto

importantes do Brasil. Aqui, eles

Assim”, “Essa Tal Liberdade”

contam a história de 9 Luas

e “Capitão de Indústria”.

e indicam livros e discos que

Aqui, conta como fazer um

marcaram suas vidas.

desses hinos.

Grande amigo de Herbert

Marcos Valle Leonardo Baldessarelli

Músico carioca com 55

Jornalista e publicitário. Fã do

anos de carreira e uma

bizarro, do surpreendente e do

longa discografia que passa

mentiroso - ainda não se sabe

pela bossa nova, rock, funk,

se isso é bom ou ruim, mas

disco e jazz. Compositor de

segue confundindo a vida e a

“Capitão de Indústria” e de

música como uma coisa só.

clássicos como “Samba de Verão”, dá suas dicas na seção de resenhas.

Luiza Tozzi Fotógrafa natural de Porto Alegre, apaixonada pela fotografia mais humanista. Reside no Vidigal (RJ) onde registra o cotidiano das crianças e moradores de forma totalmente espontânea e natural.

Thedy Corrêa

Maurício Valladares

Vocalista da banda Nenhum

Fotógrafo e radialista,

de Nós, compôs com Herbert

é amigo íntimo d’Os

Vianna “Um Pequeno

Paralamas e registrou em

Imprevisto”, que fecha o 9

suas fotos todas as fases

Luas. Na seção de resenhas, apresenta um livro e um disco que lhe tocaram.

da banda. Nas Páginas Negras, ele lembra de como tudo isso aconteceu.

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5 perguntas para

Por volta de 1984, ele deixou de ser técnico de som do Erasmo Carlos para trabalhar com um grupo desconhecido na época, Os Paralamas do Sucesso. Quatro anos depois, produziu uma sequência de discos que estouraram: Bora

Bora, Big Bang, Os Grãos, Vamo Bate Lata e 9 Luas. Aqui,

2 - Como você conheceu Os Paralamas? Eu trabalhava com o Marcelo Sussekind, vim para o Rio montar O Erasmo Carlos me chamou pra trabalhar com ele e fez um grupo onde o Marcelo era o baixista. Ele produziu o [primeiro e o] segundo disco do Paralamas e eu fazia som de uma porrada de gente no início dos anos 80. Sempre fui operador de P.A.,

Savalla lembra seus dias ao lado da banda.

Doce, Roupa Nova, o que pintava. No show do [17º] aniversário do Fevers no Maracanãzinho [em 1983], o Marcelo me falou: “Pô, faz o som desses meninos que eu tô produzindo?”. Aí fui fazer e eu me amarrei na galera, mesmo, gostei muito. Pintaram outros shows, volta e meia a gente se encontrava, aí o 7A

no violão. Foi quando entrei pro Paralamas. Não pra produzir, pra ser técnico de som. Larguei o Erasmo, que estava no auge, pra pegar uma banda chamou de louco, de maluco. A história é bonita porque, depois, o primeiro Disco de Ouro que eles ganharam, me deram dizendo que eu era um visionário 3 - A entrada nos anos 1990 para vocês? Não estávamos preocupados porque não tínhamos um disco igual ao outro. Um é mais soul, outro mais afro, outro mais rock, outro mais latino. Estávamos sempre na frente, sempre procurando a nada.

4 - Como era sua vida ao lado da banda? Nessa época, a gente saía pra fazer excursão mesmo. Se o show era no dia 30 em Porto Alegre, saíamos do Rio no dia 1º fazendo shows por tudo até chegar lá, ou chegava em Porto Alegre e vinha subindo, Santa Catarina, Paraná, tudo que podia fazer até São Paulo e aí voltar pra casa. Isso era um mês, dois. E, nas cidades do interior, não tinha muito o que fazer. A gente e escutando música. A vida da gente era essa.

5 - Para você, o que é um bom produtor? Não adianta ser técnico, saber tudo de mesa e de Pro Tools, ou tocar pra caramba. Um bom produtor tem que ter um bom conhecimento musical e bastante sensibilidade pra ver o que é necessário para o bem da música e para o bem do artista.

_Texto por Ariel Fagundes_Foto Acervo Pessoal _Arte por Vitória Proença

Carlos Savalla

1 - De onde veio a sua bagagem musical? Pai espanhol, mãe portuguesa. Então tango, rumba, salsa, maracha, toda parte latina foi meu pai que me ensinou. A portuguesa, com os fados, veio de vó e mãe portuguesas. Ao mesmo tempo, como estávamos no Brasil, eles tinham seus ídolos nacionais, tipo Francisco Alves, Orlando Silva, Nelson Gonçalves, Luiz Gonzaga. Então eu tinha um conhecimento musical que veio da raiz latina, do lado português e do lado brasileiro. Aí você cresce e tem um primo que apresenta um tal de Elvis Presley e o universo começa a abrir. Um outro amigo vem e mostra o clássico, Johann Sebastian Bach, que é, pra mim, o pai da música. Venho desde a infância abrindo a cabeça e o leque musical. São 60 anos ouvindo música de tudo quanto é estilo.


Exclusivo: Charly García está em paz

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A maior lenda do rock argentino fala sobre sua relação com o Brasil, Os Paralamas, as drogas e o milagroso seu novo disco, Random.

Causa da Universidad Nacional de General San Martin, tornar-se Cidadão Ilustre de Buenos Aires, ser o nome mais importante do rock argentino de todos os tempos e ter sobrevivido a décadas de uma escandalosa rotina de excessos, Carlos Alberto García Lange chegou aos 66 anos tendo a vida e a morte como suas amigas íntimas. A mídia explorou sua imagem à exaustão e foram famosas as brigas, inclusive a socos e imprensa quando era mais jovem e mais explosivo. Dar entrevistas nunca foi seu passatempo favorito, mas, aqui, publicamos uma exclusiva que Charly García concedeu à NOIZE em uma ocasião rara, talvez motivado pelo fato de a revista ser lançada com o vinil de uma banda que se tornou sua amiga. Lacônico, mas amável, respondeu a todas as perguntas feitas exceto uma: “Como está sua saúde?”. Desde 2008, o artista enfrentou uma série de internações e seu silêncio aqui apenas demonstra que a questão, no fundo, não era tão importante assim. não importa o aconteça, jamais irá morrer. La suerte del azar No dia 21/12/2016, Charly foi hospitalizado devido a um quadro de febre e desidratação. Teve alta no Natal, mas, no dia 28, foi internado para novos exames e só saiu do hospital no dia 31. Ninguém imaginava que, semanas depois, em 24/2/2017, sairia o impressionante Random. Esse é o seu 13º disco solo e seu primeiro álbum de estúdio desde Kill Gil (2010). É também o primeiro que traz apenas músicas inéditas e escritas pelo próprio Charly desde o clássico (1996) e o primeiro feito só com composições posteriores à série de internações pós-2008. Nele, Charly gravou voz, piano, teclado, guitarra, violão, baixo, bateria, bateria eletrônica e fez os samples, loops e programações. Também co do disco, que traz na capa o ichthys, símbolo em forma de peixe usado pelos primeiros cris15A

da Igreja do Peixe” (em espanhol, “pescado”). Seria uma alusão a uma das bandas mais clássicas do rock argentino, o Pescado Rabioso, um ataque irônico ao Cristianismo (que também é citado nas faixas “Amigos de Dios” e “La Máquina de Ser Feliz”) ou uma homenagem sincera aos devotos de Jesus? “Random é um álbum conceitual, assim como La Hija de la Lágrima (1994)”, é a resposta de Charly quando o assunto é o tema do disco. Vale notar que ele se refere ao que muitos consideram seu último grande trabalho antes do álbum atual. Aquele disco foi gravado de forma caótica, explorando a aleatoriedade da criação musical. Agora, Charly conta que extrapolou esse conceito fazendo com que a lista de faixas de Random fosse escolhida for um sorteio de computador. “A inspiração é o 2001: Uma Odisseia no Espaço”, explica. bém é citado na música “Ella Es Tan Kubrick”, Random faz uma ponte entre elementos artísticos do passado, presente (e quiçá do futuro) unindo o rock n’ roll a melodias da música clássica e a beats de música eletrônica. que ambos trazem uma atmosfera perturbadora e crítica. Na faixa “Primavera”, Charly canta com acidez: “Ahora que estoy rehabilitado / Saldré de gira y otra vez / Me encerrarán cuando se acabe / Y roben lo que yo gané” (em português, algo como: “Agora que estou reabilitado, sairei de novo em turnê, me deixarão fechado quando acabe e roubem tudo que eu ganhei”. Já a letra de “Amigos de Dios” mira nas igrejas neopentecostais que inundam as TVs argentinas com seus programas: “Son brasileros o de otro país / Todos se esconden bajo de de una mala actuación” (“São brasileiros ou de outro país, todos se escondem embaixo de um de uma má atuação”). O senso de humor sulfúrico de Charly não dá desconto nem quando o assunto é ele mesmo. Em “Otro”, canta: “Yo quería ser fascista / Pero no me fue bien / Después psicoanalista / Pero ahí me asusté” (“Eu queria ser facista, mas não me dei bem. Depois, psicanalista, mas aí me assustei”).

_ Texto por Ariel Fagundes _ Fotos por Nora Lezano/Divulgação Sony Music

lançamento de

Após quase 50 álbuns lançados desde 1972, um prêmio especial do Grammy por sua Ex-


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- [Componho] dando pistas diretas ou indiretas que correm paralelamente às canções e “obrigam” o ouvinte a completar a história. [Em Random,] debaixo das músicas, há uma história, que, creio, foi entendida - diz. Os números apoiam sua tese: Random ganhou Disco de Ouro na Argentina tendo vendido mais de 20 mil cópias, um feito e tanto na era do streaming. “Eu me sinto honrado pela recepção que teve um álbum onde a ordem das canções foi escolhida por dose de ironia. El maestro del rock porteño O sociólogo argentino Pablo Alabarces resume bem a importância de Charly García no prólogo do livro (2016), de José Bellas e Fernando García: banda de massas, a primeira banda de rock progressivo consistente, a primeira superbanda, a passagem à modernidade pop-roqueira; e, além disso, algumas das melhores canções da história da música popular nativa. Em 1966, aos 15, Charly formou sua primeira banda de covers, a To Walk Spanish. Em 67, conheceu Nito Mestre e formou o Sui Generis, que se tornaria um marco na Argentina. Seu disco de estreia, (1972), lançou canções cantadas até hoje, como “Canción Para Mi Muerte” e “Quizás Porqué”. Já o álbum Pequeñas Anécdotas Sobre Las Instituciones texto político da época e foi um dos primeiros a ser censurado no país: duas de suas faixas foram cortadas e outras quatro só Apesar do sucesso, em 1975, o Sui Generis se desfez. Em 76, Charly e Nito se uniram a León Gieco, Raúl Porchetto (músicos que já eram famosos na época) e Maria Rosa Yorio, cantora e deixou para se casar com Nito. O grupo se chamava PorSuiGieco y su Banda de Avestruces Domadas, fez apenas três shows e gravou só um disco homônimo. Ao mesmo tempo, já estava Pájaros, uma banda de rock progressivo que lançou dois discos. Apesar de serem cultuados, esses álbuns não venderam muito e o grupo só durou até 1977. Naquele ano, Charly estreou como artista solo criando um evento chamado El Festival del Amor, em que tocou sozinho e com vários amigos e ex-parceiros. Parte do show foi lançado no primeiro disco solo de Charly, o ao vivo , que só sairia três anos depois de ser gravado. Temendo a repressão da ditadura argentina, Charly alugou uma casa em Búzios (RJ) onde passou meses com amigos e sua nova mulher, a bailarina brasileira Marisa “Zoca” Pederneiras, lá? “Compor, pescar e tomar ácido, entre outras coisas. Depois,

nos mudamos para São Paulo em uma camionete”, contou Charly em entrevista publicada na Rolling Stone da Argentina em 1º de junho de 2002. Foi nessa viagem que surgiu sua nova banda, Serú Girán, que logo seria um estouro na Argentina. Questionado sobre sua passagem por Búzios e sua relação com o Brasil, disse apenas que ama nossa música: “Sempre gostei do seu ritmo e da sua harmonia tão rica em acordes e doçura, que eu associo com o tango”. Em 1982, quando acabou, o Serú Girán estava no seu auge. A que tenha se reunido com Sui Generis e Serú Girán em algumas turnês, tenha até gravado com eles nas décadas seguintes e também com outros parceiros musicais. Solito y feroz O primeiro álbum solo de estúdio de Charly foi o Yendo De La Cama Al Living (1982), que saiu como um disco duplo acompanhado do ao vivo Pubis Angelical. Charly então passou a soar ainda mais pop e ainda mais experimental do que era nos grupos anteriores. Em 82, já usava a recém criada drum machine Roland mundial nos anos seguintes. Seu segundo disco, (1983), lançou “No Me Dejan Salir”, faixa feita com o sample de “Please Please Please” tornando esse o primeiro álbum do mundo a trazer um sample mais sampleado de todos os tempos. Seu terceiro disco, Piano Bar (1984), além de contar com o jovem Fito Páez na banda de apoio, lançou “Rap del Exílio” quase dez anos antes de o hip hop chegar na Argentina. O disco seguinte, Parte De La Religión (1987) também tinha um varam essa faixa como convidados do disco. Paula Toller, do Kid vou com Charly “Buscando Um Símbolo De Paz”. Os brasileiros haviam feito amizade com o argentino um ano antes. “Conheci eles através do seu empresário e imediatamente surgiu uma amizade que espero que seja duradoura”, diz Charly, que segue: “Quando estamos tocando juntos, há uma cumplicidade e uma empatia que vai além do simples fato de estarmos tocando juntos”. No ano seguinte, Charly gravou o piano de “Quase Um Segundo”, do álbum Bora Bora d’Os Paralamas. Em disco Cómo Conseguir Chicas. Nesse momento, Charly García já estava mais do que consagrado, fazendo shows em estádios e vendendo muitos discos. Porém, o sucesso veio com um crescente consumo de drogas e o ar tista passou a ser conhecido por um compor tamento violento. 18A


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“O melhor grupo de rock, The Beatles, fez Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, considerado o melhor disco da história, sob a as drogas não fazem de ninguém um gênio. É uma opção pessoal.” A cidade argentina de Mendoza que o diga. Em 1983, Charly teve um ataque de fúria lá e destruiu o quarto em que estava Piano Bar. Em 1987, lançando o Parte De La Religión, Charly viveu vários incidentes. No voo para lá, brigou com um passageiro e jogou um copo de uísque na sua cara. Quando chegou ao hotel com sua equipe, houve uma discussão e todos foram expulsos. No show, irritado com parte da plateia palco, o que lhe fez ser detido pela polícia depois. Sua primeira internação devido ao abuso de drogas foi em 1991 na Clínica Psiquiátrica Villa Guadalupe. Em 1994, sua mãe lhe internou contra sua vontade provocando um rompimento com o Carlos Alberto García Moreno, mas ele trocou o sobrenome materno “Moreno” pelo paterno “Lange”. No disco El Aguante (1998), há uma faixa chamada “Kill my Mother” (em português, “mate minha mãe”). Em 1995, o jogador Diego Maradona, amigo de Charly, participou de uma campanha governamental chamada Sol Sin Drogas (“Sol Sem Drogas”), lema que fazia referência ao sol estampado na bandeira argentina. Em 1996, Charly lançou um show chamado Drogas Sin Sol. Perguntado sobre a relação que manteve com as drogas ao longo do tempo, Charly cita sua maior inspiração musical: - O melhor grupo de rock, The Beatles, fez Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band, considerado o melhor disco da história, sob a um gênio. É uma opção pessoal. Apesar das polêmicas e de ser atormentado pela mídia, sua carreira ia bem. Em 95, gravou em Miami o elogiado disco ao vivo ; e, em 97, gravou com Mercedes Sosa o álbum Alta Fidelidad, em que a maior cantora da Argentina interpreta composições dele. Mas tudo isso em meio a novos escândalos. Em 98, aos 47 anos, ele namorou uma menor de idade chamada María Florencia; no ano seguinte, após a relação 19A

acabar, Charly perseguiu a garota chegando a ir a sua escola tentando lhe convencer a reatar com ele. Na ocasião, houve Charly acabou sendo detido pela polícia de novo. No ano 2000, em uma noite após tocar com Mercedes Sosa em Mendoza, Charly recebeu uma garrafada na cabeça de uma mulher em um bar e, por isso, fugiu para seu hotel (pelo menos, essa sempre foi sua versão). Na manhã seguinte, a polícia foi à porta do seu quarto para lhe levar preso acusado de agressão e assédio sexual. Ao invés de recebê-los, o músico preferiu se atirar da janela do quarto para cair, nove andares abaixo, na o vídeo no YouTube, vale a pena) e o mais surreal foi que Charly não sofreu nada com a queda. Pelo contrário, saiu nadando tranquilamente. A lista de confusões é enorme. Em 2002, foi detido pela polícia equatoriana após quebrar os equipamentos do palco de um festival; em 2005, causou um grande tumulto em Bogotá quando disse ao público que estava feliz de estar na “Cocalômbia”; em 2007, foi acusado por cinco prostitutas de não ter pagado seus serviços e teve que fugir dos seus cafetões em Mendoza; em 2008, na mesma cidade, teve outro ataque e destruiu mais dois quartos de hotel. Depois disso, foi internado por uma pneumonia e, em seguida, foi para uma clínica de reabilitação. A partir de então, se agravaram seus problemas de saúde. Em 2012, sofreu uma queda de pressão e desmaiou em cima do piano no meio de um show em Córdoba. Em 2015, foi internado duas vezes por estar com febre e desidratação e, após quebrar o quadril, precisou botar uma prótese, que infeccionou no ano seguinte. El artista es de su pueblo Desde que tocou no festival Cosquín Rock 2014, foram poucos de Random, em março de 2017, quando tocou todas faixas do disco. Anunciado de surpresa no mesmo dia do evento e custando 1000 pesos o ingresso, o show lotou. Perguntado sobre a idolatria que existe ao seu redor hoje, Charly não é nada modesto. “Não me sinto idolatrado de uma forma comum, eu me sinto mais bem compreendido”. No seu último aniversário, em 23/10/17, Charly chamou Fito Páez e Juanse (ex-líder da banda Ratones Paranoicos) para um pequeno show festivo. Em janeiro de 2018, participou de um show do argentino Zorrito Von Quintiero no Uruguai. Talvez nunca mais vejamos outra turnê apoteótica de Charly García, mas a maior lenda do rock argentino não parece preocupada com isso. Perguntado sobre qual é o seu objetivo de vida hoje, ele diz apenas: “Deixar as pessoas felizes”.


Pela primeira vez na vida, Charly GarcĂ­a parece estar em paz. Perguntado se tem algum arrependimento em sua vida, ele ĂŠ categĂłrico:

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texto Ariel Fagundes fotos Rafael Rocha

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Apesar do alto investimento feito em Severino (1994), esse foi o menor sucesso comercial de toda discografia d’Os Paralamas do Sucesso. O próximo álbum de estúdio,

9 Luas, nasceu do desejo de voltar às origens da banda, trazendo canções que se eternizam por sua beleza simples e avassaladora. Acompanhe-nos aqui em uma volta pela órbita do disco que foi responsável por estabelecer a assinatura sonora definitiva do Paralamas. 23A


Mais veloz que a luz Por mais irônica que tenha sido a escolha do nome da banda, Os Paralamas podem dizer que conhecem várias

No Céu, Havia Nove Luas

João Barone começaram a tocar juntos, em 1982, foi uma questão de três anos até que eles já tivessem lançado dois discos repletos de hits, fossem aclamados pela crítica país, o Rock In Rio. A partir de 85, o grupo se consagrou como um dos mais importantes do cenário musical que fervilhava entre os jovens no Brasil. Ao lado de bandas tão diferentes quanto Os Titãs, Barão Vermelho, Blitz e Kid Abelha, estavam debaixo do heterogêneo guarda-chuva do Rock Brasileiro dos Anos 80 - ainda que “rock” nunca tenha sido um termo que descrevesse com precisão o som do Paralamas. sada da música jamaicana já eram elementos evidentes no seu álbum de estreia, (1983). O seguinte, O Passo do Lui (1984), apresenta a introdução dos ritmos latinos com a levada caribenha da faixa de abertura, sicas africanas e brasileiras no próximo trabalho da banda, Selvagem? (1986). Na matéria “Paralamas: em busca do batuque esquecido”, publicada na revista Bizz abertura sonora ao repórter José Emílio Rondeau: “A gente vinha explicitando essa coisa do groove desde os últimos shows da turnê d’O Passo do Lui. Cada noite subíamos no palco com uma tonelada de equipamentos novos – delays, harmonizers, percussão eletrônica -, e

reportagem “Os Paralamas trocam rock por reggae e samba”, publiMárcia Cezimbra: “O rock virou pastiche do rock. Nossa inquietação artística nos levou aos ‘raps’ raciais da Jamaica e ao funk dos subúrbios do Rio. Nadamos numa experiência nova”. Em 1987, essa fase da banda foi registrada em uma apresentação no renomado Festival de Jazz de Montreux, cuja gravação se transformou no seu primeiro álbum ao vivo, o D. de 1980, o som do Paralamas havia se transformado em uma grande salada musical que incluía tantos ingredientes diferentes que já era do então técnico de som Carlos Savalla [que você conhece melhor nas páginas 6A e 7A] como produtor foi determinante para o que se ou24A

viria nos três discos seguintes: Bora Bora (1988), Big Bang (1989) e Os Grãos (1991). shows da banda se tornou absurdamente intensa. “A gente trabalhava pra caralho. Cara, você não tem ideia do que era a vida do Paralamas”, lembra Savalla em entrevista por telefone. Os Paralamas seguiam em longas turnês no início dos anos 1990 até que, em meados de 1993, havia chegado a hora de um novo álbum. Porém, na mesma época, Savalla foi convidado para gravar o terceiro disco de um grupo venezuelano chamado Desorden Público, que se tornaria o álbum te - Eu falei: “Cara, fui convidado pra fazer um disco na Venezuela de um grupo de ska e eu vou fazer. Aí você faz o seguinte: vai pra Inglaterra, pega o pica das galáxias e conhece tudo de rock n’ roll que você puder que eu vou pra América Latina descobrir tudo de música latina. E a gente se cruza no próximo com tudo que eu peguei de latino e, você, com tudo que pegou de rock n’ roll”. E foi o que a gente fez. Fiz meu disco lá, foi Disco de Ouro, um divisor Severino.


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dio inéditas: “Uma Brasileira”, “Saber Amar”, “Luis Inácio (300 Picaretas)” e “Esta Tarde”. Estima-se que mais de 1 milhão de cópias tenham sido vendidas, mas provavelmente foram muito mais. Antes das gravações desse ao vivo, no dia 16/12/1994, houve um show para convidados que não foi gravado.

tivessem me falado, eu ia largar eles na mão. Aí, quando

era outro dia né”, lembra.

Gravado em um longo processo entre novembro de 1993 e fevereiro de 1994, produzido por Phil Manzanera (guitarrista do Quiet Sun e do Roxy Music, que já produziu John Cale e Pink Floyd), contando com a participação especial de músicos como Brian May (guitarrista do Queen), Fito Páez, Tom Zé e Egberto Gismontti, Severino Paralamas. “Foi o que menos vendeu”, lembra o baixista Bi Ribeiro. “Foi um disco muito demorado, o processo

aquilo não acabava mais!”, comenta Bi. Mas a vida é engraçada. Severino vendeu meras 55 mil cópias, que, na época, foi considerado bem pouco para o Paralamas, no entanto a banda seguiu em turnê divulgando o álbum e, nos dias 17 e 18/12/94, fez dois shows em São Paulo que foram gravados e se transformaram no segundo ao vivo do grupo, o antológico (1995), que foi o maior estouro comercial das suas vidas. tarde, também em DVD) e em uma edição que trazia o CD do show e mais um EP com quatro músicas de estú-

Vianna. Lulu Santos, Nando Reis e Marcelo Fromer (na época, d’Os Titãs) e Thedy Corrêa (do Nenhum de Nós) estão presentes como parceiros ça” e “Um Pequeno Imprevisto”, respectivamente. Essas canções, segundo Os Paralamas contaram em uma tarde de café e pão de queijo na casa de Bi, são exceções considerando o processo criativo usual do grupo. “Em geral, é nas internas da banda mesmo. É que, quanto mais a gente tinha possibilidade de rodar o país, acabávamos, de uma certa

Tendo nas mãos um farto material para trabalhar, o clima era de empolgação quando Os Paralamas entraram no estúdio carioca Imfase em que escrevia pra caramba e a gente estava com a auto-estima bem elevada”, lembra João Barone retornando a abril de 1996. “Nós gostamos de já chegar com as músicas prontas e sair gravando logo. Nessa época, a gente estava querendo fazer como sempre havíamos feito: gravar logo e mixar logo. Porque o outro [o Severino] foi traumaEm entrevista à repórter Marisa Adán Gil, publicada pela Folha de S. 25A

_ por Ariel Fagundes _ fotos por Rafael Rocha

Um recomeço é uma forma de se encontrar Em função do sucesso de , Os Paralamas entraram de novo em uma turnê enorme que contou com 89 shows passando por todo Brasil além de Argentina, Chile, Venezuela, Inglaterra, Japão, Colômbia e Uruguai. Foi durante essa correria toda que nasceram as músicas do álbum seguinte, o 9 Luas bert provoca uma composição”, diz Bi. “Por casualidade, as composições vão surgindo naturalmente no ritmo em


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mesmo é que foram feitos na hora em que a gente foi gravar”, diz Barone para logo acrescentar: - Metemos a cara no estúdio e foi rapidinho. Isso tinha a ver, também, com a dinâmica do João Augusto [na época, executivo da gravadora EMI], que dava o maior gás. Ele sempre foi um cara muito positivo com os Paralamas. “Beleza, vamos mixar em Los Angeles? Vamos lá!” (Risos) A gente gravou em abril, no mês seguinte mixou [no estúdio Enterprise, em Los Angeles] e o disco estava saindo já em junho. Mantendo a constância dos álbuns anteriores, nenhuma das faixas do 9 Luas samba latinizado de “Outra Beleza” (que contou com os vocais do grupo As Gatas, famoso por acompanhar artistas como Alcione, Clara Nunes e Bezerra da Silva),

9 Luas era se voltar a canções mais simples ao invés de explorar a experimentação que haviam feito no disco de estúdio anterior: - As músicas de Severino partiam de conceitos. O resultado foram experimentos, não canções. Ficamos cheios daquilo, queríamos fazer canções de novo. Cansei de trabalhar com computadores, voltei a tocar guitarra. O disco [9 Luas] é muito simples. Não tem nada tocado por máquina. São canções que podem ser tocadas no violão As doze música que entraram em 9 Luas já estavam compostas e ensaiadas no momento em que a banda entrou no estúdio, pois, mesmo com as turnês exaustivas, o grupo seguia ensaiando novos repertórios continuamente. “Eu não participava do processo de composição do ele a compor, pelo contrário”, conta Savalla. “Mas, depois, demos das músicas pra ver que levada fazer, que caminho seguir”, conta o produtor: “A gente ia testando e via o “Chegamos já sabendo o que gravaríamos, algumas faixas não estavam bem resolvidas ainda, mas a gente já sabia

apoteótico de “De Música Ligeira”, o reggae melancólico de “Capitão de Indústria”, e por aí vai. “Com um nome desses, você queria o quê? Uma lua igual a outra?”, diz Savalla caindo em uma gargalhada: - Não podia ser um disco com regras. Quando fazemos um disco, depois é que vemos se ele foi mais para um lado X ou Y. Não havia pretensão de preparar um disco com tal sonoridade, a gente pegava as músicas e fazia um disco do caralho. Depois via o que fazer com ele explica o produtor de 9 Luas. Lançando hits como “Lourinha Bombril”, “Outra Beleza”, “La Bella Luna” e Busca Vida”, que ganharam uma série de videoclipes premiados pela MTV brasileira na época, o álbum aproveitou o embalo de e também se tornou um dos maiores sucessos da disDuplo, estima-se que o CD tenha vendido bem mais do que 600 mil cópias na época do seu lançamento. rendeu outra excursão enorme, foi bacana. Vendeu bastante”, lembra Savalla. “Muita gente começou a seguir os Paralamas a partir do Batê Lata”, diz Bi. “Foi uma virada, uma renovação de público”, acrescenta João referindo-se a meados de 1996. Conforme o texto de descrição do 9 Luas Paralamas, esse foi o disco que “levou o grupo a uma assinatura musiHey Na Na (1998), é bastante irmão dele”. Acompanhe Os Paralamas do Sucesso nas duas páginas seguintes em um passeio por todas as faixas do 9 Luas tam o que lembram sobre cada uma das canções. 28A


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_ _por porAriel ArielFagundes Fagundes_ _fotos fotospor porBeatriz Rafael Perini Rocha

“A gente não para pra compor. As composições vão surgindo no ritmo em que a gente esteja” Herbert Vianna

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9 luas faixa a faixa

Cada uma das faixas do disco representa um mundo de histórias e sonoridades. Aqui, Herbert, Bi e João apresentam as músicas para que você as ouça com outros ouvidos. Lado A 1) Lourinha Bombril “A gente ouviu ‘Párate y Mira’, do Los Pericos, lá na Argentina

gar, meio quebrada, uma espécie de reggae meio caribenho. Fizemos um negócio mais pra frente”, João. “Não sobrou nada da letra original, é totalmente outra. Não é uma versão, é uma outra música”, Bi. “Isso foi uma decorrência de imagens que iam surgindo e me motivando a continuar com a série de imagens

2) Outra Beleza “Essa foi criada a partir da ideia de que a Lucy [Victoria Lucy não era exatamente o clichê da beleza carioca, mas era uma pessoa, pra mim, extremamente linda. Ela era uma inglesa que não era exatamente bela, mas era uma pessoa de uma amplitu30A


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de, de uma riqueza, de um brilho interior, sobrenaturais e, a partir daí, comecei o processo de tentar descrever isso. Fui concebendo a ideia de uma outra beleza e comecei a criar algumas imagens de texto em torno dela. A gente foi gravando ela e, lá pelas tantas, pedimos para o Marçalzinho [Armando de Souza Marçal, percussionista], que estava com a gente,

novelas e, na da novela Selva de Pedra cou na minha cabeça durante todo esse tempo, desde lá até o momento em que decidimos quais canções iriam para o disco. E, nessa época, eu estava começando a super amizade que tenho com o Paulo Sérgio, com quem depois escrevi outras coisas [“Se eu não te amasse tanto assim” e “Aonde quer que eu vá” são parcerias

foi. Foi por te ver andando reto’ (cantando). Isso foi quando, depois de um trauma muito dolorido em termos afetivos pra mim, conheci a Lucy e vi acender uma

4) Seja Você “Essa é sobre o aprendizado afetivo do início da juventude, pós-adolescente e de

3) La Bella Luna -

decorrência natural, não, mas é que ele disparou certas imagens e conceitos que

6) O Caminho Pisado “Aqui foi uma coisa de se deixar guiar pelo ritmo das sílabas tônicas da canção”,

também não”, Bi.

Lado B 4) De Música Ligeira “Acho que o Soda Stereo estava no festival [Chateau Rock] de 86, quando fomos para a Argentina pela primeira vez”, Bi. “Ficamos muito impressionados com a idolatria e o fanatismo que existia a respeito deles e com o retorno que eles alguns lugares com eles fora da Argentina e era impressionante. Essa era uma música deles que a gente gostava e resolvemos fazer uma versão. Foi curioso que o Capital Inicial, anos depois, fez outra [chamada ‘À Sua Maneira’] e eles não sabiam que a gente tinha feito também (risos). O Dinho [Ouro Preto] é meio desligado”, Bi. “É engraçado quando alguém ouve e fala: ‘Essa música foi a que o Capital gravou’ (risos)”, João. 5) Capitão de Indústria “Sou muito amigo do Paulo Sérgio Valle [que compôs essa música com Marcos Valle], mas antes disso, em Brasília ainda, meu irmão mais velho sempre conseguia emprestado os discos das trilhas das

5) Na Nossa Casa “Essa era sobre a separação dos seus pais?”, João. “Sim. A gente tinha sido uma família muito sólida, que cultivava isso. Meus pais tinham um discurso, com os

1) Busca Vida “O nome é por causa de uma praia na férias”, Bi. “Sim, aí como decorrência,

2) O Caroço da Cabeça “Saiu em uma noitada com os Titãs. Estava todo mundo lá e cada um foi dando uma frase”, Bi. “Eu lembro do primeiro momento, do Marcelo [Fromer, na época guitarrista do Titãs], no típico humor corrosivo que ele tinha, fazendo uma brincadeira beirando o cinismo, mas com muito senso de humor, em que ele veio com esse negócio de ‘caroço da cabeça’.

não sei o quê. E, naquele momento, foi descoberto não só que meu pai tinha uma vida paralela muito intensa como a gente começou a se dar conta do trauma causado a ele pela minha mãe numa relação tão possessiva, tão exclusivista e tão primitiva, digamos. O clichê do clichê bert. “Foi uma maneira muito elevada de você abordar o que aconteceu. Porque a gente sabe, casamento pode durar a vida inteira ou pode acabar (risos). Eu tô no terceiro!”, João. “Foi bem traumático na família dele. Eram trinta e tantos anos de todo mundo”, Bi. “E a música fala de uma maneira muito bonita sobre isso”, João. 6) Um Pequeno Imprevisto “‘No céu havia nove luas e nunca mais -

3) Sempre Te Quis “Cara, eu não lembrava dessa música”, João. “É que a gente só gravou e nunca mais tocou ela”, Bi. “Ah, acho que a Ivete gravou essa música”, João [na verdade, foi Daniela Mercury no disco Rua (1994)]. “‘Todo receio, todo remédio, tudo que sempre causava dor e medo se 31A

e o Thedy [Corrêa, do Nenhum de Nós, parceiro de composição da música] nos falávamos bastante pelo telefone e ele manifestava muito entusiasmo. Aí come-


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_ Texto por Ariel Fagundes _Arte por Jade Teixeira


noize.com.br Em 1969, a TV Globo revolucionou a teledramaturgia nacional ao criar uma trilha sonora inteira feita só para essa novela das oito. Nela, Elis Regina gravou “Irene”, de Caetano Veloso, já Chico

música “Gente Humilde”, em parceria a trilha foi Nelson Motta e ele chamou MIlhas)”.

Marcos e seu irmão, o letrista Paulo Sérgio Valle, foram chamados para compor a trilha dessa novela das sete em 1970 com Egberto Gismonti, Antonio Adolfo e Nonato “Pigmalião 70”, foi feita pelos irmãos Valle.


Marcos Valle veio da bossa nova, mas em 1970, ele conheceu a psicodélica banda Som Imaginário e, com ela, gravou seu

You” décadas depois.

O disco seguinte de Marcos Valle, Garra (1971), veio carregado de soul, em sintonia com a música negra dos Estados Unidos da época.


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“Os caras [da TV Globo] pediram Paulo Sérgio uma trilha inteira”, conta Marcos Valle. “Eles queriam o meu estilo musical: ‘Manda ver

época, era mais artesanal do que hoje”, conta Marcos. “Antigamente, se encomendavam muitos temas. ‘Olha, tem um personagem assim, assado, gostaríamos

gente quer’, eles disseram. Naquela

música especialmente pra esse personagem’. Era assim”,

lembra o irmão Paulo Sérgio Valle. “Quando trilhas, podíamos botar a nossa cara. Eles davam a sinopse da novela e, dentro uma música pra cá, outra música pra lá”, lembra Marcos.

Escrita por Janete Clair, com seus 243 11ª novela das oito da Globo foi um dos maiores sucessos da emissora. “Ela teve uma repercussão espetacular, foi uma das grandes novelas da Globo. Ficou muito após o lançamento da novela, quando Ro-

que Santeiro (1975) foi censurada, Selva de Pedra Em 1980, passou de novo em uma versão compacta de 1h30. Seis anos depois, a Selva de Pedra, elenco.


O vocalista d’Os Paralamas não poderia imaginar que faria sucesso com uma regravação do tema “Capitão de Indústria”. A música se referia a um dos personagens principais de Selva de Pedra, o presidente de um estaleiro chamado Cristiano Vilhena, interpretado por Francisco Cuoco. “Foi o Djalma Dias quem gravou ‘Capitão de Indústria’ na trilha da novela, chamei ele porque tinha

um soul, em Ré Maior, e ela tem um caminho meio de blues. Começo ela lenta e, mais adiante, já entro no de uma coisa forte e ela mostra bem o meus lados pop e black, que sempre Ela vai crescendo, mas não é complicada, não é rebuscada ou com muitos acordes. Ela tem umas passagens harmônicas, o que é uma característica minha, mas são acordes abertos, não são acordes muito dissonantes. Tem essa coisa do rock mesmo”, comenta Marcos.

“O Francisco Cuoco era uma espécie de ‘capitão de letra uma crítica ao tipo de homem que só pensava em trabalhar, em ganhar dinheiro, e não curtia a vida, não tinha tempo nem mesmo pra si, só voltado para coisas materiais. E foi uma música bastante tocada. Algumas pessoas disseram que esse negócio de ‘capitão de indústria’, da maneira que nós nos referimos, estava equivocada porque o capitão de indústria é necessário, é a locomotiva que toca um negócio, que toca o país, etc. E outros concordaram que o homem não pode viver só pra trabalhar e ganhar dinheiro. As opiniões Paulo Sérgio Valle.


noize.com.br “O Herbert levou a música para outro lado, a harmonia permanece a mesma, mas ele

mais rock e com reggae na história. Eu achei bom demais. Acho que se enquadrou perfeitamente no arranjo diferente que Os mas não foge ao que eu poderia imaginar rock com música brasileira, com reggae, com som latino, eu acho o maior barato do som independente da minha e do meu irmão”, comenta Marcos Valle.

‘Capitão de Indústria’ porque ele e Os Paralamas trabalhavam muito e ele também não tinha tempo para nada. Ele trabalhava demais e não tinha tempo nem pra se divertir, nem pra sair com a família. Era um verdadeiro capitão de indústria da música”, conta Paulo Sergio Valle. “A gente já tocava nos shows ‘Capitão de Indústria’, antes de gravar. Durmo pra trabalhar, corro pra trabalhar... Aquela música de vários discos da banda incluindo o 9 Luas.


_ Texto por Ariel Fagundes _Arte por Lucas Abreu

As diferentes luas de Pedro Ribeiro Irmão do baixista Bi Ribeiro, Pedro acompanha Os Paralamas do Sucesso desde que surgiram. É ele o jovem que está na foto da capa do disco Selvagem? (1986) e é ele o autor da pintura estampada na capa do 9 Luas. Aqui, ele conta como se aventurou no mundo das tintas para criar a cara desse álbum.

“Os Paralamas estavam gravando o 9 Luas e aí surgiu a ideia de procurar um curador, o Gringo Cardia, para fazer a capa e achar artistas tivesse a ver com o conceito do disco. Eu, por ser irmão do Bi e ser artista, fui convidado. E eu tinha uma vantagem sobre os caras: apesar de

eu, trabalhei minha vida toda com Os Paralamas. Então, eu conhecia o conceito do disco, já conhecia as músicas por causa dos ensaios, sempre acompanhava eles na gravação, eu lia as letras - em uma época sem e-mail né? -, ajudava na produção do disco em geral. Depois vi a capa, a ordem das músicas, que músicas iam entrar. Se você disco eu estou citado como Assistente de Produção. Na verdade, sou um artista de ocasião. Tenho vários trabalhos em várias partes da arte, mas não sou exatamente um pintor nem pinto, eu faço outras coisas. Faço esculturas de arame, junto um monte de coisa e monto uma escultura ou um boneco ou um brinquedo interessante. Eu pinto como amador desde criança,

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sempre pintei, mas eu não esculturas de arame. E eles também não pediram uma pintura, pediram um trabalho que tivesse a ver com o conceito de “nove luas”. Mas, por exemplo, eu não saberia exatamente como fazer isso em uma escultura de arame. Fui pra pintura porque sabia que todos os outros concorrentes eram pintores e, gradisco, eu só consegui pensar em uma pintura.

Fiz em casa mesmo e foi uma coisa rápida. Ela deve ter uns, sei lá, 35cm x 50cm, mais ou escritório d’Os Paralamas. Eu teve esse problema. Eu não sabia exatamente disso, mas tinha que fazer de um tamanho que coubesse no disco. Depois, eles deram um jeito. Eu pensei muito [no que pintar] porque o meu conceito de “nove luas” era o mesmo são nove luas para se ter um Mas eu também queria mostrar que [os sons do disco] eram ecléticos, então eram nove luas e nove diferentes luas. Foi o que eu tentei transpor ali na capa. Nove diferentes luas”.


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Um caso de família

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Texto e fotos por Maurício Valladares

Nem percebi quando a fotografia entrou na minha vida. É coisa de família, meu pai fotografava muito, acho que isso me foi transferido no leite materno. Minha primeira máquina, por exemplo, foi uma [Canon] Canonet, que meu pai me deu. Em 1982, eu tinha um programa na Fluminense FM e fiz uma promoção com o disco Combat Rock, do Clash. Entre as pessoas que ganharam, tinha um tal de Hermano Vianna. Começamos a conversar, tínhamos vários assuntos em comum, aí falei: “Vem aqui em casa pegar o disco!”. Ele foi e falou: “Na próxima, vou trazer a demo da banda do meu irmão”. “Ah, que maneiro, qual é a banda?”. “Os Paralamas do Sucesso”. E eu: “Pô, mas que nomezinho mequetrefe, hein?!”. Aí a fita chegou, comecei a tocar na rádio, ficamos próximos e estamos juntos até hoje.


Naquela época, tudo acontecia sem muitas razões. Comecei a viajar com eles, mas era um negócio de amizade. “Vamos pra Piracicaba ver o show, tomar umas cervejas, fazer umas merdas e fazer umas fotos? Vamos!”, era assim. Nunca existiu e jamais existirá uma relação de banda e fotógrafo como a dos Paralamas

Um Caso de Família

comigo. Nosso entendimento resultou num corpo de imagens verdadeiro. Essa é a magia, né. Depois de muitas aventuras, gravações, momentos de intimidade, de camaradagem, hoje, meu programa Ronca Ronca, que é ouvido no site roncaronca.com.br, é gravado no estúdio onde Os Paralamas ensaiam, do lado do baixo do Bi, em frente à bateria do João e do lado da guitarra do Herbert. Eles são minha segunda família e, em muitas situações, a primeira.

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_Texto e Fotos por MaurĂ­cio Valladares


Um Caso de FamĂ­lia


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_Texto Fotos por MaurĂ­cio Valladares _fotoseGabriel Rolim e Ariel Fagundes


Led Zeppelin III (1970) Led Zeppelin

Eu menciono o Led Zeppelin III porque é um disco que traz um crossing de peso e de coisas folclóricas acústicas que o Jimmy Page traz à tona. Com isso, com esse álbum, a banda passou a criar outras dimensões mais amplas do que só aquele peso puro e simples. É um disco absolutamente genial, eu ouvi muito durante muito tempo. Eu tinha total obsessão pelo trabalho do Jimmy Page.

Herbert Vianna

Um dos discos que eu venho ouvindo muito é Os Afro-Sambas, do Baden e do Vinicius. Todo mundo conhece esse disco, mas eu comecei a ouvir mais ele de um ano pra cá. E é maravilhoso, o disco todo é sensacional, o Baden Powell era um gênio... Caramba, é muito E esse é um disco que eu conheci tardiamente. Quer dizer, me apaixonei tardiamente. Redescobri ele agora e é muito bom.

Bi Ribeiro

Os Afro-Sambas (1966) Baden Powell e Vinicius de Moraes


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Costumo mencionar o Time Out, sempre que tenho que lembrar de um disco importante acabo me lembrando desse. Foi um disco que a gente ouviu muito lá em casa e ainda hoje ele está sempre no meu

Time Out (1959) The Dave Brubeck Quartet

da coisa baterística, pelo fato de encarar o jazz de uma maneira mais vanguardista. Naquela época já, tentava ir além dos clichês do jazz. Sempre lembro desse disco com carinho.

João Barone

Outro álbum que, para mim, teve a mesma dimensão do que o Led Zeppelin III é aquele primeiro disco solo do George o Por Os Paralamas do Sucesso

Foi marcante pra mim a mistura de coisas acústicas e elétricas que ele apresenta, ainda mais com a abertura que ele estava dando para o

Herbert, Bi e João destacam aqui álbuns que se tornaram seus amigos e lhe ajudaram a formar suas bagagens musicais.

espiritual, todo aquele conhecimento oriental

Herbert Vianna

All Things Must Pass (1970) George Harrison 13B


Bingo: O Rei das Manhãs Daniel Rezende

você vai assistindo, vai lhe conquistando. Não é um algumas referências aos anos 80 me chamaram atenção, achei de extremo bom gosto. A interpretação do Vladimir Brichta é incrível, acho que ele deu alguns passos além com esse papel. E é uma consegue tirar da cabeça. cenas, do ambiente, da interpretação dele. É um

nacional é fraco.

Thedy Corrêa

O Último Concerto Yaron Zilberman

as vaidades e sobre a importância que cada um tem. Qualquer tipo de músico que se junte depende um do outro, você pode até ser o maestro, mas depende

muita música em volta. O que, pra mim, é tudo.

Marcos Valle


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Cartas Na Rua Charles Bukowski

Pra mim, a introdução no mundo do Bukowski veio com esse livro, indico pra quem quer conhecer um cara que é um outsider, mas que é também um dos campeões de citações na internet. Ele é um escritor de uma qualidade incrível, que poderia ter feito parte da geração beat pelo seu tipo de literatura.

Thedy Corrêa

Rita Lee Uma autobiografia Rita Lee Foi o Lulu [Santos] quem me deu essa dica. Em um livro, se você for falar só do lado que as pessoas já conhecem, é meio chato porque não traz surpresas. Mas esse da Rita Lee é fantástico justamente porque ela abre a vida. Ela vai contando mesmo e, aí, você se interessa pela coragem dela. Recomendo bastante.

A coleção infantil do Monteiro Lobato foi uma série que devorei de maneira brutal, cheguei a ler dezenas de vezes cada um dos livros, especialmente e Os Doze Trabalhos de Hércules. Quando era novo, mergulhei com muito ânimo na mitologia grega a ponto de o meu pai ter cultivado a ideia de me mandar para um programa de TV responder perguntas sobre o Monteiro Lobato e sobre mitologia.

Herbert Vianna

Obras Completas de Monteiro Lobato - Literatura Infantil Monteiro Lobato

Marcos Valle

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Bandas que você

_ Texto por Leonardo Baldessarelli _Foto por Truls Bakken/Reprodução

não conhece mas

deveria

começando a ouvir música. Aliás, é por isso que eu na Noruega? Olha, isso não é algo que eu pense muito no meu dia a dia, mas imagino que sim, né? Tem gente fazendo de tudo em qualquer lugar. Aliás, eu gosto bastante de quase tudo do ska que eu ouvi, mas não sou muito ligado no gênero

Pois é, é um estilo bem clássico e que muita gente da nossa geração só ouviu nas rádios misturado, seja com o punk ou com o rock mais pop mesmo, é só lembrar do The Police, do Sublime, do No Doubt. E, se você for parar pra pensar, essas ceram - e não tem quase nada do rock ou indie atual pra botar o estilo na cabeça de quem tá

Peraí, como assim? É que essas quatro mulheres que você tá vendo aí na foto são norueguesas, nasceram todas em 1991 e formam uma banda de ‘indie-ska-pop-ropra saber se você tinha ouvido falar qualquer coisa sobre elas.

nunca ouvi falar. Isso é meio triste, já que elas mandam muito bem, mas também não me surpreende. E você nem me


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RAZIKA w w w.r a zi ka.n o

O som das quatro minas junta aquele indie meio doce, inspirado nos anos 60 e que bombou na década passada, com post-punk e a cozinha e atitude do ska. Dá pra caem mais pro ska punk e para aquelas sonoridades que trouxeram o estilo pro pop nas últimas décadas, mas tudo é tão direto e rápido que a gente esquece logo isso. E a mistureba que elas fazem até me botou pra pensar no pouco de ska que tem em bandas como os Strokes, por exemplo. eu estou querendo chegar. quei com vontade de ouvir, nem que seja

algumas músicas só pra conhecer, mas tem algo a mais do que isso?

Certo, eu acredito. Mas preciso ouvir, né? Então, o que elas já lançaram? Tem alguma música delas que eu preciso mui-

É que, sei lá, eu senti nelas um clima de “querer levar o ska pro mundo”, assim. popular enquanto continua ligado às próprias raízes, ao que gosta mesmo de ouvir e tocar. Tanto que a cozinha nem é tão pesada, não tem aqueles graves explodindo na mixagem, por exemplo. E, claro, o ska realmente não precisa de quatro minas norueguesas para continuar acontecendo, mas o som delas é tão sincero, na lata e com a cara dessa geração nova que é meio elas fazem.

Não exatamente, mas recomendo começar pelo primeiro álbum, Program 91, de 2011. É o que mais abraça o ska e também é o que elas mais cantam em inglês, mesmo que o clima indie soe meio “envelhecido” hoje em dia - os seguintes puxam muito mais para o norueguês, aí vai muito pela sua vontade de ouvir algo numa língua completamente isolada da nossa realidade. Ah, isso pode ser ainda mais legal, mas vou seguir sua dica e começar pelo primeiro. Se eu gostar, ouço tudo.


a melodia do refrão

de “Evidências”

2 - Encaixe a letra na melodia cuidando os sons dos acordes e das palavras. Se uma melodia tem quatro notas musicais e você bota uma letra com seis sílabas, vai sobrar. E se você botar uma palavra que contraria o som do Tem momentos da música em que você tem que ter o encontro exato do som da letra com o do acorde.

_Por Paulo Sérgio Valle _ Foto Luiza Tozzi _Arte Árthur Teixeira

*Acompanhe cantan do

1 - Pense no tema, mas não se prenda. O processo de criação é mágico. Nem sempre você tem um tema objetivo, às vezes vai escrevendo e não sabe como terminar, pode ser tanto com uma frase muito triste ou muito alegre.

3 - Faça um bom refrão. É muito mais fácil de o público cantar porque, geralmente, a melodia é mais fácil e a letra tem frases marcantes. É um truque para deixar a música na memória e na voz do público. 4 - Entenda o contexto. Temos que nos ater às circunstâncias, o momento hoje é de música simples, as que estão estourando são quase primárias. Mas esteja preparado para surpresas. Nunca consegui compor uma música e saber mesmo se ia fazer sucesso.

Material Necessário - Uma boa canção de base - Musicalidade - Dedicação

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5 - Seja simples, mas não simplório. Se você é muito complexo, o público não canta porque é difícil, ou porque não entende a letra, ou porque a melodia segue um caminho complicado. Uma música mais simples, o público canta. Mas isso é difícil de entender. “Evidências” tem uma letra enorme e, no entanto, é a música mais cantada em karaokês e é uma das mais tocadas há 40 anos no Brasil. Não tem outro jeito, o grande juiz é o público.


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