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• COLABORADORES |NOIZE #32
DO UNDERGROUND AO MAINSTREAM
• EXPEDIENTE #32 // ANO 4 // ABRIL ‘10_ DIREÇÃO: Kento Kojima Pablo Rocha Rafael Rocha COMERCIAL: Pablo Rocha pablo@noize.com.br Leandro Pinheiro leandro@noize.com.br DIREÇÃO DE ARTE: Rafael Rocha rafarocha@noize.com.br
REDAÇÃO: Bruno Felin bruno@noize.com.br Ana Laura Malmaceda ana@noize.com.br Gustavo Foster foster@noize.com.br Maria Joana Avellar joana@noize.com.br
MOVE THAT JUKEBOX: Alex Correa Neto Rodrigues www.movethatjukebox.com
REVISÃO: João Fedele de Azeredo Fernanda Grabauska
FORA DO EIXO: Ney Hugo Marco Nalesso Michele Parron www.foradoeixo.org
DESIGN: Douglas Gomes doug@noize.com.br
ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO: Julie Teixeira julie@noize.com.br
ASSIST. DE CRIAÇÃO: Cristiano Teixeira cris@noize.com.br
DISTRIBUIÇÃO: Marcos Schneider marcos@noize.com.br
EDIÇÃO: Fernando Corrêa nando@noize.com.br
RRAURL: Gaía Passarelli www.rraurl.com
ASSESSORIA JURÍDICA: Zago & Martins Advogados
ANUNCIE NA NOIZE: comercial@noize.com.br
PONTOS: Faculdades Colégios Cursinhos Estúdios Lojas de Instrumentos Lojas de CDs Lojas de Roupas Lojas Alternativas Agências de Viagens Escolas de Música Escolas de Idiomas Bares e Casas de Show Shows, Festas e Feiras Festivais Independentes
ASSINE A NOIZE: assinatura@noize.com.br
TIRAGEM: 30.000 exemplares
AGENDA: shows, festas e eventos agenda@noize.com.br
CIRCULAÇÃO NACIONAL
SCREAM & YELL: Marcelo Costa www.screamyell.com.br
• EDITORIAL | Abrindo os Ovos. A Páscoa é o melhor feriado do ano. Ela garante que a fadiga não chegue tão cedo, que as mentes já cansadas após 2 meses de trabalho ininterrupto recebam uma dose extra de chocolate, descanso e vinho. E que você tenha tempo e disposição para ler esta edição. Nesta Páscoa em especial, o camaleônico Edu K estará mais preparado que nunca, depois de viver um dia de coelho no ensaio fotográfico que fez para NOIZE. A Pata de Elefante, que tirou fotos, mas vestida normalmente, viverá os últimos preparativos para o lançamento de Na Cidade, terceiro disco do trio instrumental. Derrick Green estará exercitando sua veia fotográfica em uma turnê de shows diários do Sepultura na Europa. Os franceses da Nouvelle Vague estarão tranquilos, à espera de sua primeira tour por terras tupiniquins. A maioria das bandas brasileiras que viajou ao Texas para integrar a programação do South by Southwest estará de volta em casa, com suas famílias. Em plena Páscoa, esta NOIZE #32 estará sendo impressa – e já disponível em www.noize.com.br. E quando você estiver com seu exemplar em mãos (ou na tela do computador), conhecerá, de todos os artistas listados acima, alguma coisa que você ainda não sabia. Sejam as belas fotografias de Derrick, as múltiplas personalidades de Edu K, as inúmeras descobertas feitas pelos brazucas no SXSW, as expectativas do Nouvelle Vague ou as 13 faixas que compõem o álbum da Pata de Elefante. E só estamos falando dos ovos de Páscoa – não esqueça de todos os bombons: os reviews, os blogs impressos, as fotos, a arte e a música que, esperamos, deliciam o leitor todo mês.
• ARTE DE CAPA_ BILLY ARGEL Confira no site http://www.noize.com.br um dossiê e uma entrevista sobre o artista convidado deste mês, e acesse: billyargel.blogspot.com/
• BÉÉÉÉ_ Na última edição, o review do show do Metallica foi escrito pelo colaborador de fé Ricardo Finocchiaro, bem como a maior parte das perguntas da entrevista com James LaBrie. Dicas, sugestões e reclamações: noize@noize.com.br
1. Billy Argel_ 1 lata de leite condensado, 1 colher de sopa de margarina sem sal, 7 colheres de sopa de chocolate em pó e chocolate granulado para decorar. 2. Gaía Passarelli_ Jornalista, confunde-se com a própria historia do rraurl.com, maior portal sobre cultura eletrônica do Brasil. 3. Ricardo Finocchiaro_ jornalista, trabalha com produção cultural. Rock and roller de sangue e alma, vive de música, 8 days a week. www.abstratti.com.br. 4. Lucca Rossi_ é um recém-formado jornalista que implica com tendências e não entende porque uns são hype e outros, cool. twitter.com/lucca_rossi 5. Coletivo SHN_ SHN é um coletivo “faça você mesmo” de arte de rua e intervenção urbana. www.shn.art.br 6. Marcelo Costa_ Marcelo Costa é editor do screamyell.com. br, trabalha na edição da capa do portal iG e escreve sobre cultura pop como conversa na mesa do bar. 5. Ariel Martini_ ainda insiste em fazer fotos de show. flickr.com/arielmartini 8. Brunna Radaelli_ estuda jornalismo e ALTA. 9. Daniel Sanes_ é jornalista por formação, lunático por opção e roqueiro de nascimento 10. Fabricio Viana_ fotógrafo do interior de São Paulo, também conhecido como Jambo. Gosta de meninas com óculos e carinha de nerd e adora dormir. 11. Samir Machado_ Designer, escritor e um dos editores da Não Editora. www.naoeditora.com.br. 12. Eduardo Guspe_ Membro fundador do Núcleo Urbanóide, ultimamente se dedica a produzir DONUTS. facebook.com/eduardo.guspe. 13. Lidy Araujo_ Jornalista, baixista frustrada e louca por Ramones e Red Hot Chili Peppers. Seu site é lidyaraujo.com.br 14. Felipe Neves_ Fotógrafo e baterista. Ultimamento se viciou em fotografia analógica. Seus trabalhos: www.flickr.com/felipeneves 15. Livio Vilela_ Mezzo jornalista, mezzo funcionário de gravadora, Livio Vilela comanda o www.bloodypop.com, onde exerce aquilo que faz por inteiro: gostar de música desesperadamente. 16. Camila Mazzini_ Jornalista e fotógrafa. flickr.com/camon 17. Leonardo Bomfim_ Jornalista e diretor de cinema, edita o freakiumemeio.wordpress.com. 18. Alex Correa_ Carioca, mas gosta mesmo é de São Paulo e acredita na genialidade do Kasabian até o fim. 19. Aline Mil_ fotógrafa, produtora cultural e adora arrumar o que fazer com o tempo que não tem. flickr.com/alinemil Neto Rodrigues_ Morador de Minas há incontáveis anos, quase foi um engenheiro. Hoje ronda a publicidade e torce pela volta do Oasis. Gustavo Satt Corrêa_ jornalista, estudante de direito, tem um gosto musical crescentemente duvidoso. Mario Arruda_ gosta do Hunter Thompson, faz umas fotos, escreve nuns blogs, gosta de festa, acha Velvet Underground & Nico o melhor disco da história. Quer ser jornalista por isso. Sabrina Ruggeri_ estuda jornalismo e publica literatura no camposdeagua.blogspot.com Leonardo Foletto_ é jornalista, mestre em jornalismo e nas horas vagas e cheias editor do baixacultura.org. Tiara Vaz Ribeiro_ jornalista. Thiago Piccoli_ fotógrafo e produtor da banda Volantes.
Os anúncios e os textos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.
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• THIS IS NOIZE SUPERSTYLLIN’! Se Você Não Gostou da NOIZE Passe Adiante
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NOIZE
32
_foto: FELIPE NEVES
_DIR. ARTE: RAFAEL ROCHA
life is music
NOME_ Klaus Bohms PROFISSÃO_ Skatista profissional UM DISCO_ Whitest Boy Alive | Dreams
“A música interage de uma forma essencial pro skate, ajuda a construir sua alma desde suas origens. Sou viciado em música, é uma coisa que me acompanha todos os dias. É uma fuga, uma forma de maximizar sentimentos, de relaxar, de pensar... A maioria das coisas que escuto até hoje são referências dos primeiros vídeos de skate que assisti dez anos atrás. Esse disco (Dreams) me acompanhou durante uma viagem inteira pela Europa e me faz sentir bem a qualquer hora, até hoje. É daqueles infalíveis.”
LEIA ISTO “Eu realmente odeio East London. DJs e designers são como o diabo para mim.” Graham Coxon | Blur
“Se a tão falada cena do Brooklyn existe, definitivamente não somos parte dela. A maioria dessas bandas nunca vai ser revelada, porque são tão inacessíveis e estranhas. Embora haja coisas legais acontecendo naqueles clubs improvisados em Bushwick, não têm nada a ver conosco.” Ben Goldwasser | MGMT
“Planejo fazer uma exposição própria, é a idéia que tenho para o futuro. Sei que música eu posso continuar fazendo, mas o nosso estilo exige muito fisicamente. Eu acho que seria uma ótima alternativa poder entrar no mundo da fotografia.” Derrick Green | do Sepultura, que mostra seu lado fotógrafo nesta edição.
“Se você se deitar em um chiqueiro, independentemente de quão boas são suas roupas, você vai ficar coberto de merda. Você escolheu deitar EM um chiqueiro. Não importa qual seja sua lógica, você ainda vai ficar coberto de merda.” Steve Albini | produtor, sobre assinar com majors
“Nós estamos interessados em qualquer coisa que nos faça ganhar um salário justo.” Frank Black | frontman dos Pixies.
_derrick green, GRAHAM coxon, brian eno, courtney love, alexis taylor, lady gaga
Antes de a gasolina chegar, você ERA o homem mais rico na Terra. Então a gasolina chegou e você FICOU empenhado com sua gordura de baleia. Desculpe, camarada – a história está correndo.”
Brian Eno
“Tive um namorado que me falou que eu nunca seria bem-sucedida, nem indicada ao Grammy nem lançaria uma música de sucesso. Ele esperava que eu fosse um fracasso. Eu disse a ele: ‘Um dia, quando não estivermos mais juntos, você não vai mais conseguir ir até a esquina sem me ouvir ou me ver.’” Lady Gaga
“Você nunca sente que odeia John Mayer com todas as forças? É só pra colocar ele em seu lugar, ele é melhor guitarrista que eu, mas não melhor na cama! Imagine você e ele transando enlouquecidos, e daí você apenas BAM!, dá um soco na cara dele? Bons momentos.”
Alexis Taylor | Hot Chip
Courtney Love
“Nós temos sorte de ninguém se interessar na gente o bastante.”
“É como se tirassem a sua música do rádio, não?”
e ela fosse usada como combustível.
Chris Wolltenlholme | baixista do Muse, sobre a
de gordura de baleia nos anos 1840
decisão da Warner Music de parar de licenciar as
É como se você fosse um fornecedor
músicas da banda para sites de streaming
“A era do disco foi apenas um lampejo.
noize.com.br
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noize Carol Bittencourt
o espetáculo de um homem só Antes de descobrir a música, o paulistano Thiago Pethit era um cara teatro. No entanto, em seu primeiro álbum, o recém-lançado Berlim,Texas, ele encarou o que talvez seja seu maior desafio como ator: interpretar a si mesmo. “Berlim, Texas é como eu considerei que precisava ser um primeiro disco: revelador da minha personalidade. Posso afirmar que ele é 95% Thiago”, brinca. A influência teatral, no entanto, não para por aí: “O teatro ficou como um pano de fundo, um propósito para cantar a minha vida. Como se eu precisasse cantar essas coisas, porque faz parte do espetáculo”. Esse espetáculo pessoal de Thiago foi gravado nos Estúdios Totem, em São Paulo, por Yuri Kalil, principal responsável pelo tom minimalista e aconchegante do álbum, como se o ouvinte estivesse dentro da sala de gravação. “Buscava uma sonoridade mais simples e viva, menos artificial ou lapidada em estúdio, asséptica ou suja com reverbs e dubs. Não queria a opção mais fácil e que todo mundo faz”, explica Thiago sobre a decisão de gravar o álbum quase ao vivo, com erros e imperfeições. O pequeno cabaret de Thiago tem sido bem sucedido a ponto de lhe render um convite para abrir a apresentação do grupo francês Nouvelle Vague (que tem entrevista na página 24 desta edição) no Rio de Janeiro no fim de abril. “Não tinha como ser melhor! O Nouvelle Vague é uma banda que eu adoro e que lançou a Camille, a maior inspiração para eu querer fazer música”, empolga-se. “Nunca é muito fácil ser a banda que ‘faz sala’ para os convidados alheios. Mas é divertido e a gente sempre acaba conquistando públicos novos.” Que abram as cortinas, então. Livio Vilela
_ouca agora ´
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Jimi Hendrix - Valleys of Neptune The Band - The Last Waltz Afrika Bambaataa & Soul Sonic Force Renegades of Funk Rain Machine - Rain Machine Johnny Alf - Rapaz de Bem
Reprodução
Divulgação
Montagem
__YOUTUBE WANTS YOU
__TONY E GRUFF | O
| O Youtube quer derrubar
mítico Tony da Gatorra, criador do misto de bateria eletrônica e sintetizador que o alcunha, gravou com Gruff Rhys, do Super Furry Animals. O EP The Terror Of Cosmic Loneliness será lançado em julho. A dupla de músicos já tem shows marcados no Reino Unido. “Passamos cinco dias ensaiando um set para tocar ao vivo – nossa única língua compartilhada foi a música em si, não teve papo, só concentração intensa”, falou Rhys sobre o processo de gravação dos dois. Ao fim dos cinco dias, gravaram o disco em apenas 5 horas.
o Myspace. Para isso, lançou o programa Musicians Wanted (procuram-se músicos), que facilita a criação de uma página própria para as bandas independentes e divide os lucros com publicidade gerados pelos vídeos com os músicos. Até agora, o Youtube só fazia essa divisão de lucros com os artistas que tinham contrato com gravadoras, ou por contratos especiais com determinadas bandas. O anúncio oficial ainda não foi feito pelo Google (dono do Youtube) , porém o perfil do canal está no ar.
__VOLTA, LIBERTINES | O desejo foi atendido. Diz-se
que por £ 1,5 milhão, Pete Doherty, Carl Barât, John Hassal e Gary Powell – os Libertines – superaram as diferenças. Quem paga a conta é o pessoal do Reading Festival, palco do aguardadíssimo show de retorno do quarteto londrino, que toca no dia 28 de agosto. O fatídico sábado será encabeçado por Arcade Fire, Libertines, Dizzee Rascal e The Cribs. Em entrevista ao NME (que você confere em tiny.cc/libertinesnme), os quatro pareciam animados – e quem não estaria? O baterista Gary Powell resumiu as expectativas da banda: “A grande coisa sobre nós no palco, juntos de novo, é que todo mundo poderá ver um show do Libertines. Mas não vai mudar. Não importa se será ruim ou bom, seremos nós.”
direto ao ponto O clássico festival Abril Pro Rock anunciou a programação: tiny. cc/abrilprorock. Do outro lado do Atlântico, o Reading fez o mesmo tiny.cc/reading
O eterno fotógrafo de rock Jim Marshall morreu em 23 de março, aos 74 anos. Confere a homenagem no site da NOIZE tiny.cc/jimmarshall
Os workaholics Jay Z e Jack White gravaram uma música em parceria. Segundo White, o material promete, mas é só o que se sabe. tiny.cc/jackjay
Todos querem ser Lady Gaga: vídeos de músicos cantando “Bad Romance” vazaram nas últimas semanas, de Paramore a Cláudia Leite. tiny.cc/todosgaga
NEWS
Divulgação
MRossi
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__CHINESE DEMOCRACY? | Depois dos 14 anos que Chinese Democracy demorou para vir ao mundo, é natural que exista medo e apreensão no coração de qualquer contratante de um show do Guns N’Roses. Na passagem da banda pelo Brasil, não faltaram sinais de que tanto receio não vem de graça:Axl Rose deu bolo nos famosos que esperavam por um private concert do Guns em uma casa noturna de São Paulo, e o show em Porto Alegre começou quatro horas depois do planejado. Se a grande mídia estava presente e cobriu todos os acontecimentos e os não-acontecimentos da turnê, veículos segmentados, como a NOIZE, não tiveram seus pedidos de credenciamento atendidos.A estratégia com ares censores poderia servir a quem? Talvez ao pessoal de empresas parceiras, para quem não faltaram cortesias. Por sorte (ou azar?), não é preciso ser especialista para perceber a falta de voz de Axl, quanto mais seus atrasos cavalares ou seu humor que anda de mãos dadas com o uso de “remédios ilícitos”. Welcome to the jungle.
Atualização: O show no Rio, que teve de ser remarcado para o dia 4 de abril devido a um temporal que demoliu o palco na Praça da Apoteose, realmente aconteceu na data remarcada. Começou com 2h30min de atraso. Mas fiquemos todos felizes, afinal, o Guns veio e tocou. Poderia ter sido diferente.
__SPEED IS GONE| Mais um músico brasileiro é vítima da violência urbana. O rapper Cláudio Marcio de Souza Santos, o Speed, foi encontrado morto em uma vala na Favela do Sabão, em Niterói.Todos que o conheciam dizem que ele era acima de tudo um apaixonado por música e um grande baixista, além de MC. Speed fez história desde o começo dos anos 90 com participações no disco Usuário do Planet Hemp, por exemplo, mas foi com Gustavo Black Alien que formou uma das principais duplas do rap
nacional, conhecida inicialmente como SpeedFreaks. Contribuíram muito para o surgimento da cena de Niterói, hoje forte dentro do rap com Quinto Andar, De leve e Marechal. O hit “Quem que caguetou?” chegou a ser remixada por Fat Boy Slim e Afrika Bambaataa e abriu as portas para o baile funk pelo mundo. Gravou com Fernanda Abreu, Lúcio Maia, Otto, Rodox, Chorão, Rhossi, Xis, Marcelo D2, Nuts, Zegon, Bnegão, Max B.O., Paulo Napoli, Jackson, Negralha, Instituto e Funk Como Le Gusta.A sua mistura de ragga e rap (ragga muffin) não será esquecida.
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lado a LADO B SITIOS
Lady Gaga | Telephone _”Telephone” era o vídeo do ano antes de existir. O clipe é um curta de 9 minutos, com assassinatos, prisões e cenas lésbicas. Beyoncé e Lady Gaga são quase viúvas negras. Hit do início ao fim, já faz parte da história da música pop.
_playlistnow.fm Segue as regras do Twitter para criar uma playlist de músicas.A pergunta é a mesma que fundou o site do passarinho: o que você está fazendo? Ele responde reunindo os melhores sons relacionados com seu momento.
Tags: gaga telephone
Ben Folds | Ode to Merton
_5secondfilms.com É difícil fazer caber criatividade em curtas de apenas 5 segundos. E difícil não rir da maioria dos vídeos.
_ Ben Fold faz uma homenagem ao fenômeno do Chat Roulette, Merton, que cria vídeos para internautas aleatórios ao vivo. No meio de um show, Ben liga a câmera e canta músicas para usuários do programa de chat online. Hilário.
posts tiny.cc/50filmes O NME lista 50 filmes de música que você deve ver (se quiser).
Tags: ben folds ode merton
Arctic Monkeys | My Propeller
tiny.cc/gibi André Forastieri escreve sobre o incrível Retalhos, HQ “para adultos” de Craig Thompson.
_O Arctic Monkeys aparece em um videoclipe borbulhante. A diferença deste para os tantos videos lisérgicos surgidos desde os 60s é coerente com a psicodelia que o grupo apresenta em Humbug: em preto e branco e alto contraste.
tiny.cc/sxswwired Posts da Wired sobre o South by Southwest, que motiva matéria nesta edição.
Tags: arctic monkeys my propeller
tag yourself pearl jam first show alive bush
limpa mao clinton haiti quarto negro bom dia lua
tim maia bad romance twitradio zemaria 10 horas trama
jonsi time to pretend mgmt
flash delirium music video neon indian sleep paralysist
demolition call velvet femme fatale homofobia
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o que voce viu e nao viu neste mes_
audio
Damn Laser Vampires _Em vídeo dirigido pela própria banda, os gaúchos do Damn Laser Vampires fazem um ótimo – e inusitado – cover do sucesso dos anos 90 “Boom Shack A Lak”. O clipe tem um clima de história em quadrinhos. Muito legal. Tags: damn laser vampires boom
Paul McCartney e as batatas _Paul McCartney é encantador até cozinhando batatas. O beatle faz, com completo tom de piada, o papel meio que de Ana Maria Braga ao cozinhar num talk show.
Betwewen The Lines | Stone Temple Pilots Depois de quase uma década, o STP volta e mostra que continua sabendo como fazer e que Scott Weiland tem uma das melhores vozes do rock. Ótimo retorno. Pala Tute | Gogol Bordello Os ciganos estão de volta:“Pala Tute”, nova música do Gogol Bordello, é cheia de ritmo vindo do leste europeu. Não é como os maiores hits da banda, mas vale a pena. Not Myself Tonight | Chrtistina Aguilera Segue a tendência de “I Kissed a Girl”, de Katy Perry, e “3”, de Britney Spears. Falando de festas, meninos, meninas e bebida, Aguilera aposta na base eletrônica.
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Tags: paul mccartney potatoes
Dark Eyes (Bob Dylan cover) | Dirty Projectors Uma bela porta de entrada para qualquer um dos dois mundos envolvidos.
Voce nunca ouviu
Charly Garcia | Do 9º Andar _“A sensação?”, responde Charly Garcia à repórter, perguntado sobre a sensação de pular do nono andar de um hotel em Mendoza.Tão semnoção quanto talentoso, o roqueiro argentino manda: “Já fiz isso muitas vezes, gosto muito”. Tags: charly garcia 9no
TUMBLIN’ http://www.terrysdiary.com/ O fantástico mundo fotográfico de Terry Richardson atualizado diariamente pelo próprio – e com uma dose autobiográfica extra.
http://racionaispratudo.tumblr.com/ A ideia desse tumblr é mostrar pelas fotos que pra tudo nessa vida (loka) existe uma rima do Racionais MC’s.
Vanupié (Paris/França) Regueira de responsa no metrô de Paris. QUER OUVIR? NOIZE.COM.BR/nuncaouviu QUER CONTRIBUIR? contato@noize.com.br
follow up @YokoOno - Yoko twitta frases originais e inspiradoras. É praticamente tweet art. RT inevitável.
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bandas que voce nao conhece mas deveria conhecer_ Divulgação
O JARDIM DAS HORAS Origem:
Fortaleza, CE Som:
Vocais pop passeiam pelo Brasil e pela Europa enquanto a cozinha sonora competente pega o trem da música brasileira e passeia do trip hop ao reggae e ao rock. Escute:
myspace.com/ojardimdashoras
yuck Origem:
Londres Som:
Com ou sem fuzz, o post-punk de Yuck se aproxima do Sonic Youth em seus momentos mais facilmente digeríveis. Escute:
myspace.com/yuckband
laranja freak Origem:
Porto Alegre, RS Som:
Da terra do mestre Júpiter Maçã vêm estes outros experientes entusiastas da psicodelia sessentista fritante, com doses cavalares de Jovem Guarda. Escute:
myspace.com/laranjafreak
kings go forth Coloque Kings go Forth para tocar e prepare-se para um petardo capaz de lançá você umas duas ou três décadas para trás, nos anos de ouro da soul music – não passará de ingenuidade. Aceite, você nunca mais voltará a era de ouro alguma, e fique feliz por isso. “Acho que a perspectiva da qual vemos a música do passado muda com o tempo. A forma como eu, ou qualquer um que compõe e toca em 2010, percebe a música antiga é certamente diferente de como se pretendia que ela fosse consumida em sua época de origem”, analisa Andy Noble, compositor de boa parte dos pesos funkeados do Kings go Forth. O pensamento é otimista, quer dizer que a música não envelhece, e é coerente com o som do Kings, que revive a Mo-
town a cada nota dos metais. A dezena de músicos de Milwaukee tem backgrounds diversos no jazz, no ska, na música latina e, claro, no soul, no funk e no R&B. É o caso do vocalista Black Wolf, que desde a década de 1970 circula ativamente no meio. Andy é um caso à parte. Sua mãe era empresária do famoso soulman Harvey Scales, e ele cresceu aficionado por vinis de música negra americana. Tinha uma loja de discos, a Lotus Land, e foi lá que ele conheceu Wolf e o embrião da KgF se formou. Acessar myspace.com/kingsgoforth e escutar canções como “One Day”, “Don’t take my shadow” e “Now We’re Gone” é satisfação certa. Comprar o debut The Outsiders Are Back é incentivar a boa música.
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bandas que voce nao conhece mas deveria conhecer_ Divulgação
SEABEAR Origem:
Reykjavik, Islândia Som:
Fazendo jus à recente tradição da música islandesa, o folk do Seabear espanta o frio com música lúdica como um Sigur Ros em inglês. Escute:
myspace.com/seabear
HOCUS POCUS Origem:
França Som:
Hip hop, soul e jazz, misturados com excelência. Os franceses 20syl e DJ Greem tiram essa sonoridade de batidas orgânicas ou não. Disco novo é rap para trazer aquele climão bom e suingado. Escute:
myspace.com/hocuspocushiphop
JR. Black Origem:
Recife, PE Som:
Funkzão, grooves e sintetizadores, misturados em um caldeirão psicodélico pelo talento e o vozeirão de Jr. e suas histórias com trilha-sonora de primeira. Escute:
myspace.com/jrblack76
the bees The Bees são seis caras da Ilha de Wight, ao sul da Inglaterra, que tocam algo entre o dub jamaicano e o rock psicodélico. Com três discos lançados (além de uma coletânea, que mostra algumas das influências da banda), os britânicos alcançaram relevância na Europa, sendo lançados nos Estados Unidos, sob o nome de A Band Of Bees. Desde o primeiro CD, a banda mostra grande influência da música brasileira. No disco Sunshine Hit Me, de 2002, eles regravaram “Minha Menina“, dos Mutantes. A influência foi escancarada em 2008, quando lançaram a coletânea The Bees Present:The Sound Selection, que inclui “Roda”, de Elis Regina. Além disso, o disco conta com músicas de artistas
como Muddy Waters, De La Soul e Donovan. Com toques de reggae, garage rock, jazz e country, o The Bees tem ainda mais dois discos lançados. O excelente Free The Bees foi gravado no estúdio Abbey Road e conta com músicas que alcançaram relativo sucesso em campanhas publicitárias, como “Chicken Payback” e “Wash The Rain”. O CD ainda apresenta pérolas, como “No Atmosphere“, “Go Karts” e “I Love You“. Já o terceiro disco, Octopus, é o último lançado com inéditas e, em apenas 10 faixas, mostra dubs como “Listening Man” e “Who Cares What The Question Is?” e rockzinhos dançantes, como “Hot One” e “End Of The Street”.
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Divulgação
NOUVELLE VAGUE
Nouvelle Vague é, antes de tudo, uma forma inspiradora de revisitar músicas já engavetadas. Os shows marcados em São Paulo (29/04), Rio de Janeiro (30/04, com abertura de Thiago Pethit) e Recife (01/05) prometem ser doces e divertidos, como o grupo. Um dos membros da Nouvelle, Marc Collin, falou com a gente sobre o show no Brasil, o novo disco e a forma com que a banda faz covers.
“Tento imaginar o que teria acontecido se a música tivesse sido gravada 10 anos atrás, ou se fosse tocada por uma garota na praia.”
Então, como será o show no Brasil? É uma mistura dos três álbuns. Talvez tenha mais músicas do primeiro disco, mas acho que está bem equilibrado. Provavelmente tocaremos o set que as pessoas esperam. Você acha que a Nouvelle Vague muda a forma com que o público interpreta bandas cover? Claro, nós somos um tipo de banda único, digo, somos uma banda cover, mas uma muito especial, baseada num tema específico, nós só fazemos covers de músicas do pós-punk, anos 70 e 80. Então, a maioria das pessoas vem para ver o nosso show, como uma banda normal. Deve existir muita gente que nem sabe que nós só fazemos covers, elas reconhecem algumas músicas, mas todas as outras que eles desconhecem acham que são nossas. Então, é muito estranho o que aconteceu. Não vejo outros exemplos de bandas cover atingindo o que atingimos. Muitas das músicas que vocês gravam são rotuladas por serem tristes ou felizes, mas na versão da Nouvelle elas soam o contrário. É uma característica da banda mudar o sentimento inicial da música? Sim, é só que nós tentamos ser criativos e imaginamos como podemos fazer diferente, como podemos dar algo novo, trazer talvez algo que estava escondido na música.
(…) Tento imaginar um cenário, imagino o que teria acontecido se a música tivesse sido gravada 10 anos atrás, ou o que teria acontecido se a música fosse tocada por uma garota na floresta, ou na praia. Esse foi a primeira ideia da Nouvelle Vague. Imaginar “Love will tear us apart” cantada por uma menina brasileira numa praia do Rio, só com um violão. Na hora pensei “eu quero ouvir isso, acho que vai funcionar”. O novo CD, 3, teve participações de artistas importantes. Como aconteceu? Nós percebemos que muita gente estava realmente feliz com o que nós havíamos feito até agora. É só o pensamento natural de “se você gosta do que fizemos, talvez possa fazer algo conosco no novo álbum, quem sabe um dueto com as garotas”. Na maioria das vezes a resposta é positiva. Quais são os novos projetos do grupo? Nosso novo passo é fazer um disco com músicas pós-punk francesas, só com jovens cantores franceses convidados. Será lançado em outubro. Nós estamos gravando no estúdio agora, inclusive.
Os shows do Nouvelle Vague no Brasil acontecem no Circo Voador (Rio), no Clash Club (SP) e no Mercado Eufrásio Barbosa (Recife).
STUDIO KING55
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move that jukebox BLOGS
__VAI NÃO VAI| “B.B. King anuncia MAIS UMA turnê de despedida”. Quando se lê algo desse tipo, a primeira sensação que aparece é a preguiça. Preguiça da grande palha-çada em que a indústria musical dos últimos anos tem se transformado. Em março, foi a vez do Animal Collective falar que “poderia se separar” para fazer fuzuê na imprensa – o resultado, claro, foi a criação de artigos e mais artigos sobre o grupo nos quatro cantos do mundo. Até o icônico James Murphy, do LCD Soundsystem, usou o macete para promover o próximo disco de sua banda, que deve sair em maio desse ano. Shame on you, Murphy. E fica aí o meu apelo: vamos trabalhar com dignidade, galera?
Em maio tem Curvas Sonoras no Auditório Ibirapuera, em São Paulo. Monique Maion, Mamma Cadela, O Jardim das Horas, Fóssil, L.A.B. e GRU juntos! tiny.cc/curvassonoras
Gustavo Martins, vocalista do Ecos Falsos, conta suas impressões gerais sobre o último disco da banda e sua mecânica de lançamento bit.ly/9rOeya
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O coletivo Bicicleta Sem Freio, que conta com membros do Black Drawing Chalks, participa da nova campanha mundial da Converse bit.ly/bETxfM
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__MASHUPANDO | Não é só Girl Talk que se dá bem quando o assunto é mashup: lá em Chicago, a dupla The Hood Internet mistura de Lil Wayne, Kanye West e Justice a Feist,Wilco e até Radiohead em remixes sempre certeiros.A parceria de ABX e STV SLV começou há pouco tempo, em 2007, mas o sucesso já é rotina para a dupla. Recentemente, os rapazes passaram pelo festival SXSW, onde fizeram oito apresentações em apenas dois dias. Nesses três anos de vida, o Hood Internet já lançou nove coletâneas de mashups, todas disponíveis de graça no MySpace. Cuidado pra não viciar.
__JACK x 2 | Março foi o mês em que Jack e Meg White voltaram a despertar a atenção da imprensa em virtude do lançamento do primeiro trabalho ao vivo do White Stripes. Under Great White Northern Lights vem com 16 faixas e um documentário que registrou a passagem do grupo pelo Canadá no verão de 2007. Mas, em maio, Jack volta sua atenção para sua terceira banda,The Dead Weather, que lança trabalho novo menos de um ano após aparecer com Horehound, seu elogiado debut. Intitulado Sea of Cowards, o novo álbum tem como primeiro single a música “Die by the Drop”, lançada em 23 de março. Direto de São Paulo, o trio Single Parents sai em turnê norte-americana no final de abril.Até agora, são cinco datas confirmadas em New York e arredores. tiny.cc/singlemtj
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S U J E I TO À TA X A D E C O N V E N I Ê N C I A
Classificação etária: não será permitida a entrada de menores de 12 anos. 12 a 15 anos permitida a entrada somente acompanhados dos responsáveis. *Para compras realizadas com até 72 horas de antecedência do show.
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RRAURL
__Dois documentários recentes relembram os vinte anos da acid house: High no Hope e They Call it Acid. Ambos mostram a explosão da cultura do ecstasy e da dance music na cultura britânica, com cenas das festas e entrevistas com promoters e DJs e o lado comportamental dessa geração química.
__Quando você ler essa revista o segundo álbum do MGMT já terá sido lançado oficialmente, mas enquanto escrevo já dá para encontrar leaks do disco, que se chama Congratulations e vem com ares de um dos trabalhos mais esperados do ano. Stream disponível e gratuito no www.whoismgmt.com.
__Ainda no assunto, você tem até 4 de abril, no Rio de Janeiro, para pegar algum dos bons filmes na programação do In-Edit Brasil, festival de documentários musicais, em sua segunda edição.Vários destaques incríveis para quem gosta de música. Em março passou por São Paulo. http://in-edit-brasil.com/2010/
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__Mistério e especulação rondam o Monarchy desde 2009, quando o nome começou a ganhar terreno, um post por vez, em blogs do mundo todo. Enquanto escrevo essa coluna, já se sabe que o Monarchy é uma dupla inglesa que até pouco tempo atendia pela alcunha Milke, e que o novo nome deu origem a uma série de (poucas) faixas com forte influência 90’s e som electro-pop que ganha personalidade com vocal forte e agudo e muitos sintetizadores. As primeiras referências a pensar são Junior Boys, Hercules & Love Affair e, indo mais longe, Eurythmics e Prince. “Black the Colour of my Heart” e “Gold in the Fire” foram as duas primeiras faixas a aparecer e garantir espaço fixo no “most bloged” do hypem.com, com remixes de We Have Band e Flak Attack, entre outros. Há pouco veio a melódica e espacial “The Phoenix Alive”, que já ganhou remix de gente como Kris Menace e Hot City. Do outro lado, o duo já foi responsável por releituras bacanas, como da bela “My Country” do The Durutti Column, reverenciada banda do cast da Factory Records do fim dos anos 80. Ouça mais aqui: myspace.com/monarchysound
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__O primeiro álbum do MixHell já saiu do forno e está disponível em lojas e on-line. É uma compilação de faixas inéditas e outras que o trio já toca com sucesso em suas (muitas) tours na gringa. As faixas produzidas por Iggor Cavalera e Laima Leyton têm verniz aplicado pelo produtor Max Blum. Pela 3Plus Music / ST2.
21 abril de
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copatrocínio
Classificação etária: não será permitida a entrada de menores de 14 anos.14 e 15 anos permitida a entrada somente acompanhados dos pais ou responsáveis.
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*Vendas limitadas a 4 ingressos por cartão. Sujeito à disponibilidade de lugares
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SCREAM & YELL
SCREAM & YELL
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__Eu não ouço rádio. Faço parte de uma minoria maluca que consome vinis, CDs e MP3, e gasta seu tempo de audição ouvindo tudo isso. Porém, se o Brasil, em geral, tivesse rádios legais, nosso cenário musical seria outro – e melhor. Muita gente culpa as gravadoras pela falência da música brasileira, mas poucos apontam o principal crime cometido pelas majors nos últimos 30 anos: a jabalização das rádios. Foi quando as gravadoras começaram a pagar para que as rádios tocassem seus artistas que a música perdeu espaço para a publicidade. O povo deixou de ouvir canções para consumir propaganda. Sai a qualidade, entra o dinheiro. Aquela canção que toca na rádio é apenas uma peça publicitária a serviço da venda de um disco. No final dos anos 90, uma gravadora inflacionou o jabá, e desde então a música brasileira que não paga jabá sumiu dos dials. Porque se uma rádio toca uma canção nova de um artista novo de graça, ela está perdendo dinheiro e abrindo uma exceção que pode causar uma confusão na cabeça de quem ainda
paga jabá: “Se eles tocaram tal música de graça, por que eu vou pagar?”. Se você quiser colocar sua banda numa boa FM, prepare para desembolsar uns R$ 40 mil. A vida não é fácil, meu amigo.Vai longe o tempo em que a qualidade tinha espaço garantido. Porém, o futuro promete. As webradios começam a despontar aqui e ali com uma programação que faz até caras como eu largarem os CDs por alguns minutos. A Urbana FM, de Buenos Aires (www. urbana895fm.com.ar), a Radio One, de Londres (www.bbc. co.uk/radio1), a Oui FM, de Paris (www.ouifm.fr) e a Kut 95, de Austin (www.kut.org) são bons exemplos de música inteligente na internet. No Brasil, a novata Rádio Microfonia (www.radiomicrofonia.com.br) começa a ganhar espaço com uma programação dedicada ao cenário independente feita por quem conhece bem o que está tocando. Ainda é pouco, mas é algo. Enquanto isso, ficamos no aguardo da reforma agrária do ar...
Comprar instrumentos musicais pela internet ficou tão fácil e prático quanto comprar qualquer outro produto das grandes lojas da internet.
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FORA do eixo
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BLOGS Divulgação / Fora do Eixo
__A pluralidade musical nordestina vai aterrissar em Goiânia no mês de maio trazendo a “Invasão Paraibana”. A Agência Fora do Eixo organizou uma turnê com as bandas Burro Morto e Nublado, da Paraíba, que vai passar pelo Bananada 2010. Ponto de encontro da qualidade musical independente do Brasil, o festival chega à 12ª edição. “Vamos ter bandas de todas as regiões do Brasil.Todas!”, conta Fabrício Nobre, sócio da Mostro Discos, que organiza o evento. A abrangência que o Bananada conquistou ao longo desses anos é vista nas atrações já confirmadas, que incluem as bandas Camaronês, Orquestra Guitarrística, Rinoceronte, Comunidade Ninjtsu, Gloom, Black Drawing Chalks,Violins, Mechanics e Vícios da Era, provando que a invasão na Goiânia Rock City vai além da Paraíba.
Divulgação / Fora do Eixo
__Para que serve uma van atolada de malas, instrumentos e 14 marmanjos? Para fazer um risco bem forte no mapa ligando o sul de Minas ao interior de São Paulo. As bandas Porcas Borboletas e Aeromoças e Tenistas Russas se juntaram nessa jornada de 12 dias por 11 cidades. A missão era experimentar a rota que liga Uberlândia a São Caetano e produzir um projeto piloto de blogagem multimídia direto da estrada. Foram 11 shows e uma live session no programa de rádio Independência ou Marte. A cara do público de cada cidade, a pegada de cada coletivo que recepcionou a tour, a loucura de cada show, músicas inéditas, as coisas bizarras pelo caminho – acesse o blog em foradoeixotour. wordpress.com e se sinta dentro da van.
direto ao ponto O Circuito Fora do Eixo desenvolveu sua rede social na plataforma Noosfero. Já imaginou um orkut com as mesmas possibilidades de interação entre os usuários, e sendo o veículo de um circuito? foradoeixo.org
Dois coletivos garantiram espaços físicos nos jornais. O Coletivo Megalozebu tem uma coluna no Jornal do Triângulo, toda segunda. Em Cuiabá, o Espaço Cubo publica a Coluna Fora do Eixo toda quarta no Diário de Cuiabá.
Dia 18 de março rolou o lançamento oficial do novo Ponto de Cultura são-carlense, o Independência ou Marte - Conexões Solidárias. O projeto foi contemplado no final do ano passado, pelo edital Pontos de Cultura de SP.
O projeto Palco Fora do Eixo, com lançamento oficial em abril, pretende fomentar o trabalho de grupos de teatro independentes, levando ao público espetáculos de qualidade a baixo custo.
A Nova Música Brasileira
Galeria do Rock Rua 24 de Maio, 62 – República – São Paulo fdediscos@gmail.com
_texto LUCCA ROSSI
_fotos rafael rocha
PATA DE ELEFANTE //037
Houve um tempo em que um show da Pata de Elefante definia-se a partir do nome da banda: uma patada instrumental sonora do peso do mamífero, que deixava qualquer um da plateia entre tonto e extasiado. Amortecido ainda no segundo disco, Um olho no fósforo, outro na fagulha+1, de 2007—que incorporou elementos de música latina, folk, country e surf music às composições cruas e diretas do álbum de estreia—, o golpe segue poderoso, mas menos letal, como prova o mais recente trabalho da banda.
Gravado em maio do ano passado no estúdio da Trama—sua nova gravadora, após a saída da Monstro Discos—, e masterizado por Steve Rooke em nada menos que Abbey Road, Na Cidade+2 traz 13 faixas inéditas produzidas por Julio Porto, exUltramen+3 e, repetindo a dose do trabalho anterior, com diversas participações especiais. Reunindo material de gaveta e composições novas, como “Psicopata”, o álbum nasceu a partir do convite da gravadora. “Não estávamos planejando um disco naquele momento, mas não tínhamos como negar o convite da Trama. Nos reunimos durante um mês para ensaiar e fomos para o estúdio”, conta o guitarrista e baixista Gabriel Guedes. O baterista Gustavo “Prego” Telles completa:
“O disco resultou na reunião do que tínhamos em mãos naquele momento. Fazendo uma comparação com trilhas de filmes, que nos influenciam bastante, era como se tivéssemos uma praticamente pronta, que acabou formando o filme real das nossas vidas no momento, que era a gravação do disco.” “Com esse disco conseguimos, sem dúvida, tirar o som que gostaríamos e chegar a uma qualidade de som que os outros dois não têm, sem desmerecê-los, de nenhuma forma”, revela Prego. O guitarrista e baixista Daniel Mossmann acrescenta: “A produção do Julio e a mixagem do Beto Machado também definiram muito do que é o disco. Não adianta tu trabalhares com um equipamento bom se as pessoas não entendem o que tu
[+1] tiny.cc/patafosforo
[+2]
[+3] tiny.cc/ ultramendivida
[+4] tiny.cc/jjcalecocaine
queres fazer.” Na tarde do último dia 24 de março, em Porto Alegre, com os raios de sol indecisos entre atravessar as nuvens ou permanecer atrás delas, o trio se encontrou conosco em um apartamento no boêmio bairro Bom Fim—a poucas quadras do Bar Ocidente, palco de inúmeros de seus shows nessa quase uma década de estrada—para uma sessão de fotos e uma conversa sobre o novo trabalho. Entre xícaras de café, o trio falou sobre a inspiração das composições, o processo de criação de algumas delas e de como foi gravar em um estúdio histórico, que foi de Rogério Duprat e onde trabalharam nomes como Elis Regina. Com a bolacha nova rodando ao fundo, surgiram algumas das histórias por trás de cada com-
posição. Confira o faixa-a-faixa: 1. Diga-me com quem andas e te direi se vou junto (Gustavo Telles) O wah-wah que opera o riff dançante da primeira parte da faixa que abre o disco é o mesmo que sola ainda despretensiosamente na metade e que na parte final ataca com força. “Ela tem um clima bem Clapton do primeiro disco. Gravamos duas guitarras. Eu toco o wah-wah e o Gabriel faz essa base estilo J.J Cale+4, de quem o Clapton era fã”, define Mossmann. 2. Squirt surf (Gabriel Guedes) Uma surf music clássica. O detalhe surge no minuto final, quando outra banda se junta ao trio. Mossmann explica: “São Os Aventuras, banda instru-
mental de Porto Alegre. Ouvindo no fone de ouvido dá pra perceber bem quando eles entram, com a gente indo pra um lado e eles pra outro”. Aos menos atentos, a surpresa acontece por volta dos 2m50s. 3. Grandona+5 (Daniel Mossmann) “Acho que ela se define bastante pelo nome e, apesar de não chegar a ser explosiva, é uma música que soa grandona mesmo, tem uma presença forte”, define Prego. 4. Um pouco antes de dormir (Gustavo Telles) Uma das baladas do disco. Prego explica o porquê do título: “Ela não tinha nome, como várias outras desse novo trabalho. Como um grupo instrumental, os nomes das músicas vêm muito da neces-
sidade. Pra essa faixa, eu tinha duas possibilidades em mente e escolhi essa pelo fato de ela ser meio sonolenta—e também porque antes dormir, muitas vezes, ficamos naquele estágio entre acordado e dormindo, lembrando de coisas que aconteceram; algo que a música evoca, por ser meio arrastada.” 5. Pesadelo no Bambus (Gabriel Guedes) Sobre o título, para os que nunca estiveram em Porto Alegre, vale explicar: Bambus é um bar da Avenida Independência, encravado a poucos metros de um dos inferninhos mais bem (ou mal) frequentados da cidade, o Cabaret!, e da casa que abriga grande parte das bandas independentes da cidade, o Porão do Beco. Apesar de nenhum dos três deixar claro qual o pesadelo que tiveram no local, Prego
[+5] tiny.cc/patagrandona [+6] tiny.cc/bambus
conta uma cena ligada à faixa: “Essa é uma música antiga. Quando tocamos ela no Programa do Jô, em 2005+6, tinha um pessoal assistindo no bar. Um dos atendentes contou ao dono, conhecido da banda, qual era o nome da música. Aí, ele apagou a televisão, sob protestos. Depois ligou de novo. Acho que ele não gostou muito do nome no início, mas consegui convencê-lo de não levar pro lado pessoal”. Mossmann completa: “Engraçado ele não ter gostado muito do nome, sendo ele quem mais tem pesadelo por lá.” 6. Sai da Frente (Daniel Mossmann) Com bateria e guitarras atacando com força na introdução, é a mais pesada do disco, definindo uma das características do trabalho: a alternância de
estilos como folk, rock e surf, marca da sonoridade única da banda desde o trabalho anterior, Um olho no fósforo, outro na fagulha. Explica Prego: “As músicas deste disco têm, na verdade, intenções bem variadas. Cada uma aponta pra um caminho diferente. Há uma forte variação de dinâmica em cada faixa, o que não é o caso de Sai da Frente, em específico, mas uma característica do disco.” 7. De volta pela manhã (Daniel Mossmann / Gustavo Telles / Gabriel Guedes) “De volta pela manhã” marca a primeira parceria do trio na composição. “Nós três compomos bastante, mas até então não havíamos assinado uma música juntos. Sempre houve uma colaboração de cada um nos arranjos, mas essa é a primeira com-
PATA DE ELEFANTE //041
posição dos três”, conta Prego. O resultado é outra das baladas do disco, inicialmente com um violão solando sobre uma base de duas notas, que depois dão espaço a elementos de sopro e a uma guitarra que marca presença sem roubar a cena dos violões.
“Quando adaptamos os arran-
8. Psicopata (Gabriel Guedes / Julio Porto) Segundo Guedes, que assina a faixa em parceria com o produtor, é uma das fortes candidatas ao primeiro clipe de Na cidade. Uma guitarra ao fundo com um efeito de pedal envelope filter, que lembra o wahwah, sola riffs de blues enquanto teclados remetendo a Stevie Wonder compõem a bela base ao lado de outra guitarra.Tudo isso antecedendo a entrada do belo solo blueseiro do minuto final. “Pra mim, essa música tem algo em comum com várias outras do disco: um groove dançante, mesmo que um pouco arrastado.Tivemos essa preocupação no disco, de garantir que as músicas fossem executadas com o embalo que elas mesmas pediam”, define Prego. Mossmann completa: “Durante as gravações, quando o técnico do estúdio notava alguma imperfeição na execução dos pratos da bateria, por exemplo, nós optávamos por mantê-las, pra não perder justamente esse embalo.”
tunidade de ouvir não algo
jos do disco para o palco, estamos dando ao público que gosta da nossa música a oporparecido ou igual ao disco, mas uma versão completamente diferente do que foi gravado.”
GABRIEL GUEDES
9.Vazio na Cerveja (Gabriel Guedes) Certamente a música mais diferente de tudo o que a banda já fez até agora, “Vazio na cerveja” é um samba-rock, com direito a cuíca de Marcelo Rocha (que também faz a percussão das outras faixas) e guitarras abafadas e suingadas. Marco Faria, que acompanha o ícone do samba-rock gaúcho Luís Vagner, faz participação no piano elétrico. “A presença dos dois nos ajudou a convencer tocando um samba. Se deixasse somente pra nós três, talvez não soasse tão convincente”, brinca Mossmann.
11. À Luz de Velas (Gabriel Guedes) Outra das faixas que misturam diversos elementos, com a percussão definindo o andamento logo de início. As guitarras psicodélicas completam o ar latino. “Na verdade, quando fomos gravá-la, nos referíamos a ela como um mambo, mas o percussionista nos explicou que a levada era de cha cha cha”, explica Mossmann. Prego completa: “Acho que junto com ‘Pesadelo no Bambus’, essa é uma das faixas com influência latina mais presente do disco.” 12. Reforma no Banheiro (Daniel Mossmann) “Reforma no banheiro” tem dois momentos: o baixo marcante, que acompanha uma guitarra solando um riff sombrio, embala o ar road-trip-nodeserto do primeiro minuto e meio, que a partir de então é intercalado com um solo groove. Mossmann explica a origem do nome inusitado: “Um dia eu acordei com um barulho alto vindo do vizinho, o que me inspirou a compor uma música com a batida bem repetitiva que marca a música.”
10. Arthur (Daniel Mossmann) Um chocalho “natalino”—isso mesmo, como brinca Prego—abre “Arthur”, outra das baladas de Na cidade. Assim como “Um pouco antes de dormir”, a música mostra a capacidade do trio de compor lindas melodias sem distorções ocupando o papel principal.
13. Grande Noite (Daniel Mossmann) A mais bela canção do disco, com cada instrumento dando as caras lentamente, sob o apoio de uma base de violão, ganha corpo a cada nova repetição da melodia. “A Grande noite” coroa o encerramento de um grande álbum.
_texto FERNANDO CORREA
_FOTOS FABRICIO VIANA
SOUTH BY SOUTHWEST //045
O que as bandas brasileiras levam, todos os anos, ao festival gringo mais falado do mês que passou é fácil imaginar: o tempero tropical, a irreverência, a repaginação brasileira do som que tocam os próprios gringos. Mas o que trazem nossos compatriotas desta expedição em busca de projeção internacional na distante Austin, terra do South by Southwest?
O SXSW ainda se denomina o principal local para descobertas e atribui a si a vocação de buzz-generator. Da odisseia entre grandes veículos da música e olheiros, sob o olhar atento de gente importante como Pitchfork, Stereogum e NPR, o pessoal da The Name, Garotas Suecas, Canja Rave, Lucy & the Popsonics, L.A.B. e Moxine voltou com um pequeno relatório: suas mais inusitadas descobertas, os melhores shows que fizeram e as bandas mais impressionantes que viram. Muitos deles se ocuparam em minuciar o próprio festival, por isso cabe situar o leitor rapidamente. É difícil definir o megaevento, que converte Austin, do aeroporto às casas noturnas, no significado mais literal para a denominação “cidade-rock”. “Cidade-arte” também poderia ser usada, mas deixaria de abarcar a programação Interactive, voltada, basicamente, para a discussão da internet como dimensão fundamental da atual cadeia de produção artística. “Cidade-música” não daria conta da programação Films, que, bem, você imagina de que se ocupa. “Cidadedigital” seria grosseiro, pois ignoraria o fato de que o festival é de verdade, há shows intensos, clássicos e reveladores, taxistas malucos e gosto de pimenta para esquentar a experiência de todo mundo. Mesmo assim, é inegável (e singular) o fato de o
SXSW se assemelhar muito à própria internet. Nele você tem a chance de ver, por exemplo, sites como o Myspace se concretizarem em casas que estampam os respectivos e conhecidos logotipos em suas fachadas. E foi certamente pela web que as bandas, cujos depoimentos você confere a seguir, fizeram os contatos que garantiram sua presença na edição de 2010 do festival. O SXSW é um trending topic pronto. _Garotas Suecas Taxi Driver | Pegar um taxi em Austin é uma jornada antropológica mais rica do que seis meses louco de ayahuasca no Xingu. Mexicanos, nigerianos, americanos, etíopes, russos, guatemaltecos, jamaicanos. “Now I’m gonna put you some real music: Mr. Fela Kuti”. Nós | O melhor show do Garotas foi no showcase da nossa agência, a Panache Booking, no Beauty Bar, no segundo dia do festival. O recinto estava repleto, energia positiva no meio da Red River, avenida principal de Downtown Austin, suor escorrendo na banda e na plateia – muita calcinha melada e o suvaquinho grudento na camiseta do Vampire Weekend. “Codinome Dinamite”+1 explodindo no meio do Texas! Os outros | Kid Congo Powers+2 foi o melhor show do festival. Para quem não sabe, foi um dos guitarristas do The Cramps e presidente do fã-clube
[+1] tiny.cc/codinome [+2] tiny.cc/kidcongo
*foto: Lucy and the Popsonics
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_Canja Rave+3 _Pork Chicken | Fomos num restaurante chinês, o nome do prato dizia “CHICKEN”. Chegou algo cheio de gordura, que não era frango “nem aqui, nem na China”. Talvez fosse porco ou outro bicho – apelidamos de pork chicken. Da primeira vez, achamos que havia sido apenas um engano. Na segunda pensamos: outra vez! Na terceira, resolvemos esclarecer isso melhor...”Chicken fried steak” é carne frita da maneira que se frita frango. Isso existe? Carne frita como frango? What? Demoramos pra entender, mas agora sempre perguntamos se é “real chicken” ou “tipo chicken”. _Os outros | Uma das vantagens de tocar num festival como este é o acesso a “tudo ao mesmo tempo agora”. Ter visto o show do Stone Temple Pilots com a formação original foi de reviver a adolescência. Entre as bandas não conhecidas mundialmente, ainda, nós destacamos o Bo-Peep+4 (Japão), três gurias que quebram tudo. Punk rock japa! Tocamos com elas no ano passado e fizemos questão de conferir o show novo, valeu muito à pena! A incrível The Experimental Tropic Blues Band+5 (Bélgica) também é obrigatória. _Nós | Tocamos em uma festa fechada, feita pelos organizadores da parte Interactive do South by Southwest, o show oficial, que aconteceu no Cedar Door junto a bandas do Japão, Bélgica, Espanha e Estados Unidos. Depois, tocamos em outra festa à convite de uma importante produtora de eventos de Austin que queria nos ver tocar ao vivo. Fomos a indicação da BM&A como a banda brasileira a receber o cachê disponibilizado pelo SONICBIDS!
Aquilo lá era tudo que queríamos, era o paraíso dos indies+6. Tínhamos morrido e chegado na porta de São Pedro dos indies? Em Nova Iorque conhecemos o baterista de uma das bandas que mais nos interessava no SXSW: Meiko+7. Coisa do destino? Saindo do estacionamento no segundo dia de SXSW, em Austin, esbarramos com o cara novamente! Acontece que, por uma questão de logística, tínhamos que optar: She & Him e Malu Mallo ou Meiko e The xx. Os pubs que tinham essas atrações ficavam muito distantes um do outro. No meio do caminho, lá vai mais um esbarrão com o baterista do Meiko. No pub do Meiko, o palco estava com uma hora de atraso. Tínhamos que estar na fila do The xx às 23h, mas às 22h30min ainda faltava uma banda. Não ia rolar! Voamos pro The xx, e aí veio a grande decepção: não nos deixaram entrar. Morremos e paramos foi no inferno dos indies! Tentação para todo lado e dia perdido! Eu gritei bem alto MERDAAAAAAAAAAAA! Era português e poucos entenderiam mesmo! hehe. _Os outros | Nosso último dia foi mais interessante. Conseguimos pegar ótimas bandas como Oh No Ono (Dinamarca), Tanlines (NY), Neon Indian (NY), Classixx (LA), Solid Gold (MN). Além disso, assistimos ao show dos nossos amigos Papier Tigre, de Nantes. Dia maravilhoso! Mas para conseguirmos enfrentar este dia já sobrevivíamos a base de energéticos, analgésicos e sobras do Whole Foods (a maior rede de comidas e coisas orgânicas de Austin). _Nós | Por incrível que pareça, a pior parte do SXSW é tocar. Por quê? Simplesmente porque você perde um monte de bandas super legais! (haha) Tocamos no Barbarella, nosso showcase oficial. Antes do nosso show começar, pensamos “ok, noite totalmente perdida!” Tocamos com bandas que espantariam até fãs do Raul Seixas muito bêbados. Mas, na hora que entramos no palco, o público mudou. Alguns foram lá porque haviam nos assistido dois anos atrás no SXSW. Não é legal?
_Lucy & the Popsonics _Inferno ou paraíso dos Indies? | Descobrimos que não teríamos férias melhores para este ano.
_Moxine _Toque na rua | É um pouco anti-romântico, mas um artista que deseja aproveitar bem a participação
oficial dos Ramones da década de 70. Cinco Méxicoamericanos vestidos de mariachi, tocando um rock da pesada, beirando o punk, mas com sutilezas que só um doidão como o Kid poderia criar. O frio inesperado no sábado em Austin só nos deu mais motivos para pular ate fritar.
[+3] tiny.cc/canja09 [+4] bo-peep3.com [+5] myspace. com/`theexperimentaltropicbluesband [+6] tiny.cc/lucynosxsw [+7] tiny.cc/bandameiko
SOUTH BY SOUTHWEST //049
no SXSW deve saber que o seu showcase não é o foco. Existe a possibilidade de um grande empresário ou gravadora assistir ao seu show, mas é mais provável o artista conseguir fazer contatos participando dos speed datings no Trade Show e em panels dentro do Austin Convention Center. Se você não foi convidado pra tocar no SXSW, pode armar o palco no meio da rua e fazer seu show. É provável que muito mais pessoas possam assisti-lo assim! (risos) _Os outros | Irônico, mas precisei estar nos Estados Unidos para descobrir uma linda banda brasileira chamada Sinamantes+8. O trio soa como um coral enorme cantando! Em inglês, espanhol e português! Impecável! Estávamos preparados para assistir o The xx dentro da igreja presbiteriana de Austin. Chegamos cedo, sem querer, pegamos os shows de JJ e Holly Miranda. No myspace, Holly Miranda parece bem suave, mas no show, tudo tem mais vigor! _Nós | Fizemos apenas nosso showcase oficial do SXSW, tocamos em uma casa bem legal chamada Aces Lounge, na 6th Street, a rua que mais ferve durante o festival. Como abrimos para a banda escocesa The Law, que já está com uma exposição maior, tocamos pra uma quantidade razoável de pessoas, comparado ao que se costuma ver de publico nos showcases do SXSW. _The Name _Apimentado | “It’s fucking awesome”! O SXSW já é a descoberta mais foda que fizemos nos EUA. Imagine toda a região da Augusta com umas dez ruas, todas iguais a Augusta, rolando show de 30 em 30 minutos em todas as casas, de igrejas a estacionamentos! Festas que começavam meio-dia e iam até duas horas da manha, com várias bandas tocando e as pessoas todas indo assistir! O melhor de tudo foi ver neve e fazer guerrinha de snowball. O pior foi descobrir pimenta em tudo! Tudo tem pimenta! Até a pimenta é xtracheese! Haja estômago e coca-cola! Todos nós tivemos o gostinho de descobrir pimenta em tudo! _Os outros | Não conseguimos ver tudo o que queríamos que estava rolando, pois tem muitos shows rolando no mesmo tempo. A dica pra conseguir tudo
isso é se programar muito bem com os horários! Conseguimos ver algumas bandas que achamos todas muito fodas! Pegamos um showcase não-oficial do Liars, dd/mm/yyyy e Diamond Rings (nos mesmos showscases nossos), o duo Javelin, Who Made Who, The xx e Aa. Todos foram absurdamente perfeitos! _Nós | Os showcases não-oficiais são os melhores! Nós fizemos dois não oficiais em duas festas e os dois foram muito divertidos! A Nacho Party foi o primeiro, com nachos e cerveja Pale Ale de graça. A festa começou meio-dia e meia e o bar foi enchendo cada vez mais! Muito foda! O outro showcase não-oficial foi no último dia, na parte mais alternativa do festival, que, segundo a galera, é a parte mais legal também. Foi a primeira vez que tocamos todos encapotados e com os dedos duros. Mesmo com o frio, o show foi bem pesado! _L.A.B. _Who? | Ouvimos falar do WhoMadeWho+9 na noite do dia 18 (dia do nosso show oficial no SXSW 2010). Eles estavam tocando no pub ao lado no horário em que nos preparávamos no backstage para entrar em cena. Então não tínhamos como vê-los aquele dia. Mas no sábado, dia 20, na festa The Big One, com um vento assustadoramente frio, ao ar livre, pudemos finalmente conferir os caras. São um trio de Copenhagen e fazem uma linha disco nórdica extremamente contemporânea, com o baixista e o guitarrista cantando juntos 99% do tempo, com destaque para o baixo oitavado e guita experimentalmente trabalhada com um e-bow. _Os outros | Depois de um show acústico solo do Thurston Moore e da performance perfeita do Black Rebel Motorcycle Club, vimos o melhor show, dos nova-iorquinos very very 90s The Pains of Being Pure at Heart+10, que fez um dos melhores debut albums de todos os tempos. O vocalista é o novo Morrissey. _Nós | Nosso show foi fantástico, num pequeno teatro tão fantasioso quanto um brinquedo da Disney, todo colorido e cheio de criaturas estranhas, mezzo alegrinho-mezzo fantasmagórico, chamado Esther´s Follies. O objetivo era botar abaixo as estruturas do lugar – e foi o que rolou.
[+8] myspace.com/ sinamantes [+9] myspace.com/ whomadewhomusic [+10] myspace.com/thepainsofbeingpureatheart [+] Myspaces das bandas que colaboraram: /garotassuecas /canjaraveoficial /moxine /projetolab /thenamemusik /lucyandthepopsonics
_texto BRUNO FELIN _FOTOS derrick green
DERRICK GREEN //055
Derrick green
Descobrimos um outro olhar de Derrick Green. Normalmente imaginamos o vocalista do Sepultura com roupas escuras, agressivo em cima de um palco. Mas poucos conhecem a paixão deste americano de Cleveland radicado no Brasil por recortar o mundo através das lentes. Passe para as próximas páginas para entender do que estamos falando.
056\\ noize.com.br
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[+1] “Isso foi antes do show do Faith No More em São Paulo. Eu estava no camarim desejando boa sorte e me despedindo deles.” [+2] “Essa foi uma foto rápida das mulheres que dançaram no show do Jane’s Addiction. Eu usei o flash vermelho da Holga.” [+3] “Tentei usar dupla exposição num frio do cacete na Praça Vermelha, em Moscou. Eu usei a Holga e um tripé para estabilizar a foto.”
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[+4] “No nosso show em Varginha, essas meninas estavam no backstage com seus pais, prontas para ver o show. Eu não pedi nada, elas fizeram a pose naturalmente.” [+5] “Parei para descansar e não pude fazer nada a não ser registrar esse cachorro pronto para tomar um banho.” [+6] “Um dos últimos shows de nossa turnê. O seu olhar fala muito, era tanta coisa acontecendo, tanta informação, numa velocidade tão grande que faz você parar para pensar.”
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[+7] “Eu estava andando no meio da galera em um festival que tocamos na Finlândia e essas garotas bêbadas pararam e eu tirei a foto. Segundos antes, dois skinheads neonazistas tentaram começar uma briga comigo”. [+8] “Esperando o elevador em Cuba. Eu adorei a cor de fundo do elevador”. [+9] “Essa foto é da minha namorada em Praga. Eu não usei dupla exposição, mas eu queria aquele efeito. O vidro do tanque de peixes deu esse efeito”
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DERRICK GREEN //061
As longas turnês da banda servem de inspiração para que a agressividade de sua música dê espaço ao clique suave do obturador. Derrick fotografa sempre que pode durante as insanas turnês do Sepultura, como a que começou no dia 3 de abril, com 68 shows confirmados, percorrendo 17 países. Confira o nosso papo sobre a arte de retratar a realidade. Quando você começou a fotografar? Comecei a fotografar muito quando entrei no Sepultura. Provavelmente entre 1999 e 2000 foi quando comecei a realmente experimentar.Viajando por tantos lugares diferentes era interessante tirar fotos e documentar o que estava acontecendo, então comecei a entrar na parte artística da coisa. As típicas fotos de backstage já estavam ficando chatas e as coisas ao nosso redor estavam passando batidas. Você vê a fotografia como uma forma de arte? Pra mim é uma forma muito forte de expressão. Eu não gostava muito de fotografar pessoas posando, então comecei a registrá-las durante a ação. Eu acredito que quando as pessoas não estão conscientes que estão sendo fotografadas o resultado é muito mais interessante e novo. Eu gosto de tirar fotos de pessoas fazendo o que elas fazem, seja algo chato ou muito interessante.Usar preto e branco ou sombras diferentes é bastante desafiador, uma maneira de se expressar. Você gosta de usar Lomos e câmeras analógicas. De que você gosta nelas? Eu comecei com as digitais e, depois de testar o HDR, comecei a usá-las. Um amigo meu aqui do Brasil me deu uma Holga de presente de aniversário e eu adorei ela. Era muito mais desafiadora, era muito difícil no começo, porque eu não conseguia entender quanta luz precisava, apenas as puras oportunidades de tirar a foto. Eu gosto do aspecto de tentar todas as chances e tentar tirar o melhor da foto. Pra mim as fotos são mais caracterizadoras de certa forma, e estou trabalhando cada vez mais com analógico, eu quero entrar mais a fundo nisso.
A fotografia é uma coisa importante na sua vida hoje? Mais do que apenas diversão? Sim, com certeza. Eu planejo construir meu portfólio e fazer uma exposição própria seria ótimo, é a idéia que tenho para o futuro. Também gostaria de trabalhar em diferentes aspectos da fotografia, comercial e artístico. Eu acho que o lado comercial poderia usar muito mais do lado artístico e seria ótimo tentar contribuir para isso. Mas pessoalmente é ótimo ter essa forma de extravasar, como a música é para mim. É mais uma forma de se comunicar com as pessoas, e sempre gostei de saber como as pessoas reagem. Você tem uma ideia concreta para essa exposição? Acho que a idéia para a próxima turnê é focar nisso e ter bastante variedade de fotos em p&b e definitivamente usando mais analógico ou só analógico. Eu quero muito achar lugares, pois não teremos muito descanso nessa próxima tour.Vai ser interessante esse “tornado” de shows, lugares, pessoas. Eu quero muito captar essa energia que virá, e será ótimo ter isso como um tópico para mostrar.Vamos ver o quão boas serão as fotos e a própria turnê também (risos). Você pensa em seguir trabalhando com fotografia profissionalmente? Eu não vejo por que não. Claro que seria melhor pra mim trabalhar música com fotografia, mas é algo que posso continuar fazendo. Eu sei que música eu posso continuar fazendo, mas o nosso estilo de música não é o mais fácil para o corpo. Exige muito fisicamente. Eu acho que seria uma ótima alternativa poder entrar no mundo da fotografia. Sepultura é uma banda muito barulhenta.Você gosta do silêncio tanto quanto do barulho? Eu adoro os extremos da música. Eu gosto de bandas que são muito barulhentas mas também leves, com tons diferentes e estruturas diferentes de composição. E eu preciso disso, poder andar por esses extremos. Te dá tempo para pensar diferente, mais do que ficar cercado apenas de barulho.
062\\ noize.com.br
EDU K Entrevistar um coelho já seria difícil. E se esse coelho for notoriamente maluco, imprevisível, camaleônico e com transtornos de múltipla (falta de) personalidade? Edu K não gosta de definições, mas começou nos anos 1990 com o rock do DeFalla, flertou forte com o Miami Bass do funk carioca e, com a clássica (que virou jingle gringo) “Popozuda Rock’n Roll”+1, deu início a uma carreira internacional que o mantém em circulação frenética entre incontáveis gêneros e músicos do mundo inteiro. Para falar de alguém tão múltiplo, nada mais natural do que utilizar uma prova de múltipla escolha. Agora, tente descobrir em quais respostas se encontra o verdadeiro Eduardo Dornelles e confira as respostas certas na próxima página+2 (ou, melhor ainda, corra para o site da NOIZE para conferir essa conversa na íntegra). Feliz Páscoa.
066\\ noize.com.br
1. A que Edu K atribui suas constantes mudanças no visual? A ( ) “O principal motivo é que eu sou retardado.” B ( ) “Mesmo que eu quisesse tentar bloquear as várias idéias que tenho, não teria como.” C ( ) “Tenho que aproveitar que não tenho nenhum compromisso sério de manter sempre a mesma aparência. O dia em que tiver, vou ter que me matar.” D ( ) “A real é que eu nunca fui nada. Eu sou uma pessoa que no fundo não tem personalidade. Quem é tudo, acaba sendo nada.” 2. Qual o gênero inusitado que ele mais curte no momento? A ( ) “Nada inusitado, mas, afinal, o que é inusitado hoje em dia?” B ( ) “Deep House. Talvez seja inusitado pra mim, mas nem mesmo pra mim, que tô acostumado com tanta mudança.” C ( ) “Antes ficava mais no circuito eletrônico, agora tô curtindo baladas mais rock.” D ( ) “Bastante coisa divertida. Mas, como não existem coisas inusitadas, nada é TÃO divertido.” 3. Eu encontrei uma resenha na internet que define seu som como “21st century baile funk rewind”. Concorda com a definição? A ( ) “Não, porque eu não concordo com definições. Não tem como definir as coisas.” B ( ) “Não, porque até hoje eu já passei por 350 estilos depois do Baile Funk, mas os caras continuam me chamando de Baile Funk.” C ( ) “Sim. Assim como concordaria com qualquer outra.”
[+1] tiny.cc/popozuda [+2] Todas as respostas estão corretas.
4. De que lugar fora do Brasil você mais gosta? A ( ) “Austrália. O pessoal é legal, a galera é festeira.” B ( ) “Berlim, que é quase uma segunda casa. A minha base na Europa é lá.” C ( ) “Não dou bola pra essas ilusões das coisas fora do Brasil. A merda da globalização, que também fez muita coisa boa, deixou todo mundo igual, com o mesmo cabelo emo, a mesma calça apertada, escu-
tando o mesmo som.” D ( ) “Eu tenho muita imaginação, então eu imagino as coisas gigantes e quando eu chego perto é desse tamanhinho. Eu fico meio chocado, depois caio na real e vejo que a realidade também até que é legal.” E ( ) “Comecei mesmo foi a gostar mais do Brasil. Eu sempre ouvia os caras dizerem, ‘redescobri o Brasil depois da Europa’, e eu pensava ‘bah, que viagem, que bunda-mole’, e agora eu sou um bunda-mole também.” 5. Como você acha que está a situação do funk carioca no mundo agora? A ( ) “Não posso falar porque nunca fui total funk. Quando a gente fez a parada funk, não era funk. Os funkeiros odiavam porque tinha guitarra, os rockeiros odiavam porque tinha funk.” B ( ) “O ponto alto do funk foi quando a M.I.A apareceu com a camiseta ‘I love baile funk’. Ali foi o auge.” C ( ) “É um tipo de som que a galera mais ligada em clubs, tipo Baltimore, conhece e respeita. Mas hoje não tem o hype.” 6. Com quais artistas você mais gostou ou gostaria de fazer parcerias? A ( ) “Curti os Crookers, que foi foda conhecer e trabalhar.” B ( ) “Dois caras com quem eu tô lançando disco: DJ Worthy e DJ Claude Vonstroke, um da Dirtybird e outro Anabatic, dois selos fodas de San Francisco.” C ( ) “Tô curtindo muito um trabalho puxado pro deep house que tô fazendo com o Jay-You e uma piazada de Miami do selo petFood. O Lazaro Casanova também tá nessa galera.” D ( ) “Queria muito produzir algo com Lady Gaga e Amy Winehouse. Pra atender os únicos pedidos que me fazem quando toco em casa, no Rio Grande do Sul.”
Fotos: Rafael Rocha Dir. Arte: Marco Chaparro Produção: Ana Laura Malmaceda e Gustavo Foster Texto e Entrevista: Maria Joana Avellar Agradecimentos: Eduarda Medeiros, Paula Sassi e Magali Rocha.
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vizupreza
_por lidy araújo lidyaraujo. c om. b r
PERFUME DE FERRO_
DOE-se_
TACHAS_
Perto do lançamento de Iron Man 2, a Diesel lançou uma edição limitada do perfume Only The Brave tendo o personagem como tema. O produto vem numa embalagem com quadrinhos de Tony Stark impressos.
A coleção Organs Donors incentiva, de forma divertida, a doação de órgãos. Detalhe: os bonecos vestem camisolas de hospital, com fenda traseira, que deixa o bumbum à mostra. São vendidos separadamente em caixas-surpresa.
“Telephone”, clipe de Lady Gaga, serviu de inspiração para o novo modelo do Keds Champion, criado especialmente para a Doc Dog. Em edição limitada, o tênis está disponível em três cores: branco, stone e vermelho.
Preço: US$ 68 em diesel.com
Preço: US$ 15 em foox-u.com
Preço: R$ 143 em docdog.com.br
na parede_
CLássica banana_
ALICE NA SALA_
O pôster The Beatles Retrô, assinado pelo designer gráfico e ilustrador mineiro Pablo Lobo, é uma das centenas de obras à venda na Urban Arts. A galeria virtual divulga e comercializa trabalhos de mais de 50 artistas.
A banana criada por Andy Warhol e imortalizada na capa do disco do Velvet Underground estampa o relógio a prova d’água, com a assinatura do artista em relevo, que vem embalado numa charmosa caixinha de alumínio.
No clima de Alice in Wonderland, a ONG Orientavida convidou a multimídia Aninha Strumpf para coordenar a criação de uma linha de produtos licenciados. A poltrona em toile de jouy preto, rebordada nos detalhes, é um deles.
Preço: R$ 98 em urbanarts.com.br
Preço: US$ 150 em warholstore.com
Preço: R$ 5.500 em orientavida.org.br
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estampa
do mĂŞs Marca: MCD
Onde Encontrar: mcdbrasil.net
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Patrocínio Master:
Organização:
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PORTO ALEGRE RS
10/11 ABRIL 2010
PALESTRANTES + RAFAEL GRAMPÁ + MARCELO BALDIN
MEDIADORES + ABDUZEEDO + PULPO
+ DIEGO MAIA + JORGE RESTREPO
+ CATARINA GUSHIKEN + SANTA
+ MARCELO FERLA + XANDE MARTEN
+ EXPOSIÇÕES + MINI-FEIRA + PRÊMIOS + BRINDES + PALESTRAS + PAINEL ILUSTRAÇÃO / GRAFFITI + FESTIVAL DE MOTION
INFO@PIXELSHOW.COM.BR 11 5084 9040 / 11 3926 0174
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LOCAL: USINA DO GASÔMETRO
CONTATO PARCEIRO LOCAL: MARIA CULTURA 51 3207 8463 Parceiro local - POA:
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_FOTO ieve holthausen | flickr. c om/ieve
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reviews
_E aí, quer ver sua foto publicada nesta seção? Mande um email com uma foto em alta resolução (300dpi) que represente a sua visão da música para FOTO@NOIZE.COM.BR
SHE & HIM
MGMT
Volume 2
Congratulations
Comparar os olhos azuis de Zooey Deschanel (a Summer, de 500 dias com ela), com a sonoridade pop impecável de She & Him - Volume Two chega a ser um clichê necessário. Se no primeiro disco do duo a timidez às vezes atrapalhava o som, agora eles se soltaram. A aura das músicas lembra bases antigas, como os hits da Motown, mas soa recente. A chorosa “Thieves” e a retrô “In The Sun” mostram arranjos sessentistas de M. Ward e vocais mais confiantes de Zooey. Delícia, quem escuta músicas como “Lingering Still” e “Don’t Look Back” pela primeira vez entende a preciosidade com que as músicas do disco foram tecidas. She & Him conseguiu fazer um trabalho à altura do visual e dos clipes, da imagem de musa cool de Zooey. Ana Laura Malmaceda
O MGMT prometeu um disco sem hits e não mentiu quando fez isso. As músicas estão bem mais experimentais, psicodélicas e orgânicas do que em Oracular Spectacular. Congratulations, que vazou antes do lançamento oficial, é dividido em sintetizadores bem dosados e um instrumental orgânico de primeira, que carrega até violões. Deixada de lado a estrutura pop, novas influências quebram a tendência dançante da banda, para trazer uma vibe mais riponga. Destaque para o toque árabe-moderno de bom gosto de “Flash Delirium”, para a épica “Siberian Breaks”, com 12 minutos de dinâmicas conflitantes, e para “Congratulations” e sua letra confessional sobre a fase dos caras. O disco acaba com palmas. Para a banda ou para quem conseguir absorver o álbum todo? Mario Arruda
SUPERGUIDIS Superguidis
Em seu álbum auto-intitulado, a Superguidis se consolida. Isso porque, se antes pairava alguma dúvida quanto ao que a banda seria capaz de fazer, esta não subsiste. Superguidis é objetivo e conciso sem deixar lacunas. É altamente indicado para uma audição descompromissada ao fim de tarde de um dia qualquer. É pop na maior parte do tempo melancólico, porém não deprime, e sim traz um sorriso sincero. Sintoniza a rápida e riffada “Não fosse o bom humor” com a contemplativa “O usual”. Deixase repousar no belo arranjo de “Visão além do alcance” para, em seguida, retomar a rotina diária em “Quando se é vidraça”. No calar das vozes, fica a impressão de que a banda encontrou o que procurava, ainda que não soubesse o quê. É o que menos importa.”. Gustavo Corrêa
LOVE BAZUKAS Love Bazukas
Em 2009, o Black Drawing Chalks fez tudo certo. Com um disco quase impecável na mochila, rodou pelos festivais do país arrancando elogios de crítica e público. Em um show em casa, durante o Goiânia Noise, dividiu o palco com Chuck Hipolitho (ex-Forgotten Boys), parceria que se transformou em amizade e que, agora, resulta no projeto Love Bazucas e no EP homônimo. “Destroy this Little Boy” abre o disco servindo os riffs raivosos dos goianos a uma levada mais setentista, enquanto “Down on me”, a mais pesada de todas, lembra as faixas de Life is a Big Holiday for us. “Hug me once again”, que além das guitarras traz ótimos backing vocals, é mais do que candidata a hit. Para ouvir na estrada, “Little Crazy” encerra o que poderia muito bem continuar. Lucca Rossi
GORILLAZ Plastic Beach
Os macacos estão conceituais. Plastic Beach é diferente de tudo que veio antes, e por isso, mais difícil de engolir. O que pode soar como um álbum aborrecido para os que conhecem pouco o Gorillaz, na verdade se revela um trabalho completo e complexo, que deve ser ouvido da primeira até a última faixa. Repleto de participações especiais, é impossível ignorar as novas influências no trabalho dos macacos. Impossível, mesmo, é não ouvir “White Flag”, “Stylo” ou “Superfast Jellyfish”. “Some Kind of Nature” é de se escutar dando graças a Deus por Lou Reed existir. Uma mistura legal de instrumental com hip hop, teclados e synths. É isso que garante a Plastic Beach um lugar de destaque nos players em 2010. Brunna Radaelli
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VIOLINS
Greve das Navalhas
Escute também: SCHIZOPHRENIA, AGAINST.
Greve das navalhas é o sucessor do excelente Redenção dos corpos, álbum que representou, ao menos em sua segunda metade, o que de melhor e de mais maduro a banda fez até aqui. Depois de hiato de aproximadamente dois anos, os goianos não resistiram e voltaram à ativa, disponibilizando em seu site este novo disco. As letras continuam sendo um dos diferenciais da banda, que sabe como poucas abordar poeticamente as agruras sociais contemporâneas. Melodicamente, continuam impecáveis, oferecendo refrãos empolgados conjugados a linhas de cordas criativas e lampejos irregulares e exaltados da bateria. Se analisado o álbum como uma totalidade, Greve das navalhas é mais coeso que Redenção... Destaco “A fila” e “Morte da chuva”. Gustavo Corrêa
DiscografiaBásica
Jónsi Birgisson Go
Às vezes, um pouco de extroversão fora do habitual surpreende. Por outras, é demais. Não se diminui em nenhum momento o mérito de Go, primeiro EP solo do emblemático frontman da islandesa Sigur Rós, Jónsi. As melodias têm igual complexidade e letras de sofisticação – como o habitual. O som etéreo ainda está lá. “Grow till tall”, “Go do” e “Boy Lilikoi” são ótimas músicas... mas a maioria do CD parece feita para ser ouvida apenas uma vez. As letras são ensinamentos de paciência e superação. No repeat, porém, algumas das músicas parecem enjoativas. Tudo foge do esperado, mas a surpresa parece demais para os ouvidos acostumados à calma do esperanto no Sigur Rós. Ótimas letras, mas um trabalho que não deve agradar muito fãs mais antigos da Rosa da Vitória. Fernanda Grabauska
SEPULTURA
por Daniel Sanes
ARISE | Mesmo já tendo gravado álbuns de respeito, como Schizophrenia e Beneath the Remains,
foi em 1991 que o Sepultura começou a se tornar um dos grandes nomes do thrash metal mundial. Arise mostra a banda em ascensão, naquele que foi o último disco “não experimental” dos mineiros. Destaque para “Dead Embryonic Cells”, “Desperate Cry” e o cover de “Orgasmatron”, do Motörhead. Arise levou o grupo a diversos países e rendeu convites para tocar em festivais como Dynamo Open Air, na Holanda, e Rock In Rio II. Uma amostra da turnê pode ser conferida no profissionalíssimo home video Under Siege, gravado em Barcelona. Em uma era pré-DVD, luxo que poucas bandas brasileiras poderiam se dar. CHAOS A.D. | O sucesso crescente não intimidou Max Cavalera (vocal/guitarra), Andreas Kisser (guitarra), Paulo Jr. (baixo) e Igor Cavalera (bateria). Pelo contrário: na gravação de Chaos A.D., a banda mineira ousou bastante – para os padrões do metal, claro –, misturando pauleira com batuques tribais e ritmos brasileiros. Em um álbum tão linear, é difícil destacar alguma música, mas “Refuse/Resist”, “Slave New World” e a instrumental “Kaiowas”, inspirada na tribo indígena de mesmo nome, se tornaram clássicos.Vendagens milionárias, aclamação da imprensa mundial e, pasme, estreia de clipe (“Territory”, gravado em Israel) no Fantástico dão uma dimensão de quão gigantesco o Sepultura era em 1993.
ROOTS | Satisfeitos com o resultado de Chaos A.D., os mineiros mergulharam ainda mais no experimentalismo. Lançado em 1996, Roots traz vários convidados, como Mike Patton (Faith No More), e Jonathan Davis (Korn), em “Lookaway”, e os índios xavantes, em “Itsári”. A presença de Carlinhos Brown em algumas faixas – especialmente “Ratamahatta”, na qual o batuqueiro também canta – não foi bem vista pelos fãs mais radicais. Apesar disso, o álbum vendia horrores e, paradoxalmente, o som continuava pesado, como comprovam “Roots Bloody Roots” e “Attitude”. Infelizmente, Max deixaria o grupo logo depois. Com Derrick Green nos vocais, o Sepultura lançou bons discos, mas nunca mais recuperou a “química” dos anos 90.
THIAGO PETIT Berlim, Texas
Se o EP de estreia de Thiago Pethit lembrava uma coleção de cartões portais (o tango argentino, as chansons francesas, os metais balcânicos), seu primeiro álbum funciona mais como uma viagem interior. Não há um mapa claro desse caminho, mas a voz de Thiago (soando cada vez melhor ) talvez seja o guia mais apropriado para nos conduzir por essa rota. Na estrada, encontramos pequenos fragmentos das suas experiências e impressões. É o mundo dele, não o nosso. Assim, Berlim,Texas triunfa ao expor tanto belezas, quanto imperfeições da música de Pethit (um misto da simplicidade do folk com a dramaticidade do cabaret), reduzida aqui a sua sonoridade primordial pela exímia produção de Yuri Kalil. Livio Vilela
BLACK REBEL MOTORCYCLE CLUB Beat The Devil’s Tattoo
Não é todo dia que um disco como Beat the Devil’s Tattoo é lançado. No mais recente trabalho do Black Rebel Motorcycle Club – agora com Leah Shapiro na bateria – baladas de uma tristeza pesadíssima se unem a riffs marcantes. Se BTDT pudesse ser resumido em uma palavra, esta seria “peso”. Em treze faixas, os californianos vão da psicodelia folk de “Evol” a “Conscience Killer”, que une indie, punk e shoegaze em versos suingados e refrão arrastado. “Sweet Feeling” mostra o lado folk da banda em uma balada de qualidade rara. As baladas são a marca do disco, que ganha um fluxo interessante em faixas como “The Toll” e “Long Way Down”. Outros destaques são a faixa que dá nome ao disco e “Half-State”, de 10 minutos. Gustavo Foster
MAQUINADO Mundialmente Anônimo
O cheiro da maresia está ainda mais presente no novo de Lúcio Maia. Mais orgânico do que o anterior, o disco já abre com uma versão de “Zumbi” do – segundo o próprio Lucio – Jimi Hendrix brasileiro, Jorge Ben. As batidas eletrônicas ainda estão presentes, mas de maneira menos evidente. A percussão brasileiríssima e o tom das composições dão vontade de dormir e acordar na linda Recife. Lúcio está mais confortável nos vocais da maioria das músicas, que seguem misturando tudo – de feijoada a psicodelia. A guitarra também foi mais explorada e é a melhor maneira de mostrar sua genialidade. Um grande disco de música brasileira que não agarra nenhum rótulo, nem mesmo o que vem do mangue. Bruno Felin
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ta por vir .: 11/05/2010_ The National | High Violet “Nós começamos tentando fazer um disco pop alegre. Eu tinha a palavra FELICIDADE grudada na parede. Mas mudamos de direção imediatamente. High Violet será nosso melhor disco (tem uma música que dá até para dançar), mas não poderia descrevê-lo como ‘feliz’”, contou o frontman Matt Beringer sobre o novo álbum do The National. A maioria das faixas de High Violet já pode ser ouvida (e vista) em vídeos ao vivo disponíveis no YouTube.
confira Jimi Hendrix Valleys of Neptune ___Eis que alguém desenterra um disco de inéditas de Hendrix, músicas gravadas em 69 com o então novo baixista Billy Cox. Entre versões brutais de “Stone Free” e “Fire”, covers como “Sunshine of Your Love” e músicas inéditas, Hendrix se reinventa – e é excelente mais uma vez.
Ted Leo & the Pharmacists The Brutalist Bricks ___O punk rock com muito mais de Ted Leo chega ao 6º disco. As pitadas de indie rock seguem fortíssimas, dando ao disco por vezes uma roupagem post-hardcore. No fim das contas, aponta para uma tendência na Matador Records nesta década: punk is coming back.
Bamboos 4 ___Consolidandose cada vez mais na cena groove, o Bamboos lança seu quarto álbum e põe a Austrália definitivamente no roteiro do funk mundial. O álbum passa pelo soul, disco e até hip-hop com suingue suficiente pra balançar a casa toda.
redescoberta BROADCAST
The noise made by the people (2000)
Inexplicável a ausência do Broadcast nas listas dos melhores dos anos 2000. Numa década em que a originalidade não esteve em alta, o grupo inglês provou que há como revisitar sem copiar. Do som espacial, o abraço procura tanto os saudosos dos sixties, quanto os sedentos por novidades. Se a paternidade está no The United States of America – pioneira banda na fusão de rock e eletrônica –, as referências se acumulam; da sofisticação de Burt Bacharach às ambientações de Brian Eno, das melodias chapadas da psicodelia inglesa ao lirismo da música brasileira for export. Não se trata, no entanto, de uma colagem vazia. A jornada sonora de The Noise Made by The People marca o ápice da musicalidade singular do Broadcast. Leonardo Bomfim
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cinema ALICE NO PAÍS DAS MARAVILHAS
Diretor_ Tim Burton Elenco_Mia Masikowska, Johnny Depp, Helena Bonham Carter, Lançamento_ 2010
Quase que esta resenha não sai. Julguei que havia visto Alice no País das Maravilhas (Alice in Wonderland, 2010) de modo displicente demais para escrever sobre a mais recente realização cinematografica de Tim Burton. Foi então que me ocorreu que justamente a melhor definição para este longametragem precocemente cultuado é a de um filme a ser assistido sem grandes apreensões – simplesmente porque elas não estarão lá. Ao transpor a legendária obra do inglês Lewis Carol, Alice’s Adventures in Wonderland, para o cinema,Tim Burton elimina da narrativa aquilo que lhe é mais essencial – os enigmas – para reconstruir uma historia conveniente e bem-humorada. A Alice de Burton,
já mais adulta que a estranha Alice de Carol, não vaga por caminhos existenciais e filosóficos. Em sua versão contemporânea, o diretor ameniza não apenas o universo surrealista, à beira do lisérgico, presente na obra lançada em 1865. Burton suaviza também a si mesmo, distanciando-se da sua tão característica atmosfera fantástica, misto de sombra e poesia, para recriar uma estética menos tocante. No entanto, o cineasta cede espaço a um competente movie-maker em Alice no Pais das Maravilhas. O filme diverte e prende a atenção com boas atuações, diálogos bens sacados e um enredo que em nada deve a uma boa Sessão da Tarde, ainda que não a supere. Tiara Vaz Ribeiro
ILHA DO MEDO
Diretor_ Martin Scorsese Elenco_ Leonardo DiCaprio, Mark Ruffalo, Ben Kingsley e Max Von Sidow Lançamento_ 2010
Dennis Lehane é um escritor de sorte, os filmes adaptando seus livros (Sobre Meninos e Lobos, do Clint Eastwood, Medo da Verdade, do Ben Affleck) são todos filmões, e este aqui, adaptado do livro Paciente 67, um mistério detetivesco semi-pulp filmado por Scorsese com a virtuose louca de um cineasta que já não precisa provar mais nada, entra definitivamente na categoria de “filmão”. DiCaprio faz um agente federal que, junto de seu parceiro (Ruffalo) é mandado para a ilha do título, onde um forte centenário que serve como asilo para criminosos insanos, investigar o desaparecimento de uma paciente, internada após matar os próprios filhos. Sair da ilha parece ser impossível, e o diretor (interpretado com maestria por Ben
Kingsley) parece esconder por trás de sua simpatia o desejo de obstruir a investigação tanto quanto possível. O personagem de DiCaprio logo é sugado para dentro de um mundo de paranóias e loucura que Scorsese preenche com seu arsenal infinito de referências cinematográficas – de O Iluminado a O Exorcista, para ficar nos filmes de terror, a todas as características do cinema noir, com seus personagens traumatizados e onde nem mesmo o personagem que conduz a história pode ser um narrador confiável. Ilha do Medo nos leva de volta ao bom tempo em que filmes de horror eram muito mais do que sustos sonoros atirados contra o espectador. Samir Machado
cinema
O SEGREDO DOS TEUS OLHOS
LEAVES OF GRASS
Prestes a se aposentar, um ex-promotor decide escrever livro sobre um crime não-totalmente resolvido com que trabalhou. Se a primeira metade do filme corre como um episódio de Law & Order, é a partir da revelação do paradeiro do assassino – feita através de um extraordinário plano-sequência, que vai de um voo sobre um estádio de futebol a uma perseguição por corredores do mesmo – que o filme muda de tom, e as consequências da investigação levam o trio de protagonistas a se confrontarem com a então nascente ditadura argentina.Vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro deste ano, não apenas atesta a ótima fase pelo qual passa o cinema argentino, como atiça a discussão sobre a eventual superioridade deste em relação ao brasileiro. Samir Machado
Embora Bill Kincaid (Edward Norton) afirme que a busca de estabilidade é uma ilusão, é a ela que entregou sua vida. Intelectual que se afastou de Oklahoma e de sua família errática e construiu uma sólida carreira como professor de filosofia, ele precisa fugir da sombra relapsa da mãe (Susan Sarandon) e da drogadição do pai, levada adiante por seu irmão gêmeo Brad (Edward Norton), cultivador de maconha dedicado. Leaves of Grass se desenvolve em torno do reencontro dos irmãos e da mãe, e está centrado no jogo de tensão entre Brad e Billy - interpretados com maestria por Edward Norton. O enredo caminha rápido, sem que nem a Cannabis, nem o romance de praxe assumam a força que se espera. No rápido intermezzo, Norton brilha. Fernando Corrêa
de Tim Blake Nelson (2009)
de Juan José Campanella (2010)
livros
Não DEVEMOS NADA A VOCÊ de Daniel Sinker (2009)
Foi fundamental a tradução literal do título de We Owe You Nothing na edição que a Ideal lançou por aqui no fim de 2009. Ele sintetiza metade do significado, do niilismo e do caráter subversivo do punk enquanto movimento e enquanto subcultura.A outra metade, subentendida, não é menos direta: o universo pop, a web 2.0 e o estágio atual do mercado musical estão mais entrelaçados ao punk do que se supõe. É o que atestam algumas das dezenas de entrevistas que integram esta compilação de grandes textos veiculados no Punk Planet (fanzine de Chicago publicado entre as décadas de 1990 e 2000). Steve Albini e Jello Biafra, para citar “pequenos” exemplos, ensinam coisas que o mundo parece, enfim, aprender. Ao unir música, política e “faça você mesmo”, o livro – como o zine que o originou – se torna leitura recomendada para bandas, ouvintes e pensadores, e evidencia que o punk como cultura venceu, mesmo que, para isso, tenha vendido a alma de seu filho musical. Fernando Corrêa
Redescoberta Conto de Inverno (1992) Éric Rohmer é como o vinho. Seu cinema nunca esteve perto da palavra maldita que muitas vezes acompanha a idade: decadência. Ao contrário, os anos passaram e o refinamento só aumentou. Os Contos das Quatro Estações, da década de 90, são o amadurecimento de uma forma particular de filmar que começou lá nos primeiros suspiros da Nouvelle Vague. Salta aos olhos em Conto de Inverno a forma como o francês retrata sua protagonista. Em outros filmes, uma jovem dividida entre três amores e um filho seria tratada como uma louca irresponsável. Aqui não, ela é uma pessoa. Rohmer guarda esse dom que poucos cineastas têm: o de filmar pessoas. Leonardo Bomfim
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SHOWs
fotos: 1 | Felipe Neves 2 | Rafael Kent
3 | Augusto Gomes
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FRANZ FERDINAND
Porto Alegre, Pepsi On Stage, 18/03
Franz Ferdinand é uma banda que dispensa apresentações. E foi exatamente isso que os escoceses mostraram na estreia de sua temporada no Brasil, a primeira vez em Porto Alegre. Acredito que a plateia abarrotada de fãs faceiros, ansiosos e de diferentes faixas etárias concordaria comigo: é difícil descrever um show perfeito, que fala por si só. Ninguém almejaria que eles começassem com “Bite Hard”, o que foi quase tão impactante quanto descobrir que, ao vivo, a suave e potente voz de Alex Kapranos é assustadoramente igual ao que se escuta todos os finais de semana em metade das festas da cidade. Para muitos, a ficha só foi cair na segunda música, “Do You Want To”, a estrondosa e preciosa pérola de You Could Have it So Much Better. Eu só fui entender o que se passava em “Tell Her Tonight”, que me levou, nostálgica, ao meu primeiro amor, chamado Franz Ferdinand (o álbum). A partir daí, a relação de carinho e adoração recíproca entre os simpáticos reino-unidenses e os calorosos brasileiros foi selada. “No You Girls”, “The Dark of the Matinée” e “This Boy” empolgaram em suas variantes aceleradas. Não se via nenhum corpo parado no refrão do hino “Take Me Out”, que foi seguido pela imprevista “The Scottish Song” e por “Ulysses”, com ênfase no abençoado verso “lets get high”. A partir daí, o ritmo baixou, mas as músicas mais lentas continuaram encantando a plateia – destaque para a multidão entoando em coro: “I love the sound of you walking away”. A desaceleração antecedeu harmonicamente um dos momentos mais
importantes da noite. Uma característica presente na definição de um show perfeito é a existência de instantes catárticos em que os músicos se mostram tão presentes e envolvidos no momento em questão quanto a plateia. Ao final de “40º”, o guitarrista Nick McCarthy (dotado de excelente presença de palco, por sinal) trouxe o surdo para a frente do palco, e os membros da banda dividiram as partes restantes da bateria entre si. A batucada pareceu durar cerca de 10 minutos, o suficiente para levar o público ao delírio. Mas ainda tinha mais. O bis começou com a crescente “Jacqueline” e, antes de dar início aos primeiros quentes acordes de “This Fire”, Kapranos exclamou: “Nós somos Franz FerdinandO!”, provavelmente a frase mais querida e destacável de todas as suas arranhadas no português. No fechamento, outra surpresa catártica: “Lucid Dreams”, uma das marcas do experimentalismo presente no último álbum, Tonight, ganhou uma aventura de sitentizadores mais longa e intensa do que na versão original. O final do show ganhou um rumo eletrônico inesperado, longo e hipnótico – seria uma pista sobre os possíveis novos rumos da banda? Enquanto a plateia se recuperava, eu me perguntei se nos outros lugares do Brasil o show seria memorável assim ou se seria apenas um show do Franz Ferdinand. Saí com a certeza de que devo ter visto apenas um show do Franz Ferdinand. E deve ser isso que o fez tão especial. Maria Joana Avellar
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BLACK DRAWING CHALKS
OTTO
Goiânia, Bolshoi Pub, 10/03
São Paulo, Auditório Ibirapuera, 20/03
A goiana Black Drawing Chalks sempre foi apontada como uma banda de divertidas gravações, mas nada comparado à energia que o quarteto demonstra ao subir no palco. Foi para honrar esse estigma que a banda decidiu gravar o terceiro álbum da carreira ao vivo, com a participação de quem realmente construiu a fama do Black Drawing: o público. Para isso, convidaram o produtor oficialíssimo do grupo, Gustavo Vazquez, do estúdio Rocklab – responsável pelos dois primeiros CDs – para documentar a festança. E nada melhor do que fazer tudo em casa, com os amigos por perto. Os integrantes poderiam ter feito a gravação em São Paulo, onde já realizaram alguns shows escatológicos em inferninhos da cidade, mas preferiram o Bolshoi Pub, em Goiânia, pois queriam honrar o sotaque goiano na gravação. Dito e feito. Com a casa lotada, em plena quarta-feira, a data ficou marcada nos quatro anos da banda como o dia em que tudo foi compensado. No repertório, músicas do disco de estreia, Big Deal; do premiado Life is a Big Holiday for Us – com direito a coro fervoroso do público no hit “My Favorite Way” – e faixas ainda inéditas como “Simmer Down” e “Red Love”. A gratidão da banda à participação do público foi tanta que o estúdio de design Bicicletasemfreio (do qual dois integrantes da banda fazem parte) quer estampar no encarte do CD ninguém menos do que fãs e amigos. Já dá pra adiantar que serão dezenas de rostos num mosh pra lá de sensual. Aguardem! Aline Mil
Sexta e sábado, 19 e 20 de março, o Auditório Ibirapuera recebeu o show de lançamento de “Certa Manhã Acordei de Sonhos Intranquilos”, último disco de Otto, lançado de forma independente em 2009 depois de quatro anos de seu último trabalho, MTV Apresenta. Nesse intervalo, aconteceu muita coisa (ruim) na vida de Otto, e boa parte delas estão presentes no disco – considerado um dos melhores do ano passado. No show de sábado, porém, o clima foi de visível alegria, uma espécie de cerimonial coletivo de expurgação dos males passados pelo cantor pernambucano, que corre, conversa, senta no chão, vai pra plateia, interage muito com sua excelente banda (Catatau, do Cidadão Instigado, e Junior Boca nas guitarras, Rian Batista, também do Cidadão, no baixo, Pupillo, da Nação Zumbi, na bateria, Bactéria, do Mundo Livre S/A no teclado, e os percussionistas Malê e Axé), e quase chora de felicidade. A plateia responde cantando todo o repertório – focado no último disco, mas com incursões dos três discos anteriores do compositor – e a dançar perto do palco, abandonando as sisudas 800 (lotadas) cadeiras do Auditório. É difícil não se contagiar com o alto-astral da noite e não vibrar com as ótimas versões ao vivo das músicas do novo disco, com destaque especial para “Seis Minutos”, um denso e poderoso rock ainda mais denso e poderoso no palco, e “Filha”, dos versos “aqui há paz e alegria” que resumem bem o clima de redenção da noite. Leonardo Foletto
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SHOWs
fotos: 5 | Rafael Rocha
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6 | Thiago Piccoli
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NOFX
DREAM THEATER
Porto Alegre, Pepsi On Stage, 03/03
Porto Alegre, Pepsi On Stage, 16/03
Foi ao som de “Perfect Government” que o cotovelo de um amigo chocou-se contra meu supercílio, abrindo ali uma pequena fonte de sangue. Era a segunda das três importantes marcas que eternizariam a noite.Vi ensanguentado a improvável execução de “Fleas” coroar uma apresentação recheada de clássicos, boa parte deles de Punk In Drublic, disco que bateu o cartão do NOFX na explosão do punk rock californiano circa 1994, e vi Fat Mike confessar a tristeza após a execução catártica de “My Orphan Year”, uma de suas composições mais tocantes e, certamente, o ápice de Coaster, disco que trouxe os californianos ao Brasil pela terceira vez. A primeira das marcas sobreditas se deu em frente ao Pepsi On Stage, antes do show—foi o “NOFX” tatuado com um cigarro em uma caixa de isopor repleta de cervejas. Dali a poucos minutos, seria a vez de Mike, com seu baixo estalado, El Hefe, mestre dos solos de guitarra e do trompete fanho, Smelly e sua bateria metralhada e a tosquice carismática de Melvin. Deixaram a terceira e mais importante marca, que ressurgiu com a leitura do set list publicado na internet na manhã seguinte. Da abertura com o clássico “Linoleum” ao fechamento, já pela 32ª música, com “Kill All The White Men” e “I Wanna Be an Alcoholic”, o NOFX deu fôlego à fraude do punk, intensamente tosco e vital a um só tempo. Aos 40 e poucos anos, cada um dos quatro viu a prova disso na multidão que se digladiava—como se fosse a coisa certa a fazer. Fernando Corrêa
Mesmo depois de poucas horas de sono, a energia do espetáculo presenciado parece continuar a mesma, a adrenalina ainda é recorrente. O Dream Theater subiu ao palco para marcar a história de Porto Alegre. Destaco como pontos altos: o solo de Petrucci antes de “Hollow Years”, e a música em seguida, claro, que me arrancou algumas lágrimas; “The Spirit Carries On”, cantada forte pelo público, principalmente nos belos versos do refrão “If I die tomorrow, I’d be allright because I believe...”; e o encerramento do show, com “The Count of Tuscany”. Como ponto baixo, aponto “Voices”, não muito bem executada por James LaBrie, mas que manteve o pique durante toda a apresentação. Myung teve alguns problemas com o baixo, Rudess deu seu show em alguns solos com teclados diferentes, mas não deixou de errar – mesmo assim, ele estava ótimo, com a expressão que eu esperava vê-lo: transpirando um quê hipnotizador de “Yes”. Petrucci me comoveu em seu solo e encerrou lindamente com “The Count of Tuscany”, se emocionando de verdade. Ainda sinto-me anestesiada, saída de um sonho. É claro que o show não foi perfeito, mas em se tratando das lendas que estes homens já são e da possibilidade de suas carreiras estarem se aproximando do fim, tudo muda. Para encerrar, pude ver o palco de uma visão um pouco mais alta, enquanto eles cumpriam a cerimônia de despedida, faço um coração com as duas mãos e olhos para Petrucci, ele bate no peito. Eu não quero mais nada por hoje. Sabrina Ruggeri
_ilustra coletivo shn | www.shn.art.br | sp
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Qualquer coisa Estela Fonseca
LUCAS POCAMACHA DA SUPERGUIDIS FALA SOBRE... __BOM-MOCISMO| Essa é a
primeira coisa que eu escrevo desde o vestibular de 2005. Faço Engenharia Elétrica (já devia estar formado) e não preciso mais escrever e nem gostar de gente. Escrevo frases curtas. É assim que é na minha cabeça. Se isso te incomoda, desista aqui. O cara da NOIZE me mandou escrever qualquer coisa. Isso significa que eu vou botar pra fora a raiva contida de todos esses anos sem um blog/diário. Mas eu não sei escrever. Se tiver alguém a fim de me avacalhar ou apontar meus erros, lucas@superguidis.com.br. Mas não vale a pena. Minha carreira não tem futuro. Dois parágrafos de introdução e reclamação (devia ter só um pra isso), comecemos então a parte da reclamação pura. Gostaria de deixar clara minha
opinião sobre ser “bom-moço” e querer moças sérias aos 25 anos. Bom, isso acontece comigo desde os 17. Sempre dá errado. Pelo menos pra mim.A vez que mais deu certo acabou tragicamente. Piores são as vezes que não chegam nem a começar por falta de talento ou excesso de respeito que todo “bom-moço” (ou retardado ultra-tenso) tem sobrando. Essa série de rajadas semiamorosas me levam a uma conclusão: não é negócio ser “bommoço”. Sem dúvida os meus colegas de gênero já sabiam disso e me consideram um idiota por ter descoberto só agora. Mas nós, atraentes como escavadeiras, somos lentos pra essas coisas. A princípio seria uma grande notícia. O nerd abobado vai ser feliz como todo mundo. Mas não. Uma análise profunda mostra que a vontade de ser “bom-moço” sai da gente, mas a falta de talento e o excesso de respeito nos acompanham até o túmulo! Chegamos ao balanço: ENTRA: pressão interior pra conversar com meninas, remorso por não ter falado com nenhuma, excesso de álcool, rejeição inevitável e um indestrutível sentimento de derrota. (Fora não saber o que falar quando despido do medo.) SAI: a indescritível sensação de imaginar como as coisas seriam boas se ela estivesse ali contigo, o incremento de qualidade nos já ótimos discos do Sparklehorse quando se imagina estar ouvindo com ela, a reconfortante sensação de que não é culpa tua ainda não ter havido uma oportunidade pra exteriorizar os teus
sentimentos por ela (mesmo sabendo que isso nunca vai existir) e, acima de tudo, poder sentir isso por cada menina bonita que se vê na rua (de preferência do outro lado da rua, assim há uma boa desculpa pra não tentar nada). Os leitores da NOIZE são pessoas relativamente normais e nunca chegaram nessa encruzilhada. Espero ter te feito sentir melhor contigo expondo esse assunto.Agora dá pra usar isso pra fazer piadas e fazer caras como eu se sentirem ainda mais ridículos. Desculpa pelo conteúdo “Carrie Bradshaw” . O cara da NOIZE me mandou falar sobre o disco novo da minha banda. Essa baboseira explica bastante o disco. Pelo menos as minhas músicas. Por favor, não arremesse coisas em mim! Eu não escolhi nascer assim!