Revista NOIZE #20 - Dezembro de 2008

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#20 // ANO 2 // DEZEMBRO ‘08

EXPEDIENTE DIREÇÃO: 
 Kento Kojima Pablo Rocha Rafael Rocha

EDIÇÃO:
 Fernando Corrêa nando@noize.com.br

REVISÃO: 
João Fedele de Azeredo jp@noize.com.br
 Fernanda Grabauska fernanda@noize.com.br

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FOTOGRAFIA: 
 Felipe Neves Arlise Cardoso Giuliano Cecatto

DIREÇÃO DE ARTE: Rafael Rocha rafarocha@noize.com.br 
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ÍNDICE 4. Life Is Music // 6. News // 10. Road Trippin // 12. O Garimpo do Vinil // 14. Planeta Terra // 16. Css // 20. Yelle // 22. VizuPreza // 24. Os 20+’08 // 28. Estilo:Música // 34. Na Fita // 38. Reviews // 48. Colunistas // 50. Fotos // 54. Jammin’

Ricardo Finocchiaro João Augusto

NOIZE TV: Bivis Tatu Johnny Marco Vicente Teixeira Rodrigo Vidal noizetv@noize.com.br

REDAÇÃO: Lidy Araújo lidy@noize.com.br
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NOIZE

TIRAGEM: 15.000 exemplares

Se Você Não Gostou da NOIZE Passe Adiante

EDITORIAL | Vai-te Embora, 2008 O

ano passou e, musical que foi este

2008,

deixou boas lembranças nos ouvidos do povo.

Sim, do povo, afinal o A música independente está mais independente que nunca, e a música do mainstream está cada vez mais dependente do independente: mesmo as bandas mais forjadas do mundo precisam estar antenadas ao que acontece no indie se quiserem fugir do enfadonho. Não que o indie tenha livrado-se de chatices e redundâncias em 2008 - pelo contrário, de cada 10 bandas novas que surgem, 8 continuam sendo cópias. Mas foi empolgante ouvir a música que surgiu nos últimos 12 meses. povão está todo equipado com mp3 players e celulares modernos.

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Algumas das bandas que explodiram recentemente emplacaram discos na matéria de capa da Noize 20. O Fleet Foxes, por exemplo, lançou um dos 20 discos do ano. Outras, veteranas, como o AC/DC, surpreenderam o mundo da música digital, mesmo que fazendo mais do mesmo. O Cansei de Ser Sexy se assumiu CSS e lançou Donkey. Assim, garantiram lugar na matéria de capa e mais uma entrevista supimpa que você confere nas páginas seguintes, com direito a dancinha de confraternização da banda com nossa jornalista. Na

tentativa de refletir

passou pelo

Brasil,

2008,

a

Noize 20

Yelle, que Velho Mundo. O Festival Planeta Terra, um dos internacional, teve cobertura do pessoal prodígio do Move That

traz ainda uma entrevista com a indiezinha e boa surpresa

mas só foi nos conceder entrevista no

mais significativos do país em termos de música

Jukebox, e nós publicamos ela aqui. E como todo passo à frente acontece porque foi precedido de outro passo atrás, falamos de vinil: Em tempos de cauda longa, tem louco pra tudo, inclusive pra pagar US$ 30 mil por um disco de vinil. Saiba o que leva um pedaço de plástico a valer tanto no nosso Guia do Garimpeiro.

O ano passou por aqui, e a Noize também. Mas ano que vem, vamos mais longe. Em 2009, encontre a Noize no Rio Grande do Sul, em São Paulo, no Rio de Janeiro e onde mais nesse Brasilzão alguém resolver botar um som.



Foto Rafael Rocha

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life is music

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.: NOME _ Steve Aoki .: PROFISSÃO_ Dj e Produtor Musical .: UM DISCO_ Fist of God | MSTRKRFT

“Gosto de música volátil, música que levita e explode no ar. Essa é a música de hoje.”



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news

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A VIA SACRA DO RADIOHEAD

Desde que os boatos eternos da vinda do Radiohead para o Brasi se concretizaram, em novembro, a apreensão dos fãs redirecionou-se para a compra dos ingressos. Era certo que eles se esgotariam muito rapidamente a partir da meia-noite de sexta-feira, 5, quando deveriam começar as vendas. Assim, ao acessar o blog Popload pelas 20h de quinta-feira, 4, não esperava ler as palavras garrafais de Lúcio Ribeiro “RADIOHEAD À VENDA JÁ”. Telefone celular numa mão, discando o número da namorada, do amigo; computador na outra, acessando o site da venda de ingressos o mais rápido possível. Clic no show de São Paulo, apenas para ler o terrível: SOLD OUT. Para o Rio de Janeiro ainda havia ingressos, não pensei duas vezes, cliquei, efetuei a compra e em 2 minutos já havia recebido a confirmação por email. Nossa, esses ingleses são rápidos. Enquanto isso, a comunidade da banda no Orkut seguia calma. Parecia que só ali a notícia não havia chegado, já que meia hora depois, os ingressos para o Rio também estavam SOLD OUT no site oficial da banda. Um leve pânico se instalou entre aqueles que freqüentavam o Popload, mas apenas até emergirem novas informações: o site gringo vendeu uma determinada cota de ingressos, outros tantos estaríam disponíveis pelo ingresso.com, aquele que, desde o início, era anunciado como ponto de compra de tíquetes na web. Mais uma vez, as vendas começaram antes do esperado. Antes das 22h, já recebia as primeiras notícias de amigos emocionados: “Tu tinha me dito que tinha esgotado, seu agourento, viu só, comprei meu ingresso!”. Claro, tranqüilidade de brasileiro dura pouco: o congestionamento no sistema de vendas do ingresso.com causou um delay tremendo na entrega da confirmação de compras. Se pelo site estrangeiro, a confirmação era imediata, no brazuca era incerta. Gente que comprou pelas 22h não havia recebido email nenhum até a meia-noite e meia. Enquanto alguns ficavam desesperados, outros tentavam acalmar os ânimos. -

SAIBA MAIS

> 58hours.com Um banco de dados com todos set lists do Radiohead. Dá pra ver que músicas têm sido tocadas na tour do In Rainbows. O interessante é que todo show é diferente do anterior. Confere e te pilha. > INGRESSO.COM - Só para o caso de ainda haver ingressos quando esta revista chegar às suas mãos.


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Foto: Arlise Cardoso

Vida de Anthony Kiedis vira seriado

Tom Zé, Caetano Veloso, round four, fight!

Nos dias de hoje, nem uma série de TV biográfica escapa de artífices de produção para torná-la mais próxima de um reality show. Scar Tissue, série baseada no livro autobiográfico de Anthony Kiedis, terá “tom de comédia”, segundo os primeiros comunicados à imprensa. Afinal, é bom um pouco de humor para contar sobre um menino que entrou no mundo artístico com ajuda do pai, traficante de drogas para músicos, e que passou boa parte da carreira musical viciado em drogas pesadas. O vocalista do Red Hot Chili Peppers não confirmou se atua ou não na trama, mas disse que é “excitante” poder reconectar-se para reconstruir as memórias. Scar Tissue tem produção de Marc Abrams e de Michael Benson, e deve ir ao ar nos EUA pelo canal HBO, mesmo que suas gravações nem tenham começado.

Óxenti, sem essa para cima de mim, Caetano. O desconstrutor Tom Zé e o complicador Caetano Veloso protagonizaram um desentendimento no fim de novembro. Isso porque Tom não engoliu elogios escritos por Caê sobre Estudando a Bossa, disco que o baixinho genial vem apresentando. pelo país. “Não posso aceitar agora o seu colo e do grupo baiano, que durante todos esses anos me separaram até do que era meu, enquanto gozavam de todo o prestígio e privilégios”, escreveu Zé em seu blog. Depois, em um show no Auditório Ibirapuera, mandou Caê tomar naquele lugar que todo mundo tem e que não cheira bem em ninguém. Caetanão respondeu dizendo que gosta de Tom e que “não precisamos desses surtos de ressentimento”. Quando baiano arretado se estranha, melhor deixar a cabeça esfriar.

>> No penúltimo fim de semana de novem-

bro, ocorreu o primeiro Moinho da Estação Blues Festival em Caxias do Sul. Em três dias, o evento recebeu, entre uma jam e outra, artistas do Brasil e dos EUA em um festival com clima de confraternização. Taxi Free, o americano JJ Jackson e o reio do whiskey Magic Slim, foram alguns nomes destacados. Saca as fotos no fim da revista!

>> Até dia 12, a Damn Laser Vampires está com uma exposição legal de ilustrações na galeria THE NEXT ONEs, na Garibaldi, 936. >> Depois de tocarem juntos na MTV, Lu-

cas, vocalista da Fresno, terá composições suas no próximo disco de Chitãozinho e Xororó. 7 >> noize.com.br


news

INÉDITA DOS BEATLES, BEATLES NO iTUNES, BEATLES E DYLAN… Última edição do ano e muita coisa dos Beatles para contar. Primeiro é que “Carnival of Light”, viagem instrumental de 14 minutos que os Beatles gravaram 41 anos atrás, pode finalmente ver a luz do dia. Isso porque Mr. Paul afirmou que pretende divulgar a gravação de “Carnival” que possui, para que os fãs conheçam a “outra face” dos Fab Four. No caso, uma face ruidosa, barulhenta e psicodélica a ponto de todos os besouros à exceção de Paul terem considerado a faixa muito “atrevida” na época. “Carnival of Light” é cultuada e discutida por beatlemaníacos mundo afora, mas nunca nenhuma versão havia sido lançada. A outra boa-nova, na verdade ruim, é que ainda engatinham as negociações que devem levar os sucessos dos Beatles ao iTunes. MacCa disse não saber por que o processo empacou, nem quando a loja de Steve Jobs finalmente venderá as

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músicas, mas demonstrou interesse em que isso aconteça assim que a EMI e a Apple Corps (dos Beatles) chegarem a um acordo final. Por fim, um encontro no mínimo inesquecível aconteceria se Bob Dylan se interessasse pela declaração que McCartney fez recentemente. “Seria ótimo colaborar com Bob Dylan, eu o admiro muito”, afirmou Paul em entrevista recente. A resposta sopra no vento.

A imprensa e seus leitores parasitas aparentemente resolveram dar uma folga para Amy Winehouse, mas sua trajetória junkie nunca esteve em um momento tão crucial. Internada desde o dia 24 de novembro por uma suposta alergia a uma suposta medicação, a cantora assumiu de vez o divórcio com Blake Fielder-Civil. Algo, no mínimo, estranho, já que toda a sua auto-degradação era atribuída ao sofrimento causado pela prisão do marido, em novembro de 2007. Depois de Blake ser solto, tendo apenas de passar duas semanas na reabilitação, os dois resolveram se separar. Fielder-Civil admitiu em entrevista ao jornal New of the World que romper com Amy seria uma forma de libertá-la, já que ele foi o responsável pelo vício da esposa em crack, heroína e cocaína: “Ainda existem motivos para nós não gostarmos de ficar sóbrios, e eu voltar para ela seria o mesmo que dizer “não tem problema

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A DAMA JUNKIE E O VAGABUNDO ARREPENDIDO

você se matar”. Estou destruído e não paro de chorar. Não consigo acreditar que, por causa das drogas, vou perder minha alma gêmea”.Após visitar a cantora, visivelmente alterado, no hospital em que ela está internada, Blake foi pego no teste de drogas e voltou a viver atrás das grades. De acordo com o tablóide The Sun, a recaída se deu pelo fato de Amy ter dado a entrada nos papéis do divórcio. Será que, ao ver o esposo preso novamente, o amor da cantora voltará?


Foto: Divugação

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Tonho Crocco Músico

NOIZE diz: ae, tonho, fernando da noize Tonho diz: oba..ago-

MISTÉRIOS DA MÚSICA: RICHEY EDWARDS DECLARADO MORTO O enlouquecido Richey Edwards, guitarrista do Manic Street Preachers, foi legalmente declarado morto no último dia 23, depois de 13 anos desaparecido. O mistério que cerca o sumiço do cara é um dos maiores da história do rock. No dia em que embarcaria para uma tour pelos EUA, Richey deixou o hotel londrino em que estava hospedado, foi até sua casa no País de Gales e nunca mais foi visto desde então. Mentira. Muitos foram os relatos de aparições nos anos que se seguiram, mas nada confirmado. Richey sofria de depressão e ganhou notoriedade por ter escrito as palavras “4 Real” (“verdadeiro”), à gilete na pele, para provar a um jornalista que a postura anárquica do Preachers não era lorota. A banda continuou depositando royalties em uma conta em seu nome. Quem ficará com esse dinheiro? A VOLTA DO NO DOUBT É isso mesmo: Gwen Stefani e a turma do No Doubt devem voltar à ativa no ano que vem. A notícia surgiu no site oficial dos caras, onde Gwen e o guitarrista Tom Dumont publicaram uma conversa em que falam de sua vontade de, durante uma turnê de retorno em 2009, concluir seu novo disco, sucessor de Rock Steady (2001). Gwen foi mãe recentemente e perdeu as primeiras sessões de estúdio dos caras, que ocorreram durante este ano.

ra to on line NOIZE diz: belezaa. o que tu tem feito desde que a ultramen entrou nessse hiato? Tonho diz: fui viajar....fiquei 6 meses em new york. tb conheci toronto(canada) e terrytown, a cidade onde o tim maia morou.queria sair um pouco...estudar, tocar... consegui estudar ingles, fiz uns 9 shows e gravei 5 musicas. NOIZE diz: e como foram os shows? tu tocava o que? Tonho diz: fiz uns cantando bossa nova com o trio do gaucho cidinho teixeira no zinc bar. no NUBLU fiz 3 vezes com musicos de la tocando minhas musicas e sambas. até sopro rolou rsrs. as vezes a banda mudava, la todo mundo é meio free lancer... NOIZE diz: e a galera de lá curtiu? Tonho diz: a recepcao foi muito boa.... teve shows vazios e shows lotados...e’ a real...as vezes la’ nao da tb. tambem discotequei por 3 meses no bar miss favela. era residente das tercas feiras. colocava maracatu, samba, rap, tudo brasileiro.ano passado fiquei 1 mes la’ e conheci um povo. NOIZE diz: sim, e gringo dá um valor especial pra coisas daqui? pq tem mta coisa brazuca que só sai lá fora né. agora, por exemplo, tou ouvindo um disco o baden powell , um dos últimos q ele lançou, que ahco que só tinha saído na frança Tonho diz: e’ verdade...tem um do luis vagner que so saiu na franca tb. NOIZE diz: e o samba então né... Tonho diz: tem noite de forró tb...tem noite de maracatu(2 bandas)...tem o famoso SOB’S que rola o manhattan school of samba....tem de tudo...até rap brazuca fazendo shows lá....a zuzuca poderosa(funk carioca) agita a cena tb. NOIZE diz: mas e os sons que tu gravou, como surgiu a oportunidade de trabalhar com o ex-guita do jamiroquai?

Tonho diz: atraves do amigo e dj sir chico curtis...ele me apresentou no bar ROSE FALOU QUE TINHA TOCADO EM POA. eu disse:-Onde?com quem? ele disseTOQUEI NO TEATRO DO SESI COM O JAMIROQUAI. e eu tinha ido no show. dai ele me deu o fone dele e disse pra mostrar minhas musicas. mostrei e ele disse que poderiamos gravar essas 5 cancoes NOIZE diz: sim, inspiração a moda exílio Tonho diz: eu geralmente faco 1 musica por ano, la fiz 6 em 6 meses rsrsrsrsrs. dai ele me apresentou o ze luis oliveira, que mora la a um tempao...e’ produtor e toca sax e flauta....tocou e trampou como produtor em discos do caetano, gal, bebel gilberto etc. simon katz(jquai) costumava trabalhar com ze luis. ze me disse que fica mais facil compor quando ‘’OS FANTASMAS NAO ESTAO POR PERTO’’ rsrsrsrs NOIZE diz: o ze luis entrou na coisa tb? Tonho diz: dai gravamos no estudio do ze e no estudio do simon. buenas, ficou assim: ze luis produziu, tocou flauta e sax, compos uma musica comigo e arranjou o EP. simon gravou todas as guitarras, baixos e produziu o EP...que vai se chamar TETO SOLAR NOIZE diz: todo em português? Tonho diz: todas tem a raiz brasileira,uma das influencias e` o afro beat...que esta um pouco presente. todas em portugues NOIZE diz: tem data pra lançamento? Tonho diz: verao de 2009 NOIZE diz: massa, já tá escalando gente pra tocar ele ctg? Tonho diz: 8 dez vou apresentar as musicas ao vivo...pratcament os mesmos musicos da brazilian sound machine, no opiniao NOIZE diz: afude, e algum outro momento memorável em ny? Tonho diz: pow,varios. poder voltar as 3 da manha pra casa de metro com a tua guitarra sem problemas...ver a canja rave no annex....ver o ultimo show do isaac hayes em ny...ver o show da sharon jones, dap kings e afrika bambaatta no central park.... jorge ben no brazilian day(som uma m... mas astral bom!).fiz alguns shows com um rapper chamado johnny voltik. fizemos um show em pro da campanha do obama. 9 >> noize.com.br


road trippin’

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AUSTRÁLIA Nome: Paula Braga Fagundes Idade: 21 O que faz: Estuda Biologia Motivo: Desbravar a Austrália Trilha Sonora: RHCP O pouco habitado Northern Territory é a divisão centro-norte da jovem Austrália. Lá é possível conhecer melhor a cultura aborígene, ainda discriminada neste país que, apesar de ter muito da Inglaterra, tem um pouco de tudo das muitas culturas imigrantes que acolhe. “I come from the land of plenty” dizia o Men at Work na letra de “Down Under”, referindo-se às riquezas da Oz, como os australianos chamam sua terrinha. A identidade ainda tímida resultante de tantas misturas culturais, a fauna esquisita, os diversos cenários que vão das antigas florestas úmidas ao colorido dos recifes de corais, até o deserto Outback mostram que para conhecer o país não dá pra ficar só na superficialidade óbvia do Opera House e das praias com surfistas! Tem que ir mais a fundo, ou melhor, ao centro: ao Red Centre. A vermelhidão do Outback, o semi-deserto australiano, chega a dar arrepios. O horizonte distante e as formações rochosas incríveis fazem deste lugar o coração da Austrália. O Red Centre atrai visitantes interessados em conhecer, principalmente, a gigante Uluru. O que fascina nesta “simples pedra” é a atmosfera de magia criada por toda a crença aborígene em torno dela e a mudança de cor que ela sofre todos dias quando incendeia em um vermelho intenso ao nascer/pôr-do-sol. A noite cai limpa e estrelada e, mesmo congelando, vale a pena dormir ao relento em um swag (um saco de dormir de lona grossa). Até porque a cidade mais próxima com acomodação a preços razoáveis, Alice Springs, está a 460 km. Seguindo para o norte, são 1.500 km de estrada reta e deserta até Darwin, a capital do território. Passam pequenas cidades, piscinas termais e bares de beira de estrada malucos. Um com vocação para base extraterrestre—com ETs verdes, nave, fotos e recortes de jornais sobre aparições de UFOS na região—e o outro, com coleção de lingeries, carteirinhas, moedas e uma árvore de havaianas. Detalhe: “tudo” isso no meio do nada. A adorável Darwin é uma cidade com um toque asiático devido à proximidade com o continente vizinho. O melhor da cidade é o “Sunset Market” aos domingos. O mercadinho de rua é repleto de miudezas e roupas típicas. Pode-se gastar um bom tempo provando comidinhas e curtindo as apresentações de dança e tocadores de didgeridoo. Em julho os albergues ficam lotados e as noites bombam, assim como os parques nacionais mais próximos: Litchfield e Kakadu. O Kakadu National Park tem 19.804 km2 de uma beleza natural e importância histórica ímpar. Não é à toa que é Patrimônio Mundial. O vermelho do Outback é trocado pelo verde tropical da floresta úmida e pelos aviO Melhor da australia: sos sobre crocodilos na área. Aterrorizante. Eu teria zarpado se não confiasse no centro Rádio – Não pegava em muitos lugares de informações e na boa estrutura dos parCasa de Shows – Sunset Market ques: o camping tem água, banheiro, chuveiRevista – DrumMedia ro e luz por apenas AU$ 7 por pessoa. São cachoeiras, banhados e trilhas com pinturas Comida – Sorvete, muito sorvete aborígenes. Só uma Dorothy doida bateria Lugar – Kakadu NP os calcanhares pra deixar a terra de Oz.


AUSTRÁLIA Nome: Andréa Lontra de Oliveira Idade: 21 O que faz: Estuda Jornalismo Motivo: Estudar inglês e conhecer novos países Trilha Sonora: Jack Johnson Se tivesse que definir a Austrália com apenas um adjetivo, ele seria multicultural. Basta apenas uma rápida volta por Sydney para se entender o porquê. Olhos puxados, pele amarela asiática, pele morena indiana, lenços árabes e traços europeus compõem a cara do povo que circula pelas ruas. No ônibus, um mix de línguas. Japonês, francês, tcheco, alemão, grego. E cuidado, o fato de estar no exterior não significa que você pode falar o que bem entender. Sempre haverá um brasileiro camuflado entre os gringos. Aliás, um não. Vários! Antes de ir para Austrália, eu imaginava que iria encontrar apenas loiros e loiras de olhos azuis. Quando cheguei lá, me dei conta de que eles são, na realidade, peças raras. Durante um ano e meio, conheci muitas pessoas vindas de diversos lugares do globo, contudo, posso contar nos dedos quantos australianos. Mas, afinal, qual a razão da terra dos cangurus ser alvo tão constante de imigrantes e turistas prolongados? Claro, aqui vai um mérito às paisagens paradisíacas. Sem desmerecer a água cristalina, a Austrália, acima de tudo, oferece uma qualidade de vida incrível. É como se os dias fossem menos estressantes, não importa o quão pesado tenha sido o trabalho. E não importa o quão cansado você esteja, pois toda a noite é motivo de festa e comemoração. O país relativamente novo, que teve colonização tardia no final do século XVI, era utilizado inicialmente como prisão inglesa. Com o objetivo de esvaziar as cadeias britânicas, para lá eram enviados os condenados na Inglaterra. Entretanto, do passado sombrio nada restou. Contraditoriamente, a sensação de liberdade domina. Estando em solo australiano, você passará a ter o mundo nas mãos. Passagens aéreas para os mais variados destinos têm custos satisfatoriamente baixos, se considerarmos a boa remuneração de empregos disponíveis até para quem não fala inglês fluentemente. A vastidão territorial confere à Austrália áreas bem diversas, que oferecem muitos lugares maravilhosos aos turistas. Alguns destinos que não podem faltar no roteiro de viagem: Sydney: confundida por muitos como a capital australiana, é na verdade a cidade mais famosa do país. Lugar onde se encontram Opera House e Harbour Bridge lado a lado. Além disso, possui cerca de 40 lindas praias. Gold Coast: região na costa leste australiana conhecida como o paraíso de surfistas. As praias de águas mornas do Pacífico são, de fato, um convite ao mergulho e ao suf. Fraser Island: Com certeza, um dos locais O Melhor da austrália: mais extraordinários da Austrália. A ilha é composta por uma beleza natural sem taRádio – Nova FM manho, incluindo lagos cristalinos, florestas Casa de Shows – Opera House e animais típicos. Revista – Humm... Melbourne: cidade localizada mais ao sul Comida – Humm... da Austrália e segunda maior região metropolitana do país. Possui vários pontos turísLugar – Fraser Island ticos, como torres, parques e museus. 11

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noize.com.br


Texto Fernando CorrĂŞa e Maria Joana Avellar

o garimpo do vinil 12


Eles circulam pelas cidades, em ambientes hostis, cantos escuros, lares de insetos rastejantes e voadores. São o tesouro a que almejam mercadores obstinados, mas em muitos casos não são desfrutados nem pelas baratas com quem dividem prateleiras esquecidas.Você pode ser dono de um deles e nem saber que, do outro lado do mundo, existem pessoas produzindo clones e outras tantas dispostas a gastar uma fortuna com o seu original. Faz-se de tudo por um disco de vinil raro. Recentemente, um colecionador britânico comprou por US$ 28.800 um exemplar do Álbum branco dos Beatles. Por que tão caro? A cópia tem número de série 000005, é provável que tenha sido a primeira a ser vendida, já que os quatro integrantes da banda teriam ficado com as anteriores. Esse é um caso extremo, é claro, mas não isolado. O mundo do vinil tem mesmo dois lados. No lado A, discos que todo mundo teve, daqueles que você encontra aos montes em qualquer sebo. No lado B, o obscuro, o filé mignon, a raridade. Um lado A pode tornar-se lado B, mas um lado B dificilmente será salvo da força de extinção para voltar a ser lado A. Eis alguns dos fatores que relegam um bolachão à vitrine mais límpida do sebo: Originais da Época A lei da oferta e da procura ainda comanda o mercado de vinis. Assim, a maior parte das raridades são os discos antigos, cópias de primeiras prensagens bem cuidadas. Se tiverem encarte, melhor ainda. Com o advento do CD, milhões de donos de vinis deixaram seus discos de lado, doaram, guardaram no lugar mais inapropriado possível. É preciso ser um disco guerreiro para escapar quase ileso do descaso do dono. Por isso, em boas condições, um disco ultrapassa facilmente a barreira dos R$ 50. Renegados Mas, algumas vezes, o vinil já nasce raro. Quer dizer, não necessariamente vem ao mundo com cópias limitadas, mas algo fora do alcance dos colecionadores, ocorrido décadas atrás, torna ainda mais difícil – e cara – a aquisição do disco. Um exemplo clássico é Louco por Você, pri-

meiro disco de Roberto Carlos. O Rei vetou a reedição do disco porque acha seu primogênito , repleto de boleros e tcha-tcha-tchas, meio brega. Mas tem gente que gosta: uma cópia de Louco por Você chega a custar R$ 3.000 facilmente. Outro filho negado pelo pai são os dois volumes de Racional, de Tim Maia. O enredo é conhecido: o Síndico tinha entrado em uma viagem transcendental e ufológica, largara os vícios e gravara com a voz limpinha músicas que foram lançadas em dois volumes pela sua gravadora, a Seroma. O problema é que a bad trip de Tim passou e ele, envergonhado, mandou tirar o disco de circulação. Hoje em dia, uma cópia em boas condições de Racional Volume 1, ou do ainda mais raro Volume 2 custa mais de R$ 200. É claro que os preços altos estão muito baseados na especulação que existe em torno do disco. Pouco mais de uma década atrás, os mesmos Tim Maia custavam bagatelas. “Em 1995, consegui comprar meu primeiro Racional 1 por R$ 25. Na época não tinha esse glamour todo. Meu vizinho tinha o 2, aí a gente combinava de cada dia um colocar o seu pra tocar”, conta o DJ Fred, um dos poucos que ainda animam a noite porto-alegrense usando muito vinil, e muita coisa rara. Reedições piratas Como já foi dito, tomado o rumo do lado B, o disco não volta a ser A. Mas como adquirir um disco raro como o Racional por um preço justo? No exterior, selos como o Mr. Bongo relançam vinis de música brasileira – muitas vezes ignorando a parte do direito autoral e as negociações com gravadoras – a preços ridículos para os padrões gringos. O Paê-

birú, por exemplo, o disco mais caro do Brasil, custa irrisórias 13 libras esterlinas na loja virtual da Mr. Bongo, incluindo um encarte escrito por Lula Côrtes, seu autor ao lado de Zé Ramalho. Sobreviventes O original de Paebirú é tão mítico que jornalistas gaúchos foram ao nordeste fazer um documentário sobre o disco. Lula Côrtes e Zé Ramalho gravaram o expoente maior da psicodelia nordestina em quatro partes, correspondentes aos quatro elementos: terra, fogo, ar e água. Ironia do destino: foi a água derramada aos montes na enchente de 1975 em Recife, que arruinou quase todas as 3 mil cópias prensadas do vinil. Sobraram umas 300 que a mulher de Côrtes havia levado para casa e que hoje não mudam de dono por menos de R$ 4.000. Do outro lado do Atlântico, o Yesterday and Today dos Beatles é um sobrevivente de outra catástrofe, mas de ordem moral. A capa do álbum, com os quatro meninos envoltos em cabeças de nenê de plástico e pedaços de carne, foi um escândalo tamanho que a gravadora apressou-se em colar adesivos brancos sobre os encartes. Hoje, tanto as cópias com adesivo quanto as sem valem entre US$ 10.000 e US$ 40.000 em sites como o eBay. O legal é que em Porto Alegre mesmo há notícias de colecionadores que possuem um desses exemplares originais do Yesterday and Today. Raridades gaúchas Por fim, Porto Alegre também pariu suas jóias. Um original de Por Favor Sucesso, do Liverpool, em boas condições vale R$ 300. Ter disco raro custa caro, mas é um investimento. O vinil nunca morrerá. 13 x noize.com.br


Texto CĂŠdric Fanti

planeta terra 14


O segundo semestre de 2008 foi marcado pelo desembarque de grandes apresentações musicais no país. Tivemos a sorte de receber artistas como Muse, The Hives, Melvins, Kanye West, Klaxons, entre outros—todos de julho para cá. Nenhum deles causou tanto furor quanto o festival mais comentado do ano: o Planeta Terra. Mas como um festival em sua segunda edição pode ser tão popular? Por vários fatores, entre eles o baixo preço dos ingressos, o line-up eclético e uma organização exemplar. O local escolhido foi o mesmo de 2007, a Villa dos Galpões (espaço imenso, ótimo ambiente, péssima sinalização). Como o nome já diz, trata-se de um grande quarteirão recheado de antigos galpões fabris abandonados, reformados para receber toda a estrutura de palco, planejada para grandes nomes, como os veteranos do The Jesus & Mary Chain e os ingleses do Bloc Party e do Kaiser Chiefs entre outros, dividindo 3 palcos: o Main Stage, o Indie Stage e o DJ Stage. Em uma noite não muito fria de 8 de Novembro, cheguei lá às 20 horas. A fila seguia grande e com pessoas das mais variads: punks, indies, tiozões rockers dos anos 80. Não me surpreendi - já esparava que um festival tão variado reunisse tribos diferentes. Só me deu um aperto no coração ouvir, do lado de fora, o Animal Collective terminar sua apresentação, enquanto eu tentava entrar. Foals O show do Foals tinha previsão de começar às 21h e não deve ter sofrido nenhum atraso, pois entrei no Indie Stage lá pras 21h15 e eles já estavam na terceira música. Normalmente, pensa-se que toda banda nova precisa de um tempo para amadurecer as idéias e adotar um determinado comportamento em cima do palco, e o Foals veio mostrar que isso é bobeira. Tocando para um público desconhecido, conseguiram transmitir vitalidade sem precisar de um espetáculo pirotécnico e definitivamente foi um show que surpreendeu a todos. Por outro lado, como já era de se esperar, adotaram uma tracklist completamente baseada em seu primeiro e único disco, Antidotes, lançado no começo deste ano. Foi assim que o vocalista Yannis Philippakis

e sua banda (bastante influenciados por substâncias ilícitas, diga-se de passagem) comandaram a bagunça no começo de noite da Villa dos Galpões. Spoon É engraçado dizer em um espaço tão curto de tempo duas coisas tão contraditórias e relacionadas. Depois de afirmar que os novatos do Foals se saíram muito melhor do que se esperava, é preciso ressaltar que os veteranos do Spoon se mostraram aquém das expectativas. Irônico, não? Mas é a triste verdade. O Spoon, que existe desde 1994 e tem 6 discos lançados, fez um show médio. É difícil de explicar o motivo disso, eu tento da seguinte maneira: pode até ser o desgaste de vários anos na estrada (o que eu duvido, eles pareciam bem satisfeitos no palco), mas o que incomodou realmente foram as tentativas de transformar o que foi feito em estúdio em algo mais elaborado ao vivo. Ao setlist baseado nos 3 últimos discos da banda foram anexadas firulas e efeitos vocais excessivos, que acabaram tirando a alma quase que minimalista do som original. Mas além disso, não houve mais nada que merecesse grandes críticas. Bloc Party Antes que algum fã venha proteger a integridade de seus ídolos, já deixo claro que esta é uma opinião pessoal sobre o show do Bloc Party, que pode não condizer com a sua opinião. Bom, vamos lá: o show do Bloc Party foi péssimo. Confesso que até gostava de alguma coisa ou outra deles, mas depois desse show, perdi minhas esperanças. Tracklist mal escolhida, presença de palco nula, falta de carisma ou consideração pelo público foram algumas características que

consegui captar. Além do que, os picos de animação das pessoas ao meu redor foram em músicas do primeiro disco deles (Silent Alarm, de 2005). Aí eu me pergunto: o que houve com as outras duas gravações? Porque se não foram feitas para serem tocadas ao vivo, de que valeu o trabalho? Creio que o que realmente valeu, e que era o mínimo que eles podiam ter feito, foi o pedido de desculpas depois do lamentável episódio VMB. Kaiser Chiefs Acho que já é do conhecimento de todos que a cena musical britânica está meio saturada de bandas do mesmo estilo do Kaiser Chiefs. Uma boa novidade: essa informação só procede quando comparamos tais bandas em estúdio. Ao vivo, a coisa muda completamente de aspecto e repentinamente o KC se torna único. Não posso dizer que Ricky Wilson estava inspirado, ele é sempre assim, mas sua efusividade e empolgação nos faz questionar sobre a capacidade do fôlego humano. Emendavam uma música na outra, desde as mais conhecidas (“Ruby”, “I Predict a Riot”) até inéditas de Off With Their Heads (“Never Miss a Beat”, “Half The Truth”), lançado neste ano. O melhor show da noite simplesmente nos deu um gostinho de headliner dos grandes festivais europeus. E então… Valeu a pena arriscar entrar em um festival onde a censura não me favorecia e presenciar uma aula de organização. Valeu a pena me perder completamente no caminho, perder shows tão estimados e ainda assim manter o humor. É bom saber que tem gente trabalhando para proporcionar experiências inesquecíveis. Esperaremos pelo ano que vem. 15 x noize.com.br


Texto Carolina De Marchi

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Eles não estão nem aí se você acha brega. A música número um do seu playlist é uma versão do hino nacional brasileiro gravada pelo Olodum. Pop nu e cru é hype, que é CSS. Nessa conversa, o quinteto se mostra igual a sua música: enérgicos, divertidos, adolescentes e escrachados. Depois de falar pelos cotovelos sobre tudo e mais um pouco, ainda me chamaram para dançar ao som de Beyoncée, no camarim. You better get your move on - não tem como cansar. Vocês estão fazendo shows quase sem parar, pararam só durante uns três meses pra gravar Donkey. Como está essa rotina frenética? Lovefoxx: A gente nem pensa mais, fazemos o show e pronto. . É uma coisa que um tempo atrás a gente ficava pensando e sofrendo. Agora a gente não pensa mais, a gente faz nosso show e pronto. Adriano: O bom é que estamos na reta final. Lovefoxxx: Só faltam 26 shows para gente entrar de férias. Ana: Fazer o show é a coisa mais legal, o chato é ficar viajando, dormindo no ônibus, esperando para depois fazer o show. Vocês esperavam de alguma forma um sucesso internacional rápido? Adri: Não... A gente pôs nossas músicas na Trama Virtual e aí eles contrataram a gente pra fazer um disco. Depois a Subpop quis lançar. Lovefoxxx: Desde 2003 a gente já tocava bastante no Brasil. Nós fazíamos uns quatro shows por semana, que é bastante. Luiza Sá: Sabemos o quanto trabalhamos pra chegar aonde chegamos. Lovefoxxx: Agora, passando bastante tempo na Inglaterra, o que eu acho que é rápido são as bandas lá. Adri: A banda faz três shows, nem grava um disco, já assina um contrato de um milhão de libras, já estão na capa da NME, já tem fã-clube, site. A gente neste sentido foi tão devagarinho... Nunca assinamos contrato milionário com ninguém. Pra gente não existe isso, isso é só pra bandas inglesas.

O que vocês acham desse fenômeno da música na web (MySpace, etc)? É uma coisa positiva pelo fato de democratizar a música ou negativa por às vezes jogar bandas na fama sem que elas tenham tempo de amadurecer? Adri: Acho que a mídia é muito imediatista, só querem saber de novidade. Hoje em dia, ninguém quer saber do segundo disco da banda. Lovefoxxx: Ah, mas isso não é culpa do MySpace! Adri: Não, realmente não é culpa do MySpace, mas tem muita gente que usa o MySpace como meio para se tornar conhecida rapidamente na rede. Ana: É, mas eu acho ótimo que você não depende mais de uma grande gravadora para as pessoas ouvirem a sua música. E as pessoas são mais proativas, vão atrás, não estão mais esperando o que o radio vai tocar ou que um disco caia na cabeça delas. Em 2006 vocês declararam que ainda não sabiam se eram famosos e não se consideravam músicos, mas hoje em dia, como vocês se vêem? Ana: Ah, não achamos que somos “famosos”. É muito esquisito, só nos conhecem as pessoas que conhecem a nossa música. Outra coisa é você estar na rua a e as pessoas reconhecerem você, o que acontece às vezes, mas só se a gente estiver andando no quarteirão do show. Carol: Acaba fazendo parte da sua vida, mas não chega a ser uma coisa que atrapalha. Lovefoxxx: Mas a gente não se vê como a banda do momento e as pessoas

que estão olhando são distantes. Ana: Pelo contrário, até acho que as pessoas se identificam com a gente justamente porque vêem que temos um jeito muito natural no palco, toca, pára, dá risada, essas coisas. Lovefoxxx: A gente é a turma de amigos que virou uma banda. É como se o Melrose Place virasse uma banda. As influências de vocês vão além da música, isso é claro. Podem comentar um pouco sobre as influências de arte, cinema e moda? Lovefoxxx: As nossas grandes influências não só na música como na vida, são as Drag Queens de São Paulo. Elas são do jeito que elas são, Come as You Are. Luiza Sá: A gente teve a oportunidade de conhecer muitas delas no mundo inteiro, mas as de São Paulo...não tem nada parecido. Lovefoxxx: E de música, a gente ouve de tudo um pouco. Adri: A gente gosta de música pop. Luiza: A gente tem escutado axé, Olodum...O Olodum tem uma versão do hino nacional que é incrível. Lovefoxxx: Gipsy Kings... é sério! Ana: Destiny’s Child… músicas extrovertidas... A gente fica até com vergonha entre si de ouvir banda nova e boa. Todos: É verdade! Adri: Mas normalmente quando a gente ouve bandas “sérias” são as bandas com quem a gente faz turnê e que a gente gosta. Tilly and the Wall, Ssion, Natalie Portman’s Shaved Head. Aí ouvimos abertamente. The Clash com Pussy Cat Dolls, Sex Pistols com Spice Girls, sa17 >> noize.com.br


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tanic samba, qual foi a melhor definição de si mesmos que vocês já ouviram? Lovefoxxx: The Clash com Pussy Cat Dolls. Tinha uma também que era algo como Ramones com Spice Girls. Ana: Somos mais Spice Girls do que Pussy Cat Dolls, a gente não rebola tanto que nem elas! Por que morar em Londres? Vocês acham que a cultura musical lá é mais forte? Ana: Porque é mais fácil. Nosso visto foi feito lá, nosso agente tá lá, nosso empresário, nosso publishing, nosso cartão de crédito, agência bancária. É conveniente. Também porque lá tem uma cultura musical muito forte, todos gostam muito de shows, de rock, ... Adri: Sim, existe uma indústria atrás da música que não tem em nenhum outro lugar do mundo. Ana: A Ivete Sangalo de lá é o Coldplay, ou o Franz Ferdinand. Em qualquer hora você liga a TV e tem algum show ou entrevista rolando com alguma banda que você nunca ouviu falar. Adri: Isso compensa todo o resto que não presta! A escuridão, a chuva, a comida ruim. Vocês disseram que o público de lá é louco, mas também é muito exigente... Lovefoxxx: O público de lá adora se divertir. Adri: Se eles saíram de casa, querem beber até cair, se faz cinco graus eles vão tirar a roupa e achar que é verão, é muito legal. Lovefoxxx: Em Glastonbury, com toda aquela chuva, e eles nem aí, dançando na lama, durante uma semana, uhuuuuuu! As raízes de vocês são underground, mas acabaram fazendo muito sucesso no mainstream. Vocês se consideram under ou mainstream? Ana: A gente não tem muito problema

com isso, o lance é não se sentir desconfortável. No Brasil por exemplo nos chamaram para ir no Faustão e a gente disse que não. Adri: Já se fosse ao programa da Hebe, daí a gente ia com certeza! Ana: Não temos essa coisa de “ah, estão se vendendo”. Não teríamos nenhum problema em ser uma banda gigante dessas que toca em arena, mas a gente nunca vai ser. Lovefoxxx: Aaaai Ana!! Ana: Não, gente, a gente nunca vai ser a Maria Carey, por mais que eu quisesse! Adri: Abrir o show pra Gwen Stafani foi o mais próximo que a gente chegou dessa realidade. Ana: Preferimos abrir 80 turnês para a Gwen Stafani do que abrir uma turnê para uma banda séria, tipo o Radiohead. Primeiro porque a gente ia morrer, porque as pessoas iam jogar coisas na gente. Adri: Quando abrimos para o Bloc Party, eu saí de lá com uma diarréia só de olhar para a cara daquelas pessoas assistindo ao nosso show com cara de choro. Ana: Nosso público é o do Holiday On Ice! Adri: Mães, crianças, adolescentes, alcoólatras, e não estudante de filosofia que vai ficar sofrendo com uma cara de quem tá com diarréia. Como foi o processo de gravação do segundo disco? E como foi a volta ao Brasil? Adri: A gente tava em turnê desde 2006, completamente loucos fazendo show, mas eu sou meio workaholic. Viajo com meu computador e estava toda hora fazendo música. Aí chegou um dia: ó, temos essas músicas que a gente pode gravar.Tínhamos três meses pra gravar o novo disco. Ana: As músicas ficaram muito legais de tocar ao vivo.Foi a primeira vez que voltamos sem estar fazendo turnê. Adri: Pensamos: vamos deixar simples, vamos gravar esse disco da maneira que

a gente vai tocar, até porque não tinha muito tempo para produzir. Fizemos um álbum que é a nossa cara. Foi super bom, rápido de gravar, indolor. Carol: Ir pra São Paulo e não ter que fazer nada é ótimo, pois naquela cidade só pra ir a um lugar fazer algo, você já perde metade do seu dia. Então estar lá fazendo o seu tempo é ótimo. Ana: Fazer isso em São Paulo é um privilégio, é um luxo. Luiza: E o show no Terra foi muito foda. Lovefoxxx: A gente queria muito fazer um show no Brasil agora, mas ninguém, nos convidou... O que vocês estariam fazendo se não fosse música? Adri: Faríamos o que sempre fizemos em São Paulo: teríamos a banda, empregos normais, odiando, xingando e bebendo mais. Ana: Porque em SP é assim, você trabalha, mas sai de segunda a segunda, acorda de ressaca, fica vomitando no trabalho. Então na verdade ficamos mais saudáveis do que a gente era. Lovefoxx: Agora não tem aquele mesmo desespero pela festa. E quando acabar essa turnê? Brasil ou Inglaterra? Luiza: Dia 21 de dezembro. Adri: Eu volto para o Brasil em janeiro e no fim de fevereiro temos uma turnê na Austrália. Daí vamos ficar uns seis meses de férias e depois vamos começar a pensar no disco novo, tipo em julho, agosto. Ana: Precisamos dessa pausa.Apesar de que durante esse tempo vamos acabar nos vendo todos os dias. É muito engraçado porque às vezes nas bandas os caras nem se falam, mas a gente não pode passar muito tempo sem se falar, sem se mandar e-mails. Luiza: Já temos um mundo muito nosso, que fica até difícil compartilhar com outras pessoas.



Texto Carolina De Marchi

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Tudo começou quando ela resolveu gravar uma música respondendo às letras machistas de alguns rappers franceses, mais especificamente Cuiziner, do grupo TTC. A música Short Dick Cuizi chamou atenção no perfil pessoal de Yelle no MySpace e acabou virando sucesso depois de ser produzida por seu amigo Gran Marnier. Quem já não dançou ao som de “Je veux te voir”? Carregados de sotaque francês, o trio pop transbordou simpatia ao conceder essa entrevista exclusiva à NOIZE, na Europa. Sua música “Je veux te voir” se transformou em um hit rapidamente, especialmente pelo Youtube. Como tudo começou? Gran Marnier: A banda é formada por nós três: Yelle, Tepr e eu, Gran Marnier. Começamos, Yelle e eu, escrevendo umas coisas em 2005 e a primeira música que terminamos foi “Je veux te voir”, que colocamos no MySpace e fez um sucesso logo na primeira semana. Depois disso, progredimos até produzir o nosso álbum, Pop up (2008), e agora estamos em turnê há mais de um ano. Fazemos shows com instrumentos, fizemos poucos shows como DJ set. Todos nós somos músicos:Tepr está no teclado e eu sou baterista. Yelle: Para nós, é muito importante estar no palco como uma banda. Tepr: É, nós não queríamos ser mais um grupo com DJ set e uma cantora. Essa é a nossa maneira de ser diferente. GM: Eu e a Yelle nos conhecemos numa festa, através de amigos. Então começamos a fazer música juntos. T: Eu e Gran nos conhecemos quando eu escrevi no website dele, depois, via MSN. Quando conheci Julie (o nome de batismo de Yelle) “Je veux te voir” já estava pronta e algumas outras músicas do álbum estavam sendo compostas. Agora vocês estão populares em países de língua inglesa também. O que vocês acham disso? Estão surpresos? Y: Sim, estamos surpresos. É realmente bizarro, porque somos um grupo francês. Mas acho que estamos mais próximos do que seria o novo francês, de artistas como Justice. GM: Não somos exatamente próximos a eles, mas acho que os lembramos, por

fazermos parte da mesma cena. Acabamos de voltar de uma tour nos EUA e foi ótimo, todos os shows foram esgotados, as pessoas estavam muito empolgadas, foi uma surpresa. Afinal eles cantam em francês como nós cantaríamos em inglês, sem entender várias palavras. Isso significa que as pessoas são um tanto abertas. Acho que temos muitas canções que “pegam”, contagiam, são fáceis de ouvir. Você disse em uma entrevista que o álbum Pop Up era sobre a vida de uma menina de 25 anos. Como é esta vida? Y: Não gosto muito de falar sobre problemas e sentimentos ruins.Vivemos em um mundo que não é muito divertido, então prefiro cantar sobre amor, relações, sexo, amigos, festas. Essa é a minha vida, e é fácil falar sobre isso. Às vezes inventamos estórias, escrevemos juntos, gostamos de brincar com as palavras. GM: É evidente que não somos engajados em nossas letras, só cantamos sobre o que há de divertido na vida. T: Não teria sentido cantar sobre o gueto, porque viemos de uma cidade pequena, nada a ver com um guetto. Você também falou, Gran Marnier, que compor músicas pop é um desafio fascinante. GM: Sim. Você tem que pensar na alegria da música, na facilidade de ouvi-la, se é dançante...Você tem que pensar sobre pessoas, não sobre você. Então é algo interessante, pensar em canções pop. As letras de algumas canções são bem “diretas”, quero dizer, falam sobre sexo. Vocês acham que ainda existe um tabu em relação a isso em alguns países?

T: Não temos problema, pois as pessoas sabem que falam de sexo, mas não entendem bem sobre que parte do sexo. Você pode cantar sobre relacionamentos entre meninos e meninas e, claro, há sexo neles, mas também há amor, problemas, outras coisas. GM: Tivemos um BEEP na palavra “caralho” na França, mas nos EUA tivemos um BEEP em outra palavra: Green Card. Y: Em uma música dizemos que se pode ter um Green Card usando um scanner. GM: É, os americanos são meio... hum... paranóicos. Você foi chamada de “musa do tektonik”... Y: Na verdade não sou! Decidimos fazer um videoclipe para um remix e queríamos colocar dança. Chamamos os caras do tektonik porque sempre assistíamos aos vídeos no Youtube. Mas hoje em dia somos sempre associados a eles... GM: Mas é só isso, Yelle não é uma cantora de tektonik. O que vocês têm escutado? Y: The Do, Lilly Allen, González, Sebastian Tellier, MGMT, Depeche Mode - sempre! Vocês têm mostrado interesse em trabalhar com González. Vocês já chegaram a entrar em contato com ele a respeito? T: Sim, o conhecemos. Mas tem um amigo dele que nos odeia, então é complicado. Talvez no futuro. Y: Precisamos quebrar o gelo...! Quais são os próximos passos de Yelle de agora em diante? GM: Turnês, turnês, turnês, pelo mundo inteiro! Por agora é isso. 21 x noize.com.br


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.: DJ FRED_

Greetings from LA não está entre os álbuns de Tim Buckley mais aclamados pela crítica, talvez por não ser instigante como os anteriores. Mas, se os precedentes caracterizam-se pela mudança constante de estilo, este sintetiza um pouco de todos. Entre psicodelia, funk, groove e excessivas repetições, o pai de Jeff Buckley encontra espaço para experimentos com folk e jazz. Um bom exemplo é a alucinante “Sweet Surrender”, que, além de mostrar a beleza da voz e das letras de Tim, tem um arranjo totalmente imprevisível.

Toquinho_ 1970 “Foi uma surpresa descobrir este vinil. É um daqueles discos que se escuta todas as faixas, direto. Pra mim, foi quase a sensação de descobrir um Jorge Ben novo”

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Texto Ana Luiza Bazerque, Carlos Guimarães, Cédric Fanti, Fernanda Botta, Fernanda Grabauska, Fernando Corrêa, Gustavo Corrêa, Maria Joana Avellar, Ricardo Finocchiaro

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os 20 mais de ‘08 24


Listas de discos do ano são deveras injustas. Se não bastasse deixarem vários ótimos álbuns de fora, ainda tentam colocar em ordem aqueles que incluem. Não estamos aqui para fazer justiça, mas tratamos de conduzir nossa lista dos 20 melhores discos de 2008 da maneira mais democrática possível: uma centena de pessoas do mundo da música foram consultadas. Resgatamos um pouco de cada álbum e deixamos o vigésimo lugar por tua conta. Até porque o ano ainda não acabou.

20º - Este é contigo. Seria o elogia-

do Day and Age, do Killers? Ou o tardio Chinese Democracy, de Axl Rose?

19º

_Oasis Dig Out Your Soul Um disco do Oasis pode ser até mais ou menos, como o famigerado Be Here Now, mas sempre vem bem. Dig Out Your Soul não alcança a fase áurea dos irmãos Gallagher, mas está longe de ser um disco ruim. As primeiras seis faixas, por si só, garantiriam um lugar entre os melhores discos do ano. “The Shock of the Lightning” empolga mais que “Step Out”, “I’m Outta Time” é um belo tributo a John Lennon e tem um igualmente belo refrão. “To Be Where There’s Life” é inspiradora. O Oasis, mesmo limitado pela elogiável sobriedade de seus integrantes, sempre vale a menção.

18º

_AC/DC Black Ice E ainda existe gente que fala que o rock ‘n’ roll morreu ou que não tem força. Elas não percebem que a verdadeira força do rock está na atitude de se fazer aquilo que toca o coração. O AC/DC não tem vergonha e não nega seu passado. Aliás, passado nada, o AC/ DC é uma banda presente, forte e que, sem dúvida, em Black Ice mostra mais uma vez que segue fazendo muito bem aquilo a que sempre se propôs. “Rock and Roll Train” tem sido tocada e mui-

to bem recebida nas festas, mesmo não sendo – ainda – um clássico da banda. Precisa maior prova de que uma banda continua firme e forte sem necessitar usar de ‘hits’? AC/DC é, e sempre será, rock and roll de verdade.

17º

_Portishead Third Depois de de 10 anos sem lançar material inédito e com as mesmas músicas disputando espaço em trilhas de filmes e seriados, o Portishead fez o anti-clímax Third (que de óbvio só tem o nome) para mostrar que era mais do que isso. Os fãs, em um primeiro momento, não ficaram satisfeitos com o resultado. Uma vez abertos para as desconcertantes novidades que o disco trazia, puderam perceber que não se tratava de algo para ser ouvido, mas para ser sentido. Third é doente e angustiante, mas, ainda assim, é doce. Passado o susto inicial, são poucas as mudanças no som característico da banda além da evolução (da agonia) vocal de Beth Gibbons e do aumento dos sintetizadores e guitarras. Um álbum para redefinir o trip hop, que já começava a se mostrar carecido de uma nova forma.

16º

_Vampire Weekend Vampire Weekend Uma das novas bandas queridinhas da crítica surgidas em Nova Iorque, o Vampire Weekend trouxe ares africanos para o rock em 2008. As ba-

tidas super simples da bateria são preenchidas por uma miscelânea composta por afro-beat, reggaeton, ska e mais um tanto de coisas da cultura negra pouco incorporadas pelas bandas indie atuais. “M79” é apenas um dos exemplos. Nela, o som de um violino parece a coisa mais dançante que pode existir. Sem falar em “Mansard Roof” e seus riffs deliciosamente grudentos de guitarra.

15º e 14º _Macaco Bong Artista Igual Pedreiro

_Pata de Elefante Um Olho no Fósforo, Outro na Fagulhas Interessante que duas das bandas brasileiras eleitas nesta votação façam música instrumental com classe. A Pata é uma banda genuinamente gaúcha: exalta as influências sessentistas e setentistas, o blues, a surf music e a psicodelia. Não obstante, o power trio passeia por outros ritmos sem perder a coesão. Não se sente falta de vocal nas 18 faixas de Um OIho no Fósforo, Outro na Fagulha lamenta-se não ter um instrumento em mãos ou se faz um air guitar, enquanto Daniel Mossmann e Gabriel Guedes revezam a guitarra e o baixo ao ritmo da bateria precisa de Gustavo Telles. E é no rock que ele esbarra no manifesto Artista Igual Pedreiro, da cuiabana Macaco Bong. Revelação no independente, a Macaco tem uma mistura ainda mais complexa - passa do jazz ao hardcore em segundos. É um disco mais difícil de 25 >> noize.com.br


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digerir, mas, como as estórias que nos conta a Pata, Artista Igual Pedreiro bota a boca no mundo com melodia e arranjos invejáveis - sem abrir a boca.

13º

_Ting Tings We Started Nothing A revelação The Ting Tings pode não ser muito original, mas seu pop de garagem levemente tosco fez muita gente dançar. Era o que faltava para levar de vez o electrorock das pistas de dança do underground às paradas de sucessos. Antes de lançar o recordista de vendas We Started Nothing, o duo lançou três singles já pela Columbia Records. Entre eles estava “Thats Not My Name”, que desbancou Madonna nas paradas britânicas. Mas o CD de estréia da banda traria hits maiores. Ainda é difícil ir a uma noite rock em que não toque “Great DJ” ou “Shut Up and Let me Go”. Mas, mais difícil ainda, é saber se a banda vai conseguir fazer novos hits tão bons quanto os primeiros.

12º

_Fleet Foxes Fleet Foxes Em meio à profusão de bandas novas, às vezes é difícil pescar o peixe grande. Ainda mais quando ele nada nas mesmas águas que a maioria. Dois mil e oito foi o ano do folk. Assim, a princípio, seria difícil um bando de cabeludos ahipongados de Seattle surpreender. Mas todo preconceito se desfaz aos primeiros acordes de “Sun it Rises”. O laço psicodélico dos Fleet Foxes se estende ao longo do variado CD, com jogos de vocais dignos dos elogios feitos à boa música dos anos 60. Vide a harmonia no início de “White Winter Hymnal”. São os vocais emergindo do folk o segredo simples dos Foxes, na linha do que o The Last Shadow Puppets faz em canções

como “Standing Next to Me”. Eles convencem porque transbordam emoção. Escute “He Doesn’t Know Why”e você entenderá do que estamos falando.

11º

_Supergrass Diamond Hoo Ha Diamond Hoo Ha não é inovador, mas isso passa a ser positivo no momento que ele possui a “velha” qualidade que consagrou o Supergrass como uma das maiores bandas dos anos 90. Depois do atípico Road to Rouen, de clima mais calmo e experimental, o Diamond Hoo Ha trouxe de volta o som animado e dançante característico da banda. O álbum alterna entre faixas com um rock mais pesado, como “Bad Blood”, e baladas mais alegres, como “Ghost of a Friend”, sempre mantendo as músicas cheias de melodia e a sonoridade única de Supergrass.

10º

_Sigur Ros Með Suð í Eyrum Við Spilum Endalaust Sigur Rós é das bandas mais originais que já habitaram a crosta terrestre. E é sempre uma experiência completa: além da inegável experiência transcendente-musical, os videoclipes do grupo são plasticamente belos e de uma sutileza que emociona. Foi nesse espírito que se aguardou o lançamento de Með Suð í Eyrum Við Spilum Endalaust. E o álbum, como se esperava, não decepcionou. As melodias minimalistas, calmas e inspiradoras ainda estão lá. O hopelandic, idioma inventado para que se “sinta” a música sem ter a letra como amarra, continua lá. Tudo está lá, com o bônus de uma faixa em inglês para que o fã estrangeiro finalmente entenda os versos da Rosa da Vitória sem ter que esperar por uma tradução.

_Beck Modern Guilt Beck é conhecido por explorar gêneros musicais bem distintos em cada um de seus álbuns — o rock em Odelay, o rap em Guero, o folk em Sea Change. Então o que faz de Modern Guilt um disco tão comentado? Além de ter uma mãozinha de Danger Mouse, produtor e metade da laranja do Gnarls Barkley, Modern Guilt, ao que se pode perceber, é como uma retrospectiva de toda a discografia do Beck, tornando-se um trabalho multi-facetado. É o artista “reinventando-se a partir de si mesmo”. Parece que ele realmente aprendeu a fórmula para nos presentear de tempos em tempos com canções célebres.

_CSS Donkey Depois de algumas temporadas como os brazucas mais queridos da Europa, o Cansei resolveu assumir de vez que era mais de lá do que daqui. Mudou o nome para CSS e lançou um CD onde não se ouvia uma palavra sequer em português. Mesmo sentindo-nos um pouco traídos, tivemos de admitir (nós e a imprensa mundial) que o resultado foi bom. Donkey mostrou um CSS mais rock, sem perder a graça. Com influências das coisas boas que rolam pelo mundo indie e new rave no qual ele circula (vale destacar a mais do que direta do Klaxons), o álbum foi competentemente produzido por Mark “Spike” Stent, figura que já produziu Björk, Madonna e Radiohead.

_Júpiter Maçã Uma Tarde na Fruteira Júpiter Maçã de-


morou alguns anos até encontrar as condições próprias para o lançamento de seu disco. Depois de sair em 2007 na Espanha, chegou a nossa vez. O Tarde é o Sétima Efervescência que os anos 2000 queriam. É a obra de Flávio Basso explodida e re(des)organizada. Toda expectativa não frustra a audição de hits como “A marchinha psicótica de Dr. Soup”, repleta de poesia jupiteriana. Um pouco mais ao fundo estão heranças da bossa lisérgica de Plastic Soda, como “Carvão Sobre Tela”, e antropofagias (“Viola de aço”), canções que remetem às maiores aventuras de Júpiter, com um frescor de primeira vez.

_Raconteurs Consolers of the Lonely Quando duas grandes mentes da música pop se unem, o resultado não pode ser ruim. Prova disso é Consolers of The Lonely. Consolers tem a mesma qualidade do disco anterior, com o diferencial de ser mais Jack White que Brendan Benson. E isso não é ruim. White pode ser notado na rapidez revigorante das guitarras. Uma ou outra faixa soa White Stripes, mas não importa. O álbum é irretocável. Com base no rock dos anos 60 e 70, não veio para mudar o mundo. No entanto, faz dele um lugar bem mais agradável.

_Kings of Leon Only by the Night O Only by the night é mais que o disco do KOL que dividiu os fãs: é o que consolidou a banda como um dos principais grupos de rock da atualidade. A condição de headline no Glastonbury 2008 ilustrou muito bem essa passagem de uma banda mediana, em termos de apelo comercial, para o patamar de “arena rock band”. O álbum apresenta faixas mais digeríveis, o que

justifica a marcante presença das novas músicas nas rádios do mundo. O mérito do OBTN está na capacidade de aliar a pegada roqueira da banda a pretensões mais pop, resultando numa obra mais comercial sem perder a originalidade.

_MGMT Oracular Spectacular O duo MGMT surgiu com doiscolegas de faculdade querendo tocar a música doidona de sua época. Anos depois, Andrew VanWyngarden e Ben Goldwasser assinaram com uma major, deixaram de soar apenas indie-esquizo e injetaram mais Zombies na sua música. A vocação de Oracular Spectacular tem o lado psicodélico e relaxado de músicas como “4th Dimensional Transition”; tem, também, o lado pop dançante. “Kids” inaugurou o disco nas pistas, seguida pela pancada irônica “Time to Pretend” e o embalo de sábado à noite de “Electric Feel”. Se, como vem acontecendo, artistas seguirem gravando covers de MGMT, talvez eles consigam induzir a alucinação em massa apocalíptica a que almejam.

_Damn Laser Vampires Gotham Beggars Syndicate O fato de Gotham Beggars Syndicate estar tão bem posicionado não pode ser considerado um acaso. Trata-se de um excelente álbum. Por outro lado, a boa colocação não pode ser reduzida a GBS, pois estamos falando dos protagonistas de alguns dos melhores shows que o porto-alegrense assistiu no ano que se encerra. A Damn Laser Vampires é, sem sombra de dúvida, a banda do Rio Grande do Sul que mais se destacou em 2008, e GBS é a manifestação concreta dessa qualidade.

_Little Joy Little Joy Um dos momentos mais saborosos do ano foi ouvir novamente a voz de Rodrigo Amarante. E ele veio muito bem acompanhado por Fabrizio Moretti e Binki Shapiro, que se dividem nos backings. Esse é Little Joy - bem mais Joy do que Little. Além disso, os três nos locupletam das influências mais variadas. Da complexidade do jazz à simplicidade da bossa nova. Pegaram o melhor do reggae, a levada havaiana e uma certa nota hippie e transformaram em algo que não se parece com nada, mas que é muito familiar. Dos roqueiros, ficaram as guitarras e timbres roucos; da moça, a doçura da voz em uma língua estranha.Tudo isso com um chiadinho, daquele vinil bem velhinho, herança do pai que curte Dylan.

_Marcelo Camelo Sou Camelo pode estar só, mas é de todo mundo. Assim, Sou tornouse, entre opiniões mais e menos favoráveis, o disco do ano. Não é de graça. Embora alguns taxem-no de modorrento e excessivamente melancólico, o disco é uma afronta, sim, aos carrancudos. A tranqüilidade litorânea de Sou pode feri-los, mas traz canções que são afagos na alma. Marchinhas, sambas-canção, momentos eruditos ao violão: o compositor e sua banda, Hurtmold, misturam música brasileira de todas as épocas e experimentalismo com harmonia. “Passeando”, “Saudade” - Sou é Camelo arriscando-se na música erudita e dando a cara à tapa. “Liberdade” - Sou é Camelo incrementando o cancioneiro popular. “Copacabana” - Sou é só alegria, exprimida com o talento de um dos maiores compositores brasileiros da atualidade. 27 noize.com.br


império da lã


estilo:mĂşsica


Neste mês, a NOIZE teve a honra de estampar em suas páginas o Império da Lã, a maior banda entre os Impérios Bizantino, Romano, Serrano, Otomano, Persa, Babilônico e Inca. A visita que recebemos de alguns dos Imperadores foi celebrada com um churrasco—com o Império, a coisa não só termina em carne, como também começa. Os próprios definem a banda como “feita para tocar em açougue”: a graça está nas churrascadas. Foi nelas que tudo começou, que as músicas são escolhidas e os ensaios acontecem. Assim surgiu o Grande Baile Show, com um repertório que vai de Frank Sinatra a Black Sabbath. Antes de falar mais, é melhor explicar o que significa essa junção de músicos das mais diversas bandas gaúchas, entre eles Carlinhos Carneiro (Bidê ou Balde), Guri Assis Brasil e Guilherme Almeida (Pública), Chico Bretanha (Groove James), Guilherme Netto (Stratopumas), Pedro Petracco (Cartolas), Gustavo Foppa (Valentinos) e Jojô Lala (Volantes). “A idéia sempre foi essa: uma banda que tivesse a versatilidade de poder tocar qualquer tipo de repertório, juntando qualquer tipo de músico de qualquer lugar. Por exemplo, se quisesse tocar um Rockabilly, poder chamar os guris do Acústicos e Valvulados, se quisesse tocar Reggae, o cara da Chimarruts”, conta Carlinhos. Chico completa: “A base da banda tá nisso, sem formação fixa, sem repertório fixo, sem telefone fixo”. Já passaram pelos palcos do Império gente da Ultramen, Pata de Elefante, Subtropicais, Rock Rocket, Alcaloides, Fresno, Planondas, Borracharia e Apanhador Só. Mas voltando aos projetos, um dos mais conhecidos e aclamados pelo público e pela crítica é o Classic Álbuns, no qual grandes discos, escolhidos com ajuda da comunidade no orkut, são tocados na íntegra, sempre com convidados especiais. Entre as pérolas que já foram prestigiadas estão Roberto Carlos em Ritmo de Aventura, Magical Mystery Tour, dos Beatles, A Sétima Efervescência, do Júpiter Maçã e o épico Unplugged, do Nirvana. Em janeiro, o Porão do Beco reserva três quintas para um revival das melhores edições do ano: O Bloco do Eu Sozinho, do Los Hermanos, The Imacculate Collection, da Madonna e Is This It e Room On Fire, do The Strokes. Vale lembrar que quem pagou menos nos shows desse ano ao levar peças de roupa para doação ajudou os desabrigados de Santa Catarina, em uma ação da Campanha do Agasalho Império da Lã 2008.

Fotos e Dir. de Arte: Rafael Rocha Assistência de Fotografia: Lucas Tergolina Produção: Mely Paredes e Bianca Montiel Assistência de Produção: Maria Joana Avellar Texto: Maria Joana Avellar Figurinos:Vulgo e acervo MissinScene Agradecimentos: Felipe Pedri, Marco Chaparro, Helga Kern, Necca Wortmann, Gabi Guimarães, Diego Furlani, Lia Assis Brasil

Em 2009, esse projeto vai continuar e alguns nascerão, como o Império Convida: “Nesse, nós queremos chamar grandes nomes do jazz, da música nativista. Gente mais velha, um bagulho sério”, conta Carlinhos. Um espetáculo para teatro também está incluído nos planos do Império. O Tudo é Preza vai ser marcado por um garimpo de canções (estão aceitando colaborações de compositores, dá para mandar através do site www.imperiodala.com.br), músicas próprias e versões de canções de músicos como Júlio Manzi, Tonico e Tinoco e Eraci Rocha. Outros espetáculos, como a trilogia Saudades de Beber, Preguiça de Dormir e Quem não chorou com a morte do Ayrton Senna?, estão incluídos nos planos da banda para o ano que vem. Preparem-se para encontrar bastante gente diferente no palco. Inclusive eu.





Agradecimentos Music Box Estúdio www.musicboxestudio.com.br (51) 3325.1154

Texto Luna Pizzato

na fita

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a r descreve que melho ra es av d al e p d a ousar e dúvida, medo de não Esta é, sem m e . te o “S çã e: ão va n ad o e id In a qu de qual uma band eitação” zer música Studio 81, rmas de fa e se tem ac fo o s rt te ce n á re d se er b sa cobrir dife os nunca vam testarmos, Andrez. a st ri ar it eçaram – fala o gu enzo com udio e Vic lá rgindo C r, su u rt Andrez, A sicas foram ú s o m ig as am toda o d sa história Os quatro orém quan am levar es diversão, p s de er r ai lv o n p fi so r s re o ca , a to s ensaios n rnando fiel o to e se ta lis o ca e o públic um bom vo contraram a sério. En i. ram le está inisemana vira para quem co atípica u as. Por o ri p p m ró u músicas p cterística ra as ca en a mas ap m u m Eles têm OFX – algu . s eles toca 182 ou N k seus show rio p s lin o B ró n p r : o e vi d u o cian m diferente sando em so en p m u , vá m isso, não da -, mas si ão cias da ban , por isso n das influen e dar certo d eo d p a e x u q ei m hobby a única qu tes. stamente ue este é u n q ju ia é ic am in ta it es ed as d E Acr ades. s para ban é oportunid s e festivai te escolar dispensam e de lugare do ambien ad ed ra ri fo va e d ca a u h o n p ve a e s: le vo qu mudar. um incenti ris, precisa A falta de , para os gu e u q a m uda le b re juntos aj outro pro rem semp m ta co es z e fa s o te ig tre a gen serem am e existe en ar no u o fato de tr , q n es ia ce n el s a to o n n ar P “A si , tempo em frente: ao mesmo a seguirem divertir e, s o Vicenzo. n ta s o lis m ca que consiga zendo” – conta o vo os fa úblico tam que estam r com o p gi ra te te en in m é em nexão so ação deles istir uma co estão a preocup adianta ex soas que ão Uma outr n es p w o as sh m o d co ra o ém b bém: “Na h existir tam a Andrez. Ela precisa o” – explic h al entre nós. ab tr o ss o n o o as pred prestigian as idéias, m s com vári o ntão tá, am E st .” “E co u de planos: sas um po to o le ri ep cu R uardar. ? as ag as pesso E o futuro terá que lar. Deixar dia deles, fa sa u o ão n a s m o u ferim rir mais er descob quem quis le a pena. va e u q po Mas anteci



Abra. Destaque. E cole na parede.

Agenda FACE TO FACE Dia 15 de dezembro - Casa do Gaúcho Um dos maiores expoentes do hardcore californiano, o Face to Face sempre se destacou por aliar a pegada rápida do estilo a melodias contagiantes. Depois de ter “acabado”, a banda volta à ativa com a turnê mundial que passa por Porto Alegre no dia 15. O setlist que vem sendo tocado na tour não poupa hits dos melhores anos da carreira dos caras, na década de 90. “You Lied”, “Blind”, “A-OK”, “I Want”, “Pastel” - é tanto petardo que não cabe aqui. O show que faltava para quem curte punk rock.





reviews o que entra por uma orelha e n達o sai pela outra


THE KILLERS

BRITNEY SPEARS

Day & Age

Circus

O The Killers volta a lançar um álbum de inéditas e, mais uma vez, mostra talento inegável para compor hinos indie rock. Depois da inigualável “Mr. Brightside” e mais um punhado de boas canções em Hot Fuss, de “Read my mind” e algumas de Sam’s Town e, até mesmo, “Tranquilize” e uma que outra do residual Sawdust, a banda de Las Vegas oferece ao menos uma seqüência inicial marcante: “Losing touch”, “Human” e “Spaceman”. Em seguida, a irregularidade comum à maior parte das bandas pop dessa década. Alternando boas e más, destacaria a doce “I can’t stay”, a contagiante “This is your life” e a densa “Goodnight, travel well”. Pode-se afirmar decisivamente que o Killers deixou mais alguns refrãos para o seu dia-a-dia. Escolha um, mas lembre-se que vai ser difícil esquecer depois. Gustavo Corrêa.

Em Circus é possível encontrar um equilíbrio entre a Briney que procura voltar as raízes inocentes e a Britney que se libertou no CD anterior. Mesmo que nenhuma faixa seja tão surpreendente quanto as do fora da casinha Blackout, muitas são boas. Destaque para as dançantes “Circus”, cuja letra é fraquíssima, e “If You Seek Amy” (F U C K me?), a tentativa de imitar divas da black music em “Mmm Papi” e a inspirada em Pussycat Dolls, “Kill the Lights” (com um trechinho roubado da one hit girl Lady Sovereign). A nova versão da princesa do Pop ainda se inspira em baladas emo sem guitarras e em artistas teens que colheram os frutos dela, como Miley Cirus. Mas é quando ela soa como a boa e velha Britney Spears que o CD convence. Maria Joana Avellar

GUNS N’ ROSES Chinese Democracy

Depois de US$ 13 mi gastos, de 14 anos de espera e de inúmeros adiamentos, todos esperavam que Chinese Democracy fosse um lixo. Ledo engano. Se a lenda virou folclore, a entrega do sexto disco de estúdio do Guns N’Roses, primeiro de inéditas em incríveis 17 anos, superou as expectativas. O ponto negativo de tanta demora é que, por vezes, o álbum parece fragmentado com as modas (boas e ruins) do rock em uma década e meia (industrial, eletrônico, nu-metal). Mas, descontadas as firulas eletrônicas e o misencene dos novos integrantes no palco (puxa vida, balde de pipoca na cabeça não dá!), Chinese Democracy é um ótimo disco de hard rock. “Chinese Democracy”, “Better” e “Catcher in the Rye” poderiam perfeitamente estar no Use Your Illusion.As críticas foram divididas, dando ao disco uma conotação de “ame-o ou deixe-o”. Faça o seguinte: esqueça a história e apenas escute o álbum.Você vai acabar admitindo que é bom. Carlos Guimarães

B.B. KING One Kind Favor

O blues hoje em dia pode não estar tão em alta a ponto de servir mais de influência do que de segmento musical—mas desde quando o dedilhado suave e provocador de uma guitarra tocada por B.B. King precisou estar em voga pra ser bom? Está certo que, ouvindo este CD, não vemos nada de novo nas composições. Mas o blues sempre foi isso, instigante, às vezes triste, às vezes alegre. King sempre foi mais alegre e, neste álbum, mostra todas as tendências do blues como em “I Get So Weary” e “Sitting on Top of the World”, que são dançantes, “Get These Blues Off Me” e “Backwater Blues” são sedutoras e “See That My Grave is Kept Clean” e “How Many More Years” ainda tem a sonoridade dos antigos blues dos anos 30. Ricardo Finocchiaro

PÚBLICA

Como Num Filme Sem um Fim

Se, no disco anterior, a Pública soava mais verdadeira nas faixas tristes, em Como num filme sem um fim, a verdade aparece nas melodias alegres. Os metais de “Sessão da Tarde” lembram a fase áurea de Belle and Sebastian e a letra de “Há Dez Anos ou Mais” consegue mostrar sensibilidade latente sem chegar perto da pieguice. A promissora “Casa Abandonada” faz qualquer vivente sair atirando-se pelas paredes (que sustentem qualquer construção, abandonada ou não). “Quarto das Armas” e “Canção do Exílio”, conhecidíssimas do público, ganham boas versões de estúdio – e finalmente se pode ouvir propriamente a voz do pianista João Amaro, ao contrário do que acontece nas casas de show da cidade. O ponto fraco fica em “Justiceiro” e em “Luzes”, que parece não ter muita relação com o resto do disco. Fernanda Grabauska 43 noize.com.br


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MARCELO D2

BEYONCÉ

I am... Sasha Fierce

A Arte do Barulho

BADEN POWELL

cds :::

reviews

Baden Plays Vinicius

O pseudônimo não liberta Beyonce dos estigmas do gênero no qual reina desde 2003, mas dá segurança para que ela escancare sua religiosidade e mergulhe de cabeça no irresistível mundo da música eletrônica. Em faixas como “Radio”, “Sasha” nem sequer toca no R&B, que, felizmente, reina mais forte do que nunca na maioria das faixas, salvando o primeiro CD da breguice completa. Ainda que o segundo disco seja mais dançante, para os fãs de “Crazy in Love” e “Déjà Vu” resta apenas o hit de estréia “Single Ladies”. A mistura do álbum é coesa, mas vai dividir opiniões. A minha é favorável. Maria Joana Avellar

A Arte do Barulho é garantia de música brasileira original, que vai além do rap com samba assim como extrapola a repetição do que já foi feito nos outros discos de D2, principalmente nas letras. Era de se imaginar tanto que ele viria com um disco bem produzido e com algumas inovações no estilo, quanto que repetiria seus jargões de outros álbuns. As 12 faixas contam com participações como as de seu filho Stephan, de Seu Jorge, Renata Sá, e numa das melhores do disco, Medaphor. Neste contraponto entre inovar e repetir as mesmas fórmulas, D2 segue enfumaçando tranquilo. Bruno Felin

DiscografiaBásica Pet Sounds

Pet Sounds foi o grande álbum de 1966 e um dos maiores de todos os tempos, inspiração para Sgt. Pepper’s, dos Beatles. Nele, o líder Brian Wilson atestou sua genialidade pouco antes de sua mente virar suco de clorofila. A bolacha marca a carreira dos Beach Boys ao traçar uma revolução na música pop com seus vocais doces e sua inventividade harmônica. Pet Sounds abala os conceitos de qualquer ser humano sensível. Os riffs que marcavam o Beach Boys surf music são desnecessários: sai a guitarra, entra o piano e os arranjos de cordas. As melodias afiadíssimas dos irmão Wilson atingem o ápice em canções tristes, como “God Only Knows” (a música que fez Paul McCartney chorar) e a perfeição pop até o osso de “Wouldn’t it Be Nice”. As as garotas continuam sendo a preocupação mais evidente—além dos arranjos fantásticos e dos vocais que se entrelaçam formando um som de textura quase eletrônica.

por Fernando Corrêa

Se Baden Powell soubesse que morreria 5 meses depois, talvez optasse por interpretar algumas outras canções de sua maravilhosa parceria com Vinícius de Moraes. Se lhe avisassem “são teus últimos 5 meses de vida”, decerto colocaria na tracklist algum outrto afro samba famoso, como “Berimbau” ou “Canto de Ossanha”. Mas mesmo que lhe chegasse um aviso do mesmo céu de onde parecem ter caído as 8 execuções registradas neste disco, e o aviso lhe alarmasse sobre a partida iminente, Baden não haveria de tocar nem menos intenso, nem menos triste, nem menos tranquilo, nem menos lindo que aqui. F.Corrêa

BEACH BOYS

Today!

Ao falar de Beach Boys, é difícil não girar em torno de Pet Sounds e Smile (o disco perdido - sua versão de 67 não foi lançada, e a de 2004 é com Brian Wilson solo). Poucos conhecem Today!, um disco que exerceu um papel tremendo no baque do som dos garotos. Marca o momento, no meio da década de 60, em que o mestre Brian mergulha no mundo melancólico da criatividade drogada e produz esta espécie de pré-Pet Sounds. Os vocais carinhosos de faixas como “Please Let Me Wonder” revelam um compositor cada vez mais sensível, que encontra, com aura renovada, os mesmos temas praianos de antes em belezuras como “She Knows Me Too Well”. O confinamento de Brian rendeu esses três discos, presenças obrigatórias em qualquer discografia básica da banda. Porém o delicioso Smile, de “Heroes and Villains” e “Good Vibrations”, fica de fora para dar lugar ao disco seminal do legado beach boy: Surfin’ USA. Surfin’ USA

Surfin’ USA é bem dividido entre faixas instrumentais que transitam entre a surf music e o blues do West Side. Em “Farmer’s Daughter”, Brian Wilson se arrisca nos falsetes pela primeira vez—sem saber que, mais tarde, os vocais bem harmonizados seriam um dos ovos de ouro da banda. E foi nas faixas cantadas que os Garotos da Praia mostraram a que tinham vindo, até porque instrumentais como “Surf Jam” não representavam novidade. São filhas de “Misirlou”, a clássica de Dick Dale que recebe cover em Surfin’ USA. Os metais de “Let’s Go Trippin’” parecem um esboço do que viria a ser “Barbara Ann”, quando o grupo, então destacado por levar a surf music ao topo das paradas do pop, presentearia o mundo com o banho de musicalidade de Pet Sounds.


THE BAND The Last Waltz

::: dvds

JUSTIN TIMBERLAKE Future/Loveshow

Este DVD mostra porque Justin Timberlake é o único artista sobrevivente da onda de boy bands dos anos 90, mas lembra um pouco seus tempos de *NSYNC. Enquanto as coreografias são reproduzidas fielmente,as músicas recebem novas versões: não perdem a qualidade do CD e valorizam-se por estarem sendo tocadas ao vivo. Ironicamente, é possível sentir falta de mais participação de JT, que some não apenas nos novos arranjos, mas também entre as dúzias de dançarinos que dividem o palco com ele. Salvo alguns momentos em que o ritmo do show diminui, seu carisma, o domínio dos vocais e as escapadas para o piano seguram o espetáculo. Maria Joana Avellar

BRANFORD MARSALIS

A Love Supreme Live

A contribuição de John Coltrane para a música tem algo de mística: ele atribuía sua desenvoltura com o sax a um poder superior que teria encarnado em seu corpo. Ninguém ousa questionar a influência do homem, mesmo que não saque nem a epiderme das famosas “camadas de som” exaladas por suas melodias insanas. A Love Supreme é essencial por conciliar amigavelmente as múltiplas influências de Trane, do hard bop ao free jazz. Deveria ser um álbum sem brecha para reinterpretações. Mas tive que me render à fantástica apresentação do quarteto de Branford Marsalis. O mais “solto” dos irmãos Marsalis não deixaria Coltrane decepcionado: Branford faz improvisações selvagens ao sax, e sua imagem chega a se confundir com a do mestre; ao mesmo tempo, não foge da linha melódica da obra original. Enquanto isso, a cozinha ferve numa pegada cavalar, com destaque para Jeff Watts quebrando tudo na bateria. Tudo isso, com a direção e o som surround, confere à performance uma intensidade digna de Coltrane. Gabriel Resende

Depois de 16 anos de estrada, uma banda – boa o suficiente para se chamar “The Band” – decide despedir-se dos palcos com um show no Winterland, famosa casa de shows do lendário Bill Graham, no Dia de Ação de Graças de 1976. Antes da apresentação, repleta de convidados especialíssimos, o tradicional jantar de “Thanksgiving” era servido aos cinco mil sortudos espectadores, enquanto poetas recitavam e a Orquestra de Berkeley regia os passos dos dançarinos no salão. É sobre este território que o renomado diretor Martin Scorsese concebeu o primogênito de seus filmes musicais. The Last Waltz é um documentário líquido. Scorsese optou por alternar entre entrevistas com os integrantes da The Band e seletas partes do show, sem ordem cronológica – o registro em áudio, na íntegra, tem quatro CDs. Mais do que um concerto qualquer, o filme narra uma época primordial para a música. Uma história contada coletivamente através de acordes e palavras. Com o modesto nome, a banda reuniu na célebre noite os conterrâneos Neil Young e Joni Mitchell, o doidão Dr. John, Eric Clapton, Muddy Waters, Ron Wood e Ringo Starr, entre outros. É claro que não poderia faltar Bob Dylan, que escolheu Robbie Robertson, Rick Danko, Garth Hudson, Richard Manuel e Levon Helm para acompanhálo quando resolveu se eletrificar. Para quem não sabe, “The Band” é aquele pessoalzinho que foi xingado junto com Dylan na célebre tour londrina do tiozão em 1966, registrada em outro dos documentários musicais de Scorsese: “No Direction Home”. Entre os pontos altos do show, vale citar o incrível duelo de guitarras entre Clapton e Robertson em “Further On Up The Road”, a emocionante interpretação de “Helpless”, em que Joni Mitchell faz os backing vocals para Neil Young diretamente dos bastidores do palco, e a incrível “I Shall Be Released”, cantada por todos os convidados. “The Last Waltz” é o registro definitivo de um dos mais finos encontros que a música já produziu. Gabriel Resende

SEVERO EM MARCHA

O Tempo é Quando Eu Quero

A marcha de O Tempo É Quando Eu Quero é mesmo forte. A base musical da Severo, arraigada no rock and roll que se faz hoje, não condiz com o que a banda apresenta em seu disco. Não se trata de uma crítica: é muito válido quando uma banda consegue tocar rock que não adere a clichês. Com produção excelente e harmonias bem elaboradas, o disco enriquece o inventário musical sulino com aquele gostinho de rock gaúcho - vide “Richard Gere”. Mas basta escutar a faixa-título e suas nuances para perceber que a aqui se não pretende restringir a música a rótulos.

LAUTMUSIK

A Week of Mondays

Numa época em que astro de seriado pré-adolescente é chamado de indie, é sempre bom quando alguma banda vai à origem da coisa. O termo “indie” foi cunhado no Reino Unido do final dos anos 80. A Lautmusik resgata essa época extremamente influente para a música: com um ótimo trabalho de guitarras e vocais, A Week of Mondays emula My Bloody Valentine, Jesus And Mary Chain e The Cure num EP de apenas quatro faixas. Podem ter certeza que o quinteto sabe o que faz. Em tempos em que tudo é milimetricamente calculcado, honestidade é sempre bem vinda.

45 noize.com.br


Divulgação

007 QUANTUM OF SOLACE

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cinema :::

reviews

de Marc Foster (2008)

VICKY CRISTINA BARCELONA

de Vários (2008)

insossa Olga Kurylenko, atriz russa que interpreta uma colombiana e atravessa todo o filme com a mesma cara de emburrada (Eva Green deixa saudades), ou do vilão sem graça (Mathieu Amalric, de O escafandro e a borboleta), clone de Pedro Cardoso. Nem a música tema, cantada por Jack White e Alicia Keys, se salva. Mas Daniel Craig e Judy Dench valem mais um filme, e resta esperar que o próximo, ao menos, tenha uma história que faça sentido. Samir Machado

QUEIME DEPOIS DE LER

Divulgação

Vicky Cristina Barcelona, título da mais recente produção do diretor Woody Allen, consiste em uma verdadeira ode à cidade espanhola. O filme, estrelado por um elenco de peso formado pela tríade Javier Bardem, Scarlett Johansson e Penélope Cruz, é uma trama leve, dotada de certo frescor e da recorrente graça neurótica própria do diretor. Barcelona está perfeitamente representada pelas obras arquitetônicas de Antoni Gaudí e pelos elementos envolventes da música espanhola. A trilha sonora de Vicky Cristina Barcelona é formada pela colagem de inúmeros aspectos da sonoridade local, o que resulta em uma reunião de faixas que refletem a alma espanhola. As músicas consistem em acordes precisos da guitarra flamenca, incluindo ainda o talento pouco conhecido da banda indie Giulia y los Tellarini, que assina com humor a faixa título do filme, “Barcelona” e completa sua participação com “La Ley Del Retiro”. A trilha sonora da produção é um reflexo perfeito do filme e, conforme ressaltou Woody Allen, pode ser considerada uma das mais adoráveis trilhas dentre toda a sua obra. Segundo o diretor, la banda sonora foi composta pela junção de itens advindos da música de artistas tradicionais com o talento pouco conhecido de outros. Essa mixagem eclética de estilos teve por intenção, sobretudo, traduzir a essência da Espanha. Marcela Gonçalves

Se Jason Bourne era, no começo, uma releitura de James Bond, o famoso agente, agora, virou uma cópia dele. A expectativa era alta, já que o filme, de título intraduzível, é o primeiro 007 com um diretor conceituado. Mesmo assim, o filme é confuso: a montagem ultra-rápida das cenas de ação faz os dois últimos filmes de Bourne parecerem em slow motion, e o resultado é que ninguém entende bem o que está acontecendo... mas alguém dá tiros e alguma coisa explode. A trama apenas fecha as pontas soltas do excelente Cassino Royale, o que dá ao filme um ar de continuação maior do que qualquer filme de 007 já teve. A boa notícia: Daniel Craig leva o filme nas costas, dando ao sarcasmo do personagem um tom mais afiado e agressivo e aproximando-se do tom de Sean Connery, o mais paradigmático James Bond. Se o ator ganha o posto de segundo melhor Bond, o mesmo não pode ser dito da bondgirl da ocasião, a

de Joel e Ethan Coen (2007)

Após o Oscar com o forte Onde os fracos não têm vez, os irmãos Coen voltam à comédia, fechando uma trilogia de comédias de erros com George Clooney. Aqui, informações de um recémdemitido analista de baixo-escalão da CIA (John Malkovich) vão parar nas mãos de dois personal trainers (Frances McDormand e Brad Pitt), que tentam chantageá-lo. Ao mesmo tempo, a esposa (Tilda Swinton) do analista está tendo um caso com um agente de segurança mulherengo e paranóico (George Clooney). A verdade é que nada de realmente importante está acontecendo, mas os personagens não parecem ter noção disso. O humor surge justamente dessa falta de noção generalizada, enquanto dois agentes da CIA tentam entender porque raios toda essa gente faz confusão por

tão pouco ou quase nada (e é aí que Pitt rouba a cena, como um boboca tão semnoção que parece uma criança crescida brincando de espionagem). Como nos demais filmes dos irmãos Coen, todos são patéticos até o momento em que começam a ir longe demais – e aí você decide se fica horrorizado ou se ri do humor negro. Samir Machado



O QUE VOCÊ FARIA? de Marcelo Piñeyro (2005)

cinema, internet & games :::

reviews

ASSISTA videos do mes

Sete executivos são reunidos em uma sala, todos candidatos a uma vaga aberta em uma grande empresa. Enquanto, do lado de fora do prédio, ocorre uma manifestação contra a globalização, o grupo é informado de que participará de um novo tipo de teste de seleção e dinâmica de grupo, chamado de Método Gronholm – e o que se inicia então são uma série de jogos psicológicos que, como num reality show, vai eliminando os candidatos um por um, ao mesmo tempo em que expõe suas fragilidades e seus valores morais num jogo psicológico tenso e intrigante. Dirigido pelo argentino Marcelo Piñeyro (de Plata Queimada), O que você faria? prima pelo excelente elenco e pelo roteiro engenhoso, adaptado de uma peça de teatro. Samir Machado

>> Jay Z ft. Santogold Brooklyn Go Hard É, o Brooklyn é foda. Confere a mistura do rap com o indie de Santogold. Para completar, Kanye West na produção.

CAFÉ DA MANHÃ EM PLUTÃO de Neil Jordan (2008)

Patrick Brady (Cillian Murphy, de Extermínio) é um garoto delicado que, cansado das agressões da mãe adotiva, decide fugir de sua cidadezinha na Irlanda e ir atrás da mãe biológica e do amor verdadeiro. Em Londres, renasce como o travesti Kitten, torna-se cantor de cabaré e, sempre otimista e sem-noção do perigo, envolve-se com o vocalista de uma banda de glam-rock, com terroristas do IRA, com dançarinas de peep-show e com um serial killer, sem deixar que nada contamine sua visão cor-de-rosa do mundo, tudo isso embalado por uma trilha sonora que resgata o clima dos anos 60/70, período em que se passa a história. Em seu caminho, é auxiliado por um padre, que pode ser seu pai biológico (Liam Neeson). Dirigido por Neil Jordan (de Traídos pelo Desejo). S. Machado

Games NEED FOR SPEED UNDERCOVER

Parece que os criadores da série Need for Speed andam, de certa forma, indecisos. Nesse último lançamento, você é um agente disfarçado, que busca acabar com uma organização que atua nas corridas de rua. Novamente o jogador tem a oportunidade de correr pela cidade, no entanto, dessa vez, na maioria das vezes, é permitido apenas que você siga a pista definida, sem atalhos, e praticamente sem tráfico algum para dificultar o game. Os efeitos visuais com relação à aproximação dos veículos no momento da ultrapassagem foram substancialmente prejudicados.A jogabilidade também foi alterada, e para pior, mas a parte sonora do jogo, como sempre, está impecável. Uma pena, pois muitos dos fãs da série com certeza esperavam mais. Eduardo Dias

>> Trashcan Sinatras Oranges and Apples Como o nome indica, um tributo muito bem ambientado ao Pink Floyd original, Syd Barrett.

Agradecimentos à JP Eletrônica – Assistência Técnica :: www.jpeletronica.com Pça. XV De Novembro, 66 – Sala 1010 - Porto Alegre :: Tel: (51)3012.8721 | 9129.9399

>> Thom Yorke Harrowdown Hill (remix) Thom Yorke resolveu “doar” um remix da faixa de seu disco solo, The Eraser, para comemorar a eleição de Obama. >> The Raveonettes Come on Santa Natal lisérgico. O duo deseja um feliz Natal para todos, do fundo do coraçao.

Foto Games: Reprodução

BAIXE

musicas do mes

Divulgação

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reviews shows :::

CYNDI LAUPER

Teatro do Bourboun Country, 19 de Novembro

A notícia de que Cyndi Lauper passaria por Porto Alegre foi mais surpreendente do que a vinda de Madonna ao Brasil. Assim como com o lançamento do inédito Bring Ya To the Brink este ano, eu não sabia o que esperar. Fiquei mais ansiosa ainda quando percebi que avaliar a sua real situação seria mais difícil do que eu imaginava. Cyndi entrou no palco escuro do Teatro do Bourbon Country e pediu luzes várias vezes. Não deu para entender se fazia parte do show ou não, mas foi um dos detalhes tensos que poderiam ter feito dele um fracasso (como nos momentos em que ela derrubou o pedestal e o microfone). De qualquer forma, “Set your Heart” corria bem, Cyndi foi para o gargarejo, coisa que repetiria várias vezes ao longo do show. As músicas do CD novo, como “Echo” e “Into the Night Life”, fizeram todo mundo dançar, mas nada comparado com a clássica “I Drove All Night”, quando o show começou de verdade. O que não dava para saber era se a voz estava realmente saindo. Quando eu pensava que não, ouvia um agudo perfeito e me convencia de que ela estava ótima. Antes do bis, os músicos, iluminados demais para tanto desânimo, resolveram se pilhar para a clássica “Money Changes Everything”. A platéia estava no auge da animação quando Cyndi saiu. Voltou dizendo “não sou mais um bebê”, o que me deu a certeza de que ela estava se guardando para o final. Nessa hora, vi que muita gente segurava placas com “Goonies”, que ela cantou, com a dança do girinho e tudo. A emoção

continuou na versão a cappella de “Rain on Me” e em “Time After Time”. Só os casais não estavam filmando, dançando juntinhos e relembrando suas reuniões dançantes de 20 anos atrás. Para o hino “Girls Just Wanna Have Fun”, fiz questão de largar o bloquinho e esquecer que ela errou a letra. O gran finale foi com “True Colors”, e até mesmo os poucos que não se convenceram de que Cyndi ainda é musa saíram cantando “Good enough for me…”. Maria Joana Avellar >> Eu

Fui

“Me senti em uma reunião dançante nos anos 80. Pena meus coleguinhas da época já estarem meio caídos.” Luzia Marcondes_ Administradora

Elson Sempé Pedroso

R.E.M.

Pedro Revillion

50

Estádio do São José , 6 de Novembro

O R.E.M. entrou no palco improvisado do Zequinha como uma das poucas bandas de referência ainda na ativa no mundo do rock ‘n’ roll. A multidão, composta em grande parte por fãs de meia-idade, recebeu-os com assovios e aplausos, ao invés dos tradicionais e ensurdecedores gritos juvenis. De qualquer forma, isso contribuiu para que o som fosse ao menos audível em diversos pontos do gramado. Inexplicavelmente, com um novo disco repleto de guitarras altas e distorcidas, o R.E.M. fezse escutar mais pelo vocalista Stipe do que pela performance tecnicamente impecável da banda. O carisma característico do frontman só se perdeu quando ele tentou incentivar os brazucas a saudarem a eleição de Obama, esquecendo-se que sua nação não é mais tão vangloriada fora de seus limites como outrora. O setlist muito bem distribuído não trouxe grandes novidades ao público, já que a banda repetiu a receita de sucesso utilizada nos países vizinhos. A ausência de canções de álbuns imediatamente anteriores ao Accelerate reflete os últimos anos da carreira do R.E.M.: alguns bons discos intercalados por outros tantos sem graça. Após uma hora e meia de show, os rapazes ainda demonstravam interesse em agradar o público. As exce-

lentes “What’s the Frequency, Kenneth?” e “It’s the End of the World As we Know it (And I Fell Fine)” - dentre outras - fizeram valer cada centavo, incluindo a confusão geral na saída do espetáculo. Daniel Rosemberg >> Eu

Fui

“Foi o show da minha vida. Nada vai superar minha emoção em ver esses caras ao vivo.” Pedro Deivis Bastos_ Estudante


Thiago Piccoli

Amanda Copstein

Quadra da Praiana, 14 e 15 de Novembro

Os porto-alegrenses curtiram um GIG com boas bandas e uma ótima estrutura, que dispunha de pista de dança com os caros DJs Schutz e Machuca, área externa com cadeiras e mesas, dois bares carregados de cerveja gelada e o que mais se pudesse querer. O festival teve sua programação tradicionalmente aberta por um bate papo empolgante sobre a cena independente, com muita gente boa deste mercado. A noite de sexta-feira apresentou boas surpresas para quem se abriu a elas. O panorama aponta para uma identidade pós-Los Hermanos no rock nacional. A local Volantes e a Poléxia, de curitiba são bons exemplos disso, uma com menos, outra com mais peso oitentista na mistura. A Bandinha Di Da Dó, o Gogol Bordello do Brasil, é diversão inevitável, o momento de animação máxima da sexta, que contou com boas atrações “estrangeiras”, como as cariocas Do Amor e a Canastra, uma cheia de referências brasileiras, outra, brasileira só nas letras. O folk que dominou o show dos argentinos da Fantasmagoria reinou no sábado com Mallu Magalhães, com uma performance mais madura, um pouco cansativa e bastante impressionante. Mas a noite foi, também, de coisas legais daqui, como Canja Rave, Camboja Motel e Alcalóides, e as estrelas de Porto Alegre e de Guaíba, Pública e Superguidis, donos de dois dos melhores shows do lado de cá e de lá do Lago. F. Corrêa

::: shows

GIG ROCK

MACONDO CIRCUS

1

Parque Náutico de Santa Maria, 13 a 15 de Novembro

A evolução do festival Macondo Circus, de Santa Maria, foi gritante em 2008. A infra-estrutura da 4º edição não deixou a desejar, assim como a organização, que, a todo o momento, fazia o melhor para as bandas e o público. As bandas também surpreenderam, fugindo um pouco daquele comum dos festivais independentes que já passaram, dando chance pra quem nunca tinha vindo à cidade, ou para grupos que ainda estão começando. Foram três noites, começando no próprio Macondo Lugar, com apresentações de Wander Wildner, Cartolas e Rinoceronte. Apesar da chuva rápida da última noite, no Parque Náutico, todo instante parecia aproveitado por quem estava por lá. Destaque para as cariocas Canastra e Do Amor, e para a curitibana Copacabana Club. Quem tava lá ainda pode curtir a porto-alegrense Volantes e a Ventores, de Santa Maria. Impossível esquecer também da loucura do Chucrobilly Man e da magia da Apanhador Só. É muito legal saber que existe a chance de não precisar sair de Santa Maria para participar de um evento que nos proporcione bons momentos. A festa só tende a aumentar: o Macondo Circus é o típico “puxão de orelha” naqueles santa-marienses que reclamam que a cidade não oferece nada. Talvez esteja na hora de rever alguns conceitos. Renuska Celidonio 51 noize.com.br


MELHORES DO ANO

Saudações, amigos headbangers!!! Este ano passou voando, cheio de atrações, vocês lembram? Pudemos conferir aqui na capital gaúcha shows do Whitesnake, Judas Priest, Helloween, Gamma Ray, Destruction, Symphony X, Sadus, Enthroned, Severe Torture, Suicidal Tendencies, Tarja Turunen, Misfits, Obituary, Dying Fetus, Marduk e, parece que foi ontem, Iron Maiden! Como positivo em relação aos shows foi a aprovação, quase por unanimidade, do novo espaço para grandes shows de peso: Teatro do Bourbon Country. Como negativo, a superlotação do Gigantinho no show da Donzela de Ferro, mas na expectativa de que o “Zequinha Stadium” receba shows deste porte. Nossa cena under-

ground deu uma melhorada, com o surgimento e consolidação de diversos festivais no interior e grande POA. Na capital, porém, tirando o Zeppelin in Concert, não temos nenhum evento significativo na cena. Precisamos de mais espaço, mais gente a fim de batalhar pela cena! Aproveitando, coloco aqui os destaques gaúchos deste ano: Banda Revelação – Symphony Draconis; Melhor Single – A Sorrowful Dream com “The River that Carries my Loss”; Melhor Álbum – Magician com Tales of the Magician; Melhor Clip – Scelerata com “Enemy Within”; Melhor Show – Hibria no Dia Mundial do Rock; Melhor banda – Tierramystica. Horns up!!!

ENCONTRE SEU TESOURO

“Arcobaleno” é arco-íris em Italiano. Seja na língua que for, este fenômeno óptico e meteorológico sempre remete a coisas bonitas. Nas horas de stress, no trabalho ou andando na rua P da vida lembrando das contas, impossível olhar para o céu e não dar um sorriso ao ver um arco-íris entre os prédios. É essa a mesma sensação de quem foi em qualquer uma das edições da festa Festa Boa, que acontece num lugar chamado justamente “Arcobaleno”. Coincidência? Também impossível não sorrir com os gritos do Milk Shake (Sevenlox) no microfone quando ele apresenta a festa. Também impossível dar umas risadas vendo o DJ Feijão dando uns passinhos de dança muito tímidos

o recomeço

Seguindo os últimos acontecimentos do reggae em Porto Alegre, que trouxe em outubro a Jazzbo, ska direto de Berlin, em dezembro teremos a honra de assistir aos fundadores deste ritmo nos Estados Unidos. Formada em 1982 por Rob Hingley, a banda The Toasters irá apresentar a sua mistura para os gaúchos. O surgimento da The Toasters seguiu a linha 2 Tone, movimento nascido na Inglaterra no final dos anos 70, que trazia como principal característica a mistura do ska com a música punk. Mesmo estando classificada nesta linhagem, a banda nunca deixou de manter o ska tradicional, influenciado pelo reggae e ragga. Em meados de 85, decidiram criar a própria gravadora, a fim

de facilitar as gravações. Assim nasceu a Moon Ska Records, pioneira do gênero e que ajudou a banda a decolar com suas músicas. Hoje a The Toasters já tem mais de dez CDs gravados, destacando-se Don’t Let The Bastards Grind You Down, Skaboom e Hard Band For Dead. Eu convido a todos a ouvir e assistir a mais um espetáculo de ska por aqui. A banda Jazzbo já mostrou que o ska não é só para quem gosta de reggae, pois várias tribos se misturaram ao som desta formação super simpática e cheia de ritmo. A impressão que tenho com estas bandas vindo pra cá é que estamos fazendo um processo inverso do ritmo, recomeçando a curtir os primórdios do reggae roots.

atrás das pick ups, o que é perdoável; as boas músicas que ele toca dispensam qualquer balé. Impossível também ficar “de beiço” quando o DJ do grupo de ponta do rap gaúcho, DJ Dee Lay (Da Guedes) assume o comando da Festa Boa. Enfim, festa vai, festa vem e a Festa Boa bomba em todas as edições! Legal que rolam sons da saudosa BIG HOUSE e de outras festas do rap clássicas de POA, como Meketreff, CCR, G Powers. Então, se como reza a lenda, no fim do arco-íris há um pote de ouro, vai lá: não é a toa que a Festa Boa é feita num lugar que leva o nome de arco-íris. Tenho certeza de que tu encontra o teu tesouro. E boa festa, digo, festa boa… Ah, vocês entenderam!

pós-moderno

Quem nunca teve um amigo que ganhou uma gaita de boca e colocou-se a aprender sozinho, perturbando o sossego de qualquer churrasco? O gaitista Jefferson Gonçalves, que tem se destacado no cenário nacional, prega um movimento contrário: para ele, é preciso estudo para criar. Em seu último disco, Ar puro (2008), ele mostra que, pesquisando, encontrou um percurso bastante original. Alfabetizado na gaita através do blues (como ocorre usualmente), Jefferson desprendeu-se do aprendizado à moda Allan Kardec, defendendo uma perspectiva, digamos, pósmoderna (na ausência de termo melhor): escutar, misturar tudo e criar um jeito próprio. No caso

dele, o diferencial do trabalho encontra-se na percepção de um paralelo entre a música negra norte-americana e aquela feita no nordeste brasileiro. Para ele, a diferença está apenas no fato de uma embarcação ter partido da África em direção aos Estados Unidos e outra para o Brasil. O resultado é uma sonoridade que transita entre Bob Dylan e Luiz Gonzaga. Aberto à observação de outros instrumentos, estilos e gêneros, Jefferson Gonçalves cria um rico jogo de sonoridades, levadas a cabo por vasto conhecimento técnico sobre a harmônica. Um trabalho que dignifica o instrumento e é perfeito para se ouvir, de férias, na estrada.


Andy Michel Milonakis

Chega ao fim 2008, e como passou rápido, meus amigos. Ano com muitas atrações internacionais na cidade, mas também com muitos cancelamentos internacionais, entre eles Funeral For a Friend, Duran Duran e NIN. “Gabriel, da Opinião Produtora, disse que, para pagar o show do Duran Duran (cancelado uma semana antes do dia marcado), a Opinião precisaria de 4 mil pessoas.‘A gente tinha 300 pagantes. Faça a conta. A diferença era o nosso prejuízo. Mesmo cancelando o show, a gente tem uma multa rescisória. Geralmente, é de 50% do valor do contrato. A banda continua recebendo e nós continuamos tendo prejuízo’, afirma Gabriel. Fonte Danilo Fantinel (blog Volume)”. É, meus irmãos, não basta só a

vontade de colocar Porto Alegre na rota dos maiores shows internacionais se não há publico o bastante para vê-las. Acredito que isso possa diminuir cada vez mais, mas então quais são as bandas que produtoras como a Opinião devem trazer para que não ocorram cancelamentos de última hora? Será que são feitas pesquisas de mercado? Existe alguma banda de rock que alguma produtora arriscaria neste momento sem erro? Será o Foo Fighters, a R$ 200 o ingresso? Existe um show que é lucro na certa e ainda se trata de uma atração nacional, já tocou aqui diversas vezes, sempre com a casa cheia: Nossa querida Ivete! Não arrisquem mais, tragam a Ivete, po$#@.

NA UTI

Na festa que trouxe um dos maiores DJs de todos os tempos a Porto Alegre, Carl Cox (que tem este título com toda a autoridade e a manterá por toda a vida), fui perguntado por seu manager, o que teria acontecido com a cena eletrônica da cidade, que estava longe daquela cena que prestigiava grandes eventos e que estava sempre presente e vibrante a cada mixagem. Ali, naquele momento, depois de ter me deparado com uma festa que deveria estar lotada (apesar do horário, pois já era 4 horas da manhã) e não estava—muito pelo contrario; dava o ar de estar acabando—me caiu a ficha: Estamos na UTI. Foi exatamente esta expressão que eu usei para responder a pergunta de Rick

GOOD RIDDANCE

Lá fora, ainda que mesmo no “estrangeiro”, cada vez menos as gravadoras se arriscam com LPs. Porém, não é esse o meu propósito—apenas me permito o comentário, uma vez que o Good Riddance, banda californiana de punk rock que muito ouvi, lançou LP duplo de seu último registro: o ao vivo Remain in memory – The final show. Proveniente de uma apresentação dos californianos em sua terra natal, Santa Cruz, trata-se de um prato cheio a todos que admiram o punk rock ora visceral, ora melódico da banda. No setlist, um apanhado com o que de melhor eles fizeram em 21 anos de quebradeira. Estão no álbum as clássicas de coletâneas da Fat Wreck e de discos como A

Comprehensive Guide to Moderne Rebellion, Symptoms Of A Leveling Spirit e Ballads From The Revolution. Para os que apreciam outros não há por que se preocupar, pois o GR foi bem democrático na seleção. Logicamente, sempre falta uma que outra (“Fire engine red”, “Stand” e “Enter the unapproachables” são as que notei), mas escolhas são subjetivas e, na média, eles se saíram bem. São 31 faixas em um ritmo de tirar o fôlego que faz jus à história de um dos grandes nomes do punk/ hc californiano. Para finalizar, um verso do Good Riddance que vai sintetizar a tua vida no ano que vem: “This is your worst fucking nightmare”. Abraços.

Reinner. Enquanto não voltar a existir uma cena compacta, de verdade, onde as pessoas estejam ali envolvidas pela música e não porque falaram que era bom estar ali, porque ouviram dizer que os bonitos(as) estariam ali, a música eletrônica em Porto Alegre candidata-se aos ciclos de modismos que ilustram a nossa cidade. Volto a ressaltar: o Beco, por toda estrutura que tem e o mix de público que tem, seria um bom começo para se organizar uma noite 4x4 de verdade, sem modismos—new rave, maximal, electro isso, electro aquilo, algo roots mesmo com carimbo FUSION. Quem sabe e entende, sabe o que este carimbo significa.

QUERIDA CIÊNCIA TCHECOMANÍACA

Quando alguém fala que um artista lançou um álbum mais “maduro”, eu sempre penso “hm, ok” e logo paro de dar bola pro que essa pessoa continuar dizendo. Mas, dessa vez, vou ter que cometer este mesmo pecado e dizer que Dear Science, novo álbum do TV On The Radio, é realmente um álbum mais maduro e mais bem resolvido do que seus antecessores. Li em algum lugar que em Dear Science, o TV conseguia ir direto ao ponto. É exatamente isso que eu sinto; até assumo que fiquei puto por não ter sido o autor desse “raciocínio”. Se um E.T. chegasse pra mim e, antes de me convidar pra dar uma volta em sua nave, me perguntasse qual o disco que melhor resume esse ano, eu responderia que é o Dear

Science, Mas antes faria com que ele assistisse ao clipe de “Golden Age” (primeiro single e a música mais indicada pra entender um pouco dessa obra). Olha, não venham me dizer que esse clipe tem apenas um sentido/significado, porque não tem. Eu vejo no mínimo uns três, principalmente a parte “ursinhos carinhosos”. Se gostou do álbum, mas tem preguiça de baixar, escute “Crying” e “Stork And Owl” e já terá um bom resumo. E uma última coisa, quem ainda não conhece o desenho Tcheco, vá ao YouTube e coloque as tags tcheco, capitão comuna e nerd e seja bem vindo à tchecomania.

53 x noize.com.br





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Ilustra Trampo www.fotolog.com/trampo

jammin’ 58




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