EXPEDIENTE
#17 // ANO 2 // SETEMBRO ‘08
DIREÇÃO: Kento Kojima Pablo Rocha Rafael Rocha COMERCIAL: Pablo Rocha pablo@noize.com.br Nicole Citton nicole@noize.com.br DIREÇÃO DE ARTE: Rafael Rocha
rafarocha@noize.com.br
Douglas Gomes doug@noize.com.br
EDITOR: Fernando Corrêa nando@noize.com.br
ÍNDICE 4. Life Is Music // 6. News // 12. Road Trippin // 14. Los Campesinos! // 16. Imprensa Amarela // 20. Sem Destino World Tour // 22. Independência Brasileira // 31. Agenda // 34. VizuPreza // 36. Estilo:Música // 40. Reviews // 48. Colunistas // 50. Fotos // 54. Jammin’
ARTE DA CAPA: Pablo Etchepare flickr.com/pabloetchepare
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REDAÇÃO: Lidy Araújo lidy@noize.com.br Fernanda Botta fernandab@noize.com.br Frederico Vittola fred@noize.com.br Carlos Guimarães carlos@noize.com.br Luna Pizzato luna@noize.com.br Carolina De Marchi carol@noize.com.br Fernanda Corrêa fernandacorrea@noize.com.br
REVISÃO: João Fedele de Azeredo jp@noize.com.br Fernanda Grabauska fernanda@noize.com.br FOTOGRAFIA: Danny Bittencourt Martha Reichel Tatu Felipe Kruse Felipe Neves Arlise Cardoso Anna Fernandes NOIZE TV: Bivis Tatu Johnny Marco Vicente Teixeira Rodrigo Vidal noizetv@noize.com.br
Bianca Montiel Samir Machado Helga Kern Carlos Eduardo Leite Bibiana Bolson Giuliano Cecatto Marcela Gonçalves Eduardo Dias Maria Joana Avellar Flávia Mu Lucas Tergolina Natália Utz Gabriel Resende Vinícius Carvalho Antônio Xerxenesky Mariana Ruedell Rafael Lemas Alemão Cusco Gabriela Lorenzon Laila Garroni Bruno Felin ASSESSORIA JURÍDICA: Zago & Martins Advogados Rua Padre Chagas, 415/301 (51) 3333.0874
COLUNISTAS: Double S. Gustavo Corrêa Dudu Brito Ana Laura Freitas Carol Anchieta Claudia Mello Ricardo Finocchiaro João Augusto COLABORADORES: Marco Chaparro Mely Paredes
ANUNCIE NA REVISTA: comercial@noize.com.br AGENDA: shows, festas e eventos a genda@noize.com.br
CIRCULAÇÃO: Porto Alegre Canoas São Leopoldo Novo Hamburgo Caxias do Sul Gramado Lajeado Santa Cruz do Sul Santa Maria Passo Fundo Uruguaiana Pelotas Rio Grande PONTOS: Faculdades Colégios Cursinhos Estúdios Lojas de Instrumentos Lojas de CDs Lojas de Roupas Lojas Alternativas Agências de Viagens Escolas de Música Escolas de Idiomas Bares e Casas de Show Shows, Festas e Feiras
Todos os textos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.
NOIZE
TIRAGEM: 15.000 exemplares
Se Você Não Gostou da NOIZE Passe Adiante
EDITORIAL | Independência ou Morte Há muito a falar sobre independência que não está nos livros de história, mas na matéria de capa da Noize deste mês. Não é presunção, mas uma questão temporal. Porque a independência brasileira vem sendo escrita em um ritmo acelerado nos últimos dez anos, pela iniciativa de pessoas que querem poder viver de música sem depender do velho mecenato das grandes gravadoras. Apenas alguns dos protagonistas dessa história estão no texto que você confere mais adiante, com direito a entrevista e guia de bandas que têm remexido os festivais do país. Em
outro canto do planeta, nossa correspondente entrevistou os ingleses da los campesinos!, banda indie que,
certamente, vale alguns minutos do seu tempo.
Longe
do mundo independente, a imprensa amarela se alimenta
do mainstream, do indie e de tudo o que repercute no gosto do povo pelo fútil.
Aliás, é de se pensar o que Amy Winehouse em conquistar seu próprio cadáver, quando a diva completar vinte e sete anos (você duvida que ela se junte a hendrix, kurt cobain e cia no “club 27”? Por enquanto, vamos apenas pensar alto sobre até que ponto o sensacionalismo não beneficia essa turma que não sabe como se comportar. acontecerá com o sensacionalismo dos jornais que vivem das investidas de
Isso tudo compõe a Noize 17. Mais fotos, mais cinema, mais barulho, mais NOIZE.
Tratamento Felipe Neves e Rafael Rocha
Foto Felipe Neves Assist. de Fotografia Lucas Tergolina
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life is music
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.: NOME _Roger Lerina .: PROFISSÃO_Jornalista .: UM DISCO_ Murmur | R.E.M.
“O troço é sério. Minha coleção tem mais de 3000 CDs, coisas que eu adoro, de Benito de Paula a Dead Kennedys.”
DM9 É DDB
Música é a sua? A s u a é o S o n o r a.
Sonora do Terra. Muito mais música com qualidade de CD original. Assinando o Sonora, você escuta todas as músicas na íntegra direto do seu computador ou de um aparelho de som ligado nele. Com um acervo de mais de 500 mil músicas de 140 estilos musicais, o Sonora recebe novas músicas diariamente. E você pode montar sua própria programação musical. Sonora. Faça sua trilha. Acesse: www.terra.com.br/sonora
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Reprodução
news
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CONFIRMADONNA!
Dessa vez, não é alarme falso: 15 anos depois de passar por terras latinas com a turnê The Girlie Show e no mesmo mês em que estampou pela primeira vez a capa NOIZE, a rainha do Pop confirmou seus shows no Brasil. Com o sucesso da pré-venda no site ticketsforfun.com.br para os dias 14 de dezembro no Maracanã e 18 no Morumbi, já está no site oficial de Madonna uma terceira apresentação, em São Paulo, no dia 20. Infelizmente para os gaúchos, a venda de ingressos pelo telefone e pela internet, que começa no dia primeiro de setembro, só será possível com os cartões de crédito Bradesco e American Express Membership Cards. Quem não possui nenhum dos dois terá de voar até o Rio ou a Sampa para encarar uma fila e sair com o ingresso na mão. Pelas fotos divulgadas do ensaio e da primeira apresentação da Sticky & Sweet Tour em Cardiff, no Pais de Gales, vale a pena. Como o novo álbum sinaliza, Madonna não só retoma, mas relê suas diferentes fases, o que é evidente no figurino, assinado pela grife Givenchy, mas que inclui óculos estilo Lolita da Molino, botas até a metade da coxa assinadas por Stella McCartney, Tom Ford e outros estilistas. O show é dividido em quatro partes: a primeira, intitulada Gangsts Pim - Art Deco, inicia com “Candy Shop” e incluiu uma participação de Britney Spears no telão. A segunda, 80’s – Old School, faz referência ao inicio da carreira da diva. Gypsie faz referências ao estilo cigano e, para finalizar, Madonna incorpora elementos da cultura Japonesa em Futuristic Rave. Em uma das partes do show, os telões projetam imagens em movimento da obra do artista gráfico Keith Haring, amigo de Maddie que foi um dos precursores do graffiti e faleceu em 1990. Sem dúvida alguma, um show imperdível para os felizardos que conseguirem seus ingressos. Para os outros, restam as imagens e vídeos que já figuram no YouTube. -
> MADONNAONLINE.COM.BR Super fansite brasileiro, adianta as fotos e todos os detalhes do espetáculo que os brasileiros poderão conferir, com doses cavalares de puxa-saquismo. > YOUTUBE.COM - Trailer da turnê Sticky & Sweet, com direito a narração hollywoodiana. tags: madonna sticky trailer.
SAIBA MAIS
> PAPELPOP.COM - Blog com quentíssimas do mundo pop, fala até da possível vinda de Kylie Minogue para o Brasil. > YOUTUBE.COM - Vídeo de ótima qualidade da primeira apresentação da tour. tags: madonna candy shop hq
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Divulgação
Reprodução
Fotos: Divulgação
man that leaked Chinese Democracy goes to jail
THE MAN THAT KILLED JOHN LENNON IS SORRY
How he got ahold of them, he’s not saying but LA blogger Kevin Cogill did get ahold and posted unreleased songs from a new Guns ‘n’ Roses album, Chinese Democracy. In August, 28th, Cogill awoke to find five FBI agents hauling his ass into a federal district court, charged for violating the Family Entertainment and Copyright Act of 2005. The 27-yearold was arrested yesterday at his Los Angeles home. According to the arrest affidavit, Cogill was not exactly furtive. When questioned by the FBI, he readily admitted to posting the songs. The blogger faces penalties of up to three years in prison and fines of $250,000, according to Digital Media Wire. He could also be hit with civil suits by the copyright holders. Cogill is set to appear at Los Angeles’ US District Court. No word yet if he will live-blog the proceedings.
John Lennon’s killer, Mark Chapman, expressed shame and sorrow to the parole board that rejected his appeal to be released from prison this month. Transcripts of the hearing have revealed that Chapman said he had developed a greater understanding of the value of human life in the years since the 1980 murder. According to him, he had come to realise the gravity of what he did and how it affected Lennon’s wife and children. “I recognised that that 25-year-old man, I don’t think he really appreciated the life that he was taking, that this was a human being,” he said. “I feel now at 53 I have grown into a deeper understanding of what a human life is. I have changed a lot.” The parole board denied his release ‘’due to concern for the public safety and welfare’’. He’s been in Attica prison in NY for 28 years. Fotos: Reprodução
>> O rock suave ao piano, de hits como
“Meu Amor (eu te odeio)”, recheia o show de Yanto Laitano, Eu Não Sou Daqui, com datas marcadas no Teatro de Arena: 23, 24 e 25 de setembro.
>> Lançamentos gaúchos a caminho: a Pública tem disco a ser lançado, já nos finalmentes da pós produção, e a Identidade está em estúdio gravando seu próximo trabalho. >> Lançado em agosto, Notas de Viagens -
>> Sem desculpas para piratear. Atividade na
Laje, disco novo da Comunidade Nin-Jitsu, está à venda pelo preço de R$ 9,90.
Aventuras e Desventuras do Rock Gaúcho, livro de Egisto Dal Santo, conta causos como “o dia em que Júpiter quase morreu”. 7 >> noize.com.br
news
A FORÇA DA MORTE DE UM ÍCONE A perda sofrida pela música popular brasileira, no dia 16 de agosto, teve um impacto maior do que se imaginava. Onze dias depois de falecer Dorival Caymmi, aos 94 anos, sua esposa Stella Maris Caymmi também morreu. A internação, em abril, da musa inspiradora, com quem Dorival foi casado por 68 anos, foi um fator desencadeante da tristeza que antecedeu a morte do compositor. O baiano tem uma história de seis décadas no cenário da MPB e incontáveis sucessos em todo esse tempo. Seu voizerão e sua originalidade deixarão saudade em muita gente, já que Caymmi é influência básica de grande parte dos artistas brasileiros. Natural de Salvador, Caymmi foi morar no Rio de Janeiro na década de 30, quando lançou o hit “O que é que a baiana tem?”, imortalizado por Carmen Miranda no filme Banana da Terra. Entre seus
Se Michael Jackson andava meio apagado, o cinqüentenário do rei do pop tratou de dar uma sacudida nas coisas. Na semana do seu aniversário, ele deu uma entrevista ao programa Good Morning America, em que disse sentir-se “muito sábio, mas ao mesmo tempo muito jovem”. Enquanto planejava “escutar discos de James Brown, comer um bolinho com seus filhos e, provavelmente, assistia a alguns desenhos com eles”, diversos acontecimentos relacionados a ele tomavam os sites de notícias. O promotor de shows David Gest afirmou ter gravado um álbum com Michael em que o cantor interpreta textos do poeta escocês Robert Burns. “Robbie é nosso poeta favorito. Transformamos o trabalho dele em lindas músicas de show”, disse Gest. Em outra parte do globo, um sósia do astro sacudia as ruas de Londres durante um evento que promoveu o aniversário de MJ. Fãs se aglo-
outros sucessos, estão “Maracangalha”, “Marina” e “Rosa Morena” (gravada por João Gilberto em seu primeiro LP). E não existe quem não saiba cantar “O Samba de Minha Terra”: “Quem não gosta de samba, bom sujeito não é. É ruim da cabeça ou doente do pé”. Caymmi e Stella Maris tiveram três filhos: Nana, Dorival e Danilo Cândido. Todos eles seguiram os passos dos pais e se tornaram grandes nomes da MPB. Divulgação / Washington Possato
michael jackson: 50 anos e ainda um menino
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meraram no pretendende a Michael que nem gaúcho em banda cover. Por fim, ao redor do mundo, muitas casas noturnas ganharam um dinheirinho comemorando o aniversário do Peter Pan do pop. Um aniversário tão festejado assim só pode deixar o menino feliz. Aliás, uma boa oportunidade de ver o menino quando menino é uma exposição virtual que a Rolling Stone americana colocou no seu site. Entra lá e confere os 50 anos de Jacko em 50 fotos raras.
Foto: Divulgação
Divulgação
Bianca Jhordão Vocalista do Leela
Jack White e Alicia Keys a la Bond Depois de meses de especulação sobre quem iria gravar o tema principal do último filme de James Bond, o mistério chega ao fim. “Another Way to Die” é o nome da música que Jack White e Alicia Keys gravaram para a mais recente super produçao do Agente 007, Quantum of Solace. Escrita e produzida por White, a faixa marca o primeiro dueto na história de trilhas sonoras de filmes do agente secreto. “Depois de dois anos querendo colaborar com Keys, graças ao James Bond, finalmente rolou. Alicia colocou uma energia elétrica no seu fôlego, que se fixou na fita magnética. Inspirador.”, disse White à imprensa estadunidense. “Another Way to Die” dara nome à trilha sonora de Quantum of Solace, cujo lançamento está previsto para o dia 28 de outubro. ESTILO ALBERT HAMMOND JR. Mais um músico vai se aventurar na moda. Dessa vez é Albert Hammond Jr., dos Strokes. Ele vai lançar sua própria linha de ternos, com a ajuda da estilista Ilaria Urbinati. As peças serão vendidas na Confederacy, loja que ele vai inaugurar em breve em parceria com o ator/ DJ Danny Masterson. A desculpa? “Muita gente detesta ternos, porque quando eles vestem mal, você se sente indo para um bar-mitzvah aos 30 anos.” Menos, Hammond.
NOIZE diz: pra começar, vamos falar de pequenas caixas? Bianca diz: Pequenas Caixas é o nome do nosso segundo álbum. Criamos o repertório em 2006, em temporadas que passamos em casas, primeiro no sítio da minha avó, em Itaipava (RJ), e depois numa casa na Vila Madalena (SP). Durante esse período, tivemos tempo de testar outros timbres, outras texturas, tons vocais, maracas, threremin... foi muito bom! Noize diz: a divulgação tá bem diferente. Bianca diz: Com a transformação do modo como as pessoas se relacionam com música, utilizando celulares e internet, resolvemos propor um novo paradigma de divulgação, em que o público se envolveria com nosso trabalho através de diversas plataformas digitais e ações de guerrilha diferenciadas. Então, produzimos 20 vídeos acessíveis através dos códigos ocultos no clipe, que oferecem promoções interativas e conteúdos exclusivos. Também tivemos o game do Pequenas Caixas no site, no show e no fliperama que levamos para shows e eventos. E no site pequenascaixas.com.br, a galera pode assistir aos clipes, escutar músicas... Nos shows, levamos uma antena bluetooth que distribui conteúdo exclusivo para quem tiver a função habilitada no celular, mas só durante o nosso show! E também promovemos projeções de guerrilha nas ruas de SP e RJ. Noize diz: tu ainda atua em outras áreas. é jornalista, apresentadora de TV (Bianca apresenta o Nickers, no canal Nickelodeon), modelo. rola uma correria? Bianca diz: É bom estar na correria, mas ultimamente tenho me descuidado, trabalhando tanto que mal consigo dormir... Estou curtindo essa fase e adoro agitar! Quero lançar o próximo disco do Leela até março do ano que vem e pra isso, preciso começar a compor logo! A minha acumpunturista disse que o dia só tem
24h e que preciso dividí-lo melhor, que eu preciso dormir mais. Mas essa é a minha vida! E eu sempre busquei fazer parte da cena musical. Sou muito grata por tudo que conquistei e fico muito feliz de encontrar pessoas tão bacanas. E o trabalho faz parte da vida, é saudável. Mas o descanso também, heh. Noize diz: as mulheres tão tomando conta no rock, né? Bianca diz: A cena feminina de rock está cada vez mais interessante. Em 97, quando comecei com o Polux (primeira banda de Bianca, formada com Madame Min), contava nos dedos as bandas femininas nacionais que conhecia. Hoje temos várias mandando ver no rock! Aliás, no meu aniversário, fiz um show em que convidei várias amigas de banda para dar uma canja. Iremos postar esses vídeos no nosso Papolog, papolog. com.br/leela.Vale conferir! Noize diz: e parcerias com outros artistas? Bianca diz: É muito legal encontrar com outro artista para compor. Nos dois álbuns do Leela, por exemplo, temos o poeta Fausto Fawcett como parceiro. Aqui em SP, Rodrigo e eu estamos com o projeto “Buffet Barato” com o Fê Lemos (baterista do Capital). Nos reunímos nas noites de segunda para fazer um som e criar músicas. Mas até agora fizemos um funk muito picareta que pode ser ouvido no myspace dele. nossa, é bizarro! a gente fez depois de constatar que o “bafômetro” virou uma febre no país. É a primeira vez que falo do Buffet Barato, ehehe. Fazer música é se divertir e nada mais legal do que com os amigos! Noize diz: e o que mais vêm por aí? Bianca diz: Estamos em fase de criação do roteiro do próximo clipe, “Mundo Visionário”, que terá a direção de Marcos Mion e André Vasco, nos preparando para as turnês e começar a compor o novo álbum. Também irei viajar com o Meus Prêmios Nick e estarei em PoA no dia 29/8, na festa de premiação do canal. Tem ainda o meu BLOG na Cidade Web Rock cidadewebrock.com.br), no site do Nickers e no Papolog. 9 >> noize.com.br
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news
A NOIZE+ é a divisão de projetos da Noize. Porque não basta falar de música, é preciso fazer.
REVISTA DO BECO A NOIZE está metida numa peleia das boas: em parceria com o Beco 203, em breve vai às ruas a Revista do Beco. Com conteúdo exclusivo para agradar os becáqueos mais exigentes, a primeira edição vem recheada de música e tendências. Aguardem...
TV GANG A TV Gang segue de vento em popa. Está no ar a nova edição do Chutando o Balde, em que a gurizada se divertiu na entrevista que rolou com a galera da Fresno. Em breve, mais coisa legal entra no ar. Confere no site da Gang (www.gang.com.br) que a cada duas semanas tem programa novo no ar!
noize. com.br
O site da Noize não pára. Aqui, um pouco do que tem acontecido de novo no nosso QG virtual.
TODOS OS DISCOS DO MUNDO Agora todos os reviews de CDs e DVDs que saíram nas edições passadas da NOIZE estão no link Reviews do site. Além disso, muitos reviews que não saem na revista vão direto para o QG da NOIZE na web, em textos mais livres e detalhados. E teus reviews ainda têm a chance de serem publicados. Então...
colabora! Nosso site está aberto para quem quiser colaborar. É muito simples: entra lá, te registra e começa a escrever. News, reviews, fofocas, teses, tratados: o que for legal certamente vai paro ar. Te adianta em um review, que ainda dá tempo de sair na próxima edição da revista.
road trippin’
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LONDRES Nome: Bibiana Bolson Idade: 19 O que faz: Jornalismo Motivo: Aperfeiçoar o inglês Trilha Sonora: Friday I’m Love The Cure A capital da Inglaterra é o típico lugar que deve ser incluído em todo roteiro que passa pela Europa. Parada obrigatória aos amantes da arte e das coisas belas da vida, Londres concentra nos seus 1.606 km2 anos de história e cultura. Atravessa séculos ditando comportamento e moda, inspirando a classe artística, intelectual, política, religiosa e aos meros mortais que fizeram e fazem dela um dos maiores centros mundiais e território multirracial. A terra dos ônibus vermelhos merece ser visitada, porque é, simplesmente, apaixonante. E por alguns motivos que eu descrevo aí embaixo. Jeitão inglês e a chuvinha: Há quem diga que os ingleses são frios, pontuais e regrados. Acordam cedo, almoçam a pior comida do mundo e dormem às 10 da noite. Dizem que Londres é a cidade mais chuvosa da Europa, que as pessoas se vestem mal e são, sobretudo, feias. Questão de ponto de vista, evidente. Para mim, inglês é tímido, vive apressado, dorme cedo se não gosta de música eletrônica e come uma comida “meia-boca”. As pessoas são, para não dizer feias, bonitinhas. E sim, chove bastante, mas nada que seja insuportável. A city: Tudo é extremamente organizado e limpo. Rondas policiais são comuns a qualquer hora do dia; é possível caminhar durante a madrugada com segurança. Embora o metrô feche antes da uma, existem linhas de ônibus 24 horas. Noite: Depende das preferências e de quanto se quer gastar. Os clássicos pubs são movimentados a semana inteira e geralmente com entrada free. Contam com apresentações de bandas de estilos variados, porém fecham as portas cedo. Para quem prefere uma noite mais forte, as boates em West End são uma boa pedida, da “modinha”, mas vale a pena. Preparese para não amanhecer: a noite termina antes das cinco. Um bom programa – Camden Town Market: A qualquer hora do dia, os mais variados tipos passam por ali. Uma mistura de tudo que é cool e trash ao mesmo tempo, um labirinto de cores e sabores—o mercado ao ar livre, Camden Town, é um lugar incomum. Pode-se encontrar tendas que servem pratos de culinária internacional, roupas novas e usadas, eletrônicos, discos, livros, quadros, peças decorativas, coisas raras e bizarras. Enfim, tudo. Só para constar: Ninguém fica rico em Londres trabalhando como garçom. Os londoners adoram rugby, mais que futebol inclusive. Roupas são baratas, frutas nem tanto. Lenço no pescoço é moda no verão e no inverno, calça social para os homens estilo “pega-pinto” também (vá entender). Eles bebem chá com leite, vinho com gelo e cerveja com cidra.A cada duas palavras uma é lovely e outra é sorry. Dá para tomar Guaraná, comer feijão, coxinha e pão de queijo.
O Melhor de LONDRES: Rádio – BBC Radio London Casa de Shows – Slug and Lettuce Revista – Só lia jornais Comida – Fish and Chips Lugar – Hampstead Heath
LONDRES Nome: Mariana Michels Ruedell Idade: 23 O que faz: Estuda Publicidade Motivo: Aperfeiçoar o inglês e experiência de vida Trilha Sonora: Jorge Ben Camden town: O lugar que Amy Winehouse escolheu para morar é um bairro alternativo onde pode-se encontrar as mais variadas tribos, desde góticos até neo-hippies. Para quem quer gastar, há várias ferinhas que tem de tudo, para todos os estilos e gostos, além do famoso Camden Market que, além de lojinhas, tem estandes com comidas de vários lugares do mundo. Antes de isso fechar, lá plas 17h, pode-se comer um buffet completo de comida chinesa por apenas 2 pounds (até parece um leilão de comida). Aos domingos, no mercado, funcionam uns brechós bem legais. Lugar que eu mais visitei. Parques: Por toda a cidade existem vários de jardim a parques maiores, onde as pessoas passam a tarde em família, fazem os tradicionais pick nicks, encontram se com os amigos, praticam esportes, é difícil encontrá-los vazios, os londrinos adoram mas principalmente no verão onde todos saem de casa, entre os maiores estão Hyde Park, Greenwich Park, St. James Park, Green Park e Regent´s Park. Greenwich Park: Parque no qual está localizado o marco 0º do meridiano de Greenwich, tem também um observatório planetário. É um parque muito grande, cheio de lindos jardins. Pode-se fazer uma pequena trilha e observar veados e outros anomais. Ainda se tem uma visão panorâmica da cidade por se situar em um ponto alto da cidade. Museus: Londres tem uma infinidade de museus e o melhor é que são praticamente todos de graça. Aí é só você escolher o que está afim de ver, entre vários de arte como o Tate Modern, Victoria and Albert Museum e National Gallery; ou, para variar, visite o Science Museum, o British Museum(possui coisas do mundo todo, de Grécia a China), entre muitos outros. Portobello Market: Em Notting Hill, rua com várias lojas, principalmente antiquários. Além de ser muito “charmosa”, com casinhas coloridas (o que não é comum ver na cidade), às sextas e sábados, acontece ali uma feirinha que vende desde bolsas até discos antigos (mas os preços não são muito baixos), e também uma ferinha de frutas e verduras (que por sinal são muito comuns na cidade). Pubs: em todos os cantos da cidade, há muitas pessoas que passam o dia inteiro bebendo (os velhos, ao invés de irem para as praças, bebem! hehehe), a maioria sai do trabalho e vai para algum pub perto de casa ou do O Melhor de londres: trabalho. Os pubs fecham cedo, nos dias de semana, à meia noite, e aos finais de semana, Rádio – Meu iPod alguns têm licença para abrir até mais tarCasa de Shows – Pubs em Camden de, não passando nunca das duas horas da Revista – Time Out madrugada. Diferentemente do que se vê Comida – Do Sainsbury’s na venda de bebidas no Brasil, em Londres eles são rígidos em não deixar menores de Lugar – Greenwich Park idade entrar. 13
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noize.com.br
Texto Carolina De Marchi
entrevista :::
los campesinos! 14
Não é à toa que esse ponto de exclamação está cravado no final do nome. Los Campesinos! empolga com seus acordes exuberantes desde antes mesmo do lançamento de Hold on Now, Youngster… (2008) e continuam frenéticos, com agenda lotada de shows até o fim do ano. Os sete membros da banda indie-pop formada em Cardiff em 2002 nunca imaginaram que o grupo iria tão longe. A NOIZE aproveitou uma brecha na agenda deles e conversou com Aleks e Ellen em Barcelona. Como a banda começou? Aleks: Nós formamos a banda no segundo ano da universidade. Tudo começou quando a Ellen, o Neil e o Ollie começaram a tocar juntos e pouco a pouco os outros foram se juntando. Primeiro o Tom, depois o Gareth, a Harriet e eu. Foi rolando, ninguém planejava fazer carreira musical. Todos estudavam outras coisas. Eu estudava medicina. Provavelmente a pergunta mais feita a vocês: por que o nome “Los Campesinos!”? Ellen: Porque o Neil fazia espanhol, a gente estava pensando no nome da banda e esse surgiu. Na época eu achei um lixo, mas me acostumei. Não tem nenhum significado, é só porque soa bem. Nos falem sobre a gravação de Hold on now, youngster… A: Nós gravamos o álbum há um ano mais ou menos. Tivemos a oportunidade de ir para o Canadá e trabalhar com David Newfeld (produtor da banda Broken Social Scene). Queríamos que ele produzisse o disco porque nos sentimos muito à vontade com ele, e ele tinha ótimas idéias novas. Era a nossa primeira experiência num estúdio, queríamos alguém que não nos intimidasse. Passamos cinco semanas gravando. E: Foi surreal, uma grande experiência. Nós adoramos. É muito difícil tomar decisões sendo uma banda numerosa? Vocês têm problemas com isso durante gravações? A: Depende. Tem vezes que as opiniões são muito diferentes, mas mesmo assim todos se sentem à vontade de dizer o que pensam. Esse é o nosso primeiro ál-
bum, não acho que ninguém de nós seja tão profissional e expert para saber se algo vai funcionar ou não.Tentamos considerar todas as idéias e testar. Se é uma merda, tudo bem dizer que não rola. Como é o processo de composição de músicas? E: O Gareth escreve as músicas e o Tom grava as demos no computador. Depois ele nos manda, nós ouvimos e mudamos, ou mantemos estruturas e detalhes. O que vocês acham de serem rotulados como uma banda twee (gíria para bonitinha)? E: Eu acho que é estúpido. A: Eu até entendo que algumas pessoas nos ponham esse rótulo, sem conhecer bem a banda.Temos até alguns ingredientes twee, mas é um ponto de vista limitado. Aliás, acho muito complicado colocar certos rótulos em certos grupos. E: Se você visse uma foto nossa você poderia dizer que somos twee, mas nosso disco não é twee e nosso show não é nada twee. E, se alguém começa a dizer isso, vira um espiral: todo mundo começa a nos chamar de twee. Em vários shows do grupo, fãs invadiram o palco. O que vocês acham disso? A: Às vezes é emocionante, porque as pessoas estão entusiasmadas com a nossa música, mas existem diferentes tipos de invasores.Tem os que só querem curtir e fazer parte do show, cuidando com o nosso equipamento e tal, e tem aqueles que só querem estar no palco… E: …para chamar atenção, e aí alguns tocam e roubam coisas. A: Sim, roubaram minha escaleta numa apresentação, mas devolveram no final.
E: Teve umas duas vezes que subiram no palco e me beijaram. Em Amsterdã uns adolescentes me beijaram na bochecha e foi legal, porque eles são adolescentes. Mas daí nos EUA um cara de uns 35 me beijou e foi meio nojento, eu achei desapropriado. Ele também veio atrás de mim nos bastidores. Ugh! A: Acho que esse é o risco de se expor tanto ao público. Vocês parecem levar muito a sério a banda e acima de tudo o senso de identidade. Adotaram Campesinos! como sobrenome, produzem um zine, existe todo um universo ao redor do grupo. E: Eu gosto disso; nós inventamos esse universo mitológico. É importante ter essa identidade que transcende a música. É também uma questão de dividir coisas com todo mundo e fazer com que as pessoas se sintam parte disso. A: É também uma forma de mostrar que temos outros interesses. Permite que a gente projete nossas personalidades nas coisas da banda. Quais são as suas principais influências musicais? A: Escutamos muitas bandas norteamericanas, mais do que a média dos ingleses. Bandas tipo Broken Social Scene e Pavement nos influenciaram bastante no começo. E: Recentemente temos escutado grupos supernovos como No Age e Times New Viking. A: Somos influenciados pelas bandas que idolatramos, mas talvez ainda mais pelas que encontramos na estrada. > myspace.com/loscampesinos - Conheça
+
a música dos Campesinos.
15 x noize.com.br
Texto Fernanda Botta
imprensa amarela 16
“They tried to make me go to rehab, but I said no, no, no”. O hit de Amy Winehouse, lançado ainda em outubro de 2006, ilustra bem um fenômeno relativamente recente entre algumas celebridades. Como exemplos notáveis, a própria Amy, Britney Spears, Lindsay Lohan e as patricinhas Paris Hilton e Nicole Richie. Elas encabeçam um grupo conhecido por aparecer na mídia envolvido em escândalos, de bebedeiras e abuso de drogas a clínicas de reabilitação. Os tablóides e as revistas de fofocas, dentro do que é conhecido como imprensa amarela (e marrom, no Brasil), não são novidade. Na verdade, o termo imprensa amarela remete ainda às batalhas entre jornais sensacionalistas no fim do século XIX (veja o box). O que parece ser uma forte febre de decadência na realidade ganhou mais força com a sua cobertura no ritmo frenético da internet. Hoje esse tipo de conteúdo é divulgado através da rede, em diversos sites de notícias. Alguns deles especializados em celebridades, como o Ego. Os blogs também têm um papel importante. No Brasil, o destaque fica com o falecido Papel Pobre (criado como uma sátira do blog Papel Pop, do jornalista Phelipe Cruz, foi retirado do ar pelos autores depois da revelação de suas identidades) e o recente sucesso Te Dou um Dado?. A proposta do TDUD? é quase a mesma que a de seu antecessor, salvo algumas diferenças: comentar, com um humor afiado, a vida de celebridades (ou subcelebridades). Como a travesti Katylene Beezmarcky, personagem do Papel Pobre, que destilava veneno sobre as notícias do showbizz em um pajubá divertidíssimo, os amigos Polly, Didi (agora VJ da MTV) e Lele abusam da ironia para comentar e rir da vida das celebridades - e dos escândalos. Campeã de Notícias Em um breve levantamento de quantas vezes Amy Winehouse aparece nos sites de notícia, mais especificamente quantas delas por mau-comportamento, os números são espantosos. No Folha Online, cerca de 50 registros cobrem os desdobramentos de sua fase conturbada. No Ego, são mais de 200 ocorrências.
Para o produtor musical Carlos Eduardo Miranda, “Amy é uma vítima de si mesma e a imprensa só está fazendo o seu trabalho”. Mas ainda resta a questão: até que ponto os excessos e a exposição afetaram a carreira da cantora? Só no ano passado: teve uma overdose, seguida por uma temporada em uma clínica de reabilitação, o que a levou a cancelar sua turnê americana. Não conseguiu a tempo o visto para entrar no país e receber os cinco Grammys que ganhou. Suspendeu 17 apresentações na Inglaterra por motivos de saúde. Os produtores do novo filme de James Bond, 007 - Quantum of Solace, dispensaram-na. Amy compunha a música-tema com o seu produtor, Mark Ronson. Em seu lugar, foram chamados Jack White e Alicia Keys. Um princípio de enfisema pulmonar também dá indícios sobre seu estado de saúde - e pode muito bem acabar com sua voz. Para as outras, a situação parece melhorar. Lindsay Lohan está envolvida em duas produções, Labor Pains e Dare to Love Me (que conta a história de Carlos Gardel), depois de um pequeno hiato desde o fracassado Eu Sei Quem me Matou, de 2007. Ainda foi recentemente elogiada pela produção de Labor Pains, surpresa pelo seu profissionalismo. Lindsay tem fama de ser mimada e anti-profissional (com as costumeiras saídas noturnas, não raro atrasa as filmagens - durante a produção de Ela é a Poderosa, chegou a faltar dois dias inteiros, causando um prejuízo enorme que rendeu uma carta da produtora Morgan Creek). Apesar disso, uma temporada em uma clínica de reabilitação lhe custou um papel em um filme de Shirley MacLaine. A atriz também cancelou sua participação
no longa Manson Girls. Apesar da alegação de problemas de agenda, os rumores são de que ninguém quer trabalhar com ela. Britney Spears, apesar de ter perdido a guarda dos filhos e protagonizado uma cena vergonhosa no VMA de 2007, voltou a forma física e neste ano concorre novamente a premiação da MTV com “Piece of Me” em três categorias, entre elas a de Vídeo do Ano. Paris Hilton e Nicole Richie parecem ser as únicas que ganham efetivamente com toda essa exposição. Sem carreira definida (embora Paris tenha arriscado lançar um disco, sem sucesso), elas vivem mais dos escândalos do que qualquer outra coisa. Mantendo-se na mídia, conseguem chamar a atenção para o que estiverem fazendo. Paris recentemente lançou uma linha de megahair. Nicole aproveita os frutos da maternidade para divulgar a recente fundação Richie-Madden, que visa ajudar mães carentes, e sua linha de roupas para gestantes. Para as duas, a exposição parece rentável. No entanto, a situação para a maioria é de perda. No mínimo curioso é que, com tudo isso, e com todas as reclamações, as celebridades ainda alimentam os paparazzi. No caso de Amy Winehouse, de forma literal. Ela já ofereceu chá e biscoitos para os que ficam na porta de sua casa. De acordo com uma matéria publicada na Rolling Stone americana, em fevereiro deste ano, intitulada “Acordada a Noite Inteira com Amy Winehouse”, Amy é amiga dos paparazzi - até mesmo pede que saiam para lhe comprar cerveja. Britney Spears chegou ao ponto de ter um caso com um fotógrafo que a per17 >> noize.com.br
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o futuro do rock in rio
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seguia. Se ainda resta dúvida se, para os famosos, a exposição também tem seu lado positivo, seus familiares certamente fazem uso dela. É o caso do pai de Amy, que recentemente foi convidado a participar de um filme. A irmã de Britney, Jamie Lynn, teve sua gravidez altamente noticiada. Pela exclusividade das primeiras fotos, a revista Ok! pagou nada menos que um milhão de dólares. A mãe e a irmã de Lindsay Lohan também não ficam atrás. Recentemente estrelaram um reality show chamado Lohan Living. Visto isso, ainda fica a dúvida de até que ponto a exposição é indesejada. Parece haver um outro lado da moeda, no qual o que conta é a velha expressão “falem mal, mas falem de mim”. Se não é o caso, a resposta para todas elas parece ser um “sim, sim, sim” para a reabilitação e uma boa assessoria de imprensa. Os paparazzi seguirão fazendo seu trabalho.
A HISTÓRIA DA IMPRENSA AMARELA O termo imprensa amarela surgiu no final do século XIX, durante a batalha entre os barões da imprensa Joseph Pulitzer e William Randolph Hearst, donos dos jornais rivais New York World e New York Journal. Na busca incessante por leitores, eles abusaram do sensacionalismo, distorcendo fatos e inventando tantos outros. O termo ganhou vida na disputa pela tira Hogan’s Alley. O principal personagem, Yellow Kid, era um garoto cujas falas eram escritas em sua chamativa camisola amarela. Quando Hearst fundou o Journal, levou boa parte da equipe do World - inclusive o desenhista Richard Felton Outcault, autor da HQ. Pulitzer seguiu publicando o personagem assim mesmo, desenhado por
outro artista. As duas publicações utilizavam a imagem da tira em cartazes de divulgação, o que gerou a referência em um artigo de Ervin Wardman, do jornal Press. Ele criou o termo para designar essa imprensa sensacionalista, com adesão imediata. No Brasil, ganhou o termo imprensa marrom. Conta-se que sua criação se deu em 1960, no carioca Diário da Noite, em sua cruzada contra publicações baseadas na chantagem e no escândalo. O jornal decidiu publicar a notícia de um aprendiz de cineasta que cometera suicídio em função das chantagens de um desses títulos. Ao ver o título ‘imprensa amarela leva cineasta ao suicídio’, o chefe de reportagem teria gritado: “Na minha terra, amarelo é cor bonita. Põe marrom, é cor de merda”.
Nesse espaço em parceria com a Sem Destino, colaboradores falam dos maiores festivais de música do Planeta.
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um mar de barracas dividido em dois blocos. Só aí se tem uma noção de quanta gente acampa e passa por um evento desse porte. A organização é exemplar do início ao fim. Com farta sinalização e staff suficiente, todos puderam curtir tranqüilamente, sem empurra-empurra ou filas geradoras de conflitos.
.: Bruno Felin_ Idade: 21 Melhor Show: Rage Against The Machine Bizarrice: Variedade de botas de chuva Estrutura:10 Line-up: 8
A Irlanda é um país onde o humor das pessoas é incrivelmente afetado pelos atos de São Pedro. São tantos dias nublados e com chuvas esparsas, que os sorrisos às vezes acabam ficando igualmente esparsos. Minha experiência no Oxegen estava reservada a apenas um dia—o último—, que não por acaso foi precedido de chuva e pancadas. Já haviam passado pelo hipódromo onde aconteceu o Oxegen 2008 bandas como REM, Interpol, Kings of Leon, Amy Winehouse, Panic at the Disco e Stereophonics. Mesmo assim, o domingo reservava espaço para grandes atrações aos que ainda tinham energia após dois dias de acampamento, ou a estreantes como eu. Acordar num domingo totalmente ensolarado em Dublin e preparar-se para um festival onde o Rage Against the Machine estaria tocando foi uma bela experiência. O sol fazia brilhar os sorrisos no centro da cidade, onde muitos aguardavam os ônibus que levariam até o local do show, a maioria com suas botas de borracha. Numa campanha que deve ser tomada como exemplo por nós, brasileiros: das 80 mil pessoas que foram ao Oxegen, 70% usaram o transporte público. A consciência de que beber e dirigir não combinam já está concretizada por aqui. Ao entrar no hipódromo, a visão era de
A primeira banda que vi foi Alabama 3, que toca o tema da serie Os Sopranos. Um rock parcialmente acústico com várias pitadas modernas. Depois de dar uma checada na Arena Eletrônica, que mais parecia um ginásio, escuro e sem graça, fiquei conferindo os extras do evento. Uma tenda era reservada apenas para seções de autógrafos aos fãs mais entusiasmados. Após passar pelo parque de diversões, adotei o palco principal até o fim da noite, onde deu para ver os escoceses do The Fratellis agitando geral. Foi uma das melhores bandas do domingo. Logo depois veio Kaiser Chiefs, sem a mesma energia, mas com um som de qualidade também. Duas bandas parecidas que seriam muito mais interessantes de se ouvir num local para 300 pessoas do que num grande festival como o Oxegen deste ano. Quando cai a noite, soam sirenes a la Public Enemy, e a estrela vermelha sobe solitária no meio do palco. O riff inconfundível de “Testify” faz toda a energia de Rage Against the Machine ferver no sangue da galera. A partir daí são só hits como “Bombtrack”, “Guerrila Radio”, “Know Your Enemy”, entre tantos outros. O público é exatamente o que se imagina de um show do RATM: insano. Após realizar o antigo sonho de ver os caras, me dirigi ao ônibus e fui embora. Para curtir o Oxegen e “o que a Irlanda tem”, a Sem Destino oferece ótimos pacotes como o que você confere ao lado.
Outros momentos :: OXEGEN :: .: INTERPOL @ OXEGEN 08 Agosto 2008
Interpol - Obstacle One Os nova-iorquinos do Interpol levam o público a crer que eles botaram o Turn On The Bright Lights para tocar. Tags oxegen obstacle 2008
.: highlights oxegen 08 Agosto 2008
Amy Winehouse, R.E.M.,Vampire Weekend Confira o clima Woodstock e os grandes momentos do Oxegen 2008. Tags highlights oxegen 2008
Na Irlanda as pessoas são tão festeiras que todos os dia parecem ser datas comemorativas. No St. Patrick’s Day e em festivais como o Oxegen, a chuva e a cerveja habituais deixam o clima ainda melhor. Conheça Dublin e aprenda inglês com os pacotes que a Sem Destino oferece, como este aí embaixo: 25 semanas de curso :: Carga Horária: 15 aulas/semana :: Escola: DBL College 02 semanas de acomodação :: Casa de Família :: Quarto Individual Preço :: USD 3.999 :: Mais informações ::
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Texto Fernando Corrêa Colaboraram Fred Vittola, Gustavo Corrêa e Natália Utz
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Houve um tempo em que independente era sinônimo de underground, em que as bandas que circulavam no meio eram ou alternativas demais para serem contratadas por uma gravadora major, ou muito ruins. Este tempo acabou, e o próprio mainstream é uma realidade fadada à falência. Mas uma verdade permanece: sem patrocínio, nem grandes gravadoras por trás, o cenário independente é a casa que muitas bandas brasileiras encontram para sobreviver fazendo música boa. E é graças ao lugar-comum do século que o indie anda tão frutífero: pelas novas formas de se produzir, de se divulgar e de se obter música. Nas palavras do jornalista musical Lúcio Ribeiro, “o cenário independente tomou para si a instrumentação de comunicação e de exposição muito mais rápidas que a internet proporciona . Até porque o público [do indie] é mais fiel às coisas que gosta, o cara é muito mais interessado em música”. Ainda mais lugar-comum que o papo myspace-youtube-mp3 é esse termo infame que hoje mais confunde do que define. Indie é quase uma modalidade automobilística, é rótulo para estilo de música (rock?), é estilo de vestir, é forma de sobreviver financeiramente.
bares. Hoje, os grupos são mais respeitados, mas ainda chamam muito pouco público, infelizmente”, afirma.
Para esta penúltima definição, da sobrevivência, Gustavo Telles, baterista da gaúcha Pata de Elefante, tem sua ressalva: “Hoje, o termo independente tem mais a ver com o sentido literal da palavra do que com a falta de estrutura de uma grande gravadora. Bandas e artistas com carreiras já consolidadas optam cada vez mais por gerir o próprio trabalho, pois se dão conta de que ganham muito mais assim”. Mas (sobre)viver como músico independente não era impossível? Para Fernanda Popsonic, vocalista da brasiliense Lucy and The Popsonics, cujo electro rock de letras irônicas tem agradado e conquistado espaço nos festivais do País, manter um segundo emprego como garantia ainda é o mais sensato, e torna possível possível ganhar “mais que muitos amigos que vivem de música na Europa, que é um mercado infinitamente maior. Existem muitas coisas a serem construídas e consolidadas no Brasil. Em Brasília, há pouco tempo, ter uma banda independente era tocar covers em
Mas o indie ainda é terra de todos, um espaço democrático em que bandas como os veteranos baianos da Cascadura e os gaúchos da Walverdes convivem com promessas como Mallu Magalhães e toda uma turma de adolescentes que vieram na cola do folk da paulista de 16 anos. Embora encham o saco de muita gente, a turma do folk prodígio é um fenômeno interessante que tem ultrapassado as barreiras do indie.
O Exército do Independente Além da batalha por consolidar uma estrutura que exponha os artistas e atraia o público, há a necessidade de diferenciar-se no próprio meio. Se antes os indies eram desertores que, sem acesso à guerra por espaço nos grandes meios de comunicação, optavam pelo receptivo underground, hoje eles travam sua própria batalha. “Tem muita banda fazendo coisa boa, porém afunilou o caminho descongestionado que era o independente”, explica Félix, vocalista e guitarrista da paraense La Pupuña.
Além disso, o som dessa gurizada aponta para outra mudança significativa: cantar em português deixou de ser um quase pré-requisito para se tornar uma simples opção. Muito pela aproximação do rock indie brasileiro com o indie rock gringo (que deve tanto ao brit pop quanto ao college rock), faz-se mais rock em inglês no Brasil do que nunca. Mesmo as influências regionais na música, consagradas por movimentos como o manguebit, foram deixadas um pouco de lado. Para Leonardo Razuk, sócio da Monstro
Discos, um dos principais selos indie do país, “essa onda ficou muito nos anos 90. Talvez a Macaco Bong (MT), o Vanguart (MT) e a La Pupuña (PA) tenham alguma coisa de regional no som, mas de resto são bandas de rock (as que têm se destacado no independente)”. O próprio rock independente gaúcho tem perdido suas marcas regionais. Bandas que se destacam, como Pública, Superguidis, Apanhador Só e Walverdes, tocam rock ‘n’ roll antenado em experimentações e em referências de fora. De gaúcho, um pouco do sotaque. No caso da Pata de Elefante, respeitadíssima nos festivais do país, nem isso. Aliás, o som instrumental tem outros representantes de peso no circuito indie atual, como a Hurtmold (SP) e a Macaco Bong, esta última, um dos nomes em evidência, com direito a lançamento de CD pela iniciativa do Álbum Virtual, da Trama, que também lançou Tom Zé e CSS. Vitrines Indie Com a proliferação de festivais por todo o território nacional, diversos grupos nascidos na tela do computador provaram ser de carne e osso, enquanto outros, cujos corpos já haviam ralado muito para viver o sonho da música, puderam apresentar-se fisicamente em territórios diversos nessa pátria gigantesca e desconhecida para nós, brasileiros. Os festivais fazem parte de um esforço fundamental que Fabrício Nobre, também sócio da Monstro, incorpora na sua vida. Não só ao promover dois dos maiores festivais do país (o Bananada e o Goiânia Noise), mas na sua banda, MQN, e na Abrafin, associação à qual é filiado. Criada em 2005, a Associação Brasileira 23 >> noize.com.br
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“Os festivais estão mais fortes, e nos sentimos um pouco responsáveis por isso”_ Lucas, da Superguidis
de Festivais Independentes atua no estabelecimento desse mercado médio, “em que o artista consegue ter seus discos, tocar, criar, ter articulação, sem ter que vender a alma para o capeta”, conforme explica Fabrício, “buscamos garantir a continuidade desses festivais e fomentar as cenas locais”. É como um coração para um cenário que se apóia essencialmente em meios alternativos - como afirmou o MC De Leve, ex-Quinto Andar, em texto publicado no site Overmundo, “não se vê ‘independência’ nas rádios e nas TVs. O lobby das gravadoras com os meios de comunicação e seus donos ainda é fortíssimo”. Os festivais - e isso é unanimidade entre as bandas “sem major” - são, além de a vitrine do independente, uma das principais forças revigorantes do cenário. Isso porque, a exemplo do que acontece no “primeiro mundo”, eles alimentam a cadeia de shows: as bandas podem entrar em turnê pela solidez de eventos como o Abril Pro Rock (PE), o Goiânia Noise (GO) e o Calango (MT) e, conseqüentemente, fica mais viável para os eventos menores e para as próprias bandas criarem braços adicionais em seus giros pelo país. O próprio Beco GIG Rock incluiu Porto Alegre na crescente lista de festivais nacionais, um grande passo para as bandas gaúchas, presenças confirmadas na agenda de todas as regiões, e ainda assim carentes de palcos fortes em casa. Olhar para os line ups desses festivais é conhecer muitos artistas que têm movimentado o independente. Por isso nas próxima três páginas, você lê uma entrevista com Leonardo Razuk, sócio da Monstro Discos, e confere um guia com 11 das bandas que têm bombado esse cenário.
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.: ENTREVISTA COM LÉO RAZUK
Sócio da Monstro Discos e organizador dos festivais Goiânia Noise e Bananada
Até que ponto abraçar o independente é uma escolha lucrativa, até que ponto é paixão? A Monstro está fazendo 10 anos, o Goiânia [Noise Festival] tem 14. Às vezes, a gente acha que não é nem paixão, é estupidez mesmo. Hoje as coisas são um pouco mais fáceis, a gente consegue salvar um dinheirinho nos festivais. Mas no fundo, o que faz a gente insistir é paixão mesmo. Todo mundo tem outro emprego para pagar as contas em casa. É muito dificil achar alguém que viva exclusivamente de música no independente. Com 14 anos de festival, já devem ter rolado perrengues... Nossa, tem até um livro sobre os primeiros 10 anos do festival.Teve uma história engraçada, acho que no 9º Goiânia. No segundo dia, um cara gordo desmaiou no meio do público no show do Ratos de Porão. Os bombeiros resgataram ele e o levaram para o hospital. No outro dia, à tarde, chega a notícia de que o cara tinha sofrido uma parada cardíaca e morrido. Baixou um clima super pesado, começamos a pensar no que isso poderia gerar de repercussão negativa, falamos com um advogado para saber se ia pesar algo contra a gente. Ficou o clima ruim até a noite de domingo, quando eu liguei para um ex-colega de um jornal de Goiânia, para ele descobrir algo. No meio da noite, ele liga e fala que o cara não tinha morrido, na verdade , ele tinha fugido do hospital para que não chamassem a mãe dele (risos). E com bandas? O Evan Dando, do Lemonheads, veio tocar aqui e ficou dois dias trancados no quarto fazendo as coisas que ele gosta de fazer. Domingo, na hora do show, ele chegou no camarim, tinha de tudo, comida, bebida. Ele disse que só tocaria se tomasse chá preto. Tivemos que sair correndo para arranjar o tal do chá.
A aclamada Movéis Coloniais de Acaju levou o público do Goiãnia Noise ao delírio_
Como os festivais gringos se comparam com os daqui? O Fabrício (sócio da Monstro e membro da Abrafin) chegou do Pukkelpop, na Bélgica. O festival tem oito palcos, é praticamente uma cidade, tem transporte para ir de um palco a outro. As bandas que vão são de todos os niveis, desde independente que está começando agora até o Metallica. A cidade se mobiliza porque entende aquilo como importante para gerar riqueza para a cidade.
em estrutura, em bandas legais. Esse ano já fechamos com 10 bandas de fora, Circle Jerks, dos EUA, grupos do Canadá, da Finlândia, da Escócia... Temos uma postura profissionalizante. Chamamos pessoas para estagiar, elas aprendem a ser roadies, diretores de palco. Anos atrás, isso aqui era muito carente, hoje temos gente capacitada para trabalhar como em poucos lugares. O pessoal de outros estados liga e contrata gente de Goiânia para trabalhar nos festivais de lá.
Essa é uma briga de vocês em Goiânia? Sim. Goiânia é uma cidade nova, não tem atrativos, não tem praia, mas tem os festivais que atraem gente para cá. Isso que a gente tem tentado mostrar ao poder público: que o festival poderia ser melhor aproveitado como um atrativo para a cidade. E por isso, quanto mais dinheiro a gente tem, mais investimos no festival,
E vocês pagam as bandas? A gente tenta. Se temos R$ 100 mil pra fazer um festival e a estrutura vai custar esses R$ 100 mil, convidamos as bandas e oferecemos a estrutura. Se temos 200, e a estrutura custa 100, pagamos algumas bandas na medida do possível. No Goiânia do ano passado, pagamos às 42 bandas, inclusive as locais, cachê e hospedagem. 25 x noize.com.br
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Tiago Junqueira
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Onze bandas
que têm freqüentado
E você pode muito bem querer vê-las freqüentando
seus ouvidos
DAMM LASER VAMPIRES
THE TWELVES
Duo que faz bom electro com propriedade, literalmente, uma vez que boa parte do set list dos caras é composto de remixes de bandas gringas grandes no cenário indie, como M.I.A.,Yelle, Black Kids e New Young Pony Club. De onde? Rio de Janeiro, RJ Rotulando: Electro gringo Escute: When You Talk
Pedro Arruda
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À primeira ouvida, não é raro alguém perguntar se a DLV já acabou ou algo parecido. Assistindo a um show, então, a estética dos músicos pode causar uma sensação de flash back ao início dos anos 80, em algum ponto de Nova Iorque. Porém o que deve ser ressaltado é que não há banda que consiga fazer um show tão cativante, em que mesmo os menos afeitos ao estilo se vêem contagiados pelo som forte, rápido e pesado dos vampiros. A mais recente faceta da DLV são 4 faixas na trilha do longa Ainda Orangotangos, de Gustavo Spolidoro. Por essas e outras, os adeptos estão em todo o Brasil e fora dele, como indica o lançamento estadunidense de Gotham Beggars Syndicate pela Devil’s Ruin Records.
MOMO
Marcelo Frota grava seus discos sem ensaios para “fluir e deixar o som mais experimental”. Resultado: O Buscador (2007) foi aclamado pelo Chicago Reader e pela Down Beat. Som anos 70 aliado a poesias “da parte mais íntima e verdadeira”. De onde? Rio de Janeiro, RJ Rotulando: Experimentalismo poético Escute: O Espinho Desaguou
MACACO BONG Influenciados por Pantera, João Bosco e NOFX, talvez a Macaco Bong tenha reinventado o post-hardcore. Como as bandas a que às vezes remete, o trio fez seu próprio blend de rock, jazz, hardcore e tudo que pudesse acrescer musicalmente nas suas performances instrumentais. Ah, sim, como a Pata de Elefante e os paulistas da Hurtmold, esses cuiabanos encabeçam a seleta lista de bandas independentes que chamam a atenção sem precisar pronunciar palavras para tanto. Artista Igual Pedreiro, título que mostra um grupo pensante acerca do universo da produção musical, é um disco de estréia e tanto. Até porque o download das dez faixas, que dividiram espaço no projeto Álbum Virtual com CSS e Tom Zé, preenche um CD-R inteiro. Edison Caetano
os festivais independente do país afora.
LOS PORONGAS
O som do Los Porongas remete a Radiohead na mesma medida que Los Hermanos e os gaúchos da Fruet e os Cozinheiros. A diferença? Os vocais, que devem agradar quem gosta da poesia de Vitor Ramil, apesar da distância geográfica. De onde? Rio Branco, AC Rotulando: Inglaterra e MPB Escute: Enquanto Uns Dormem
Depois de ouvir por uns dias, o repique de “Paper Boards” soa familiar como rock gringo. Não, não é nada electro, mas é digno de Porão do Beco. Indicação do Miranda. De onde? Campinas, SP Rotulando: Um pé na garagem, outro no tapete vermelho Escute: Crucify And Burn Me
Ao lado da Móveis Coloniais de Acaju, a Vanguart é a banda mais conhecida dos gaúchos na nova safra do indie. Matogrossenses como a Macaco Bong, eles representam o folk rock nessa pequena seleção de bandas, mas com isso evocam também um grupo grande de artistas que têm incorporado o estilo trovador voz-e-violão imortalizado por Bob Dylan. No caso da Vanguart, o mix que resulta do caldeirão em que a banda ferve Beatles, Dylan e Velvet Underground é experimental e brasileiro. O prodígio Hélio Flanders fundou a Vanguart em 2002 e, desde então, desenvolveu um estilo vocal apuradíssimo, apenas um dos fatores que rendeu o lugar ao sol no selo Senhor F Discos, o mesmo de Supergidis e Los Porongas.
A big band é a estrela do cenário independente. Em dez anos, passaram pelos principais festivais do país e são citados por produtores e por bandas indie como uma das coisas mais legais dos últimos tempos. Com uma linha de metais fantástica e performances ao vivo que são uma verdadeira algazarra (quem viu os caras tocando no meio da galera no Beco GIG Rock lotado sabe), a banda passou o mês de agosto na primeira tour pela Europa. Enquanto mostram para os gringos sua mistura de ska, samba e rock, os dez amigos e músicos também preparam o próximo trabalho, que deve sair em 2009. O sucessor de Idem, de 2005 terá produção de Miranda e será distribuído pela Trama.
LUCY AND THE POPSONICS
Há muitas bandas de electro as quais ou você adora, ou detesta. Lucy and the Popsonics é uma dessas. Por trás da voz polêmica de Fernanda Popsonic, electro rock de qualidade que deve em breve figurar em sets de DJs locais. De onde? Brasília, DF Rotulando: Electro debochado Escute: Garota Rock Inglês
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VENUS VOLTS
MÓVEIS COLONIAIS VANGUART DE ACAJU
Pedro Ladeira
“Nada menos rock que CD.” Por essas e outras, os goianos da MQN abandonaram o formato compacto dos disquinhos em prol das coisas “mais rock que existem”, o mp3 e o vinil. Os 5 volumes da Fuck CD Sessions registram o puro rock, garageiro e sujo como os Stooges, com passagens rápidas de um Deep Purple e o noventismo do Mudhoney. Podem ser adquiridos de duas formas: baixados gratuitamente ou comprados em vinis 7” de edição limitada. O resultado da postura roqueira e do som pesado e de qualidade é que o MQN, depois de três turnês internacionais e um álbum produzido pela turma do Man or Astroman, tem ditado rock para a gurizada goiana que “cresce querendo tocar no Goiânia Noise Festival”. Divulgação
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Fabrício Ofugi
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MQN
CÉREBRO ELETRÔNICO O pop aí em cima é uma possível definição para o resultado delicioso que esses paulistas fãs de Júpiter Maçã, Pixies e Tom Zé obtêm ao fazerem sua própria mistura eletrônica com rock. Figuram no topo do MTV Overdrive. De onde? São Paulo, SP Rotulando: Pop antenado Escute: Antes Eu Tivesse Escolhido 27 x noize.com.br
Agradecimentos Music Box Estúdio www.musicboxestudio.com.br (51) 3325.1154
Texto Luna Pizzato
na fita
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ualidade rock de q em que o o p a língua, n m te as ao e sem pap de voltar to s al o o m om esd ía C an ar “Gost m, sonh a musical. do”. É assi car na cen za lo ptaram ri o co lo a, va se es a n ra er úsica japo lers procu m a ea d n es o hard u tl s: So ea que a tegrante o dos B res, que vã entre os in a iniciou lia u a av d ec al p u an b ig s lo A . ti nico que se es preferem chamar ú o es, se el ir o gu d por se como el ue, segun vocalista q rgiu o old school, su u m u o e u e — q d s ck aí i rá ro cisou ir at antes. E fo re gr p to de te e te in 6 in s 0 u o 0 em 2 trar no q e dos outr en ad a id o al u im q lt oú s. igualasse à o Guto e cio e Bóri , vizinho d aniel, Mauri D o Anderson el p a d ado ain l do cert (festiva amigos, form inci In Con V sfeia ti D sa o in n e 3º lugar da banda, w em o m is” sh ra ce ro ca fá músicas ci), eles fi No primei os as tocaram ardo da Vin n d n s o an b te Le an as o fi gi tr n Colé uros e co rque as ou o ad p m s o s ai em m , ano. tos: “Perd óris. Agora lugar esse itarrista B r primeiro ra ti disse o gu em d n tos, prete e paletas. seus talen a bateria d odre e um p baixista o o x e ai u b sa frase q ito de um es fe m é co rópria. ão é n a música p mplexo”; “O rock m nenhum negócio co prere m te u ém b é ão m n ca ta e si e Mú o porquê d nçar algo, a la lic a p ar p ex s e Guto m m maduro e. ão se sente á qualidad Os guris n úsicas à m m e d a ci n sê ento máau ferem a do sentim tocaram, e e ão só ao u n q el z áv ve primeira o inexplic a çã d sa n m ento da se ra b m sa Eles lem ibuem es ao entrosa tr A . ém b m m ra nidas, ta ti n am, mas , quando u gico que se iduais que o que gost iv m d in re ze es fa ad . fato de ndealers suas qualid cial da Sou a um tem or diferen ai banda. Cad m o É . uma só rte amizatornam-se graças à fo ta en st que su s fazer algo a banda se os tigo rock, “Queremo . an o am o ar et d cl n a fi é al sc , Em bu a moda”, das gurias n o vo ue ti tã q n es é ce e at in r juntos zinhos qu de—e ao ndem toca esses rock te ão re n p e s, , o e marqu exagerad um pouco guris, que, em. ar p se s das o ores ade nas ban forças mai trar qualid n pre co m en se el e é possív nidades. O as oportu mostra qu o rs ”. o sã le d a ea lt an d n fa eg A Sou mos ch o; o que ar que esta começand que estão odem esper “P a: is av Guto polêmico
Abra. Destaque. E cole na parede.
Agenda BEn harper Dia 30 de setembro - Pepsi On Stage O fim de setembro será marcado pela terceira apresentação do californiano Ben Harper em solo gaúcho. Harper desfila músicas de seu último disco, Lifeline (2007), como “Fight Outta You”. Porém não devem faltar sucessos de toda a carreira do cara, como a parceria com Vanessa da Matta “Boa Sorte/Good Luck”, “Diamons on the Inside”, “Steal My Kisses” e “Burn One Down”.
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amy winehouse de pelúcia
Criada pela designer paulista Fabíola Cally, a bonequinha Tôsqka ganhou uma versão inspirada na cantora Amy Winehouse. São três modelos de bonecas com roupas diferentes, todas com 30 centímetros de altura, e a edição é limitada.
Preço: R$ 66,00 em www.bangoo.com.br ABRINDO GARRAFAS COM ELVIS PRESLEY
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minha colecao
redescoberta THE DESERT SESSIONS Volume 1 ao Volume 10 Criado por Josh Homme, do Queens of the Stone Age, Desert Sessions é uma séria de 10 discos que registram jam sessions enlouquecidas realizadas no rancho do músico. Lançadas entre 1997 e 2003, as gravações são envoltas em folclore, desde que circularam rumores de que o volume 1 fora gravado regado a cogumelos alucinógenos. Fato é que a dezena de CDs guarda porradas preciosas e vale a compra ou o download. Onde encontrar: cdpoint.com.br e amazon.com
.: CARLINHOS CARNEIRO Burt Bacharach - Living Together
“Burt Bacharach e Hal David são melhores que Lennon e McCartney... não, não, bota aí Jagger e Richards.”
estampa
do mês Marca: King 55 Mais informações: Showroom King 55 (51) 3022-2553
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king jim
Ricardo Cordeiro, o King Jim, começou a tocar sax por recomendação médica e nunca mais parou. Já se apresentou com os melhores músicos e bandas do estado, como Nei Lisboa, Replicantes, Júpiter Apple,Wander Wildner e tantos outros. Apesar de estar com pouco tempo para tocar, King Jim prepara um grande show que irá celebrar os 25 anos da formação da Garotos da Rua, banda que lhe rende admiração até hoje.
Tu fazes parte da turma de músicos que começou a tocar na infância, ou contigo foi diferente? Eu não tive histórico de músicos na família, só ouvia uns discos... dos Beatles. Logo em seguida fui cantar em coral, cantei em vários, depois fui convidado para cantar ópera numa companhia. Como eu tenho asma, comecei a tocar saxofone por recomendação médica e nunca mais parei. Como foi o início com a Garotos da Rua? A cena rock mesmo começou no final dos 70 e no início dos anos 80, até então rolava muito som instrumental, e, como tinha pouca gente tocando sax, eu ia convidando as pessoas pra tocar junto. Eu gostava muito de rock, mas não tocava, daí fui conhecer as pessoas através de amigos em comum. A gente ia tocar todos os dias no Rocket 88, um bar que tinha na José de Alencar. E por que tu acha que existe tanta nostalgia em relação a cena rock em Porto Alegre nos anos 80? Porque naquela época era mais fácil, a mídia tinha mais conhecimento e gostava, tinha artista de qualidade tocando nas rádios... havia até um certo romantismo, tudo era mais valorizado. Hoje o que existe é um grande vazio. O que faz falta é um lugar voltado exclusivamente para shows em Porto Alegre? Nunca teve um lugar decente, uma casa especializada, com equipamento de som e backstage legal. Os donos de bar só querem lucrar, não estão nem aí se a banda vai fazer um show de qualidade ou não. Acho que o mercado merece bons produtores, tem muito curioso fazendo o trabalho. E como estão os teus projetos com as bandas? Por estar trabalhando na Secretaria Municipal de Cultura, não tenho tido muito tempo para tocar, mas tenho um projeto no Barbatana de reunir músicos do rock gaúcho pra tocar, toda quinta-feira, mais por prazer mesmo. Ah, e a Garotos da Rua irá tocar em Buenos Aires em novembro.
Fotos: Marco Chaparro Assistêcia de Fotografia: Lucas Tergolina Produção: Mely Paredes e Bianca Montiel Design Gráfico: Rafael Rocha Texto: Helga Kern Locação: Cemitério São Miguel e Almas Figurinos: Acervo MissinScene Agradecimentos: Adriano, Dênis e Juarez.
reviews o que entra por uma orelha e não sai pela outra
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June 26, 2008
17:04:40
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Música é a sua? A sua é o Sonora.
DM9 É DDB
O Sonora tem mais de 500 mil músicas e diversos estilos musicais. www.terra.com.br/sonora
CONOR OBERST
BLOC PARTY
Conor Oberst
Intimacy
OUÇA NO TERRA SONORA
OUÇA NO TERRA SONORA
Conor Oberst pode ser uma versão piá de Bob Dylan. É folk gostoso de escutar, com boas melodias e, principalmente, boas letras. Conor Oberst, primeiro disco solo do vocalista do Bright Eyes mistura, em doses certeiras, canções alegres – como a contraditória “I don’t wanna die (in a hospital)” e melancólicas. “Sausalito” é a típica música para se escutar a caminho da praia (“There’s no sorrow that the sun’s not gonna heal.”), enquanto a genial “Money Lenders” é uma declaração desesperada e trêmula de amor. O disco não é apaixonante na primeira ouvida: talvez o excesso de voz e violão dê a impressão de monocórdio. É uma identificação que acontece aos pouquinhos. Vale (muito) a pena colocar no repeat. Fernanda Grabauska
O lançamento não foi a única surpresa desse álbum que, no mínimo, quebra a monotonia do indie. A primeira faixa, “Ares” - das melhores do CD - já apresenta uma versão mais complexa do quarteto, além de ser uma introdução perfeita para “Mercury”, primeiro e explosivo single. A voz, sempre característica (das poucas que conservam o sotaque britânico), aparece, junto com os intrumentos, ainda mais metalizada. Das intervenções eletrônicas (intensas e constantes, mas não exageradas) é difícil encontrar alguma mal sucedida. Mais modernos, porém distantes do futurismo de Weekend in the City, e próximos da energia de Silent Alarm, mas mais sérios, Bloc Party se mostra mais Bloc Party em Intimacy: criativo, peculiar e sem medo de ousar. Maria Joana Avellar
O RAPPA 7 Vezes
OUÇA NO TERRA SONORA
Ficar cinco anos sem um álbum de inéditas pode significar o fim da carreira para qualquer banda. Porém, para O Rappa, o tempo só trouxe novas sonoridades e provou que, musicalmente, o quarteto não perdeu em nada sua qualidade. Sete Vezes traz um Rappa que protesta menos, como se nota em “Meu santo tá cansado”, e que, pela primeira vez, fala de amor (na faixa que dá nome ao disco). Outra novidade são os instrumentos escolhidos para arranjar os 14 fonogramas que, com exceção da releitura de “Súplica Cearense”, de Luiz Gonzaga, foram todos compostos e arranjados pelos integrantes da banda. Da marimba às bacias, deixando de lado os famosos loops, a banda retorna à cena musical sem botar tanto dedo na ferida. Laila Garroni
BAJOFONDO Mar Dulce
OUÇA NO TERRA SONORA
Atualmente, o “electro” tenta ressignificar distintos estilos musicais. O Bajofondo Tango Club abusou da modinha no primeiro disco, mas fez duas mudanças pontuais no novo trabalho. As incessantes batidas eletrônicas não mais se sobrepõem aos melancólicos bandoneones, e o grupo atinge um limiar saudável entre a tradição e o novo; além disso, o Tango Club não faz mais parte do nome: Gustavo Santaollala e sua trupe parecem ter decidido que o “Mar Dulce” - o Rio da Prata – une, e não separa, Uruguai e Argentina. Afinal, a sonoridade cisplatina na mão vale mais do que dois tangos voando. De quebra, as participações de Elvis Costello e de Gustavo Cerati, entre outros, deixam o disco menos cansativo que o antecessor. Experimente. Gabriel Resende
MOPTOP
Como se Comportar OUÇA NO TERRA SONORA
Na busca pela identidade própria, o Moptop lança Como se comportar, uma tentativa de fugir das justas comparações, alusões e imitações dos Strokes relacionadas ao primeiro álbum, Moptop (2006). Conseguem, parcialmente. É, definitivamente, um álbum mais maduro, mais completo em referências: Los Hermanos, Fall Out Boy, Dick Dale, anos 80 e por aí vai. Juntas, formam um álbum irregular, com alguns momentos bons e outros nem tanto. Ressalto o que é legal, como a excelente “Contramão”, com timbres surf rock e um climão On the Road, extraído da clássica e essencial obra de Jack Kerouac. Boas também são “Aonde quer chegar” e a meiga “Bom par”, que tem um refrão “daqueles” para os apaixonados (brega mode on).Vale a pena ouvir. Gustavo Corrêa 45 noize.com.br
cds :::
reviews
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THE VINES
ONE DAY AS A LION
ASHANTI
One Day as a Lion
Melodia
The Declaration
OUÇA NO TERRA SONORA
ARTISTA NO TERRA SONORA
OUÇA NO TERRA SONORA
À primeira ouvida, parece um som muito sujo, embolado e dificil de entender. Porém, assim que se começa a decifrar a proposta deste EP, percebe-se a genialidade desta dupla. Zack de la Rocha, vocalista do Rage Against the Machine, e Jon Theodore, ex-baterista do The Mars Volta, entram em sintonia neste projeto de conteúdo e de certa simplicidade, no melhor sentido do termo. Zack toca teclados e impõe seu característico estilo de rimar, enquanto Jon mostra sua pegada forte em contratempos nervosos. “Last Letter” definitivamente é a faixa que mais se destaca. Reserve 20 minutos para este disco. Bruno Felin
O nome Melodia foi baseado em uma loja de música que aparece no filme Laranja Mecânica. Lamentavelmente, o som do Vines não acompanha a criatividade e a ousadia que marcaram o clássico de Stanley Kubrick. A receita apresentada no debut Highly Evolved se repete em todos os outros discos, e não foi diferente dessa vez. O Vines é ótimo fazendo hits, mas ainda decepciona na hora de compor um álbum coeso e equilibrado. O som respeita a influência garageira da banda, como em “He’s a Rocker” e “Hey”. Para quem curte um repeteco, Melodia está disponível na integra em myspace.com/thevines. Gabriela Lorenzon
DiscografiaBásica
por Fernanda Botta
Mesmo com quatro álbuns bem sucedidos na bagagem, Ashanti é mais conhecida, no Brasil, por parcerias com nomes inegavelmente maiores. Em um momento no qual o R&B norte-americano encontra-se abarrotado de artistas quase iguais, The Declaration fica aquém da maioria dos trabalhos em voga, soa como um noventista que tenta parecer moderno. Mesmo com o notável aumento do potencial vocal, Ashanti continua uma compositora medíocre. Ironicamente, as parcerias com Robin Thicke, com Nelly e com Akon salvam o CD. Uma estrela de merecimento, outra de consolação. Maria Joana Avellar
NINE INCH NAILS ARTISTA NO TERRA SONORA
Pretty Hate Machine
O Nine Inch Nails – ou melhor, o homem por trás dele, Trent Reznor – foi, em grande parte, responsável pela popularização do gênero industrial. Com instinto pop e letras afiadas, levou às massas um estilo que se propõe a ser essencialmente mecânico. Pretty Hate Machine (1989), o primeiro álbum, marca o início da trajetória. Embora tenha sido praticamente ignorado em seu lançamento, não tardou a conquistar público e crítica. A persona e a voz de Reznor, que gritava sua auto-obsessão e desilusão, logo encontraram eco nos adolescentes. O som frenético dos sintetizadores e das guitarras distorcidas atraiu fãs do rock alternativo, acometidos pelo tédio do hard rock e do grunge. Os principais singles foram “Down in It”, “Head Like a Hole” e “Sin”. “Terrible Lie” e “Something I Can Never Have” também chegaram às rádios. As faixas, na sua maioria, pertenciam a fita demo Purest Feeling.
The Downward Spiral
É o segundo álbum completo do Nine Inch Nails (depois do EP Broken, de 1992) e o primeiro a ser lançado pelo selo independente Nothing Records. Embora ligado à gravadora Interscope, o selo próprio deu a Reznor maior liberdade. O resultado foi um disco que, bem ou mal, é o que pode se chamar de surto criativo. Repleto de hits como “March of the Pigs”, “Closer” e “Hurt” (que mais tarde ganharia uma versão de Johnny Cash), é um momento de inspiração. Consolida o estilo que seria tão copiado mais tarde, com a presença marcante do que lá fora costuma se chamar de soundscape – ou imagens sonoras, com texturas de todo tipo. Menos focado nas letras que o primeiro álbum, mas musicalmente perfeito, o álbum é um registro do ápice do frontman como compositor. Só encontra equiparação em The Fragile (1999), seu sucessor. With Teeth
Em hiatus desde The Fragile (lançou apenas um álbum ao vivo posteriormente, And All That Could Have Been, de 2002), afundado no álcool e nas drogas, Trent Reznor deu lugar a um grande número de imitadores. Lançado em 2005, With Teeth marca o seu retorno. Ainda que com algum ressentimento pelo seu declínio comercial (notável na faixa All the Love in the World), ele apresenta um belo trabalho. Foca-se mais em canções no sentido clássico do que nas chamadas soundscapes. Embora, para alguns, isso pareça mais uma jogada comercial, funciona. Com a participação de Dave Grohl na bateria, Reznor oferece um retorno equilibrado. Como sabe dosar industrial e pop, também neste álbum ele dosa potencial para tocar nas rádios com as texturas que são sua marca registrada. O seu principal single foi The Hand That Feeds.
SIGUR RÓS
Os islandeses do Sigur Rós, após uma turnê pelo mundo todo, voltam ao país de origem no verão de 2006 para a gravação de Heima, uma série de concertos não anunciados e gratuitos em diferentes cidades, em forma de documentário-show. Passando por pequenos vilarejos e cidades interioranas, muitos dos espetáculos ocorrem em lugares vazios no meio das montanhas, ou abandonados—alguns até sem eletricidade—, mas todos fantásticos. Se o DVD fosse sem áudio, já valeria a pena pela fabulosa edição e tratamento das imagens, porém aliado ao som etéreo e angelical da banda, é uma das melhores coisas que já assisti ouvindo. Emocionante do começo ao final dos créditos. Luciano Scherer
MY CHEMICAL ROMANCE
The Black Parade is Dead!
Ao registrar um show da turnê The Black Parade is Dead, na Cidade do México, o My Chemical Romance assumiu um grande desafio: conseguir fazer jus, ao vivo, ao impacto do primeiro álbum e à consagração do segundo. Infelizmente, o título escolhido para o DVD quase traduz bem o resultado. Se não chega a ser um crime contra o bem arranjado Welcome To The Black Parade, o disco mostra um My Chemical Romance que não convence mais do que a turma do gargarejo. A banda tem presença de palco e se esforça para reproduzir com baixo, guitarra e bateria o que em estúdio dispõe de muito mais recursos, mas não consegue mais do que quebrar a barreira entre artista e público. Mesmo com todo o tratamento posterior, o som não tem metade do potencial empolgante das gravações.Um registro válido apenas para os fãs, que podem ver, reunidos em um único disco, 33 canções de uma das bandas que conseguiu fazer o infame rótulo emocore ter um significado um pouco menos... infame. Ricardo Jaggard
VÁRIOS
Monterey Pop Festival
Este box de três DVDs reúne os registros dirigidos por D.A. Pennebaker, e lançados, em três décadas diferentes, do que foi um dos eventos seminais para a cultura de festivais de música. Considerado por muitos o precursor do Woodstock, o Monterey Pop Festival foi a primeira grande aglomeração de jovens embebidos em psicodelia, e acabou por compor o que viria a chamar-se de “festival de rock”. O evento transcendeu seu próprio ineditismo ao reunir, no auge do verão do amor, tantos grandes artistas da época. É o caso de apresentações históricas como a de Jimi Hendrix. Uma das estrelas do set de DVDs, a aparição de Hendrix é coroada por um dos grandes momentos da história do rock e da própria invenção da postura rock ‘n’ roll: após 40 minutos de show, o anúncio de que sacrificaria alguém que amava. E, então, o maior guitarrista de todos os tempos incendeia sua guitarra diante de uma platéia estupefata. Esta é apenas metade de um dos discos, que ainda conta com boa parte da apresentação do suingado Ottis Reading. Um outro DVD traz o corte original feito nos registros em vídeo do festival. Lançado ainda em 1968, Monterey Pop era não mais do que um compacto que alternava algumas das grandes performances do festival. A intenção inicial de Pennebaker recebeu tratamento de última geração, o que resultou em melhores imagens e som. “My Generation”, do The Who, “Wild Thing”, de Hendrix, “California Dreaming”, do The Mamas & The Papas, apresentações clássicas sucedem-se, mas uma se destaca: Janis Joplin rasgando o céu da California com “Ball and Chain”. O DVD de “outtakes” traz os Byrds, cortados do vídeo da época, questionando a versão oficial do assassinato de Kennedy, além de diversos outros artistas divididos nos três dias de festival. Um livro com fotos e textos completa o box que, infelizmente, não tem lançamento nacional. O preço dessa preciosidade ultrapassa facilmente os R$ 200 nas lojas, mas é uma aquisição definitiva de um material que registra o que a maioria das pessoas presentes no evento não deve nem sequer ser capaz de resgatar na memória. Fernando Corrêa
::: dvds
Heima
FANTOMÁTICOS No Bosque
No Bosque é uma colheita de frutos plantados em diferentes décadas. Os britânicos ficariam felizes em ouvir “Mogogo”, a abre-alas do álbum. Mutantes e Secos e Molhados também aprovariam a mistura de “Pirilampo no Celeiro”. Se as influências - e até a sonoridade - podem indicar um parentesco com a Cachorro Grande, essa relação se verifica numa característica que as duas bandas têm em comum: apropriar-se bem da psicodelia sessentista para, assim, destacar-se tanto no cenário pop quanto no rótulo chato do “rock gaúcho”. Caminho que a Fantomáticos tem traçado com êxito.
VETORATOS Placas
Em sua estréia, a Vettoratos apresenta cinco canções simples em sintonia com o rock emotivo brasileiro. O trio se apropria muito bem das premissas do estilo, com melodias fáceis, trafega em diferentes velocidades ao longo do CD. A primeira metade do disco tem cara de pop rock, com andamento lento e melodias mais emotivas. O hardcore de “Algo a Mais” dá uma guinada positiva: daí em diante, Placas fica com a cara boa da lendária Punkadaria, coletânea que reuniu bandas do punk rock gaúcho na década de 1990. Com a diferença que aquelas bandas tinham o coração mais duro.
47 noize.com.br
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HELLBOY 2
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O EXÉRCITO DOURADO
cinema :::
reviews
de Guillermo del Toro (2008)
ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO de André Abujamra (2008)
do, a história apenas serve de base para cenas de ação barulhentas, embaladas pela trilha incessante de Danny Elfman, e para ótimos efeitos especiais de maquiagem – estes sim, o grande trunfo do filme, que garantem uma sensação táctil de realismo superior a qualquer efeito digital. Com doses maiores de humor, o filme é uma opção mais leve a filmes de ação, mas sai perdendo ao ser lançado no mesmo ano que Cavaleiro das Trevas. Ainda assim, deve agradar em cheio aos fãs e saudosistas de filmes de fantasia. Samir Machado
A PROFECIA
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André Abujamra cantou a pedra e conseguiu traduzir com excelência o conceito musical esperado das produções de terror. O enviado de Zé do Caixão para encabeçar a trilha sonora de seu novo filme, Encarnação do Demônio, ao lado de Marcio Nigro, afirmou acertivamente que a música é a alma do terror, é um ser vivo, um elemento pulsante.“Peguei muitas fitas de terror e selecionei pedacinhos para que o Abujamra soubesse mais ou menos o que eu queria. Ele fazia cena por cena, me mandava, eu escolhia, e ele então orquestrava”, explicou Mojica em entrevista à Noize. Ao encontro dessas especulações, extraíram com visceralidade sua essência máxima e deram o tom lúgubre e fantasmagfórico à obsucra película de José Mojica Marins. Reconhecido por críticos e entendidos, o filme arrebatou os prêmios de melhor trilha e edição de som, entre outros, no novato festival de cinema de Paulínia, idealizado pelo múltiplo Rubens Ewald Filho. Os artistas abusaram de conhecimentos técnicos e extrapolaram em experimentações, criando faixas em volumes consideravelmente altos e em cadências graves. Seguindo a proposta inicial de servir como fio condutor à trama, atua com perfeição e ressalta os elementos cinematográficos apresentados, funcionando como verdadeira protagonista. Marcela Gonçalves
Hellboy, personagem dos quadrinhos de Mike Mignola, que mistura folclores regionais, lendas urbanas e criptozoologia, volta aos cinemas, mais uma vez, pelas mãos do diretor mexicano Guillermo del Toro, agora já consagrado como diretor de filmes de fantasia de visual deslumbrante e original, após o sucesso de O Labirinto do Fauno, e o anúncio do vindouro O Hobbit. Retorna o elenco encabeçado por Ron Pearlman (como Hellboy), Selma Blair (a pirocinética Liz Sherman) e o mímico Doug Jones (como o tritão Abe Sapien), com muita maquiagem e efeitos tradicionais animatrônicos que remetem aos filmes de fantasia préefeitos digitais - toda a cena passada no mercado troll, em particular. Juntos, enfrentam a ameaça da ressureição do exército dourado do título, que iniciaria uma guerra entre o mundo das fadas contra o mundo dos humanos. Como reforço à equipe de heróis, recebem Johan Krauss, um ectoplasma vivo, dentro de um escafandro – que garante as cenas mais divertidas do filme. Contu-
de Richard Donner (1976)
No fechamento do mês dos filhos e encarnações do demônio, o clássico do terror A Profecia é, junto a O Exorcista, um dos mais lembrados filmes do gênero “encontro-com-satã”. Gregory Peck e Lee Remick são o casal de diplomatas americanos que não desconfiam que seu bebê natimorto foi trocado por outro, nascido na sexta hora do sexto dia do sexto mês, na verdade o filho de Satã destinado a se tornar o Anticristo. Alertado por um padre, o pai só passa a desconfiar do pequeno Damien após uma série de mortes bizarras de pessoas envolvidas com o menino. Há momentos clássicos, como o suicídio da babá e a queda da escada, embalados pela horripilante trilha sonora de Jerry Goldsmith,
em que se destaca “Ave Satani” , inspirada na missa negra satanista, única musica em latim indicada e vencedora do Oscar. Assim como O Exorcista e Poltergeist, o filme teve uma suposta maldição associada à sua produção, o que só aumenta a mítica em torno de si. S. Machado
de Zé do Caixão (2008)
Ainda Orangotangos realiza um punhado de feitos que saltam aos olhos. O primeiro é o plano único em que o diretor Gustavo Spolidoro e sua equipe registraram os mais de oitenta minutos de desvarios dos personagens nas ruas e casas de Porto Alegre. O segundo é a criatividade com que a trilha sonora é empregada, ora ao vivo, ora como recurso indicativo da passagem do tempo. A trilha ainda é completada por versões que artistas convidados fizeram para clássicos do rock gaúcho. Por fim, e mais importante, os personagens que, tensos, revelam seus traços mais animais - como o japonês que, sozinho após a morte metafórica de sua companheira, desesperase em uma angústia de quem perdeu seu último laço de humanidade. Ainda orangotangos. Fernando Corrêa Foto Games: Reprodução
ENCARNAÇÃO DO DEMÔNIO
internet ::: games
de Gustavo Spolidoro (2008)
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AINDA ORANGOTANGOS
ASSISTA videos do mes
Assistindo à Encarnação do Demônio, torna-se óbvia a visão única e autoral e de cinema que José Mojica Marins imprime no celulóide. Não é à toa que, no novo longa do diretor, Zé do Caixão é perseguido por personagens dos antigos filmes. Por trás da personalidade pacata que apresentou numa recente coletiva em Porto Alegre, entre um cigarro e outro, Mojica deixou entrever o universo perturbado de seus pesadelos, do qual surgem suas criações. Com Encarnação do Demônio, como com suas obrasprimas do passado, Mojica deixou um novo presente para o cinema brasileiro: um filme sem concessões, uma obra esteticamente selvagem e sem paralelos na cena nacional. Resta perguntar se o público está preparado para um filme assim. Antônio Xerxenesky
BAIXE
Games MADDEN NFL 09 Tanto para os fãs de futebol americano, como para os alienados que não sabem o que é um touchdown, a EA Sports lança “Madden 09”. Para agradar o público em geral, o game traz diversos game modes, que simplificam as táticas e os comandos para os que possuem menos intimidade com o football. Por outro lado, para os jogadores mais experientes, o jogo deixou um pouco a desejar, pois apresentou pouquíssimas melhorias.A jogabilidade, pode-se dizer, melhorou em alguns aspectos, mas os gráficos e a sonorização permanecem praticamente inalterados. No entanto o jogo já era bom. Sorte da EA, que ao conseguir não piorá-lo, criou mais uma versão da série que vale a pena adquirir. Eduardo Dias Agradecimentos à JP Eletrônica – Assistência Técnica :: www.jpeletronica.com.br Pça. XV De Novembro, 66 – Sala 1010 - Porto Alegre :: Tel: (51)3012.8721 | 9129.9399
musicas do mes >> Metallica The Day that Never Comes Finalmente, saiu a versão oficial do primeiro single do novo álbum do Metallica. >> Franz Ferdinand Lucid Dreams Se originalidade e criatividade andam raras, colocar chiado de vinil na música conta pontos? >> Lily Allen Fuck you very much A envergonhada, insegura e indecisa Lily Allen desconta tudo em você neste single bonitinho.
>> D2 Desabafo Ele já disse que tem algo a dizer mais uma vez. De Capitão Nascimento a paparazzi, todo mundo vira desabafo de D2.
49 noize.com.br
reviews shows :::
MART’NÁLIA
Fernanda Corrêa
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Dc Navegantes, 09 de Agosto.
A Festa da Saideira, que marcou o encerramento do concurso de petiscos Boteco Bohemia, foi um “copo cheio” para quem gosta de samba e reclama da mesmice das noites porto-alegrenses. O frio e as roupas de inverno contrastavam com o clima ziriguidum, normalmente associado ao verão. Os petiscos servidos em réplicas miniatura de bares queridos da cidade, como o Natalício (vencedor da noite), deram ao evento um ar parecido com o das noites cariocas da Lapa. Mesmo que um pouco incomum, a mistura inusitada entre frio e samba de qualidade desceu tão bem quanto as Bohemias (consumidas à vontade graças à iniciativa do taxi gratuito na volta). O show da filha de Martinho da Vila iniciou com uma interpretação simpática de “Dont Worry, Be Happy”, de Bobby McFerrin. Ao se apresentar - “para quem não me conhece, eu sou a Mart’nalia” - o sotaque da cantora deu a última pincelada de Rio de Janeiro no evento. O nome realmente pode não ser muito ouvido por aqui, mas a recepção pareceu ter sido feita por fãs. Além de relembrar clássicos do pai e de outros nomes da MPB, quase todos sabiam decor as músicas do álbum mais recente, Em Berlim Ao Vivo, de 2006 (que rendeu uma indicação ao Grammy). Os pontos altos foram os hits cantados em coro “Cest La Maloya”, “Pretinhosidade” e “Pé do Meu Samba” (de Caetano Veloso, padrinho de Mart’nália e, segundo ela, único baiano a apadrinhar um sambista carioca). Membro da ala dos compositores da Vila Isabel, a cantora conduziu o show com
>> Eu
Fui
“Uma festa realmente diferenciada. Adorei a estrutura e o clima. Poderia ter cem ou mil pessoas, a festa seria ótima igual. O show nem se fala, Mart’nália arrebenta, banda muito pesada.” Pingo_ músico
Vinícius Carvalho
TARJA TURUNEN
carisma, evidente não apenas em seu jeito de moleque, mas em detalhes, como a forma com que apresentou músicas ainda inacabadas e leu as letras em um papel. Dona de uma voz rouca e grande, seu timbre vai além da constante comparação com Elza Soares. O show mostrou que, mesmo que o sucesso tenha demorado mais de uma década, Mart’nália já é membro sólido da nata das cantoras brasileiras. Maria Joana Avellar
Bar Opinião , 26 de Agosto.
A noite de 26 de agosto foi apenas de Tarja Turunen. Nem mesmo a banda de apoio, com nomes de peso como Mike Terrana e Kiko Loureiro, conseguiu ofuscar o carisma da cantora, em turnê de lançamento de My Winter Storm, primeiro trabalho solo após a expulsão do Nightwish.Apenas a abertura do show deixou a desejar: a cortina branca que cobriu a banda durante parte da primeira canção confundiu a platéia. Mesmo assim, a finlandesa mostrou sua faceta hitmaker: “I Walk Alone” e “Poison” fizeram um Opinião quase cheio repetir os melhores refrães do disco. Mas a loucura, de fato, dá-se aos primeiros acordes de cada música do Nightwish. Tarja privilegiou as que menos figuram nos setlists da banda, como “Passion and the Opera” e “Dead Gardens”. Sobra espaço, é claro, para “Nemo” e “Wishmaster”. O que impressiona, acima de tudo, é a simpatia da cantora – independentemente de estar feliz ou interessada em reconquistar o público -, que agraciou o público com elogios, apertos de mão e beijos jogados para o ar além de dizer, em bom português, que era “incrível estar aqui de novo”. Tarja não conseguiu lotar o Opinião, mas cativou cada presente - seja ao tocar, no piano, “Enough”, música inédita escrita
durante a turnê, seja ao recolher uma rosa oferecida por alguém no público. Mais do que um show, a noite do dia 26 foi uma demonstração de que a moça não precisa de banda para ser, como dizia uma faixa, uma “eterna deusa”. >> Eu
Fui
“Esperei muitos anos por esse show e posso dizer que valeu muito a pena.” Dimitrius Bohm Moccelin_ estudante
Kento Kojima
::: shows
Giuliano Cecatto
SUICIDAL TENDENCIES Bar Opinião, 3 de Agosto.
OUÇA NO TERRA SONORA
CJ RAMONE E BAD CHOPPER
Manara, 12 de Agosto.
O ex-baixista dos Ramones passou por Porto Alegre com seu novo projeto, a banda Bad Chopper. Nem tão novo, é verdade, pois já existe desde 2000, mas que só agora começa a colocar seu trabalho na rua, com o lançamento de seu primeiro e homônimo disco. Acompanhado de Brian Costanza (guitarra) e de John Evicci (bateria), CJ chegou à cidade um dia antes do show. Jantou no Tudo Pelo Social, ali na Cidade Baixa, e pediu à produção para tomar umas em algum bar. Foram, então, para o Porão do Beco, onde CJ não resistiu e subiu ao palco. Os poucos e sortudos que estavam no local curtiram um private show, que contou com a participação de músicos gaúchos, como os caras da Los Vatos, responsáveis pela abertura da apresentação da noite seguinte, que teve ainda as bandas Desarmados, Mr. Junkie e Flanders 72. No show do Manara, a Bad Chopper mandou um set list especialmente preparado para o Brasil, revezando músicas de seu disco de estréia e sucessos do Ramones. A falta de intimidade do público com o novo trabalho de CJ ficou evidente, mas nada que comprometesse a energia do show. Entre as canções, estavam “Sick of It”, “Good Enough for Me” e “Headshot”, disponíveis em myspace.com/cjbadchopper. “Do It to Me”, o primeiro single do disco, cujo clipe já pode ser visto no YouTube, empolgou, mas “Ain’t no Criminal” foi de fato o ponto alto entre as músicas próprias. Para tocar “Born to Lose”, de Johnny Thunders, CJ convidou Sérgio, da Los Vatos. Como já era esperado, o público estava mesmo sedento por Ramones. A Bad Chopper não decepcionou e mandou as clássicas “Cretin Family”, “Main Man”, “Got a Lot to Say”, “The Crusher”, “Scattergun”, “Punishment Fits the Crime” e “Wart Hog”. Atendendo aos gritos de Hey Ho Let’s Go, a banda voltou para o bis e tocou “Strengh to Endure”, a mais pop do legado de CJ no Ramones. O show, porém, não parou aí, e rolou o segundo bis. Foi quando o Manara veio abaixo, com “Endless Vacation” e “R.A.M.O.N.E.S”. Nesta, o público foi convidado a subir ao palco. A euforia foi grande e CJ saiu com um corte no rosto. Básico, quando se trata de punk rock. A vinda de CJ a Porto Alegre agradou não só pelo som, mas pela receptividade do cara, que não negou entrevistas (algo raro quando se trata de bandas gringas), nem autógrafos e fotos com fãs. Simples e direto, assim como sua música, CJ ainda revelou algo surpreendente: ele trabalha como motorista de empilhadeira e adora a profissão. Chocante? Pode ser, mas a verdade é que, para os fãs de Ramones, o importante é saber que o punk rock ainda corre forte nas veias do baixista. E, talvez, seja a hora de achar um motorista substituto, pois o disco de estréia da Bad Chopper vem sendo considerado o melhor trabalho solo de um Ramone. Lidy Araujo
Logo na calçada do Bar Opinião, já se notava que aquela noite de domingo era uma noite atípica. Fazia tempo que a capital gaúcha não sentia o feeling verdadeiro e empolgante do início dos anos 90, a energia do skate, da rebeldia, da cultura de rua, do hardcore quase em sua essência. Dentro do Opinião, a primeira banda a subir no palco foi o Grosseria, que apresentou suas mensagens de protesto em um hardcore enérgico, com elementos que caminhavam do hip-hop ao trash metal. A Disrupted Inc. apresentou um som brutal e interessante, o metalcore presente em Take Another Look, seu primeiro álbum, lançado em 2008. Show repleto de velocidade, técnica e energia. Após um certo atraso, o líder do Suicidal Tendencies Cyco apareceu e a intro de “You Can’t Bring Me Down” começou a rolar. Gritos em coro registravam a emoção do público, e a música teve seu refrão cantado em uníssono. Daí pra frente o verdadeiro skate-punk com boas pitadas de funk e metal fizeram a cabeça de todos. Clássicos como “We Are Family”, “Send Me Your Money” e “Possessed To Skate” deixaram velhos e novos fãs empolgados.Após fechar o show com um curto bis, a banda se despediu de Porto Alegre deixando alguns fãs na espera de mais show. Mas, de qualquer maneira, o Suicidal, mais uma vez, mostrou sua força, embalou o público com o bom e velho skate punk, demonstrou um Cyco enérgico (ainda que com uma certa idade nas costas) e comprovou que o hardcore ainda pode ter força e expressão na capital gaúcha. Arturo Garziera 51 noize.com.br
PANORAMA NACIONAL
Saudações, amigos headbangers!!! Não estamos passando por uma boa fase do nosso querido metal nacional. O Sepultura segue em atividade: mesmo sem ter os irmãos Cavalera (fundadores da banda) em sua formação, não fazem mais a quantidade de shows que faziam em outras épocas. Aqui em Porto Alegre, então, faz uns quatro anos que não se apresentam. O Krisiun sabe que o caminho é a Europa e outros países; é a banda mais ativa nesse sentido: fazem muitos shows, talvez o grupo nacional que mais se apresente em terras estrangeiras. No Shaman só restou Ricardo Confessori na bateria—o novo disco é bom, mas muito longe de ser um “sucesso”. Em agosto agora poderemos confe-
rir ao vivo a nova formação; eles tocam dia 17 no Opinião. André Matos com sua carreira solo e os companheiros ex-Shaman também lançaram um bom trabalho, mas com uma movimentação fraquíssima aqui no Brasil, se apresentaram no final do ano passado aqui para umas três centenas de “testemunhas”; esperamos que lá fora esteja diferente. O Viper apareceu de novo, com novo álbum e nova formação também—um bom trabalho, mas sem petardos dignos de seus trabalhos anteriores; shows são escassos. O Angra, que era a mais bem-sucedida banda de metal em termos nacionais, está com problemas burocráticos. Será que a luz no fim do túnel do metal nacional é um trem? Horns up!!!
O HIP-HOP FAZ MAL...
Às vezes faz mal mesmo… Li uma entrevista do intelectual americano John McWorther, autor do best-seller Losing the Race: Self-Sabotage in Black America (“Perdendo a Corrida/Raça: Auto-Sabotagem na América Negra”), onde ele afirma que o pior problema dos negros é a própria vitimização. No livro ele refere-se aos negros, mas isso cabe muito bem ao hiphop, seja o artista negro ou não. Veio-me essa relação ao ver um clipe do rapper Cabal, feito numa boate de strip-tease. O clipe termina e tu fica: “Tá, e daí?” É meio preocupante quando artistas de lugares como a África e o Brasil, onde a pobreza é extrema, imitam os rappers gringos com esse estilinho gangsta
60 E 70 DE VOLTA
Quanta felicidade! Há uns dois meses comecei a notar que Porto Alegre está, aos poucos, voltando a ter uma cena reggae. O motivo, ou melhor, os motivos desta percepção é a banda Sub Dub e a festa Jamaica Ska. A banda Sub Dub, formada há pouco, traz na bateria Fábio, no baixo Cassiano (ambos da banda Acústico Reggae), Luquinhas da Chima nos teclados e Fabiano (da Profetas de Zion) na escaleta, flauta e vocal. O quarteto resolveu se reunir pra tocar o melhor do reggae em formato dub e já começou a conquistar um público fiel, que compareceu nas últimas quartas-feiras no bar Mr. Dan em Porto Alegre. Os meninos já começaram a expandir o som e em breve vão come-
çar em outros bares bem legais da cidade. A festa Jamaica Ska, organizada por amantes do ritmo que deu origem ao reggae roots, é uma boa pedida pra quem quer curtir algo bem diferente das festas a que estamos acostumados. Uma galera trajada no estilo dos anos 60, um lugar muito legal e ao fundo o melhor do ska. A Jamaica Ska acontece uma vez por mês no Películas Bar e tem ingressos super em conta pra curtir uma noite que faz a gente viajar no tempo. Acredito que estas duas boas novidades em Porto Alegre vieram pra ficar e pra melhorar ainda mais o reggae.
(e bem menos grana, é claro). Como o artista do rap, que tanto reclama de espaço, vai ser levado a sério? Reclamar do sistema, depois, não adianta (ó aí a vitimização). Eu acredito que o rap pode dar força e inspiração para mudar muita coisa, mas não é posando de 50 Cent que vai funcionar. Quando o MC enjoar dessa pose, o que resta? Qual a mensagem? Não é preciso gostar de Racionais MC’s nem de Sabotage, nem do Prego (artista gaúcho que lança disco agora e segue a mesma linha), mas é preciso ouvir, e com atenção! E para os MC’s, é sempre bom pensar antes de rimar… Senão o rap faz mal.
EM CENA, COM MÚSICA
São várias as atrações musicais do 15º Porto Alegre Em Cena; entre elas, o show em que Cida Moreira interpreta Cartola. Depois de dedicar um disco a Bertolt Brecht, outro a Chico Buarque e, mais recentemente, homenagear Tom Waits no show Canções para cortar os pulsos, a atriz e cantora paulista comemora o centenário de nascimento do pedreiro/poeta com o álbum Angenor (Lua Music, 2008) e vem se apresentar aos gaúchos. Além das clássicas “O Mundo é um Moinho”, “Acontece” e “Sim”, já registradas por Ney Matogrosso em um disco similar em 2002, Cida Moreira incluiu canções nem tão evidentes do repertório legado pelo compositor mangueirense, como “Fim
de Estrada”, “O Silêncio de Cipreste” e “Feriado na Roça”. A simplicidade dos arranjos e da instrumentação, combinada com sua intensidade de voz e interpretação, deixa alçar vôo o sentido profundo das palavras daquelas canções que sabem tanto das coisas da vida. Enquanto Cida deixa de lado o clima esfumaçado do tributo a Waits, outro músico de trajetória ligada ao teatro encontra o compositor americano: Carlos Careqa. O Em Cena também apresenta A espera de Tom, em que, sempre bem-humorado, Careqa transforma Tom Traubert’s em Boa Noite Matilda, Jersey Girl em Garota de Guarulhos e Chocolate Jesus em Guaraná Jesus. Imperdíveis.
COBRA STARSHIP
Cobra Starship é a banda criada pelo baxista/vocalista da antiga banda MIDTOWN Gabe Saporta. O cara, que é natural do Uruguai, lançou o primeiro álbum da nova banda, chamado While the City Sleeps, We Rule the Streets, ainda em 2006. Em 2007 eles lançaram Viva la Cobra, que contém os Hits “The city Is at War” e “Guilty Please”. Os outros membros da banda, além de Saporta, são Victoria Asher (teclado “keytar”), Ryland Blackinton (guitarra), Alex Suarez (baixo) e Nate Novarro (bateria). Gabe, junto de William Beckett do The Academy Is, de Travis Maccoy do Gym Class Heroes, de Maja Ivarsson do The Sounds, de Nick Wheeler do The All – American Rejects e de Pete
Wentz do Fall out Boy gravaram o clipe da música “Bring It”, que faz parte do filme Snakes on a Plane. Achei bem legal o clipe… Eles acabaram de gravar uma versão da música “Guilty Please” em espanhol, onde estão tocando na Vans Warped Tour deste ano. Segundo Gabe, os fãs adoraram a versão em espanhol, tanto que eles estão pensando em regravar a faixa na versão latina. Em setembro de 2008, a banda planeja a entrada em estúdio pra gravar o novo disco, mas antes eles vão sair em uma turnê pelos USA com as bandas Forever the Sickest Kids, Hit the Lights e Sing it Loud. No inicio de 2009 eles estarão na Inglaterra em turnê. myspace.com/cobrastarship
GRAMADO EM FESTA
E foi aberto o primeiro “Festival Nacional de Festas de Gramado”! Nossa senhora do céu! O que foi aquilo? Muita festa. Demais! Parece que os produtores de festas só pensam naquela época para desenvolver alguma idéia. É uma época em que as empresas querem investir em algo legal em Gramado, porque o Brasil está de olhos voltados para o Festival Internacional de Cinema, então aparecem mil eventos. Resumo da ópera: Muita festa, pouca gente e pouca qualidade. Eu mesmo caí nessa. Fiz a Hed Kandi, que foi uma festa linda, maravilhosa, basicamente para convidados, num local paradisíaco— porém muito afastada do centro dos acontecimentos, e confesso
RBD E JERRY FINN
Vocês ficaram sabendo da passeata contra o fim do RBD na Avenida Paulista? Que legal, hein? Manifestação de rebeldia dos fãs do RBD, não é? Ironia e mau humor em alta, pois temos outras razões para lamentar em agosto. O punk perde uma de suas figuras mais importantes, responsável por alguns dos melhores álbuns lançados na década de 90. Jerry Finn partiu dessa para outra, deixando aquela saudade discreta, uma vez que, por mais importante que tenha sido o seu trabalho, raríssimo é o produtor cuja morte tem o impacto da de um músico das bandas que produziu—e não foram poucas: Rancid, AFI, Blink 182, Morrissey, Bad Religion, Green Day e The Vandals são alguns exem-
plos. Dá para dizer que Finn foi importante para um processo de popularização do punk rock nos anos 90 e 00. Basta atentar para alguns dos discos que tiveram o seu toque: …And out come the wolves (Rancid), Enema of the state (Blink 182), About Time (Pennywise), Dookie (Green Day) Hitler bad, Vandals good (Rancid) e Sing the Sorrow (AFI). O produtor teve um colapso cerebral em julho e, desde então, era sustentado em estado vegetativo. No começo de agosto, a família ordenou o desligamento dos aparelhos que o mantinham vivo. Ah, não esperem agora uma frase daquelas que mencionam ícones mortos aos quais Jerry vai se juntar. Tchau.
que isso atrapalhou bastante os convidados. Ano que vem eu estou fora de uma operação tão desgastante assim. Escrevo este texto numa terçafeira, dia 19 de agosto. Estou em cima do prazo para entregar a coluna e ainda não me recuperei da trabalheira. Fazer festa não é fácil. Mesmo que tenha havido tanto acúmulo de festas, mesmo com a falta de criatividade, gostaria de parabenizar os produtores que se aventuraram em diversos eventos. Vem aí minha festa de 18 anos de música eletrônica. Dia 29 de agosto lá no Kimik. Espero todos lá!
SEGUNDA CHANCE
Na música, como em qualquer outra situação, é preciso sempre dar uma segunda chance. Para cada artista/canção, eu acho que se devem dar umas 23 mil chances. Falo isso porque dei uma quarta chance pro Late Of The Pier, que, até então, era uma banda “nada demais” para mim. O quarteto britânico acaba de lançar o fantástico Fantasy Black Channel, que foi lançado em 11 de agosto e pode ser encontrado, fácil, fácil, em blogs como o It’s the beat! e o Move that Jukebox. Com este álbum, eles deram um passo além, saindo da bagunça mezo new rave/noize dos primeiros singles. Músicas como “Broken”,“Mad Dog And Englishmen” e “Heartbeat” me fizeram
calar a boca e pensar: ok, caras, vocês fizeram um baita álbum. O Late Of The Pier está no myspace. Um doce pra quem adivinhar o endereço (myspace.com/ lateofthepier). Aliás, eles tocaram no festival Indie Rock, em São Paulo, no fim de agosto. Quem foi me conte sobre o show. Bom, acredito que, até o fim desta coluna, os ingressos pro The Hives já tenham esgotado. E, segundo andam dizendo, o R.E.M. está confirmado em Porto Alegre. Então já vai separando uma grana porque digo que pode ser a única chance de ver Michael Stipe e trupe por aqui. Nos vemos no show do Hives!
53 x noize.com.br
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Ilustra Cusco www.flickr.com/cuscone
jammin’ 58