#21 // ANO 3 // MARÇO ‘09
EXPEDIENTE_ DIREÇÃO: Kento Kojima Pablo Rocha Rafael Rocha
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO: Valentine Paniz valentine@noize.com.br
COMERCIAL: Pablo Rocha pablo@noize.com.br
jade@noize.com.br
DIREÇÃO DE ARTE: Rafael Rocha rafarocha@noize.com.br Douglas Gomes doug@noize.com.br EDIÇÃO: Fernando Corrêa nando@noize.com.br REDAÇÃO: Lidy Araújo lidy@noize.com.br Carolina De Marchi carol@noize.com.br Maria Joana Avellar joana@noize.com.br
CONTEÚDO_ Life Is Music // Leia Isto // News // Bandas Que Você Não Conhece // Online // Move That Jukebox // Macaco Bong // Binki // Radiohead // Little Boots // VizuPreza // FFW & REW // Pata De Elefante // Reviews // Cinema // Internet // Shows // Fotos // Jammin’
REVISÃO: João Fedele de Azeredo jp@noize.com.br Fernanda Grabauska fernanda@noize.com.br
noize assinatura@noize.com.br
FOTOGRAFIA: Felipe Neves Tatu Marco Chaparro NOIZE TV: Bivis Johnny Marco Vicente Teixeira Rodrigo Vidal noizetv@noize.com.br NOIZE.COM.BR: Larissa Filappi larissa@noize.com.br COLABORADORES: Mathew Hollings Bao Nyogen Bruno Felin Ana Luiza Bazerque Carlos Guimarães Rodrigo Vinagre Felipe Queiroz
ANUNCIE NA NOIZE: comercial@noize.com.br ASSINE A NOIZE: assinatura@noize.com.br AGENDA: shows, festas e eventos a genda@noize.com.br
Agências de Viagens Escolas de Música Escolas de Idiomas Bares e Casas de Show Shows, Festas e Feiras Festivais Independentes TIRAGEM: 30.000 exemplares CIRCULAÇÃO NACIONAL
Se Você Não Gostou da NOIZE Passe Adiante
PONTOS: Faculdades Colégios Cursinhos Estúdios Lojas de Instrumentos Lojas de CDs Lojas de Roupas Lojas Alternativas
EDITORIAL | Olá
Esta é a revista Noize. Forasteira chegando em terra nova, depois de 2 anos de circulação gratuita pelo Rio Grande do Sul, finalmente chega ao resto do país. Traz boas e más notícias, mas mais do que qualquer outra coisa, otimismo para quem gosta de música. A Noize é uma revista companheira, uma amiga sempre repleta de recomendações, um canal para a reflexão, um guia, um FILTRO. E, como toda boa amizade, não cobra nada por isso. Noize é um ponto de encontro. Para Mate sua sede de música, há um oásis cheio de Noizes em cada canto. Se ela não chega com facilidade até você, assine, leia online - tudo que ela quer é ser saboreada. A primeira edição de 2009 é a maior e mais recheada até hoje. No mês da mulher, uma homenagem a elas com duas matérias dedicadas a um par de nomes importantes: a little joy pouco conhecida, Binki Shapiro mostra todo seu talento e simplicidade em uma entrevista feita após a passagem da banda pelo Brasil; uma das próximas estrelas do pop, Little Boots, dá a cara a tapa a quem desmerecer sua ambição pelos holofotes.
Para
assine a
PLANEJAMENTO: Jade Cunha
Dewis Caldas Rafael Monteiro Juliana Vaz Gabriel Resende Gabriela Lorenzon Marielle Ramires Mely Paredes Carlos Eduardo Leite Eduardo Dias Lucas Tergolina Felipe Guimarães Samir Machado Eduardo Guspe
Os anúncios e os textos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.
NOIZE
os sedentos pelo o novo, para os apreciadores do bom e do velho, a
quem busca informação com menos ruído, é água cristalina.
Em contraponto, tem muito homem na Noize 21. Dois trios instrumentais animais, o Macaco Bong e a Pata de Elefante, explicam por que a poesia da música está tanto ou mais nas melodias e harmonias do que nas letras. Para completar, chegamos no Rio de Janeiro e em São Paulo junto com a maior banda de rock da atualidade. Um pouco do Radiohead está dentro desta edição de Noize, que evidencia como a grandiosidade dos ingleses não é à toa. É um prazer para a Noize celebrar a maioridade sendo lida por vocês. Aproveitem, a festa recém começou.
_gente que vive mĂşsica _foto: Felipe Neves
life is music
NOME_ Lúcio Ribeiro PROFISSÃO_ Jornalista e Dj UM DISCO_ London Calling | The Clash
“Música é meu ‘hot hot sex’. Tudo mudou com London Calling, do The Clash. O disco é de 1979, mas chegou na mim em 81. Eu, adolescente, já começava a sentir que a música ocupava boa parte da minha vida, mas aí com o Clash ela entrou para nunca mais sair. E depois até virou minha profissão.”
LEIA ISTO “[Sou um hipócrita ecológico]. O aparato de um grande festival não é legal. Se nós pudessemos ir lá e dizer “vocês só podem usar copos de papel, nada de geradores, usem painéis solares”... Você não pode fazer isso tecnicamente. Isso me estressa, pois sou um hipócrita. Nós todos somos.” Thom Yorke | Radiohead
nho vontade de ser
“cool”,
sou péssima nis-
to você
o quan-
importa
composi- so! Eu estou tendo grandes oportunidades e tor brasi- preciso aproveitá-las.” Little Boots, que você leiro que conhece melhor nesta edição. componha em inglês acaba se frustrando mais cedo ou mais tarde.” Hélio Flanders | Vanguart
Madonna confessando.
nunca disse que queria ser indie, não te-
nho, tem sempre uma parte de você decadene e pervertida.”
“Eu
quer fazer tudo certi-
“Qualquer
“O Calypso é um exemplo para todos os independentes.” Gustavo Mini | Walverdes
“Não
leia isto_
6
“Minha avó é praticamente cega, mas ela consegue perceber as partes mais claras, como minha pele e meu cabelo. Ela diz ‘consigo te ver porque você está sem calças’. Então vou continuar a não usar calças para que ela me enxergue.” Lady Gaga
_THom yorke, john coltrane, binki shapiro.. .
“Eu não sou como John Lennon,
“Você pode tocar uma
que pensava que era o grande
corda de sapato se for
Todo Poderoso. Eu apenas acho que sou John Lennon.” Noel Gallagher | Oasis que toca no Brasil em maio.
sincero.” John Coltrane
“A música é o som dos sentimentos.” Dito popular
“BLEEHG!”
Amy Winehouse
“Se você é hetero e vive em Nova Iorque, então você é gay.” Moby
“Eu nasci em casa, enquanto minha mãe comia espaguete.” Binki Shapiro | Little Joy (confira entrevista nesta edição).
7 noize.com.br
NEWS
_móveis coloniais de acaju, buddy holly, michael jackson, tim festival
Reprodução
piscou, tem novidade.
8
móveis c_mpl_ta seu segundo disco A mobília mais preciosa de Brasilia, a superbanda Móveis Coloniais de Acaju começou a liberar as primeiras partículas de seu novo álbum, C_MPL_TE, em seu site oficial. Ao longo do mês de março, os fãs poderão conhecer no moveiscoloniaisdeacaju.com. br as diversas canções do disco, produzido por Carlos Eduardo Miranda e a ser lançado pelo Álbum Virtual da Trama em abril. O esforço coletivo, segundo a virar álbum na carreira dos brasilienses, simboliza para a banda o primeiro disco pensado e produzido como tal. “Idem (2006) é uma coletânea dos nossos primeiros anos de estrada; você não faz o primeiro disco, ele acontece”, explica o tecladista Eduardo Borém. “Para C_MPL_TE, a gente teve bem mais tempo para gravar, foram 60 dias, mas tivemos que construiu um disco que não existia ainda”. Este trabalho mais pé no chão nasce nos novos moldes do mercado fonográfico através de uma parceria com a pioneira em iniciativas do tipo, Trama. Além da distribuição no formato do Álbum Virtual, existe o incentivo financeiro, como explica Eduardo: “É uma parceria, a Trama banca uma parte e o Móveis, a outra. Está funcinando super bem, em parte porque está tudo muito claro, como vai funcionar isso”. Enquanto abril não chega, a faixa “Tempo” já está disponível para audição no site da banda, além de vídeos que mostram as gravações. A agenda da Móveis também está mais calma: dia 3 de abril, o Centro Comunitário da UNB recebe o primeiro show do de C_MPL_TE; dia 4 a função acontece em Goiânia.
_Radiohead - The Bends :: TV On The Radio - Dear Science :: Dan Auerbach - Keep It Hid :: Nick Drake - Pink Moon :: Neil Young - Harvest
_ouca agora ´
__JACKO? | Não é novidade que Michael Jackson vai fazer uma série de shows na O2 Arena, em Londres, a partir de julio. O que você talvez não saiba é que as apresentações, planejadas para serem 10, foram ampliadas para 50. Os ingressos já acabaram. Na mesma semana em que Paul McCartney bateu o recorde em tempo de vendas de ingresso, levando um show a
ON THE ROAD | Greg Hetson
ter suas entradas esgotadas em 7 segundos, Michael assumiu o compromisso gigantesco de levar adiante a idéia de meia centena de apresentações após anos sem turnês. Do set list que já foi revelado, pouco hit ficou de fora. A função começa com “Billy Jean”, passa por “Wanna Be Startin’ Something” e encerra com “Thriller”. Botem as crianças para dentro de casa e comecem a economizar.
Noize
Reprodução
Reprodução
__BUDDY REI | Cinquenta anos atrás, a queda de um avião incendiava também um bom pedaço do legado da música nesse planeta em extinção. Buddy Holly, para muitos o verdadeiro Rei branco do rock ‘n’ roll, morreu levando consigo a possibilidade de impedir que seu posto fosse devidamente ocupado e assumido por Elvis Presley. O menino branco com voz de negro de Memphis, Tennessee, seria para sempre o dono reconhecido do trono, mas são as pérolas r&b de Holly, reunidas em um único LP, as que semearam a popularidade e a magia do rock ‘n’ roll.
__É O FIM DO TIM | A crise pega um após o outro. A vítima agora é o TIM Festival. Um dos maiores festivais do país - certamente o que mais investia em nomes internacionais de peso - parece estar fadado a não dar as caras, pelo menos em 2009. Além do festival, o Prêmio TIM de Música também vai pro beleléu. A notícia pegou todo mundo desprevenido, inclusive a produtora do festival, Dueto Produções, que anunciou ainda ter esperança de converncer a TIM a fazer o TIM Festival em 2009 já que não haveria possibilidade de trocar de patrocinador para levar o sonho adiante.
Guitarrisda do Circle Jerks e do Bad Religion
_Keith Morris (vocalista do Circle Jerks) falou que vocês não tocam “Live Fast, Die Young” porque se tivessem morrido cedo, não estariam no Brasil... Sim, mas você tem que perguntar sobre isso para ele. Eu adoraria tocar “Live Fast, Die Young”, gosto muito da música.
5 Discos Para Se Ouvir Na Estrada: _Creedence - Cosmo’s Factory _Queen - Sheer Heart Attack _Ramones - Ramones _X - Los Angeles _The Adolescents - The Adolescents 9 noize.com.br
10
NEWS Divulgação
Divulgação
__SUBLIME RETORNO | O no mínimo improvável aconteceu: o Sublime está de volta. Claro que sem quebrar a barreira do impossível: o cargo insubstituível de Bradley Nowell, vocalista, guitarrista e compositor do Sublime, morto após uma overdose de heroína em 1996, foi ocupado pelo garoto também californiano Rome. Com essa formação, a banda já fez um show em Nevada em 28 de fevereiro último. Os Sublimes originais Bud Gaugh (bateria) e Eric Wilson (baixo) acompanharam Rome enquanto este desafiava os fãs ardorosos de uma das maiores bandas dos anos 90 cantando os hinos de ska, reggae e punk rock que Brad imortalizou. Os mais xiitas têm xingado Rome na rede, mas ao vivo ele convenceu - azar dos “youtubeiros” de plantão.
__OASIS NO BR | Boato confirmado. Já estão no site da banda as datas da turnê que passa por 4 cidades brasileiras. Os meninos de Manchester recapitulam sua carreira e exploram a sonoridade do recente Dig out your soul, dia 7 de maio, no Rio, dia 9 em São Paulo, dia 10 em Curitiba e dia 12 em Porto Alegre. Outras possíveis datas não foram divulgadas. Divulgação
__KLAXONS REPEAT | O baixista Jamie Reynolds confirmou: o Klaxons está em estúdio regravando partes de seu segundo disco, a ser lanado em 2009. O problema, segundo ele, é que a Universal rejeitou o álbum, que ficou muito “denso e psicodélico”. “Nós somos uma banda pop, eu não pensava nisso há muito tempo”, contou o músico ao NME. Libera o filho rejeitado para o público, Jamie!
Sarah N
__JACK, O TOCADOR | O sempre prolífico Jack White está de banda nova. O Dead Weather é o terceiro projeto em atividade do cantor e guitarrista, já que o Raconteurs lançou Consolers of the Lonely em 2008 e o White Stripes voltou a se apresentar recentemente, no programa Late
Night With Conan O’Brien. No Dead Weather, White conta com a companhia da The Kills Alison Mosshart (a VV). A banda lançou o primeiro single, “Hang From The Heavens”, disponível em thedeadweather.com. Além disso, um clipe bem simples da música já desponda no YouTube.
12
bandas que voce nao conhece mas deveria conhecer_ James Quine
Dyslexic SpeedREADERS Origem: California, EUA. Som: União dos rappers da Costa Oeste que resulta em um combo indie de rimas ágeis e escrachadas, acompanhadas de beats saudosistas 90s, “a década em que o hip hop acabou”. Escute: Hell No, My Dick, Bj saved my life myspace.com/dyslexicspeedreaders
SWEET FANNY ADAMS Origem: Recife, Pernambuco. Som: Música para dançar sem precisar ser pop demais ou cantar feito menininhas. Quem não conhece está atrasado. Escute: Hate Song #3, Flaming Veins, She Wants to Burn myspace.com/sweetfannyadamsmusic
AN HORSE Origem: Brisbane, Australia. Som: Difícil surgir uma banda que soe tão noventista. A australiana An Horse não só lembra os anos 90, mas remete fortemente ao Hole naqueles bons e velhos dias. Escute: Postcards, Camp Out, Horizons myspace.com/anhorse
dan auerbach Mesmo não sendo um fã de blueseiros como Robert Johnson, é bem possível que você conheça a banda deste grande discípulo de Rob: Dan Auerbach. Ao dar uma volta fora do Black Keys, o guitarrista e vocalista do duo se afasta, de maneira calculada, do blues roqueiro que evidenciou ele e seu parceiro Patrick Carney - apenas o bastante para fazer de seu debut solo Keep it Hid um dos discos mais crus e ao mesmo tempo frescos surgido nesse início de ano. Definido como electro-blues, o disco tem uma beleza que não se encaixa no termo; talvez a intensidade e a sensação de sinceridade que as músicas passam, sim. Auerbach brinca com o folk, flerta com o reggae, aproxima-se muito de Devendra Banhart em “Mean Monsoon”. O ar sincero do disco é reforçado pela parceria curiosa que Auerbach fez com seu pai. “Meu pai escreve as letras,
e aí elas estão abertas para a minha interpretação. Ele não é musico, não toca instrumentos, então quando escuta uma letra dele transformada com uma melodia e instrumentação, ele fica estupefato”, contou Dan ao site NPR. A afeição por equipamentos vintage que resultou na construção de um estúdio próprio transparece nos timbres do disco, da psicodelia fuzz dos 60s ao bluegrass e o r&b. Escute: “I Want Some More” e “The Prowl”, que revelam o lado mais experimental do disco, a primeira sendo uma mistura de reggae e rock ecoado a la Hendrix; o folk mais cru de “Trouble Weights a Ton” e “Whispered Words” remete a outros resgatantes recentes do passado, como o Fleet Foxes. Thom Yorke, do Radiohead, é um dos que já se declarou fã do Black Keys. Hora de curtir Auerbach solo.
14
bandas que voce nao conhece mas deveria conhecer_ Divulgação
ANDREW BIRD Origem: Chicago, EUA. Som: Dono de uma bela voz, o violinista transita entre folk, jazz e Radiohead, sem esquecer os assobios e um ar não-Americano. O novo Noble Beast é dito seu álbum mais belo. Escute: Oh No, / = /, Fiery Crash myspace.com/andrewbird
FILOMEDUSA Origem: Rio Branco, Acre. Som: Fuja de comparações e aceite que o rock da Filomedusa é pop que reflete muito bem as influências variadas, do rock alternativo de hoje à música brasileira de ontem e sempre. Escute: Maldito Popular, Levante, Trajeto myspace.com/filomedusa
Dutchess and the Duke Origem: Seattle, EUA. Som: Pastoril e melancólico, o folk do TD&TD às vezes resolve ser belamente country. Preste atenção nas letras e dê uma choradinha com uma linda trilha sonora. Escute: Scorpio, Living This Life Makes it Hard, I am just a ghost myspace.com/thedutchessandtheduke
school of seven bells Vermelho, gelado, calor, claro e saturado. Essa são as palavras que o músico Benjamin Curtis escolhe para definir o álbum Alpinisms, de sua banda, School of Seven Bells. Acompanhado das gêmeas idênticas Ally e Claudia Deheza, o trio é uma das novas bandas prodígio do prolífico Brooklyn, Nova Iorque. Depois de os três abandonarem suas bandas anteriores, mudaram-se para o mesmo apartamento. A filosofia de que a vida imita a arte cai como uma luva para explicar seu estilo de vida.“Sempre faz parte do que estamos fazendo”, explicou Ally Deheza. “Você está na cozinha e ouve Claudia no quarto com o sintetizador, fazendo algo, e você simplemente precisa responder àquilo”. As comparaçoes a My Bloody Valentine, Cocteau Twins e o estilo shoegazer sao freqüentes. Não vamos cair na tentação de classificar seu som como psicodélico,
apesar de as melodias remeterem mesmo a um universo paralelo. Não é por acaso: segundo as irmãs Deheza, muitas das letras derivam de sonhos. A banda não tem uma metodologia de composição regrada. Todos alegam colaborar em tudo. Geralmente as letras vêm antes, para depois inspirar a melodia, ao contrário da maioria dos processos criativos que vemos por aí. Arranjos sofisticados formam melodias em camadas com texturas eletrônicas, harmonias peso-pluma, sopros e nuances do folk. Alpinisms entra pelos ouvidos feito ar. O vídeo de “Half Asleep” é uma alegoria da própria música, cristalina e interminente ao mesmo tempo. Ouvidos exigentes não deixarão passar “Prince of Peace” e “Connjur” - que podem lembrar Kate Bush, com mais elegância. É só fechar os olhos.
_Mari moon
online Divulgação
entrevistas por messenger sem maquiagem
16
__Vj da MTV, a “irmã mais velha” dos adolescentes é mais do que a imagem de eterna de menininha.
NOIZE diz: oi, mari, td bem? marimoon diz: oi, td ótimo. NOIZE diz: vc era uma celebridade da internet. agora, é apresentadora de TV. ainda existe espaço pra Marimoon diz flogueira? marimoon diz: claro! sempre dou um jeito e arranjo um tempinho pra postar. o complicado é que eu tenho que criar uma foto, editar, publicar, responder uns 30 recados, adicionar mais umas 10 pessoas, além de passar no myspace, last.fm e outros. e claro que sempre vai ter gente reclamando que eu não respondi o comentário dela. meu tempo está cada vez mais apertado! NOIZE diz: como a música entrou na tua vida? marimoon diz: cresci ouvindo música o tempo todo! meu padrasto curtia muito o rock clássico: led zeppelin, beatles, david bowie, rolling stones. minha mãe amava fleetwood mac, genesis e supertramp. minha madrasta me influenciou mais pro pop: prince, michael jackson e madonna. eu pai curtia além de rock um som mais cult: jazz, blues... e chegou aos meus ouvidos até muita música clássica (amo tchaikovsky!). NOIZE diz: como voce entrou na onda da internet? marimoon diz: a primeira vez que eu mexi num computador era um xt, aqueles de tela preta e verde. quando estava no colégio usei bbs. lembro do meu primeiro e-mail quando a uol tinha acabado de surgir. usava napster pra fazer download. definitivamente a internet veio primeiro na minha vida e foi paixão a primeira vista, porque eu sempre curti tecnologia. era eu aos 6 que sabia programar o videocassete da casa!
NOIZE diz: quais os caminhos que você usa pra descobrir música na internet? marimoon diz: blogs, sites de torrent, last.fm, myspace, dicas de amigos... vale tudo! NOIZE diz: que bandas legais você descobriu ultimamente? marimoon diz: uma alemã chamada the asteroids galaxy tour! meu amigo, baterista da banda super cult intrumental paulista mamma cadela foi pra berlim e descobriu esses caras. já tem dois clipes lindinhos no youtube pra quem quiser conhecer. o som é ótimo e o cd deles sai em abril, estou louca pra comprar! NOIZE diz: tem alguma ferramenta ou site bacana que você possa recomendar? marimoon diz: como eu disse, adoro last.fm! e recentemente nasceu o site coda.fm, que está começando muito bem! gosto de ver shows no fabchannel. com e tem o super clássico allmusic.com, que é bom pra vc descobrir quem canta o que, qual álbum saiu quando e todas aquelas dúvidas básicas. NOIZE diz: você ainda tem o costume de ouvir rádio? que rádios e programas você escuta? marimoon diz: ouço pouca rádio, mas com certeza minha favorita é a kiss fm! quando estou sintonizada numa rádio pode ter certeza que é 102,1. mas as vezes pra variar quando estou no computador eu ouço rádio do itunes. adoro a absolut blues. NOIZE diz: com mtv se voltando novamente para a música, sua participação muda também? marimoon diz: não, o meu programa na realidade vai focar mais em internet e vai continuar falando de comportamento,
moda, enfim assuntos gerais que são de interesse do público jovem. NOIZE diz: quais as personalidades da música que mais te surpreenderam? marimoon diz: foram muitos entrevistados que renderam entrevistas ótimas: lirinha (cordel do fogo encantado), fred 04 (mundo livre), fernanda takai... NOIZE diz: já passou por alguma saia justa com algum artista? marimoon diz: uma vez o didi (do blog tedouumdado que é muito meu amigo) me perguntou (e o programa é ao vivo) se eu pintava “os cabelos debaixo” de rosa. outra boa foi quando o danny, da vive la fête, perguntou qual música deles eu mais gostava e eu não lembrava o nome de nenhuma! primeiro porque são em francês, segundo pq eu acho bom mas não sou fã hahaha NOIZE diz: você não é mais adolescente. que diferenças você já percebe entre os seus gostos e hábitos e os dos seus fãs? marimoon diz: poisé, eu estou longe da adolescência, mas tenho 4 irmãs mais novas. eu acho a adolescência uma fase muito incrível. ela é turbulenta, é cheia de crises, a gnt começa a se descobrir e criar a nossa identidade, estamos interessados em tudo e cheios de energia e expectativas com a vida. adoro falar com esse público e receber o carinho deles. e acabo falando como uma irmã mais velha o tempo todo, dando dicas baseadas no que eu vivi e aprendi. muita gente me critica dizendo q me acho adolescente, não tem nada a ver. lido com a vida de uma maneira adulta, minhas crises são outras, tenho apartamento próprio, pago milhares de contas, enfim...
17 noize.com.br
movethatjukebox.com
18
move that jukebox
No mês internacional da mulher, queremos saber: Que moça melhor representa a nova safra feminina? _La Roux _VV Brown _Florence and the Machine _Lady Gaga _Little Boots vote em movethatjukebox.com
__TERRA INCOGNITA | A atriz, cantora e dona de uma das melhores performances ao vivo que já vi se juntou a novos músicos para deixar seus Licks no passado e dar início a uma nova fase de sua vida, com o Juliette Lewis and the New Romantiques. Lewis passou os últimos meses trabalhando com o porto-riquenho Omar Rodriguez Lopez, integrante do Mars Volta e possível influência para o título latino do álbum, Terra Incognit. O disco já foi concluído mas ainda não tem data official de lançamento. Por enquanto, dá pra matar um pouco da curiosidade em myspace.com/juliettelewis. Seria essa a oportunidade perfeita para a cantora voltar ao Brasil?
__SEM TÍTULO | O novo álbum do Luísa Mandou um Beijo já está disponível para ser ouvido, baixado e comprado. A banda carioca anunciou o lançamento do seu segundo disco – que, assim como o primeiro, não foi intitulado – no final de fevereiro, pelos selos Midnight Madness e Volume 1. Para adquirir ou fazer o download do CD, basta acessar o site oficial do grupo, luisamandouumbeijo.com.
Eddie Blanck
enquete
__APPLES & ENGINES | Adam Ficek, baterista dos Babyshambles que lançou seu primeiro CD solo ano passado, anunciou que volta com material novo em seu site roseskingscastles.com no final do mês, quando disponibilizará os demos de seu próximo disco, Apples & Engines. Mas só no fim do ano poderemos conferir que fim teve o segundo disco do rapaz que, Segundo boatos, foi produzido por Stepeh Street (ex-produtor dos Smiths, Blur e Kaiser Chiefs).
Divulgação
Com seu dono, o cãozinho Rex produz música eletrônica de ótima qualidade e acaba de lançar o primeiro álbum, ‘The Rex The Dog Show’. Caso você não esteja entendendo, tanto Rex quanto seu dono são personagens criados por Jake Williams, produtor que lançou os Gorillaz da música eletrônica. De nada importa um cachorro com sintetizadores quando a música não é boa mas, nesse caso, ela é. O debut já começa bem, e a primeira música mostra influências já no nome, “Maximize 2008”. Mas não pense que o que vem pela frente é uma longa seqüência de distorções de peso típicas do maximal. Com capacidade ampla, Rex não deixa de dar um diferencial para cada faixa - como a face minimalista de “Heartsong”, a animada batida de ‘Bubblicious’ ou os breaks de ‘Itchy Scratchy’. Também hábil nos remixes, Rex escolheu dois deles para seu álbum: “Tony The Beat”, do The Sounds, e a impecável “Heartbeats”, do The Knife. Rex The Dog é a minha mais feliz e recente descoberta, daquelas que viciam sem você perceber. Mas, ao ouvir, não espere alguma revolução musical; Rex apresenta o que propõe, e muito bem. Música eletrônica simples, boa e variada, para momentos que vão desde uma tarde em casa com os amigos até uma pista fervendo no meio da madrugada.
Divulgação
moving
_Juliette lewis, adam ficek, e rex the dog show
_texto marielle ramires macaco bong
20
artistas iguais pedreiros Eles são considerados uma das melhores bandas independentes do Brasil na atualidade. Já percorreram a maior parte dos festivais de música brasileira; tocaram em trinta e cinco cidades brasileiras; já se apresentaram em festivais fora do país e tiveram o primeiro CD Artista Igual Pedreiro eleito como o melhor material lançado no ano de 2008. Isso tudo sem cantar uma palavra. Ney Hugo, baixista do Power trio instrumental Macaco Bong – formado ainda por Bruno Kayapy (guitarra) e Ynayã Benthroldo (bateria) – fala sobre a carreira da banda desde seus primórdios. Macaco Bong tem uma ligação muito forte com o independente, já nasceu dentro de um coletivo. Como foi isso? O Macaco Bong surgiu a partir do Instituto Cultural Espaço Cubo+1, onde os integrantes atuam como produtores culturais. Os músicos eram integrantes de outra banda, a Donalua, que militou pela construção da cena autoral em Cuiabá. Além das letras, o Donalua tinha uma forte preocupação também com a parte instrumental. À medida em que os experimentos foram evoluindo, surgiu-se a necessidade de uma nova banda, para trabalhar unicamente os temas instrumentais. Nasceu o Macaco Bong E porque a decisão de trabalhar com música instrumental? Como vocês avaliam esse cenário hoje? O instrumental foi uma tendência
natural, e o Macaco Bong foi formado para dar ainda mais vazão a esse conceito. A cena do instrumental brasileiro hoje vive um momento muito interessante. Após o surgimento de vários festivais independentes e iniciativas como a Abrafin e o Circuito Fora do Eixo+2, as bandas tiveram maior oportunidade de trabalhar com conceitos diferentes dos que vinham sendo apresentados no cenário da música brasileira até então. O instrumental é um desses conceitos. Essa maior variedade e criatividade na criação fez também com que o público ficasse cada vez mais aberto a outros tipos de estética. A música instrumental se deu bem nessa. Como se dá o processo de criação das composições? Como vocês definem o conceito estético do trabalho de vocês? As músicas são feitas coletivamente
no estúdio. Normalmente surgem a partir das melodias da guitarra que tem a função de voz principal. A lapidação se dá com a construção rítmica da bateria, e da tônica do baixo, que conecta a melodia com o ritmo. O Macaco Bong funciona como um laboratório de pesquisas. Isso é o que consequentemente cria a identidade sonora da banda.Não existe uma especialidade de um gênero musical+3. O que simboliza Artista Igual Pedreiro na história da banda? Como foi o processo de feitura do disco? Artista Igual Pedreiro é o registro dos primeiros dois anos de estrada do Macaco Bong. Nesse espaço de tempo a banda buscou conexão com profissionais e vários demais coletivos que integram a rede do Circuito Fora do Eixo, através de idas em festivais ou em eventos específicos em que a banda tocava e também
[+1] espacocubo. blogger.com.br [+2] foradoeixo.org.br/ [+3] Referências musicais da banda: Jazz, blues, samba, salsa, música africana, música oriental, bossa nova, chorinho, jazz/fusion ao rock oitentista, hard/rock, power pop, punk, hardcore, rock progressivo, metal progresivo, heavy metal, death, metal, trash, splatter, música eletrônica... De Pantera a Milton Nascimento, de Nofx a Tom Jobim.
21 >> noize.com.br
macaco bong
22 realizávamos trabalhos de produção de palco, cobertura textual, fotográfica, transmissão ao vivo em web radio, suporte em bancas de distribuição, trabalhando principalmente no estímulo á formação de núcleos que atendam a essas demandas no coletivo e na cena da cidade como um todo. O fato tem total relação com o título do primeiro disco, Artista Igual Pedreiro. O álbum leva esse nome porque faz alusão à lógica que a banda segue de ter a música como mais um elemento do trabalho cotidiano, em detrimento da lógica do “artista iluminado” e superior aos demais seres humanos. Quais as principais experiências que a banda já aprendeu com o “pé na estrada”? Que dicas vocês dão às bandas independentes difusão do próprio trabalho? Aprendemos na pele a auto gestão. Em 90% das viagens fomos apenas os três, dividindo os trabalhos. A dica é que dividam as funções. Por exemplo, quando viajamos ficamos na seguinte divisão: Ney faz agendamento de entrevistas, envio de releases, fotos, contato com imprensa,Ynaiã cuida da banca de CDs, distribuição de discos e Kayapy fica com a sonorização. E manter sempre o profissionalismo nesses campos, pois é isso que conquista público e produtores e faz com que a banda continue recebendo convites e crie uma relação de confiança e imagem de profissionalismo.
“No formulário eles perguntam se temos intenção de fazer um atentado terrorista ou se já participamos de genocídio.”
O que isso tem a ver com os trabalhos que vocês desenvolvem no Espaço Cubo e no Circuito Fora do Eixo em Cuiabá? Qual a relação da banda com essa movimentação? Relação direta e intrínseca. Os integrantes da banda são membros ativos no cotidiano do Espaço Cubo e do Circuito Fora do Eixo. Isso acabou fazendo com que adotássemos a postura de ser a voz e os braços do instituto e do Circuito Fora do Eixo nos festivais e eventos por onde tocamos. Sistematicamente, o Bruno atua na articu-
lação do setor de sonorização (gravações, estúdio de ensaio, produção de palco) dos Coletivos,Ynaiã do setor de Discos na parte de agenciamento (marcar shows, condução de carreira da banda, etc) e Ney atua em articulação de comunicação (formação de centros de mídia, edição do Portal Fora do Eixo etc). Vocês foram convidados para se apresentar no festival South by Southwest, mas acabaram vetados. O que rolou? Falaram que tinha a ver com o Bong no nome, mas foi zoação. Não fomos vetados pelo festival, mas pelo consulado americano. Você é chamado no consulado uma primeira vez pra tirar impressões digitais de todos os dedos, acho que eles devem fazer uma investigação de antecedentes criminais. Na segunda chamada é feita uma entrevista. O agente consular nos fez algumas poucas perguntas e negou o visto dizendo que existiam dois impedimentos, um legal e um burocrático. O burocrático é que seria necessário uma petição do governo americano, solicitando a liberação do nosso visto para o show no South By Southwest. Além disso não tínhamos nenhum documento legal que comprovasse o nosso vínculo com o Brasil (cursando faculdade, emprego formal, filhos, etc). Com isso o sistema americano se dá o direito de achar que todo qualquer que solicite o visto de não imigrante é um imigrante em potencial. Legalmente julgaram que a gente não voltaria dos EUA e permaneceríamos ilegais tocando no país. Muito disso se deve ao fato de cerca de 30 bandas brasileiras terem sido convidadas, o que dá mais de 100 solicitações de visto por parte de músicos em um mesmo período. Eles cresceram o olho. É uma avaliação meio paranóica, no formulário eles perguntam se temos intenção de fazer um atentado terrorista ou se já participamos de genocídio. A banda já circulou pela maioria dos festivais, o que pretende fazer daqui para frente? Os planos internacionais para 2009 continuam com um show marcado na Argentina. Vamos nos concentrar mais tempo em Cuiabá também para potencialização dos núcleos dos quais fazemos parte e trabalho de composição do próximo disco, que ainda não tem data de lançamento definida mas já está incluído nos planos para até 2010. No mais, devemos tocar em alguns dos festivais em que ainda não nos apresentamos e realizar eventos que agregam valor, como o Móveis convida lá em Brasília.
_texto fernando correa
_foto rafael rocha binki shapiro
24
little joy
Primeiro, apresente-se. Quando e onde vocês nasceu? Fazia sol? Eu nasci em casa, em um 30 de abril, em Los Angeles, Califórnia, enquanto minha mãe comia spaghetti :). Como a música entrou na sua vida? O que você escutava quando criança? Quando eu era pequena, meu pai era MUITO fã de Beatles, então todo o domingo ele vinha pegar minha irmã e eu, era assim que eu escutava Beatles. Era a nossa “trilha de domingo”. Eu lembro que ele fazia a voz principal e falava para eu e minha irmã fazermos as harmonias, e nós passeávamos cantando música após música assim. Eu amava as músicas que meus pais ouviam - Billy Joel, Queen, Beach Boys... Claro que tinham as músicas que a gente mesmo adorava, Madonna, Michael, Prince, Ace of Base. Eu lembro de ter uns 8 anos e pegar a
Little Joy no Brasil. No lado esquerdo do palco, como é o coração em relação ao peito, Binki Shapiro apenas toca e canta. “Apenas” porque Fabrizio Moretti e Rodrigo Amarante gritam, riem, comemoram a recepção acalentadora dos brasileiros. “Eu não te disse”, grita Amarante. Quietinha, irradiando luz e calor em uma noite já muito quente, a menina canta com a voz suave de quem mascara força com timidez. Aquela Binki é apenas um pedaço da grande curiosidade que ela suscita: de onde saiu esta mulher tão doce e talentosa? Em fotos amareladas pelo tempo, na menina que se fantasia de mesa em meio a batmans, cowboys e colombinas, procuramos, com a ajuda dela, a resposta.
fita do Dire Straits, Brother in Arms,+1 do meu pai. Eu e minha irmã ouvimos ela tanto, tanto, que ela acabou ficando presa no som. Tivemos que esconder atrás de uma planta. O Rodrigo disse que a Califórnia tem um papel na música do Little Joy. Que papel é esse? Eu acho que para eles a inspiração pode ou não vir de LA, mas mais de simplesmente estar em um lugar novo, não ter a rotina, sabe? Não saber o que tem na virada de cada esquina... acho que isso pode ser muito assustador - ou muito inspirador. Sei que ter eles aqui e ver o lugar em que eu cresci pelo olhar deles foi inspirador para mim. Porém, musicalmente, acho que minha inspiração veio de me atirar em algo que eu amo e de viver e respirar isso dia e noite com eles. Eu esquecia que estava em LA, nós não saíamos de casa!
Quando você aprendeu a tocar um instrumento? Você é meio auto-ditada, não? Quando eu tinha 12 anos, economizei e comprei meu primeiro violão. Eu estava tão feliz em aprender a tocar. Algumas semanas depois, nossos vizinhos fizeram uma garage sale para a gente enquanto estávamos viajando e acidentalmente venderam meu violão por $20. Fiquei tão chateada que não comprei um violão novo nos próximos 6 anos, quando me deram um de aniversário. Dessa vez eu me encarnei e aprendi sozinha a tocar. Meus dedos doíam tanto e eu não conseguia mudar de acordes rápido o bastante. Fiquei tão feliz quando passei desse estágio. O teclado eu só aprendi a tocar antes da nossa tour pelos EUA, porque alguém tinha que tocar e eu estava afim de aprender. Na realidade eu toquei guitarra em quase toda a tour... isso foi assustador!
[+1] Disco de 1985 que consagrou os britânicos Dire Straits, traz sucessos como “So Far Away”, “Money for Nothing”, “Walk of Life” e a faixa-título.
25 >> noize.com.br
binki shapiro
26 O que veio primeiro: conhecer Fab ou formar a banda? Eu só conheci Fab umas semanas antes de conhecer o Rodrigo. Nós éramos mais amigos que qualquer outra coisa, mas a música sempre foi uma grande parte dessa amizade. Fab tinha sempre um violão nas mãos e estava sempre trabalhando em músicas novas (ainda está). Sobre a nossa relação, acredito que ter coisas em comum com seu parceiro é valioso e, quase sempre, benéfico. Nós temos muitos gostos em comum, o que achamos “cool” e o que achamos batido. Nós três vivemos juntos em LA por um ano enquanto fazíamos o disco. Com certeza isso fez com que tivéssemos menos tempo livre, mas demos um jeito de nos divertir enquanto trabalhávamos. Respirar música veio naturalmente e foi divertido. Não sabíamos quanto tempo tínhamos, então trabalhamos o máximo que pudemos, enquanto pudemos.
[+2]
[+3] Artista venezuelano apresentado à banda por Amarante, com quem fez algumas parcerias. Devendra é um dos grandes nomes do novo folk. A influência de jazz. música brasileira e psicodelia sessentista de sua música é perceptível e altamente recomendada. [+4] Binki canta em português meigo na canção “No One’s Better Sake” [+5] Os vídeos no YouTube comprovam: os shows no Brasil estavam todos lotados.
O futuro não está escrito, mas você vê o Little Joy como um projeto duradouro ou é apenas diversão temporária enquanto o Strokes e o Los Hermanos tiram férias? Eu estou me divertindo mais do que nunca! Todo nosso sangue, suor e lágrimas foram derramados nesse projeto. Fab e Rodrigo são minha família e eu nunca quero deixálos! A banda é algo muito especial que eu guardo muito perto do meu coração e espero que dure para sempre. Como foi a concepção da capa do disco+2? Bom, apesar de estar escrito “Arte por Binki Shapiro”, o crédito não é todo meu. Não existe nada nesse disco que não contou com a palavra dos três. Todos nós temos personalidades e opiniões fortes. Mas eu decidi secretamente que cuidaria da capa enquanto mixávamos o disco e tentaria sugerir algo de que eles gostassem. Um dia estávamos na casa de um amigo que tinha essa foto incrível da sua mãe e seu namorado na parede, a foto da capa. Tinha algo muito nostálgico naquilo, que foi como eu sempre pensei nossa música. Eu mostrei para os meninos e eles amaram na hora. Pesquisei em livros antigos e capas de disco, fontes e layouts e nós três ficamos dois dias com nosso amigo Brett Kilroe, sentados em um lobby de hotel juntando as pontas. Não é chocante estrear ao mesmo tempo em uma banda e em uma turnê mundial? É incrível! Tudo parece muito surreal. Sei o quanto muita
gente trabalha para chegar nesse pequeno topo em que a gente está, então me acho muito sortuda e aproveito cada momento... até chamadas do lobby às 4h (risos). No palco você parece ao mesmo tempo tímida e confiante... Sabe, eu lembro de antes da nossa tour ficar pensando o quanto eu estava eufórica por ficar nervosa com alguma coisa novamente! Quando criança, você fica nervoso com o primeiro dia na escola, o primeiro beijo etc. Mas a gente cresce e fica meio apático. Eu costumava odiar ficar tímida ou nervosa, mas agora eu anseio por isso. Há uma atmosfera hippie envolvendo a banda e amigos como Devendra Banhart+3, não? Nós somos todos muito próximos, como uma família que se ama e se cuida, e quer se ajudar a viver bem. É engraçado como as pessoas focam nisso... não tinha percebido que nós éramos tão efusivos o tempo todo. Você gosta da música do Los Hermanos? Só conheci o Los Hermanos depois que conheci o Rodrigo. Acho que ele tem uma voz linda e melodias maravilhosas. Me esforço para cantar junto+4 o melhor possível, e quando o Fab está por perto, ele traduz as letras para mim. Eu amo Último Romance, que foi um grande hit no Brasil, não foi? Eu pareço ter uma facilidade para entender português só quando o Fab ou o Rodrigo estão falando de mim! É uma benção e uma cruz! (risos) E qual sua música favorita do Little Joy? “Brand New Start”. Eu lembro o dia em que Fab escreveu ela como se fosse ontem. Ele ligou eufórico e me disse para ir para a casa dele por que ele tinha composto uma música para mim. Quando eu cheguei, ele pegou o violão e a gente sentou no chão do quarto enquanto ele cantava “Brand New Start” para mim. Eu não acreditava no quão boa era a música. Continua sendo minha favorita. Você vê o Little Joy tornando-se maior do que vocês esperavam? Já se tornou muito maior do que eu esperava! Nunca imaginei lotar shows ou ouvir uma multidão de 2.500 pessoas cantando junto+5 letras que eu escrevi! Mas é como eu disse, não importa o quão grande ou pequeno nosso sucesso seja, eu me sinto agradecida por cada passo que damos.
Binki em momentos especiais. A flecha branca na imagem abaixo entrega: a loirinha resolveu se fantasiar de mesa.
“Acho que minha inspiração veio de me atirar em algo que eu amo[...] Respirar música surgiu naturalmente. Não sa-
bíamos quanto tempo tínhamos, então trabalhamos o máximo que pudemos, enquanto pudemos. [..] Eu costumava odiar ficar tímida ou nervosa, mas agora eu anseio por isso.”
27 noize.com.br
_texto juliana vaz www.patternsofreason.com
_arte matthew hollings radiohead
28
rara diodio headhead
Se na primeira apresentação do Radiohead no Brasil, no dia 20 de março no Rio de Janeiro, Thom Yorke estiver com a língua afiada, os cariocas que se cuidem. No show de estréia da turnê de In Rainbows, na ensolarada Flórida, o líder da banda de rock (?) mais cultuada do planeta não deixou de alfinetar os freqüentadores de Miami Beach. “Fucking hell!” (“que inferno!”), disse, referindo-se às hordas de siliconadas que vira na praia. Ai de ti, Copacabana!
Assim, com um comentário tipicamente britânico, começou a turnê de In Rainbows em maio de 2008 nos Estados Unidos, que iria ser interrompida em outubro, após seis shows no Japão. Desde então, o pálido quinteto de Oxford vem recarregando as baterias para retomar a estrada na América Latina em 2009, com apresentações marcadas, além de Brasil, no México, Chile e Argentina. De todas as cores do arco-íris do Radiohead, a que mais se destacou em 2008 foi a verde. Isso porque a banda resolveu levar às últimas conseqüências seu engajamento com o meio-ambiente. Na Inglaterra, o grupo chegou a cancelar uma apresentação no prestigiado festival de Glastonbury, alegando insuficiência de transporte público para as proporções do evento, o que causaria danos ambientais. Nos Estados Unidos, cervejas foram vendidas em copos biodegradáveis, e o merchandising, produzido só de material reciclado. Na Europa, o Radiohead utilizava jogos de luzes economizadores de energia e vinha acompanhado da Friends of the Earth, associação ecológica que visa criar um programa europeu de redução de emissão de gases
causadores do efeito estufa+1. E, ao contrário do Iron Maiden, que trará sua parafernália pirotécnica ao Brasil num avião particular, o Radiohead evitou o transporte áereo, cruzando o Atlântico com todo seu equipamento a bordo de um barco. Portanto, nada de surpresas se Yorke e sua trupe se queixarem da poluição do ar paulistano ou se manifestarem contra o desmatamento da floresta amazônica.
Radiorrede O caráter politicamente correto dos ingleses não pára por aí. A estratégia do quinteto de lançar In Rainbows na rede, ao preço do freguês, em outubro de 2007, funcionou muito bem. Segundo fontes não-oficiais, a jogada teria gerado mais dinheiro para o Radiohead do que o álbum anterior, Hail To The Thief, de 2003+2. Na busca pelo pote de ouro do arco-íris do Radiohead, outras bandas procuraram quebrar, pelo menos parcialmente, o intermédio monolítico das gravadoras. The Raconteurs, David Byrne, Oasis, Girl Talk, Nine Inch Nails, Coldplay, Keane também resolveram se lançar no mercado de maneira não-tradicional — alguns liberaram o álbum inteiro para download, outros venderam o disco diretamente no site da banda, e, no Brasil, a menina Mallu entregou suas canções em mp3 àqueles que adquirissem determinado celular. Tecnologia às avessas Artistas são, além de genialidade, a soma de influências que recebem do passado com tudo o que absorvem de seu tempo. E o Radiohead quer mostrar que é uma banda de um tempo cujas palavras de ordem são fragmentação e interatividade. “Nude”, a canção não-re-
[+1] Yorke expressa parte de seu descontentamento com a própria postura ecológica em declaração publicada na seção Leia Isto desta edição. [+2] Hail to the Thief vendeu 300.000 cópias na primeira semana. Kid A vendeu 207.000 cópias no mesmo tempo. In Rainbows vendeu 1,2 milhão de cópias no primeiro dia. Segundo Ed O’Brien, 79% dos italianos pagaram pelo disco, e apenas 30% dos brasileiros deram alguma quantia.
29 >> noize.com.br
30
baonguyenphoto.com
_foto bao nguyen
31 noize.com.br
32 Foto: Wes Bryant
Thom Yorke declarou que In Rainbows é o álbum clássico do Radiohead. Portanto, logicamente aparecerá praticamente por completo nos shows no Brasil, e, dizem, soa muito melhor ao vivo do que no disco (rígido ou não).
solvida do grupo desde a era OK Computer+3, foi lançada como segundo single de In Rainbows com uma proposta inovadora: à venda por $0.99 na loja do Itunes, as faixas de voz principal, guitarra, baixo, bateria, piano e vozes de fundo vinham isoladas. A idéia era promover uma competição na qual o público poderia remixar a música, adicionar seus próprios instrumentos e postá-la no site Radiohead Remix+4 e em sites de relacionamento como MySpace ou Facebook. Os fãs poderiam votar e eleger suas versões favorita, que, naturalmente, não ganhariam nenhum prêmio por isso, mas, como anunciado, “seriam ouvidas pela banda”. Em listas de discussão pela rede, chegou-se a suspeitar que a campanha seria apenas um golpe para recuperar o dinheiro perdido pelo lançamento de In Rainbows na internet. Especulações à parte, o fato é que o Radiohead repetiu a dose de interatividade com “Reckoner” e com o vídeo de “House of Cards”, feito inteiramente sem luz, sem câmera, mas com ação. Por meio de uma tecnologia que identifica a forma e distância dos objetos, o rosto de Thom Yorke foi capturado em imagem 3D, usando lasers. “Sempre gostei da idéia de usar a tecnologia de um modo para o qual ela não foi concebida”, declarou o frontman ao semanário britânico NME. Assim como fizeram com “Nude”, os ingleses novamente disponibilizaram os arquivos isolados do vídeo e deram licença a quem quisesse reeditar o clipe à sua maneira, no maior estilo software livre. Um show clássico Thom Yorke declarou que In Rainbows é o álbum clássico do Radiohead, como o Revolver é para os Beatles, Transformer para Lou Reed e Hunky Dory para Bowie. Portanto, logicamente aparecerá praticamente por completo nos shows no Brasil, e, dizem, soa muito melhor ao vivo do que no disco (rígido ou não). Já quem torce o nariz para a discografia do Radiohead do novo milênio deve se contentar com uma ou outra canção dos anos 90. Relatos do exterior revelaram que o grupo, em cerca de duas horas de show, toca pouco do roqueiro The Bends e do marco OK Computer, ignorando completamente o debutante Pablo Honey. Já Kid A e Hail to the Thief vêm sendo freqüentes – “Everything in its right place”, “Idioteque” e “There There” são certas. Surpresas também podem rolar. Em Londres, Thom Yorke chegou a trocar os vocais pelas baquetas, e em Los Angeles, mandou um cover inesperado de
Em Londres, Thom Yorke chegou a trocar os vocais pelas baquetas, e em Los Angeles, mandou um cover inesperado de Neil Young, honrando suas raízes rock. Na apresentação no México, a platéia foi presenteada pela trinca surpreendente “Fake Plastic Trees”, “My Iron Lung”, “Just”, todas do pouco tocado The Bends. Neil Young, honrando suas raízes rock. O guitarrista Ed O’Brien recentemente chegou a considerar a possibilidade de tocar “Creep “ em São Paulo ou no Rio, mas a canção, responsável pela abertura dos olhos do mundo para o Radiohead, tem sido ignorada nos sets da banda há anos. O’Brien disse que “Paranoid Android” deve fazer parte do set list brasileiro, o que também pode ser considerado sorte. Na apresentação de estréia, no México, a platéia foi presenteada pela trinca surpreendente “Fake Plastic Trees”, “My Iron Lung”, “Just”, todas do segundo disco, o roqueiro e pouco tocado The Bends. Sinal de que a vinda ao sul das Américas pode motivar a banda a tocar outras canções ignoradas a esta altura da sua caminhada. As duas noites, no Rio de Janeiro e em São Paulo, oferecem ainda um Los Hermanos reunido, em pleno hiato que deu lugar às carreiras paralelas das cabeças criativas de Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante; e um Kraftwerk desfalcado — o que para eles não faz diferença alguma, já que a premissa dos germânicos é uma música que já superou a materialidade do homem, neste caso, seu co-fundador Florian Schneider. Que venham então os irmãos e os robôs, pois, seja como for, o público devoto esperou anos por este momento e não deve decepcionar a estrela principal da noite, uma banda que não teve medo de mudar, experimentar, andar por caminhos tortos, e enfim, voltar para casa completamente transformada.
[+3] Lançado em 1997, OK Computer é aclamado como obraprima do Radiohead. Na época a banda chegou a passar por crises devido à superexposição na mídia e as consequências disso. Parte desse momento aparece no documentário Meeting People is Easy. [+4] radioheadremix. com
33 noize.com.br
_texto maria joana avellar
34
little boots
“Eu não consigo explicar... em um minuto você está em um carro chique, em outro, ZOOOOM! É como entrar em um buraco negro, algo simplesmente te atinge. Um milhão de flashes e rostos, pessoas gritando. É estranho porque você só precisa sorrir e andar - no meu caso, algo fácil de falar e difícil de fazer. Tenho certeza que ninguém sabia quem eu era, mas eles gritavam, então foi divertido, especialmente quando comecei a ver alguns rostos familiares.” Victoria Hesketh, 24 anos, natural de Blackpool, circula pelos bastidores e tapetes vermelhos das festas mais badaladas de Londres e Los Angeles com pose de veterana, mas com o olhar de uma estreante deslumbrada. Não escondeu seu entusiasmo quando conheceu o The Killer Brendon Flowers e se comoveu sem constrangimento ao abraçar Estelle na festa do Grammy. Tira fotos e posta em seu blog, sem poupar adjetivos nem esconder sua admiração. Victoria Hesketh é uma tiete, e essa tiete é Little Boots, uma das principais promessas musicais para 2009. Se você ainda não ouviu falar dela, espere até ser surpreendido com uma de suas canções, seja em uma balada underground ou no topo das paradas. Mas se você já conhecia Little Boots dos tempos do Dead Disco, uma das bandas de electro-rock mais legais e efêmeras que surgiram nos últimos anos, e está pensando com uma pitada de descrença e outra de desprezo “agora ela está toda mainstream”, saiba que é exatamente isso que Victoria quer. “Eu nunca disse que queria ser indie, não tenho vontade de ser “cool”, sou péssima nisso! Eu estou tendo grandes oportunidades e preciso aproveitá-las. Mesmo que tudo tenha começado na garagem, apenas com uma garota e um piano, eu sempre quis alcançar o máximo de pessoas possível escrevendo ótimas canções”
Agora, além do piano, trata-se de uma garota com um Tenori-on+1, um sintetizador japonês em forma de quadro, com 256 chaves brilhantes – cada uma com um som diferente. O instrumento permite compor músicas de forma intuitiva e visual, e é desta interface, que combina música com imagem em tempo real, que Victoria mais gosta. Para ela, isso possibilita mostrar que a criação de música eletrônica (normalmente algo indissociável do computador) pode ser tão excitante quanto fazer um solo de guitarra. Little Boots também quer luzes e cores em seu futuro álbum, que será produzido pelo concorrido Greg Kurstin+2, com quem já trabalhou na extinta Dead Disco. Além de muitos sintetizadores, pelos quais ela se diz obcecada, o álbum promete boas letras, refrões grudentos e algumas esquisitices. “Minha música é essencialmente pop, mas ela funciona em níveis diferentes e permite diversas interpretações”. Victória deseja fazer algo variado, mesmo que apenas eletrônico, sem guitarras ou bateria. “Não quero que seja somente dançante, precisa ser mais colorido do que isso, algo como os primeiros álbuns de Madonna. Diferentes idéias unidas de forma homogênea”. Ela afirma que suas principais influências estão na qualidade de David Bowie, Elton John e Kate Bush, nas ótimas melodias dos Beatles, Brian Wilson e Bee Gees, e nos sintetizadores do Sonic Youth. Mas é sua inclina-
[+1]
[+2] O produtor californiano já trabalhou com nomes como Flamming Lips e Ladyhawke. Seu trabalho mais recente foi em It’s Not Me, It’s You, de Lily Allen (confira o review nesta edição).
35 >> noize.com.br
little boots
Divulgação
36
[+3] Lista anual com os novos artistas que prometem se destacar. A BBC se baseia em informações de importantes formadores de opinião do Reino Unido, como DJs, críticos, editores de revistas e de sites e pessoas ligadas a rádios e TVs. MGMT, Santogold, Duffy e Ting Tings estavam nas primeiras posições ano passado. [+4] youtube.com/user/ littlebootsvideos
ção para o pop (e para a grande abrangência) de artistas como Madonna e Kylie Minogue – nítida inspiração, do figurino ao timbre - a essência de sua saída da banda Dead Disco. Depois de viajar pela Europa com uma banda de Jazz e gravar algumas demos, Little Boots viu sua antiga gravadora ser engolida pela major Atlantic e interpretou como um crescimento mútuo, já que ela também gostaria de fazer algo maior. Entretanto, a vontade de ser acessível não significa que seu trabalho será pobre, ou simplista demais. Victória quer desconstruir a música pop, mostrar o processo, como ela funciona - pretende saciar as massas, mas não quer que elas engulam sua música sem digerir. E para quem desejava ser mais comercial, estar no topo da Sound of 2009 da BBC+3 foi um acontecimento e tanto. “Eu não queria fazer nada que não fosse sair da internet, que atingisse apenas um pequeno grupo de pessoas. Os vencedores anteriores do prêmio venderam tantos discos!”, entusiasma-se, deixando de lado a pressão da expectativa, desproporcional ao número de singles divulgados. “É tão louco sentar aqui e tentar esquematizar um ábum inteiro. De qualquer forma, estou tentando. Preciso pensar em um nome... tão difícil! Alguém tem alguma sugestão?” O jeito natural com o qual Victoria conversa com fãs e leitores assíduos em seu blog – concorrente ao prêmio NME de melhor site, estende-se para seus víde-
os, como o clipe de “Meddle”, gravado no banheiro de casa com a ajuda de uma amiga. A espontaneidade é, para ela, uma das chaves da grande resposta que recebeu ao postá-los no YouTube+4. “Acho que por eles serem meio toscos, obviamente honestos e genuínos, que as pessoas gostam. Se eu premeditasse, não ficaria tão bom”. Começou como uma piada, mas foi assim que Little Boots conquistou Joe Goddard, do Hot Chip, que a promoveu, produziu e apadrinhou. Isso tudo antes dela chegar na confortável e ansiosa posição em que agora se encontra. “O show ontem em Edimburgo foi incrível! Fila imensa, todo mundo entusiasmado. Obrigada a todos que foram, eu amo vocês. Vou morrer de saudades de tocar em clubes pequenos, a atmosfera deles é a melhor.” A novidade do nome Little Boots encontra um contraponto na sua origem longinqua. O apelido foi inspirado no imperador romano Calígular – pequenas botas, em latim - que colecionou excentricidades ao longo da vida, como nomear seu cavalo membro do governo. Pela forma hiperativa com que Victoria se expressa, já é possível entender porque ela se identifica com o comportamento alucinado do monarca. Mas, assim que assumiu o Império, Calígular tornou-se impopular, foi assassinado, e tudo o que pudesse recordá-lo foi destruído. O próximo ano vai mostrar se sua xará contemporãnea precisará de tanto para ser retirada ou fixada na memória coletiva.
coisas que você não precisa, mas quer ter
38
vizupreza
_kind of blue, stewie, gramofone, vibrador, só coisa bonita
kind of happiness Jazzeiro, fique triste por não poder comprar esta caixa comemorativa de meio século do pilar do jazz Kind of Blue. A obra prima de Miles Davis vem em vinil, com CDs de out takes, fotos de altíssima qualidade - coisa que só os muy amigos do mestre do jazz modal tinham - até agora.
Preço: US$ 100 em amazon.com
desce mais uma, stewie! Stewie é o personagem sarcástico favorito de qualquer ser humano. Aguente os desaforos dele sempre que for abrir uma garrafa com esse abridor falante.
fita cassete é melhor que dvd Bolsas que imitam tocadores de vinil já são velhas conhecidas das meninas nos últimos anos. Mas da fita cassete ninguém lembrava. Injustiça solucionada.
Preço: R$ 89,90 em osegredodovitorio.com
brinquedo disfarçado Estes bonequinhos vibratórios servem como estimulantes sexuais politicamente incorretos: a policial, por exemplo, tira o chapéu e a peruca e revela uma careca secreta cuja forma lembra a do membro que imita.
Preço: US$ 40 em red5.co.uk
CAIXA DE SOM PASSIVA E VALENTE
Preço: US$ 500 em charlesandmarie.com
Preço: US$ 8,85 em prezzybox.com
É bem mais fácil ter vontade de comprar esta caixa de som em forma de gramofone do que ter o dinheiro para tanto. No entanto, ela não é só bonita: sem uso de energia elétrica, a belezura garante 55 decibéis de música direto de seu iPod.
homenzinho verde É o homem perfeito. Além de flexível e bonito, a cabeça dele é um pendrive que você arranca e leva para onde quiser sem que ele dê um pio.
Preço: US$ 30 em geekstuff4u.com
estampa
do mĂŞs Marca: King 55 Onde Encontrar: www. king55. com.br
x
40
_PONY, POLAROID, BRYLCREEM
ffw & REW FFW
>> PONY
Lembra da marca de tênis PONY, sensação entre a meninada mais sortuda na década de 1990? As belezuras, que certamente já calçaram seus pés, está voltando com modelos vintage como o City Wings Hi aí ao lado, disponível em dezenas de outras encarnações coloridas. Por enquanto ainda não disponibilizado pela marca no mercado brasileiro, o cano alto clássico teve suas cores renovadas na onda new rave. As cores remetem ao início dos 90, ainda na ressaca dos 80, ou seja, tem tudo a ver com o momento que vivemos. Escolhemos a mistura de azul claro e amarelo porque é certamente a mais bonita e deve agradar de ravers a surfistas. Enquanto o City Wings Hi não chega aqui, os brasileiros podem escolher entre diversos outros modelos legais de PONY já disponíveis no país. Modelos que devem concorrer muito bem com os Converse All Star, basicões e com cores bacanas, são uma prévia empolgante do que vem por aí.
FFW
>> POLAROID
Em fevereiro de 2008 a Polaroid anunciou que seus filmes instantâneos, que serviram de suporte para a captura de momentos felizes de muita gente na era analógica, estavam com os dias contados. Menos de um ano depois, o algoz das fotografias instantânea materializou-se como um produto da própria empresa. A PoGo Instant Câmera é a Polaroid que a era digital queria. O fator de risco para que esta câmera, que imprime as fotos na hora em um papel ainda mais resistente que seu ancestral, diz respeito às tendências do mercado: equipamentos vintage estão em alta, vide o exemplo das câmeras Lomo, cuja tosquice é o atrativo mais exaltado. Nesse quesito, a PoGo deixa a desejar, ao menos em seu primeiro modelo, que não lembra em nada as Polaroids clássicas. Fãs comentam a câmera internet a fora, e sugestões interessantes surgiram: quem sabe fotos adesivas, perfeitas para intervenções urbanas? Ou filtros coloridos e aparência vintage? Aprimore, Polaroid.
rewind << BRYLCREEM Muito utilizado na era da brilhantina, o Brylcreem era o terror das garotinhas: rapazes engomadinhos abaixavam suas cabeleiras, que reluziam como um platô de cabelos a refletir a luz dos embalos de sábado à noite. A onda do Brylcreem, que nada mais é do que a marca mais famosa de brilhantina, durou até os anos 60, quando deu lugar aos looks mais sequinhos. No entanto, a vanguarda artística seguiu dando usos inusitados ao produto. O fundador do Pink Floyd, Syd Barrett foi um que revolucionou: em uma apresentação, encheu o cabelo com o produto. O look gótico obtido (precursor do punk rock de uma década depois) se liquefazia aos poucos, de forma que Barrett parecia derreter sob o calor do show de luzes que o Floyd da época já apresentava. Claro que o fato está longe de ser uma boa propaganda para a gosma capilar.
minha colecao Nando Corrêa
Felipe Neves
qualquer coisa
CARLINHOS CARNEIRO FALA SOBRE...
qualquer coisa .: RONALDO_
Damn Laser Vampires
_Quem sabe o papel higiênico não sirva para mais do que uma ou duas coisas, sendo que a versatilidade não é o clímax de uma caracterização sua, quando posta em texto. Potes de vidros já são outra coisa. E que seja feito aqui meu apelo para o fim da maionese em caixas e/ou sachês. Amigo meu faz de tudo com os vidrinhos. Mas o faz de forma tão interessante que até parece que nascemos, vivemos e morremos com exclusiva determinação de dar um jeito na finalidade da enorme demanda de vasilhames dos envidrados. Minha mãe costuma colocar uns purês de cebola pré-prontos que ela faz no liquidificador, em vidros de maionese ou de compotas de frutas como figo ou pêssego. Depois, é só colocar o purê numa panela com um destes extratos de tomate, tipo salsaretti, e fritar uma carninha. O que só não acontece se a visita for vegetariana, ou tenha aversão à carne dos pobres bois mortos na campanha ou no Uruguai, de onde é procedente a maior parte de nossos guisados, bifes e fígados (pelos quais guardo terrível desprezo). Daí essa idéia de que as ‘1001 utilidades’ são válidas. Só não cabe fazer Bombril de papel higiênico, porque eu não consigo fazer nada com estas ‘esponjas de lã de aço’, além de lavar os pratos e os copos sujos daquela jantinha hipócrita de casais, onde se discutiu de tudo mas ninguém estava com vontade de falar um com o outro. Se bem que botar chumaços de bombril na ponta das antenas da TV é massa. Esse texto mesmo, que antes descambava pra contar a história da dona de um bordel (e dum Galaxie 74 e um K-7 do Teixerinha) – o que era bem nadaver -, descobri poder ser versátil. Nossa! Escrevi ele no século passado, se não mengano, e agora, quando me pedem para “falar sobre qualquer coisa que eu ache que deva”, ele me voltou a mente, como se fosse um CD daqueles que cai pra trás do móvel onde ficam as prateleiras em que tu guarda os teus cds e só acha ele de novo, anos depois de já o dar como perdido, quando arreda ou desmonta o móvel, provavelmente porque ele já ta tapado de cupim e ameaçado pelo desmoronamento iminente. Quando isso me acontece eu pego o CD e ouço sem parar, como se fosse a última novidade dos Flaming Lips, mesmo que não seja Flaming Lips (entenda: estou usando os Flaming Lips como exemplo porque sou absolutamente doente por eles, e porque cupim algum pode destruir isso). E o mesmo me ocorreu ao lembrar e reler esse texto (ou o começo dele). Li, reli, procurei nele e nos potes de vidro que minha mãe continua enchendo de purê de cebola (com um monte de outros temperos - hoje eu sei) o algo que eu ‘achava que deveria falar’, talvez a versatilidade, e por isso comecei a ‘parte nova’ do texto falando que ele poderia ser versátil, mas não, não, não é isso. Eu tenho que falar sobre cupins. Eu odeio cupins. Eles são uma merda. Os tamanduás que me perdoem. Tudo é Preza! Mas Cupim não! PS: agora que me dei conta... Os cupins comeram os dois pés da frente dum móvel que temos na sala, minha mãe não titubeou e colocou dois potinhos de vidro, da mesma altura que os pés de trás, e lá está o móvel, pratcament intacto.
“O Sabbath Vol. 4 foi meu primeiro vinil. É o melhor disco do Sabbath e um dos melhores da década de 1970. Nunca a guitarra de Tony Iommi foi tão arrepiante e criativa, e nunca mais seria. Certamente trata-se do melhor presente que Satã poderia ter nos dado.”
redescoberta
.: NEIL YOUNG_ Live at Massei Hall 1971
Após colher os frutos do sucesso com a Buffalo Springfield nos EUA, NeilYoung decidiu retornar às raízes – tanto ao folk quanto ao Canadá. O disco “Live At Massey Hall 1971” é uma gema preciosa na vasta carreira do canadense:Young alia sua voz pungente ao violão ou a um comedido piano em 18 canções belíssimas e muito bem captadas, inclusive antecipando sucessos de seu cultuado álbum Harvest, como “Old Man”, “A Man Needs a Maid” e “Heart of Gold”. Fique atento para a edição que acompanha um DVD com imagens do show. OYouTube é um bom lugar para dar uma sacada na apresentação, já que boa parte desse DVD, lançado apenas recentemente, estão disponíveis no site como prova da realeza de NeilYoung.
41 noize.com.br
PATA DE ELEFANTE Se não conseguimos que a Pata de Elefante fizesse pose de algo que não é, juntos transformamos a escuridão enluarada de um sítio a meia hora de Porto Alegre em uma bela tarde de sol, captada na estética lo-fi sessentista das páginas seguintes. Assim, trocando a noite pelo dia como de praxe, um dos trios instrumentais de maior impacto na cena musical brasileira honrou suas raízes roqueiras e soltou o verbo sobre música, imagem e pornografia (!).
Gustavo Teles_ Camisa Colcci, regata Carmim, jeans King 55, cinto Carmim, tênis All Star Converse. Gabriel Guedes_ Camisa Carmim, jeans Colcci, tênis All Star Converse Daniel Messias_ Camisa Colcci, t-shirt King 55, jeans King 55, tênis All Star Converse
Gustavo Teles_ Camisa King 55, jeans King 55, cinto Carmim, tênis All Star Converse Gabriel Guedes_ Camisa Colcci, jeans King 55, tênis All Star Converse Daniel Messias_ Camisa King 55, jeans Colcci, tênis All Star Converse, óculos Ray-Ban
Gustavo Teles_ Camisa Colcci, regata Carmim, jeans King 55, cinto Carmim, tênis All Star Converse. Gabriel Guedes_ Camisa Carmim, jeans Colcci, tênis All Star Converse Daniel Messias_ Camisa Colcci, t-shirt King 55, jeans King 55, tênis All Star Converse
Fotos: Marco Chaparro Dir. de Arte: Rafael Rocha Assistência de Fotografia: Lucas Tergolina Produção: Mely Paredes e Bianca Montiel Texto: Fernando Corrêa Figurinos: King 55, Colcci, Carmin e All Star Converse Agradecimentos: Neca Wortmann, Felipe Neves, Maurício Capellari
O que faz o som da Pata ter essa proximidade com o pop e não se restringir a um nicho? Daniel_ acho que é o jeito que a gente constrói as músicas. Pega a guitarra e faz uma melodia de cantar, de assobiar. Gabriel_ Acho que a palavra chave é simplicidade. A gente gosta de rock, de música de filme, de bolero, mas a gente faz música simples, sem “celebralismos” ou “matemáticas”. Gustavo_ Tem a ver com o que a gente ouve, e as pessoas se identificam com isso. Ou bate ou não bate. A influência das trilhas sonoras é muito perceptível no som de vocês. É um gosto em comum? Gustavo_ Uma trilha sonora permeia o contexto de uma cena. Da mesma forma, a gente busca compor uma música que, mesmo sem palavras, passe determinado sentimento. Gabriel_ Eu posso dizer que hoje em dia eu gosto tanto de Hendrix quanto de Enio Morricone. Acho que os caras que faziam essas trilhas ouviam o rock instrumental da época - a surf music. Então tem as guitarrinhas, e ao mesmo tempo eles eram italianos malucos, passionais. Tem aquela melodia bem rebuscada, elementos estranhos, assobios, percussão louca... mas eu nem sei por que eu estou falando disso. E a galera que vai em show e canta mais alto que a banda, o que faz nos shows de vocês? Gabriel_ Tem uns que cantam a melodia, “la la la”. Gustavo_ Isso inclusive nos inspirou para algo que em breve virá. É um capítulo para daqui a pouco. E os nomes de música vêm como? Como “Dor de Ciso”, que passa a agonia do nome no som.... Gustavo_ Costuma ser muito aleatório. Por exemplo, “Da Tua Irmã Eu Também Gosto”, a gente estava num programa de TV e a gente tinha 3 músicas para dar o nome na hora. Daniel_ Vários nomes surgiram assim, da necessidade do momento. “Dor de Ciso” também, eu estava com uma baita dor no ciso e a gente tinha que tocar num programa. Mas a música não tem nada a ver com isso. Tem algum artista que seja referência mais forte para vocês, com quem tenham aprendido? Gabriel_ Eu acho que The Band, são os caras que nos ensinaram a tocar para a música, a fazer o que ela pede, jamais tocar porque cabe, “aqui eu posso botar um solo cheio de nota”. Isso vai ser bom para mim, mas para a canção não. Qual a preocupação de vocês com imagem? Gustavo_ Nossa principal preocupação é com a boa música. E nossa imagem é o que rola, a gente é como é de fato. Daniel_ É, não pode tirar foto com tênis jogging, casaquinho de taquetel, que não dá, né, cara? (risos) Tem limite.
Gabriel_ É, a gente não se preocupa muito, jamais paramos pra pensar em uma imagem para a banda. Somos uns caras mais ou menos parecidos, a gente gosta das mesmas coisas. Então, se olham pra nós três juntos, já vêem que é uma banda, mas uma coisa 100% natural. E o som dos festivais, vocês falaram que é a única coisa que às vezes deixa a desejar... Gustavo_ É mais fácil encontrar festivais com som ruim do que com som bom. E aí acontece de tu ir em um lugar e ter tudo bacana e a única coisa que deixa a desejar é o som. Aí tu pensa “tem alguma coisa errada”. O que vocês acham da Mallu Magalhães? Gabriel_ Eu acho muito bom. Acho bem talentosa ela. Gustavo_ Acho ela totalmente autêntica, sincera. E me agradam as músicas, acho de bom gosto. E outras coisas que rolam, os Retrofoguetes da Bahia, que são do caralho, os Locomotores, de Porto Alegre, banda de rock do caralho, Severo em Marcha, que também está com um CD muito bom, os Dinartes, de Passo Fundo, a Pública, que acabou de lançar disco... Bandinha Di Da Dó, isso é muito afude! Saiu na Noize tempos atrás a história de vocês fazerem a trilha de um filme pornô... Daniel_ Já tá em andamento, tá rolando... Gabriel_ Onde é que vão filmar? (risos) Daniel_ O filme é meio que uma encomenda nossa, ele passa num telão, e a gente toca ao vivo. Uma coisa meio cinema mudo. A gente não sabe se vai aparecer o som do filme também, mas tem que aparecer, né, ouvir uns gemidos. Vocês dois são originalmente guitarristas? O lance do baixo é meio “pegar de goleiro”? Gabriel_ É necessidade, pegar de goleiro, isso aí. “Sobrou pra ti, velho, pega o baixo e não reclama” (risos) Gustavo_ O legal é que dessa necessidade os dois viraram excelentes goleiros. Isso rolou desde o primeiro show, que a gente levou um bolo do Bocudo e do Beto Bruno da Cachorro Grande da época, e tivemos que chamar o Daniel, que era amigo do Gabriel. Estamos aí até hoje, 7 anos. E o novo disco, quando sai? Gustavo_ A gente quer gravar e lançar até o fim do ano. E o teu disco solo, Gustavo, é Pata com vocal? Gustavo_ Não, é um disco de folk rock. O nome é Gustavo Telles e os Escolhidos. É um disco de amigos, e o resultado me deixou emocionado mesmo. O disco tá pronto, peguei a master ontem. Em seguida vocês vão conhecer...
reviews
_prodigy, lily allen, yeah yeah yeahs, paralamas, john frusciante e mais
U2
YEAH YEAH YEAHS
No Line On The Horizon
It’s Blitz!
O U2 aparece logo no início de 2009 com No Line on the Horizon, o 12º álbum de estúdio da banda. Sem surpresas nem novidades sonoras, os irlandeses apresentam um disco engajado como sempre, com letras bem elaboradas e bonitas. A música single, que dá nome ao disco, é talvez a mais interessante do álbum, mas nem se compara com os hits estonteantes “Vertigo”, de How to Dismantle an Atomic Bomb, e “Elevation”, de All That You Can’t Leave Behind, citando apenas os dois últimos trabalhos anteriores. Sem nenhuma outra canção que salte aos ouvidos, “Magnificent” e “Get on Your Boots” dão vontade de dançar, mas não muita. Depois de tanto estardalhaço sobre revolucionar o rock, o que temos é um CD bem feito, mas nada além disso. Ana Luiza Bazerque
Para o fã, é preciso esforçar-se para não classificar It’s Blitz, novo álbum do Yeah Yeah Yeahs, como frustrante. Conhecida pelo instrumental barulhento e pelos berros da vocalista Karen O., lança um trabalho leve e fácil de ouvir até o fim. Porém, as boas letras e melodias, ao caírem no clichê das batidas eletrônicas, sugerem apenas mais um disco hype. Talvez seja: à exceção de “Heads Will Rock” e de “Dragon Queen”, que lembram os últimos trabalhos da banda, pouca coisa estimula uma nova audição do álbum. “Little Shadow” e “Runaway” valorizam uma faceta doce da voz da vocalista, mas não empolgam quando comparadas às antigas “Gold Lion” e “Cheated Hearts”. O YYY’s tenta a sorte no universo moderninho, mas não emplaca. Fernanda Grabauska
PRODIGY
Invaders Must Die A revolução do Prodigy já faz mais de uma década, com o catártico The Fat of the Land, álbum fundamental que apresentou pelo menos três clássicos: Smack My Bitch Up”, “Firestarter” e “Breathe”. Liam Howlett e os eletrônicos voltam com um álbum que poderia ter sido lançado logo na seqüência. Em “Invaders Must Die”, com menos inspiração do que no clássico disco de estreia, o Prodigy mantém a fórmula que consagrou a banda. O resultado é um bom disco, com o mesmo ambiente de “fritação pura” que eles apresentaram nos anos 1990. A fórmula fica evidente nas duas melhores faixas do álbum: “Invaders Must Die” e “Warrior’s Dance”. Após um longo período sem lançar nada, o Prodigy está de volta para a festa das pistas, com a produção de um dos álbuns mais contundentes do estilo nos últimos tempos. Não há nenhuma novidade que revolucione o estilo. Mas nem precisava. Isso o Prodigy já fez. Carlos Guimarães
LILY ALLEN It’s Not Me, It’s You
Talvez a aura vintage, um ponto positivo de It´s Not me, it’s you, colabore para a impressão de “já ouvi isso antes” que ele causa desde a primeira faixa, “Everyone’s at it” – cuja letra é a mais legal do álbum. Greg Kurstin fez um bom trabalho de produção, mas sem o vigor do time de Mark Ronson em Allright, Still. Enquanto o eletrônico polido não ousa em momento algum, a insegurança de Lily mantém sua voz doce idêntica em todas as faixas. Repete bem a fórmula de cantar letras sórdidas em melodias felizes – destaque para a country “Not Fair” e a natalina “Fuck you” – mas não vai além disso. Com algum single de peso na altura de Smile e LDN o problema estaria resolvido, na ausência, eis um álbum bom, pero no mucho. Maria Joana Avellar
PARALAMAS DO SUCESSO Brasil Afora
Quem nasceu na década de 90 tem poucas chances de gostar de Paralamas do Sucesso. Nos primeiros suspiros, o século XXI maculou a banda com o acidente que quase matou o líder Herbert Viana e deixou no ar a dúvida: conseguiria Herbert reengrenar sua fábrica de hits? Brasil Afora é o primeiro sinal de que o talento sempre fica em casa onde é bem recebido. A evolução de calmaria a euforia da dobradinha “Taubaté Ou Santos” e “Brasil Afora” é digna dos bons tempos, sejam eles de Selvagem (1986), sejam de 9 Luas (1996). À simplicidade, que sempre fez parte do Paralamas, soma-se a participação de Zé Ramalho em “Mormaço” e tem-se uma das candidatas a hit, com sua melodia aprazível dá mesmo vontade de descer ao rio e ficar à toa. Fernando Corrêa 49 noize.com.br
MORRISSEY
FALL OUT BOY Folie à Deux
ANTONY & THE JOHNSONS
Years Of Refusal
The Crying Light
O Fall Out Boy sempre foi uma banda do emo que se destacou da mediocridade do estilo. Não concentra suas letras em simplistas palavras sobre corações partidos e lágrimas derramadas, assim como procura, a cada disco, novos elementos pra rechear suas composições. Em Folie à Deux , o grupo vai onde os amigos Panic At The Disco foram recentemente, a 1967. Orquestrações, convidados (como Debbie Harry e Elvis Costello), alusão a Lennon. Experimentações de todos os tipos. E é bacana, pois reflete a enxurrada de referências que vivemos nos ’00, embora por vezes soe desconexo e repetitivo. Tomás Bello
Morrissey entrou na casa dos 50 sem abandonar a verve que o consagrou como o poeta dos corações solitários dos 80s. Talvez seu “amadurecimento” - se é que dá para usar esta palavra com o Mr. Mozz - seja na sonoridade. Ousado, o ex-Smiths experimenta guitarras pesadas, melodias agressivas e até a participação do grande Jeff Beck nas guitarras.”Years of Refusal” é mais um cartão de visitas com letras confessionais e sensíveis, provando envelhecer sem perder a meiguice. Talvez a escolha de uma música chamada “That’s How People Grow Up” como single não seja mera coincidência. Carlos Guimarães
para quem quer ir mais fundo: my favorite things, ballads, coltrane plays the blues
DiscografiaBásica
por Gabriel Resende
Em 2005, o Antony & The Johnsons assustou as pessoas com o espetacular I Am A Bird Now. A banda se destacou principalmente por causa da bela e misteriosa voz do líder Antony Hegarty. The Crying Light é uma continuação um pouco mais fraca. Enquanto no antecessor a banda se arriscava mais, sobrando originalidade, o novo trabalho tem medo de errar, mas continua muito longe de ser descartável. A obra de Antony continua bela, e nos faz arrepiar ainda mais diante de tantos contornos dramáticos. O ponto alto é “Aeon”, que sai do lugar comum e exala emoção. Felipe Queiroz
JOHN COLTRANE
Blue Train
Em 1957, depois de ser expulso do quinteto de Miles Davis pelo uso abusivo de heroína, o ainda promissor John Coltrane foi apadrinhado por Thelonious Monk, que deu liberdade para que o saxofonista desenvolvesse sua musicalidade. Numa alusão à veia em que injetava a droga, Coltrane lança “Blue Train”, primeiro álbum solo em que escolheu os músicos com quem iria trabalhar – entre eles, Lee Morgan, talentoso trompetista assassinado aos 33 anos, e Paul Chambers, baixista e ex-colega de quinteto. O resultado é um disco que coloca Coltrane como um compositor e improvisador diferenciado, a ponto de Miles recrutá-lo de volta para o grupo que, dois anos mais tarde, gravaria o celebrado e quinquagenário “Kind of Blue”. Destaque para “Blue Train” e “Lazy Bird”. Giant Steps
Dando mais um passo em direção à imortalidade, Coltrane lança em 1959 o primeiro álbum inteiramente composto por ele: “Giant Steps”. Várias das faixas virariam standards, como “Cousin Mary”, “Naima” e “Mr. P.C.”, mas, mais do que soar esplêndido aos ouvidos, o disco marcou época por exemplificar perfeitamente as inovações de Trane. Seu fraseado de improviso, conhecido como “camadas de som”, e seu novo conceito de progressão harmônica, as Coltrane changes, ganharam o mundo. Até hoje, músicos de jazz mensuram a própria capacidade de improvisação estudando a progressão de acordes da faixa título. “Giant Steps” figura na 102ª colocação da lista dos 500 melhores álbuns de todos os tempos da Rolling Stone. A Love Supreme
Coltrane, em busca de pureza e uma sonoridade única, viu na espiritualidade uma maneira de livrar-se do vício e de explorar seus limites musicais, mergulhando a fundo no estudo de diversas religiões. “A Love Supreme”, gravado em uma única sessão em 1964, é sua obra-prima e um dos maiores discos da história. Concebido como um agradecimento a essa força mística, o disco é dividido em quatro partes e conta com Coltrane entoando um mantra e musicando o poema religioso do encarte, de sua autoria, sílaba por sílaba. Conciliando as influências do início de sua carreira com suas inspirações orientais e situando com precisão cirúrgica a fronteira entre seu improviso selvagem e a cacofonia, John Coltrane foi para o caixão com a certeza de que os deuses haviam aceito a homenagem.
JOHN FRUSCIANTE The Empyrean
The Empyrean, o décimo trabalho solo do guitarrista John Frusciante, é claramente conceitual e progressivo. Negando qualquer resquício de Chili Peppers, Frusciante aposta em uma viagem setentista, cheia de efeitos vocais, pianos elétricos e guitarras dissonantes. Com um início lento, de faixas intermináveis, o disco se salva a partir da sétima faixa, “Enough Of Me”, de guitarras mais vigorosas e vocais agudos maravilhosos. Não é o melhor disco da carreira de Frusciante, mas parece o anúncio de uma nova fase no trabalho do músico. O que se confirma é a sua versatilidade como compositor. Fãs não irão se decepcionar. Gabriela Lorenzon
FRANZ FERDINAND Tonigh: Franz Ferdinand
Tonight cumpre um papel bem maior do que apenas agradar os mimados fãs de Franz Ferdinand.A pegada do primeiro CD retorna, as guitarras dão lugar para os sintetizadores e o objetivo declarado do álbum de fazer dançar se cumpre. Mas, mais do que a aventura eletrônica, são as letras inspiradas e a esquizofrenia de “Lucid Dreams” que justificam as longas férias dos escoceses. A banda está mais sexy e mais madura, mas aposta majoritariamente nas velhas fórmulas bem sucedidas, o que não é péssimo nem ótimo. A saudade ajuda o álbum a agradar, mas a expectativa faz desejar um pouco mais de ousadia. Maria Joana Avellar
ta por vir .: 24.03_ Peter Doherty | Grace/Wasteland “Eu fui obrigado a me esforçar enquanto músico”, falou meses atrás o outrora drogadito mais querido no Reino Unido. Grace/ Wasteland já vazou e tem repercutido bem. Sim, Pete(r) está vivo e produtivo.
confira Fanfarra Paradiso Fanfarra Paradiso ___O primeiro EP dos cariocas, de backgrounds variados, transmite bem a cozinha do jazz com a diversão de quem tocava hardcore quando moleque e funk com melodias sessentistas. Som de quem agradece ao “coco loco” no encarte.
Madeleine Peyroux Bare Bones ___Consagrada como uma das principais intérpretes do jazz da atualidade, em Bare Bones Madeleine aposta em coposições otimistas. Prova que, do pop ao erudito, tudo fica lindo na voz de Peyroux.
Animal Collective Marriweather Post Pavilion ___Os olheiros do indie consideram o disco um dos favoritos a melhor do ano. Maneirismos e esquizofrenias bem produzidas para divertir os que estão abertos a isso, Animal Colective é sempre uma surpresa.
DVDS VÁRIOS
Cafe de Los Maestros
Juntar vários mestres do tango para refrescar a memória dos esquecidos, deleitar os apaixonados e conquistar os desavisados. Criadores e intérpretes que viveram os anos dourados das décadas de 1940 e 50, que ousaram no exterior ou que ficaram no berço dourado da argentina, falam e tocam neste que é certamente um dos materiais mais bonitos produzidos sobre a o gênero musical. O clímax do documentário, dirigido por Miguel Kohan e com colaboração do premiado Gustavo Santaolalla no roteiro, é a apresentação no lendário Teatro Colón, em Buenos Aires. Cafe de Los Maestros é o Buena Vista Social Club do ritmo argentino. Apesar de ainda não ser encontrado no Brasil, foi muito bem recebido pela crítica internacional e aclamado no Festival Rio de Cinema. Fernando Corrêa
RUSH
Snakes & Arrows Live
Filmado em show realizado na Holanda, Rush – Snakes and Arrows Live é um excelente registro desta que é uma das maiores bandas do rock progressivo mundial. Com imagens de altíssima qualidade e um som melhor ainda – diferentemente do que foi o Rush in Rio, com uma edição propositalmente mais crua e mais realista da banda –, neste DVD tudo foi editado de maneira a mostrar o melhor possível das composições do grupo canadense. Utilizando faixas do novo álbum e clássicos insuperáveis como “The Spirit of Radio”, “Tom Sawyer”, “Subdivions” e “YYZ”, e recheado de bom humor, tanto no vídeo introdutório quanto nas imagens durante o show, é garantia de deleite para aqueles que apreciam um som de técnica absurda e melodias encantadoras. Ricardo Finocchiaro
51 noize.com.br
52
cinema NOTORIOUS
Diretor_ George Tillman Jr. Lançamento_ 2009 Atores_ Jammal Woolard Darek Luke Nota_ 3 de 5
É preciso deixar claro que Notorious não se trata de uma biografia reveladora de Christopher George Latore Wallace, mais conhecido como Notorious B.I.G. Brilhantemente protagonizado pelo ator estreante e tambem rapper do Brooklin Jamal Woolard, o filme não pretende trazer respostas sobre o assassinato de Notorious, ocorrido após uma festa em L.A., ou detalhes da rivalidade criada após o incidente em que Tupac Shakur (Anthony Mackie) foi baleado no lobby do Quad Studios em Manhattan - eventos que, segundo especulações, estariam relacionados. Apesar dessa parte da história estar no filme, o assunto é tratado de forma politicamente correta, como apenas um mal entendido nunca resolvido devido a morte desses ícones do hip hop. O rapper que emergiu de gordinho da
mamãe e motivo de chacotas quando criança (as cenas de sua infancia são interpretadas pelo próprio filho de B.I.G.) a traficante na adolescencia tem mesmo uma história cativante e difícil. Mas dando uma olhada em quem ajudou a produzir o filme - o parceiro Puff Daddy e a mãe Voletta Wallace -, fica claro que a trama correria da maneira mais positiva possível: Daddy (interpretado por Derek Luke) aparece como grande salvador e mentor, Voletta (Angella Bassett), como uma mulher de caráter inabalável, e o próprio rapper, como um bad boy bem “família”. Nada disso compromete o filme no seu objetivo: entretenimento. Talvez não agrade os fãs mais fervorosos, mas deve criar novos interessados nesse boom do rap americano do começo dos anos 90, cenário em que o filme transcorre. Bruno Felin
WATCHMEN
Diretor_ Zack Snyder Lançamento_ 2009 Atores_ Malin Åkerman Matthew Goode Carla Gugino Nota_ 5 de 5
Aguardado com ansiedade por fãs de quadrinhos, Watchmen – O Filme adapta o que é considerada a maior obra já produzida no gênero, a graphic novel Watchmen, de Alan Moore (V de Vingança, Do Inferno) e Dave Gibbons. Parte retrato metáforico de uma época, parte dissecação da imagem e do significado da figura do super-herói no imaginário contemporãneio, considerado infilmável, chega agora às telas pelas mãos de Zack Snyder, que assim como fez em 300, adapta quadrinhos com suprema fidelidade visual. A história se passa num 1986 alternativo, onde heróis máscarados existem, alterando a história como a conhecemos – os EUA vencendo no Vietnã, Nixon ainda presidente, a Guerra Fria prestes a se tornar quente. O assassinato de um vigilante mascarado dá início à investigação de um possível
complô para eliminar heróis e permitir uma guerra nuclear.Visualmente, o filme é lindo: um espetáculo visual que reconstitui a metade da década de 80 em todo seu colorido féerico, suas ruas sujas e violentas, que mesmo sofrendo de um ritmo oscilante – a duração é longa e a trama é complexa –, é compensado pela excelente trilha sonora, que vai de Bob Dylan (os geniais créditos de abertura, ao som de The Times They Are A-Changing), o enterro emabalado por The Sound of Silence, Simon & Garfunkel, ou a viagem à antártida com All along the Watchtower, Jimi Hendrix, são alguns dos momentos memoráveis do filme. Poderia ter sido melhor, poderia ter sido pior, mas só pelo impacto visual, já é imperdível. Samir Machado
cinema
QUEM QUER SER UM MILIONÁRIO
MILK
Oito Oscars, incluindo melhor filme? Não é pra tanto. O que justifica que seja tão incensado por crítica e público talvez seja o tom otimista e positivo, o carisma do bom casal de protagonistas, Dev Patel e Freida Pinto, e o elenco infantil indiano. Dirigido pelo mesmo Danny Boyle de Trainspotting e Extermínio, oferece um passatempo divertido e otimista que abusa um pouco da credulidade do espectador (saber o nome dos três mosqueteiros, pelo visto, é uma pergunta muito difícil na Índia), ao contar a história de um adolescente indiano que vence o equivalente local ao Show do Milhão e, por sua origem pobre, é acusado de fraude. Por mais absurdo que pareça, o filme fica melhor por terminar com uma cena típicamente Bollywood de dança ao som da oscarizada Jai Ho, e me fez pensar que muito filme melhoraria se terminasse com o elenco dançando. Samir Machado
Os três maiores méritos de Milk provavelmente são mostrar a versatilidade de Gus Van Sant em passar de filmes mais experimentais (Elefante, Paranoid Park) à filmes mais populares (Gênio Indómavel e este Milk); a interpretação de Sean Penn, que desaparece dentro do personagem de modo impressionante; e o filme trazer uma mensagem de tolerância a um tema delicado sem ser ofensivo, fazer uma defesa veemente de igualdade de direitos sem ser agressivo Harvey Milk foi o primeiro homossexual assumido a eleger-se para um cargo público nos EUA, uma espécie de sub-prefeito de Castro Street, o bairro boêmio de San Francisco, e o filme foca sua luta contra a discriminação promovida, principalmente, pela cantora Anita Bryant, mostrada em imagens de arquivo – uma oponente cujas idéias soam ainda mais assustadoras ao se saberem reais. Samie Machado
de Gus Van Sant (2009)
livros
UM ANO NA VIDA DOS BEATLES E AMIGOS de Clinton Heylin (2008)
de Danny Boyle (2008)
Amparado pelo álbum mais reverenciado dos FabFour, Clinton Heylin, em Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band - Um ano na vida dos Beatles e amigos, traça um panorama da música que tornou 1967 “o ano” na história do rock. Com depoimentos de gente próxima aos Beatles, Heylin reconstrói o clima que cercou a produção de Sergeant Pepper’s. Mais que isso, mostra como, embora seja aclamado como ponto definitivo da transição do formato de música pop para a estética rock, Sgt. Pepper’s é um entre tantos discos da época que buscavam caminhos e elementos alternativos movidos a drogas e esperança. O livro soma pontos por contar como essas outras bandas andavam na direção do experimental e do conceitual. Por vezes, parece que Heylin gosta mais do Pink Floyd de Syd Barrett e do Beach Boys de Brian Wilson do que dos meninos de Liverpool. Mesmo que o título do livro seja alarme falso, ele sinaliza algo muito maior: Sgt. Pepper’s é muito mais um marco do que um álbum definitivo. 1967, o ano, é o maior álbum de todos os tempos. F.C.
games GRAND THEFT AUTO IV Como já era esperado, GTA 4 é fantástico. Os criadores prezaram pelo realismo ao extremo, desde o motorista que voa pelo parabrisa, até o estilhaçar dos vidros do carro em uma violenta colisão no trânsito. Você não encontra mais um lança-chamas para vender na loja da esquina, mas possui um celular extremamente útil e pode chamar um táxi e ir pra qualquer ponto do mapa. Para certas missões, você precisará acessar o computador dos carros da polícia. Para fazê-lo, poderá explodir algum carro, chamando atenção como antigamente, ou pode apenas chamar a polícia pelo 911 que a viatura mais próxima irá socorrê-lo. É nos detalhes que o game se mantém indispensável. Eduardo Dias 55 noize.com.br
56
blog _fmylife.com Se você nunca compreendeu o Twitter, essa galera achou um dos melhores usos para o serviço incipiente.Vários motivos pelos quais a vida é bela - ou desastrosa. Situações bizarras com desfecho mais bizarros ainda podem salvar o seu dia e causar dependência. _menwholooklikeoldlesbians. blogspot.com Uma cometânea de imagens de estrelas que se parecem com velhas lésbicas. Quem tem senso de humor se diverte.
mp3 Everything That I’ve Done | The Killers, Bono e Coldplay Pela causa do câncer infantil, supera-se o ego. Last of the English Roses | Peter Doherty O primeiro single do já vazado disco de Peter, outrora Pete Doherty, já vicia gente por aí. Borderline (cover de Madonna) | Flaming Lips Isso mesmo, os xaropes e talentosos Flaming Lips homenageando a Rainha;
tiny urls http://tinyurl.com/czbwns Diversão garantida, perfeito para uma daquelas orquestras deYouTube. http://tinyurl.com/dzxjh7 Não conhece o Big ‘Bosta Brasil? É o jeito de quem odeia o BBB se divertir com o reality show. http://tinyurl.com/3b7wwo Descubra como você vai ficar quando velho.
coachella david
video
franz ferdinand _O vídeo de “No You Girls” tem uma direção bacana e faz parte do lançamento do single, cuja versão original, consideravelmente guitarreira, será acompanhada de remixes de Vince Clark e John Disco. tags: franz ferdinand no you girls official
anoes doidoes e daft punk _Os anões da Branca de Neve, acompanhados de sua dama alva, cantam, dançam e enlouquecem ao som do hit “Harder Better Faster Stronger”, do Daft Punk. O vídeo já é um clássico instantâneo do YouTube. tags: dwarfed punk
Lily vs britney _Não, não é um barraco. A versão crua de Lily Allen para o hit “Womanizer”, de Britney Spears, ajuda a entender o sucesso do primeiro single de Circus. Ao menos na voz da queridinha e insegura Lili, música é boa mesmo. tags: lily allen womanizer
after dentist little boots trabalho sujo cadbury
joaquim phoenix together through life
oscargasm bebe bambole
david bowie 17 adidas original abril pro rock sleepwalking fail
fotos: 1 | Omar Assaf
2| Giuliano Cecatto
3 | Amanda Teixeira
4| | Rafael Monteiro
5 e 6 | Felipe Neves
1 2
3 4
5 6
shows
_manu chao, deep purple, d2, circle jerks, grito rock e alanis morissette
MANU CHAO
DEEP PURPLE
Manu Chao está de volta! O show de São Paulo, no Espaço das Américas, marcou a primeira apresentação da nova turnê La Radiolina + Radio Bemba no Brasil. O franco-espanhol se apresentou com a sua banda “Radio Bemba”, dos talentosos: David Bourguignon (bateria), Gambeat (baixo), Madjid (guitarra), Philippe “Garbancito” Teboul (percussão), Julio Lobos (teclados) e Angelo Mancini (trompete). O repertório - mais de duas horas de show - passou por faixas do último álbum, La Radiolina, de 2007, como, Amalucada Vida, Politik Kills e A Cosa. E ainda não deixou faltar outros sucessos da carreira do “franco-espanhollatino-americano-cidadão-do-mundo”, como Bienvenido a Tijuana, Clandestino e toda latinidade de Lo Peor de la Rumba, a Rumba de Barcelona e La Despedida. Até rolaram algumas versões do “Mano Negra”, antiga banda de Manu, para os mais nostálgicos - como Mala Vida e Casa Babylon. A banda abriu com El Hoyo, do último álbum. De início o público já se animou com esse músico que vem do “hoyo (buraco) de la gran ciudad” e sabe dar uma festa como poucos. Festa de alegria e melancolia, a Infinita Tristeza ao lado da eterna Esperanza! Tristeza pela situação mundial. Esperança por um bom futuro. Manu grita socorro em meio à solidão coletiva que vivemos na cidade cinza. Por isso, pede “Hey Bob Marley! Sing something good to me/ this world go crazy/ its an emergency” E Mr.Bobby fez todo mundo cantar. Palavras que reúnem a tristeza, o desespero, mas não calam a voz da esperança. O cantor batia o microfone no peito várias vezes. Batimentos cardíacos daquele que luta de coração aberto. Agradeceu inúmeras vezes, não queria deixar o palco, sempre voltava para mais. No fim, deveríamos todos ter agradecido “Manu y Radio Bemba, Me gustas tu! Gracias!” Rodrigo Vinagre
Nas duas últimas aparições na capital gaúcha, o Deep Purple se apresentou no Ginásio Gigantinho nunca para menos do que oito mil pessoas. Desta vez, o evento ficou marcado para duas noites no Teatro do Bourbon Country, um lugar menor mas de uma estrutura muito melhor. Talvez os altos valores de ingresso tenham contribuído para que a casa não estivesse lotada – pista custando R$180. Com pontualidade absurda, o grupo inglês começa o espetáculo exatamente às 21h. Sem cerimônia, sem cenário - apenas alguns tecidos dando um toque decorativo – e sentando a lenha com “Highway Star”, um dos maiores sucessos da banda, Ian Paice (bateria), Don Airey (teclados), Roger Glover (baixo), Steve Morse (guitarra) e, por fim mister Ian Gillan (voz), sobem ao palco, nesta formação que não se modifica desde 2002. Mesmo com a qualidade sonora impecável proporcionada pela acústica do local, podendo-se ouvir perfeitamente todos os instrumentistas, o show inteiro é cadenciado em um ritmo morno, com um repertório sem surpresas, com exceção de “The Battle Rages On”, presente no álbum homônimo e que, nos últimos dois shows do Deep Purple em Porto Alegre, não estava presente no set list. Com solos sem muita inspiração, Airey e Steve Morse apenas cumpriram tabela. Roger Glover era o mais animado, balançando seu baixo e animando os fãs próximos a ele. Ian foi o mesmo de sempre, preciso e firme. Ian Gillan bem que tentou levantar a platéia no Teatro do Bourbon Country, mas os presentes pareciam saídos de uma geladeira, raras vezes batendo palmas ou cantando com vontade o refrão de alguma música. Mister Gillan, por sinal, estava com problemas visíveis em sua voz, em muitas vezes desviando o microfone para tossir e em vários momentos privando o público de passagens das letras cantadas por ele. Para uma turnê de comemoração aos 40 anos de fundação
São Paulo, Espaço das Américas, 11 de Fevereiro
Porto Alegre,Teatro do Bourbon Country, 2 e 3 de Março
do grupo, este show deixou a desejar em repertório que, além de curto – não passou de 100 minutos –, não teve grandes novidades. Sons como “Into the Fire”, “Strange Kind of Woman”, “Space Truckin”, “Perfect Strangers” e “Smoke on the Water” estavam presentes, mas a banda só conseguiu levantar mesmo a platéia com “Hush” e “Black Night”, já no bis e sem tempo para outras intervenções. Ricardo Finocchiaro
MARCELO D2 Porto Alegre, Bar Opinião,12 de Março
A diversidade do público presente no Opinião, em Porto Alegre, reflete muito bem como andam os shows de Marcelo D2 e, claro, sua popularidade. Todas as faixas etárias e econômicas estavam representadas lá, literalmente. Com a casa cheia, o ar condicionado parecia não contribuir em nada. Resultado: sauna, supostamente uma das especialidades do músico. “Dinheirinho suado, hein? “ ele disse, já na segunda metade do set. Concordei plenamente. A montagem do palco foi um dos destaques do show, deixando um clima solto como se estivessem tocando num boteco - com direito a mesinha e balde de gelo. Marcelo abriu a noite com um pout-po-ri de de dois sons do disco novo: “A arte do barulho“ e “Fala sério! “, intercalados com “Gueto“, elevando a temperatura de vez. A partir daí foram músicas de seu cardápio mais antigo – incluindo os hits enfumaçados do Planet Hemp – que tomaram conta. Tudo como numa daquelas quintas-feiras no Opinião, que já acontecem há alguns anos. A maioria do público estava lá pra ver isso mesmo, assim como quando vão ver Ivete Sangalo ou Jota Quest. Mas nem tudo foi assim tão previsível. D2 mostrou energia para ficar no palco por mais de meia hora depois do show curtindo os sons selecionados pelo DJ Nuts que o acompanhava. Depois de clássicos do rap nacional, funks e sambas, o calor venceu a todos e já estava na minha hora de ir pra casa. Bruno Felin 59 noize.com.br
GRITO ROCK
CIRCLE JERKS
Os primeiros temperos alternativos dos cinco dias de Grito Rock foram das bandas locais que venceram as prévias do festival. Elas tocam enquanto o público chega e são chamadas de “as mais despreparadas”. Isso não tira o cuidado com que cada uma pensou seu show. Algumas bandas locais melhoraram muito de um ano pra cá, os ativistas do Anhangá deram conta do ótimo lugar que receberam na programação. No sábado, a noite foi do Filomedusa, que começa a ter um público cativo em Cuiabá. Depois do show morno do Ludov, a sensação foi de “ainda bem que os acreanos apareceram”. E claro, não dá para não notar a cara-de-pau do vocalista do Pé Rachados e os Porra Lokas, Marcelo, que levou irreverência ao palco, tirando sarro de todo mundo e de si mesmo. Foi interessante a performance rock do baixista jazzístico Ebinho Cardoso, que tocou depois dos ótimos shows do Vinil Laranja e Gloom e conseguiu segurar a onda sozinho no contra-baixo para um público já eufórico. Na terça, o Nitrominds tocou com jogo ganho, fez um show profissional e não decepcionou. Vale ressaltar três bandas que conquistaram o publico e saíram com o passaporte da volta quase carimbado: Vinil Laranja, do Pará, que tem em sua essência a ironia noventista e não deixou o pique cair; os paulistas do Plano Próximo, cheios de gás, com influências do synthpop; não tão graciosos, mas competentes, o trio instrumental O garfo, do Ceará, chegou na mesma situação que o Macaco Bong, anos atrás: a pergunta “não tem vocalista?” era comum, mas, da segunda música em diante todo mundo já ficou vidrado e atento ao show. Mesmo com a péssima acústica do local, a galera da sonorização se desenrolou. Dando uma nota pelos cinco dias de festival, acho que um 7,5 é uma boa. Depois de uma maratona, termina o carnaval da cidade sede do Maior festival integrado do mundo. Dewis Caldas
Os dreadlocks compridos de Keith Morris não mentem: o homem em cima do palco é uma lenda viva do punk hardcore californiano. Seu nome também não: fundou não apenas o Circle Jerks, mas também o Black Flag. Morris sempre foi uma figura marcante: no palco, encena alienação e paranóia, tudo parte do jogo de cena sarcástico que marcou não apenas suas bandas, mas outros grandes nomes dos 80s, como Dead Kennedys e Minor Threat. Se a idade pesa, o hardcore do Circle Jerks é forte o bastante jogar o peso das décadas de volta para a platéia. É meia-noite, o Circle Jerks está no palco, protejam-se. A guitarra que grita também está em boas mãos. Baixinho e careca, Greg Hetson lembra um rato de laboratório, um experimento bem sucedido de uma vida tocando a música capaz de questionar o sonho americano. Certamente é tocar no Bad Religion o que permie a Hetson empunhar a Gibson SG de onde saltam as primeiras notas de desespero.Ao longo da apresentação, as músicas de Group Sex, debut de 1980, são as que causam maior comoção (leia-se quebradeira). A trinca “Behind the Door”, “I Just Want Some Skank” e “Beverly Hills” fizeram tremer as bases dos porto-alegrenses. A maioria das outras canções de Group Sex seriam tocadas no decorrer do show, intercaladas com músicas de outros discos, como o também emblemático Wild in the Streets, e “covers” de Black Flag com o vocal original de Morris. No entanto a dobradinha “Don’t Care”/”Live Fast, Die Young”, pedida aos berros pelo público, não teve vez. Do alto de seus 53 anos, Morris - que diz sentir-se com 16 - falou que, se tivesse morrido cedo, não teria vindo ao Brasil em pleno 2009 - mais de 20 anos após os bons tempos do hardcore estadunidense. Mesmo pagando R$ 8 por uma garrafa de cerveja, o público entendeu e louvou os Jerks do início ao fim. Até porque bastava esboçar revolta - fosse a cerveja cara,
Cuiabá, 20 e 24 de Fevereiro
Porto Alegre, Revolution Pub, 12 de Março
fosse com os sempre despreparados seguranças -, Morris, Hetson e cia largavam mais uma bomba de efeito moral, a quebradeira começava e a paz voltava a reinar. Fernando Corrêa
ALANIS MORISSETTE Porto Alegre, Pepsi on Stage, 10 de Fevereiro
Hemingway só não incluiu “assistir um show de Alanis Morissette” em sua famosa lista de metas a atingir antes da morte porque a canadense ainda estava longe de nascer. Mesmo depois de ver toda a sorte de gravações de seus giros alucinados em meio às músicas, o encontro face a face ainda é uma experiência única. Alanis foge de tudo que qualquer fã espera: o vigor e a emoção da já veterana cantora é o mesmo das baladas repletas de angústia juvenil em Jagged Little Pill. O público, majoritariamente acima dos 20 anos, vira adolescente mais uma vez aos primeiros acordes de “Uninvited”, primeira música da noite. O espetáculo inteiro é uma sucessão dos grandes hits de Alanis: “All I Really Want”, “Head Over Feet” e “Perfect”, entre tantas outras, transformaram o (terrivelmente quente) Pepsi on Stage em palco de uma catarse coletiva, que atingiu o ápice em “You Oughta Know”. Porém, mesmo bem selecionadas, as faixas do último disco, Flavors of Entanglement, não empolgaram. As ótimas “Versions of Violence”, “Moratorium”, “Not as We” e “Underneath” foram de certa forma ignoradas pela platéia, presente mais pelas faixas esfuziantes do passado do que pelo apelo mais sombrio do último disco. “Everything” fecha o set list e deixa a audiência em chamas: logo, Alanis volta para o bis, enrolada em uma bandeira brasileira. Provoca mais lágrimas adolescentes com “You Learn” e “Ironic”, antes de terminar com (a mais apropriada impossível) “Thank U”, cantada em uníssono pelo público. A noite toda é um exemplo de sintonia completa entre público e artista. Alanis deixa Porto Alegre com a certeza de que viveu algo tão único quanto a natureza íntima de suas composições. Fernanda Grabauska
Abra. Destaque. E cole na parede.
Sao Paulo marco 2009
_ilustra andrio catillo
http://www.flickr.com/photos/andrio_catilio
jamminâ&#x20AC;&#x2122;