NOIZE
#14 // ANO 2 // JUNHO ‘08
ÍNDICE 4. News // 8. Road Trippin’ // 10. Chuck Berry // 12. As Novas Divas do Pop // 16. Sem Destino World Tour // 18. O Fim da Demo // 22. Comunidade Nin-Jitsu // 27. Agenda // 30. Estilo:Música // 34. Reviews // 42. Colunistas // 44. Fotos // 46. Jammin’
Arte da Capa: Guilherme Dietrich
g.dietrich@terra.com.br
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Se Você Não Gostou da NOIZE Passe Adiante
EDITORIAL | Os Reis da Conveniência Dê-me
música, dê-me vídeo, dê-me arte.
Só
não me dê prejuízo.
com a falta de disposição das pessoas a pagarem por ela. nossas mãos?
Ou
O
acesso cada vez mais livre à cultura coincide
terá sido a própria democratização que fechou
Por outro lado, também a produção cultural está mais acessível. E com isso, mais bandas surgem,
e é importante que haja veículos que participem dessa profusão, que aproximem e que situem o público em meio a tantas novidades.
A
14
Por isso a NOIZE. E por isso de graça.
- ou o que ela se Chuck Berry que, em junho, passa por Porto Alegre e pelas páginas da única revista de música gratuita do sul do Brasil. E, em tempos de emancipação do talento feminino na música, conheça as novas divas que não precisam usar o corpo - só a garganta e o coração - para encantar. Por fim, voltando ao sul do Brasil, a Comunidade Nin-Jitsu dá a letra em entrevista sobre a volta à Atividade (na Laje). No resto, vídeos do mês em edição especial - indie-, e todo o conteúdo que não pode faltar para rechear mais uma NOIZE cremosa que vai às ruas. edição
trata um pouco dessa democracia cultural, mais precisamente sobre a fita demo
transformou.
Traz
ainda uma bela capa ilustrando a matéria sobre mr.
Todos os textos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.
EXPEDIENTE
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news
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AVALANCHE HYPE NO TIM 2008
Dá-lhe boataria: os gurizotes do Klaxons, a turma hypada do MGMT e uma das promessas do ano, a nova-iorquina Santogold cujo som multifacetado tem uns quês de M.I.A. e de Pixies- são os nomes internacionais “confirmados” (baseado exclusivamente em especulações e fontes ditas seguras) para o TIM Festival 2008, que acontece entre 22 e 26 de outubro no Rio de Janeiro e em São Paulo. Amy Winehouse, Leonard Cohen e Marcelo Camelo são presenças prováveis, segundo o jornalista Lúcio Ribeiro, de certa forma o oráculo quando o assunto é informação sobre o festival da operadora de celular. Ribeiro ainda escreveu em seu blog que Mika e Beirut podem vir, e que Gogol Bordello e Gossip são presença certa. Um outro grupo de pessoas vem atualizando uma página no Last.fm sobre o TIM 2008 e adicionou Ryan Adams às bandas que consideram mais prováveis. O line-up só não fica mais incrível porque os boatos de Radiohead no TIM parecem ser só boatos mesmo, e porque, com uma lista desse tamanho, o medo da Lei de Murphy é redobrado. Pena que, depois de 2005, Porto Alegre foi excluída da rota de um dos festivais de música mais legais do país. Agora, o detalhe: segundo a assessoria da TIM, a empresa de celular não só não confirma nenhuma das informações - nem as do oráculo Lúcio - como diz não ter decidido nem a data em que se realizará o festival. Será tudo boataria? De onde saem essas “confirmações”? Vá saber. > MYSPACE.COM/SANTOGOLD- Antecipe-se e escute ela que fez um dos shows preferidos do nosso enviado ao
Coachella Festival.
> myspace.com/mgmt- Dizem que vêem. Mas será que o hype em torno deles dura até o fim do ano?
SAIBA MAIS
> myspace.com/gogolbordello - Para você que ainda não ouviu o som dos “gipsy punks”.
> timmusicfestival.blogspot.com- Blog que reúne vídeos, fotos e informações dos festivais passados.
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Divulgação / Maurício Valadares
A Doce Solidão de Marcelo Camelo
NASI BRINCA DE CASH NO OVERCOMING TRIO
Marcelo Camelo está concluindo as gravações de seu primeiro álbum sem os outros integrantes da banda Los Hermanos, que entrou em “férias por tempo indeterminado” em abril do ano passado. A notícia, que pode deixar muitos fãs de coração dividido, marca o início da carreira solo do músico. O disco, que deve chegar às lojas no segundo semestre deste ano, já tem participações confirmadas, como do músico Dominguinhos e da banda paulista Hurtmold. Depois do lançamento, Camelo deve sair em turnê para divulgação do novo trabalho. E quem não agüenta de saudade do som do barbudo pode conferir as duas músicas que o músico liberou no seu myspace.
O ex-Ira, Nasi, é o mais novo vocalista do Overcoming Trio. Quem leu a matéria sobre a Mallu Magalhães, na NOIZE 13, sabe que o trio em questão, idealizado pelo Vanguart Hélio Flanders e pelo Forgotten Boys Zé Mazzei, vinha contando com a indiezinha folk há alguns meses. Mallu uniu-se aos dois garotos em seu show de estréia, que rolou na Virada Cultural de São Paulo. O Overcoming segue sendo trio, mas a idéia é chamar vocalistas diferentes de tempos em tempos. Nasi é o segundo, mas não substitui Mallu—as portas seguem abertas enquanto houver interesse em participar do projeto. A fila de possíveis convidados inclui Vitor Ramil, Nando Reis, Daniel Belleza, Cida Moreira e Lanny Gordin, e há intenção de gravar um disco em breve. A agenda do grupo começa a ficar cheia.
> myspace.com/marcelocamelo -Escute
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“Doce Solidão” e “Teo e a Gaivota”.
>> Em maio, o Darma Lóvers deu uma pas-
sada produtiva pela Europa, que incluiu um show no Divan du Monde, em Paris. >> A banda-reunião TeNenTe Cascavel não é coisa que se perca. O misto de Cascavelletes e de TNT faz uma única apresentação no Opinião, dia 5. Vá mesmo que esteja menstruaaaaa...da.
tênis
do mês
>> Superguidis e Pública criam o clima na primeira formatura do curso de Formação de Músicos e Produtores de Rock da Unisinos. Dia 15, no Porão do Beco. >> Wander Wildner lança La Canción Inesperada no Opinião. O show é na quarta-feira, 18, e conta com uma super banda, incluindo Jimi Joe, Biba Meira e Arthur de Faria.
Onde Encontrar: VULGO
Rua Padre Chagas, 318 - Moinhos de Vento 5 >> noize.com.br
news
PEQUENA GRANDE LUÍSA LOVEFOXXX Luísa Lovefoxxx, brasileira do mundo e vocalista do CSS (ex-Cansei de Ser Sexy) fará uma participação em Beautiful Future, o novo disco do Primal Scream. A pequena colaborou com a faixa “I Love To Hurt (You Love To Be Hurt)”, descrita pelo líder do grupo escocês, Bobby Gillespie, como “electronic music with a psychedelic ambience”. O álbum conta com a produção de James Ford, do Simian Mobile Disco (que já deixou sua marca nos trabalhos de nomes como Klaxons e Arctic Monkeys), e com as colaborações de Youth e Paul Epworth. Coincidência ou não, Donkey, o novo trabalho do CSS, será lançado no mesmo dia. A baixista Ira Trevisan participou das gravações, mas não faz mais parte do grupo - não está nas novas fotos da banda e nem nos shows da nova turnê, que começou em maio e inclui Europa e América do Norte. Tudo indica que nes-
Terá o Radiohead de aderir aos shows virtuais? De nada adiantou mandarem seus equipamentos para o além-mar de navio, nem trocar as tradicionais luzes de palco pelos menos dispendiosos leds. O líder Thom Yorke não consegue fazer das turnês de sua banda realmente amigas do Planeta. A culpa não é de Yorke e seus métodos excêntricos, mas dos fãs que não têm a mesma preocupação do vocalista na hora de sair de casa em seus automóveis poluentes. Um estudo, encomendado pela própria banda, revelou que os fãs foram responsáveis por 97% das emissões de CO2 durante as duas últimas turnês norteamericanas do Radiohead. A geração de gases do pessoalzinho da platéia foi equivalene à de 4.000 vôos transatlânticos. Bem mais do que seria necessário para levar os amplificadores ao outro continente, né, Thomy? Ainda assim, é louvável a atitude de
te ano eles não passarão pelo Brasil. O site do grupo já disponibiliza o download gratuito de “Rat is Dead (Rage)”, mas o primeiro single oficial do álbum se chama “Left Behind” e será lançado no dia 14 de julho, mesma data em que o Primal Scream apresenta a sua faixa debut, “Cant Go Back”. -
> CSSHURTS.COM Baixe a faixa inédita, “Rat is Dead (Rage)”, no site oficial do CSS.
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FÃS, FAÇAM COMO THOM YORKE: VÃO DE BICICLETA!
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Yorke, que continua buscando alternativas para reduzir tais números. Há registro de muitos engarrafamentos, já que os shows movimentam até 30.000 pessoas, e boa parte dos auditórios com essa capacidade fica na periferia das grandes cidades. Os organizadores têm estimulado as caronas, oferecendo estacionamento apenas para carros lotados, o que teria reduzido em 10% o volume de veículos que rumam às apresentações do Radiohead. Haja segurança.
Foto: Arquivo Pessoal/Kassin
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Alexandre Kassin Músico e Produtor
POR ONDE ANDARÁ O RHCP? Para a alegria dos fãs, o Red Hot Chilli Peppers não parava desde 1999. Depois de Californication, By the Way e Stadium Arcadium, ao fim da turnê de 2007, eles estavam exaustos. “Decidimos não fazer nada relacionado ao Red Hot Chilli Peppers por pelo menos um ano e apenas comer, respirar, viver e aprender coisas novas”, declarou Anthony Kiedis recentemente. Nessas merecidas férias, Flea e Frusciante investem nos projetos solo, Chad está no Japão com uma banda de Jazz, e Kiedis, além de curtir o filho de menos de um ano, é o curador (ou seja, quem escolhe as bandas) do New American Music Festival, que rola nos dias 8 e 9 de agosto, em Pittsburgh, EUA. Bob Dylan e Raconteurs estão entre os artistas confirmados no evento. -
> AE.COM/MUSICFESTIVAL Dê uma olhada no “festivalzinho” do qual Anthony Kiedis está ajudando a escolher o elenco.
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ESPERANDO POR CYNDI Os fãs já estão preparados: Cyndi Lauper faz shows no Brasil no mês de novembro. O ícone dos anos 80, que ainda faz muita gente dançar ao som de clássicos como “Girls just wanna have fun”, irá passar por aqui com a turnê de seu novo álbum, Bring ya to the brink. Ainda não foram divulgadas informações sobre o valor dos ingressos e nem sobre os locais das apresentações. No entanto, já está confirmada a passagem por Porto Alegre, no dia 19.
NOIZE diz: fala kassin, vamo la? Kassin: manda NOIZE diz: cara, tu tava no Japão, certo? o que fazia por lá? Kassin: to fazendo a trilha de uma série de animação japonesa, Michiko to Hatchin, www.michikotohatchin.com, começa a passar em outubro , to muito animado. NOIZE diz: massa... viu algum sinal de CSS por lá? Kassin: Graças a deus o CSS está em todos os cantos que eu passo, eles vao tocar no Summer Sonic Festival em Osaka como atraçoes principais, isso para mim é uma grande alegria, fora eu adorar eles, o CSS está fazendo o que nenhum artista nosso fez , talvez so o Tom Jobim tenha conseguido algo assim ou o Sergio Mendes. NOIZE diz: aqui no sul a gente não sabe muito do teu trabalho nos anos 90. O que foi a “Acabou la tequila”? Kassin: Acabou la Tequila era a banda que eu tinha com meus amigos de colegio, gravamos dois discos , muitas pessoas aqui do Rio se dizem influenciadas pela gente. era eu, o renato, hoje no Canastra, Gabriel e bacalhau do autoramas, Donida e Jimmy do Matanza, Nervoso e Leo do Duplexx. Nunca acabamos, quando chamam tocamos. NOIZE diz: aí que tu entrou na música? Kassin: meu irmao era discotecario, na epoca que nao tinha ipod e todo mundo virou “dj”. junto com ele ouvia som o dia inteiro, aos 12 anos comecei a tocar baixo, quando entrei no Acabou la Tequila já tocava em varios lugares, já fazia trilhas sonoras pro Brasil Legal, da Regina Casé. NOIZE diz: haha. e o Artificial, teu projeto de música a partir de um game boy? Kassin: eu sempre quis ter um projeto sozinho pra poder barbarizar, o Artificial começou numa viagem ao Japao, eu fui para trabalhar e acabei ficando mais tempo porque apareceu mais trabalho por lá, tinha recentemente comprado um cartucho que permitia utilizar o gameboy como um
sequenciador/Sintetizador, e era meu unico instrumento. voltei pro Brasil e percebi que tinha musica sobrando pra um disco. agora eu to fazendo um segundo. NOIZE diz: E o +2, continua na ativa? Kassin: tá totalmente na ativa , vamos gravar em breve um disco com cada um cantando um pouco. NOIZE diz: tu ia produzir o próximo do Los Hermanos. O que que ficou desse quase-disco deles? Kassin: ficou so a ideia, nem teve ensaio NOIZE diz: e o Tim Maia Racional 3? Kassin: Estou esperando um contato com o mundo racional haha. NOIZE diz: Hehe. o Miranda falou que o problema do RS é que a galera encara a responsabilidade de ter uma banda... Kassin: acho que o Miranda entende mais Porto Alegre do que eu, as vezes tenho a impressao que a cidade se encerra nela mesma, fica uma cena local rica, cheia de mitos, mas começa e acaba ali , poucos gauchos encaram sair, mas os que abrem as fronteiras sao bem aceitos, Wander, Jupiter sao queridos no Brasil todo. NOIZE diz: no show da Orquestra Imperial ficou claro que gaúcho não tem mta facilidade para entrar no samba. isso é diferente no RJ? qual a impressão que cs levaram do show aqui? Kassin: nos adoramos o show! como temos muitos amigos ai estavamos felizes de poder tocar um pouco o que fazemos por aqui. E quase todos na orquestra vem de uma formação de rock, o samba nao é muito natural mesmo pra nós, começamos a tocar samba tarde, porque gostavamos de ouvir discos de gafieira. aqui no Rio hoje existe muito isso de movimento de resgate cultural etc, as vezes confundem a orquestra com isso, mas nao temos nenhuma intenção de resgatar nada , só gostamos mesmo é da ideia do baile, de poder tocar por varias horas, musica latina , samba , boleros, rock, tudo isso é a mesma coisa. Alias, se for ver quase todo rock brasileiro é parente do bolero, com poucas excessoes (a maioria das excessoes é sulista).
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road trippin’
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ARGENTINA :: Buenos Aires Nome: Ana Carolina D’Agostini Idade: 22 O que faz: Estuda Psicologia Motivo: Faculdade e dar um tempo na vida Trilha Sonora: Dave Mathews Band Buenos Aires, a principal cidade da Argentina, tem muito a oferecer além do clássico conhecido por turistas. Claro que não se pode deixar de visitar a Boca e o Caminito, ver a Casa Rosada, o Obelisco, tomar sorvete Freddo, fazer compras na caótica Calle Florida, jantar e caminhar pelo Porto Madero, ir à feirinha de domingo no lindo bairro de San Telmo e ao imperdível Museu de Arte Latinoamericano de Buenos Aires (MALBA). Com programação para todos os gostos, a capital portenha se mostra uma cidade onde é impossível ficar entediado e não admirar a mistura entre o clássico e o moderno. Não se preocupe se falar espanhol não é seu forte, já que, com tantos brasileiros por aqui, o “portunhol” já é quase idioma oficial. Para começar bem a semana, toda a segunda - feira rola o grupo de percussão “La Bomba del Tiempo”. É uma festa imperdível na “Ciudad Cultural Konex” onde não tem como não se deixar levar pelo excelente som produzido pelo grupo e pela empolgação do fiel público presente. Vale à pena conferir também a programação do lugar, pois sempre há alguma exposição diferente, além de teatros e de musicais, como o renomado “Rent”. Fuja dos shows de tango para turistas: são caríssimos e sem graça. O que vale a pena são as “milongas”, como o La Viruta Tango e o La Catedral, lugares onde pessoas normais saem para dançar tango. São sempre boas opções para tomar vinho, para assistir à principal dança argentina e até tentar fazer igual. Aos sábados, por cerca das 16h, começa a lotar a Plaza Serrano. Esse lugar é o preferido para quem busca lojas de design moderno e de preço baixo. No centro, acontece uma feirinha, circundada até por bandas tocando em garagens. Durante o dia, as baladas se transformam em galpões para expositores de roupas, bolsas, camisetas e tudo mais que você possa imaginar. Lá pelas 2h da manhã (horário que se sai por aqui), a praça lota graças às baladas de todos os estilos. Antes da noite, os argentinos fazem “la previa” (bebem na rua, mais barato). Para quem gosta de hip hop, o melhor é ir às quintas feiras na “Lost”. O melhor da música eletrônica é no “Crobar”. Para conhecer uma balada típica de argentinos, com muita cumbia e reggaeton, vá à “Roomy” ou a qualquer uma na Plaza Serrano ou na Plaza Armenia. Não vá embora sem experimentar a “parrilla”, a “empanada”, e um bom “asado”. Para relaxar, nada como “Los bosques de Palermo”. Perca-se pela Avenida Santa Fé e depois procure a galeria Bond Street, para tatoos e coisas relacionadas a rock e a livraria Ateneu, que costumava ser um teatro de ópera e que ainda conserva a decoração.
O Melhor de bs as: Rádio – FM 98.3 Casa de Shows – Luna Park Revista – GataFlora Comida –Empanadas Lugar – Plaza Serrano
Santiago :: CHILE Nome: Eduardo Russomanno Fernandes Idade: 26 O que faz: Administrador Motivo: Férias Trilha Sonora: Julieta Venegas Quando penso em um lugar mágico, lembro-me do Chile e de suas lindas paisagens. Geograficamente, é apenas uma faixa estreita e comprida de terra, porém, com alguma curiosidade, é possível encontrar muita diversão e lugares realmente incríveis. Talvez a melhor forma de contar o quanto gostei de conhecer o Chile seria informando que, neste ano, partirei para minha sexta temporada andina. Esse belo país está protegido por quatro barreiras muito especiais. Ao sul, está emoldurado pelas geleiras da Patagônia; ao norte, pelo Deserto do Atacama; e a leste e a oeste, é protegido pela Cordilheira dos Andes e pelo Oceânico Pacífico. Visite o tradicional Mercado Central de Santiago e não perca a oportunidade de conhecer as bancas que vendem peixes e frutos do mar. “Aquí Está Coco” é um restaurante com uma decoração náutica onde são servidos os melhores mariscos e peixes da cidade. Outra visita interessante seria ao restaurante “Ligúria”, também no bairro Providencia. À noite, as melhores opções estão nos bairros Bellavista e Providencia, onde estão o pub Boomerang e a discoteca Casa Club. Vale a pena sempre consultar indicações do hotel em que está hospedado ou então as dicas da internet. Apesar de ter turismo o ano inteiro, com atrações nos bosques e lagos vulcânicos, o mais interessante para mim é a temporada de neve, onde se pode praticar esqui e snowboarding. A apenas 50 minutos da capital, você pode chegar às estações de esqui El Colorado e Valle Nevado. A subida é linda e perigosa, com mais de quarenta curvas contornando um penhasco pra lá de fascinante. Pode-se também optar por hospedar-se na própria montanha, em hotéis ou alugando apartamentos equipados. Termas de Chillán fica a pouco mais de 400km ao sul de Santiago e é também ideal para a prática do esqui, além de oferecer águas termais e vasta vegetação decorando as pistas de esqui. Para os amantes do vinho, minha indicação é o vale de Colchagua. Nomeado recentemente um dos melhores terroirs para a produção de tintos, esta linda região abriga as maiores vinícolas do Chile e é repleta de paisagens encantadoras. Além disso, está situada a apenas 140km de Santiago. Em cada vinícola visitada, como a Viu Manent, você poderá ver, aprender e ouvir sobre vinhos, além de degustá-los e de comprá-los a preços baixos diretamente dos fabricantes. Como comentário final, diria que o povo chileno é um povo simpático, amigável e receptivo. A diversão neste país não está restrita aos jovens nem aos adultos, pois agrada a todos os públicos com sua beleza e sua diversidade. Não é à toa que Santiago cada vez atrai maior número de turistas e concorre ao título de mais bonita capital de nosso continente.
O Melhor do chile: Rádio – Carolina 99.3 FM Casa de Shows – Arena Santiago Revista – Cosas Chile Comida – Frutos do Mar do Pacífico Lugar – Valle Nevado e Chillán
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Texto Frederico Vittola
chuck berry 10
“If you tried to give rock and roll another name, you might call it Chuck Berry”, já dizia John Lennon. Chuck Berry foi o poeta-pai do rock’n’roll clássico, o primeiro artista a demonstrar que o rock poderia ser bom tanto para dançar quanto para apreciação artística. Hoje, passado mais de meio século e tantos movimentos derivados do gênero visceral, ele virou o avô do rock. E quem quiser vai poder conferir esse mito de perto. Embora muitos tenham gravado música rotulada como rock and roll antes dele, Chuck Berry é considerado o pai do mesmo por ter acrescentado à música a sua atitude. Ele foi capaz de narrar as histórias dos jovens dos anos 50, seus amores, suas garotas, seus conflitos, em uma linguagem poética e com uma criatividade musical jamais vista antes. Charles Edward Anderson Berry nasceu em outubro de 1926 em Saint Louis e iniciou cedo na música, participando de corais evangélicos graças ao pai, pastor protestante. Mas a principal influência deu-se mesmo devido a um fator geográfico: sua cidade natal era, na época, uma encruzilhada musical. Ficava perto de Kansas City, a Meca do jazz, e era uma importante escala pela qual passavam os músicos sulistas de blues que iam em direção ao norte. “Há um único rei do rock ‘n’ roll, e o nome dele é Chuck Berry” -Stevie Wonder Morando em meio a essas rotas, Berry foi inundado por vários estilos ao longo de sua adolescência. Mais tarde fundiu elementos do blues com a velocidade e os slides da música country. Uma mistura de vanguarda, utilizada e reutilizada dali em diante. Apesar de ter crescido numa família com uma vida relativamente confortável, desde garoto já demonstrava a rebeldia característica do rock. O primeiro problema com a polícia foi em 1944, quando foi preso com um amigo por roubo de carro e assalto. Depois de passar uma temporada de quase três anos em um reformatório, liderou uma pequena
banda de blues. A convite do virtuoso pianista Johnny Johnson, formou o Chuck Berry Combo. O grupo já ganhava bastante popularidade no âmbito local quando Chuck conheceu, em Chicago, Muddy Waters. Waters recomendou a Berry que procurasse o chefão da Chess Records, Leonard Chess, para gravar um single. Em 1954, a Chess Records era a principal patrocinadora do som do blues urbano de Chicago. Poucas semanas depois, Berry gravou duas músicas: “Ida May” (mais tarde regravada como “Maybellene”) e “Wee Wee Hours”. O single chegou ao número 5 nos Estados Unidos. Menos de um ano depois, Berry já vendia mais discos que todo o staff da gravadora Chess somado. Nos anos seguintes, foi alternando grandes hits com problemas junto à polícia. Antes de voltar mais uma vez para a cadeia, escreveu “Roll Over Beethoven”, “School Days”, “Rock and Roll Music” e “Sweet Little Sixteen”. “[Minha mãe] me disse, ‘Você e o Elvis Presley são bastante bons, mas vocês não são nenhum Chuck Berry’” -- Jerry Lee Lewis Assim como o gênero que transformou para sempre a história da música, Chuck Berry também parece imortal. No auge de seus (absurdos) 81 anos, o cara continua encarando a estrada. Quando não se apresenta mundo afora em mini-turnês, como o giro pelo Brasil que passa por Curitiba, por São Paulo, pelo Rio e por Porto Alegre, no dia 21 desse mês, Chuck pode ser encontrado em sua terra natal. O bar Blueberry Hill, em Saint Louis, é hoje sua segunda casa, onde sobe no palco da Duck Room pelo
menos uma quarta-feira por mês. Vida longa ao octogenário pai de todos. Vida longa ao rock and roll... Vai! Vai! Vai Joãzinho! Vai! Segundo a edição americana da Rolling Stone, ela é a sétima maior música de todos os tempos. Sua intro é um dos solos mais marcantes da história, inconfundível. Não fosse por ela, Marty MacFly jamais teria voltado para o futuro. Pois “Johnny B. Goode” nasceu, segundo o próprio autor, de uma homenagem ao seu pianista e companheiro por 20 anos, Johnnie Johnson. Escrita em 1958, conta a história de um jovem pobre do interior, encorajado a perseguir seu sonho no mundo da música. “Para mim, Chuck Berry sempre foi o significado de tocar rock ‘n’ roll. Era bonito, natural e seu timing era perfeito. É o deus do ritmo.” -- Keith Richards Não por acaso, essa é também a história de Chuck Berry, que nasceu na Goode Avenue. A letra original dizia “colored boy” substituida depois por “country boy”. Eternizada pelo “duck walk” (aqueles passinhos criados por Chuck imitando o andar de um pato) e empunhando sua legendária Gibson ES-350T, Johnny foi bem mais longe do que imaginava. A música foi incluída no disco enviado a bordo da Voyager, foguete lançado em 1977 no espaço. Entre os nomes que já gravaram suas versões de “Johnny B. Goode” estão figurões como Elvis Presley, NOFX, AC/DC, Led Zeppelin e Sex Pistols. 11 x noize.com.br
Texto Carolina De Marchi
as novas divas do pop 12
Boas cantoras e compositoras sempre existiram. Não é novidade que as mulheres marcam presença na cena musical internacional, seja no rock, no jazz, no hip-hop ou no folk. De PJ Harvey a Björk, os distintos gêneros são bem representados por excelentes artistas solo. No entanto, a indústria pop sempre preferiu investir em moças que dançassem em trajes mínimos mostrando um tanto de pele; pois agora o termo Girl Power ganhou um novo sentido no mainstream. Nos últimos meses, as mulheres que estão no topo compõem (sozinhas!) canções de qualidade, tocam mais de um instrumento e têm vozes poderosas. Elas ainda são cheias de personalidade. Pasmem: elas conseguem ser sexy sem tirar a roupa ou rebolar. São as novas líderes das paradas americanas e inglesas, que vendem milhões de discos, além de ganharem elogios de profissionais especializados. Se você ainda não conhece alguma delas, é apenas uma questão de tempo. Depois da explosiva fama de Beyoncé e de Shakira, o cenário se renova. Ainda bem. Certamente, algumas dessas superstars têm presenças fortes e singulares, mas suas interpretações e composições—que freqüentemente são elaboradas a quatro mãos ou mais— estão baseadas menos em suas atitudes excêntricas do que em sua estrondosa produção, montada com o mesmo exagero apelativo de suas coreografias e de suas pequenas saias. A cantora Pink queixou-se ao jornal USA Today em 2006: “A indústria cultural enfatiza muito mais nossos corpos do que nossas mentes ou nossos talentos. A mídia foi quem empurrou isso a todos.” Fiona Apple dividia o mesmo ponto de vista na época: “Um rostinho bonito sempre vende, mas agora isso tem ainda mais importância, para todo mundo.” É, mas parece que Pink e Fiona já podem comemorar uma virada de mesa. Meninas de sucesso absoluto—e meteórico—no mundo da música têm se mostrado cada vez menos dependentes de compositores experientes, de um corpo escultural e de purpurina para chegar lá. O pontapé inicial foi dado por Amy
Winehouse em outubro de 2006, quando Back to Black foi lançado. Pouco depois, Kate Nash desbancou “Umbrella”, da despida Rihanna, ao conquistar o primeiro lugar do ranking inglês com “Foundations”, sem coreografias nem decotes. Logo atrás na segunda posição, Amy MacDonald, que aprendeu a tocar violão (sozinha, sem aulas) aos 12 anos e, aos 15, já estava fazendo shows com sua guitarra. Já a “tamanho G” Adele estreou no primeiro lugar das paradas britânicas no início deste ano com seu álbum de estréia, 19. A lista não acaba aí—a mulherada tem vindo com força e em quantidade: outros nomes que estão dando o que falar são KT Tunstall, Duffy, Leona Lewis, Laura Marling, Estelle, Remi Nicole, M.I.A. e Camille, por exemplo. O fator Amy Por algum motivo, a onda de garotas conquistando massas vem principalmente do Reino Unido. Muitos críticos dizem que Amy Winehouse, ganhadora de 5 Grammys em fevereiro deste ano, é a principal responsável por abrir caminhos à nova geração de cantoras-compositoras britânicas. Sua vizinha londrina, Lily Allen, também seria uma das precursoras da dita invasão. Neil McCormick, crítico de música do jornal Daily Telegraph, diz que Winehouse transformou a cena musical do país. “Ela voltou às raízes da música de que gosta e criou um álbum muito retrô. O que aconteceu foi uma virada na indústria fonográfica. Ela realmente colocou a figura da grande cantora de volta no mapa.” Mark Ronson, produtor dos últimos álbuns de ambas Amy e Lily, ressalta que as artistas quebraram um padrão no mercado. “Por muito tempo as cantoras norte-americanas mantiveram-se no alto das listas
top. Elas [Amy e Lily] realmente abriram as portas para diversas outras cantoras, embora eu ache que nenhuma delas soe igual”, diz ele, que pode ser considerado uma espécie de padrinho dessa nova onda inglesa, já que também produz os discos de Adele e Estelle—essa última, cantora e produtora ovacionada pela crítica, leva jeito para ser a versão inglesa de Lauryn Hill. Os talentos femininos despontam também em outros cantos do planeta. Um dos maiores e mais respeitados festivais de música eletrônica do mundo escolheu o universo rosa como tema este ano. A 15ª edição do Festival Sónar de Música Avançada e Arte Multimídia, que acontece em Barcelona, toma o “fator feminino” como ponto de partida para mostrar “o aumento da ‘feminilização’ da música eletrônica atual”, declaram os produtores em uma nota à imprensa. Eles afirmam que, ainda que os homens continuem predominantes dentro do estilo musical, é cada vez mais desenvolvido o lado sentimental e vulnerável, tradicionalmente associado à feminilidade. Entre os destaques do line-up estão as autoreiventadas Alison Goldfrapp e Róisín Murphy (ex-Moloko) representantes da ala de divas modernas do pop. Provocando contraste, o glamour multicultural e controverso de M.I.A..Também faz parte da lista de atrações ecléticas Camille, a nova musa da chanson française. Só dá elas Que as mulheres são uma força crescente na indústria, como artistas e como consumidoras, todos sabem. Ferramentas como MySpace e a descarga de músicas via peer-to-peer estreitam a relação entre artista e audiência. Dessa forma, 13 >> noize.com.br
Junto à tecnologia, outros fatores influenciam essa transformação. “No passado, se você quisesse ser uma pop star você tinha que fazer uma audição para estar em uma banda do tipo Spice Girls. Você nunca poderia compor. Bandas como The Libertines surgiram tocando seus próprios instrumentos como nos velhos tempos. Agora você pode pegar um instrumento, gravar uma canção e ir se virando”, comenta a cantora Remi Nicole, 23 anos, da fresca safra britânica. Não é coincidência que a ascensão desta onda feminina no universo da música espelhe um novo conceito de Girl Power. Figuras como Beth Ditto (vocalista do Gossip, que recentemente pousou nua apesar de seu peso avantajado) e a proliferação de revistas femininas online também colaboram com a reação à imagem superficial atribuída a mulheres no mundo pop. “O que vemos é a personalidade vencendo. As meninas sempre estiveram interessadas em música, mas só agora a indústria está se dando conta disso e alcançando-as”, diz Marie Berry, editora da KnockBack.co.uk. Novo conceito de pop? Para Ajax Scott, diretor da revista Music Week, focada na indústria fonográfica, o pop continua sendo pop em sua essência: “Apesar de cantoras como Adele ou Kate Nash terem um pouco de atitude, no fundo elas fazem o velho e bom pop com o qual as pessoas podem se identificar. As pessoas continuam comprando pop, mas estão procurando algo que tenha ares de autenticidade”. É como se qualidade musical não importasse, e sim o senso de conexão.
.: ADELE Com 19 anos, a cantora de jazz/soul é chamada de “a nova Amy”. Seu single, Chasing Pavements, foi número 2 na parada inglesa e se mantém no Top 40 até o dia em que este texto foi publicado. Ganhou o prêmio de crítica do BRIT Awards 2008.
.: duffy Também se chama Amy e tem um cabelo à moda anos 60. A loira com voz de quem nasceu e cresceu no sul dos EUA é, na verdade do País de Gales. Seu grande hit, Mercy, liderou os rankings Americano e Inglês nos primeiros meses de 2008.
.: Kate Nash Certamente, você já ouviu o sotaque tipicamente britânico desta multi-instrumentalista e compositora em “Foundations”. Seu indie rock levou pra casa um prêmio BRIT 2008 de melhor artista solo.
.: estelle Filha de pai senegalês e mãe caribenha, a londrina declarou que a indústria fonográfica está dando mais destaque a cantoras brancas e reivindicou a presença de artistas negros cantando soul.
Fotos: Divulgação
Teorias para explicar o fenômeno não faltam. O mainstream parece estar preparado para acolher o diferente, e isso tem o seu valor. O mais notável dessas cantoras é que representam algo novo. Mesmo sendo populares, elas têm estilos e influências variadas: blues, jazz, soul, rap, folk, rock e até bossa nova. Há um quê de poder nessas vozes nem sempre perfeitas: elas estão carregadas de honestidade e caráter.
as novas divas do pop
novas cantoras solo podem construir uma legião de fãs rapidamente antes mesmo de ter um contrato com uma gravadora. Conforme uma pesquisa do grupo de mídia Emap, o homem de meia idade (fifty-quid bloke, no jargão de marketing em inglês) que comprava pilhas de CDs nas lojas não é mais quem define o sucesso de um álbum. O protagonismo do mapa de consumo foi substituído por um novo arquétipo: a garota MP3. O estudo também revela que essa tendência se faz presente no público da imprensa especializada, tradicionalmente voltada a leitores do sexo masculino. Mais mulheres do que homens lêem a revista de rock Kerrang!, e quase metade dos consumidores com menos de 30 anos da revista Q são do sexo feminino.
15 x noize.com.br
Nesse espaço em parceria com a Sem Destino, colaboradores falam dos maiores festivais de música do Planeta.
sem destino :::
world tour 16
Nome: Hans Walor Idade: 26 Melhor Show: Hot Chip Bizarrice: Garotas de biquini com penachos Estrutura:10 Line-up: 10
Calor desértico, amigos, line-up estelar e dançar até cair! O que mais eu podia esperar da minha chegada do Brasil na Califórnia? Com mais de 125 bandas ao longo das 12 horas do dia (3,5 bandas por hora!), era impossível passar por todos os shows, dada a área gigantesca do Empire Polo Fields. Por isso, cada pessoa pode escolher ter uma experiência completamente diferente no Coachella: pode ser uma loucura sem fim, ou você pode ficar apenas curtindo com seu amorzinho deitado na grama. A escolha é sua. Minha recomendação: um mergulho na piscina ao meio-dia com amigos do sexo oposto, só para curar a ressaca do dia anterior. Coma alguma coisa pela última vez no dia, pegue uma bebida, seu line-up escolhido e vá à luta. Se você conseguir agüentar o calor infernal do meio-dia, há bandas novas matando a pau. No Coachella, não importa o que você faça, a diversão é garantida. Abaixo, uma seleção bastante reduzida das apresentações que eu curti muito: The Cool Kids: um dos melhores shows pequenos, a dupla de hip-hop emprega linhas de baixo simples e profundas acompanhadas por versos lentos e claros, em uma linguagem comum, tudo ao melhor estilo 80s. MGMT: o duo do Brooklyn despeja aulas de disco, de new-wave, de synthpop e de Britpop dos anos 90. As idéias de força da juventude e de que a vida é diversão são constantes em todas as músicas. Há muito hype em torno dos caras.
Hot Chip: a única maneira de dançar foi pulando pra cima e pra baixo, deslizando no suor das pessoas que me prensavam. Os cinco londrinos não falham em shows e, desde que cravaram a bandeira no Coachella do ano passado, só cresceram - não à toa, são um marco na cena eletrônica new wave atual. DIPLO: o que dizer do set arrasador desse cara, que toca no meu iPod, diariamente, há meses? Ao trabalhar com M.I.A., recentemente, Diplo ganhou bastante reconhecimento. É um dos principais importadores do Funk Carioca para os EUA, tendo lançado mixes como “Favela on Blast” e “Favela Strikes Back”. M.I.A. : Tiro meu chapéu para a M.I.A., uma artista completa. Seu show não envolve só música, mas artes visuais. Vê-la ao vivo é diferente de tudo que se possa imaginar, com presença de palco e com energia que botaram no chinelo os headliners do festival, de quem não podemos deixar de falar. Aquecendo o palco para o Prince, o Portishead redefiniu o clima com seu trip hop sinistro. O Coachella foi a plataforma de lançamento de Third, com faixas como “Machine Gun”, além de clássicos vintage como “Sour Times”e “Wandering Stars”. Passada a meia noite, Prince despejou hits como “1999” e “Purple Rain”. Gostando ou não, o cara tem o sex appeal! Sem Woodstock, não haveria Coachella, e, nesse sentido, o Roger Waters veio a calhar. O ex-Pink Floyd hipnotizou os 30.000 presentes com sistema de som quadrafônico, pirotecnia e um bis com direito a muitos clássicos. Até seu pai ia querer estar lá nesse momento. Ao lado, você confere os pacotes da Sem Destino para estudar e curtir eventos animais como esse.
Outros festivais na califórnia .: WARPED TOUR 2008 Junho a Agosto
Warped Tour 2007 with DTF Media O melhor de 2007 no principal festival de rock alternativo e punk rock do mundo, sonho dos que curtem o estilo. Tags warped 2007 dtf
.: PROJEKT REVOLUTION 21 a 28 de junho
Projekt Revolution 2008 (Official Trailer) Festival anual, liderado pelo Linkin Park, com shows de Chris Cornell, The Bravery e mais bandas nessa linha. Tags projekt 2008 official trailer
A Califórnia é o berço de muitas das principais bandas de rock da história. Além de oferecer um clima ensolarado somado às belas praias, é palco de grandes festivais de música e de muita badalação. Vá a San Diego (Califórnia) pela Sem Destino, aprenda inglês e curta os festivais que rolam por lá. Confira a dica abaixo! 04 semanas de curso de inglês :: Carga Horária: 25 aulas/semana :: Escola: IH San Diego 04 semanas de acomodação :: Residência Estudantil :: Quarto Individual :: Traslado na Chegada Preço :: USD $1.850 :: Mais informações ::
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Texto Fernanda Botta
o fim da demo 18
Em menos de uma década, a internet mudou, inteiramente, concepções tradicionais de produção e de consumo no mundo da música. Se, em um primeiro momento, foi mal vista, não só pelas gravadoras como por alguns artistas, em pouco tempo, tornou-se ferramenta essencial de divulgação. Por último, passou a criar seus próprios fenômenos, como as bandas Arctic Monkeys, CSS e Clap Your Hands Say Yeah!. A nova revolução, protagonizada por bandas como Nine Inch Nails, Radiohead e Raconteurs, sugere um futuro sem intermediários – gravadora ou mídia. Se não fez uma, quem já saiu da adolescência ao menos está familiarizado com o termo: fita demo. Um dos símbolos máximos da produção tradicional de música, a fita demo, em um passado recente, ainda era o sonho de muitos músicos. Custeá-las nem sempre era possível, e o resultado, sempre incerto. Afinal, as fitas demo (demo tapes, do inglês demonstration), amadoras ou feitas em estúdio, tinham como finalidade apenas demonstrar o som do artista para as gravadoras - como dita o nome -, que poderiam ou não se interessar pelo material. Firmado um contrato de gravação e de vendagem, a empresa podia ainda modificar da sonoridade ao visual do músico de acordo com as suas metas comerciais. Sua ditadura, vigente desde os tempos do vinil, segue, até hoje, com apenas algumas poucas modificações, como a diminuição do seu custo de produção e a mudança do formato da fita cassete para o CD. No entanto, tudo indica que ela está prestes a cair - graças à internet, que revoluciona, de forma definitiva, o modo de produzir e de consumir música. A idéia de demo já não é assimilada por muitas bandas, algumas das quais nem ao menos buscam contrato. O que se tem visto é a divulgação de não só um trabalho, mas diversos.A versão física também tem funcionado mais como um cartão de visitas, pela arte principalmente. É o caso da banda Apanhador Só, que produz a capa de seus discos à mão. “Hoje, com o download gratuito, apenas
a capa se transforma, realmente, no chamativo do CD. A arte tem que ser bem feita, bem estudada”, afirma Rodrigo Pacote, baixista da banda. “A nossa idéia inicial era ter um encarte legal, que não tivesse um custo muito alto. Muitas pessoas realmente acham que o encarte é impresso. Todos os feitos até hoje tiveram nosso dedo. Acho que a parte mais interessante disso é que não se têm dois encartes iguais. Isso torna cada CD uma preciosidade, algo impossível de ser copiado”, complementa. Se a rede era uma dor de cabeça para as gravadoras já na época do Napster, pai dos programas p2p (do inglês peer to peer, que permitem a troca direta de arquivos entre os internautas), imaginese em tempos de In Rainbows e Ghosts I - IV (primeiros discos independentes de Radiohead e Nine Inch Nails, respectivamente, lançados na internet). A verdade é que, se já representou um problema para os próprios músicos, em função dos downloads ilegais, a rede tornou-se aliada. Primeiramente, como ferramenta de divulgação: há algum tempo, já é fundamental que o artista possua site próprio. Entretanto, foi com a criação de sites como MySpace e Youtube que a internet assumiu este caráter de forma definitiva. O MySpace, embora funcione essencialmente como uma rede de relacionamentos, dispõe de uma ferramenta específica para divulgação de música, intitulada “Myspace music”. Utilizada até por gigantes da música, como Morrissey e Neil Young, também permite que músi-
cos iniciantes mostrem seu trabalho. Por meio da página, o artista possui canal direto com o público, além da liberdade de disponibilizar seu material como desejar - trecho ou download completo. O serviço possui similar no Brasil, com algumas diferenças. Trata-se do site TramaVirtual, subproduto da gravadora Trama que foi criado justamente pela impossibilidade da empresa de dar conta do grande volume de demos recebidas. O foco é o músico iniciante, obviamente. Apesar de não contar com a opção de audição de trecho, iniciou um serviço de download pago recentemente. Impensável até pouco tempo, o serviço funciona da seguinte forma: empresas “amigas” da música independente fazem doações mensais. Ao final de cada mês, o total recebido é somado e dividido de acordo com o número de downloads, assim definindo o seu preço. Para receber seu dinheiro, o artista deve acumular mais de R$50,00 na pontuação. Se a meta não é atingida até o final do mês corrente, os pontos ficam acumulados. Em suma, uma iniciativa digna de nota. Sem gastar um centavo, a gravadora conseguiu proporcionar alguma remuneração aos músicos, mesmo que simbólica. Para Rodrigo Pacote, esse é um ponto alto: “São duas vias de apresentar o trabalho e ter um retorno. Não me chame de hipócrita, mas ser músico é um trabalho”, ri. Outro aspecto relevante do site é que, através dele, muitos artistas também 19 >> noize.com.br
o fim da demo
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têm retorno do o público que conquistam, e alimenta suas apresentações. Um exemplo é a banda paulista Dance of Days, que vende os próprios discos e realiza turnês, sempre com o uso do TramaVirtual como ferramenta de divulgação. FENÔMENOS PRÓPRIOS Os dois sites, ainda que muito diferentes entre si, partilham do mesmo conceito (divulgação de música, exclusivamente independente, no caso do TramaVirtual) e são responsáveis por dois fenômenos similares. O fenômeno do MySpace chama-se Arctic Monkeys. O disco de estréia da banda inglesa, Whatever People Say I Am,That’s What I’m Not, vendeu 363.735 cópias apenas na sua primeira semana, tornando-se o álbum mais vendido na primeira semana no Reino Unido. O sucesso “repentino” aconteceu, em muito, graças ao site e um intenso boca-a-boca promovido na rede, em blogs e em outros meios. O TramaVirtual, por sua vez, impulsionou o sucesso da banda paulista Cansei de Ser Sexy. No topo de sua lista de “mais baixadas” por semanas, a CSS, como é mais conhecida, foi escalada para o TIM Festival e conseguiu atrair a atenção de produtores de shows, jornalistas estrangeiros e até do selo norte-americano Sub Pop, que promoveu uma turnê da banda nos EUA. A faixa “Meeting Paris Hilton”, do álbum de estréia homônimo, rendeu um convite da socialite para conhecê-los pessoalmente. Nos dois casos, bem como em outros mais recentes, como o da banda americana Clap Your Hands Say Yeah!, reconhecida por conseguir sua fama inicial e sucesso comercial pela internet, o público influiu diretamente no sucesso da banda: coube à gravadora apenas lançar seus discos e promover suas turnês e material de divulgação. Nada foi alterado para que o material se tornasse mais radiofônico ou o visual mais digerível, uma vez que o público já os havia aceitado. Ou seja, além de ser ferramenta indispensável de divulgação, a internet também vem provocando a criação de uma nova forma de consumo, baseada em mercados de nicho - na qual quem manda é o público. A NOVA REVOLUÇÃO No entanto, a cereja do bolo está na distribuição, como visto nos últimos lançamentos do Radiohead, do Nine Inch Nails e, mais recentemente, do Raconteurs. Fiquemos aqui com os sites próprios, sem incluir outras formas de distribuição como a iTunes Store, loja da Apple que disponibiliza o download de faixa por um custo médio de US$ 0,99. A iTunes Store, bem como outros sites neste modelo, não só “fere nosso senso de justiça econômica”, como bem colocou Chris Anderson, editor da revista americana Wired, por não incluir gastos de arte ou prensagem, como é um caso a parte. Embora o grupo de Jack White não tenha lançado seu último disco, Consolers of the Lonely, de forma independente, o fez após apenas uma semana depois de anunciá-lo, e o mais interessante: em vinil, em CD e em mp3, simultaneamente. Já In Rainbows (Radiohead), Ghosts I - IV e The Slip (ambos do Nine Inch Nails) foram produzidos e distribuídos pelos próprios artistas de forma variada. No caso de In Rainbows, a banda disponibilizou o disco no site oficial cobrando apenas o que o público estivesse disposto a pagar pelo download, mais edições físicas e especiais (estas com preço fixo). Trent Reznor, o homem por trás do Nine Inch Nails, também fez uso desse recurso com Ghosts I – IV, com sucesso (o pacote ultra deluxe contendo 4 belos vinis, pela
bagatela de US$300, esgotou-se rapidamente). A diferença é que, ao invés de liberar o download, deixando a critério do público pagar ou não por ele (e quanto), Reznor disponibilizou apenas as primeiras faixas gratuitamente. Fixou o download completo em US$ 5,00. The Slip, lançado no mês passado, foi liberado de forma gratuita, com previsão de versões em CD e em vinil apenas para o mês de julho. Formas de distribuição à parte, produção e distribuição independente pela internet, com ou sem selo próprio, parece ser a tendência – ao menos para os já consagrados. Tendência essa extremamente vantajosa para artista e para público, diga-se de passagem. Para o artista, se não elimina o leaking, o vazamento do álbum antes do lançamento, ao menos ajuda a contorná-lo. Com material de qualidade superior ao que circula na rede distribuído de forma rápida e a preços convidativos, não poderia ser de outra forma. Além disso, como ficou comprovado no caso de Ghosts I – IV e em tantos outros, quem é fã compra o disco. E mais: compra material exclusivo, leia-se aí vinis e outros produtos diferenciados. Outra vantagem substancial é o retorno financeiro. Sem precisar pagar qualquer porcentagem a terceiros, o artista lucra integralmente com sua obra. De acordo com a Rolling Stone argentina, que, na sua edição de maio, publicou uma matéria intitulada “Quem precisa das gravadoras?”, tanto Reznor quanto a banda de Thom Yorke arrecadaram mais com seus últimos lançamentos independentes. Enquanto Year Zero (1997), do Nine Inch Nails, vendeu um total de US$ 960.000, Ghosts I – IV vendeu US$ 1.619.420 só na primeira semana. Enquanto Hail to the Thief (2003) rendeu US$ 2.000.000, In Rainbows rendeu cerca de US$ 5.000.000, com um custo médio de US$ 6,00 por unidade. A matéria ainda menciona rendimentos superiores em outros tipos de negociação sem relação com gravadoras, como o caso da banda The Eagles que, ao fazer um acordo de venda exclusivo com a rede de supermercados Wal-Mart, saiu lucrando quase quatro vezes mais do que se tivesse um contrato típico da indústria fonográfica. De maneira geral, a regra parece ser um retorno rápido do investimento e uma certa, quando não completa, exclusão de intermediários. Obviamente, também ganha o público. No caso do Raconteurs, ele parece ter sido a preocupação principal. Apesar da suspeita de muitos (principalmente da mídia) de que o lançamento tenha sido apressado por medo de que o álbum vazasse,White foi enfático em uma nota no site oficial:“O Raconteurs preferiu esse tipo de lançamento para VOCÊ ouvir o trabalho antes de alguém defini-lo por você”. Na distribuição, o público ganha em exclusividade, em rapidez, em facilidade e em qualidade, como já foi mencionado. No fenômeno como um todo, ganha um papel ativo, determinando o que é sucesso, o que quer escutar. A definição não cabe mais à indústria fonográfica. Como a fita demo, um de seus símbolos, ela perde lugar. Embora as previsões sejam pessimistas, ainda não se pode afirmar que as gravadoras não conseguirão reverter o quadro. De qualquer forma, não restam dúvidas de que, para tal, precisarão adaptar-se à rede e aos novos desafios a ela propostos. Se não o fizerem, serão varridas por essa nova forma de consumo com a qual, exceto elas, todos lucram. Ou ao menos a parcela mais importante, músico e público. 21 x noize.com.br
Texto Lidy Araújo | Ilustra Dani Marques Foto Divulgação/Marcelo Nunes
banda do sul :::
comunidade nin-jitsu 22
Com o lançamento do CD Atividade na Laje, a CNJ dá fim aos rumores de que os projetos paralelos dos integrantes atrapalhariam a continuidade da banda—e retornam de uma parada de três anos sem gravar nada inédito. Conversamos com o baixista Nando Endres, que conta melhor essa história e deixa bem claro que a chalaça está bem longe de ter fim. NOIZE: Quais as expectativas da banda com relação a este disco? Nando: São as melhores. Faz muito tempo que não lançamos CD de inéditas, e sabemos que tem muita gente esperando ansiosa por isso. Acho que vai dar muito trabalho, no bom sentido. A história de ter demorado pra sair acabou sendo positiva: houve um amadurecimento pessoal dos integrantes e da própria convicção da essência da CNJ pra cada um de nós. Temos 12 anos de carreira, muita coisa aconteceu, mas o importante é que a raiz continua viva e a identidade “Nin-Jitsu” cada vez mais intrínseca. A banda é nossa prioridade, nossa mothership connection. Ficamos um tempo fora da mídia, mas nunca deixamos de fazer shows, e isso é uma dádiva. Valoriza mais ainda nossa história. NOIZE: Teve gente que pensou que a banda chegaria ao fim. Como você imagina que vá ser agora, para conciliar tudo? Nando: A banda nunca parou. Sofreu, sim, processos de mudança internos. Demoramos pra nos recompor da saída do [baterista] Pancho. A história política do [Mano] Changes (eleito deputado estadual em 2006) só confundiu um pouco o público, que achou que ele não fosse capaz de conciliar as coisas, mas não tivemos grandes problemas. Na real, o processo criativo dentro da banda não cessa nunca. Foi mais complicado organizar o material todo de uma forma coesa, bem-produzida e que satisfizesse principalmente a nós mesmos. Algumas músicas sofreram transformações, tanto em termos de letra, bases ou arranjos. O bom é que tivemos bastante tempo. A entrada do [baterista, Claudio] Calcanhoto também contribuiu pra botarmos em prática várias idéias que tínhamos. Ele
tem a cabeça aberta para experimentar e uma boa bagagem. NOIZE: De que forma esse tempo de dedicação a outros trabalhos influenciou a banda? Nando: O Fredi [“Chernobyl” Endres, guitarrista] amadureceu muito como produtor e DJ e fez vários trabalhos, inclusive fora do país. Eu e ele tivemos um trabalho voltado pro electro rock, o 808sex, que nos deu a oportunidade de criarmos juntos nessa linguagem. Não era a minha praia, mas mergulhei de cabeça e aprendemos muito com essa experiência. Fica muito mais fácil conciliar as idéias e chegar num acordo quando se está compondo ou produzindo com todo esse conhecimento acumulado. NOIZE: Você falou em amadurecimento. No entanto, o espírito jovem se mantém. Qual o segredo? Nando: Não tem segredo. A melhor coisa que fazemos e que, pra mim, é o que funciona e cativa gerações mais novas, é ser coerente com a nossa origem, com aquela idéia maluca e até engraçada de fazer som. Não perdemos a essência da diversão, amizade, entrega no palco. Sentir essa energia voltando não tem preço. Criamos algo original, que foi reconhecido e valorizado; isso é raro.Todo nosso conhecimento só vem a somar à essência. Aprimoramos o que sempre fomos e vamos continuar sendo. NOIZE: Além do Fredi, você também produziu este disco. Como foi? Nando: Esse é o primeiro de inéditas produzido por integrantes da banda. Chegamos a fazer um CD de remixes e algumas inéditas em 2005, já produzido
pelo Fredi.Agora, eu e ele pensamos juntos no que seria o melhor. O Fredi tem mais intimidade com o computador, mas muitas bases produzimos juntos. Som de guitarra, baixo, arranjos de voz, tudo foi bem escolhido por nós. É muito bom ter essa liberdade. Foi trabalhoso, mas gratificante. NOIZE: A mistura de funk e rock está em alta no mundo. O Fredi mesmo está na Europa com seu trabalho solo. E se rolar uma turnê da CNJ fora do país? Nando: Se rolar, é claro que encaramos, é tudo que queremos—e esse reconhecimento já está rolando. O Fredi manda músicas pra DJs gringos direto, e tem muitos que estão tocando um som deste CD, chamado Funkstein. Ele mandou pra um DJ da Ucrânia e, em pouco tempo, vários queriam o som, até um DJ fodão da Inglaterra. É uma mistura de funk carioca com o funk mais James Brown, com refrão bem George Clinton, e participação da Marina (ex-Bonde do Rolê), de Jorjão e de Andréia Cavalheiro nos vocais. O funk carioca é supervalorizado lá fora, tem status de música eletrônica originalmente brasileira. Nossa mistura com rock também é bem-aceita, vide Bonde do Rolê, que toca mais fora do país do que aqui. NOIZE: E os shows? Qual a programação da banda? Que tal um show online? Nando: Show online é uma boa idéia, mas o lançamento do Atividade na Laje será no segundo semestre. Queremos preparar esse show com muito cuidado e dedicação, pois nosso público merece o melhor da gente. > myspace.com/comunidadeninjitsu-
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Escute as músicas de Atividade na Laje.
23 x noize.com.br
Texto Luna Pizzato
na fita
26
ara ficientes p motivos su : de ia n ta n to n vo si a música e ísticas com aixão pela s caracter . sa es d es u d D o e Amizade, p iã un owher da. E é na iu a The N ter uma ban ck que surg ro m o b m ris há tem de tocar u eça dos gu b ca a o el d p Tu va o. da já passa o deste an , ter uma ban cretizada em fevereir o Richard d A idéia de ó n av co a r d só foi se itarra, a garagem gu n e s o ia tr er pos, porém n co tocar bat com os en am tantas niam para começou diversão er ro se reu a d e Pe ça o n e u par. O onde ele ulho, a bag ara partici Ricardo p ente. O bar o curam e ro va p r ti o s ec it o V resp e há temp chamar o u q , am um, ré er d lv n or em com calista A que reso ar foi o vo um profess es tr a az p en as ra a aç s o gr O , . e últim do o time n ara tocar p ta a le d p m an b co va uma os guris e a letra: nhecendo E e deram acabou co IZ O N a m co m ra conversa —disse, melhorar” meçando a co almente a n tá re e es r C a A lo, mas el em que se nu “T : é u to vo a boa ti en n u “O ince guir ter m . E acresc car e conse ra, o André ta ca es e d d se go lo pra diferencial bom e com .” visibilidade num chegando ris acabam gu s pais s ci ia o n c r, ri n ti p ê Influ são as sar e discu Iron Maiden révia muito pen p e e d in ão is el o aç p x ep ep ta D dZ essa Metallica, Le rdamos muito com ue sejam, consenso: nco menores q r co o p ão , n va e le u q sica Pedro. fontes: “É ir.Toda mú , justifica o lo a se segu os estilos” ad ri de um esti va s ai cas dos m característi sica. ver da mú nham em vi so , ou s m ão o o n v b ti es o el Obje se é muit as bandas, u it o u m el não e ív d e ser poss Diferente lico quer, e para isso cando o que o púb u rinq p o am ss it o Acred menta: “N uindo” e to co it d st ele ar , ro h ic te “p acaba se aterista R eiras à par Rindo, o b os ”. Brincad a. ão em st st er u go u q Fa e u oq arecer no ito alto. Só u ap m é s as o en vo ti am ap não sonh cipal obje os como a realidade r conhecid ca “N fi : ta ão le n p com rade e som que ag tocar um ” e soa. d ban ? “Acho qu mais uma ere Dudes h mais w s o o N m e h so T ntes. Não rencial da re ife d ve o re a ir ri Qual se mo tempo s e ao mes mos sério . clichê” uma banda
Abra. Destaque. E cole na parede.
Agenda JOSS STONE Dia 19 de junho - Pepsi On Stage Brancos com vozeirões de negros: uma fórmula de sucesso desde os tempos de Elvis Presley. Joss Stone é dona de um talento vocal digno de diva e de trejeitos exagerados que emocionam alguns e causam rejeição em outros. O que não dá pra negar é que a voz da guria impressiona e coloca-a entre os grandes nomes do R&B mundial. Dia 19, ela passa pelo Pepsi On Stage, desfilando canções de seus três álbuns, como “You Had Me”, “Don’t Cha Wanna Ride” e “Tell Me What We’re Gonna Do Now”.
estilo:música
octopus’s garden Marcelo Fruet toca desde os 12 e trabalha com música desde os 19. A música “El Mariacchi” é prova disso: ela está presente no último disco de sua banda Fruet e os Cozinheiros, e foi composta quando ele tinha apenas 15 anos de idade. Após as premiações de Melhor Projeto Gráfico, de Melhor Compositor Pop e de Revelação do Ano na 17ª Edição do Açorianos de Música, a banda está preparando um novo álbum com canções totalmente em inglês.
Fotos: Marco Chaparro - 311 Label Assistência de Fotografia: Lucas Tergolina Produção: Mely Paredes e Bianca Montiel Make Up & Hair: Gabi Guimarães Arte Gráfica: Rafael Rocha Textos: Helga Kern Concepção: Mely Paredes Realização: MissinScene Produções Figuração: Gabi Guimarães Agradecimentos: Viração Filmes, Maurício Pamplona Figurinos: Spirito Santo e Regentag
Foi na faculdade de Publicidade e Propaganda que surgiu o interesse em unir a música ao audiovisual? Na minha família, exceto por uma tia-avó que era professora de música, ninguém tinha ligação nenhuma e sempre houve uma certa resistência ao fato de trabalhar com isso. No vestibular, cheguei a me inscrever para o curso de medicina e de filosofia em segunda opção, passei em filosofia e publicidade, e acabei cursando as duas por seis meses. Daí, pela proximidade do mercado publicitário com a música, optei por fazer só publicidade porque eu não tava agüentando fazer duas faculdades, quando, na verdade, eu queria era uma terceira opção, a música. Entre diretor musical, músico, mixador e produtor, se tivesse que optar por apenas uma dessas funções, qual seria? Nenhuma delas—eu seria apenas compositor, criador mesmo, que é o que eu mais curto. Eu gosto muito de trabalhar essa
parte do conceito, de criar uma música, que é uma mensagem na verdade, e de como passar essa mensagem. Tu estás produzindo o segundo álbum da Pública. Como é essa parceria? Tá sendo o bicho! Tudo correndo muito bem. É todo mundo chato—eu e eles—, gostamos de ser perfeccionistas e ir até o fundo das coisas. Gera alguns conflitos, mas sempre leva a bons lugares. A Fruet e os Cozinheiros esperava pelas premiações do Açorianos? Eu sabia que a gente ia ganhar o de melhor projeto gráfico, porque eu nunca vi um projeto melhor que o nosso. Os outros prêmios eu não tava acreditando muito que fosse rolar… não por pessimismo, mas pelo nosso trabalho ser totalmente independente. Achei que iam premiar alguém que estivesse na indústria, que tivesse uma voz política mais acirrada. Foi um grande estímulo, tanto pra mim quanto pra banda. Como produtor, quais seriam as tuas apostas de artistas do RS? A Pública: os caras têm a garra, a qualidade e estão ganhando a maturidade que eles não tinham no começo. A Pata de Elefante, que é uma banda supersólida, e a Lica, que não é o estilo que eu tô trabalhando hoje em dia, mas eu conheço ela e sei que é batalhadora. x
o que entra por uma orelha e n達o sai pela outra
GILBERTO GIL
ALANIS MORISSETTE
Banda Larga Cordel
Flavors Of Entanglement
Sem lançar um álbum de inéditas desde 1997, Banda Larga Cordel marca a reconciliação de Gil com a “musa”, como ele mesmo afirma. As 16 músicas do CD já estão disponíveis na internet e terão seu lançamento físico no dia 17 de junho. Banda Larga Cordel traz as letras viajantes de Gilberto Gil que todos conhecem, e a maior parte das composições é inédita em disco. Um dos temas recorrente nas letras, como adianta o próprio nome do disco, são as novas tecnologias. Numa mistura de “tudo um pouco”, o álbum vai desde forró, em “Despedida de Solteira”, reggae em “Os Pais”, à programação eletrônica presente em Banda Larga Cordel. Sem carregar o ineditismo tropicalista, Gil lança um disco apenas atual e não inova em quase nada. Natália Utz
Se alguns artistas melhoram com o tempo, Alanis parece ter perdido, com a juventude, a paixão. Em Flavors of Entanglement existe um potencial de sentimento que soa oco. As letras e a voz até são intensas, mas não convencem, e a canadense nem se esforça para tanto: apela para recursos eletrônicos que só não descem pior do que sua versão de “My Humps”, do Black Eyed Peas, disponível no YouTube. Melhor do que comprar o CD é acessar esse mesmo site e conferir qualquer música ao vivo gravada em 1996, ou desempoeirar o Acústico MTV. A Alanis de quem eu sinto falta (provavelmente abduzida em algum lugar da Índia) é junkie, magrela, cabeluda e tem uma mãozinha maníaca que balança enquanto ela berra. ETs, devolvam nossa Alanis Morissette. Maria Joana Avellar
WEEZER
Weezer (Red Album) O Weezer está para as cores como o Led Zeppelin está para os números. Apesar da descarada falta de criatividade, os álbuns self-titled são sempre bons—do début azul ao power pop do verde. Esse Red Album não foge à regra. Depois do fiasco de Make Believe (2005), a banda voltou a acertar o tom; as 8 músicas (de 10) que vazaram na internet não negam. Do início com “Troublemaker”, marcada e grudenta, passando pelos agudos e coros de “The Greatest Man That Ever Lived”, pela doçura e simplicidade que crescem em “Heart Songs”, pela pegada funk, a la Chilli Peppers que explode em “Everybody Get Dangerous” e pelas guitarras sujas e melancólicas de “Dreamin’”, o disco está acima da média (e das expectativas). Até as canções dispensáveis, “Thought I Knew”, “Cold Dark World” e o inexpressivo single “Pork and Beans” são passíveis de perdão. Nota 5, com louvor. Fernanda Botta
CYNDI LAUPER Bring Ya To The Brink
Bring Ya to the Brink, que significa “trazer você para o canto”, é justamente o que Cyndi Lauper quer fazer com seu álbum recém lançado. Um CD com 12 faixas completamente dançantes: fora, no máximo, uma ou duas músicas lentas, o disco é totalmente on the dancefloor. As influências mais presentes no trabalho são o disco e o electro, mas é possível sentir, inclusive, uma leve pitada de funk carioca em “Rockin Chair”. Lauper deixa clara sua escolha pelo som electro nas faixas “High & Mighty”, “Into The Night Life” e “Grab a Hold”. Produzido por Basement Jaxx, Dragonette e outros, Bring Ya to the Brink promete não decepcionar os amantes da eterna musa dos anos 80. Aliás, ela vem tocar aí esse ano (leia mais na seção de news)! Rafael Santos
WE ARE SCIENTISTS Brain Thrust Mastery
Numa comparação com With Love and Squalor (2006), Brain Thrust Mistery é mais “anos 80” e menos Bloc Party—o que pode parecer controverso, eu sei, mas serve como elogio à banda. Se o álbum anterior era feito de bons e de maus momentos, em que predomina um sentimento marcante de “meio-termo”, agora o We Are Scientists consegue um resultado mais inventivo. Nada que vá levar a banda a um nível superior e notável, porém, indubitavelmente, garantirá mais do que 8 minutos da atenção do ouvinte médio. “Tonight” e “Dinosaurs” são dois dos momentos mais surpreendentes do álbum: a primeira, uma canção pop ideal para o fim de noite; a segunda, um punk rock que, absurdamente, mistura Replacements e Hot Water Music. Gustavo Corrêa 37 noize.com.br
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DUFFY
MILLENCOLIN
cds :::
reviews
Rockferry
A onda de cantoras que tentam uma releitura das divas da black music não traz apenas vergonha alheia: Rockferry, da galesa Duffy, é uma boa surpresa dentre os outros representantes do revival. A voz tem personalidade capaz de superar a (por vezes insuportável) pieguice de algumas faixas, como “Distant Dreamer” e “Hanging on Too Low”, e de dar vida às boas letras de “Stepping Stone” e de “Rockferry”. O timbre lembra Dusty Springfield, intérprete de “Son of a Preacher Man”, trilha de Pulp Fiction. Duffy é versátil na bipolaridade de seu álbum: faz bem tanto nos momentos tristes quanto nos dançantes. Fernanda Grabauska
Machine 15
Essa máquina chega aos 15 anos e abre o novo disco dizendo ainda ter combustível criativo, e, ao mesmo tempo, deixando um questionamento no ar. A afirmação torna-se dúvida quando é expressa em músicas de fórmula repetida, fugindo do casual apenas quando são introduzidas as cordas da orquestra sueca ou alguns teclados escondidos. “Brand new game” toca no assunto, falando do quanto sentem falta do passado e medo do futuro. A gravação, a arte e a qualidade do produto não deixam dúvida de que os mecânicos trabalham com perfeccionismo, mas somente os fãs saberão o momento de desligar os motores. Bruno Felin
DiscografiaBásica OK Computer
Tomando como ponto de partida a inventividade de Bitches Brew, de Miles Davis, o Radiohead ganha o mundo—merecidamente—com o terceiro disco. Gravado num estúdio no campo e em uma mansão histórica, OK Computer é aclamado mundialmente como um dos álbuns mais influentes dos anos 90. Se em The Bends já havia indícios de uma mudança de estilo nas letras, passando da esfera pessoal depressiva de Yorke para temas mais globais, isso se consolida em OK Computer. O álbum, minado com as mais diversas influências, pavimenta elegantemente o território experimental que a banda viria a explorar. Apesar de não ter sido pensado como álbum-conceito, o disco é um retrato dos excessos da modernidade, desde o encarte até a última nota de “The Tourist”. Ouça “Paranoid Android” e “Exit Music (For A Film)” enquanto circula pelo caos urbano e você entenderá.
por Gabriel Resende
DEATH CAB FOR CUTIE
Narrow Stairs
Narrow Stairs é mesmo uma escada que, a cada degrau, fica mais estreita. As primeiras duas músicas soam bem diferente dos trabalhos anteriores do Death Cab, mas, infelizmente, o resto do álbum não revela muitas surpresas. Mesmo assim, é possível detectar novas influências, perfeitamente incorporadas ao tradicional estilo da banda, e tudo indica que não ousar foi uma boa tática: o resultado final é um CD que tem tudo para cair nas graças dos fãs. As músicas deram mais espaço às guitarras, mas continuam nem lentas nem rápidas, e as letras seguem boas e românticas, sem ser piegas. Três estrelitas. Maria Joana Avellar
RADIOHEAD
The Bends
Com o peso persecutório dos quatro acordes de “Creep” nas costas, o Radiohead lança seu segundo disco em 1995. Criado com liberdade, ao contrário de Pablo Honey,The Bends começa a modelar a estética sonora da banda, que deixa um pouco de lado o postgrunge (apesar de “Just” ter algumas semelhanças com “Smells Like Teen Spirit”) para procurar um fundamento que aproveite melhor a maleabilidade dos músicos de Oxfordshire. As guitarras esquizo de Jonny Greenwood e o falsetto de Thom Yorke, que hoje são marcas registradas da banda, consolidam-se neste álbum. Baladas como “Fake Plastic Trees” e “High & Dry”, junto com músicas mais pesadas, como “Just” e “My Iron Lung”, compõem um trabalho heterogêneo e conciso, que dá indícios de um movimento mais independente em relação ao britpop de Oasis e Blur. In Rainbows
Até a sua avó deve ter ouvido falar do In Rainbows, como “o CD que foi liberado na internet pelo preço que o internauta quisesse pagar”. Mas o mais recente trabalho do Radiohead vai além da revolução no mercado da indústria fonográfica. Por ter trabalhado nele por mais de dois anos, a banda conseguiu produzir uma obra que abrange todos os aspectos da carreira: as baladas de piano de Hail To The Thief estão lá, mas mais polidas; as guitarras não sumiram, mas aparecem com arranjos mais minimalistas, convivendo pacificamente com rápidas batidas eletrônicas e o excelente trabalho de Phil Selway na bateria; em “Nude”, Thom Yorke mostra que o falsetto não morreu. A banda joga 20 anos de carreira e seis discos diferentes no liqüidificador e produz algo novo—e excelente.
NX ZERO
O DVD 62 Mil Horas Até Aqui é daqueles registros essenciais na coleção dos fãs que apostam na banda de maior destaque nacional em 2007. Neste primeiro material, Di Ferrero (vocal), Gee Rocha e Fi Ricardo (guitarras), Caco Grandino (baixo) e Dani Weksler (bateria) reúnem performances em estúdio, cenas inéditas de bastidores e regravam o álbum ao vivo, com arranjos um pouco diferentes. O DVD ainda traz clipes da banda, como “Razões e Emoções” e o mais recente, “Pela última vez”, além da versão “emo” de “Apenas mais uma de amor” (Lulu Santos). Para quem gosta ou quer conhecer a trajetória da banda, o DVD é uma boa pedida. Flávia Mu
NEY MATOGROSSO Inclassificáveis
O DVD Inclassificáveis intensifica a experiência perceptiva do disco homônimo, o mais recente de Ney Matogrosso. Isso porque, além de uma voz impecável, o cantor é “o” performer. Do alto de seus 66 anos, Ney aparece travestido em figurinos de Ocimar Versolato, que lhe escondem as rugas e os cabelos brancos, exibindo apenas o físico enxuto, e proclamando-se inclassificável: “sou um homem, sou um bicho, sou uma mulher”. Ele dança incansavelmente, insinua-se para o público e troca de roupa no palco, demonstrando vivacidade, apesar da idade. Enquanto isso, o repertório escolhido revela um artista maduro que fala da velhice (“envelhecer certamente com a mente sã, me renovando dia a dia, a cada manhã”), dá lições sobre a vida e alerta: “existem coisas na vida das quais até Deus duvida”. Para tanto, Ney mostra que tem um olhar arguto para escolher canções inéditas e para recriar as já consagradas, ao lado de uma banda competente, sob direção musical de Emílio Carrera. Ana Laura Freitas
CONTROL Anton Corbijn
É impossível, ainda que na forma hipotética, dimensionar a contribuição de Ian Curtis ao que se convencionou chamar de rock dos anos 80. Hoje, não precisamos de mais do que “vai tocar anos 80” para sabermos o que nos espera e decidirmos se o convite é agradável ou detestável. O ano é 1976. Um jovem enfrenta a rotina de Macclesfield, pequena cidade do condado de Cheshire, na Inglaterra. Para passar o tempo, ouve David Bowie, de quem possui discos, pôsteres e inspiração para maquiar-se. Mas esse não é apenas mais um inglês fã de Bowie: trata-se de Ian Curtis (brilhante atuação de Sam Riley), que, pouco tempo depois, se tornaria vocalista do Joy Division, banda cuja efemeridade não lhe rouba a inegável influência em tudo que veio a seguir. É na pessoa do sensível e melancólico compositor que o fotógrafo e diretor Anton Corbijn centraliza Control. Em um ambiente frio, enfatizado pela fotografia em preto e branco, em duas horas são contados os quatro anos da banda de onde surgiu o New Order e, por tabela, uma ninhada de filhotes nas décadas posteriores. O encontro entre Ian, Bernard, Peter e Stephen acontece em um show do Sex Pistols. Estava formado o Warsaw, mais tarde substituído por Joy Division. Paralelamente, o vocalista está casado com Deborah (Samantha Morton), uma paixão repleta de efeitos impulsivos, como a filha Natalie. O filme conta o rápido crescimento do grupo, desde o modo como conheceram o empresário Rob Gretton, o contrato “a sangue” com a Factory Records, as primeiras turnês e o sucesso com o público e com a crítica quando do lançamento de Unknown Pleasures (1979), primeiro álbum de estúdio (haveria apenas mais um, Closer, lançado postumamente). As principais músicas do Joy Division estão presentes no filme. Os efeitos indesejados dos remédios utilizados para conter uma epilepsia cada vez mais grave, um caso extraconjugal com uma funcionária da embaixada belga (Annik Honoré) e todas as confusões e culpas despertadas pelo sentimento de traição são elementos decisivos para que Ian cometesse suicídio em maio de 1980, aos 23 anos. Gustavo Corrêa
::: dvds
62 mil horas até aqui
LINCON Lincon
A Lincon é um trio de post-rock emotivo composto por Jeison (vocal e guitarra), Guilherme (bateria) e Cristiano (baixo). Entre terças, oitavas e letras emotivas, a banda faz um bom trabalho em seu álbum. Com um punhado de melodias redondas e bons timbres, não dá para fugir da comparação com nomes gringos, como Finch e The Used, e nacionais, como Fresno e Aditive. Tem o potencial para emplacar algumas canções, mas antes precisa fugir de melodias vocais insistentes. Em alguns momentos, os refrões, na tentativa de emocionar, acabam parecendo demais uns com os outros.
FÁBIO MARRONE No Rip
Música instrumental não é praia para muitos. As capacidades técnicas e criativas dos músicos ficam evidentes, e é fácil cair na cilada do que soa bem, mas não necessariamente satisfará os ouvidos do público. Com Luciano Leindecker (baixo) e Alexandre Barea (bateria), Fábio Marrone está bem acompanhado para não cair nessa: a virtuose de Satriani, os momentos de Hendrix e o toque brasileiríssimo dão a No Rip um ritmo estradeiro familiar. Canções como “Retoside” e “RS-040” são belos embalos para quem pega o carro rumo à praia ou curte uma manhã de domingo. 39 noize.com.br
Divulgação
INDIANA JONES
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E O REINO DA CAVEIRA DE CRISTAL
cinema :::
reviews
de Steven Spielberg (2008)
INTO THE WILD de Eddie Vedder (2008)
IRON MAN
busca da caveira de cristal do título, e que pretende convencer Jones a ajudála em sua busca. Shia LeBouf assume o papel de sidekick do herói, num personagem feito para conectar o público jovem que, se muito, conhece os filmes de Indiana Jones apenas por reprises na TV, enquanto Karen Allen volta a interpretar a mocinha do primeiro filme, Marion Ravenwood. A única ausência sentida é a de Sean Connery, pai de IJ no melhor filme da série. O Reino da Caveira de Cristal acaba sendo um bem-vindo retorno de um dos personagens mais queridos do cinema. Samir Machado Divulgação
Sean Penn, diretor e roteirista de Into the Wild, tinha uma vasta gama de opções ao escolher o responsável pela trilha sonora de seu novo filme, mas, acertivamente, escalou Eddie Vedder para ficar à frente do projeto. O líder do Pearl Jam topou o desafio e lançou seu primeiro álbum solo assinando as canções originais da produção. Tamanho foi o êxito obtido, que o músico arrebatou o Globo de Ouro de 2008 pela faixa “Guaranteed”. A fim de cantar as desventuras do libertário Christopher McCandless, Vedder emprestou o seu timbre inconfundível num misto de melancolia e de agressividade. Into the Wild – nome original do livro de Jon Krakauer, de 1996 – conta a verdadeira história do jovem norteamericano que abandonou seus costumes e sua carreira promissora para rumar, após sucessivas incursões a paisagens inóspitas, ao Alasca em busca do seu “eu” mais primitivo. São as sonoridades abissais capturadas por Eddie Vedder e as baladas no mais puro estilo folk que preenchem com perfeição as cenas do longametragem. O artista compôs músicas que são deglutidas de uma só vez e que soam da maneira mais errante e verdadeira, fazendo parecer ecos de libertação que partiram de um homem que questionou com ferocidade sua condição e que foi em busca da resposta no umbigo mais solitário da criação: a natureza selvagem. Marcela Gonçalves
Quase vinte anos depois de Indiana Jones e a Ultima Cruzada, a volta do arqueólogo que mais destrói o patrimônio cultural mundial é saudada como o retorno do mais clássico filme de ação e de aventura, com maior base no trabalho de dublês do que em efeitos especiais digitais. Não apenas o sexagenário Harrison Ford está em excelente forma no papel do herói, como o filme mantém o pique dos anteriores, em sua homenagem às pulp fictions de aventura, com as habituais seqüências de ação características de Spielberg, que são em muito como elaborados números de circo, com um senso de diversão e de desprendimento único. Destaque para a seqüência de perseguição de carros na floresta e para a explosão de uma bomba atômica na cidade de testes nucleares. A trama também se atualiza, trocando nazistas ocultistas e seitas fanáticas pela paranóia comunista dos anos 50, o medo da guerra fria e os filmes de alienígenas. Cate Blanchett é a perfeitamente caricata e estilosa vilã Irina Spalko, que está em
de Jon Favreau (2008)
Se Homem de Ferro tem uma razão de existir, essa razão é Robert Downey Jr. Recuperado das drogas, o ator dá a volta por cima, e carrega o filme inteiro nas costas, a tal ponto que vê-lo como Tony Stark é tão ou mais divertido do que esperar pelas cenas de ação do Homem de Ferro. Claro que carisma não é tudo, mas o filme evita correr riscos numa história com equilíbrio de humor, de drama e de ação, bem à vontade em seu papel de adaptação de quadrinhos e de entretenimento-família, com um bom ajuste ao contexto atual: o Vietnã, onde Tony Stark é preso nos HQ, no filme, vira o Afeganistão atual, de onde Stark irá fugir para construir sua armadura e ir atrás das armas que ajudou a criar e que caíram em mãos erradas. O filme conta
com um bom elenco de apoio – Gwyneth Paltrow como o interesse romântico e um Jeff Bridges vilão – e ainda guarda uma surpresa para depois dos créditos, que abre portas para prováveis e, inclusive, já anunciadas continuações. Samir Machado
Foto Games: Reprodução
especial indie
THE CLAPPERBOARD theclapperboard.com
FIQL
Não que você vá ser um grande cineasta, mas, com vontade e com as ferramentas certas, alguma coisa legal pode sair e figurar nas telas do...YouTube? Em tempos de acesso facilitado às tecnologias de gravação de som e de imagem, o site The Clapperboard é um recurso interessante. Traz cursos gratuitos para aqueles que querem aventurar-se no mundo mágico do cinema, ou apenas escrever um pequeno roteiro para uma idéia legal tida em uma tarde de domingo. As três grandes seções incluem as aulas de roteiro, depoimentos de grandes diretores, de produtores e de roteiristas, e um catálogo dos clássicos do cinema low budget. Mas, além dessas, capazes de entreter qualquer apreciador da telona por horas diante da telinha, há artigos variados para leigos e para “experts”, leituras recomendadas e a possibilidade de dialogar com outros usuários do site.
Mais um site interessante combinando comunidades virtuais com música. O Fiql faz compartilhamento de playlists. Só. A proposta é tão ampla quanto a variedade de temas das listas de música publicadas online. Desde “Músicas Sobre Trens”(!) até “Clássicas para a hora H”, passando pelas mais óbvias “Melhores músicas de todos os tempos”. Mas para quê, se tem o Last.fm? A interface é diferente. Você digita uma palavra e vêm as playlists relacionadas à sua busca. E de nada adiantaria apenas saber das músicas - listas de todos os tipos habitam a web há anos. Os serviços Napster e Rhapsody permitem que você escute algumas ou todas as faixas, dependendo se você é um usuário com grana ou um usuário free. Sendo o segundo, resta sempre a possibilidade de escutar um pouco das listas legais e de ir atrás das músicas por outros meios.
fiql.com
Games IRON MAN Iron Man segue um parâmetro um pouco entediante: você entra nas missões, voa para um lado, derrota seus inimigos, voa para o outro, derrota mais inimigos... Há quem leia isso e lembre de Spider Man 3, mas não. Tratase da nova aventura de Tony Stark e sua armadura vermelha e dourada. Não é um jogo terrível, mal feito, ou sem diversão alguma, todavia, deixou muitos fãs do super-herói (e de PS2) um tanto decepcionados, pois não surpreende em nenhum ponto. Nem os gráficos, nem o som, nem a apresentação ou a jogabilidade; nada disso transporta o jogador para a real atmosfera que envolve a história do Homem de Ferro. Para terminar, o jogo é extremamente fácil de “virar”, sendo quase impossível matar o super-herói, já que são muitas as chances de “reviver” antes do game over. Eduardo Dias Agradecimentos à JP Eletrônica – Assistência Técnica Pça. XV De Novembro, 66 – Sala 1010 - Porto Alegre :: Tel: (51)3012.8721 | 9129.9399
internet ::: games
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musicas do mes >> Beck Chemtrails Quarenta anos mais tarde, a psicodelia atinge todos em cheio. Beck que o diga. >> Ida Maria Queen of The World Porque não pode faltar uma novidade indie, que a galera estranha. >> Jay-Z Ain’t I Está no YouTube há algum tempo o possível primeiro single do próximo álbum do rapper. >> NX Zero Cedo ou Tarde Os garotos da NX Zero dizem que se sentem sozinhos no seu novo single.
41 noize.com.br
reviews shows :::
WHITESNAKE
Elson Sempé Pedroso
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Teatro do Bourbon Country, 11 de Maio.
As pessoas tinham poucas expectativas de que o Whitesnake desembarcasse em Porto Alegre novamente. Toda turnê brasileira já estava anunciada há um bom tempo quando, finalmente, a vinda do grupo inglês para a capital gaúcha foi confirmada. Em 2005, ano da primeira passada do grupo por nossas terras, eles foram o opening act do Judas Priest e acabaram por roubar a cena em um belíssimo show no Ginásio Gigantinho. Por esse espetáculo aclamado de pouco anos atrás é que a expectativa por um show completo do Whitesnake ficou grande. Essa mesma expectativa ficou maior pela confirmação do show no Teatro do Bourbon Country, onde, até então, ainda não havia sido realizado um show de rock pesado. Realmente, por si só, esse show foi um divisor de águas para o público roqueiro da cidade. A estrutura proporcionada pelo local do show é de primeiro mundo, melhor até do que a do Teatro do Sesi, que já abrigou alguns shows de rock em outras ocasiões. Desde a boa educação por parte da equipe e da segurança, até o estacionamento, que custa apenas R$3,50 – mais barato que muitos flanelinhas da Cidade Baixa –, tudo isso impressiona a quem está acostumado a ser empurrado feito boi ou a ser tratado como se estivesse fazendo um favor – como ocorre em alguns outros locais em Porto Alegre e arredores. Pouco depois das 20h, David Coverdale e sua banda sobem ao palco do teatro: inicialmente, com o som um tanto quanto embolado, algo que, logo nos primeiros minutos, foi resolvido e deixou a
Felipe Neves
JOHN PIZZARELLI
sonoridade do show quase impecável. Em interação freqüentemente com o público, às vezes pedindo mais berros do que os que já eram dados, Coverdale, que já anda por volta dos sessenta anos, parecia um jovem, tanto no ânimo e na postura quanto em sua aparência. Sua voz? Pode não atingir sempre os pontos mais altos, mas, em 90% do show, permanece intacta. Ponto baixo foi o longo solo de bateria, que não foi tão espetacular assim. O repertório do show proporcionou sons do novo álbum, Good to be Bad, clássicos da banda como “Fool for Your Loving”, “Love Ain’t Stranger” e “Cryin in the Rain” e lembranças dos tempos de David Coverdale no Deep Purple, como “Soldier of Fortune” e o memorável medley de “Burn” com “Stormbringer”. Ricardo Finocchiaro
Salão de Atos da UFRGS , 11 de Maio.
Domingo frio. Dia das Mães. No palco do Salão de Atos da UFRGS, o drumset de um tom, o piano Steinway e o contrabaixo acústico deitado ao fundo, à meia-luz, davam o tom do que seria a noite ao som do jazz aveludado de John Pizzarelli. Não fosse a péssima e repetitiva música eletrônica que tocava ao fundo, a estética do show estaria perfeita. O ótimo guitarrista veio acompanhado pelo pianista Larry Fuller, que tocou com Ray Brown (fiel baixista de Oscar Peterson), Tony “The Professor” Tedesco na bateria e o irmão de John, Martin, no contrabaixo. O show iniciou com o standard “All of Me”. Uma versão de “I’ve Got Rhythm”, dos Gershwin, elucidou a capacidade individual dos músicos, que solaram com perfeição. No solo de Pizzarelli, não faltou o clássico scat singing simultâneo às notas tocadas na guitarra. Após canções de Sinatra e Nat King Cole, com suspiros das velhinhas da platéia, Pizzarelli enfileirou “Things We Said Today” (citando “So What”) e uma versão bossajazz de “Here Comes The Sun”. Falando em bossa nova, foi apresentado um pacote com “Só Danço Samba”, “Desafinado” e “Águas de Março”, em inglês, e “Garota de Ipanema”, com o público cantando baixinho, como
se fosse no apartamento dos Leão, fazendo nascer a bossa. Chamado duas vezes de volta ao palco, Pizzarelli completou o kit Beatles com uma versão de “Can’t Buy Me Love” que poderia muito bem ter sido executada em Montreux, dada a qualidade e renovação que o músico deu à canção. Então, homenageando a mãe com “The More I See you”, Pizzarelli fechou uma homenagem à música de qualidade, provando que o jazz, seja bebop ou fusion, não morreu intoxicado com Bird nem espancado com Pastorious. Gabriel Resende
Pedro Revillion
::: shows
MISFITS
Bar Opinião, 18 de Maio.
Mesmo que Gleen Danzig, alma negra da banda, tenha decretado o fim dos Misfits em 1983, os monstros invadiram, por mais uma vez, o Bar Opinião numa noite de lua-cheia em Porto Alegre. A turnê contou com uma formação célebre para os admiradores do Punk/HC americano. Dez Cadena (Black Flag) na guitarra, ROBO (Black Flag e Misfits) nas baterias e o polêmico baixista original e vocalista improvisado, Jerry Only, odiado pela maioria dos fãs radicais da primeira e melhor fase do grupo. Os mortos-vivos surgiram das trevas saudados por uma multidão sedenta por letras sangrentas e por instrumentais enfurecidos. Abriram com a célebre “Halloween” e mostraram que, apesar da idade e das barrigas de chope, estão em forma e com energia suficiente para executar uma porrada atrás da outra. A primeira fase do show foi dedicada principalmente às canções da “Era Danzig”, com clássicas como “Hybrid Moments”, “Skulls”, “20 eyes” e “Hollywood Babylon”, tocadas bem mais rapidamente que as versões de estúdio. Only não prolonga os vocais como Danzig e Graves, assim, as músicas que já tinham tempo curto são reduzidas praticamente pela metade. O bom é que elas soavam mais agressivas aos ouvidos do público, que, até a primeira metade, parecia comportado demais para um show de punk rock. Também não faltou a fase mais “metal”, do American Psycho e do Famous Monsters, com arranjos mais trabalhados e com solos de guitarra. “Abominable Dr. Phibes”, “Walk Among Us”, “From Hell They Came” e “Dig Up Her Bones” transbordaram fúria e fizeram surgir as tradicionais rodas e stage dives na pista. O show era em celebração aos Misfits, mas pode-se dizer que também era ao Black Flag. Cadena assumiu os vocais para executar “Six Pack”, “Jealous Again” e “Thirsty and Miserable”, hinos eternos de uma das bandas embrionárias do American Hardcore. Quando a platéia já sentia falta de alguns clássicos, Only canta as horrendas (no sentido óbvio quando se refere ao Misfits) “Last Caress” e “138”, para lembrar porque a sinistra caveira, retirada do filme The Crimson Ghost, estava presente em quase todas as camisetas e jaquetas do recinto. Como já era imaginável, o trio retira-se repentinamente do palco para depois retornarem aclamados. Do bis, destaque para “Die, Die my Darling”, e “Rise Above” do Black Flag. Para quem torce o nariz para o Jerry Only, ele dá show de carisma ao distribuir autógrafos e interagir com a platéia, logo depois de arrancar as cinco cordas do seu baixo. Polêmicas a parte, ninguém deveria contrariar a insistência em manter o legado do Misfits e em fornecer aos admiradores uma amostra do que foi um dos mais influentes ícones do punk/HC. E quem esteve presente naquela noite viu que os mortos continuam vivos. Thiago Aita Marques 43 noize.com.br
prestigie
Saudações, amigos headbangers!!! Há quem diga que o underground gaúcho é muito fraco. Outros dizem que é uma das cenas mais fortes do país. A verdade é que, falando em metal, podemos dizer que temos um público bem exigente. Pessoas que não se contentam com um simples show de uma banda, que não se contentam com uma banda cover que toca as mesmas músicas que todo mundo toca. Não suportam ver um show de composições próprias em que a banda, por melhor que seja, fique em cima do palco por mais de quarenta minutos. Os gaúchos querem é mais. Sim, são um pé no saco por isso, mas querem mais. Querem boas bandas, riffs marcantes, refrão grudento, músicos
com presença de palco, horários não muito fora do cronograma, querem casa cheia para ter com quem conversar, querem boa localização, querem boa estrutura, bom atendimento e, acima de tudo isso, cerveja gelada! Parece muito, mas não é nada além do merecido. Povo trabalhador, que rala a semana inteira, ganha pouco, atura chefe ditador, estuda à noite e cuida dos filhos merece o seu rock pesado com qualidade, o seu momento de relaxar e “desestressar”. Mas, para isso, não basta reclamar; tem de colaborar, é preciso que se vá aos shows, aos eventos. Prestigie e, quando as coisas não ocorrerem da maneira que você gostaria, reclama e bate o pé—estarás coberto de razão. Horns up!!!
A RENDIÇÃO DE MARIA RITA
Todos se rendem ao rap, à black music, ao som de preto, como preferirem chamar. O importante é que a batucadinha que vem dos tamborins e dos atabaques conquista o ouvido e o corpo da maioria dos brasileiros, e não vem dizer que ao ouvir um “tamtam-tam” tu não dá pelo menos uma batidinha com o pé! Alguns dos principais músicos brasileiros rendem-se ao samba, e Maria Rita, com certeza, rendeu-se. E o mais interessante é que foi de “corpo e de disco inteiro”. Ao apresentar o show do disco Samba Meu, lançado em 2007, Maria Rita sambou, requebrou e mostrou um swing antes escondido. E tudo graças ao samba que ela chama, com muita propriedade, de “seu”. A produção
O MELHOR PRESENTE
Lá vem informação sobre mais uma atração internacional do reggae roots. Estou muito feliz porque fiquei sabendo que poderia passar o Dia dos Namorados no embalo de Don Carlos—e o melhor: ao vivo! Dizem as más, ou, nesse caso, as boas línguas, que é o melhor show do momento entre os artistas jamaicanos. Euvin Spencer (seu nome verdadeiro) recebeu o apelido de “Don” por ser um cara respeitadíssimo na sua comunidade, no distrito de Waterhouse, em Kingston. De uma simpatia inigualável, nem seus quase 60 anos o impedem de dançar e pular como poucos. É uma pedrada com muito gingado jamaicano. Don Carlos também fez parte da
banda Black Uhuru como vocalista e foi um de seus fundadores, junto com Duckie Simpson e Garth Dennis. Em 90, gravou dois álbuns e, em seguida, retornou para a sua carreira solo. Hits como “Harvest Time” e “Seven Days a Week” mostram a realidade deste artista que nasceu e conviveu com a pobreza e a violência. Não será a primeira vez que vem ao Brasil, mas a Porto Alegre, sim. Vale a pena conferir de perto. Seu site oficial, pra quem quiser saber um pouco mais, é www.doncarlosreggae.com. Dia 12 de junho, no bar Opinião, apaixone-se ao som dele.
desse disco teve a participação de Leandro Sapucay, lançado por Marcelo D2, um ano antes, como um dos novos nomes do samba e da black music. Essa parceria parece, inicialmente, um pouco impensada, mas, junto com ela, veio a sensualidade e a verdadeira voz de Maria Rita, que mostrou ser uma artista completa no palco, além do samba ocupando um espaço que antes era exclusivo da MPB. Mesmo tendo três Grammys latinos, a cantora precisou esperar um pouco mais para colher os frutos do trabalho musical que, por direito, é pertencente a ela. Quem foi até o Teatro do Bourbon Country pôde apreciar uma artista que sabe fazer bom uso do ritmo que pegou para si: o samba.
canções vitais
Existem shows que têm a incrível capacidade de dar crédito à existência humana. Noites de gala, samba na rua, do disco homônimo de Mônica Salmaso e Pau Brasil, é desse tipo. Se nós, seres humanos, somos capazes de atingir tal nível de sensibilidade, de virtuosismo e de criatividade, então é porque nem tudo está perdido. Dedicado a Chico Buarque, o espetáculo revitaliza canções que já dormiam cristalizadas em nosso imaginário. O show coroa a tradição da música popular que flerta com o erudito, combinando toda a sofisticação de Chico Buarque, Mônica Salmaso e Pau Brasil. Os arranjos exploram ao máximo o intimismo de “Morena dos olhos d’água” e de “Beatriz”,
a delicadeza de “Ciranda da Bailarina” e ainda conferem ares de música contemporânea de concerto a “Construção”, reforçando sentidos e sutilezas das composições de Chico Buarque. Os responsáveis são alguns dos mestres na música instrumental brasileira, que compõem o Pau Brasil: Nelson Ayres no piano, Rodolfo Stroeter no baixo, Teco Cardoso no sax e nas flautas, Paulo Bellinati no violão e Ricardo Mosca na bateria. Neste trabalho, o grupo ganha ainda um sexto instrumento: a voz de Mônica Salmaso. Assim como diz a “Moda do Pau Brasil”, segundo bis que encerra o show, a cantora faz as coisas mais complexas parecerem brincadeira de criança.
ATARI TEENAGE RIOT
Atari Teenage Riot (ATR) é uma banda de “Industrial digital hardcore” formada em Berlim em 1992. As letras abordam temas políticos, como o anarquismo, o anti-fascismo e o antinazismo na Europa, tudo isso mesclado com um vocal bem trash punk. Em 1999, ocorreu um grande tumulto envolvendo centenas de fãs do grupo e a polícia, em Berlin. A banda chegou a ser investigada pelo serviço secreto alemão, pois estava sendo acusada de representar perigo para a sociedade. O ATR chegou ser preso em outra apresentação em Berlim, por ter “incitado as pessoas à violência” durante uma passeata anti-nazista em 1°
de maio. A banda estava tocando a canção “Revolution Action” em um caminhão estacionado no meio do evento quando, de repente, começou uma briga entre a polícia e os manifestantes, que totalizavam cerca de 30.000 pessoas. O Fim... Em 9 de setembro de 2001, Carl Crack sofreu uma overdose e morreu aos 30 anos de idade. Carl sempre teve muitos problemas psicológicos, desde sua adolescência. Após a morte de Carl, a banda não se reuniu de novo. Hanin Elias partiu para trabalhar em seu projeto solo, assim como Alec Empire e Nic Endo (esses dois últimos continuam trabalhando juntos).
PÓS-CICLONE
Pronto, eu me rendo. Deixem jogarem crianças pelas janelas, voltar a CPMF, o terceiro mandato do Lula, o Fernandão não jogar nada, ganhando R$ 150.000,00 por mês, e vamos acreditar piamente que os “Azuizinhos” servem para cuidar do trânsito, pois isso, ficou provado no sábado pós-ciclone-extra-tropical. Haha, não vi nenhum dos respeitosos fiscalizadores de trânsito diante das 1000 sinaleiras estragadas. Enfim, meu negócio é falar de música eletrônica e é nisso que eu vou tentar me concentrar. A música eletrônica, mais especificamente o House, está trazendo de volta muitas referências “das antigas” (que linguística gauchesca essa, será que é o efeito Balonê na e-music?), com des-
PUNK ROCK ITALIANO
O punk rock “de fora” não se restringe aos países onde se fala inglês. Inúmeras e excelentes bandas podem ser encontradas fora dos Estados Unidos, da Inglaterra, da Austrália e do Canadá, para ficar nos principais. A Itália é um ótimo exemplo. Basta investigar um pouco para constatar que se faz hardcore de muita qualidade na Bota. A tradição tem início nos anos 80, com bandas como Wretched, Negazione e Indigesti. Em uma década caracterizada por movimentos extremistas, por radicalismo político e por crescente desemprego, o punk prosperou no subúrbio italiano. Os anos 90 não significaram a extinção dos grupos de HC, com o surgimento de novos nomes, embora a
contestação política tenha perdido um pouco de espaço. Todas as vertentes do punk são contempladas com bons nomes. No hardcore melódico, destacam-se bandas como Beerbong e L’Invasione Degli Omini Verdi. O pop-punk é representado por Meanwhile e Sun Eats Hours. Para quem curte o punk tradicional e as vertentes mais pesadas de HC, vale a já citada Cripple Bastards, com um grindcore infernal, e a etimologicamente sacana Harry Fotter. O post-HC também tem bons nomes, como é o caso da Dufresne. Para concluir, um trecho de “Non so perché”, da invasão do homem verde: non so perché mi guardi, e ridi, e piangi, e vomiti. Arrivederci, amici!
taque para duas músicas, Dennis The Menace - “Going Back to my Roots” e F.P.I Project - “Reach in Paradise”. O legal, é que a primeira tem como base a segunda, que é um remix 2008 para a original, de 1989 (ihh olha a Balonê aí de novo!), e ambas conseguem ser diferentes. É mais uma mágica da música eletrônica e seus produtores: o poder da multiplicidade dentro de uma mesma música. To trabalhando umas “paradinhas” com o Fefê Noronha. Vem coisa boa por aí, e tem também o HouseMasters, uma maneira divertida de discotecar e ao mesmo tempo mostrar um pouco da história da música eletrônica. Let’s keep going!
HÉRCULES
Quando me convidaram pra escrever a coluna indie, pensei “quando é que vou escrever algo do (selo) DFA”. Então, é hoje! Hercules And Love Affair é o nome do projeto encabeçado pelo produtor Andy Butler, conhecido de poucos pelo remix de “A&E”, do Goldfrapp. Butler convocou pra cantar em metade do álbum o singular Antony “and The Jonsons” Hegarty (que fica melhor cantando no H&LA), além de contar com as participações de Nomi (que fez uma tour do CocoRosie) e da DJ Lusho Kim Ann Foxman. No seu homônimo álbum de estréia, H&LA mostra que o termo “house” é tão atual/in hoje quanto era na segunda metade dos anos 80 e faz jus a estar na DFA ao lado
de artistas fodas como Rapture, Hot Chip e LCD Soundsystem. Butler conseguiu a proeza de fazer um álbum de funk/house/ disco nos anos 2000 sem soar revival ou déjà vu, e em pouco tempo de vida o H&LA já é parte da cena atual nova-iorquina— que há 10 anos dita boa parte dos caminhos da música contemporânea. Com “aquele carinho”, indico: “Blind” (que conta com o já citado Antony e com um arranjo de cordas que deixaria o Abba com inveja), “You belong” e, por fim, minha última indicação pra entrar nesse mundo criado por Butler:“This is My Love”, que é obra! O mitológico myspace: myspace. com/herculesandloveaffair
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Ilustra Debs Grahl flickr.com/photos/debbies
jammin’ 48