EXPEDIENTE
#15 // ANO 2 // JULHO ‘08
DIREÇÃO: Kento Kojima Pablo Rocha Rafael Rocha COMERCIAL: Pablo Rocha pablo@noize.com.br Nicole Citton nicole@noize.com.br DIREÇÃO DE ARTE: Rafael Rocha
rafarocha@noize.com.br
Douglas Gomes doug@noize.com.br
EDITOR: Fernando Corrêa nando@noize.com.br
ÍNDICE 4. News // 8. Road Trippin’ // 10. Wander Wildner // 12. New Wave // 16. Sem Destino World Tour // 18. Noites Porto-Alegrenses // 22. Música e Publicidade // 27. Agenda // 30. Estilo:Música // 34. Reviews // 42. Colunistas // 44. Fotos // 46. Jammin’
REDAÇÃO: Lidy Araújo lidy@noize.com.br Fernanda Botta fernandab@noize.com.br Frederico Vittola fred@noize.com.br Carlos Guimarães carlos@noize.com.br Luna Pizzato luna@noize.com.br Carolina De Marchi carol@noize.com.br Fernanda Corrêa fernandacorrea@noize.com.br
REVISÃO: João Fedele de Azeredo jp@noize.com.br Fernanda Grabauska fernanda@noize.com.br FOTOGRAFIA: Danny Bittencourt Martha Reichel Tatu Felipe Kruse Felipe Neves Arlise Cardoso Anna Fernandes NOIZE TV: Bivis Tatu Johnny Marco Vicente Teixeira Rodrigo Vidal noizetv@noize.com.br COLUNISTAS: Double S. Gustavo Corrêa Dudu Brito Ana Laura Freitas Carol Anchieta Fabiano Fava (interino) Ricardo Finocchiaro João Augusto COLABORADORES: Fernando Ribeiro H. Mely Paredes
Fábio Alt Bianca Montiel Samir Machado Marcela Gonçalves Eduardo Dias Maria Joana Avellar Flávia Mu Lucas Tergolina Luísa Kiefer Gabriel Resende Natália Utz Carlos Alberto Santos Rafael Buchaqui Antônio Torriani Liny Rocks Thiago Aita Marques Ricky Bols Pedro Revillion Giovanni Paim Sinara Oliveira Vinícius Carvalho Elson Sempé Pedroso DISTRIBUIÇÃO: ara distribuir a revista P l ogistica@noize.com.br ANUNCIE NA REVISTA: comercial@noize.com.br AGENDA: shows, festas e eventos a genda@noize.com.br
CIRCULAÇÃO: Porto Alegre Canoas São Leopoldo Novo Hamburgo Caxias do Sul Gramado Lajeado Santa Cruz do Sul Santa Maria Passo Fundo Uruguaiana Pelotas Rio Grande PONTOS: Faculdades Colégios Cursinhos Estúdios Lojas de Instrumentos Lojas de CDs Lojas de Roupas Lojas Alternativas Agências de Viagens Escolas de Música Escolas de Idiomas Bares e Casas de Show Shows, Festas e Feiras
Todos os textos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.
NOIZE
TIRAGEM: 15.000 exemplares
Se Você Não Gostou da NOIZE Passe Adiante
EDITORIAL
assine a
noize assinatura@noize.com.br
No meio do palco tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do palco Nunca me esquecerei desse acontecimento. Nem da pedra, vermelha como um coração. Cada acorde, um pedaço da história a verter, a sangrar como sangrou o Mississipi quando, unindo a batida do coração aos sentimentos que ele depurava, os negros inventaram o blues. Foram precisos vários homens até que Chuck Berry botasse o ponto final (ou inicial?) no que se viria a se chamar de rock’n’roll. E foram precisos 81 anos desde o nascimento do rei até que eu o visse em cima do palco e percebesse o quanto Raduan Nassar acertou ao dizer que o tempo, ainda que inconsumível, é o nosso maior alimento. As notas que a Gibson de Mr. Berry chorou tinham a experiência de décadas e os erros sinceros da entrega. O Guaíba chorou, e eu também. In the middle of the stage there was a rock there was rock’n’roll… in the middle of the stage. NOIZE 15 debuta e é inaugurada por vocês, como deve ser. Deliciem-se com uma matéria investigativa sobre os sons e os humores que circulam na noite porto-alegrense; conversem com Wander Wildner na entrevista do mês; visitem a década maldita e saboreiem seu filho pródigo, o new wave. Sem esquecer de pensar um pouco na indústria da música: artista assinando com marca de refrigerantes? E mais—oh mais, muito mais.
Divulgação/André Conti
news
4
TOM ZÉ NA VANGUARDA VIRTUAL
Em um nem tão recente show no Instituto Goethe de Porto Alegre, o tropicalista inimitável Tom Zé, ao antecipar o assunto de seu novo disco, conversou e desconversou sobre a juventude adormecida. Ao falar sobre uma pesquisa da MTV que havia revelado um jovem brasileiro hedonista, consumista e socialmente irresponsável, disse que ficava impressionado e alarmado - estava repensando sua forma de fazer música e dialogar com os jovens. Eis que, aos 71 anos, a figura performática de Tom Zé é escolhida para inaugurar, com seu ao vivo Danç-Êh-Sá, um projeto que tem tudo a ver com essa geração. Mas ele é só o primeiro, de outros muitos artistas, a aderir ao inevitável mundo do grátis. Chama-se Álbum Virtual a nova proposta da Trama que evidencia bem as mudanças, aparentemente repentinas - mas que, na verdade, engatinham há anos-, que têm feito pipocar lançamentos de álbuns gratuitos por artistas consagrados. Está cada vez mais fácil ficar de fora da pirataria. O disco de Tom Zé foi disponibilizado na íntegra, com encarte e com conteúdo exclusivo em vídeo, para download. A idéia teria surgido em um show que o músico gravou nos estúdios da gravadora, no final do ano passado, e evoluiu para tornar-se um carro-chefe nos lançamentos futuros da Trama. A partir de agora, todos os discos dos artistas de seu casting devem ser lançados nos mesmos moldes. À reedição de Artista Igual Pedreiro, do Macaco Bong, e ao próximo de inéditas de Ed Motta, a serem lançados em julho e agosto, foi acrescentado o internacionalmente aguardado Donkey, do Cansei de Ser Sexy. O processo pra usufruir isso tudo é simples: o internauta preenche um cadastrinho rápido, recebe um e-mail, ativa a conta e pronto: pode baixar os discos e acessar conteúdo exclusivo dos artistas. > ALBUMVIRTUAL.TRAMA.COM.BR- Acesse, cadastre-se e baixe os discos de graça, sem ir contra a lei. Em julho, pelo menos dois discos novos estarão disponíveis. E o Tom Zé é por tempo limitado!
> YOUTUBE.COM - Matéria muito legal e curtinha sobre Tom Zé. tags: tom ze trama.
SAIBA MAIS
> myspace.com/Canseidesersexy - Escute o que já foi liberado da próxima aventura do CSS. > myspace.com/macacobong - Para você que nunca ouviu falar em Macaco Bong.
+
Montagem
Reprodução
Fotos: Maria Joana Avellar
QUANDO AMY WINEHOUSE VAI MORRER?
QUEM TEM SKY NÃO TEM MTV BRASIL?
Quem acertar a pergunta macabra acima ganha um iPod! A promoção, lançada pelo site de endereço sugestivo (no fim da notícia), ganha popularidade com os recentes sustos que Amy Winehouse andou dando no pessoal. A cantora esteve hospitalizada por problemas no pulmão. Dizem que ela se encontra no estágio inicial do enfisema, doença crônica que desenvolveu com o vício em crack e em cigarro. “Os médicos disseram a Amy que, se ela voltar a fumar, isso não vai só arruinar sua voz, mas vai matá-la”, disse Mitch Winehouse, pai da moça. No entanto, seu assessor negou o diagnóstico. Mesmo com a desintoxicação, seu pai teme que o círculo de amizades a faça tropeçar nas drogas novamente.
Tem briga das boas no maravilhoso mundo da televisão. Tudo começou em junho, quando a TV por assinatura SKY retirou a MTV de sua grade de programação nacional, com exceção do estado de São Paulo. O motivo teria sido o fim do contrato de exibição da emissora, em dezembro de 2007. Assinantes indignados passaram a bombardear com emails o canal de música, que respondeu à SKY com uma campanha publicitária em protesto ao corte do sinal. “Entendemos que eles tiraram o sinal como uma forma de pressão”, afirmou a MTV em comunicado à imprensa. A SKY, por sua vez, disse estar aberta a negociações para ajustar os termos “comercialmente inviáveis” propostos pelo canal.
> whenwillamywinehousedie.com -Façam
+
suas apostas.
>> Aquele abraço é um espetáculo de releitura da Tropicália, que homenageia Hélio Oticica e acontece entre 10 e 13 de julho no Instituto Goethe, em Porto Alegre. O repertório relembra músicas como “A Banda”, “Arrastão”, “Panis et circences”, “Alegria, alegria” e “Domingo no Parque”. Tudo rigorosamente psicodélico. Ingressos a R$ 20 no local.
-
> YOUTUBE.COM Veja a campanha que a MTV veiculou em resposta à SKY. tags: mtv brasil sky
estampa
do mês
+
>> Para comemorar o Dia Internacional do Rock (13 de julho) a rigor, tem Júpiter Maçã no Abbey Road, em Novo Hamburgo. >> Se você nunca viu, demorou! A fase psi-
codélica very sixties do Pink Floyd é a base para o show do Projeto Pink Floyd das Antiga, que toca dia 24 de julho no Ocidente. Elogiado até do outro lado do Atlântico!
Onde Encontrar: HYPE
Rua Padre Chagas, 228 - Moinhos de Vento 5 >> noize.com.br
news
NOIZE APRESENTA: TANLAN Eis a primeira banda a figurar no NOIZE Apresenta, espaço que a revista dedica, de agora em diante, a bandas emergentes no cenário brazuca. A partir do lançamento de seu primeiro álbum, tudo que eu queria, a Tanlan se apresenta como “uma banda despretensiosa de nome estranho, que surge como uma voz dissonante nessa época em que há uma ânsia por soar indie”. Ao apostar em melodias radiofônicas e boas letras, a banda ganha lugar na frente da fila rumo ao holofote das grandes rádios e à recompensa merecida do mainstream. Embora seja de fato diferente da infinidade de bandas que se enquadram no tão indefinido rótulo de “indie”, há qualidades semelhantes entre a música da Tanlan e a de boa parte desses grupos: os refrães são grudentos como o pop rock tem que ser, e a produção é caprichada e minuciosa—na medida certa para adentrar o mainstream com
Divulgação
6
propriedade. Mixado e masterizado por Kiko Ferraz (que tem no currículo nomes como Papas da Língua e Nico Nicolaiewsky) e bem falado por gente como Arthur de Faria, tudo que eu queria tem tudo para pôr a Tanlan ao lado dos grandes nomes do pop rock nacional. > tanlan.com.br - Dê uma boa escutada em
+
todas as faixas de Tudo Que Eu Queria.
A “novela” Chinese Democracy, velho novo CD do Guns N’ Roses que é esperado desde 1994 e já tem orçamento superior a 13 milhões de dólares, ganhou mais alguns episódios no mês de junho. Mais faixas do álbum lendário vazaram na internet: as já conhecidas em versões não-finalizadas “Better”, “The Blues”, “Chinese Democracy”, “IRS”, Madagascar” e “There Was a Time”, mais as inéditas “Rhiad and the Bedouins” (que já havia vazado há alguns anos, com qualidade ruim), “If the World” e uma terceira cujo nome é possivelmente “This I Love”. O acontecimento teve algumas respostas diretas: Bumblefoot, guitarrista do Guns, postou em seu fórum oficial que as três últimas eram apenas demos antigas; pela segunda vez neste ano, a Amazon colocou o Chinese Democracy em pré-venda, com lançamento para o dia 25 de agosto e preço de £ 9,98 (pouco mais de trinta reais); e os Roses ameaçaram judi-
Bru Garcia/AFP - Getty Images
NOVAS FAIXAS DE CHINESE DEMOCRACY VAZAM NA REDE
cialmente o blog Antiquiet, responsável pelo vazamento das faixas. O dono, Kevin Skwerl, disse ter recebido as músicas inéditas de uma fonte anônima. Skwerl foi até surpreendido com uma visita do FBI. Enquanto isso, no orkut, fãs aprovam as novas faixas, mesmo que elas sejam consideradas muito diferentes do Guns de 1991. E a Dr. Pepper ainda não teve que cumprir a promessa de dar refrigerantes de graça para toda população dos Estados Unidos.
Foto: Reprodução
Divulgação
Marcelo Adnet Apresentador do 15 Minutos, na MTV
PÔ, CHRIS MARTIN, SE VAI COPIAR, COPIA DIREITO! Lembra de Peter Van Wood, guitarrista que processou o Coldplay por plágio na música “Clocks”? Ao mesmo tempo em que o recém lançado Viva la Vida bate recordes de vendas no Reino Unido, a banda é acusada de plágio pela canção homônima. A banda de Brooklyn, Creaky Boards afirma que o single é cópia de sua música (de título oportuno) “The songs I didn’t write”. O vocalista Andrew Hoepfener protestou no Youtube em um clipe onde compara ironicamente as duas canções e afirma que o líder do Coldplay esteve em um show de sua banda no fim de 2007. A afirmação é negada por um porta-voz dos ingleses, que garante que Chris Martin gravou a demo da música antes da data em questão. -
> YOUTUBE.COM Creaky Boards + Coldplay: Assista à comparação das duas músicas e tire suas conclusões. tags: coldplay fiasco
+
LIL WAYNE VENDE MUITO Desde que 50 Cent lançou The Massacre, em 2005, nenhum lançamento de rap atingia a marca de 1 milhão de unidades vendidas. Pois Lil Wayne, que passa por um momento de muita popularidade nos EUA, quebrou o gelo com seu novo trabalho, The Carter III. O disco estourou em uma caminhada vertiginosa rumo à primeira posição da Billboard, onde se manteve até ser ultrapassado pelo comentado Viva la Vida or Death And All His Friends, do Coldplay.
NOIZE diz: fala Marcelo, beleza? Marcelo diz: Eeeeba, fala tu meu pssssero! meu teclado tá zoado, não repara vamo la. NOIZE diz: cara, como tu chegou na mtv, teve a ver com o podecrer (filme)? Marcelo diz: sim, eu fui divulgar o filme, ai cada ator foi num programa da mtv. fui no rock gol e foi super divertido!! de la o pessoal se interessou por mim e começamos os testes. nos reunimos em novembro, dezembro, janeiro e fevereiro até chegar no formato definitivo do 15 min... no primeiro dia a audiencia foi 0,14. no quarto dia era de 0,6. e hoje se estabilizou em 1, em media. isso é muito, 1 é festa. NOIZE diz: e a facul de jornalismo...tu sempre teve idéia de trabalhar em tv? Marcelo diz: Fiz jornalismo por falta de opção, nao sabia ao certo o que queria. sobre a tv, eu queria sim trabalhar, mas sabia que a liberdade era pouca. na mtv foi diferente porque tenho muita liberdade. NOIZE diz: e tu te ve mais como ator, humorista, ou imitador? tu demonstra saber cantar, nunca te aventurou pela música? Marcelo diz: Humorista, embora trabalhe tambem como ator etc. Em publicidade canto sempre. Compor só de brincadeira. Tem umas músicas que cantei no programa que fui eu q compus... Gosto de cantar no chuveiro... essas de imitação são todas improvisadas, nada composto nem ensaiado. NOIZE diz: certo... cara, qual a qualidade mais importante do bom imitador? Marcelo diz: Bom ouvido, tem que ouvir bem. Por isso falo bem sotaque. Desde pequeno ja imitava. tem que conhecer os vicios de cada um. o renato russo fala pra caralho. o jorge ben é nonsense. a adri calcanhotto é poeta e nonsense. e por ai vai... NOIZE diz: e quem tu curte desses? Marcelo diz: curto samba, bossa nova, curto o jorge ben jor. a maioria acho meio previsivel, fazem musica galgados em vicios, sempre tem um estilo previsivel. por isso a
imitação. tem critica... NOIZE diz: não rola artista ressentido? Marcelo diz: acho que por enquanto não. NOIZE diz: tem gente que tu queria imitar e nao consegue? Marcelo diz: tem sim. skank, paralamas... mulheres é mais dificil tbm, fica mais nos vicios que na voz, tipo a calcanhotto. NOIZE diz: sim. cara, muita gente deve te ver mais pelo youtube do que pela mtv. nao tem medo que seja meio desgastante? Marcelo diz: é, verdade, sem limite de horário etc. é, pode ser bom, meio eterno. nao é desgastante, internet é pra isso NOIZE diz: como é tua rotina sp/rj? Marcelo diz: foda, entre rj e sp fazendo o programa, publicidades, imprensa, uma peça no rio que viaja tbm, ou seja, quase num sobra tempo.o programa é gravado no estudio em sp, eu moro no rio mas tou fixando residencia em sp tbm. NOIZE diz: e tem vmb vindo aí, tem boatos de que tu apresentaria...tu gostaria? Marcelo diz: nao sei de nada, de verdade... gostaria, claro... NOIZE diz: e o zenas emprovisadas, pode falar um pouco da peça, é total improviso? Marcelo diz: zenas ta de ferias, volta em out e nov. o impro é simples assim, entrega total, subiu no palco e fez. sem criticar o que se esta fazendo, essa é a receita. NOIZE diz: cara, tu via mtv quando piá? o 15min é das coisas boas que rolam hj? Marcelo diz: ahhh, via até 99. depois parei. acho o 15 legal difernt descompromissado. NOIZE diz: alguma imit nova a caminho? Marcelo diz: mmm, sempre tem. outro dia descobri que imitava o faustao e o axl rose e a marilia gabriela. NOIZE diz: hahaha. cara, e tu ja conhecia o quiabo? como ele entrou junto no 15? Marcelo diz: nada, o conheci na mtv. tava la largadao e pedi pra ele me acompanhar. gostei e ficou por la. NOIZE diz: e alguma vez tu usou tuas imitaçoes com algum outro fim? como? Marcelo diz: de leve..num lembro, sou um cara correto rsrs Confira o recado de Dinho Ouro Preto para os leitores no site NOIZE.com.br. x 7 noize.com.br
road trippin’
8
ALEMANHA :: Berlim Nome: Luísa Kiefer Idade: 22 O que faz: Jornalismo Motivo: Conhecer Trilha Sonora: Clap Your Hands Say Yeah A cidade da cultura underground, dos punks de cabelos espetados, das raízes da música eletrônica, da última moda, das pichações e da arte de rua, da love parade e seus movimentos libertários. A capital de uma Alemanha do Holocausto. A cidade que viveu mais de 20 anos dividida por um muro. Berlim não é como nenhuma outra cidade do mundo. Berlim é particular, é peculiar, é grande e é íntima ao mesmo tempo, é imponente, mas simpática, aconchegante. E, além de tudo isso, não é cara para se viver, nem para se visitar! O centro mais movimentado, atualmente, é o bairro de Mitte, centro da ex-Berlim Oriental. Lá encontram-se lojas, cafés, bares e restaurantes, e, com alguns poucos euros, é possível matar a fome com um Kebab em qualquer esquina. Se Kebab não lhe cai bem – ressalva para o fato de que os Kebabs de Berlim são melhores do que qualquer outro – uma fatia de pizza e uma cerveja não sairão por mais do que 7 euros. Não sou fã, mas Bockwürste – esses cachorros-quentes de carrocinha – tem em todos os cantos, e, dizem eles, são ótimos. Para conferir a noite berlinense – famosa pelas festas intermináveis – a dica é um pulo no bairro de Kreuzberg, onde os bares enchem cedo e esvaziam muito tarde. Na principal rua, Oranienstrasse, procure o café Luzia. Um desses lugares com paredes de cimento semi quebradas, luz de velas, graffitis pelas paredes, sofás antigos de couro e boa música para acompanhar. Para dançar, a famosa SO36 reúne todo tipo de gente, tocando indie-rock, electro, disco, new wave e até techno. Festas em lugares desocupados também costumam acontecer. E vale conferir os cartazes pelas ruas, porque show bom é o que não falta. Nesse bairro também estão várias galerias de arte e livrarias. Fique atento quando caminhar por lá. Nos domingos, dê uma volta pelos mercados de pulga nas praças do lado oriental. O perigo é querer comprar tudo e não ter como carregar. Há antigüidades e todo os tipos de acessórios e quinquilharias para a casa. Quem não morreria de vontade de decorar a casa em estilo retrô alemão? Além de, claro, roupas, muitas roupas, sapatos, acessórios, livros e vinis. O maior dos mercados é o Mauerpark Market, perto da estação de EberswalderStrasse. Para quem gosta de arte contemporânea, a Berlinische Galerie e o Hamburger Banhof são paradas obrigatórias. Um lugar inusitado para ver muita arte de rua é o já famoso squat de artistas, Kunsthaus Tascheles. Ao chegar lá o lugar pode parecer fechado ou até mesmo abandonado. Mas suba as escadas para ir O Melhor de berlim: descobrindo o que cada andar esconde. Na saída, não perca o Café Zapata, famoso bar e casa noturna. Por fim,o turismo óbvio: a Rádio – Rock Star FM caminhada pelo boulevard Unter den Linden, Casa de Shows – Kesselhaus passando pelo Museumsinsel; o memorial Revista – Re-Flect do Holocausto, Check Point Charlie, TopoComida –Spätzel grafia do Terror e Museu Judaico, e claro, Lugar – C/O Berlin uma visita à ex-Berlim Ocidental, com suas largas avenidas e letreiros luminosos.
HOLANDA :: Amsterdã Nome: Carolina De Marchi Idade: 25 O que faz: Jornalista e Produtora Cultural Motivo: Pós-Graduação e morar no exterior Trilha Sonora: John Frusciante Amsterdã é ícone de tolerância e de multiculturalismo. A capital holandesa é fantástica por ser um cenário em que elementos contrastantes convivem em harmonia impressionante. Após morar lá, foi impossível não se apaixonar e não aprender lições bacanas. Visitar a capital holandesa sempre é uma experiência ímpar. A maioria da cidade é, na verdade, um grande aterro e está abaixo do nível do mar. Por causa do terreno pantanoso, as inúmeras casinhas são geralmente um tanto tortas. O belo do irregular também é visível na cultura e na contra-cultura fortes. Uma igreja, uma universidade e uma sex shop dividem uma quadra, por exemplo; enquanto que, em outra margem de um canal, começa o Red Light District. Mulheres para todos os gostos oferecem seus serviços sexuais, diariamente, expostas em vitrines. É uma das mais populares atrações turísticas. Dobrando a esquina, um estabelecimento que vende maconha e haxixe. Trata-se de um coffeeshop. Ao contrário do que muita gente pensa, a droga não é legalizada, e sim descriminalizada. Isso significa que a polícia tolera a posse de pequenas quantidades. Apesar dessa atmosfera doida, Amsterdã é uma cidade consideravelmente segura. O alto astral e a tranqüilidade do local são conseqüências diretas do povo holandês. Educação e sorrisos não faltam. Todos falam inglês, o que torna ainda mais fácil a interação. Cuidado, no entanto, com as bicicletas! São mais de 600 mil circulando pelas ruas estreitas. A regra do tráfego é muito simples: a preferência é sempre dos ciclistas. A melhor maneira de se locomover é pedalar mesmo. Outra opção é caminhar ou pegar os bondes, conhecidos como trams. É relativamente barato e ecologicamente correto. Os passeios de barco são meio clichê turístico, mas valem a pena, simplesmente pelo fato de se ver a cidade de outro ângulo. São 160 canais entremeados por 1 281 pontes. Há muitas igrejas, mas muitas delas viraram espaços culturais e até casas noturnas. É o caso da discoteca Paradiso, antiga igreja próxima à Praça Leidseplein. Entre os restaurantes, cafés e bares da região, o blues bar Bourbon Street tem uma jam session ótima. Se a idéia for conversar por horas e fazer bons brindes, vá ao Whisky Café L&B, a duas quadras dali, e peça uma porção de bittelballen. O bolinho de batata com carne é uma das poucas coisas da pobre culinária holandesa que pode ser classificada como iguaria. Se a cozinha não impressiona, o paladar artístico, pelo contrário, é fartamente satisfeito: Museu Van Gogh, Rijksmuseum, Stedelijk Museum, Filmmuseum, sem falar nos festivais de música, dança, fotografia e cinema. Não faltam opções culturais. Em dias ensolarados, a pedida é piquenique no Vondelpark ou uma volta nos mercados de Albert Cuyp e Noordermarkt, onde há produtos orgânicos, discos de vinil, livros e artesanato a preços camaradas.
O Melhor de amsterdã: Rádio – Sky Radio 101 FM Casa de Shows – Melkeweg Revista – Amsterdam Weekly Comida – Stroopwaffle Lugar – Bairro Jordaan
9
x
noize.com.br
Texto Fernanda Botta Foto/ReferĂŞncia VinĂcius Carvalho
banda do sul :::
wander wildner 10
Se Wander Wildner não morreu, ao menos mudou. É a impressão que fica com La Canción Inesperada, disco lançado em Porto Alegre no último dia 18, no bar Opinião. Mais afastado do punk brega e do romantismo, o cantor chega a uma nova fase. Em entrevista à Noize, ele falou sobre isso, sobre o reconhecimento dos fãs, sobre a doença do fanatismo e um tanto mais. NOIZE: Wander Wildner morreu. Com quem eu falo agora, com Gonzo ou com o Español Selvagem? Wander: Ah, quem falou isso foi o Marcelo Ferla, é um escritor fazendo uma matéria sobre um artista popular, e eu estou tirando sarro dessa história de rotular todo mundo. Eu nunca disse que era punk brega. Eu falei que o primeiro disco que eu fiz era punk brega. Do mesmo jeito que eu falei que eu sou de Recife, para ver se as pessoas se dão conta que elas não têm que ficar julgando nada, elas têm só que produzir coisas. NOIZE: Mas o que muda nessa nova fase? Wander: O disco novo vai além dos outros, tem muitas características que não tinham os discos anteriores. O Baladas Sangrentas e o Pára-quedas do Coração, produzidos pelo Tom Capone, têm uma característica. O Eu sou feio... Mas sou bonito e o Buenos Dias foram produzidos por mim, são discos mais simples. Este, La Canción Inesperada, é produzido pelo Kassin e pelo Berna. É outra época, as músicas são outras, são outros sons. Agora eles botaram cada música numa direção, é um outro trabalho. NOIZE: Na passagem de som notei novos elementos, a gaita... Essa é uma característica da nova fase? Wander: A gaita sempre teve. Mas acho que as características são os instrumentos que eles gravaram que eu não tinha antes. O disco tem um monte de instrumentos. E não é só isso, são as musicas... Não é uma coisa só que define, é um somatório de coisas. Não é um disco punk, não é um disco de rock. O único rock que tem é diferente, também.
NOIZE: Não é romântico... Wander: Não é uma característica dele, os outros eram, esse é um disco de sonho. Tem umas histórias de amor, mas ele fala mais sobre a aventura da vida, sobre viagens. Sobre aventura mesmo, aventura em todos os sentidos. NOIZE: Por falar em romantismo, o que tu achas do emo? Wander: Eu não estou ligado nisso, não. As pessoas estão participando do que a tevê está mandando participar. Eu não vejo isso assim. Não tenho uma posição, não conheço nenhum emo, não sei como é. Não ouço essas músicas, não passo próximo delas. Eu estou por outros sons. Não é do meu universo. NOIZE: Perguntado sobre como lidava com criticas negativas, o vocalista da Nx Zero respondeu que tu eras adorado pela critica, mas fazia show na Augusta para 25 pessoas no máximo. Wander: Eu não perco tempo com isso. Eu faço show para 25 pessoas, sou popular, sou amador, não quero competir com ninguém. Não tenho gravadora que paga jabá na rádio. Não estou ligado à máfia, não tenho as mãos sujas de sangue. Eu não sei o que ele disse, não leio essas coisas. Tu achas que não tinha crítica aos Replicantes? Os próprios amigos não falavam mal. Tu achas que a gente se preocupou com isso na época? Claro que não. NOIZE: Porto Alegre e os Replicantes ficaram para trás? Wander: Eu voltei pros Replicantes de 2003 a 2006. Não consigo nem gosto mais de cantar as minhas músicas rápidas. Já fiz isso muito. Eu gosto cada vez mais de balada. E a vida faz eu me
mudar de tempos em tempos. Moro há três anos e meio em São Paulo, e é uma cidade do caralho. NOIZE: Como foi tocar no Abril Pro Rock? Wander: Ótimo! Recife é a minha cidade, eu sou de Recife. Tenho muitos amigos lá. Tocar lá é uma festa. Era esse som novo, o pessoal gostou. NOIZE: Algumas pessoas pensam que tu és cheio por não gostar de dar autógrafos. Wander: As pessoas não sabem o que estão fazendo. Esse fanatismo não é saudável. As pessoas vêm falar comigo batendo nas costas, como se me conhecessem. Eu não faço isso com ninguém. Elas conhecem a minha música, só isso. A minha mãe me ensinou desde pequeno, “nunca fale com estranhos”. Então eu, se vou falar com um estranho, cumprimento, me apresento e aí converso com a pessoa. As pessoas não fazem isso. Pra mim é quase uma agressão. NOIZE: Mas tu não achas gratificante teu reconhecimento pelo Brasil? Wander: Não é desse tamanho todo. Essa coisa de ser conhecido e famoso é pra quem é do show business, toca em todas as rádios. Eu não sou disso, sou bem reconhecido no circuito alternativo, basicamente, toco em alguns lugares pequenos e apareço na MTV por que me dou bem com eles. Estou com o aluguel e o condomínio atrasados, só não toco na rua porque não é muita gente que toca, daí eu vou passar por doidão (risos). > noize.com.br - Confira muito mais da entrevista
+
em nosso site.
11 x noize.com.br
Texto Carlos Guimar達es
a velha nova onda da new wave 12
Há 30 anos, o pós-punk surgia para estabelecer a tendência estética dos anos 80. E por que não?, de muita coisa que a gente ouve até hoje (e jura que é novidade). Se você escuta bandas como Interpol, Franz Ferdinand e Bloc Party e acha que elas, de alguma forma, são uma novidade, faça o seguinte: volte no tempo. Trinta anos, quem sabe. A sonoridade que faz sucesso no indie rock atual bebe na fonte deste contra-movimento que aconteceu, há muito tempo, na Inglaterra. Depois do estrondo que foi o Sex Pistols no biênio 1976/1977, somado ao sucesso que o Ramones fazia nos EUA com seu primeiro disco, as bandas influenciadas pelo punk começaram a nascer. O ritmo ramificava-se em diversos sub-gêneros, pipocando artistas das mais variadas tendências Era a resposta óbvia e imediata para a chatice que virou o rock, com a megalomania progressiva, com dinossauros semi-empalhados, com a falta de criatividade de antigos ícones que transformava shows em superespetáculos de arena e empurrava, a sopapos, o “One, two, three, four!” dos três acordes roqueiros quando o estilo surgiu. Se o Sex Pistols representava a postura rebelde e o Ramones evocava, em sua simplicidade, as origens do movimento, as bandas de rock mais populares eram as genuinamente americanas Eagles e Fleetwood Mac e as grandiloqüentes Queen, Van Halen e AC/DC. Faltava justamente um toque mais pop no meio de tantos (poucos) acordes de guitarra. Ou uma sonoridade mais clean, mais colorida. Mais amor no meio de tanto ódio. A necessidade de um movimento de contra-cultura para a contra-cultura do punk era urgente. Foi quando Ian Curtis, Bernard Summer, Peter Hook e Stephen Morris viram um show do Sex Pistols em 1976. O epilético Ian Curtis decidiu escrever músicas sobre o seu cotidiano de depressão, introspecção e angústia. O Joy Division nascia para a humanidade, a fim de estender os domínios do punk e de levar o do it yourself para além da rebeldia. Era possível fazer por você mesmo, amar e sofrer ao mesmo tempo.
A agitação cultural das bandas de punk rock que não faziam punk rock levou o movimento a ser rotulado como new wave (a nova onda). A New Wave seria a ascensão cultural do pós-punk, ao conferir um caráter acessível à revolução estética dos quatro acordes. O pai da new wave atende pelo nome de Declan Patrick Aloysius MacManus, ou, simplesmente, Elvis Costello. Seu álbum de estréia, My Aim is True (1977), pode ser considerado o marco de estréia da new wave. Costello aglutinava influências do punk, mas com a inclusão de teclados e de uma temática mais colorida. Ao mesmo tempo, recrutava sua banda The Attractions e lançava no ano seguinte This Years’s Models, talvez o grande álbum de new wave da história. A new wave invadia os anos 1980 ditando moda. Juntou-se à estética andrógina dos anos 70, com roupas e acessórios dos anos 60, cabelos punk, cores vibrantes e cítricas, ombreiras e gel.Vocais femininos, teclados, presença de alguns sintetizadores e a simplicidade do punk. Todavia, o contraste de toda essa cor era encontrado na obscuridade de bandas pós-punk que evocavam o lado sombrio que os anos 1980 tinham para oferecer. Havia, ainda, as bandas de ska, como Madness e Specials, que finalizavam os anos 70 e iniciavam a nova década apoiadas na estética xadrez em preto-e-branco e nas derivações que a múltipla sonoridade do Clash proporcionava. Nos EUA e na Inglaterra, diversas bandas, em diferentes tendências, proliferavam-se baseadas na nova onda. Mais politizadas, o Gang of Four, o Talking Heads e, naturalmente, o Clash. Mais coloridas, abu-
sando quase de um glitter com todas as cores possíveis, o B 52’s e o Go Go’s. O lado pop apoiado no punk com o Duran Duran. A sonoridade do Sex Pistols com outra bandeira, por meio do Buzzcocks. A obscuridade de Sisters of Mercy e de Bauhaus. Além disso, o pós-punk influenciou uma série de bandas que fez nos anos 1980 o que se convencionou como rock universitário. E na linhagem de descendência, os anos 1990, queiram ou não, entraram com o rock alternativo atingindo seu momento máximo. Seriam netos do póspunk? Fato é que bandas como Husker Dü, Soul Asylum, Replacements e Sonic Youth eram bebedoras diretas da fonte. O sucesso popular veio com o R.E.M. Banda restrita a universitários, antenados de plantão e alternativos, atingiu o êxito popular no final da década de 1980. Superficialmente, nada a ver com o punk. Mas, no bojo, algumas semelhanças que até o mais invocado dos moicanos admitiria. No Brasil, a febre new wave e pós-punk deu origem ao mais forte movimento de música popular brasileira vivido desde a Jovem Guarda. O Rock Brasil dos anos 1980 é, por assim dizer, new wave. A obra mais contundente deste período em terras tupiniquins foi Essa tal de Gang 90 e Absurdettes (1983), a semi-ópera-rock de Júlio Barroso, que deu o pontapé inicial em todas as mudanças músico-comportamentais produzidas no Brasil. Estritamente apoiados no que se fazia lá fora, o B-Rock começou a fazer sucesso inspirado (e, se formos exagerar, inicialmente copiado) na new wave. O Parala13 >> noize.com.br
a velha nova onda da new wave
14
mas do Sucesso era fielmente inspirado no Police. O Ira! vinha com a estética do The Jam. Os Titãs fizeram um primeiro disco que poderia ser do Devo. A Blitz era o B 52’s, só que mais bronzeados. O Kid Abelha & os Abóboras Selvagens vinham também nessa inspiração. E, com óculos de grau, Lulu Santos até lembrava o Elvis Costello. Depois de uma década no ostracismo, a redescoberta. Uma revisita necessária a um dos momentos mais importantes da música de todos os tempos. Com bandas como Interpol, Franz Ferdinand, Metric, Maxïmo Park,The Editors,The Rapture, Klaxons, Datarock, Bloc Party e Hot Chip, uma atenção voltada para uma estética que marcou uma geração e deu origem a centenas de outras bandas da época e atuais. Os póspunks são pais do rock alternativo e avós do rock contemporâneo. Seja com a agonia pós-punk claustrofóbica do Joy Division, com a cor do B 52’s, com a elegância de Elvis Costello, com a musicalidade do Talking Heads ou com a escuridão do Siouxsie and the Banshees, são todos filhos dos mesmos três ou quatro acordes que espantaram a rainha, o presidente e o mundo. Todos filhos de punk, mesmo que cada um tenha seguido seu caminho.
COMECE BEM NO PÓS-PUNK OU NA NEW WAVE Para quem ouve de Interpol a Klaxons, de Hot Chip a Bloc Party, de Franz Ferdinand a Datarock... .: TALKING HEADS: 77_ TALKING HEADS (1977) Quando David Byrne viu que o punk poderia ir além dos quatro acordes
.: ENTERTAINMENT!_ GANG OF FOUR (1979) O disco de cabeceira de quatro entre cinco bandas novas
.: Q: ARE WE NOT MEN? WE ARE DEVO!_ DEVO (1978) Aqui, toda a breguice da new wave
.: CLOSER_ JOY DIVISION (1980) A obra prima de Ian Curtis, pouco antes da tragédia
.: THIS YEAR’S MODEL_ ELVIS COSTELLO (1978) O início da moda xadrez com o mais elegante representante da new wave
.: RIO_ DURAN DURAN (1982) Quando a new wave virou menos punk e muito mais pop
.: PARALLEL LINES_ BLONDIE (1978) A musa da new wave, Debbie Harry, na melhor obra da banda
.: ESSA TAL DE GANG 90 E ABSURDETTES_ GANG 90 (1983) O poeta Júlio Barroso entendeu o presente – ou o futuro. E soltou o embrião de todo o B-Rock.
.: LONDON CALLING_ THE CLASH (1979) A mais suprema obra que sintetizou todo o pensamento do punk, do pós-punk, da new wave e mais um monte de coisa. Aliás, um bom álbum para começar a ouvir música.
.: WHAMMY!_ B 52’S (1983) O maior sucesso comercial da new wave no divertido trio
DM9 É DDB
Música é a sua? A s u a é o S o n o r a.
Sonora do Terra. Muito mais música com qualidade de CD original. Assinando o Sonora, você escuta todas as músicas na íntegra direto do seu computador ou de um aparelho de som ligado nele. Com um acervo de mais de 500 mil músicas de 140 estilos musicais, o Sonora recebe novas músicas diariamente. E você pode montar sua própria programação musical. Sonora. Faça sua trilha. Acesse: www.terra.com.br/sonora
Você fica como assinante o tempo que quiser. O Sonora é vendido separadamente do acesso à internet. Para mais detalhes, acesse www.terra.com.br/sonora
Nesse espaço em parceria com a Sem Destino, colaboradores falam dos maiores festivais de música do Planeta.
sem destino :::
world tour 16
.: Carlos Alberto Santos_ Idade: 26 Melhor Show: Metallica Bizarrice: Os metaleiros andando com boias em forma de pato. Aí não dá, mano! Estrutura:10 Line-up: 8
São muitas as possibilidades de roteiro para uma viagem pela Europa. O velho mundo concentra as mais variadas culturas, e a ibérica talvez seja das mais atraentes por combinar o padrão de vida europeu à efusividade e à afetividade característica dos latinos. Barcelona foi a parte mais cultural e turística da viagem. Em cinco dias, foi possível fazer todo o roteiro histórico da cidade: a Catedral da Sagrada Família e o Parque Guell, ambos criados por Antônio Gaudí, talentoso arquiteto do Art Nouveau. As festas são um grande atrativo: a noite de Barcelona é animadíssima, e é possível encontrar muitos brasileiros pelas baladas de lá. Turistas de todo o mundo convergem para prostar-se diante da beleza da cidade espanhola. Em quatro dias em Ibiza, o lema foi sempre o mesmo: sol, praia, noitada e mais praia, A cidade em si é um convite para a curtição. A partir das seis da tarde, as festas começam com tudo. Bora Bora e Cafe del Mar são os pontos mais agitados da cidade, sempre com um desfile de garotas lindíssimas. As praias de top less, gênero em profusão, também valem a visita. Após um dia de longas caminhadas e visitas a pontos turísticos de Lisboa, dirigi-me ao penúltimo dia do Rock
in Rio 2008. Já eram 19h e milhares de pessoas ocupavam o parque Bela Vista em um dia ensolarado e repleto de fanáticos do heavy metal de todas as idades e nacionalidades. Com quase uma hora de atraso, a banda local Moonspell iniciou o dia destinado ao heavy metal. O público cantou do início ao fim as musicas de alto impacto da banda portuguesa. Logo depois, deu-se inicio ao show da banda finlandesa Apocalyptica, no qual os integrantes proporcionaram um show de encher os olhos com três violoncelistas tocando um heavy metal pra ninguém botar defeito.
Outros festivais na EUROPA .: PACHA IBIZA Julho 2008
David Guetta - Love is Gone O parisiense David Guetta toca um dos seus hits na edição de 2007 do Pacha Ibiza. Tags david pacha love gone
.: PRIMAVERA SOUND Junho 2008
Portishead - Threads
Com o término do show, comecei uma caminhada pela enorme estrutura do evento. Eram muitas lojas, praças de alimentação e diversas tendas com promoções e jogos com premiações. No evento, havia mais dois palcos, o sunset Rock in Rio, para bandas de menor expressão, e o palco eletrônico. Era quase 1h da manhã e o show da banda americana Machine Head estava quase no fim. O público já estava inquieto com a aproximação do principal evento da noite, o show do Metallica. Com o início do show, James Hetfield e companhia levaram os mais de 40 mil presentes à loucura com os sucessos “Enter Sandman”, “Master of Puppets” e “Nothing Else Matters”. Após o show, fui conferir as atrações eletrônicas, que não deixaram nada a desejar. Os tops 25 do mundo, que incluíram Crystal Method e 2 many DJs fecharam, com chave de outro, o penúltimo dia do Rock in Rio, um dos maiores eventos de rock do mundo. E ultimamente tem ocorrido uma edição do RIR em Madrid - ou seja, quem curte música está, definitivamente, bem servido na região ibérica. Confere ao lado como ir à Europa com a Sem Destino. É só escolher a data, shows não faltam.
Beth Gibbons e cia. fazem o espectador tremer a câmera no Primaver Sound deste ano. Tags portishead threads primavera
A Espanha reúne alguns dos maiores festivais do mundo, como o Sónar e o Pacha. Embora não estejam restritos a épocas específicas do ano, o verão espanhol é uma atração à parte. Para unir o útil ao agradável, a Sem Destino oferece um ótimo pacote com curso de espanhol e tempo de sobra para curtir. 04 semanas de curso de espanhol :: Carga Horária: 15 aulas/semana :: Escola: Kingsbrook 04 semanas de acomodação :: Apartamento Compartilhado :: Quarto Individual Preço :: USD 1.399 :: Mais informações ::
Padre Chagas 415 10º Andar/1004
www.semdestino.com.br (51) 3019.4001
Por que viajar com a sem destino? :: Não cobram taxa adm inistrativa. :: Os preços são semp re iguais ou menores que os das escolas. :: Reembolso de 100% em caso de visto nega do (exceto taxa de matr ícula). :: Câmbio sempre abaix o do comercial. :: Depto. de Pós-Vend a (suporte antes e dura nte a sua viagem). 17 x noize.com.br
Texto Carlos Guimar達es e Sinara Oliveira
capa :::
noites porto-alegrenses 18
Munidos de um bloquinho, várias peças de roupa e muita disposição, o casal de repórteres Carlos Guimarães e Sinara Oliveira encarou a madrugada fria de Porto Alegre em busca da diversão perfeita. Nesta aventura gonzo-jornalística pelas ruas escuras de uma noite porto-alegrense, foram escolhidos três lugares típicos para ilustrar cada estilo de festa: a eletrônica, o samba-rock e o rock. Com direito até a jantar da terceira idade. A proposta é simples: quais as melhores festas de Porto Alegre? Com este propósito, fomos às ruas da cidade na noite de 14 de junho em busca da balada perfeita. A NOIZE escolheu três lugares para a “visita jornalística”: o Pé Palito, conhecido reduto de samba-rock na Cidade Baixa; o Chairs, lounge eletrônico na Zona Sul; e a festa Beco na Zona, organizada pelo Beco 203, na famosa casa de espetáculos e algoa-mais Madrigal, na Farrapos. A noite do sábado, 14, estava especialmente gelada—propícia para um programa a dois, no calor de um bom vinho. Para agüentar um pique de três festas e deslocamentos centro-sul-norte, praticamente cruzando a cidade nos seus diversos eixos, era preciso, no bom linguajar, forrar o bucho apropriadamente para a maratona. Para a corrida de 42.195 metros, muito carboidrato para segurar as pontas. E assim começa nossa história: num jantar de massas. 22h42 A primeira parada foi na Sociedade Espanha, na zona norte da Capital. Lá acontecia a quarta edição do Festival Massas e Vinhos, promovido pela Associação Cristóvão Colombo. A idade média dos convidados beirava os 60 anos, quando chegamos para diminuir um pouco essa taxa. Sem dúvida, o destaque da festa eram os bags in box de vinhos sob todas as mesas. Um encontro que, aos olhos de um estranho, parecia ter certa freqüência. O salão era grande, com mesas apertadas cheias de senhores e senhoras de feições tipicamente italianas. Saca aqueles jogadores de bingo de dia de semana? Ou aquelas tias que certamente visita-
ram a cozinha pegando a receita do tortéi al pesto? Pois é, esta é a cena. Mas o rango estava bom. 23h49 Depois de driblar um flanelinha, deixamos o bairro Higienópolis rumo à primeira festa. Primeira regra para uma balada perfeita: nunca coma demais (nem de menos). Alimente-se apenas do necessário para uma boa digestão. Não é balela de revista de saúde, é a mais pura verdade. Acabei exagerando no macarrão, e o estômago pesou tanto que demorei para encarar a primeira cerveja. 0h03 A segunda empreitada da noite foi no Pé Palito. Com uma média de idade e nível alcoólico bem menor, a festa começa tímida. Ainda é cedo na João Alfredo, rua que concentra o maior número de casas noturnas de samba-rock.Vemos as pessoas chegando, analisando qual lugar está bombando mais e em qual eles vão entrar. A diferença entre essas casas, confesso, não sei. Um dia eu realizo um dos meus sonhos: contratar um profissional para fazer um estudo antropológico sobre a João Alfredo. É inacreditável como uma cidade como Porto Alegre tem uma rua inteira exclusiva para um único estilo de música. As casas atendem por nomes brasileiros mixados com termos como groove, soul, raiz, batuque. A fila no Preto Zé indica qual é o lugar do momento. No Pé Palito, ainda é cedo. As coisas começam tarde para o pessoal do samba-rock. Lá dentro, tudo lembra o Brasil e o samba. A tradicional laje, palco dos mais falados churrascos e rodas de samba, marca presença. Antes que a festa pegue fogo mesmo,
Charles Chaplin reina absoluto no telão. Cenas do filme O Grande Ditador, clássico do Carlitos, encantam a platéia que inicia um balanço discreto, já que a pista ainda não foi inaugurada. Saímos de lá certos de que o importante é paz e arroz. 1h37 A noite do Pé Palito estava apenas começando; a nossa também. Algumas músicas conhecidas, como o clássico do Jorge Mautner, “Maracatu Atômico” (na voz do próprio maldito), dão credibilidade ao local. Não é muito a minha praia, mas é de se respeitar um lugar que revisita clássicos do nosso suíngue. Mais preocupados em saber se a casa vai encher, a velha tática dos baladeiros é registrada. A visão periférica aguçada, as primeiras cervejas para dar aquela descontraida, as tentativas iniciais de trocas de olhares. Tudo bem medido e bem comportado. Assim como o som colocado, só um aquecimento para o que noite da João Alfredo vira depois das duas. Mas tínhamos de nos mexer. Já estamos a caminho da Zona Sul. O alvo é o lounge e restaurante Chairs. 2h01 Logo na chegada, constatamos que a noite da galera começa mais cedo. A fila era grande, assim como os canos das botas das moças. Vestidas em série, todas abusam do rímel e das calças jeans de marcas famosas, justas—para alegria do macharedo, caracterizado por homens malhados. Mas o certo é que, assim como as mulheres, os homens também são industrializados.Todos usam camisas de grifes e caminham com os braços abertos, como se estivessem prontos para alçar vôo. O ambiente é requintado. Garçons oferecem drinks logo na entrada. 19 >> noize.com.br
capa :::
as noites porto-alegrenses
20
Como o República de Madras, o Chairs é um destes lugares inspirados nas casas noturnas européias. Aqui no Brasil, o El Divino Club, em Jurerê Internacional, foi o pioneiro nessa temática. Um DJ famoso, música eletrônica, alguns paparazzi que fotografam aspirantes a socialite. 2h49 A madrugada já avançava. A última parada é uma festa temática do Beco, no Madrigal: Beco na Zona II. A minha primeira impressão da festa, ainda durante a semana, é boa: minha chance de entrar num puteiro. 3h26 O movimento era intenso na Rua São Carlos. Flanelinhas e cambistas se acotovelavam por mais um cliente. O pedágio foi meio caro, mas valeu a pena: R$ 10 por um carro sem arranhões e intacto no final da festa. Intenso e diferente. Em vez dos travestis e prostitutas que lotam a rua atrás da Farrapos, milhares de flanelinhas, vendedores de churrasquinho, de cerveja e de cachorroquente e uma gurizada na espreita. Não havia fila, mas isso não era um indicativo de que o lugar estava vazio; muito pelo contrário. Ao chegar no salão principal (sim, são vários os salões e infinitas as escadas que te levam para o mesmo lugar: o nada), vimos uma gente empolgada e pulando freneticamente ao som de “Girls and Boys”, do Blur. Entramos logo no clima. O Madrigal é, digamos assim, um labirinto dos prazeres. A entrada é pela garagem, que dá acesso à copa. Numa sala anexa, a sauna, a piscina e o que eu creio deva ser a área VIP. Mais um corredor leva aos bares, antes de chegar à pista. Os DJs residentes do Beco, Machuca e Schutz, soltam seu repertório infalível. Muito rock moderno, como Killers, Arctic Monkeys, Fratellis, Kaiser Chiefs e mais uma dezena de bandas que começam com “The”. Alguma coisa mais antiga, mesclada com um funk espertíssimo, como Bonde do Rolê. A idéia é não deixar ninguém parado, e esse objetivo foi alcançado. Saímos de lá dançando, leves—talvez pelas cervejas, talvez pela boa música. 5h21 Com as massas já digeridas, terminamos a noite onde 95% dos baladeiros de Porto Alegre terminam: no McDonalds. Um rango final para dormirmos bem alimentados. O retorno ao lar se deu bem. Já era tarde e a cabeça estava meio confusa com tudo que vimos e ouvimos na madrugada. Achamos melhor dormir! Deixar a cabeça respirar um pouco e desintoxicar de tanta opção de estilos musicais, de público, de lugares e de festas. Depois de samba-rock, de música eletrônica e de rock contemporâneo, depois de ver gente de todos os estilos, de consumir produtos de todos os preços, de ver filas de todos os tamanhos, de falar com pessoas de todas as tribos, a certeza de que “a noite é uma criança”—ainda soa meio incompreensível entre nós. Se a noite é uma criança, o que seria a madrugada? Sei lá. Gosto é gosto. Justamente por isso, por via das dúvidas, antes de dormir coloquei o clássico e infalível London Calling, do Clash. Que pelo menos minha última lembrança auditiva fosse a melhor possível.
andando em território ALHEIo_ colocamos quatro de nossos colunistas em noites que eles não estão habituados a freqüentar. os resultados foram diversos e você confere abaixo.
mpb vs. rock
Ana Laura vai ao Porão do Beco
I love discorock era o nome da festa. E eu não podia dizer que eu não amava, eu mal sabia o que esperar. Adentrei o galpão de dois andares lá pela uma e pouco; escuridão quase total, ares de submundo. Do alto do mezanino, o gelo seco que subia embaçava a vista da pista de dança. A música era aprazível. Eu não conhecia, mas me sopraram que se chamava Le tigre. Comprei uma cerveja no impulso, mas o clima era para alguma coisa mais pesada. Desci as escadarias e vislumbrei uma atmosfera artificial, mais para rock chique. Lustres estiliza-
RAP vs. ELETRÔNICO Carol vai à Beatwalker
Muito frio na noite de sábado, 14 de junho. Fui para minha primeira festa eletrônica! A escolhida foi a Beatwalker, na Dusk. Que graça teria a vida sem experimentar? Não sei nada de música eletrônica, fora o óbvio: é eletrônica (dã)! Na verdade, ela não me toca “naquele lugar onde a música deve te tocar”, entende? Mas achei que seria divertido, então, despi-me de preconceitos e—uhuu!—vamos lá! Confesso que esperava pessoas alternativas e descoladas. Na entrada, além das duas pessoas que aparentavam uns 19 anos e nada “alternativas”,
dos, banheiro arrumadinho, pessoas com cabelos descolados, roupas propositadamente desajustadas. A regra aparente era manter a cara de mau. Infiltrei-me na pista de dança. Tentei uma inserção, mas aqueles ritmos duros não ganhavam meu corpo. Para quem gosta de cantar junto, com indicadores em riste, faltava malemolência. Aos poucos, o eletrorock foi deixando o rock de lado e eu sentia o bate-estaca tremer minha caixa torácica. Na parede a meu lado, um letreiro brilhava: “Liberte-se!” Eram quinze para as três quando deixei o Porão do Beco rumo à companhia mais íntima do violão e do pandeiro.
muita fumaça. Casa lotada com umas 400 pessoas… comuns! Quarenta por cento da minha animação já tinha ido embora. No meio da pista (em que custei a chegar porque muitas pessoas pulavam totalmente sem ritmo), puxei minha máquina para fotografar a DJ Sabrina Flow, que até então era a única pessoa que combinava com o ambiente. Eu até estava disposta a me entrosar e a curtir o som, mas então fui atacada por figuras saídas dos catálogos da Glamour Girl pedindo para serem fotografadas. Em seguida, fui atacada pelo mesmo motivo mais umas 5 vezes. E nem posso dizer se a DJ era boa, porque só se ouvia os graves.
ROCK vs. MPB
João Augusto vai ao Pé Palito
Por mais que Porto Alegre não seja SUPERgrande, é só sair um pouco da rua em que sempre costumo dar um “rolê” (sempre quis usar essa palavra) pra constatar que tem umas 23 cenas diferentes na cidade, seja em qual campo da arte for. Fui ao Pé Palito pensando que fosse uma casa onde só tocasse samba-rock. Chegando lá, o sócio e DJ Fred, além de baita bróder, deu uma aula sobre “o que é samba-rock”. Fred deixou claro que o Pé Palito é uma casa onde toca música brasileira, e não só samba-rock. O DJ me mostrou o seu gran-
ELETRÔNICO vs. RAP Double S vai a Get Up
Fazia muito tempo que eu não curtia uma noite de hip hop, desde os idos da Ice nas noites de quinta-feira, com a Sandy Ponzi convidando uma galera bem legal. O clima de uma noite hip hop não se diferencia muito daquele a que estamos acotumados em noites de emusic: a galera fica a mercê da qualidade sonora e da inspiração do DJ. Ali, naquela noite, eles estavam bem inspirados, colocando todos para dançar e aquecendo o clima ártico que fazia na rua - era a noite mais longa do ano e a primeira do nosso rigoroso in-
de acervo de discos de vinil e de CDs raríssimos, chegando a ter em sua coleção LPs da Amy Winehouse e Air. Fred e seu Pé Palito não existem há tanto tempo por acaso. O sócio demonstrou um conhecimento de música de deixar os que se autointitulam “indies” com inveja de dar nojinho. Depois da aula de música brasileira (só o fato de conversar com alguém que gosta de música já me faz ficar à vontade) e da segunda cerveja, estava totalmente em casa. A essa hora acontecia a competente apresentação do jovem Thiago Corrêa. Saí de lá pensando, “quando voltarei aqui?”. NOIZE, quero fazer mais matérias lá. ;)
verno. DJ e música à parte, os trajes e a atitude são ímpares. Para ter uma idéia, não é dificil. Imagine-se dentro de um vídeoclipe de um rapper da linha de 50 Cent. Calças XX large, camisetões e moletons cobrindo um, quando poderiam cobrir 3 corpos. Mulheres, muitas mulheres (a maioria composta por loiras) e todas bem empolgadas com as músicas, que eram um mix de MTV com algo que me lembrava a turma mais roots - Ice Cube, Wu Tang, Dr. Dre, Jazzy Jeff, entre outros. Curti afú e devo dizer que posso até virar habitué!
21 x noize.com.br
Texto Fernando Ribeiro H.
mĂşsica e publicidade 22
É meia-noite e pouco, e eu assisto ao Jô. As pessoas são fãs do Jô, e não da Rede Globo. Escutam a quem elas conhecem, o Jô, e não a alguém distante, a Globo. Então por que o Jô precisa da Globo? Para que chegue às pessoas com credibilidade, facilidade e audiência. Penso que deve ser o mesmo com aquela dupla inglesa de dance music Groove Armada, que já lançou seis álbuns com vendas totais de 3 milhões de cópias em todo o mundo. Ela precisa da gravadora Columbia para chegar às pessoas com credibilidade, facilidade e audiência. Credibilidade? Convenhamos, gravadoras não fazem música, elas vendem discos. Não se comunicam com as pessoas diretamente, apenas através dos artistas. Boa parte do público apaixonado por música, mas que nunca teve uma banda ou gravou uma fita demo, não entende a relação entre gravadoras e artistas, não ouve falar das gravadoras e acha indiferente a existência ou não de uma gravadora por trás de uma banda. Então, quem dá credibilidade a um artista é ele mesmo. Com a qualidade de sua música. Facilidade? Não é fácil, definitivamente, encontrar na rua o CD do álbum Freaky Styley, de 1985. Do Red Hot Chili Peppers eu só encontro o Stadium Arcadium. Sair de casa atrás de CD, além do mais, só eu mesmo. Que coisa anos 90! O jornal gaúcho Zero Hora anunciou, em sua edição de 21 de junho de 2008, o encerramento das operações da última loja da Banana Records. A rede portoalegrense protagonizou a explosão do mercado fonográfico brasileiro entre 1994 e 1999. Ou seja, CD agora é só em livraria, varejão, sebo, lojas underground ou pela internet. Audiência? Nos últimos cinco anos, no Brasil, a venda de discos caiu de 75 milhões para 25 milhões. Nos Estados Unidos, passou de 785,1 milhões em 2000 para 511 milhões em 2007. Uma queda de 36%. Na edição de junho da NOIZE, a matéria O fim da demo ressalta o sucesso que a The Eagles conquistou ao fazer um acordo de venda exclusivo com a rede de supermercados Wal-Mart. A banda lucrou quatro vezes mais do que se tivesse um contrato típico da indústria fonográfica. Além disso, a própria falência da Ba-
nana Records mostra que esse padrão de loja já ficou no passado. É o sucesso da internet. Bandas internacionais como Radiohead, Coldplay, Nine Inch Nails e Raconteurs, e nacionais como Cansei de Ser Sexy, Ed Motta, Pitty e Cachorro Grande, lançam seus álbuns pela rede virtual. E mais: disponibilizam-nos gratuitamente ou por preços simbólicos em sites como o popular iTunes, protagonizando o que já é uma era catastrófica para as grandes gravadoras. Você já deve estar sabendo. A Groove Armada rompeu o contrato com a Columbia. E o mais interessante: sua nova casa não é uma gravadora, é uma empresa de bebidas—a Bacardi, a quarta maior do mundo no segmento. Para a Groove Armada, o contrato prevê a gravação de um álbum e a realização de uma série de shows em vários países. Para a Bacardi, a utilização de todas as músicas e clipes do último álbum da dupla em seus anúncios, sem precisar pagar nada a mais por isso. VOCÊ DECIDE Diferentes marcas têm traçado estratégias de comunicação que propõem novos modelos de interação com o consumidor. É aí que entra a música. Se a publicidade tradicional é uma empresa falando sobre si mesma, a publicidade vinculada à música faz com que a empresa fale a respeito das pessoas. A cumplicidade entre o fã e o artista se torna a cumplicidade entre o consumidor e a marca. São palavras de Marty Neumeier, consultor de branding e autor dos livros The Brand Gap e ZAG: “A marca deve ser o que seu público-alvo é”.
Além de Groove Armada com a Bacardi e The Eagles com o Wal-Mart, outro exemplo de artista vinculado a uma marca é o contrato entre o cantor pop Sting e o fabricante inglês de veículos de luxo Jaguar. A parceria ajudou a multiplicar tanto a venda de carros como a de CDs: as vendas dos automóveis quadriplicaram, e Sting vendeu 8 milhões de cópias em todo o mundo. No Brasil, um bom exemplo é a Levi’s Music, que está tentando conquistar o público jovem apoiando financeiramente novos artistas como Mallu Magalhães, garota-propaganda também em vinhetas da MTV. Há produtos demais, e há features demais em cada produto. Há mensagens demais na mídia, e há elementos demais em cada mensagem. Dois terços da população brasileira reclamam que se sentem constantemente bombardeados por publicidade. Então, se é para ser bombardeado, que seja por música. Hoje em dia bandas não necessariamente precisam de gravadoras. Por um lado é resultado do sucesso que grandes ou até mesmo novas bandas estão tendo via internet. Por outro, é a transformação da publicidade. Mais do que isso, bandas que seguem esses novos caminhos afirmam ter mais liberdade: na internet ou através de contratos com marcas, quem vai dizer o que é música boa não é uma gravadora, e sim o público. Eu desligo a TV e vou cantando R.E.M., Around The Sun, até o computador. Quero ouvir o novo álbum da banda no MySpace. > NOTA DO EDITOR: “A juventude é uma banda numa propaganda de refrigerante” (Humberto Gessinger estava certo).
+
23 x noize.com.br
Texto Luna Pizzato
na fita
26
Repaaixa, não? a cidade b d ar sileira, b ra b m foi a algu m? Música Jorge eza, você já bares toca s m se co , es 0 e 6 u s Com cert e música q al dos ano d n fi lo o por o ti n id es o ec o h id rou n ock é con Rock. Surg R a a b b m m Sa Sa ai do r, p ,o o com o ou melho cipal ícone ba brasileir o seu prin rgiu m m su sa , co o te r lh o Jo Ben om e ve ição, a Cal istura do b iz e de a dessa ed ra d e an d b a b A . ser uma m m lues hor o sa icano, o b nhecer mel rock amer ntade de co rasileira. vo a d te justamen a cultura b m pouco d forte enresgatar u resenta um ap já a d e Tim e Ben Jor ação, a ban como Jorg o de form mba, es an sa m o m o n u d r o o m Co cam, dentr enciados p u to fl e In u . proq to a E trosamen a a NOIZ ck. A noss Samba Ro ntaram par o xista co d ai b es ém o el al a, se Mai um”- dis uscamos ir e d “B s: o lo tr ti en es d outros os estilos regar vári posta é ag cha, os Otávio. capital gaú musical da várias a n m ce te a is re lo deles, ex tados sob ti n es gu o coner d a p o e o é grand Quand que, dentr rém também estão sempre alote falam o C p a r, d ca s ri to gu a se eio, pois lugares par anter no m ocamos de opções de guem se m se nidades: “T n u rt co o s p le o E a. am ci iç ”. Contou d ên es er rr ar p co sário e b e não des er s iv rá an at e rgindo, d o d corren s a festas ows vão su dia das mãe u que os sh e d to a h en in sc st re fe ac Matheus. E o vocalista a banda. a ar p , em te reconceito naturalmen m certo p u oai la m ro a d e u r diferente também q se m r ra o p nta , n ce am a não é in escolher Os guris co , o que falt lo que eles es ti el es a o ar d p , o funçã entes. E das adolesc ba Rock. ria das ban ção do Sam za ri lo va a m si fluências as m tivo, nem nas in no estilo curamos tá es ro “P ão r: n m ao toca da banda te n al ci se n ontou o es re C el ife . O d or tocar” prazer que p o n ão x m ai si p a deles, mas , essa noss do”. er, sempre camos rin o transparec “T : u to en sc re ac E da será Brunno. igos, a ban er dos am d nseguir en co ep é d or sonho alote? Se ai C m a d o tudo ss ro o ois disso, E o futu es: “O n lugar. Dep stento del dro. m su e Pe gu d al ta te is n n em a fo percussio ação fixa o am se gr is d ro p r” ter uma har melho se encamin começa a patia! E Salve Sim
mad
tea-party
estilo:mĂşsica
Fotos: Fábio Alt Assistência de Fotografia: Lucas Tergolina Produção: Mely Paredes e Bianca Montiel Arte e Tratamento: Rafael Rocha Make Up & Hair: Mely Paredes Locação: Jardim Botânico Texto: Fernando Corrêa Realização e Concepção: MissinScene Produções Agradecimentos: Márcio Santos, Eni Trindade, Fábio Alt Schutz é patrocinado por King 55 e Diadora Machuca é patrocinado por King 55 e Anti-Pop Figurinos: Elite Fashion e Acervo MissinScene
Para muitos porto-alegrenses na noite, a probabilidade de ver essas duas figuras é tão grande quanto a de se ouvir música. Gabriel Machuca e Rafael Schutz, DJs residentes e personagens de uma das casas noturnas mais badaladas da Capital, mostram que são muitos outros além das figuras carismáticas que enchem seus ouvidos de rock e electro enquanto você ajuda a encher o Porão do Beco. Com vocês, eles. Quando e como vocês entraram neste cano de DJ? S – Totalmente por acaso. Eu tinha uma agência de publicidade, e um dos meus clientes era o bar Revolver, da Lima e Silva, que me ofereceu uma data para produzir o projeto dominical Eletroarmada. Dali conheci o E-Flux, e foi o embrião da Orgasmo, que surgiu em 2005. Foi quando resolvi assumir a pick-up para mostrar minhas referencias roqueiras balanceadas com a raiz eletrônica do E-Flux. M – No comecinho do Beco203, quando a Dani Hyde precisava de um loser pra discotecar enquanto ela ia pro corredor dar uns pegas no namorado vindo da Bahia. O quanto o set de vocês representa o que vocês ouvem em casa? S – Uma boa parte, toco o que gosto. Dos meus sets fazem parte todas boas bandas do rock atuais e produtores que curto. M – Tudo. Eu passo o dia procurando essas bandas novas e iguais pra passar pro Beco. Muita coisa é hit no Beco—e só no Beco. É incrível ver 700 pessoas ouvindo uma música ucraniana e sabendo toda a letra, tudo porque o Schutz fez ela grudar. Mas eu também ouço Death Cab, hehe. Vocês são patrocinados pela King 55. Como funciona isso? Vocês se identificam com a marca? S – Sem dúvida, a identificação foi imediata, afinal é uma marca rock e ecologicamente responsável. Incrível contar com o apoio deles tanto como DJ assim como para a minha festa I Love Diskorock. M – A King é uma marca enorme de rock em São Paulo. As roupas deles são incríveis, talvez as únicas que realmente têm uma identidade e originalidade rock. Pra mim foi perfeito. E eu ainda ganhei! O Schutz até comprava (mesmo sendo do electro). O quanto vocês se preocupam com moda? S – Tanto quanto as outras pessoas, com o diferencial de expressarmos um movimento musical, e as tendências da moda sempre acompanham isso. Ao longo da história temos infinitos exemplos disso; do punk ao recente new rave. Por isso a moda se expressa
em mim dessa forma, combinada com a música. M – Com a saúde e com o gosto musical das modelos. Vocês já tocaram fora? Como é a cena das noites rock no resto do Brasil? S – Toquei em Floripa, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro e até em Buenos Aires, nos clubs mais bacanas dessas cidades. É muito bacana a troca de experiências, conhecer as cidades do ponto de vista de quem vive nelas. Com certeza a noite rock de Porto Alegre é das mais antenadas do país. O que se escuta aqui é o que rola nas noites de qualquer capital do mundo, e se você escuta uma música nova, pode ter certeza que ouvirá de outras fontes na seqüência. M – Porto Alegre é a melhor. Mas claro, tem essa nova onda de o rock ser hype, daí dá um cansaço dos novos e tapados indies e das conversas, “oi, pode tocar Pitty ou Strokes?”. Já toquei com o Schutz em Floripa, Curitiba e São Paulo. Mês passado fui pra Brasília, sem ninguém, e com mamãe me ligando a cada meia hora. É sempre incrível andar na rua de outra cidade com o pessoal te parando a toda hora pra uma foto ou um autógrafo (do Fito Paez).
Abra. Destaque. E cole na parede.
Agenda JA RULE Dia 11 de julho - Pepsi On Stage O rapper Ja Rule é um dos nomes mais lembrados desde a explosão do rap norte-americano no Brasil. Vários singles do nova-iorquino atingiram o topo das paradas por aqui, muitos em parceria com a cantora Ashanti, como “Always on Time”, “Mesmerize” e “Wonderful”. Há muitos motivos para que sua passagem por essas bandas, com o show do novo álbum, “The Mirror”, seja aguardadíssima. O membro e sócio do selo de rap Murder Inc (rival do G-Unit, de 50 Cent) vai soltar a voz - tão grave quanto rouca - no Pepsi On Stage.
reviews o que entra por uma orelha e não sai pela outra
010866_155x338_325.pdf
June 26, 2008
17:04:40
1 de 1
Música é a sua? A sua é o Sonora.
DM9 É DDB
O Sonora tem mais de 500 mil músicas e diversos estilos musicais. www.terra.com.br/sonora
OFFSPRING
MUNDO LIVRE S/A
Rise and Fall, Rage and Grace
Combat Samba
OUÇA NO TERRA SONORA
Rise and Fall, Rage and Grace é, no mínimo, diferente. Mesmo que o Offspring caracterize-se há tempos por misturar hardcore e pop punk, agora há outros estilos. De cara, duas velozes e pegadas (“Half-Truism” e “Trust in you”), ao estilo Smash. Então surge a excelente “You’re gonna go far, kid”, com uma abertura ao estilo Fall Out Boy, e bridge e refrão à la Offspring. Quando eu começava a pensar que Rise... é um ótimo álbum, brotam os pop punk água com açúcar e a comercial e fraquinha “Kristy, are you doing ok?” (Tão meio velhinhos para serem influenciados por Good Charlotte, não?), e, para que eu não fixasse uma opinião, “A lot like me” é uma ótima balada metálica. Sim, é uma coletânea de altos e baixos. Gustavo Corrêa
COLDPLAY Viva la Vida
O subtítulo E se a gente seqüestrasse o trem das 11? diz tudo: o samba é a (anti) lei nesta coletânea. Subvertendo o ritmo brazuca ao longo de suas 14 faixas (incluindo a boa inédita “Estela”), Fred Zeroquatro e cia mostram porque o Mundo Livre S/A detém o mérito pela manutenção do manguebit no século XXI. O motivo não é menos poético do que a capacidade de fertilizar o rock com o enxofre dos mangues pernambucanos – e com muito sucesso. Em Combat Samba, produzido pelo mítico Carlos Eduardo Miranda, somam-se aos sucessos comerciais canções menos conhecidas. Em comum, o resgate da psicodelia setentista de Jorge Ben, a rebeldia do Clash e a versatilidade eletrônica moldados como a lama do Recife. Fernando Corrêa
OUÇA NO TERRA SONORA
Eles tentaram mesmo ser felizes: o quarto álbum do Coldplay, Viva la Vida traz a lírica melancólica tradicional do quarteto com melodias mais alegres por trás. Na tentativa de trazer para a música as cores da pintora mexicana Frida Kahlo, pode-se perceber que não, eles não servem para pessoas alegres. Fazem melhor com as faixas tristes, como “42” – a melhor letra do disco – e a versão acústica de “Lost!”, presente apenas na edição especial do CD. O single, “Violet Hill” volta um pouco às letras mais politizadas de A Rush of Blood to the Head, e mesmo as canções mais animadas, como “Strawberry Swing”, não decepcionam. O conjunto das faixas demonstra que o Coldplay feliz não é de todo mal. Mas os fãs ainda preferem a depressão dos trabalhos anteriores. Fernanda Grabauska
JAKOB DYLAN Seeing Things
Em seu novo trabalho solo, Jakob Dylan parece ter encontrado conforto no seio familiar. Não espere do líder do Wallflowers uma filial da música que ele apresenta com sua banda. Em Seeing Things, o filho caçula de Bob Dylan afasta-se de melodias vocais elaboradas e aproximase do folk paterno. Não por acaso, o disco tem recebido boas críticas quanto às letras, o diferencial da obra: sofisticados jogos de palavras e boas rimas são a chave das faixas. Os comentários negativos sobre as melodias não devem ser levados tão a sério - o disco mostra-se ainda melhor justamente pela simplicidade. Parece refletir um artista mais confortável, como fica evidente em “Will it Grow?”, que poderia ser uma canção do Wallflowers, não fosse a ausência de banda. Fernando Corrêa
SIGÜR RÓS
Med Sud I Eyrum Vid Spilum Endalaust
Cada CD do Sigur Rós parece a trilha sonora de um filme diferente. É o tipo de som que liberta a imaginação do ouvinte. “með suð í eyrum við spilum endalaust”, em português “com um zunido em nossas orelhas, tocamos incessantemente” não é diferente.As inovações, como “All Alright”, faixa gravada em inglês, só melhoram a qualidade do álbum. Mesmo que ainda não haja traduções das letras para o português, podese sentir a atmosfera etérea de sempre: melodias e vocais na melhor das harmonias. São poucos os álbuns que podem ser definidos como “experiências transcendentais”, mas esse é um deles: há o enredo de uma história a cada música. É ouvir para crer. Fernanda Grabauska 39 noize.com.br
40
TOM ZÉ
JUDAS PRIEST
cds :::
reviews
Danç-êh-sá Ao Vivo
Não é de hoje que, para Tom Zé, experimentação pouca é bobagem. Pois o que se ouve em Danç-Êh-Sá: dança dos herdeiros do sacrifico não é diferente. As músicas não têm letras; apenas onomatopéias, vocalizes, ruídos e frases em tom de protesto. Para se ter uma noção, aí vão alguns nomes: “Acum-Mahá”, “Atchim”, “Triu-Triii” e “Uai-Uai”. As melodias parecem ter brotado de uma dinâmica de grupo onde cada um dos sete músicos explora seus instrumentos e acaba por fazer arranjos bastante ricos. O áudio é a gravação de um show feito nos estúdios Trama, em 2007. Se não bastasse, o disco pode ser baixado de graça. Natália Utz
Nostradamus
Nostradamus, só por ser um álbum conceitual já chama atenção. Até então o Judas Priest nunca havia feito isso, em mais de 30 anos de banda. Cheio de orquestrações, coros, boas letras (todas remetidas, obviamente, ao profeta) em um clima cadenciado e soturno, são 23 faixas de um álbum duplo. Com muitas delas introdutórias, cerca de 14 são músicas propriamente ditas. Destaque para “Pestilence and Plague”, “Conquest”, “Alone” (de arrepiar mesmo), “Visions” e a música que dá nome ao álbum, “Nostradamus”—esta por sinal, a primeira música realmente Judas Priest do álbum. Boa pedida para quem quer algo novo do velho. Ricardo Finocchiaro
DiscografiaBásica Back in Black
Talvez os mais nostálgicos e saudosistas fãs da banda australiana AC/DC não aceitem isso, mas, sem dúvida, Back in Black, lançado em 1980, é o melhor álbum da história do grupo. O lançamento ocorreu no mesmo ano da morte do vocalista original. Após sua morte, a banda pensou seriamente em se separar. Porém, ao lembrar-se de Brian Johnson, que cantava no Geordie, vislumbrou um substituto à altura. O clássico álbum de capa preta, homenagem ao grande cantor que se fora precocemente da banda, vendeu até hoje, mais de 42 milhões de cópias, o que o consagrou como o segundo disco mais vendido da história da música, ficando atrás apenas de Thriller, do Michael Jackson. São desse disco três sucessos absolutos e que são tocados em todos os shows da banda: “Back in Black”, “Hells Bells” e “You Shook Me All Night Long”. Ainda não escutou o disco inteiro, faça um favor ao seu bom gosto musical!
por Ricardo Finocchiaro
THE ZUTONS
You Can Do Anything
Em meio ao pastiche que se tornou a cena indie, o Zutons conseguiu soprar ares novos. Com os seus dois primeiros álbuns, construiu um som peculiar e criativo, mesmo com os dois pés fincados no passado. Em You Can Do Anything, infelizmente, algo se perde; soa mais do mesmo, mas pior. As ressalvas ficam com a gritaria de “Harder and Harder”, a levada soul de “Family of Leeches” e as faixas “Dirty Rat” e “Freak”. O resto muitas vezes começa bem, mas entedia com o passar do tempo. De qualquer forma, ainda está acima da média. Um disco para ouvir sem medo de ficar com gosto de Franz Ferdinand e Kaiser Chiefs na boca. Fernanda Botta
AC DC
Highway to Hell
Bacana no AC/DC também é o bom humor. Claramente uma paródia à “Stairway to Heaven”, do Led Zeppelin, Highway to Hell é o álbum definitivo da formação clássica da banda, com Bon Scott nos vocais, Angus e Malcom Young nas guitarras, Phil Rudd na bateria e Cliff Williams no baixo. Lançado em 1979, já em sua primeira faixa, escutamos um dos maiores riffs da história do rock and roll, com ‘Highway to Hell’. Nesse disco, a banda já se mostra extremamente madura e segura, tornando-se um mito e não mais uma simples boa banda. Este álbum originou as acusações, por parte da igreja, claro, de que a banda era satanista, em virtude de seu nome e da capa do álbum. Para piorar a situação, um serial killer auto-intitulava-se “Night Prowler”, nome da última faixa do disco. “If You Want Blood (You’ve Got It)” é outro destaque do disco. Ballbreaker
Este álbum marca a volta por cima das boas composições da banda, após um período “fraco”, que marca os álbuns pós For Those About to Rock até o Razors Edge. Também é a volta do baterista Phil Rudd, que, desde 1989, havia sido substituído por Chris Slade – que aparece no vídeo Live at Donington’92 – e que não saiu do grupo desde seu retorno. O som que precedeu esse álbum se chama “Big Gun”, que entrou na trilha sonora do filme O Último Grande Herói de 93 e que já mostrou a banda mais inspirada. Ballbreaker tem músicas fantásticas, como “Hard as a Rock”, “The Furor” e a própria “Ballbreaker”. Esse álbum também marca o último show do grupo em terras brasileiras, realizado na turnê de 1996. Turnê que, além dos tradicionais canhões e do sino gigante, trouxe a enorme ‘Ballbreaker’.
TIHUANA
PAUL MCCARTNEY
::: dvds
Tropa de Elite Ao Vivo
McCartney Years
O Tihuana estourou no rastro do Charlie Brown Jr. Desde 1999, quando enfileirou os hits “Eu vi duendes”, “Pula!” e “Que ves?”, a banda poucas vezes deixou essa sombra. No entanto, tal qual seus similares, soube fazer boas misturas pop de rock e reggae com o rapcore de RATM—e essa mistura é captada da melhor forma possível em Tropa de Elite Ao Vivo, produzido após o badalado longa de mesmo nome dar um boom à música da banda. O show inclusive tem a participação um tanto cômica de André Ramiro, o policial aprendiz do filme, dizendo que “não é policial para levar ninguém em cana, por isso curte a rapeize do Tihuana”. Parece haver bastante gente que curte. Fernando Corrêa
BRIAN WILSON Pet Sounds Live in London
Sentado diante do teatro lotado, Brian Wilson pouco toca a superfície branca e preta de seu teclado. O contexto justifica: depois de viver como um vegetal por décadas, o mítico ex-Beach Boy engatinha sua reaparição como esta figura totalmente diferente da que se imagina estar por trás do disco que o endeusou. Por isso, o choque é ainda maior. Pet Sounds ajudou a fundamentar os rumos que a psicodelia e a experimentação dariam à música no fim dos sixties. A harmonização e as melodias vocais, maravilhosamente belas, prescindem de muito talento, que aparentemente acabou prejudicado em Brian. Ainda assim, a genialidade das canções, a banda competente e apaixonada e a própria figura tragicômica do líder, ao cantar “Wouldn’t it be nice” e “I’m Waiting For The Day” (mexendo os braços como uma criança feliz e alcançando as notas agudas como pode)—tudo isso junto—não deixam que um evento surreal como a execução integral de Pet Sounds, quarenta anos depois, fique aquém de um aceitável muito bom. Fernando Corrêa
A maioria dos DVDs de música do mercado se divide em três categorias: shows, coletâneas de clipes ou documentários. The McCartney Years tem, espalhada pelos três discos, uma condensação dessa diversidade. Tudo isso embalado numa impecável caixinha, que por si só já valeria metade do justo preço de R$ 110. O resultado, no entanto, vai além de um DVD de música. The McCartney Years é um retrato íntimo da vida de um dos maiores músicos ainda vivos, uma narrativa minuciosa de uma experiência que ajudou a mudar para sempre a história da música. Mas o DVD não é sobre o MacCa “ex-baixista dos Beatles”, ainda que este aspecto de sua carreira esteja presente no material. Os dois primeiros discos são uma imensa coletânea de clipes, abarcando praticamente toda carreira solo de Paul, desde a época em que tocava com os Wings até Chaos and Creation in the Backyard. O espectador pode vê-los em ordem cronológica, em playlists elaboradas por Paul ou numa versão com comentários do homem—altamente recomendável. Falando sobre os vídeos, MacCa deixa transparecer aspectos de sua vida familiar, seu humor característico e até mesmo pitacos sobre seu curioso processo criativo. Aqueles que pensam que Paul é um compositor refinadíssimo e intelectualizado vão se surpreender ao ouvi-lo falar sobre “Mull of Kintyre”, uma divertida valsinha escocesa, ou sobre os duetos com Michael Jackson e Stevie Wonder. Destaque ainda para os extras: minidocumentários e entrevistas. Num deles, McCartney conta inclusive como compôs “Blackbird”. O material do último DVD é uma coletânea de shows, incluindo a lendária apresentação de Glastonbury em 2004. Para ver um Paul à vontade, de volta às raízes skiffle, confira as quatro músicas da performance unplugged de 1991, registrada no CD Paul McCartney Unplugged – The Official Bootleg. Depois de ter varado as mais de seis horas de material, ao assistir à performance de “Hey Jude”, em Glastonbury, o espectador terá a certeza de que as mãos enrugadas do Sir canhoto ainda vão reger multidões por muitos anos. Gabriel Resende
DOYOULIKE? Uncano
Uncano deve satisfazer os órfãos de rock emotivo. Emos magrelos; emos gordinhas; emos bonitinhas; emos de 12 e de 17 anos. Tal como o público a que melhor se dirige, o disco da doyoulike? traz músicas diversas, umas realmente belas e maduras, outras fraquinhas. No entanto, de longe, pode parecer tudo um tanto repetitivo. Em boa parte do CD, o vocal soa como a Fresno quando o quarteto ainda tocava um pop punk beirando o emocore em shows nos furdunços porto-alegrenses onde eu e, certamente, os meninos da doyoulike? estávamos presentes. Aprenderam bem a lição.
FRUET E OS COZINHEIROS O Som do Fim ou Tanto Faz
Ousadia e muito talento caracterizam o som de Marcelo Fruet e de seus cozinheiros. O Som do Fim ou Tanto Faz traz 6 faixas e um encarte que forma um dado em que o destino mostra a próxima faixa a ser saboreada. Em uma mistura muito bem dosada, fervem no caldeirão a pegada roqueira com apelo de mpb, uma pitada de groove, algumas xícaras de pop, canções sentimentais e um leve sabor dissonante. O talento dos músicos só se compara à imprevisibilidade das músicas que, bem definidas por um jornalista texano, vão “da alegria contagiante ao vazio da solidão, sem avisar”. 41 noize.com.br
reviews cinema :::
UM BEIJO ROUBADO Vários Artistas (2008)
de Andrew Stanton (2008)
Anualmente, os estúdios da Pixar renovam nossas esperanças no bom cinema ao fazerem um filme ainda melhor do que o do ano anterior – e, quando parecia impossível que algo superasse Ratatouille, eis que surge Wall-E. Após 700 anos vivendo sozinho numa Terra abandonada por humanos, o robozinho, cuja função é compactar lixo, acabou por desenvolver uma personalidade baseada em imensa curiosidade por tudo que o cerca. Misto de E.T. com o robô de Um robô em curto circuito, Wall-E tem como única companhia uma barata de estimação, passa suas noites assistindo a musicais e seus dias procurando qualquer coisa que lhe desperte o interesse – até o dia em que chega EVA, uma robozinha que em muito lembra um iPod, pelo qual ele se apaixona. Não bastasse ser insuperável na qualidade da animação, o filme é inovador ao apostar em uma história em que quase não há diálogos – os robôs se comunicam apenas com sons eletrônicos, quan-
TOMMY
do muito, podem dizer o nome um do outro – o que dá um ar de Luzes da Cidade, clássico da comédia romântica de Charles Chaplin, misturado com referências explícitas à 2001 – Uma odisséia no espaço. Alinhar referências do filme seria um trabalho longo – mais interessante é pensá-lo como o mais maduro e adulto filme da Pixar, uma ficção científica inovadora, e já candidato a um dos melhores filmes do ano - com 97% de aprovação no tomoatômetro do site RottenTomatoes.com. Samir Machado Divulgação
O novo trabalho do consagrado diretor chinês Won Kar-Wai, o filme My Blueberry Nights, apresenta o ineditismo de ser a primeira película rodada pelo cineasta totalmente em inglês. No entanto, a temática é recorrente e retoma sucessos anteriores como Amor à Flor da Pele e 2046. No drama protagonizado por Norah Jones – estreante na telona – e por Jude Law, o que se questiona sobre o amor, desta vez, é o distanciamento dentro do âmbito mais íntimo, em contraponto à proximidade que pode surgir numa diferença de milhas de distância física. Estão nos sucessivos exemplos de perdas ao longo do filme a base da reflexão acerca do assunto sugerido. Entretanto, é a deslumbrante trilha sonora uma das grandes responsáveis pelo êxito do filme. Contando com a competência do guitarrista Ry Cooder, a música da produção adquire requinte e ambientação própria. Numa mescla de jazz tradicional, apresentado em roupagem contemporânea, com ritmos instrumentais peculiares e vozes muito bem selecionadas, a trilha tem tudo para figurar entre grandes referências do gênero. Não poderia ser diferente em se tratando de um time do calibre de Ry Cooder assinando duas faixas instrumentais, Norah Jones abrindo a trama com a nova faixa “The Story”, além de Amos Lee, de Cat Power, de Cassandra Wilson (fazendo uma releitura de “Harvest Moon”, de Neil Young) e do também guitarrista e compositor Gustavo Santaolalla. Marcela Gonçalves
Divulgação
WALL-E
42
de Ken Russel (1975)
Primeira obra a ser apontada como “opera rock”, Tommy é a adaptação do álbum homônimo do The Who. Lançado em 1975, o filme foi um sucesso de público, o primeiro exibido nos cinemas com som de cinco canais. Roger Daltrey interpreta Tommy, um jovem cego, surdo e mudo após testemunhar o assassinato do pai. Sua mãe (Ann-Margret, que foi indicada ao Oscar pelo papel) e seu padrasto (Oliver Reed) buscam várias possibilidades de cura – de um culto liderado por Eric Clapton a uma prostituta, a Rainha do Ácido interpretada por Tina Turner, além de um médico (Jack Nicholson, cantando), até que o rapaz se descobre, apesar da deficiência, um campeão de pinball – e o filme chega à clássica Pinball Wizard, cantada por Elton John. Outras músicas de destaque: I’m Free e Sally Simpson, de quando
Tommy, recuperado, torna-se líder de um culto messiânico. A história, criada por Pete Towshend como uma crítica à hipocrisia das religiões organizadas, ecoa menos do que os divertidos excessos visuais. Ainda assim, em meio ao mar de musicais aborrecedores disponíveis nas locadoras, Tommy é um que merece ser redescoberto. Samir Machado
Foto Games: Reprodução
ANIMOTO animoto.com
STEREOGUM
Não é Ajinomoto, mas é uma boa forma de temperar suas fotografias. O Animoto transforma em videoclipe a seleção de fotos de suas férias, do show que você cobriu - ainda que clandestinamente-, ou até seu portfólio. Você escolhe a trilha sonora e o site completa com efeitos de transição legais. É muito mais do que um slideshow: de acordo com a música que você escolher, as fotos irão se mover com mais ou menos velocidade e os efeitos, selecionados automaticamente pelo sistema do Animoto, serão mais radicais ou mais amenos. Os resultados são realmente bons e, ao fim do processo de criação do vídeo, é possível exportá-lo diretamente para o YouTube, enviar para amigos, copiar o código para postar em blogs ou copiar sua criação direto para o seu iPod. Recentemente, o programa passou a oferecer a opção do serviço para uso comercial.
Celeiro das estrelas indie de amanhã. Eleito o melhor blog de música de 2007, o Stereogum é bem mais do que um simples blog. Uma das coisas mais legais do site é ser adepto da cultura da cortesia. Por isso disponibiliza regularmente coletâneas e tributos com artistas que revelou e artistas parceiros. Um dos exemplos é a Rac Vol. 1, coletânea de remixes que o português André Anjos, de 23 anos, gravou, e o Stereogum “apresenta” para seus visitantes. Os nove remixes, que incluem músicas de Bloc Party e de Tokyo Police Club, estão disponíveis para download e streaming. Outro lançamento legal foi o OKX, tributo à obra prima do Radiohead, OK Computer, com versões de Death Cab for Cutie,Vampire Weekend e Cold War Kids. Depois de ser massivamente baixado, o álbum atualmente está disponível apenas para audição online.
stereogum.com
Games ALONE IN THE DARK Considerado um clássico desde sua primeira versão, Alone in the Dark volta aos consoles com uma nova roupagem, com abordagem sombria que envolve o game de uma forma um pouco diferente. O jogo explora um ponto de vista cinematográfico: conforme o personagem avança, há interação com o cenário e com os outros personagens, em diálogos e em situações que criam uma atmosfera poucas vezes presenciada no PS2. Mas em todo ponto positivo há contraponto negativo. O fato de o jogo ser abordado dessa forma limita as possibilidades do jogador. Há um caminho apenas a ser seguido, sem itens escondidos, sem lugares secretos... o que torna a experiência um pouco entediante, principalmente para amantes de Silent Hill e de Resident Evil. Outro ponto negativo é que o game é muito curto. Eduardo Dias. Agradecimentos à JP Eletrônica – Assistência Técnica Pça. XV De Novembro, 66 – Sala 1010 - Porto Alegre :: Tel: (51)3012.8721 | 9129.9399
internet ::: games
ASSISTA videos do mes
BAIXE
musicas do mes >> Racionais MC’s Tá Na Chuva Tá na chuva, em blogs e no YouTube, a primeira música nova dos caras desde 2002. >> Albert Hammond Jr GfC Nova canção do trabalho solo do guitarrista, diferente do que se esperaria de um Stroke. >> MGMT Electric Feel Deveria se chamar “Sexy Feel” a música do MGMT que está rádios inglesas e no MySpace. >> Slipknot All Hope Is Gone Será que o new metal do Slipknot segue vivo? Escute e tire suas próprias conclusões.
43 noize.com.br
CHUCK BERRY
Elson Sempé Pedroso
44
Pepsi On Stage, 21 de Junho.
shows :::
reviews
OUÇA NO TERRA SONORA
Qualidades essenciais da música de Chuck são sua dicção e forma de cantar. Suas letras eram fáceis de entender, em contraste a outros roqueiros. Minha primeira vez com Chuck Berry foi nos anos 60, talvez lá por 64, 65. Imagino o choque que deve ter causado na juventude daquela época o rock n’ roll. Foi o rock n’ roll que liberou os corpos para a dança. Brilhantemente aberto por Fernando Noronha e sua Black Soul, o show de Chuck Berry começou, pontualmente, às 22 horas. O público havia sido informado por um jornalista que ele iria errar letras e acordes durante o show, o que certamente fez alguns incautos desistirem de assistir. Ledo engano. Ao contrário das platéias do centro do país, a primeira coisa que o público fez foi levantar das cadeiras, chegar perto do palco e se deliciar com esse vovô que sabe tudo de rock ‘n’ roll. Para variar, na sua longa carreira, Chuck veio acompanhado de uma banda que não está à sua altura. Deu uma força para o filho, Charles Berry Jr. e, aqui no Brasil, arregimentou um bom baterista brasileiro, Maguinho Alcântara. O tecladista Bob Lohr e o baixista James Bassala eram os melhores da banda. Começou com “Roll Over Beethoven”. Tocou “Sweeet Little Sixten”, “Around and Around”. A famosa “You Never Can Tell” cultuada nas telas em Pulp Fiction com John Travolta e Uma Turman dançando enlouquecidos. Rock ‘n’ roll mais leve mas
não menos cadenciado, no nível das músicas do seu disco que eu mais gosto, Bio, lançado em 1973. Em algumas músicas, fez como Dylan, mais cantando do que tocando a música. Sua voz é inconfundível. Se, na guitarra, não tem mais aquele desprendimento e ritmo, a voz continua firme e ditando o rock ‘n’ roll. Faço questão de escrever “rock ‘n’ roll” para diferenciá-lo de rock. O rock veio depois, como uma árvore musical com várias vertentes de mesmo nome. O público gaúcho foi conquistado e conquistou Chuck Berry. Ele fez questão de dizer que tinha sido o melhor show no Brasil. Ao final do show, subiram ao palco crianças, garotas, mães e até avós, todas reféns do ritmo contagiante e eterno que é o rock ‘n’ roll. Machos não tiveram vez. Afinal, em seu palco, Chuck é quem manda. Ricky Bols Danny Bittencourt
JOSS STONE Pepsi On Stage, 19 de Junho.
OUÇA NO TERRA SONORA
Joss Stone brilhou. Subiu ao palco com um vestidinho preto de paetês - sem medo do frio que fazia na noite de 19 de junho – e com os pés descalços, que deslizavam pelos tapetes que cobriam o chão. Quando começou a cantar, deixou o público do Pepsi on Stage de boca aberta. Afinal, é difícil de acreditar que uma inglesa, branca e loira – no momento meio ruiva –, seja dona daquela voz. Sua performance foi de mulherão. Super sexy. No entanto, a pouquíssima maquiagem, as risadas e o jeitinho doce de falar com o público deixavam transparecer uma guria de 21 anos. A moça é acompanhada por uma banda que também chama a atenção: além de ser formada por músicos experientes, todos eles são extremamente estilosos. A cantora apresentou as canções do último CD Introducing Joss Stone. E mesmo que todo mundo soubessem cantar os hits “Super Duper Love”, “You Had Me” e “Fell in love with a boy,” as novas músicas fizeram o público dançar do início ao fim. E um clima de romance ficou no ar quando Joss começou a cantar “Jet Lag”, do álbum anterior, Mind, Body and Soul. Foi neste momento que os casais se multiplicaram. Parecia que
todo mundo estava acompanhado e morrendo de amor. Para os gremistas, o grande momento do show foi quando Joss Stone pegou a camiseta do Internacional que um fã havia colocado no palco e jogou no chão. E depois, caiu na gargalhada enquanto cantava “Don’t Cha Wanna Ride” – talvez a melhor a melhor música do show. Joss voltou para o bis cantando “Right to be Wrong” e ficou emocionada quando viu a letra cantada pelo povo. Encerrou o show, com um cover de “No woman, No cry”, de Bob Marley, enquanto distribuía flores para o público. Flávia Mu
Fernando Corrêa
Arisson Araújo
::: shows
RITA LEE
MUKEKA DI RATO
Aos 60 anos, a vovó “sexygenária” sobe ao palco como se fosse ainda uma guria. Nas quase duas horas do show em que comemora 40 anos de carreira, Rita dançou, fez graça e disparou comentários hilários. Contestadora e oportuna, falou sobre a crise política no Estado. Debochada, entregou segredos pessoais da banda (que inclui o marido, Roberto de Carvalho, e o filho, Beto Lee, nas guitarras) e falou sobre o desejo de fazer uma lipoaspiração, “só pelo barato da anestesia”. Entre risos e aplausos, Rita mostrou um show perfeito, com figurinos especiais para algumas canções, como “O Bode e A Cabra”. Chapéu de cangaceiro e um triângulo em punho deram o ar roceiro para a versão divertida de Renato e Seus Blue Caps para “I Want to Hold Your Hand”, dos Beatles. Cada pedacinho do show remete a alguma fase da carreira recheada de sucessos. Estavam lá canções de todos os tempos, como “Mutante”, “Amor e Sexo”, “Flagra”, “Mania de Você”, “Lança Perfume” e “Jardins da Babilônia”, além das novas “Dinheiro” e “Tão”. A despedida chega a dar um aperto no peito. Não é para menos, já que ela tem falado que paga para não sair de casa. Depois de tragar um cigarro no backstage, Rita volta para um bis delicioso, que ainda assim, deixou um gostinho de quero mais. Lidy Araújo
Frio glacial em Porto Alegre, mas a promessa de que o hardcore capixaba iria esquentar a noite mais que um porre de vinho em frente à fogueira movimentou uma boa quantidade de insanos ao Bar Opinião—todos dispostos a estourar os tímpanos ao som enfurecido do Mukeka Di Rato. Lançando o álbum Carne, a banda abriu com “Frações, Refrações e Proporções”, faixa inicial do novo trabalho. O público se quebrava, amigavelmente, ao som de “Mickey” e “Cobra Criada”, enquanto os espírito-santenses espancavam os instrumentos e Sandro (voz) berrava a mil por hora as suas críticas sociais. Em época de discussão sobre produção de etanol, não faltou “Chachaça”; quem estava com fome das músicas do primeiro álbum foi agraciado com um “Mék Kâncer Feliz”. O irônico reggae “Burzum Marley” acalmou um pouco os ânimos da platéia, servindo também para a banda se recuperar antes de tocar mais uma dezena de porradas sonoras. “Pela janela do trem”, “Animal”, “Corre!”, “Televisão” e “Homem de borracha” também preencheram a trilha dessa segunda-feira hardcore. Porto Alegre foi a última parada no Brasil da turnê sul-americana Chuta que é macumba!, e com certeza o Mukeka Di Rato não esquecerá tão cedo nem do frio, nem do incansável público punk gaúcho. Thiago Aita Marques
Teatro do Sesi, 14 de Junho.
Bar Opinião, 16 de Junho.
45 noize.com.br
Opções metálicas
Saudações, amigos headbangers! Depois de um começo de ano com fortes atrações metal aqui na capital, como o Iron Maiden, parece que ainda temos a ressaca desse mega show metálico. Shows gigantes como Ozzy Osbourne e Megadeth nem ‘desceram’ aqui para Porto Alegre, deixando os gaúchos na expectativa de que algo maior possa vir a acontecer. Está rolando um ‘disse-que-me-disse’ de um tal quarteto mascarado norteamericano, mas não vamos nos animar demais, não é? Afinal, boatos são boatos. Você, camiseta preta, que está em casa, parado, saia deste marasmo, não fique com medo do frio, vá conhecer os shows de metal que acontecem em casas como o Manara
ou como o Garagem Hermética, não fique apenas esperando os ‘filés’. Vá dar apoio para a tua cena local, a verdadeira ‘carne de pescoço’. Certo, você quer ouvir os clássicos? Então separa na agenda: dia 18 de julho, vai rolar a edição open bar da mais tradicional festa pesada gaúcha, a Metal Hard Nite. Sim, a festa, que tradicionalmente acontece no Club NEO, desta vez vai ter uma edição no Manara Bar, com duas bandas, uma tocando clássicos do hard e outra tocando clássicos do metal.Além disso, área vip com bebida liberada, pista exclusiva e o tão aguardado dark room. Melhor do que ficar em casa não? Agilize-se, mexa-se, ainda há metaleiros de apartamento em abundância! Horns up!!!
RAIZ DA INFORMAÇÃO
O hip hop nunca teve muito espaço nos grandes veículos de comunicação aqui no Brasil, e os veículos especializados são recentes. O site Bocada Forte, o principal deste segmento, completou nove anos em 2008—e é exatamente este o tempo de outros veiculas nacionais. Em 1999 surgia o site Real Hip Hop (que infelizmente acabou), o jornal Estação Hip Hop, a revista Rap Brasil (que deu lugar à Cultura Hip Hop) e o programa Hip Hop Sul da TVE aqui no estado, se não me falha memória, deve ter a mesma idade. Mas a questão é: onde conseguir informações verdadeiras sobre o hip hop? O preconceito pelo rap até diminuiu a partir do momento em que grandes artistas se renderam às
HOMEM X MÁQUINA
Olá, sou Fabiano Fava, faço parte da Profetas de Zion, a mesma banda da Claudia. Ela estava cheia de compromissos pessoais, então pediu uma ajudinha para a coluna deste mês. É interessante a nova tendência que temos visto no cenário reggae, não só mundial quanto também nacional, em relação à forma de trabalho que bandas e músicos solos vêm adotando. Todos sabem que a troca da sensibilidade humana pela frieza das máquinas é um ponto de protesto no reggae. Máquinas equipadas com softwares produtores de áudio estão cada vez mais presentes em álbuns e singles, dispensando o músico para gravações e muitas vezes até de shows. São timbres pré-prontos
de diversos instrumentos, porém que trazem uma “dureza” ao ouvido, difícil de enganar aqueles que estão habituados com a variação humana, falhas, erros e improvisos. O software mais popular é o Reason, que inclusive chega a constar nas fichas técnicas de álbuns de alguns artistas. Talvez a maior vantagem dessa “evolução” seja a agilidade que se pode ter para registrar uma idéia que não se quer perder. Já a maior desvantagem aparente é o empobrecimento da música, a artificialidade da música, fato que não condiz com os princípios do reggae, que é algo tão natural.
rimas dos MCs e às batidas dos produtores do rap; ele passou de “música de preto favelado” para “som da hora”. Mas mesmo assim, conhecer os verdadeiros rimadores, saber a origem de cada grupo e ver de onde veio aquele grafiteiro que hoje expõe em galerias na Europa é às vezes complicado nos grandes veículos. Então deixo aqui alguns endereços onde a raiz é verdadeira. Sejam bem-vindos a onde o hip hop verdadeiramente nasce: www.adversus.com.br www.myspace.com/revistahiphop www.bocadaforte.com.br www.alvovirtual.com www.bocadaforte.com.br www.enraizados.com.br E o meu blog, é claro: dearcarolforyou.blogspot.com
LETRA E MÚSICA
A edição do mês passado do projeto Unimúsica, da UFRGS, recebeu a estréia do espetáculo Viagem de verão – canções e versões, de Schubert a Caymmi, que reúne a cantora Jussara Silveira, o multiinstrumentista André Mehmari e o violonista Arthur Nestrovski. O trio se propõe a explicitar a proximidade entre os lieder do romantismo do início do século XIX e a canção popular brasileira. De fato, compositores da geração de Schubert e Schumann imprimiram uma expansão harmônica que alcançou a bossa nova. Esta, por sua vez, marcou a tradição da canção popular brasileira com um jeito novo de unir letra e música, fazendo uso de recursos musicais que intensificam os
sentidos do texto. O repertório do espetáculo mapeia esta linhagem inaugurada, chegando a José Miguel Wisnik e aos próprios Nestrovski e Mehmari, na canção Viagem de verão, baseada em temas de Schubert. Para tanto, as letras das canções de Schubert e Schumann foram traduzidas por Nestrovski para o português, e a impostação do canto lírico ganhou releitura à brasileira na voz de Jussara. Para André Mehmari, coube o papel do virtuosismo pianístico típico dos tempos do romantismo da tradição erudita européia, especialmente na improvisação-solo de Beatriz, de Chico Buarque. Uma viagem tão sensível quanto virtuosa.
FINCH
Agora já é certeza: o Finch vai lançar o seu segundo EP ainda esse ano! Cara, essa banda é foda. Em 2002, eles lançaram o What It Is to Burn, CD que, na época, foi muito bem recebido pelos fãs do gênero. Um álbum bem legal, porém mais comercial. Em seguida, veio o Say Hello To Sunshine, uma bomba, em minha opinião. Esse CD me fez respeitar essa banda para sempre, arte magnífica (de Jeff Soto) e musicas inexplicáveis, UM ABSURDO! O mais bizarro de tudo foi que a maioria dos fãs da banda não curtiu essa mudança brusca no som e não aceitou muito bem o disco.Vai saber... Jeff Soto Nascido em três de junho de 1975 em Fullerton, CA, Jeff
Soto é um artista visual e, hoje em dia, mora em Riverside, California. Soto começou fazendo graffiti nas ruas de Fullerton e, atualmente, tem suas criações respeitadas pelo mundo todo. É participante ativo das artes urbanas americanas. Quem tiver a oportunidade de ir a alguma exposição do cara na gringa pode ir que eu garanto a diversão. Ed Hardy A nova mania das celebridades, dos músicos e das modelos é usar camisetas e biquínis do Ed Hardy. Algumas peças chegam a custar s bagatela de 300 doletas. Eu curti, são desenhos de tattoos em camisetas, quem sabe na próxima ida a LA eu compre uma.
FEITOOOO LEVAAAA!
Vem aí o Skol Beats 2008, que rola dia 27 de setembro em São Paulo. Longe de ser o melhor evento da série (acho que tá rolando um certo desgaste natural), a edição deste ano vem repleta de novidades no quesito produção. A mais legal de todas é que o público pôde formatar o evento da maneira que quis: o line up, assim como o local, o horário, indoor ou outdoor. A lista inicial de DJs tinham vários nomes, tanto nacionais como internacionais (quem será que montou esta lista??), mas nomes brazucas que têm história junto ao evento, como Mau Mau e PET Duo, ficaram de fora. Hum, estranho, hein? Panelas à parte, o público ainda pode es-
NOSTALGIA
Todos têm uma banda que, independentemente de tudo que veio ou ainda virá, fica marcada como a mais importante. Há quem indique várias, observando que cada uma se destacou em um determinado período, mas é inegável que um nome específico se sobressai quando somos desafiados com a clássica pergunta: “qual é a sua banda favorita?”. Não sou incoerente, e dizer minhas cinco bandas preferidas agora seria um atestado de contradição. Retorno, então, ao fim dos anos 90 e começo dos 00. O meu rosto ainda com pouca barba não mente, são tempos de adolescência. Nem na faculdade ingressei. No quarto do meu irmão, coletâneas de punk rock, especialmente da tal vertente
mais melódica. Dos clássicos, Ramones era legal, assim como Sex Pistols, mas eu precisava de algo diferente – mais rápido e enérgico. Foi assim que cheguei ao Ten Foot Pole, a banda que me introduziu ao punk rock. Só depois gostei de Clash, Descendents, Bad Religion, Pennywise, No Use For a Name, NOFX, Face to Face e tantas outras. Uma trajetória às avessas, eu diria, mas sinto até uma ponta de orgulho quando refiro que a banda que me fez gostar de punk rock é pouco conhecida até mesmo por amantes do estilo. Agora, muitos anos depois, bem mais barbudo e musicalmente mais calmo, fico feliz. Pelo menos não foi o Simple Plan.
colher os VJs do evento, pois a votação acaba dia 20 de julho. Muito bacana. Eis a lista dos artistas internacionais que vão tunti tunca no evento: Justice, Digitalism, Pendulum, Agoria, Armin Van Buuren, Dubfire, Sebastian Ingrosso (Uhuuu) e Steve Angelo. Baladeiros de plantão, vêm aí as seguintes festas: Girls I Am Famous II, Hed Kandi e HouseNation – Imperdível. Onde? E.Session Kimik é claro.
CAIPIRAS DO SÉCULO 21
Hoje acordei a fim de confessar algo pra vocês. Uma das coisas que me fazem querer conhecer bandas novas é o fato de me sentir menos velho (mesmo eu sendo novo), de não ficar parado no tempo… enfim, neuras. Tá, voltando ao mundo, assumo que My Morning Jacket Jacket, banda formada em 1998 em Louisville, não é uma banda nova (nem para alguém que tenha 68 anos e tenha uma visão “diferente” de “novo”), mas não tenho culpa se com Evil Urges, eu comecei (junto a meio mundo) a dar importância pra banda. Indiquei a banda pra um amigo, que baixou o disco e depois falou:“Jojô, tu acha que é um álbum folk?” Resposta: É! “Mas não tem um pouco daquele Rock ameri-
cano meio Bruce Springstein?” Resposta: Claro! “Mas e essas referências meio 70, meio Abba?” Resposta: Sei lá cara, ta aí. É nesse monte de gêneros e referências que se encontra o MMJ; longe de definição, mas ao mesmo tempo encontrando mais de um canto pra ficar. “Evil Urges” não parece música de um mesmo álbum que contém uma canção como “Highly Suspicious”, que por sua vez tem absolutamente nada a ver com a belíssima “Librarian” (minha favorita). Outro álbum que com toda certeza vai estar ali figurando a lista de melhores do ano, que será concorrida. Ô ano bom. O myspace dos crazy caipiras: myspace.com/MyMorningJacket Beijão e té o show do Conor.
47 x noize.com.br
x
Foto Rafael Buchaqui
jammin’
50
Envie o texto dos balĂľes para o email pauleyoko@noize.com.br e concorra a dois ingressos para assistir aos The Beats, dia 17 de Julho, no Teatro da UFRGS. Go, JoJo!