Revista Noize apresenta:
AS REGRAS DO JO GO
Um manual colaborativo sobre o que, quando e como fazer para deixar sua banda profi. Mande a sua verdade. Colabore com a sua regra. Nos conte a sua história. Entre no time. noize@noize.com.br A sua colaboração – devidamente creditada, claro - pode entrar para o nova versão do manual, que será impressa no fim do ano.
Cada jogo vem com um punhado de regras+1 que, se seguidas a risca, levam a pelo menos uma vitória. Segui-las, portanto, é sempre a escolha mais segura. Afinal, trilhar o caminho já trilhado é, no mínimo, conhecer as tocas do perigo. Acontece que existe sorte. Existe malandragem. Existe destino. E, sobretudo, existe a variável decisiva do talento. Ou isso que nós tão descuidadamente chamamos de talento e que por si só não define sucesso ou pódium. Para tentar ordenar um pouco as caóticas, mutáveis e temperamentais regras da cultura musical brasileira reunimos produtores, jornalistas, donos de casas de shows, cambistas e músicos de bandas que um dia foram apenas um bando de amigos e algumas guitarras velhas. Ou seja, todo mundo que faz parte do hot music business. Com base em depoimentos, histórias reais e “pulos do gato” destes profissionais, fizemos o primeiro “As Regras do Jogo”. Cheio de dicas, sem auto ajuda e com nenhuma verdade incontestável ou absoluta. Portanto,
PLAY THE GAME
1 Identidade
“É do produto artístico que parte o todo. Se Michael Jackson fizesse música concreta não adiantaria nada usar a roupa que ele usava e dançar como ele dançava. O artista tem que fazer o que sente, pra ser de coração, de verdade. Tem artista que gosta de botar essa premissa nas mãos de outras pessoas, mas no momento em que criamos a Trama todos os artistas se queixavam da interferência não-consensual de grandes gravadoras.” João Marcello Bôscoli, diretor da gravadora Trama “Eu acho que é legal ter uma imagem bem cuidada, no sentido de só soltar vídeos bons, mesmo que sejam web-clipes bem simples. Uma banda que toma o devido cuidado com isso já meio que sai na frente do resto. E isso se aplica a tudo: um logo massa, um twitter ou página no facebook sem analfabetismo e miguxês, o que também dá muita credibilidade pro trampo do cara. E hoje com o YouTube a pessoa não precisa fazer nada mais do que dar UM clique pra ver teu vídeo. Agora, se a música for uma merda, nem Spike Jonze salva.” Lucas Silveira, vocalista da Fresno
[+1] O livro “Palavra Pintada” de Tom Wolfe (Ed. Rocco) define 3 etapas rumo a notoriedade
2 Posicionamento
“Eu acho que tem coisas maravilhosas e muito honestas no mainstream, e coisas fake também. Assim como existe o fake no underground. Eu não acredito muito nessa classificação, e não acho que estar no mainstream significa banalizar algo. Eu, particularmente, como músico, quero atingir o maior número de pessoas possíveis com meu trabalho, honestamente e sempre priorizando pela qualidade do que está feito, seja em termos de arranjo, letra, melodia ou repertório pra comunicação verdadeira daquilo que eu produzo. Agora, se for da natureza honesta do cara cantar o que quer que seja e assim encontrar seu espaço e der certo, que lindo+2.” Filipe Catto, cantor “Pra dar certo tem que fazer o que gosta: o negócio é se importar com o que a banda e seus integrantes gostam de fazer, e não o que acham que vão gostar. O público muda toda hora.” Cacá, vocalista do Copacabana Club “Tem muita banda que não se dá valor, que tem um puta som mas não tem aspirações. Parece que o sonho deles é ser sempre uma banda injustiçada. Em compensação, tem banda que acha que é estrela e precisa comer muuuito arroz com feijão ainda. Vimos os dois casos. E acho que é bom achar um meio termo, saber o seu valor mas não se supervalorizar.” Marçal Righi, organizador do Jukebox Festival
“O processo de aprendizagem e formação é permanente; geralmente, algumas pessoas se dão por satisfeitas com algum saber adquirido e por vezes desdenham quem mantém uma busca constante de esclarecimento/ conteúdo através dos conhecimentos formais (academia, digamos assim). Devia ser diferente.” Frank Jorge, compositor e vocalista da Graforréia Xilarmônica “Me entristece muito saber da quantidade de bandas ótimas no Brasil, com gente ridiculamente talentosa, mas que não tem a menor manha ou disposição pra fazer aquilo ser conhecido. Aí ficam num ostracismo que cansa, o cara entra numas nóias de achar que é ruim, ou então fica se achando fodão demais e culpando isso pelo seu insucesso.” Lucas Silveira, vocalista da Fresno
“É muito difícil verbalizar, mas frescor é virtude fundamental. Não tenho ilusão de que vá conseguir encontrar artista que crie novo gênero de uma hora pra outra. Mas pode botar assinatura pessoal, frescor, personalidade dele naquela música. Por exemplo, Rappin Hood faz rap brasileiro, mas tem assinatura própria. Nação também. E dá pra extrapolar, porque surgiram junto com um gênero. Mas existe uma série de artistas que não inventaram gêneros, embora tenham botado muito de si. E mais do que nunca, artista que se mexe, que tem iniciativa, corre atrás das coisas, de show, que tem uma iniciativa interessante no mundo digital, que não fique parado. Iniciativa é fundamental. Ter energia pra trabalhar. Um artista que tem assinatura própria e grande iniciativa, acho muito difícil não dar certo.” João Marcello Bôscoli, da Trama [+2] “Hoje em dia não existe mais uma fórmula tão pronta assim, nem pro sucesso, nem pro fracasso.” Filipe Catto
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Gerenciamento de carreira
Faça mais de uma coisa. E olha só: profissionalismo – mesmo quando se é ainda amador – é bom e todo mundo gosta
“Somos 10. Pra muita gente seria inviável, as pessoas pensam, ‘Se na banda são 10, a equipe técninca deve ser 30 pessoas’. Nós pensamos: somos 10, temos que fazer funcionar. Então a gente carrega instrumentos, ajuda a montar. Na banda, existem pessoas que sabem mexer na parte de sonorização, tem um economista, que sabe mexer com dinheiro. Então o que era pra ser a desvantagem se tornou a vantagem, usamos o caminho inverso. A gente tem um jornalista, tem um economista na banda, dois designers, um publicitário. Os dois biólogos entendem muito de gravação. O Esdras entende bastante de vídeos. Eu mexo na parte administrativa, o Ofuji na parte institucional e de contatos. A gente aproveitou a parte extra-banda e aplicou na empresa. Na realidade a gente deu sorte em relação a isso, mas não necessariamente tem gente formada pra tudo - procuramos é aprender e aplicar. E isso ajuda. O artista não pode ser o cara que compõe, entra no estúdio, toca e sai. Os tempos são outros. Ou você se adequa, se adapta às novas tecnologias, novo cenário, ou você tá fadado a morrer na praia. É meio camaleão, você tem que estar o tempo todo sendo criativo, sendo criativo, sendo criativo, sem deixar o lado artístico de lado. Tem que balancear as duas coisas.” Paulo Borges, Móveis Coloniais de Acaju, sax tenor e assistente de produção
“Eu acho que as bandas, em geral, têm que tocar e têm que tentar fazer o pacote todo funcionar. Tem que ter um site bacana, tem que tentar colocar a música pra fora, acho que isso é importante. A gente nunca vai saber que tem uma banda nova em Goiânia, se ela não fizer chegar até mim. Então... obviamente a gente pesquisa e procura, a gente pede dicas de vários produtores pelo Brasil inteiro, porque eles sabem que têm bandas que têm dificuldade de sair daquele nicho. Mas é importante tentar rodar, tentar participar de eventos. Cada banda tem que passar por duas fases. Tem aquela fase que é a do investimento - que é muito importante, quando a banda tem que rodar, fazer mais de trinta cidades, numa turnê de Fora do Eixo, super importante, porque eles tocaram em lugares que eles nunca iriam normalmente. E agora a gente voltou pela segunda vez pra alguns lugares e foi muito legal. Ter essa recepção da volta, que certamente seria diferente se eles não tivessem tocado lá antes. Acho que é isso, acho que a banda tem que tocar. Essa é a dica principal.” Ana Garcia, uma das fundadoras do Coquetel Molotov, produtora e coletivo cultural de Recife
OS TRÊS PERSONAGENS POR TRÁS DO GERENCIAMENTO DE UMA BANDA+3 “O AGENTE é o cara que simplesmente cuida de vender show. É aquele cara que tem os contatos. “ “O EMPRESÁRIO+4 administra a carreira como um todo. É parceiro da banda fulltime. Tu depende dele pra tua carreira andar e ele depende de ti pro sustento dele. É praticamente um casamento. “ “O PRODUTOR é o cara do dia a dia. É um trabalho quase de secretário. “ Miranda, Produtor musical
[+3] “Não pode esquecer do roadie, do técnico de som, do técnico de luz, de monitor. É uma equipe grande. Uma banda não são 4, 5 pessoas. São 10, 12 pessoas. As bandas que dão certo, todas têm, de certa forma, uma estrutura. Nem que seja um rascunho disso. [+4] “O empresário ideal é aquele que participa com a banda, que negocia com a banda, sabe o que a banda deseja.”
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Shows
“A coisa mais importante que um artista pode ter é o show. É premissa básica: sem bom show, nada acontece. Mesmo banda que toque no rádio – sem grande show, tudo rui. É onde a mágica se concretiza, de Luan Santana a Lenine.” João Marcello Bôscoli, da Trama “O show é uma das partes mais importantes. Mesmo com a internet, com as pessoas podendo matar mais a vontade de ver as bandas, o grande diferencial ainda é o show. A gente tem sempre essa preocupação de fazer um bom show, ter uma interação maior, descer do palco, trocar figurinha. Pra não ser aquela coisa do artista lá em cima, intocável, e o público embaixo. Então o que a gente procura é manter o máximo de contato, fazer com que o público também faça parte do show. O público tem que fazer parte, se sentir parte do espetáculo. As pessoas já vão pensando como vai ser, a hora que vamos descer, como vai ser a coreografia que vamos fazer com eles. E depois tem a repercussão em função disso. Até mesmo nos lugares que a gente vai tocar a primeira vez as pessoas já vão nessa expectativa. Tem que ser tudo muito organizado, a passagem de som, por exemplo, é uma etapa importantíssima.” Paulo Borges, Móveis Coloniais de Acaju, sax tenor e assistente de produção “O primeiro show é determinante. Tem que ter alguém esperto de marcar, um lugar legal, som legal. Senão a banda não vai pra frente. “ Miranda, Produtor
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Gravar? Quando? Gravadora. Ter? Serรก? Imprensa? Como chegar nela?
“Acho muito importante não demorar tanto a compor, gravar e lançar novo material - seja um disco cheio, single, uma música que seja. Os Beatles são um exemplo e tanto: no mesmo ano que lançaram o Sgt Peppers, saiu também o Magical Mistery Tour!!! Eram fominhas. Tinham talento, ok, mas trabalhavam com afinco.” Frank Jorge, vocalista da Graforreía Xilarmônica “A gravadora deve ser vista como uma parceira do seu trabalho. Ninguém te obriga a assinar um contrato com uma gravadora. Hoje pode-se ter uma carreira longe das gravadoras, mas é mais difícil. Divulgar um CD é caro e trabalhoso. É bem melhor ter um parceiro que entenda de todas as etapas pra ajudar.” Henrique Portugal, tecladista do Skank “ É uma lenda a respeito da Rolling Stone achar que a gente vai descobrir a sua banda, porque não é o papel da revista e nunca foi. Ao mesmo tempo, é complicado falar uma coisa dessas e desencorajar um monte de artistas a mandar os seus CDs pra cá. A gente trabalha com muitos colaboradores do Brasil inteiro, repórteres em quem a gente confia. Pessoas com níveis diferentes de especialidade ou que gostam de diferentes estilos e gêneros. A gente fica muito ligado no que eles dizem. O que é falado, mencionado ou recomendado por vários desses colaboradores que nos ajudam faz a gente ligar o nosso radar.” Pablo Miyazawa, editor chefe da Rolling Stone
E COMO MANDAR MEU MATERIAL PRA GRAVADORA? “1__Nada de CD-R num envelopinho de plástico sem nada escrito. Isso eu nem escuto”. Sempre colocar o contato, né? 2__NUNCA, JAMAIS mandar músicas ou discos inteiros compactados por email. 3__Se possível, fazer um contato pessoal em festivais da Monstro ou shows. Não mordemos. 4__Não insista! Tem muita banda que às vezes entrega o material e fica ligando, mandando email, mensagem no facebook. Ser insistente é chato, a gente já descarta a banda de cara. Se o carinha já entregou o material, se tivermos interesse, iremos entrar em contato”. Léo Bigode, Monstro Discos
NOSSO CONSELHO? 1__FAÇA UM RELEASE com no máximo uma página. E fale do trabalho em questão, não que começou a tocar com o Lesma, na 3a série e teu sonho era zzzzzzz. 2__MANDE UM CD com capa e índice de músicas. Pode caprichar aqui. Uma capa bacana, uma embalagem bonitinha. Ajuda. 3__LIGUE pra perguntar se a pessoa recebeu o disco. E ponto final. Não pergunte “e aí, gostou?”. Ninguém responde a verdade. Por educação. 4__DESISTA de colocar teu precioso CD na mão de jornalista na balada. Não parece, mas jornalista é gente. Pode estar lá pra se divertir e beber e dançar. E, dentro do táxi, vai vomitar no teu CD.
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Onde tocar? E mais importante: com quem eu falo pra tocar lรก?
“1__Monte seu RIDER técnico e material de divulgação da maneira mais criativa e objetiva possível, assim será mais fácil de ser atendido. 2__Peça somente coisas que realmente vão ser utilizadas. Desperdício e ostentação não são bem visto por contratantes. 3__Mesmo recebendo cachê, ajude a divulgar seu show. Não é legal nem pra você e nem para o contratante shows vazios. A casa pensa duas vezes antes de te chamar novamente no caso de lugar vazio. E cheio é capaz de você sair com uma nova data de lá. 4__Seja organizado, mas ao mesmo tempo flexível. Imprevistos acontecem e são bem vistos pelo contratante quando o espírito é de resolver o problema e não de ataques de estrelismos e complicações por má vontade. 5__Seja pontual. 6__Carisma, um show criativo e bem montado “sem muitas falas durante” são bem vindos - a não ser que você seja um novo candidato a fazer stand-up comedy. 7__Convidados da banda são necessários, mas não esqueça que a casa tem que pagar seu cachê com o dinheiro da bilheteria. Então, manere. 8__A banda é a grande atração da noite, por isso: faça jus a isto. Bêbados não tocam melhor que sóbrios. Isso é lenda e também não é rock´n´roll. 9__Tenha na manga vários repertórios. Afinal, o público é imprevisível. 10__Mostre tudo aquilo que você ensaiou e transcenda no palco. Pule, grite, extravase, mas cuide dos equipamentos. Bebidas no palco e jogar equipamentos como backlines e microfones não é legal. Ainda mais quando não é seu.” Vitor Lucas, dono do Beco 203+5 em São Paulo e Porto Alegre
“A programação do Studio é feita através de uma curadoria, de uma direção artística. A gente tem uma programação bastante eclética, não é presa a um estilo musical, mas sim presa a uma determinada conexão com um estilo musical, com um padrão musical da casa. A gente recebe materiais ou indicações e, após ouvirmos e entendermos qual é a de cada banda, faz uma escolha. A gente sempre tenta ser o mais criterioso e cuidadoso possível, porque o Studio hoje tem um sistema que é como se fosse uma cadeia, através de uma escadinha que a banda percorre - e a gente, quando convida uma banda pra ingressar nessa escadinha, nesse sistema, a gente quer ter certeza que vai valer a pena, que é uma banda que está relacionada com os padrões da casa. Então, a banda começa tocando no Studio de
graça, pra formar público, a gente fica um tempo com ela fazendo esse trabalho. Depois disso, essa banda passa a tocar em shows com bilheteria e aí segue uma trajetória. Muitas vezes essa banda entra no nosso leque de residentes e tudo mais. Mas o início é um começo de curadoria, de escolha por parte da casa. Mesmo. A grande maioria [do material] chega através das próprias bandas, ou do produtor, ou da pessoa que está cuidando da banda. A gente pede que, quando mandarem e-mails, enviem links e não precisa anexar nada, mandem apenas os links. E a gente tem uma equipe aqui no Studio que cuida da programação da casa. Essa equipe avalia e discute com os outros setores pra ver qual banda pode entrar nesse sistema de difusão de artistas.” Ale Youssef+6 – sócio do Studio SP [+5] Quer tentar? camila@beco203.com.br [+6] Quer tentar? curadoria@studiosp.org
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Pulo do Gato. Trabalho x sorte x vontade
“A gente se organizou porque ainda não conhecia o pessoal que realmente promovia eventos decentes na cidade. As iniciativas eram poucas, e a gente não podia ficar dependendo dos shows da Atrack, Not So Easy, festivaizinhos de colégios ou do Paraíba’s Festival (um festival bem clássico que rolava no Garagem Hermética) para fazer os shows. A gente queria fazer shows onde nós fôssemos os bam-bam-bams, onde eu pudesse fazer um cartaz onde a minha banda tivesse um puta de um destaque, fazer um release cheio de factóides e mandar bala. Uma coisa que eu encanei muito cedo era na magnitude do show. Se o Charilie Brown vinha pra POA e fazia um show no Opinião com um cartaz lambe-lambe de duas folhas, eu iria espremer o orçamento do show pra meter um de OITO folhas. Aí o carinha que não conhecia a banda via aquilo na rua e pensava: “caralho, só eu não conheço essa banda”. Percebi bem cedo que tinha um pessoal de colégio que pirava no nosso, ao mesmo tempo em que ouviam, sei lá, Armandinho. Aí eu escolhia uns dez colégios bombados da cidade e fazia uns esquemas com Grêmio Estudantil, essas coisas. Botava o pessoal pra vender ingresso lá dentro. Deixava uns A3, umas cortesias e um CDzinho com nossas músicas pra ficarem estourando no recreio. Aí chegava mais perto e a gente ia pessoalmente entregar flyer na saída. Não sei como é hoje, mas na época isso deu MUITO certo. O momento em que eu vi que o negócio estava grande era quando parou um New Beetle com aquelas gostosas distribuindo Red Bull na frente do nosso show, lá na Crocco. A gente tinha um espírito mega mendigo, fazia uma correria toda na mão, e já estavam vendo nossos shows como EVENTOS. E essa crescida toda se deu em menos de 2 anos, e bem antes das rádios sequer saberem da nossa existência. “ Lucas Silveira, vocalista da Fresno
“Eu vejo o sucesso com algo que tenha retorno de público e não obviamente isso se reflete em algum lucro. Acredito que sucesso seja sinônimo de aclamação. A qualidade é outra coisa, algo muito subjetivo e que varia do gosto pessoal de cada um. No geral meu parâmetro é : o que é bom faz sucesso e leva gente aos shows. “ Ricky Bonadio, dono do selo Arsenal e produtor de NxZero, Fresno e CPM22
“Na verdade, a coisa já tinha mudado quando a música entrou na novela. Eu já estava há algum tempo trabalhando com minha equipe, e continua assim, da mesma forma. Foi uma surpresa pra mim, claro, mas não teve nenhum beabá. Eu tive a sorte da música ser ideal pra personagem, e de estar em uma produção que tem essa abertura pro novo. Não é como se eu estivesse ali perdido no meio dos medalhões. O grande barato da trilha do Cordel é misturar a galera como eu e a Karina Buhr com gente como Zé Ramalho, Caetano e Djavan. “ Filipe Catto, cantor
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Grana ou a indefectĂvel pergunta: vou ser pĂŠ rapado pra sempre?
“Apostar em patrocínios e parcerias comerciais foi uma decisão da sociedade: as pessoas compravam mídias físicas numa intensidade que mudou. Tem que acompanhar o ritmo da história. Creio que pode ser boa fonte de receita.” João Marcello Bôscoli, da Trama “A gente faz a banda gerar dinheiro através da loja, com camisetas, bótons. Agora temos uma funcionária que trabalha só com vendas. É o velho esquema de banda independente, com mais profissionalismo.” Paulo Borges, Móveis Coloniais de Acaju, sax tenor e assistente de produção “Grana sempre foi relativo. Nunca tivemos um cachê fixo. Sempre tivemos a seguinte política: quando a pessoa vai tocar em um lugar pela primeira vez, vai com o que a casa/produtora do show tem a oferecer e é isso. A partir do segundo convite já podem rolar condições melhores. Se quiser arriscar e tentar se sustentar, viver de música na cena independente, trabalhe duro com uma galera que esteja querendo se dedicar 100% a isso. E seja desapegado: diga adeus à sua cama. “ Andrio Maquenzi, vocalista da extinta Superguidis
UMA ÚLTIMA COISA ANTES DE VOCÊ VOLTAR PRO CORRE? DIVIRTA-SE. SÉRIO MESMO. A MELHOR PARTE DA VIAGEM É O CAMINHO. SABIA?
EXTRA!
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PRIMEIRO CLIPE
“1__Música. Escolha a melhor música do álbum, se tiver álbum, claro. Se não a melhor musica que tiveres. De preferência àquela que seus amigos já sabem cantar. Essas normalmente são as que mais funcionam. 2__Ideia. Reunir a banda e decidir juntos o que querem comunicar, que cara vão dar à banda, como imaginam o vídeo clipe e como gostariam de ser vistos pelo público. Votem entre si qual é a melhor ideia. Falem um para o outro tudo. 3__Diretor. Chamar um amigo com inteligência para dirigir e organizar as ideias. Sim, uma banda iniciante tem muitas ideias que precisam ser filtradas por alguém que a banda admire e julgue ter brilhantismo para dizer o que realmente irá funcionar. Importante que ele tenha uma câmera pra filmar ou conheça alguém que tenha pra emprestar. Hoje em dia uma boa câmera digital faz imagens lindíssimas. 4__Produtor. Pense no cara da turma que tem o maior carrão. Conhece todo mundo. Tem facilidade para entrar nos lugares e conhece todos os picos alucinantes de sua cidade. Esse você já pode chamar pra ser seu produtor. Vai arrumar transporte, alimentação e o lugar que vocês vão filmar.
5__Direção de arte. Quem vai cuidar do que vai aparecer em cena. Obje-
tos, móveis, luminárias... chama aquela gata que se veste super bem e mora numa casa cheia de móveis alucinantes que parecem de filme. Ela pode também acumular a função de figurinista. Vocês vestem jeans e levam opcões de camisetas pretas pra que ela diga qual vocês estão melhor. Economiza na equipe e de quebra um de vocês ainda pode levar a gata, nessa de ver qual blusa fica melhor ela pode se apaixonar pelo seu tanquinho. 6__Sorte. Precisa ter para que tudo dê certo no dia da filmagem, principalmente se for ao ar livre. 7__Festa. Depois do clipe pronto, dê uma festa para apresentar o clipe para os amigos e as pessoas que vocês gostariam que assistissem. Aproveitem a oportunidade e façam um show com a banda pra todos verem vocês tocar ao vivo.” Candé Salles, diretor da Conspiração Filmes
“ MINHAS DICAS PARA AS BANDAS QUE COMEÇAM : NÃO É SÓ COMEÇAR. TEM QUE CONTINUAR.MUITAS VEZES AS PESSOAS DESISTEM FACILMENTE, SEM SABER O QUE PODE VIR PELA FRENTE. SIGA SEU PRÓPRIO CAMINHO, NÃO ACHE QUE O CAMINHO QUE OS OUTROS SEGUIRAM TAMBÉM VÁ FUNCIONAR PRA VOCÊ.” Gabriel Thomaz, vocalista da banda Autoramas
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