Revista NOIZE #33 - Maio de 2010

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DO UNDERGROUND AO MAINSTREAM

s %80%$)%.4% !./ -!)/@ ? DIREĂ‡ĂƒO: Kento Kojima Pablo Rocha Rafael Rocha COMERCIAL: Pablo Rocha pablo@noize.com.br Leandro Pinheiro leandro@noize.com.br DIREĂ‡ĂƒO DE ARTE: Rafael Rocha rafarocha@noize.com.br

REDAĂ‡ĂƒO: Bruno Felin bruno@noize.com.br Ana Laura Malmaceda ana@noize.com.br Gustavo Foster foster@noize.com.br Maria Joana Avellar joana@noize.com.br

MOVE THAT JUKEBOX: Alex Correa Neto Rodrigues www.movethatjukebox.com

REVISĂƒO: JoĂŁo Fedele de Azeredo Fernanda Grabauska

FORA DO EIXO: Ney Hugo Camila Cortielha Marco Nalesso Michele Parron www.foradoeixo.org

SCREAM & YELL: Marcelo Costa www.screamyell.com.br

DESIGN: Douglas Gomes doug@noize.com.br

ASSESSORIA DE COMUNICAĂ‡ĂƒO: Julie Teixeira julie@noize.com.br

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DISTRIBUIĂ‡ĂƒO: Marcos Schneider marcos@noize.com.br

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AGENDA: shows, festas e eventos agenda@noize.com.br

ANUNCIE NA NOIZE: comercial@noize.com.br

ASSESSORIA JURĂ?DICA: Zago & Martins Advogados PONTOS: Faculdades ColĂŠgios Cursinhos EstĂşdios Lojas de Instrumentos Lojas de CDs Lojas de Roupas Lojas Alternativas AgĂŞncias de Viagens Escolas de MĂşsica Escolas de Idiomas Bares e Casas de Show Shows, Festas e Feiras Festivais Independentes TIRAGEM: 30.000 exemplares CIRCULAĂ‡ĂƒO NACIONAL

s %$)4/2)!, \ 3!5$¸6%, 15%"2!#%)2! “O que as pessoas nĂŁo enxergam ĂŠ que nunca esteve tĂŁo legalâ€?. Ouvi essa fala de um importante produtor musical brasileiro, durante uma viagem a Belo Horizonte, bem documentada nesta edição. Ela se referia Ă s discussĂľes que tĂŞm se intensificado nos Ăşltimos 2 meses, os papĂŠis desempenhados por festivais, produtores e artistas no circuito independente, e a busca por uma ĂŠtica do showbiz indie, que, como era de se esperar, tem se mostrado complexa. Enquanto vocĂŞ escuta mp3 e planeja a que shows assistir no prĂłximo final de semana, hĂĄ um debate fervoroso paĂ­s afora, em que a dedicação ĂŠ inteira a aspectos menos evidentes da mĂşsica que todos amamos. Discute-se, por exemplo, se um artista independente que tem a chance de tocar para um pĂşblico seleto e numeroso, a 1000km de casa, deve receber la plata. E se vocĂŞ jĂĄ deu um passo a frente para xingar quem considere a possibilidade contrĂĄria, acalme-se. É um cenĂĄrio delicado: festivais custam caro, o dinheiro que se tem Ă disposição deve ser fracionado em centenas de pagamentos, hĂĄ as bandas grandes, os headliners, que precisam receber bem, nĂŁo apenas pela estrutura de que carecem, mas porque tĂŞm nomes maiores que o do prĂłprio festival, e sĂŁo eles quem atrai pĂşblico numeroso, quem faz o festival existir e valer a pena. “Pagamos para a banda o quanto ela valeâ€?, bradou aquele mesmo produtor. Ele quis dizer que se a banda leva pĂşblico, tem como receber. Indignação, curiosidade, opiniĂŁo—se vocĂŞ tem uma das trĂŞs, vĂĄ Ă internet, acesse o site dos parceiros www.screamyell.com.br, e procure o entrevistĂŁo com Romulo FrĂłes e a carta aberta de JoĂŁo Parahyba. Os comentĂĄrios tornaram-se uma dessas discussĂľes de mesa de bar, de onde sai muita bobagem, mas tambĂŠm as grandes ideias.

s !24% $% #!0!? ALEX HORNEST 'SR½VE RS WMXI noize.com.br YQE IRXVIZMWXE GSQ S EVXMWXE WSFVI WYE I\TSWMpnS ¹1SQIRXSW HI 0E^IV IQ YQE 4VMWnS 7IQ 1YVSW² alexhornest.com

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1. Alex Hornest_Pintor, escultor e artista multimídia alexhornest.com 2. Gaía Passarelli_ Jornalista, confunde-se com a própria história do rraurl.com, maior portal sobre cultura eletrônica do Brasil. 3. Felipe Motta aka MOTTILAA_ Apenas de ter passado 9/10 da sua vida dedicando-se à briga de rua, arrumou seu diploma de designer gråfico em 15 dias. petitpoisstudio.com.br 4.Victor Så_ Formado em comunicação social, trabalha como jornalista, roteirista e fotógrafo em diferentes mídias sociais. flickr.com/victor_sa 5. Fernando Schlaepfer_ Designer por formação, ilustrador por aptidão, D.J. por diversão e fotógrafo por paixão. 6. Marcelo Costa_ Marcelo Costa Ê editor do screamyell.com.br, trabalha na edição da capa do portal iG e escreve sobre cultura pop como conversa na mesa do bar. 7. Marco Chaparro_ flickr.com/marcochaparro 8. Ariel Martini_ ainda insiste em fazer fotos de show. flickr.com/arielmartini 9. Daniel Rosemberg_ Entusiasta musical, professor, escritor e mestre em Psicologia. Acompanha as vertentes do rock e folk desde os anos 90. myspace.com/moldaviamusic 10. Marcelo Damaso_ produtor do Festival Se Rasgum, em BelÊm. Como jornalista freelancer, colabora com diversos veículos e cuida do blog cartasuruguais.com.br. 11. Samir Machado_ designer, escritor e um dos editores da Não Editora. naoeditora.com.br 12. Eduardo Guspe_ membro fundador do Núcleo Urbanóide, ultimamente se dedica a produzir DONUTS. facebook.com/eduardo.guspe 13. Júlio Cavani_ repórter do Diario de Pernambuco, Ê um dos maiores frequentadores de shows do Recife e vai ao Abril Pro Rock hå 16 anos. 14. Felipe Neves_ Fotógrafo e baterista. Ultimamente se viciou em fotografia analógica. Seus trabalhos: flickr.com/felipeneves 15. Livio Vilela_ Mezzo jornalista, mezzo funcionårio de gravadora, Livio Vilela comanda o www.bloodypop.com, onde exerce aquilo que faz por inteiro: gostar de música desesperadamente. 16. FêCris Vasconcellos_ Repórter do Kzuka residente em São Paulo cujo maior interesse Ê composto de alguns riffs, três estrofes e um refrão. 17. Gabriel Resende_ Ainda serå psicólogo. Só escreve nesta revista porque Ê flatmate do editor. 18. Neto Rodrigues_ Morador de Minas hå incontåveis anos, quase foi um engenheiro. Hoje ronda a publicidade e torce pela volta do Oasis. 19. Alex Correa_ Carioca, mas gosta mesmo Ê de São Paulo e acredita na genialidade do Kasabian atÊ o fim. 20. Lucca Rossi_ Ê um recÊm-formado jornalista que implica com tendências e não entende porque uns são hype e outros, cool. twitter.com/lucca_rossi 21. Lidy Araujo_ Jornalista, baixista frustrada e louca por Ramones e Red Hot Chili Peppers. Seu site Ê lidyaraujo.com.br. 22. Leonardo Bomfim_ Jornalista e diretor de cinema, edita o freakiumemeio.wordpress.com. Mario Arruda_ Gosta do Hunter Thompson, faz umas fotos, escreve nuns blogs, gosta de festa, acha o Velvet Underground & Nico o melhor disco da história. Quer ser jornalista por isso. Ricardo Romanoff_ Jornalista em trânsito pela Europa.


Os anúncios e os textos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem necessariamente a opinião da revista.. Revista NOIZE - Alguns Diretos Reservados

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**Foto:Thais Ueda

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_foto: RAFAEL ROCHA

_AGRADICMETOS: MARIA CULTURA E ZUPI

life is music


NOME_ Rafael Grampá PROFISSÃO_ Quadrinista UM DISCO_ Queens of The Stone Age | Songs For The Deaf

“Música para mim é o refresco da alma. Acho que o papel dela como expressão artística é aproximar culturas.Trabalho escutando música o tempo inteiro. O ritmo do meu trabalho é influenciado pela música que toca.


LEIA ISTO

“Talvez nós sejamos burros e não nos demos conta que você não pode fazer música que soe como uma cena de perseguição de um episódio de Scooby Doo e ter pessoas o levando a sério.” Ben Goldwasser| MGMT

“A MAIORIA DAS BANDAS DE PUNK ROCK DE HOJE NÃO SÃO BANDAS PUNK: SÃO BANDAS GLAM SEM A MERDA DO CABELO. O PUNK ROCK SE TORNOU TUDO AQUILO A QUE SE OPUNHA.” Erik Ghint | NOFX

“O Aerosmith me odiava de verdade porque os fiz gravar “I Don’t Want To Miss A Thing”. Eles nunca falaram comigo depois daquilo..”

Rob Combes | Supergrass

John Kalodner | ex-empresário de Steve Tyler e cia.

“Às vezes só me dou conta que já tocamos em um lugar em particular quando reconheço o banheiro.”

“SEI IDENTIFICAR O QUE É UM BOM ROCK ‘N’ ROLL, ESCUTO DESDE MEUS 12 ANOS, ENTÃO, VAI SE FODER. E TEM TODAS ESSAS MERDAS QUE AS REVISTAS GOSTAM QUE NÃO É EMPOLGANTE. COMO O RADIOHEAD E COLDPLAY. SÃO SUB-EMOS, SABE?” Lemmy | Motörhead

“A MINHA VIDA SÓ NÃO É UM LIVRO ABERTO POR CAUSA DE UMAS PÁGINAS QUE VIVEM GRUDADAS.” Serguei


_Supergrass, Serguei, NOFX, Chico Buarque, Lucas Silveira, miranda

SOM, OUTROS TIMBRES, OUTRAS INFLUÊNCIAS E AS PESSOAS MEIO QUE NÃO ENTENDEM DE ONDE VEIO AQUILO TUDO. MAS SE TU PEDIR PRO PICASSO PINTAR UM QUADRO IMPRESSIONISTA, TENHO CERTEZA QUE ELE CONSEGUE.” Lucas Silveira | Fresno e Beeshop, este último é tema de entrevista nesta edição.

“E quando tu pensa que tá tudo perdido, vem a Maria Gadú.” Miranda | Produtor e mito

“Conheço muitos católicos que fazem despacho. E fica essa coisa que me incomoda um pouquinho, de ‘vai com Deus’, ‘fica com Deus’. Escuta, eu não posso ir com o diabo que me carregue? Tem até um samba que fala algo como “é Deus pra lá, Deus pra cá, Deus já está de saco cheio.” Chico Buarque

Aaron Hemphill | Liars

JUNTO À FRESNO. AÍ EU LANÇO UM DISCO COM OUTRO

“Nosso disco mostra um lado diferente de Los Angeles. Não lembro exatamente, mas de todos os filmes gravados lá, acho que 2% da cidade foram usados 80% das vezes.”

EU SEI FAZER ESTÁ DEPOSITADO NO MEU TRABALHO

“Prefiro alguém que seja mais original e não me copie.”

SE IMPRESSIONAM PORQUE ACHAM QUE TUDO QUE

Grace Jones | sobre Lady Gaga.

“EU NÃO FIZ [O DISCO] PRA SER ORIGINAL. AS PESSOAS

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MACACADA REUNIDA E REGISTRADA 1:50 da madrugada, estúdio de 9m2 em Belo Horizonte. Somar 10 músicos, 3 cinegrafistas e 1 produtor é fácil, mas colocar 14 pessoas dentro de um quartinho dessas dimensões é complicado. Mesmo assim, a música deliciosamente escorre pelas frestas até a sala de controle. De lá, à visão de Vitor Araújo inspirado soma-se a concentração de Siba, a percussão eloquente de Jack (Porcas Borboletas), os metais bem resolvidos do Móveis Coloniais de Acaju. Tudo traz a certeza de que a Macaco Bong gravará seu primeiro DVD em boa companhia. Segundo momento: Grande Teatro do Palácio das Artes, um dos palcos da edição belo-horizontina do Conexão Vivo. Priscila Brasil, responsável pelo registro, apreensiva, resume: “Me perguntam ‘quem é diretor?’, sou eu!, ‘quem é diretor de fotografia?’, sou eu!, ‘quem é isso?’, sou eu! ‘quem é aquilo?’, também sou eu!”. Milhares de pessoas esperam sentadas pelo espetáculo ensaiado pela última vez na madrugada anterior, o som instrumental múltiplo do trio de Cuiabá modificado, incrementado, redimensionado pela presença das influências pernambucanas da rabeca dos Siba (exMestre Ambrósio) e Vitor. Com os metais do Móveis, fez mais sentido do que com a performance eventualmente exagerada de Jack. Em um teatro daquele tamanho, às vezes faltava pressão para que as composições do trio, dissolvidas no dobro de instrumentos para que foram compostas, chegassem com a devida força aos ouvidos do público. O áudio bem mixado e as imagens de uma reunião tão bonita, no entanto, podem fazer desse DVD uma surpresa das boas.


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_ouca agora ´

Cabruêra - Visagem Crazy Heart - Trilha Sonora do Filme Talking Heads - More Songs About Buildings and Food José González - In Our Nature Letieres Leite & Orkestra Rumpilezz - S.T.

após a primeira edição, o festival mais importante da história pode ter sua versão brasileira este ano. Apesar de não estarem confirmadas pela produtora, as especulações sobre que bandas irão tocar começam a pipocar em todo lugar. Pavement e Green Day são as mais próximas do real, pois falaram sobre turnê por aqui no mesmo período. A lista das possíveis bandas é de chorar: Foo Figthers, Linkin Park, Bob Dylan, Smashing Pumpkins, Rage Against The Machine, Pearl Jam e Limp Bizkit. O evento irá ocorrer provavelmente nos dias 7, 8 e 9 de outubro, em uma fazenda próxima a Itu, no interior de São Paulo. Será o primeiro festival em território nacional com os padrões de fora, acampamentos e grandes estruturas. Fique ligado no site da NOIZE para os próximos capítulos.

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__UDESTOQUE | Sim, Woodstock no Brasil. 41 anos

__BEATLES | Há cerca de 40 anos, brigas, inveja e uma artista plástica japonesa acabavam com os Beatles. Em 2010, LSD e o Vaticano fazem o fab four voltar aos noticiários. O L’Osservatore Romano, veículo oficial da imprensa do Vaticano, resolveu perdoar John Lennon por ter dito que sua banda era “mais popular que Jesus Cristo”. Ringo Starr não ficou satisfeito e disse que “o Vaticano deve ter mais a falar sobre isso”. Enquanto isso, em Weymouth, no jardim da casa onde viveu Lennon, pedreiros acharam maletas enterradas com garrafas. Conta a lenda que Lennon enterrou as garrafas com LSD quando decidiu parar de consumir a droga. Depois de algum tempo, ele teria cavado todo o jardim em busca da arca perdida.

direto ao ponto De passagem por Belo Horizonte, entrevistamos o paulista Romulo Fróes. O papo com o compositor paulista você confere em tiny.cc/romulofroes

Os gaúchos da Volantes sentaram com a gente e falaram aos montes. A entrevista está dividida em três partes, acessíveis pelo tiny.cc/volantes

Em entrevista ping-pong, Andreas Kisser, do Sepultura, diz que seria groupie de Beyoncée e que curte Lilly Allen. tiny.cc/andreaskisser

Depois da misteriosa contagem regressiva, o site do Killers revelou: Bandon Flowers, vocalista da banda, vai gravar álbum solo. tiny.cc/brandonkillers


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NEWS

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__PHOENIX + COPPOLA | Parece que não somos só nós que nos apaixonamos pelo último disco da Phoenix. Em entrevista à MTV, a banda francesa declarou que fará a trilha sonora para Somewhere, novo filme da diretora Sofia Coppola, consagrada por filmes como As Virgens Suicidas, Maria Antonieta e Encontros e Desencontros. O vocalista da banda,Thomas Mars, é namorado da diretora, que diz ter se encantado pela música “Love Like a Sunset”, do já clássico Wolfgang Amadeus Phoenix. Segundo os integrantes do grupo, a trilha vai manter o minimalismo da música. O filme contará com Stephen Dorff, Elle Fanning (irmã de Dakota Fanning), Benício Del Toro e Robert Schwartzman (da banda Rooney) no elenco.

__. . .LOST BAND SEARCH | A marca californiana .. .LOST promove até o fim de julho o concurso Lost Band Search.A proposta é encontrar e ajudar as novas bandas intependentes e de garagem a mostrar sua cara e identidade. O vence-

__CONEXÃO VIVO | O review ao fim desta edição é apenas uma amostra do que rola no Conexão Vivo, festival pioneiro que, já em 2001, se preocupava com a sustentabilidade do mercado musical tão em pauta nos últimos anos. No Brasil, hoje, as discussões estão voltadas para essa questão. O Conexão propõe a busca de uma rede consolidada de produção musical. Neste ano, o festival terá um itinerário extenso: começou com a edição em Belo Horizonte; em abril, passa por Juiz de Fora, Ouro Preto e Uberaba, em Minas; parte para Bahia e, depois, fecha o semestre no Pará. Em noize.com.br, um material de primeira vai ao ar durante o mês de maio, com entrevistas e coberturas que fizemos em BH a convite da organização.

dor terá a chance de abrir o show de uma grande atração internacional, além de ganhar vários prêmios, como horas de estúdio, equipamentos e, claro, roupas da ...LOST. Mas não para por aí.A ...LOST também vai atuar como manager da banda e a colo-

cando na estrada, agendando shows ao longo do ano, em festivais independentes. Se você tem banda, fique ligado.



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lado a LADO B SITIOS

Devendra Banhart | Foolin’ _Um relacionamento tão duradouro quanto bizarro em “Foolin‘”, dirigido por Isaiah Seret. Correntes, sadomasoquismo e máscaras envolvem uma certa crítica do clipe à vida em casal.

_mflow.com O tal “twitter da música” baseia-se em indicações de músicas de um usuário para outro, recompensando aqueles cujas recomendações resultarem em compras de faixas.

Tags: devendra foolin

LCD Soundsystem | Drunk Girls

_indiefolks.com Os argentinos, que não são bobos, criaram um site que filma sessões de música acústica por Buenos Aires, semelhantes àquelas do La Blogotheque. Hélio Flanders, do Vanguart, teve a sua.

_ Hiláro. James Murphy é aterrorizado por uma galera vestida de panda, toma uma surra e é vestido de menina. A música é tão boa quanto a parceria, já que o clipe foi co-dirigido por Spike Jonze e Murphy.

_votenaweb.com.br Vota Na Web é um dos sites mais funcionais para a política no Brasil.Você pode conhecer de maneira objetiva e votar nos projetos de leis, esclarecidos pela organização no site.

Tags: lcd soundsystem drunk girls

posts tiny.cc/papacrime O ateísta Richard Dawkins diz que vai prender o Papa Bento XVI por crimes contra a humanidade. E ele fala sério. Quase um caso para um livro de Dan Brown.

Black Keys | Next Girl e Tighten Up _“Esta é uma tentativa da gravadora de chamar atenção para a banda”, avisa o clipe de “Next Girl”, segundo vídeo que o Black Keys lança protagonizado por um dinossauro bonitinho e malandro.Vale a pena ver o primeiro, “Tighten Up”. Tags: black keys next girl

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o que voce viu e nao viu neste mes_

Arquivo Jorge Ben

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_Assistindo a Jorge Ben tocando clássicos como “Zazueira”, “Fio Maravilha”, “Mas Que Nada”, e falando sobre sua música no início da década de 1970, é impossível não se perguntar o que mais estará guardado nos tais arquivos Trama/Radiola. Tags: jorge ben arquivo

Rock Gaúcho _Um registro definitivo sobre aquilo que se convencionou chamar de rock gaúcho. Exibido pela RBS TV em 1986, mostra bandas como De Falla, Graforréia Xilarmônica e TNT inseridas em um contexto nacional.

FLEI | DJ Chernobyl Na letra, o casal DJ Chernobyl e Carol Teixeira, e Daniel Peixoto, da Montage garantem que DJs do mundo inteiro já aderiram ao “flei”. Resta saber o que isso significa. Avoa Besouro | Emicida Emicida volta num batidão meio manguebit produzido pelo mesmo Felipe Vassao de “Triunfo”. Evolução na rua. Born Free | M.I.A. A cantora lançou uma espécie de hino rebel-punk. É provável que a nova faixa entre no novo disco, ainda sem nome, que sairá no dia 29 de junho.

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Tags: doc rock gaucho

O céu sobre as cabeças | Supercordas Representando não-oficialmente o Elephant 6 no Brasil, eis um belo exemplo de como fazer psicodelia sem recorrer a referências óbvias.

Voce nunca ouviu

Léo Jaime | Solange _Saca “So Lonely”, clássico do The Police? Claro, né? Saca “Solange”, versão que o grande Léo Jaime fez para a música de Sting e cia.? Se não conhece, tá perdendo. O clipe original, dublado por Jaime, é uma pérola antiga do YouTube. Tags: leo jaime solange

http://fuckyeahbeatles.tumblr.com/ Imagens raras, gifs, frases, coisas que ajudam beatlemaníacos a sobreviver e continuar o vício.

Você nunca imaginaria que teria seu pedido de “Toca Raul!” atendido em Dublin por um irlandês que fala português (Asteroide Filmes). QUER OUVIR? NOIZE.COM.BR/nuncaouviu

TUMBLIN’

follow up

http://lesbianswholooklikejustinbieber. tumblr.com/ Fotos de meninas supostamente lésbicas que parecem o fenômeno pop Justin Bieber. Absolutamente hilário.

@mamadiaspora - Tweets sobre festas–ciganas ou não–do vocalista do Gogol Bordello.Tudo em caps lock, com um inglês bem ucraniano.


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bandas que voce nao conhece mas deveria conhecer_ (MZYPKEpnS

RAIN MACHINE Origem:

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myspace.com/rainmachinemusic

HARLEM Origem:

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myspace.com/harlemduh

SAVAVE Origem:

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myspace.com/savave

BURRO MORTO Quando escrevemos sobre a encarnação da psicodelia no pop dos últimos anos, na NOIZE #26, tivemos que deixar a Burro Morto de fora. Música instrumental e indie pop são gêneros distantes, ainda que um show do quarteto paraibano divirta mais que muito indie e muito pop por aí. Depois de se deliciar com as linhas melódicas revigorantes que saem das teclas sintéticas e da guitarra frequentemente aditivada por reverbs e wahwahs, e com a cozinha que, ao vivo, é complementada por um percussionista, fica a pergunta: de onde vem a inspiração de Haley (korg, órgão), Leonardo Marinho (guitarra), Daniel Ennes (baixo) e Ruy José (bateria) para seus números musicais em clima de jam session? Será herança óbvia do af-

robeat de Felá Kuti e Buldos Band, ou quem sabe de Novos Baianos—todas referências para os caras? Muito dos três e muito mais. Com a propriedade que os nordestinos têm ao unir referências regionais e mundo exterior, a BM faz música universal, com vocação latina, paraibana, africana, e um resultado dançante. Se Varadouro, segundo EP do quarteto, lançado em 2009, surpreende, saiba que pérolas como “Navalha Cega” e “Indica” são frutos de jams inspiradas de domingo. O primeiro álbum, que ganha as ruas em breve, deve mostrar a coesão que falta (sem fazer falta). “Se chamará Batista virou máquina e parte de um conceito, conta uma história”, explicou Ennes. Escute: myspace.com/burromorto



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SURFER BLOOD Origem:

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myspace.com/surferblood

DARWIN DEEZ Origem:

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myspace.com/darwindeez

DJ NUTS Origem:

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myspace.com/djnuts

THE MORNING BENDERS Donos de um dos álbuns mais legais do (tão amplo) indie pop em 2010, o the morning benders aposta em melodias pegajosas que percorrem uma deliciosa viagem retrô. Com vocais que evocam o pop de The Spinto Band e Phoenix, a banda é, na verdade, liderada por um grande fã de Beatles, Bob Dylan, Beach Boys e Neil Young. E o pop composto por Christopher Chu é francamente calcado nas características que fundam o formato. O grande álbum Big Echo é o segundo disco do grupo, sequência para o menos nostálgico, mais coraçãopartido Talking Through Tin Cans, de 2008. Gravado em São Francisco e mixado no Brooklyn, para onde a banda mudou-se recentemente, Big

Echo tem muito dos dois mundos: o pacifismo de camadas reverberadas e vocais sobrepostos, e a influência negra, que aparece em bandas como o TV On The Radio, e na balada do benders “Promises”, que teve um belo clipe lançado recentemente. Trata-se de uma mistura conhecida, agora que o distrito nova-iorquino tem protagonizado o enésimo resgate da psicodelia da Costa Oeste— resgate que tem à frente o Grizzly Bear, do baixista Chris Taylor, produtor de Big Echo. Se por vezes o som do benders parece dever muito ao da banda de Taylor, considere-se uma feliz coincidência, principalmente porque ambas as bandas salvam sua música do mero pastiche. Escute: myspace.com/themorningbenders


Comprar instrumentos musicais pela internet ficou tão fácil e prático quanto comprar qualquer outro produto das grandes lojas da internet.

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BEESHOP

Beeshop não é uma novidade. Em 2007, um videoclipe criativo já dava indícios de que o projeto solo de Lucas Silveira poderia ganhar ao menos uma parcela da visibilidade massiva que a Fresno já obtinha na época. The Rise And Fall of Beeshop (2010) é a concretização dessa impressão, e o marco de uma nova: a de um compositor muito maior que o estereótipo a que foi associado.

“MÚSICA É UM MONTE DE TRUQUES QUE SUSCITAM IDEIAS NA CABEÇA DAS PESSOAS. EM CADA UMA DAS MINHAS MÚSICAS, EU USO VÁRIOS DESSES ARTIFÍCIOS QUE UM DIA ESCUTEI.”

Beeshop é essencialmente pop. É o tipo de música com que você mais se identifica? Acho que tudo que eu escrevo e produzo acaba acontecendo através de um viés pop. A gente sempre tem aquela ambição de fazer algo muito doido, mas ela acaba se enfraquecendo ao lado da vontade de fazer algo universalmente bonito e agradável. Com o Beeshop é assim, eu quis, deliberadamente, fazer músicas que agradassem as pessoas, antes de qualquer coisa. Fiz músicas que um cara de 60 anos pode gostar. Como rolou a gravação do disco? Se deu em um tiro só? Aconteceu nos meus day offs entre novembro e dezembro. Foram exatamente12 dias. A mixagem levou outros 3 ou 4 dias. Eu decidia o que fazer a caminho da gravação. Chegava lá e gravava loucamente, sem uma ordem muito definida. Muitas coisas podem se perder de um dia pro outro, quando a gente vai deixando as coisas pra depois. Então eu ia construindo cada música como uma casa. E não o disco inteiro, tipo primeiro os alicerces, depois ir erguendo todas as músicas aos poucos. Funciono melhor assim. Cantar em inglês influencia também a maneira como você coloca a voz? Lido com o Beeshop como se ele fosse um alter-ego fanfarrão, que não tem limites dentro de música. Eu tive menos vergonha, assumo. Mas é porque as músicas pediam que eu cantasse dessas diferentes formas.

A cada dia, cada nova experiência de gravação, a gente vai aprendendo novos usos para a voz, empostações diferentes etc. Nesse disco eu usei muitos recursos que não uso na Fresno, e outros recursos que eu fui descobrir mesmo na hora de gravar. As canções passeiam por gêneros distintos, isso tem relação com o tema de que trata cada uma? Totalmente. Quis levar o ouvinte por uma viagem dentro das minhas influências. Então no disco tem ressonâncias de Oingo Boingo, Smiths, Frank Sinatra, Weezer, Dashboard Confessional, Garth Brooks, Queen e Beatles. É bizarro, mas tá tudo ali. As referências ao pop internacional às vezes são tão fortes que a gente se pergunta se você compõe pensando em alguma banda específica… Eu faço, sim. Pouca gente assume, mas isso é uma coisa normal. Tudo que a gente ouve e gosta acaba virando repertório musical na cabeça. A música nada mais é do que um monte de truques que suscitam ideias na cabeça das pessoas. Então em cada uma das minhas músicas, eu uso vários desses artifícios que um dia eu escutei, gerando uma coisa nova. Por exemplo, “Lovers Are In Trouble” tem uma melodia à la “My Melancholy Blues”, do Queen, mas tem uma guitarra à la Little Joy, com o instrumental de uma balada do Frank Sinatra, ou do Roberto. É uma música nova. (Confira a íntegra do papo em noize.com.br)



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move that jukebox BLOGS

__NO PRĂ“XIMO EU VOU. JURO. | Acompanhar por sites e Twitter festivais como o Coachella e o South By Southwest ĂŠ sempre uma tortura sem tamanho: a cada segundo, surgem updates sobre aqueles shows imperdĂ­veis e nĂŁo resta escolha a nĂŁo ser se conformar e fazer promessa de que, no ano seguinte, vocĂŞ nĂŁo perde por nada nesse mundo o calor insuportĂĄvel (de acordo com quem jĂĄ esteve lĂĄ) do deserto de Indio. Eu fiz essa promessa e vocĂŞ, provavelmente, tambĂŠm. Caso tenha optado pelo ceticismo, parabĂŠns.VocĂŞ sofrerĂĄ menos do que eu quando 2011 chegar e eu me ver novamente em frente ao computador, amaldiçoando cada alma viva presente nas tendas onde Yorkes, Casablancas e Grohls agitam multidĂľes. Mas claro, hĂĄ sempre a chance do meu salĂĄrio quadruplicar. Se isso acontecer, tuĂ­to de lĂĄ contando tudo, fechado?

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__WELLER E O FIM DO OASIS | Muitos fãs se desesperaram quando, em agosto de 2009, Liam e Noel Gallagher anunciaram o fim do Oasis. Jå Paul Weller, ex-líder do The Jam, em recente entrevista à rådio XFM, disse que o tÊrmino da banda foi benÊfico para todas as partes. De acordo com Paul, um peso foi tirado dos ombros de ambos e agora cada um pode seguir seu caminho. E, enquanto novidades dos irmãos não chegam, os fãs poderão matar a saudade com Time Flies...1994-2009, coletânea que sairå em junho em comemoração aos 15 anos do Oasis.

__DIA DOS PARALELOS | Ainda no assunto “Coachellaâ€?: durante o domingo que fechou o evento, subiram ao palco cantores famosos por suas bandas principais, mas que resolveram tentar novos ares em projetos paralelos.Teve Damon Albarn, que chamou atĂŠ ex-membros do The Clash para a apresentação do Gorillaz;Thom Yorke e seu estrelado Atoms For Peace; e Julian Casablancas, que chegou atĂŠ a tocar mĂşsicas do The Strokes. De acordo com relatos, “Hard To Explainâ€? foi o auge de seu show. Nada difĂ­cil de ser explicado, com o perdĂŁo do trocadilho. %RXIW HE KVEZEpnS HS HMWGS ES ZMZS IQ QEVpS S &PEGO (VE[MRK 'LEPOW JI^ EPKYRW IRWEMSW HI Q WMGEW MRqHMXEW ) YQ HSW VIKMWXVSW JSM TEVEV RS =SYXYFI FMX P] EZTX8R



RRAURL

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__Mais uma de festival, esse de gente grande. O Melt! fica num local chamado Ferrópolis, a duas horas de Berlim e tem um lineup assustador: Carl Craig, Jamaica, Jamie Lidell, Pantha du Prince, Ellen Allien, Holy Ghost!, Shout Out Louds e (muito) mais. Procure no site oficial: meltfestival.com

__Se voce já conhece, pode parar de ler essa nota. Se não, vá agora: deepbeep.com.br, um site brasileiro só com sets de bons DJs, gravados especialmente para o site. São várias seções (dblive, por exemplo, pega os sets gravados ao vivo) e atualização semanal, em streaming ou Mp3.

__O rraurl.com indicou para o Novos Nomes MTV 2010 dez nomes da eletrônica nacional – uns novos, outros nem tanto, mas todos merecedores da sua atenção. São eles: Dada Attack,VCO Rox, Kenzo Tominaga, Roots Rock Revolution, Rotciv, Os Ritmos Digitais, Felguk, Anhanguera, 2Horsemen e Bruno Belluomini.

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__Verdade seja dita, o Golden Filter não é nenhuma novidade – até já veio para o Brasil em 2008. Mas há dois motivos para indicar essa dupla baseada em Nova Iorque. Em primeiro lugar, sai em maio (oficialmente, já vazou faz tempo) Völuspà, álbum de estreia, que traz o hit (quase isso, na verdade) “Solid Gold”. O Golden Filter surgiu em 2008 com ares de mistério. O som dançante e etéreo, espécie de disco music super climática carregada por sintetizadores e batidas sintéticas, conquistou a crítica na hora, mas faltava um trabalho em esquema cartão-devisitas – papel que poder ser de Völuspà. O Golden Filter faz música fácil de gostar, com momentos de hipnose e a sempre sussurrada e doce voz de Penelope Trappes. Seu parceiro, o tecladista Stephen Hindman, é o responsável pela programação dos sintetizadores analógicos que dão o clima retrô-melancólico do disco. O segundo motivo é o remix dos suecos Peter, Bjorn & John para a adorável “Hide Me” (um dos destaques de Völuspà) que você pode ouvir no hypem. Völuspà está disponível em streaming no site do Golden Filter: thegoldenfilter.com

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BLOGS

__Não dá pra saber quanto tempo dura o caos aéreo europeu. Mas ele já afeta o meio musical: não puderam voar para o Coachella DJs do porte de Erick Morillo e Dave Seaman. Vale dizer que última grande erupção vulcânica na Islândia foi em 1783 e durou bons 18 meses.


A LOJA DO SEU ARTISTA FAVORITO

WWW.7POLEGADAS.COM


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SCREAM & YELL

SCREAM & YELL

BLOGS

__Noite quente em 1960. Johnny Alf ao piano, um bando de ricaços falando no meio das músicas, e um Vinicius de Moraes, já calibrado no uísque, não perdoou: “Johnny, volta pro Rio. São Paulo é o túmulo do samba”. A frase anedótica ganhou contornos de verdade, e o samba – ao menos naquela noite – foi enterrado em um bar da rua da Consolação, no centro da capital paulista. Corte para 2010. Se Vinicius estivesse vivo e sambando, teria a oportunidade de refazer a frase: “São Paulo é o berço do renascimento do samba”. Cinqüenta anos se passaram, e o samba fez as pazes com a cidade que um dia amou Adoniran Barbosa e Paulo Vanzolini. Uma nova geração de não sambistas reverencia os mestres, e usa o samba como ponto de partida para suas invenções. Gente como Romulo Fróes (No Chão Sem o Chão, 2009), Kiko Dinucci (Pastiche Nagô, 2008), Mariana Aydar (Peixes, Pássaros, Pessoas, 2009), Bruno Morais (A Vontade Superstar, 2009), Rodrigo Campos (São Mateus não é um lugar assim tão longe, 2009),

Curumin (Japan Pop Show, 2008) e Numismata (Chorume, 2009), entre muitos outros, está ai para mostrar que samba está renascendo sob o asfalto. Não é o samba tradicional, violão e caixinha de fósforos, mas um samba torto que inclui batidas eletrônicas, guitarras, namora o rock, sai para dançar pelo salão de mãos dadas com o rap, com o pagode, com o jazz, e impressiona pela versatilidade e inteligência. E deixa de ser samba? Não. Quem se atreve a me dizer do que é feito o samba? A frase da canção dos Los Hermanos é perfeita. Aliás, o quarteto carioca – via Bloco do Eu Sozinho, um dos discos obrigatórios do repertório nacional recente – é o principal responsável pela recuperação da música brasileira nos anos 00. Eles chutaram a porta, e um mundo novo se abriu. Os sete discos listados acima são apenas o começo. Divirta-se.



FORA do eixo

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BLOGS (MZYPKEpnS

__2010 prece ser realmente o ano da banda Mini Box Lunar alçar vôos maiores. Depois de chamar atenção de vários veículos da mídia especializada e de grandes festivais nos dois primeiros anos de banda, só nos quatro primeiros meses os macapenses já rodaram o Nordeste em turnê patrocinada, se apresentaram ao lado de Jards Macalé e começam a pré-produção do disco sob as asas do aclamado produtor Carlos Eduardo Miranda. Composta por Heluana Quintas e Jenifer “JJ” Nunes (vocais), Otto Ramos (órgão, synth, theremin) Alexandre Avelar (guitarras), Ppeu Ramos (bateria) e Sady Pimenta (violão folk e contrabaixo), o Mini Box Lunar traz os sons da Amazônia numa roupagem colorida e amigável para um público de 8 a 80 anos. Acesse myspace.com/miniboxlunar .

(MZYPKEpnS

__Nos dias 15 e 16 de maio acontece em São Paulo a Virada Cultural, evento que desde 2005 ocupa o centro da capital paulista com 24 horas de intensa programação cultural. Compondo a grade, 15 bandas foram escolhidas a dedo pela Abrafin, para representar o melhor da música independente atual. As bandas se apresentam em palco na Avenida Casper Líbero, de 18h do sábado até 18h do domingo, e são: Música do Mato (MT), Caldo de Piaba (AC), Black Drawing Chalks (GO), Camarones Orquestra Guitarrística (RN), Galinha Preta (DF), Plastique Noir (CE), Baba de Mumm-Rá (TO),Vendo 147 (BA), Hey Hey Hey (RO), 4Instrumental (MG), Aeromoças e Tenistas Russas (SP), Nervoso e Os Calmantes (RJ), Terra Celta (PR), Rinoceronte (RS) e Cabruêra (PB).

direto ao ponto Cair na estrada para tocar um show após o outro é ao mesmo tempo um sonho e um desafio para todos os artistas, acompanhe o dia-a-dia das bandas que atravessam o Brasil em turnês colaborativas no tour.foradoeixo.org.br

O Bananada chega à sua 12ª edição em 2010 ocupando 5 espaços da capital de Goiás em 5 dias de programação. Dentre as 47 bandas que se apresentam, a maioria é de Goiânia, acompanhe myspace.com/bananada

Tudo o que o Circuito Fora do Eixo faz é tecnologia aberta, assim qualquer um pode acessar e se beneficiar deste projeto de inteligência coletiva. Está tudo em tec.foradoeixo.org.br

Uma das novidades mais bacanas do rock nacional é um trio de Umuarama, Paraná. O Nevilton concorre este mês a um videoclipe e a uma semana em destaque na home do Youtube. Vote em levismusic.com.br



_texto FERNANDO CORREA


PITCHFORK //035

Os custos são claros. Começam em ser um adolescente em Minneapolis, um geek antes da revolução. E em enxergar na estranhíssima e inóspita internet dos anos 1990 uma oportunidade de ganhar a vida. Não que esta fosse uma certeza de Ryan Schreiber quando ligava para selos independentes e pedia discos para resenhar, tampouco naquele tempo em que faltava espaço nos vários pequenos escritórios que seu site, o Pitchfork Media, ocupou em Chicago, antes da glória. “Você não tinha como ir para trás com a cadeira sem esbarrar em alguém”, conta. Hoje, mais que nunca, o Pitchfork u ]U OQOIV\M LI UyLQI M[XMKQITQbILI¸]U \ZQLMV\M IÅILW KWU Y]MU ]U M[JIZZrW XWLM ser irreversível.

Os últimos anos viram crescer ainda mais o impacto de qualquer linha de texto ou qualquer nota atribuída pelo Pitchfork a um disco ou música. Não importa se o artista em questão é um pequeno filho da democratização digital, desses que o site de Schreiber ajuda e revelar (ou enterrar), ou se é um dos grandes—grandeza que alguns pontos decimais a mais ou a menos nos excêntricos escores são capazes de relativizar. “Você não entra nessa esperando ser a pessoa mais popular no mundo”, bem sabe e afirma ele. Mas sabe também que “não dá pra escrever de forma interessante sobre música se você não for consumido por ela”. Foi com esse espírito que deixou boa parte de sua equipe em Chicago e foi para Nova Iorque, onde há três anos ajuda a tocar a Pitchfork.TV+1. De um arranha-céu em Manhatan, de um daqueles prédios antigos do Brooklyn, do alto do site de música mais temido e seguido da internet—sabe-se lá onde

ele estava—, Ryan falou para a gente sobre o Pitchfork, sobre ele mesmo e sobre a música, as três coisas mais importantes em sua vida. O Pavement é headliner no Pitchfork Music Festival+2 deste ano. Quais as suas expectativas? Estou bastante empolgado. Eu era obcecado por eles [Pavement]. Foram uma das primeiras bandas a me introduzir à cultura da música alternativa e independente, então descobrir aquilo naquele tempo, quando era fresh e novíssimo, foi uma época muito empolgante. Minhas expectativas estão bem altas, sinto que esse é praticamente o melhor line up que já tivemos+3, com todos artistas que queríamos nos anos anteriores mas que não conseguíamos por um motivo ou outro. E ao mesmo tempo, já faz cinco anos que fazemos o festival no Union Park. Dedos cruzados, mas esperamos que saia tudo numa boa.

[+1] pitchfork.com/tv/ [+2] Festival que, desde 2006, é organizado por Ryan e cia. em Chicago. pitchforkmusicfestival.com [+3] Outras atrações são LCD Soundsystem, Modest Mouse, Major Lazer, Girls, Here We Go Magic, Why?, Liars e Broken Social Scene.




038\\ noize.com.br

Como um garoto no começo dos anos 90, aonde você buscava informações sobre música? A música alternativa era uma subcultura. Agora a música independente se tornou uma entidade mainstream da mesma maneira que filmes independentes o fizeram—não é a cultura pop dominante, que ainda é o pop, o hip hop e outras coisas, mas também não é a subcultura que era antes. Quando comecei a me interessar nisso, as maiores bandas indie, como Pavement,Yo La Tengo ou Built to Spill, vendiam algo como 30 ou 50 mil cópias—o que hoje, é claro, soa astronômico, mas na época isso era todo mundo que conhecia as bandas, já que a única maneira de conhecer uma banda era comprar ou pegar emprestado e copiar. Quando se queria descobrir coisas novas você lia zines e se envolvia na cena local, na cultura local e com outras pessoas que se interessavam no mesmo tipo de música que você; muito disso era no boca a boca. Boa parte também consistia em ler a Magnet, que acho que ainda existe, e também havia uns outros zines—Your Flesh era um deles. Mas você tinha que ser interessado, e tinha que procurar. Era algo para um grupo um tanto quanto seleto de pessoas.

[+4] Um dos papos mais clássicos é o da importância do Pitchfork na escalada do Arcade Fire, da banda independente pouco conhecida ao mito que se tornou na metade da década passada, quando seu álbum Funeral (2004) recebeu um estonteante 9,7 na avaliação do site.

Você acha que isso tornava a cena mais valiosa ou glamourosa, ou acha que hoje é melhor? Tendo a ser meio nostálgico quanto a isso, pois foi um tempo de formação para mim. Mas acho que hoje o fato de todos esses músicos terem a exposição que merecem é inacreditável. Naquela época as pessoas nunca conseguiriam sustentar a si próprias; você precisava ser calmo, ou realmente ser a exceção da regra. Acho que algo de novo que está acontecendo online é que gravar, agora, é tão fácil que existe mais música do que jamais houve antes por aí.Você obtém um resultado mais democrático do que se costumava ter. E eu acho que o tipo de revolução que está acontecendo agora—todo mundo gravando e postando suas músicas no myspace— isso é um desdobramento relativamente novo e que remete aos tempos em que as pessoas costumavam falar sobre música punk nos anos 70 como uma grande revolução, porque repentinamente a gravação

se tornou muito mais valiosa. Considero a revolução de hoje algo quase tão libertador quanto a mentalidade punk original em sua época. Qual você acha que é o papel do Pitchfork nesse jogo? Tendem a considerá-los definidores de tendências na música alternativa…+4 Acho que nosso papel é apenas prover uma perspectiva crítica para tudo que está no nosso radar. E é engraçado pois eu nunca me esforcei especificamente para que o Pitchfork se tornasse a força que é hoje. E no fim das contas eu ainda sou um fã de música como todo mundo, e acho que as pessoas dão tanta importância ao que o Pitchfork diz porque elas nos acharam um lugar que as apresenta música e as ajuda a encontrar coisas que do contrário elas não encontrariam. Mas eu não sei se nós nos vemos assim com tanta importância… como se nossa opinião fosse mais valiosa que a do próximo; nós apenas temos nosso próprio approach e as pessoas botam fé. Me sinto mais sortudo do que qualquer outra coisa. Sobre esse approach, seus reviews são longos, coisa de jornalismo clássico… É, esse é o ideal! Não esperamos que cada pessoa vá ler cada palavra de cada resenha, porque tem um monte de conteúdo sendo publicado todos os dias. Eu gosto da ideia de fazer esse jornalismo mais tradicional, em parte porque é de onde eu vim, mas também porque eu acho que isso oferece um pouco mais de ênfase do que simplesmente publicando um paragrafozinho sobre uma música–há muito mais que pode ser dito! Costumo pensar que eu próprio, colaboradores do Pitchfork e fãs de música em geral tendem a pensar bem profundamente sobre a música que ouvimos. Não que seja uma aproximação superior à dos blogs–ou melhor, a massa dos blogs de música, aquele padrão de apenas apresentar a música e dizer “toma aqui, dá uma olhada”—, eu só acho que há muito mais a ser dito e pensado sobre música, e o que fazemos com nossos reviews, o que desejamos é apenas prover mais perspectivas e um ponto de vista diferente que talvez não tenha ocorrido às pessoas.


PITCHFORK //039

E as notas, não é irônico usar casas decimais? Foi algo que começamos para fazer com que fôssemos mais únicos. Mas acho que no fundo não é uma aproximação tão científica assim, é mais tipo sentir tudo e graduar—7.X, 6.X, “é mais pra 7 ou pra 6?”. É meio nerd mas também divertido. Com os lançamentos maiores, costumamos atribuir a resenha a quem for mais alinhado com o consenso geral da equipe, mas na maioria dos reviews a nota é completamente determinada pelo resenhista. O único caso em que isso muda é quando tentamos coletivamente concordar com um número que reflita o consenso da equipe. Ultimamente, se ouve bastante que os álbuns estão em seus últimos dias.Você tem alguma ideia sobre o futuro da música? Eu não acho que os álbuns vão desaparecer tão cedo; nós escrevemos muito sobre isso, “What is the future of the album”, tem coisas que, artisticamente, os álbuns podem fazer que os singles não podem, e vice-versa. Tudo está se inclinando mais para o lado das tracks avulsas no momento… Acho que a maior mudança é todo mundo ser capaz de disponibilizar sua música, escrever sobre música—o que acelera o processo de se estabelecer e se tornar conhecido no mundo. O Washed Out+5, por exemplo. Ano passado, ele gravou uma música em julho e pôs no seu myspace logo de cara. O No Pain in Pop+6 postou algo sobre ele, e eu li, ouvi, adorei e entrei em contato com ele logo de cara. Quando chegou agosto, só pelo que o Pitchfork escreveu sobre ele (e de outros blogs obcecados com ele), ele já tinha se tornado muito popular—apenas dois meses depois de as músicas existirem, dois meses depois de a banda dele existir. Me questiono sobre a música ao vivo, que direção ela está tomando, porque é difícil pra essas bandas fazer uma performance ao vivo que atinja as expectativas do público, sendo assim tão novas e sem experiência no palco. Então acho que essa é a questão em jogo, faixas e álbuns vão continuar a existir no mesmo formato por um bom tempo, e na verdade é a música ao vivo que vai sofrer provavelmente a maior transformação nos próximos cinco anos.

Você é bastante fervoroso a respeito da cena do Brooklyn.Você assiste a shows por aí com frequência? Sim, com certeza. Na verdade é ainda pior agora, porque me mudei recentemente pra mais perto do escritório do Pitchfork em Greenpoint, então agora estou localizado ainda mais centralmente e indo a mais shows do que nunca. Saio de quatro a sete noites na semana. Estou vendo mais música ao vivo do que nunca, o que é muito entusiasmante. Sempre achei fácil de colocar o passado num pedestal, pensando em bandas punk como Talking Heads, estando lá e testemunhando tudo—olhando em retrospecto 20 ou 30 anos depois, e percebendo como algo melhor ou mais especial do que o que ocorre hoje. E eu sempre tive uma perspectiva contrária, de que são mesmo mundo muito diferentes… quero dizer, música que atinge esse tipo de status lendário com o tempo, que não se tem a vantagem de ver quando se está lá. Costumo ter mais interesse em o que acontece mais contemporaneamente, pois é algo em que se pode participar e se envolver. E considero um ponto de vista cínico achar que a música moderna seja menos importante ou menos vital. Tem tantas coisas acontecendo neste momento que são boas pra mim agora, mesmo nesse tempo todo que estive com o Pitchfork, acho que este é o momento mais excitante que já vi para a música. É um ponto de vista bem diferente do que é passado pela grande mídia, fixada nos clássicos, como se nos anos 2000 só houvesse cópias. É mesmo. Tenho sorte de essa perspectiva não ter se tornado a minha própria, sabe, tenho 34 anos, e normalmente quando alguém chega na minha idade já começa a fase em que romantiza a música de sua época; me considero sortudo por não ter acontecido isso comigo. Mas não teve que ser uma decisão consciente—foi algo natural, eu sou naturalmente entusiasmado com música e sempre fui. Não poderia me imaginar estando distante do que ocorre agora, sem achar isso tudo interessante. A música nova é onde estive engajado por toda minha vida.

[+5] myspace.com/ thebabeinthewoods [+6] nopaininpop.com


_texto alex correa

_FOTOS SOCRATES MITSIOS


CIBELLE //041

¹7 XTIVM\I MV\ZW] MU KWTIX[W <]LW W Y]M [WJZW] NWQ ]UI ZWKPI Æ]\]IVLW VW M[XIço, com uma selva sobre ela e um oceano desaguando em lugar nenhum. É lá que você encontra o melhor show de toda a galáxia. Seja bem vindo a Las Vênus Resort 8ITIKM 0W\MT -] [W] []I IVÅ\ZQr ;WVRI 3IPTMKITTWV -[XMZW Y]M IXZW^MQ\M W [PW_ E, por favor, não alimente os macacos.” Cibelle em ‘Welcome’, faixa de abertura de seu novo disco

Radicada em Londres há sete anos, Cibelle Cavalli faz parte do time de brasileiros que brilham mais no exterior do que em seu próprio berço. Foi justamente por isso que a paulistana se mudou para a Inglaterra no final de 2002, onde começou a trabalhar com a Crammed Discs: “A gravadora foi uma grande colaboradora pra essa mudança. Cheguei a um ponto em que ficou contra-produtivo continuar no Brasil”. As raízes musicais da cantora, porém, não poderiam ser mais tupiniquins. Foi no Brasil que Cibelle descobriu o potencial de sua voz – ou, melhor dizendo, foi aqui que o músico Mitar Subotic a descobriu. Mais conhecido como Suba, o sérvio convidou a cantora para gravar os vocais do álbum São Paulo Confessions+1 (1999) ao lado de Arnaldo Antunes, Katia B., Frejat e outros grandes nomes. A morte trágica de Suba poucos dias

depois do lançamento do trabalho impediu novas parcerias entre os músicos, mas, quatro anos depois, Cibelle aparecia com seu primeiro disco solo+2, um homônimo claramente inspirado no samba clássico – uma das faixas, inclusive, declarava a paixão da moça: “Só sei viver mesmo se for no samba, seja no de Noel Rosa ou de Cartola”, exclamava. O álbum seguinte, The Shine of Dried Electric Leaves+3 (2006), já dava abertura para novas influências – principalmente para a tropicália, paixão estonteante de Cibelle. Os covers e os duetos também começavam a dar as caras: “Green Grass”, de Tom Waits, e “London, London”, de Caetano Veloso, ganharam versões com a voz da cantora, enquanto Devendra Banhart, Spleen e Seu Jorge colaboravam com os vocais em outras composições. Em 2010, Cibelle chega a seu terceiro disco

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042\\ noize.com.br

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com uma roupagem nova, inusitada e – agora sim – tropical. Las Vênus Resort Palace Hotel+4 não perde sua seriedade, mesmo sendo uma “tiração de sarro” com os gringos: “Passaram sete anos me chamando de exótica só por ser brasileira. Me chamariam de exótica até se eu tocasse death metal, então resolvi fazer um álbum realmente exótico”, conta. Pra isso, Cibelle apareceu como Sonja Kahlecallon, personagem que já era usada por ela nas artes plásticas e que só agora chega à música. É a mistura de garage e tropicalismo que rege o universo pós-apocalíptico criado pela cantora em Las Vênus Resort Palace Hotel. Assim como seu antecessor, o disco carrega covers (a über exótica “Underneath The Mango Tree”, da trilha sonora de 007; “It’s Not Easy Being Green”, tema original de Caco, o sapo dos Muppets; e a impressionante “Lightworks”, de Raymond Scott, produtor electro-exótico dos anos 50) e parcerias deliciosas (Sam Genders, da banda inglesa Tunng, faz um dueto na quase folk “The Gun and the Knife”, enquanto Fernando Catatau, do Cidadão Instigado, e Pupilo, da Nação Zumbi, gravaram instrumentos em diversas faixas). É justamente por isso que Cibelle se descreve como uma esponja: “Me aproprio de tudo, deixo novas ideias entrarem. Além do mais, trabalhar com outros artistas em estúdio é bem mais divertido”. A cantora faz questão até mesmo de dividir a produção do álbum com um amigo: no caso de Las Vênus..., foi Damian Taylor, diretor musical da Björk, quem fez o “trabalho sujo” em Vancouver, Canadá, um dos berços do disco. As músicas do trabalho também passaram por Los Angeles, onde Thom Monahan (Au Revoir Simone, Devendra Banhart) fez a mixagem final. Mesmo assim, a maior parte do material foi gravada em homestudios de Berlim e São Paulo, onde Cibelle compôs as duas faixas em português do álbum, “Escute Bem” e “Sapato Azul”. A busca pelo trabalho em conjunto fez a cantora fundar o projeto de techno-brega Me Tarzan! You Jane! com o amigo Kristian Craig Robinson, vulgo Capitol K, que ainda não alavancou: “Tivemos que fazer um pausa porque o Kristian entrou em turnê com uma outra banda, o Archie Bronson Outfit, e eu comecei a trabalhar no novo disco, mas vamos

voltar um dia!”. O que o Me Tarzan! You Jane! e o Las Vênus Resort Palace Hotel têm em comum? Nos dois trabalhos, Cibelle tenta sair do óbvio e dá um tapa na cara dos artistas “quadrados e bonitinhos”: “Falta ‘suco’ na música ultimamente. Todo mundo tenta ser sério, limpinho e caber em todos os lugares. Isso está matando o espírito da música”, desabafa. O Las Vênus... foi composto justamente para fugir de todos esses moldes, quase como em um protesto anti-divas: “Na verdade, não sou contra nada, sou a favor do oposto a tudo isso”, diz com um eufemismo dissimulado. “Acho a coisa ‘diva’ muito engraçada. Uma mulher aparece com uma cortina de fumaça a oito quilômetros da banda de apoio, que está lá atrás do palco, toda de preto, escondida e sem iluminação. Aí uma hora a tal diva pega o violão, toca uma música e todo mundo fala: ‘Olha, até que ela sabe tocar! Que bonitinha!’ Eu gosto de tirar sarro com isso. A Sonja tem um pouco disso, só que ela é uma diva meio trash, que tenta ser diva mas não consegue”. Ao vivo, a nova sonoridade kitsch de Cibelle ganha força com sua banda de apoio, batizada como Los Stroboscopious Luminous. Depois de passar anos com integrantes sendo trocados a cada semana, a paulistana finalmente aposta em uma formação fixa: “Agora somos cinco: eu, três caras do La Shark e o baterista do a.human”, apresenta. Apenas no Brasil que os Stroboscopious mudam de line-up, com Fernando Catatau e Pupilo como integrantes. Hoje, Cibelle conta com países como França, Bélgica, Alemanha e Espanha em sua agenda de shows – além, é claro, de Portugal, onde se apresenta com o Grizzly Bear no final de maio. A moça ainda conta com três formatos diferentes de shows: o de live sampling, em que vai construindo faixa-a-faixa aos poucos, fazendo os samples na hora; o solo, em que sobe ao palco com um cenário de karaokê e toca seus próprios instrumentos; e o último, mais atrativo, em que conta com todos os Stroboscopious na apresentação. Uma coisa é certa: Ainda em 2010, algum desses formatos aterrissa no Brasil – e aposto que nunca houve tanta espera pelo tal colapso do planeta.


CIBELLE //043

“Passaram sete anos me chamando de exótica só por ser brasileira. Me chamariam de exótica até se eu tocasse death metal, então resolvi fazer um álbum realmente exótico.”




_texto BRUNO FELIN _FOTOS Rafa rocha

_AGRADECIMENTOS NITRO DI


AFRIKA BAMBAATAA //047

Afrika Bambaataa entrou na ONG Afro-Sul Odomodê, o maior templo da cul\]ZI INZQKIVI MU 8WZ\W )TMOZM KWU ]UI KpUMZI VI UrW LQ[XIZIVLW ÆI[PM[ XIZI onde o nariz apontava. Só depois foi possível entender que, além de registrar o moUMV\W IY]MTM PWUMU OZIVLM MU \IUIVPW M XZQVKQXITUMV\M MU M`XMZQwVKQI [IJQI Y]M U]Q\W[ ÆI[PM[ ^QZQIU VI []I LQZMtrW M M[[I [MZQI ]UI JWI NWZUI LM LMNM[I A passos de peso, freados pela muvuca que se formava, levou todos a loucura por uma foto ao seu lado. Ele já sabia.

Esta é sua rotina durante as turnês pelo mundo espalhando o conhecimento, quinto elemento de uma das culturas que mais deu lucro nas últimas décadas—e da qual foi um dos criadores. O hip hop não é apenas um estilo de música, como se banalizou chamar. Isso fica claro ao ver as expressões dos moleques que dedicaram a maior parte de suas vidas praticando os elementos do movimento—criados pelo homem que estava a sua frente. É uma cultura completa, que abrange além do ritmo e lirismo de DJs e MCs (mestres de cerimonia), a dança (break) e a arte (graffiti). Mas é para o conhecimento que o DJ e produtor+1 pioneiro procura despertar as pessoas em suas viagens. É esta característica que faz do hip hop um patrimônio cultural, presente há 35 anos. Após uma bateria de fotos ao lado de praticamente todos os presentes, com poses variando entre punho cerrado, uso de óculos escuros, olhadinhas— mas nunca um sorriso que mostrasse os dentes—ele sentou e colocou seu material na mesa. Uma reunião de diversas informações sobre a cultura africana, as origens do nosso, do dele e de outros países, do hip hop,

da raça humana e de sua ONG, a Zulu Nation. Bambaataa criou a organização nos anos 1970, após uma viagem para a África do Sul que mudou sua vida. Ele era um dos líderes da gangue nova-iorquina Black Spades (espadas negras), que logo ganhou reconhecimento como uma das maiores da cidade, graças ao seu poder de conseguir respeito e parcerias com outras gangues. Após conhecer de perto os problemas da África e assistir ao filme Zulu+2 (que retrata a batalha de Rorke’s Drift, entre ingleses e Zulus na África do Sul), ele despertou em si o espírito solidário, principal característica do líder negro do filme. Mudou o nome para Afrika Bambaataa e começou a pensar em maneiras de usar o poder dentro da gangue para fazer o bem em sua comunidade, no sul do Bronx. Foi o começo da Zulu Nation, das festas com DJs (das quais o jamaicano Kool Herc foi o pioneiro) e, consequentemente, do hip hop, termo que o próprio Bam, como Bambaataa também é conhecido, cunhou em 1974. Os MCs, influenciados pelos toasters jamaicanos, tiveram um papel importante nessa criação.+3 Um deles, Lovebug Starsky,

[+1] Se você acha que não conhece nenhuma música de Afrika Bambaataa procure “Planet Rock”, “Renegades of Funk” e “Looking for the perfect beat” no Youtube e veja se não está enganado. [+2]

[+3] Os toasters como Count Machuki e U-Roy foram os primeiros mestres de cerimônia, rimavam e animavam as festas em cima dos sons dos DJ’s na Jamaica.


048\\ noize.com.br

costumava dizer “to the top” e Keith Cowboy, outro MC, adicionou o “hip”, que acabou em “hip hop”. Bam teve o clique: “Isso é funky o suficiente. Quer saber? Vamos chamar esse movimento de hip hop”. Espalhando o conhecimento O ar do local foi impregnado por uma forte tensão na presença do homem de quem todos ouviam falar desde os primeiros contatos com a cultura. O poderoso chefão. O menino tremia as canelas para fazer a primeira pergunta quando ele quebrou o gelo: “Sou seu irmão como qualquer outro”. Esse valor dado por Bambaataa, desde o início, ao conhecimento e a conscientização, fez o hip hop crescer como movimento cultural e ganhar uma enorme importância em comunidades pobres ao redor do mundo. E por esse motivo ele estava presente naquele dia.

será esquecido. Se nem todos conheciam bem sua história, ao menos a semente do conhecimento estava sendo plantada. Quando listou alguns dos artistas brasileiros de que gosta, Bambaataa surpreendeu, pelo menos, uma parte dos presentes. Além de citar Thayde, Rapin Hood e Marcelo D2, falou de seu gosto pelo funk carioca, de Mr. Catra e MC Tati. Após alguns protestos, ele retrucou com o dedo em riste: “Vi vocês vaiando o funk, falando que não, mas vocês devem ouvir os outros lados do hip hop, e o funk carioca é um novo lado do hip hop. Aquelas pessoas que não gostam das letras do funk deveriam fazer o funk com outras letras. Você não pode pegar uma parte do hip hop e não pegar a outra. Na cultura africana, todos sempre desciam remexendo até o chão, como no funk”.

“FUNK É UM NOVO LADO DO HIP HOP. AS PESSOAS QUE NÃO GOSTAM DAS LETRAS DO FUNK DEVERIAM FAZER O FUNK COM OUTRAS LETRAS. VOCÊ NÃO PODE PEGAR UM LADO DO HIP HOP E NÃO PEGAR O OUTRO.” AFRIKA BAMBAATAA Seu estilo sereno e paciente ao responder as mesmas questões que deve ouvir em todas as viagens, demonstra que ele escolheu ser o que é hoje. É possível perceber em seus olhos o desejo de despertar um pensamento crítico na juventude que poucas vezes para e escuta alguém com tanta atenção e apego. Por isso Bambaata se repete, fala várias vezes sobre a importância de buscar informação. “Colocaram muita mentira nos livros de história”, justifica, “Precisamos saber qual era a cor do brasil antes de Colombo chegar, e saber que a história branca de Portugal tem origem nos mouros e nos negros”. Apesar de não revelar a idade, mister Bambaataa deve girar em torno dos 60, fazendo a palestra parecer a de um avô educando os netos com suas histórias. O respeito por ele é incrível. Para os b-boys que estavam ali, com certeza o dia nunca

King Kamonzi, MC e um dos líderes da Universal Zulu Nation, encerrou a conversa reforçando algumas bandeiras da organização. “Há apenas uma raça no mundo, a humana”, dizia. “O que Bambaataa fez é muito mais profundo que a música”, ressaltava enquanto os bboys da Restinga Crew preparavam seu show de break. Mister Bam ficou assistindo à dança e tirando fotos sem parar, metralhando flashes com um sorriso leve. No outro dia, esses meninos dominariam a pista do bar Opinião (ver fotos na próxima página) e, mais tarde, o palco—roubando a cena do próprio mestre, que desta vez estava atrás das pick ups. Após muita insistência no fim da palestra, conseguimos levá-lo—mesmo com fome—para uma conversa. Seria um papo mais tranquilo, não fosse o ensaio de maracatu que agradou nos primeiros minutos e martelou nossas cabeças nos próximos vinte.


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Como a música jamaicana influenciou o hip hop? Os primeiros MCs eram os toasters jamaicanos.A Jamaica foi onde Kool Herc teve seu background, onde eu tive o meu background e Grand Master Flash também. O conceito de paz, amor e união da Zulu Nation se relacionam com os do reggae? Os jamaicanos têm o seu próprio estilo e isso era o que Bob Marley estava tentando dizer, mas eles têm o seu estilo gangsta também. Bob estava tentando espalhar o amor, ele e outros grupos do seu círculo. Mas nem todos. Não apenas no reggae, mas também no calypso, com caras como Mighty Sparrow e suas canções politizadas. Onde você se inspirou para criar o quinto elemento do hip hop, o conhecimento? Vem de muitas pessoas antes de mim, Malcom X, os Panteras Negras, Martin Luther King, muita coisa tocada por Sly & the Family Stone, James Brown e John Lennon. Muitas pessoas tiveram papéis importantes na busca da paz, da união e desse conceito que eu chamo de conhecimento.

[+] Bambaataa foi constantemente registrado por Paulinho Sacramento da Preta Filmes nesta turnê pelo Brasil, durante suas palestras, shows, visitas, ensaios e entrevistas. Com parceria de Bing Man, MC da turnê e amigo do pai do hip hop, o material resultará em um documentário chamado “35 Anos de Hip Hop – Afrika Bambaataa Brazilian Tour 2010”. Acompanhe a NOIZE para saber detalhes sobre o lançamento.

Você foi um membro da gangue Black Spades antes de usar o hip hop para tirar as pessoas dessa vida no crime. Eu sei que essa é uma questão comum, mas como você vê o gangsta rap falando de armas e etc.? É uma pequena parte do hip hop que a mídia tenta fazer você gostar. Porque esse é o único tipo de rap tocado nas rádios. É por isso que devemos atacar esses diretores de programação que não balanceiam os estilos de música. Se você só tocar rap gangsta, as pessoas vão gostar disso depois de um tempo. Seria diferente se tocassem o soul, o R n B, o jazz e todos os outros sabores, e não apenas hip hop, mas todos os estilos de música, house, techno e tudo mais. Tocando o antigo com o novo e o novo com o antigo. Você acha que isso está levando o hip hop para outra direção do que foi idealizado? Leva todos os estilos de música para uma outra di-

reção. Quando você não tem esse balanço entre os estilos tocados na mídia e você escuta só um tipo, isso causa problemas. Ao mesmo tempo, vários grupos brasileiros falam de criminalidade porque é a realidade deles. Para alguns é a realidade, mas não para todos.Também é muito o que as pessoas assistem na TV. Se a mídia e a TV ficam sempre mostrando crimes, bandidos e violência, muitos pensam que é só isso que está acontecendo. Eu estive por todo o Brasil e vi muitos trabalhadores, pessoas na rua fazendo suas coisas, e fazendo corretamente. Eu não vi morte por todo lado ou violência. Estive até nos bailes funk do Rio de Janeiro e não vi nenhuma violência nem lá dentro da favela. Então eles só mostram o que eles querem te mostrar e as pessoas acham que isso é a realidade. TUM TÁ TUM DUM DUM TÁ TUM DUM DUM, o batuque soava lá fora. Como você compara o sul do Bronx de hoje e dos anos 70? O sul do Bronx está definitivamente mudado, está constituído com todos os tipos de raças e nacionalidades. Certas áreas eram todas queimadas e destruídas, com vidros quebrados, em lugares como o que Grand Master Flash viveu. Agora é outra coisa, bem diferente daquele tempo. Qual a importância de ter um movimento cultural como o hip hop em um lugar como o sul do Bronx naquela época? Algo para dar esperança par as pessoas, trazia algo para fazer, algo para pensar, lugares para se divertir e fazer festa. Algumas vezes havia violência, às vezes tinha paz e diversão. O que você sabe sobre música brasileira como samba, maracatu, manguebit? Ouvi muito, sei muito a respeito. Tenho muitos discos do Brasil.


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Você pesquisa discos aqui? Sim, o tempo todo. O que você encontrou dessa vez? Achei muitos funks antigos, samba-soul e outros. Não lembra de nenhum nome? Ahn (pensa) não lembro de nenhum nome. Qual o seu foco principal hoje? Ter um bom discurso e preocupação com o planeta terra, respeitar a mãe terra na maneira que se vive. Se você não respeita a mãe terra, ela vai se mover contra. E ela está se movendo agora. Já destruímos muitas partes do planeta e ele não se importa se você é branco, negro, amarelo ou para que deus você

reze ou qualquer coisa. Quando a mãe terra começa esse movimento ela te faz repensar o que é preciso para ser um Deus. Qual a importância de eventos como esse de hoje? Ah, é muito importante. Junta as pessoas, as diferentes partes do hip hop e faz essas pessoas pensarem, mas sempre com o conhecimento. Sem o conhecimento as pessoas viram escravas do que a mídia e as outras pessoas dizem. É isso que você tenta trazer para essas pessoas? Exatamente.


Tile veste: JAQUETA VULGO

COPACABANA CLUB

Tile Douglas: “O território é nosso por direito, porque chegou a nossa hora. Vamos dominar um de cada vez!”


Caca V veste: CAMISETA, SHORT E LEGGING KING 55

Caca V: “Eu tenho uma tolerância muito baixa para a desidratação.”


Claudinha veste: ACERVO

Claudia Bukowski: “Só me chame de querida se me der uma bebida.”


Rafa veste: CAMISA E COLETE VULGO

Rafa Martins: “Esses pretzels tão me deixando com sede.”


ALEC veste: CAMISETA E CALÇA KING 55

Alec Ventura: “Vocês ainda estão aqui? Vão embora, vão para casa, acabou!”


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Primeiro, como foi tocar nos Estados Unidos? Pelas fotos+1, a viagem pareceu incrível Tile: Foi ótimo, amadurecemos muito como banda e acho que também no lance de amizade. Não nos matamos na viagem. Rafael: Foi como as fotos mostram. Incrível. Bons shows, bom som, bom público. E, se foi assim, tá ótimo. E a carreira internacional? Vocês têm vontade de morar no exterior e investir nisso? Rafael: Fazemos música, gravamos e viajamos pra tocar ao vivo. Se nos querem no exterior, ótimo, mais lugares pra tocar. Mas não é preciso viver lá pra fazer isso. Ou é. Caca: Até hoje moramos em Curitiba e não vemos a menor necessidade de morar em São Paulo, por exemplo. Acho que as mudanças todas vêm com a necessidade. Se não precisar, ficaremos por aqui mesmo. Vocês explodiram meio repetinamente e sempre pareceram ter uma preocupação com ir com calma, manter a cabeça no lugar. Isso vai ficando mais difícil com a fama e o sucesso crescendo? Tile: Isso é porque somos mais velhos, a média da banda é 30, então todo mundo é bem na boa, menos ansioso. Rafael: A fama tá crescendo? Nem me avisaram. Falando sério, manter a cabeça no lugar é sempre uma boa - e não só quando você está numa banda. O que vocês acham da cena curitibana no momento? Muita gente reclama que nada acontece lá.Vocês, que já conheceram o Brasil

Fotos e Direção de Arte: Marco Chaparro e Rafael Rocha Produção de Moda: Ana Laura Malmaceda e Thaís Moro Texto e Entrevista: Maria Joana Avellar Agradecimentos: Maiderson Chrisshon, Júlia Netz e Beco 203, Julie Teixeira, Tomas Queiroz.

inteiro, sentiram algum tipo de alívio quando começaram a viajar ou valorizaram a casa mais ainda? Tile: Curitiba tem muita banda boa, muita mesmo. O Copa não é melhor que nenhuma banda por ter conseguido essas coisas, apenas corremos atrás todos os dias e contamos com a sorte. Rafael: Curitiba é uma cidade esquisita. Tem grandes bandas, mas um público restrito. Daí um dos Sabonetes diz que precisou sair de Curitiba pra viver de música e os curitibanos ficam horrorizados. Demos entrevistas sobre a turnê nos EUA pra vários veículos - de fora de Curitiba. Quem só se informa sobre o mundo pelos jornais locais (ainda bem que ninguém mais deve fazer isso) nunca soube que viajamos. Agora outra pergunta relacionada ao ensaio: algum de vocês tinha a pretensão de ficar famoso, virar rock star quando estava no colégio? Tile: Tinha 12 pra 13 anos quando saiu o Nevermind, a partir dali sempre quis ter banda, corri aprender a tocar tudo. Hoje aos 31, depois de ter tocado em algumas bandas, estou realizando vários sonhos com o Copa, longe de ser rock star. Rafael: Sempre quis ser técnico em contabilidade. Só virei músico porque meus pais me obrigaram. Caca: Quando eu era criança minha mãe me ensinou a tocar piano. Depois de um acidente de carro, ela não podia mais tocar, e eu fui dançar balé e sapateado. Na adolescência decidi seguir os passos do avô, e fui estudar engenharia civil. Sempre quis fazer música, mas achava que aquilo primeiro não era pra mim e, segundo, não me traria rendas. Ainda não traz. Mas gosto do fato de ter riscado um item da minha lista de desejos!

[+1] flickr.com/photos/ copacabanaclub


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vizupreza

_por lidy araújo lidyaraujo. c om. b r

AUDREY É UM ZUMBI_

PARECE, MAS NÃO É_

ORIGAMI DE BOLSO_

A Threadless oferece tantas camisetas com estampas incríveis, que fica complicado desejar uma só. Esta versão zumbi de Audrey Hepburn, assinada pela artista Marion Cromb, está no top 10 da marca. E tem para meninos e meninas.

O design vintage da proteção especial para MacBook e MacBook Pro não é o único atrativo do BookBook. Ele possui capa dura de couro e interior aveludado e acolchoado, fatores que proporcionam alto nível de absorção de impacto.

As carteiras da Mojo Design são de papel, mas não rasgam nem molham. Possuem seis bolsos e 10 capas diferentes, algumas assinadas por ilustradores como Carlo Giovani. E são eco-friendly.

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CHEIRO DE BEIJO_

COPA DO MUNDO FEELINGS_

VINHO PARA VIAGEM_

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Uma bola que, além de linda e compatível com o padrão internacional, é toda corretinha. Em couro sintético (eco-friendly), possui certificação de comércio justo e lucros direcionados a instituições que cuidam de crianças.

Sugestão perfeita para quem não curte chegar num jantar com o vinho na mão (nem na sacolinha do supermercado). Produzidos em estopa, estes sacos possuem estampas exclusivas, que recriam saca-rolhas antigos. Chique.

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ESTAMPA

DO MĂŠS Marca: ...lost

Onde Encontrar: lost.com.br

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_FOTO ariel martini | flickr. c om/arielmartini

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reviews

_E AÍ, QUER VER SUA FOTO PUBLICADA NESTA SEÇÃO? Mande um email com uma foto em alta resolução (300dpi) que represente a sua visão da música para FOTO@NOIZE.COM.BR


CYPRESS HILL

GOGOL BORDELLO

Rise Up

Trans-Continental Hustle

O Cypress Hill é inegavelmente um dos grandes grupos de hip hop da história, mas os 20 anos de carreira não justificam tanto mesmismo. O louvor à maconha cansa, mesmo que seja feito por quem soube transformar o THC em clássico. Apesar de a fusão de rap com rock ter nos oferecido pouco— ou quase nada—de bom ultimamente, Tom Morello parece ser o último capaz de salvar a pátria, com “Shut’em Down” e o single “Rise Up”—mais seus do que do próprio Cypress. O disco foi adiado tantas vezes que parece superproduzido para os padrões do grupo. Para se ter noção do clichê canábico, Cheech e Chong fazem algumas vinhetas. “Light it up” e “Armed and Dangerous” até lembram a boa fase, mas a água do bong do Cypress deveria ser trocada, pelo bem de todos. Bruno Felin

Ouvir Gogol Bordello é como ter por dentro uma caravana cigana e performática. Para quem esperava maisdo-mesmo, Trans-Continental Hustle é surpreendente, uma fusão do conceito de gypsy punk com o Brasil. Eugene Hutz, líder e imagem concreta do conceito da banda, traz sentimentos e relatos sonoros da viagem que fez pelo Brasil, dois anos atrás. Composições como “Uma Menina Uma Cigana”, “In The Mean Time In Pernambuco” e “To Rise Above” nos deixam em casa e, ao mesmo tempo, no Leste Europeu. Comparado aos últimos quatro trabalhos do grupo, não existe mais tropeço na construção, as músicas estão alinhadas. A evolução é constante—Gogol não se inspira na diversidade cigana, mas a vive. Incorporam novas sonoridades a cada passo que dão. Ana Malmaceda

LCD SOUNDSYSTEM This Is Happening Se os boatos de que This Is Happening será realmente o último disco do LCD Soundsystem se concretizarem, James Murphy e trupe fecharão a trilogia de discos, desculpem o clichê, com chave de ouro. No novo trabalho, o LCD destila muito minimalismo eletrônico, sintetizadores pulsantes, hits certos para as pistas e, é claro, músicas enormes - mas que se desdobram de uma forma convincente e não cansativa. Sim, existem exceções: a chatérrima “Somebody’s Calling Me”, por exemplo. Mas nada que tire o sorriso no rosto causado pelas lindas “You Wanted A Hit”, “Dance Yrself Clean” e “All I Want”. E não tem como não mencionar “Drunk Girls”. Até porque, neste exato momento, a faixa certamente está sendo tocada em alguma balada mundo afora. Neto Rodrigues

SLASH

VITOR RAMIL

Slash

délibáb

Imagine-se mundialmente famoso, ídolo de 9 entre 10 jovens e entediado. Esse era Slash, antes de gravar seu disco homônimo. Graças a sua carreira, Slash tem alguns amigos. E eles estão todos lá: desde Cypress Hill, que faz uma versão sem sal de “Paradise City”, até o príncipe das trevas Ozzy Osbourne, que impressiona, em “Curcify The Dead”. Com 14 faixas cheias de guitarra e claramente compostas cada uma para seu respectivo intérprete, o disco tem como denominador comum a raiz do hard rock (no qual Fergie surpreende positivamente). No desfile de nomes destacam-se os de Andrew Stockdale, do Wolfmother (um dos melhores vocalistas da atualidade), Adam Levine, mestre das baladas, e Lemmy Kilmister que, graças a Deus, nos dá mais do mesmo. Gustavo Foster

“Toda leitura implica uma colaboração e quase uma cumplicidade”, conta-nos Jorge Luis Borges em “Para las seis cuerdas”, livro do qual surge metade das doze faixas de délibáb. A frase do escritor argentino define bem as tramas do álbum, rico em diálogos com os lados de lá e de cá do rio da Prata. Na margem portenha, também se juntam à voz de Ramil as cordas do violonista Carlos Moscardini. Somam-se a délibáb, nos pagos de língua portuguesa, seis milongas do poeta João da Cunha Vargas. Da abertura trágica, de ritmo marcado na borgeana “Milonga de Albornoz”, à lírica e nostálgica “Pingo à soga”, de Vargas, passando pela parceria com Caetano Veloso em “Milonga de los Morenos”, Ramil torna fronteiras musicais e culturais ainda mais difusas. Ricardo Romanoff

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APANHADOR SÓ

BROKEN SOCIAL SCENE

Apanhador Só

Forgiveness Rock Record

ESCUTE TAMBÉM: BRIGHTEN THE CORNERS, TERROR TWILIGHT, SLAY TRACKS.

O disco de estreia da Apanhador Só é como “Um Rei e o Zé”, música de abertura do álbum homônimo. Um clima entre grandiosidade e simplicidade é muito bem executado nessa produção gaúcha, com referências de MPB e indie de ótimos timbres. A atmosfera de histórias pósjuvenis das letras, cantadas com tranquilidade e eloqüência, é preenchida com um instrumental cheio de sonoridades e andamentos contrastantes. A percussão ainda colore tudo com barulhinhos legais e junta-se às pontuais microfonias entre os arranjos. As 13 faixas constroem um conjunto dividido em momentos que ficam marcados no hit semi-alegre “Maria Augusta”, no rock/tango/ciranda “Balão-de-vira-mundo” e na nostalgia psicodélica de “O Porta Retrato”. Mario Arruda

DiscografiaBásica

O Broken Social Scene nunca foi exatamente uma banda coesa, o que de alguma forma já prepara o ouvinte para a confusão que é Forgiveness Rock Record. Ainda que tenham produzido através de carreiras solo e projetos paralelos, o BSS estava há 5 anos sem lançar disco como banda, e isso reflete na exuberância desse novo trabalho. Forgiveness funciona como um filme de proporções épicas, com grandes efeitos especiais (a produção de John McEntire do Tortoise), mas que guarda uma alma torta, de cinema B. É como um Distrito 9 da música: tem seus momentos de surrealismo de metrópole (“World Sick”, “Meet Me In The Basement”), pegada blockbuster (“Forced To Love”, “Art House Director”) e eterno coração freak (“Highway Slipper Jam”, “Sentimental X’s”). Livio Vilela

PAVEMENT

por Daniel Rosemberg

SLANTED AND ENCHANTED | Desde Are You Experienced, o mundo do rock não conhecia

um debut tão influente. Slanted & Enchanted apareceu com tamanha força e originalidade que foi responsável pela criação de uma seção exclusiva para música independente nas lojas europeias e norte-americanas. Gravado em apenas uma semana na garagem do excêntrico baterista Gary Young, traz a sinceridade metafórica de Malkmus, que constantemente se confunde com os mirabolantes ruídos de guitarra e andamentos esquisitos que definem o Pavement. Desde o hino indie “In the Mouth a Desert”, passando pelo flerte adolescente de “Loretta’s Scars”, até a empolgante “Perfume-V”, nenhum ruído é descartável. O mais belo dos poemas escrito em papel higiênico. CROOKED RAIN, CROOKED RAIN | Agora como uma banda de lunáticos completa e com melhor produção, o Pavement estende sua bandeira e consegue a façanha de superar o estonteante trabalho de estreia. Com coesão impressionante do início ao fim, Crooked Rain, Crooked Rain facilmente disputa com Nevermind a posição de melhor álbum da década. Desde “Silence Kit”, até a última sílaba de “Fillmore Jive”, são doze emocionantes composições repletas de frustrações e sabedoria urbana. As agruras modernas raramente encontraram-se tão presentes em um punhado de canções. Se você ainda não conhece o disco que deu ao Pavement o título de “melhor banda de garagem do mundo”, já sabe o que está perdendo. “Go back to those gold sounds!”. WOWEE ZOWEE | Stephen Malkmus estava certo de que havia composto tantos hits que faria de Wowee Zowee a bandeira de uma geração. Pouco depois, o próprio Malkmus constatou que tal afirmação só poderia ter sido feita em razão do abuso de maconha. Inegavelmente, há pérolas espalhadas por todo lado, mas essas não conseguem dar forma ao que era para ser um colar. Tido como o mais experimental dos discos do Pavement, o clima de sonho proporcionado por Wowee Zowee é um desafiante prazer aos ouvidos. As magníficas “Grounded”, “AT & T” e “Pueblo” cativam tanto que boa parte dos fãs consideram o disco definitivo, dormindo com o mesmo sob seus travesseiros em busca de visitas de fadas, saídas e inspiração.


THE NATIONAL High Violet

O The National sai do rĂłtulo de “mais um violĂŁozinho tristeâ€? para entrar no rol das grandes bandas da atualidade. High Violet nĂŁo tem tanto dos violĂľes presentes nas lindas “Lucky Youâ€? e “90-mile Water Wallâ€?, sucessos de outros ĂĄlbuns, mas carrega o mesmo tom sombrio e desiludidamente apaixonado de Alligator e Boxer. SĂŁo batidas mais fortes—de energia comparĂĄvel Ă dos conterrâneos do Interpol—com exemplo mais expressivo no single “Bloodbuzz Ohioâ€?, disponĂ­vel em americanmary.com. O ĂĄpice do disco, no entanto, estĂĄ na maravilhosa “Terrible Loveâ€?—que define em uma frase, talvez, o trabalho inteiro da banda: It takes an ocean not to break. E ĂŠ isto o que ĂŠ o National - mĂşsicas tristes para pessoas contidas. Para ouvir no repeat durante semanas. Fernanda Grabauska

KATE NASH My Best Frien Is You

/EXI 2EWL RYRGE XIZI S EVHMP RIGIWWjVMS TEVE QIVIGIV YQ PYKEV RE Q WMGE *MGSY GSQ S TSWXS HI FSE QSpE RS QIMS HI YQE WEJVE HI FVMXlRMGEW ¯ 0MPP] %PPIR %HIPI %Q] ;MRILSYWI ¯ GLIMEW HI EYXIRXMGMHEHI )RUYERXS EW SYXVEW WSEZEQ RSZEW /EXI JE^ME EPKS HEXEHS I TVz\MQS HEW 4MTTIXXIW (E TVMQIMVE k PXMQE JEM\E IWXI HMWGS I\TPMGMXE E ZSRXEHI HI UYIFVEV IWWE MQEKIQ %W GSQTSWMp~IW WnS YQ KVMXS GSRXVE E ZMWnS HI ¹TEVX] KMVP FVMXlRMGE² IZMHIRGMEHS IQ ¹1ERWMSR 7SRK² I ¹/MWW 8LEX +VVVP² I GSRXVE E JEPXE HI TVSJYRHMHEHI JIQMRMRE IQ ¹(S ;LE HSS² 4SV QEMW UYI QYMXEW ZI^IW WSI VYMQ q ZIVHEHIMVS f PEQIRXjZIP UYI E JYRGMSREPMHEHI I YRMJSVQMHEHI HI ¹1] &IWX *VMIRH -W =SY² WINEQ MRI\MWXIRXIW 'SQ WSXEUYI FVIXnS GEVVIKEHS S HMWGS q JIMXS HI ups and downs Ana Malmaceda

DRIVING MUSIC EP

O EP da Driving Music, em sua beleza sutil e acessĂ­vel, divide-se em duas valiosas forças de referĂŞncia do passado: distantes, que passam por Simon & Garfunkel e Dylan, e mais recentes, de Guided By Voices e Neutral Milk Hotel. É, de fato, um disco capaz de tocar todos sensĂ­veis ao “pop alternativoâ€?. O folk rock transborda em faixas como “North Americaâ€?. É a trilha sonora dos Estados Unidos possĂ­veis e desejĂĄveis. Ou paradisĂ­acos, a julgar pelas harmonias Ă Pet Sounds do refrĂŁo de “A Plastic Seaâ€?, que une o talento do Beach Boys e a indumentĂĄria lĂşdica do indie folk. É difĂ­cil nĂŁo se ater a referĂŞncias quando uma banda brasileira faz um disco que parece tĂŁo devoto Ă mĂşsica doutro paĂ­s. For export. Fernando CorrĂŞa

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ta  por  vir .: 18/05/2010_ Nas e Damian Marley | Distant Relatives “Distant Relatives ĂŠ um ĂĄlbum criado por dois grandes artistas para explorar e celebrar as relaçþes e conexĂľes profundamente enraizadas entre o reggae e o hip-hopâ€?, ficamos sabendo atravĂŠs de um pronunciamento no site do projeto. O disco reĂşne o rapper Nas e Damian “Jr. Gongâ€? Marley, que, alĂŠm de ser filho de Bob Marley, tem um trabalho fantĂĄstico mais puxado para o dub e o ragga.Â

confira Rufus Wainwright All Days Are Nights: Songs For Lulu!!! ___Em seu sexto disco de estĂşdio, Wainwright ĂŠ mais econĂ´mico. O disco ĂŠ centrado na voz e no piano, e hĂĄ trĂŞs faixas baseadas em sonetos shakespearianos. Para alguns, tĂŁo ou mais emocionante que os trabalhos orquestrados do compositor, pode nĂŁo ser tĂŁo facilmente abordĂĄvel.

The Apples In Stereo Travellers In Space And Time ___Robert Schneider e cia. voltam neste trabalho em que todos os Apples cantam em uma viagem no tempo bastante discothèque, que atesta o talento de Schneider, co-fundador do coletivo Elephant 6, sinônimo de indie pop psicodÊlico e ensolarado.

Dr. Dog Shame, Shame ___No novo disco, Dr. Dog mostra que continua mantendo a mesma linha de influĂŞncias clĂĄssicas do rock, fazendo mĂşsicas em que sĂł o sentimento ĂŠ nostĂĄlgico. Provavelmente um dos melhores discos da banda.

redescoberta PESCADO RABIOSO %68%9(

É preciso desvendar o mistĂŠrio que faz com que Artaud, a grande obra-prima do rock argentino, ainda seja um objeto desconhecido no Brasil. Mais que um disco do Pescado Rabioso, ĂŠ uma obra pessoal de Luis Alberto Spinetta. Aqui o universo do compositor estĂĄ escancarado. O vĂ´o livre das palavras, lirismo Ă flor da pele, as dissonâncias, a melancolia. Basta uma audição de cançþes como “La Sed Verdaderaâ€?, “Bajanâ€? ou “A Starota, el Idiotaâ€? para perceber a singularidade do disco. Se Antonin Artaud permanece atĂŠ hoje com a redutora pecha de maldito, a homenagem de Spinetta dialoga com o que o pensador francĂŞs tinha de mais interessante: uma imensa sensibilidade.TĂŁo grande que sĂł poderia vir ao mundo em tom de desespero. Leonardo Bomfim


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cinema OS FAMOSOS E OS DUENDES DA MORTE

Diretor_ )WQMV *MPLS Elenco_,IRVMUYI 0EVVq 7EQYIP 6IKMREXXS %YVIE &ETXMWXE -WQEIP 'ERITIPPI Lançamento_

Ao contrário do que o título pode levar o espectador incauto a pensar, não há famosos no filme, e muito menos duendes. O longa-metragem de estreia do diretor Esmir Filho (do curta hit do YouTube Tapa na Pantera) mostra a vida vazia de adolescentes no interior do RS que, presos à realidade provinciana, buscam na internet uma fuga. O protagonista é um adolescente, conhecido apenas pelo nome virtual de Mr.Tambourine Man, fã de Bob Dylan, que vive isolado numa comunidade estagnada, assombrada pelos constantes suicídios dos que pulam da ponte da cidade como escape. O retorno de um personagem misterioso servirá de pivô para o garoto buscar algo além do pequeno mundo

isolado em que vive.O filme é de uma sensibilidade única no conduzir da narrativa, um enorme contraste para o espectador acostumado ao cinema brasileiro mainstream cheio dos vícios expositivos da linguagem televisiva. No tom e no espírito, dialoga com o cinema do Gus Van Sant de Elefante e Paranoid Park, calcando-se numa fotografia belíssima (poucas vezes se filmou a névoa tão bem), na excelente trilha sonora do gaúcho Nelo Johan e nas atuações de atores estreantes— como o protagonista Henrique Larré e Áurea Baptista, que interpreta a mãe do garoto. Um filme único, do tipo que deveria ser feito com mais frequência no cenário nacional. Samir Machado

AS MELHORES COISAS DO MUNDO

Diretor_ 0EuW &SHER^O] Elenco_ *VERGMWGS 1MKYI^ *MYO +EFVMIPE 6SGLE >q 'EVPSW 1EGLEHS (IRMWI *VEKE I 'EMS &PEX Lançamento_

Curioso que As melhores coisas do mundo estreia quase ao mesmo tempo que entra em cartaz outro filme a tratar de adolescentes contemporâneos (ler acima). Em comum, os dois filmes tem apenas o fato de mostrar uma geração que já nasceu tendo suas relações pessoais de alguma forma intermediadas pela internet. Menos experimental que Os Famosos, mas nem por isso quadrado na forma e no tema, o filme encontra seu tom pela sensação constante de desconforto dos personagens com os ambientes que frequentam – a escola, palco de brincadeiras cruéis e afetos cambiantes, a família instável (Denise Fraga e Zé Carlos Machado fazem pais afetuosos e idealistas, mas desconectados da realidade prática da vida

dos filhos, e estão muito bem em seus papéis). A trama, de caráter episódico, abrange uma série de obstáculos que o protagonista (o estreante Francisco Miguez) precisa enfrentar e, de alguma forma, resolver – divórcio dos pais, amor não-correspondido, manutenção de amizades – que não se diferenciam muito dos problemas que a geração imediatamente mais velha enfrentou, exceto pela presença da tecnologia (internet, celulares) como uma ferramenta de intimidação. De resto, é um prazer descobrir que o cinema brasileiro encontrou uma forma natural e realista de retratar o adolescente, livre do didatismo (e da canastrice) da linguagem televisiva. Samir Machado


cinema

livros

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THE DEVIL AND DANIEL JOHNSTON

BREGA S/A

O PEQUENO LIVRO DO ROCK

Se você considera Daniel Johnston um doente mental desafinado ou um mítico gênio underground, não importa. O documentário dirigido por Jeff Feuerzeig—que levou o prêmio desta categoria no Festival de Sundance à época—é um mergulho vertiginoso na vida-obra desse prolífico vivente, capaz de juntar uma gama de fãs célebres que conta com Tom Waits, Beck e Mark Linkous. Filmagens em Super 8 e depoimentos em K7 produzidas pelo próprio Johnston, que mantinha uma obsessão documental desde os tempos de guri, conferem ao espectador uma posição de testemunho tão sincera e frágil à intensa vida do homem que, independente da opinião que se tenha sobre sua arte, racha as paredes de nossas almas ocas. Gabriel Resende

No meio de toda a discussão dos novos rumos da música brasileira, circulação de artistas, difusão, direitos autorais, festivais independentes e gravadoras descendo ladeira abaixo, vem o documentário Brega S/A, de Vladimir Cunha e Gustavo Godinho. O filme é o registro da realidade do estilo musical tecnobrega no Pará, com artistas usufruindo de uma tecnologia fuleira, mas eficaz, na gravação, distribuição e produção do brega eletrônico e despojado. Pirataria, sacadas de humor, ousadia e megalomania são os recheios deste que pode ser considerado um dos documentários mais bem sacados do Norte do Brasil. Divertido e esclarecedor na medida exata, Brega S/A faz o raio-x de um novo e revolucionário momento da música pop independente. Marcelo Damaso

Que a combinação rock + quadrinhos é sinônimo certo de diversão, todo mundo sabe. Mas então por que ninguém teve antes a óbvia e genial ideia do francês Hervé Bourhis? O cartunista criou um guia ilustrado sobre um dos estilos musicais mais populares do planeta, o qual batizou de O Pequeno Livro do Rock. O lançamento da Conrad Editora traz uma abordagem bastante pessoal de Bourhis. O autor diz que, cansado de compilações de informações repetidas sobre rock, decidiu escrever uma espécie de diário com base naquilo que leu e ouviu desde que tinha 14 anos. Não se pode esperar por biografias e discografias completas, até porque existem inúmeras obras que já fizeram isso. Mas há belas reproduções de capas de discos, inúmeras curiosidades e sacadas inteligentes, o que torna o livro um item essencial na estante de quem é fã de rock. Daniel Sanes

de Jeff Feurzeig (2005)

de Vladimir Cunha e Gustavo Godinho (2009)

de Hervé Bourhis (2010)

Redescoberta DESEJO PROFANO (1964) 2E GIRE QEMW IQFPIQjXMGE HI Desejo Profano E TVSXEKSRMWXE q IWXYTVEHE IRUYERXS Zs WIY VSWXS HIJSVQEHS EXVEZqW HI YQ IWTIPLS f YQE WIUYsRGME GLEZI TEVE GSQTVIIRHIV E VIZSPYpnS HI 7LSLIM -QEQYVE )Q XSHSW SW WIYW ½PQIW WIWWIRXMWXEW Lj S MRXIVIWWI IQ IWXMPLEpEV E MQEKIQ JIQMRMRE VIGSVVIRXI RS GMRIQE NETSRsW 7YEW QYPLIVIW ¯ EWWMQ GSQS EW HSW QIWXVIW 1M^SKYGLM I 2EVYWI ¯ WSJVIQ S HMEFS %UYM RS IRXERXS IPEW IRGEVEQ I VIGSRWXVSIQ S TVzTVMS HIWXMRS 'VIWGMHS IQ QIMS kW KYIM\EW -QEQYVE WEFME FIQ UYI E QYPLIV q YQ TSpS HI EQFMKYMHEHI f S UYI IWXj TSWXS FVMPLERXIQIRXI RIWWE SFVE HI½RMXMZE HE 2SYZIPPI :EKYI NETSRIWE 0ISREVHS &SQ½Q


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SHOWs

fotos: 1 | Marco Aurélio Prates/Divulgação

2 | Ariel Martini

3 | Victor Sá

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CONEXÃO VIVO Belo Horizonte, 17/04 a 20/04

Porto-alegrense em terra estrangeira já passa por um choque cultural inspirador. Em terra estrangeira, vendo e ouvindo bandas de outras tantas terras estranhas, o nível de inspiração sobe mais um pouco. Minha ida a Belo Horizonte foi marcada pela inspiração, graças a bandas, pessoas e lugares que eu podia até conhecer, mas nunca tinha visto ali, pertinho. Se o objetivo do Conexão Vivo é declarado no nome do festival, vivi a experiência completa que ele propõe. Faz dez anos que o Conexão fomenta (eita palavrinha desgastada) as misturas de sonoridades, as relações estreitadas e as discussões de que vive a música hoje. Em 2010, a edição belo-horizontina do festival ocupou espaços importantes da cidade, principalmente os marcantes Parque Municipal e Praça do Papa. Esta última é um paradeiro ao pé de uma serra, de onde a vista da cidade parece um quadro detalhado de prédios e pequenos carros em movimento. Foi lá que a porção de artistas, a grossíssimo modo, mais regionalistas se apresentou, em que os virtuosos Hamilton de Holanda e Fernando Sodré tocaram bandolim e viola como poucos, e a incrível Orkestra Rumpilezz, regida pelo maestro baiano Letieres Leita, travou uma batalha entre sopros e percussão (Gabi Guedes incluído) tão africana quanto jazzística, sem redundâncias. Em três dias de programação, vi o Parque Municipal da cidade convertido em um grande lote ancorado por dois palcos e ocupado por bancas de discos, praça de alimen-

tação e galera desorientada—porém feliz, como se a degustação de bandas e sonoridades desconhecidas jamais se tornasse enfadonha quando se dispunha de variedade sexual e drinks à venda. Sem descrédito algum atribuído ao público, capaz de assistir curioso ao lindo show de Romulo Fróes e, ainda que tímido e distante, aplaudir pra valer a instrumental Burro Morto, que abriu a noite de domingo, 20. Mais tarde, quando integrantes desta voltaram ao palco para tocar com sua outra banda, a paraibana Cabruêra, os mineiros mostrariam que a presença massiva de bandas nordestinas não vinha de graça: uniriam-se aos músicos em uma espécie de ciranda, que explodia mais de alegria e afinidade do que de tradição. Explodiria novamente mais tarde, com o Original Olinda Style de Eddie—e eu olharia de longe, imune àquela alegria, expatriado. Simultaneamente, o seminário Música & Movimento incitava discussões sobre temas diversos como a dicotomia “música pop x música popular”, que frequentemente acabavam em embates de ideias sobre internet, incentivo à cultura—assuntos atualmente mais imponentes que a própria música. Foi pela programação diversa e, quase sempre, muito boa; pelo público, que se conectou a músicas de todo canto; e, principalmente, por manter viva a experiência insubstituível do show, com todas as prerrogativas, que o Conexão Vivo demonstrou, ao menos no curto período em que me encantei por lá, triunfar. Fernando Corrêa viajou a Belo Horizonte a convite da organização do evento.


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MOBY

FESTIVAL FORA DO EIXO

São Paulo, Credicard Hall, 23/04

São Paulo, 6/04 a 11/04

Quando a maioria dos críticos musicais está inventando rótulos pra catalogar e entender a cada vez mais óbvia cena pop mundial, tem um cara que corre à margem de tudo isso. Moby já foi classificado como músico da cena eletrônica, mas faz tempo que ele não cabe mais em apenas uma prateleira das lojas e isso ficou evidente a quem fez o movimento de contra-fluxo e olhou para a plateia do seu show em São Paulo, no dia 23 de abril. À espera do multi-instrumentista, estava um público variado. Dos roqueiros que batiam cabeça ao som de “Bodyrock”, passando pelos wasted que viajavam na lisergia de “Feeling So Real” até as loiras que marcavam com os saltos o ritmo de “Lift Me Up”, todo mundo queria um pedaço do Moby. Também pudera.Você acredita em alguém que emplacou sucessos em casas noturnas das mais obscuras às mais badaladas? Do pop ao underground, o mundo inteiro já sacudiu ao som do careca de Nova Iorque. Com um set list político e empolgante, músicas conhecidas foram entoadas em grande coro e as mais novas apreciadas atentamente. Os covers de “Walk on the Wild Side” (Lou Reed) e “Whole Lotta Love (Led Zeppelin) foram as surpresas. A última, inclusive, terminou com um Moby ajoelhado em frente ao pedestal buscando microfonias, o extremo oposto do estilo que o consagrou e já não o comporta. Inclassificável, terminou sua apresentação mandando para casa a diversidade com uma interrogação comum: você acredita no que eu sou capaz? FêCris Vasconcellos é repórter do Kzuka.

“É o Fora do Eixo entrando no eixo!” Foi o que profetizou Arthur Pessoa, vocalista da paraibana Cabruêra, durante show realizado em solo paulistano. Era o terceiro dia do Festival Fora do Eixo (FDE), que contou com apresentações de grandes nomes da cena independente de todo o país. Macaco Bong, Nevilton, Porcas Borboletas, Burro Morto e Canastra são algumas das bandas que passaram pela Capital. Fruto do diálogo entre diversos coletivos culturais, a iniciativa organiza-se em torno de pólos regionais, disseminando ações artísticas para todo o Brasil—rompendo, assim, com o monopólio cultural exercido pelo eixo Rio-São Paulo. Dessa nova leva de bandas, vale destacar o power trio Macaco Bong. Os mato-grossenses vêm ganhando notoriedade com seu coeso rock instrumental e fizeram jus à fama no segundo dia de festival. Na mesma noite, a promissora Caldo de Piaba—também um trio instrumental—mostrou seu liquidificador rítmico e agradou o público. Além da nova geração, o público pôde conferir o veterano “maldito” Jards Macalé. O convidado acrescentou banquinho e violão à psicodelia colorida do Mini Box Lunar. O FDE contemplou outras áreas além da musical, com intervenções teatrais, artes plásticas e visuais e workshops realizados nos locais em que aconteciam os shows. Mesmo com uma semana de frio tipicamente paulistano, o calor dos artistas abraçou um numeroso público, provando que música boa, independente de bairrismos, sempre terá vez. Victor Sá


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SHOWs 4

fotos: 4 | Felipe Neves

5 | Beto Figueiroa/Divulgação

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PLACEBO

ABRIL PRO ROCK

Porto Alegre, Pepsi on Stage, 13/04

Recife, 15, 16 e 17/04

Em 2005, quando o Placebo passou por Porto Alegre pela primeira vez, bandas internacionais chegavam aqui muito menos do que hoje, isso é fato.Talvez por isso, um público bem menor do que o que viu Brian Molko na ocasião acompanhou o segundo show da banda na cidade. Depois de uma competente abertura dos locais da Volantes, seguida da menos empolgante apresentação dos paulistas da Superdose, Molko subiu ao palco minutos antes do previsto para mostrar que para 7 mil ou muito menos da metade disso a pegada é igual. De início, “For What It’s Worth”, “Ashtray Heart” e ‘Battle for the Sun”, todas do consistente e mais recente álbum, Battle for the Sun, de 2009, deixaram claro que a banda não apostaria somente nos vários hits para jogar com a torcida e animar um público abaixo do esperado. O que se viu foi um Placebo bem mais pesado do que em disco graças a parede de guitarras (às vezes três) formada por Molko e pelos músicos de apoio – o baixista Stefan Olsdal também toca em diversos momentos. Trocando de guitarra a cada nova canção vestido mais sóbrio do que o habitual (de camisa preta e calças brancas), Molko se esforçava para tirar o melhor som de cada faixa. E conseguiu. As clássicas, se não vieram às pencas, também não faltaram. Ainda no início, “Every you Every Me” e “Special Needs” deram crédito para que Battle for the Sun fosse tocado quase inteiro, sem desapontar ninguém. Lucca Rossi

Além de receber 24 bandas em duas noites no vasto Pavilhão do Centro de Convenções de Pernambuco, o Abril Pro Rock promoveu uma série de sete festas em um casarão no Recife Antigo em 2010. Com esse experimento, o festival, que existe há 18 anos, demonstra que procura renovação. O resultado foi promissor, pois no espaço menor foram vistos shows tão interessantes quanto no palco grande. A Mundo Livre S/A foi uma das bandas que se beneficiou com esse novo projeto, chamado APR Club. A lendária banda pernambucana está com um repertório comemorativo, voltado para clássicos do passado, e fez o teste de fogo do novo tecladista. Ainda no casarão, Dead Combo (Portugal) foi talvez a grande revelação do festival. No Pavilhão, shows dos ingleses The Varukers e Blaze Bailey tiveram suas importâncias para os movimentos musicais que representam, mas os brasileiros Ratos de Porão (diante de rodas de pogo gigantes), Pato Fu e 3 na Massa dominaram melhor a plateia. Entre as bandas novas, Chambaril, Bongar, Mini Box Lunar e Anjo Gabriel demonstraram possuir estilo próprio, enquanto a maioria das outras segue cartilhas de gênero, sem tanta originalidade. Afrika Bambaataa (EUA) também era um dos grandes convidados, apesar de sua passagem por Recife ter sido muito mais política do que musical, pois ele visitou movimentos sociais e contribuiu bastante para o hip hop pernambucano. Seu show, entretanto, deixou a desejar. Júlio Cavani











_ilustra Felipe Motta aka MOTTILAA

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OTTO FALA SOBRE... __JACKSON DO PANDEIRO |

Quem duvidaria que ao ouvir os primeiros acordes do pandeiro de Jackson o som iria ecoar para sempre em sua cabeça? Assim fui eu menino, ouvindo seus grandes sucessos, como “Sebastiana” e “Forró em Limoeiro”, nunca mais esqueceria do mestre. Muitas vezes inspirado tanto pelo mestre da sanfona, Luiz Gonzaga, quanto pelo cabra do pandeiro, Jackson, aprendi que a grande diferença entre os dois não se trata só de possuírem instrumentos diferentes, mas da proposta da divulgação dos toques. Enquanto o “Rei do Baião” procurava divulgar o forró e o baião, o “Mestre do Pandeiro” tinha a fusão de ritmos na veia musical.Quando menino, Jackson foi inspirado pelas rodas de coco e os vio-

leiros das feiras. Como eu, a sua inspiração vem dos sons regionais e das batidas do povo. Essa mistura de costumes me faz refletir o quanto o legado desse mestre é precioso e tão humano! Apesar do apelido, Jack, ter surgido por influência dos filmes norteamericanos de faroeste a que assistia, esse homem provou do gosto da cultura popular e buscou a fundo transformar acordes de outras influências em ritmos regionais. Como ele tenho o mesmo sentimento cosmopolita, no modo de cantar, na forma de dividir o palco, na pronúncia, na efervescência de idéias, na volatilidade, na capacidade de tudo ser e de tudo não ser ao mesmo tempo, na malemolência e na eterna malandragem. De seu pandeiro surgem as canções que até hoje influenciam grandes artistas consagrados, como Lenine que gravou “ O Canto da Ema”,“Na base da Chinela “pela paraibana Elba Ramalho e “Lágrima” que foi regravada pelo mestre Chico Buarque. Uma coisa que me encanta na trajetória de Jackson, é saber que nos tempos em que sua figura trilhava os palcos do país, o povo deixou a tristeza advinda da vida difícil e cantou com ele os sucessos eternizados nos discos que gravou em seus cinqüenta e quatro anos de carreira. Acredito que a obra dele deveria ser mais divulgada, principalmente para os mais jovens, que muitas vezes buscam sons de

outros países por não terem vivido esta brasilidade. A mistura de sons que ele incorporou à rotina da sua carreira, me encanta e me inspira nas minhas músicas e na minha vida. Só posso afirmar que diante de tal importância deste legado, este tesouro cultural deveria ser mais explorado dentro do nosso país!


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STUDIO KING55



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