Formação Pedagógica Inicial de Formadores
Módulo 3. Comunicação e Dinamização de Grupos em Formação
eBook Sub-Módulo 3.1 – COMUNICAÇÃO E COMPORTAMENTO RELACIONAL
Capítulo III – “Liderança” www.nova-etapa.pt
Formação Pedagógica de Formadores Comunicação e Comportamento Relacional - Liderança
FICHA TÉCNICA
Título Comunicação e Comportamento Relacional – “Liderança” Adaptação e Actualização Alda Leonor Rocha Susana Martins Veronica Ghica Coordenação Técnica Nova Etapa – Consultores em Gestão e Recursos Humanos Coordenação Pedagógica António Mão de Ferro Direção Editorial Nova Etapa – Consultores em Gestão e Recursos Humanos
Filmes Reedição e Grafismos - Bruno Lajoso
Nova Etapa Rua da Tóbis Portuguesa n.º 8 – 1º Andar, Escritórios 4 e 5 – 1750-292 Lisboa Telefone: 21 754 11 80 – Fax: 21 754 11 89 e-mail: info@nova-etapa.pt www.novaetapaworld.com
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Índice
Competências a Adquirir
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Introdução
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1. Conceito de liderança, tipos e fontes de poder
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2. Estilos de Liderança na abordagem situacional
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3. Os efeitos da Liderança na prática pedagógica
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4. Perfil do líder de sucesso e do formador líder
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5. Síntese Conclusiva
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Competências a Adquirir
No final deste Capítulo de formação deverá ficar apto a: Distinguir tipos e fontes de poder; Identificar e caracterizar os estilos de liderança de acordo com a abordagem situacional; Descrever os efeitos da liderança autocrática, benevolente e democrática na prática pedagógica; Identificar as relações interpessoais dentro da equipa de trabalho; Identificar as principais características do líder de sucesso e do formador líder.
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Introdução
O Formador é um líder e um dos seus papéis é dinamizar o grupo de formação e fazê-lo funcionar de forma eficaz. Pode adotar vários estilos de liderança conforme o grupo, as suas características, o contexto e as tarefas a realizar, de forma a alavancar a produtividade da equipa e das pessoas. A atual organização do trabalho, tal como a formação, exigem que cada vez mais se trabalhe em equipa e, hoje em dia não se consegue imaginar trabalhar de outra forma. A necessidade de partilha é um imperativo e discutir valores como: cooperação, solidariedade, comunicação, espírito de grupo, ou outros relacionados, passaram a ser questões fundamentais. Trabalhar bem em equipa pode ser uma forma de nos tornarmos melhores formadores, melhores formandos, melhores pais, melhores amigos e melhores pessoas.
E você, considera que o formador é um líder?
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1. Conceito de Liderança e Tipos de Poder
O papel de liderança assim como o do formador, está sempre associado ao exercício da influência, ou seja, ao modo como os
líderes
influenciam
e
como
os
seguidores
são
influenciados. Existe então aqui um tipo particular de relação de poder, em que os seguidores lhe reconhecem o direito de dirigir o grupo. O poder é, por isso, a capacidade potencial para exercer influência sobre os outros, ou seja, a forma de levar as pessoas a fazer aquilo que se pretende. Tipos e Fontes de poder Tipos de poder
Fontes de poder
Poder de
Poder legítimo ou decorrente de posição hierárquica
posição
Poder coercivo ou poder de recompensa e de punição Poder
de
competência
técnica
decorrente
conhecimentos especializados Poder pessoal
Poder de referência (amizade/lealdade) Carisma
DESAFIO:
Reflita sobre o que é para si a Liderança, e procure redigir uma definição.
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dos
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A palavra líder deriva do inglês, leader, e, na tradução direta, significa guia, condutor ou chefe. Ser líder é, então, a pessoa que orienta, motiva e dinamiza pessoas ou grupos para
atingirem
os
objetivos
a
que
se
propõem.
Principais características do fenómeno da Liderança:
- A liderança é um processo relacional e de influência; - É um fenómeno natural em grupos e nas organizações; - É adaptativo e tem por principal função garantir a sobrevivência dos grupos e da espécie; - A posição de liderança não é definitiva nem vitalícia; - Não é exclusivamente um talento ou qualidade pessoal; - Não há líderes sem seguidores; - É um comportamento passível de ser aprendido.
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2. Os estilos de liderança na abordagem situacional A abordagem situacional (Hersey e Blanchard) - De acordo com esta abordagem, a eficácia da liderança depende da adequação do estilo de liderança ao grau de maturidade das pessoas. Tal como o Líder, também o formador deverá adotar estilos de atuação diferentes, não só em função de cada grupo de formação, mas também em função de cada formando de acordo com a maturidade que evidenciarem. Maturidade é a capacidade e a vontade das pessoas assumirem a responsabilidade pela orientação do seu próprio comportamento. Esta
pode
subdividir-se
em
duas
componentes: a maturidade no trabalho, e a maturidade psicológica. O nível de maturidade dos indivíduos pode assumir quatro estádios:
M1 - pessoas que demonstram incapacidade para realizar as tarefas e falta de vontade para assumir responsabilidades;
M2 – indivíduos ainda com insuficiente capacidade de realização, mas que algumas vezes demonstram vontade; têm alguma motivação mas carecem de competências necessárias para a realização das tarefas e assunção de um nível maior de responsabilidade;
M3 - pessoas com bastante capacidade de realização mas com níveis de motivação instáveis, nem sempre respondendo às solicitações do líder;
M4 - pessoas com um elevado grau de capacidade de realização e de competências e com muita vontade de fazer o que lhes é solicitado. 8
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Tomando agora os vários estágios de maturidade, é possível definir quatro estilos de liderança específicos e adequados a cada situação: S1 - Dirigir (alta orientação para a tarefa e baixo relacionamento) - O líder define os papéis e informa sobre as tarefas a desempenhar, e quando e como executá-las. Grande ênfase no comportamento diretivo; S2 - Persuadir/vender (alta orientação para as tarefas e alto relacionamento com as pessoas) - O líder fornece comportamento diretivo e dá apoio para que as tarefas possam ser executadas conforme ele as definiu e estruturou; S3 - Participar (baixa ênfase na estruturação das tarefas e alto nível de relacionamento com as pessoas) - O processo de decisão é
partilhado,
sendo
o
papel
principal do líder o de facilitador e comunicador; S4 - Delegar (baixa ênfase na estruturação das tarefas e baixo nível de relacionamento com as pessoas) - O líder dá escassa direção. Este estilo só é adequado quando os elementos do grupo são realmente capazes de desenvolver o trabalho e têm elevados níveis de motivação para fazer o que lhes é solicitado.
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A RETER Sempre que os elementos do grupo atingem elevados graus de maturidade,
o
formador/líder
atividades,
diminuindo
diminui
também
o
o
controlo
sobre
comportamento
as de
relacionamento. Neste pressuposto, qualquer estilo é eficaz, desde que adequado à maturidade dos elementos.
A liderança situacional possui a dinâmica de se poder ajustar o estilo à necessidade do grupo. No quadro seguinte apresentam-se as opções apropriadas levando-se em consideração o nível de maturidade do participante (ou do grupo). Estilos de liderança a assumir de acordo com a maturidade dos elementos do grupo Maturidade Estilo de Quadrante do liderança indivíduo M1
M2
Baixa Baixamoderada
Tomada de decisão
Relacionamento/ tarefa
Dirigir
Centrada no Líder Baixo/alta
Persuadir
Centrada no líder com diálogo e/ou Alto/alta explicação ao indivíduo
Alto/baixa
Baixo/baixa
M3
Moderadaalta
Participar
Partilhada entre líder e indivíduo, ou este incentivado pelo líder
M4
Alta
Delegar
Centrada no participante
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Convidamo-lo a ver o excerto do filme sobre “Liderança”. No seu entender, o estilo de liderança aplicado está adequado à maturidade do colaborador, ou deverá ser aplicado outro estilo de liderança nesta situação?
3. Os efeitos da liderança na prática pedagógica Nos grupos de formação é ideal que o formador/tutor assuma o papel de líder formal, uma vez que a maior parte dos grupos designam os seus próprios líderes informais ao nível dos pares. Os processos e estilos de liderança têm assim uma relevância significativa na prática pedagógica, uma vez que uma liderança bem-sucedida garante o aproveitamento das capacidades, qualidades e diversidade do grupo, com reflexos nas dinâmicas e aprendizagens individuais e de grupo.
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Uma das abordagens que é abordada com frequência nas ações de liderança e de formação é a que refere que o líder ou formador podem adotar diferentes estilos de liderança:
FORMADOR AUTOCRÁTICO Dá ordens; Dirige; Supervisiona; Diz o que fazer, quando e como.
FORMADOR BENEVOLENTE Partilha a decisão; Não coordena; Não toma a iniciativa; Não favorece a coesão interna do grupo.
FORMADOR DEMOCRÁTICO/PARTICIPATIVO Delega responsabilidades; Distribui o poder de decisão;
DESAFIO:
Na sua opinião, em que situações de formação se justifica o recurso ao estilo autocrático?
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Consequências dos estilos de liderança na produtividade e na dinâmica do grupo de formação
A ineficácia da liderança prejudica o líder ou o formador, os colaboradores ou formandos, a família, e leva as organizações à ruina. Convidamo-lo a ver mais um excerto do filme.
Já vimos que, para orientar e conduzir um grupo à consecução de objetivos é necessário que o formador tenha bem presente os estilos de liderança que pode utilizar e o seu impacto na dinâmica do grupo.
Deixamos-lhe de seguida uma breve caracterização do impacto de cada estilo na liderança no grupo:
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A Liderança Liberal/Benevolente conduz à improdutividade ou produção insatisfatória, elevado ruído, sobreposição de mensagens, intenso feedback com baixa escuta ativa, pouco respeito pelo formador, individualismo, falta de aprendizagem, desmotivação etc. A Liderança Democrática contribui para um maior empenho para a tarefa e cumprimento dos objetivos, maior cooperação e espirito de grupo, aprendizagem efetiva, comunicação cordial, motivação; A Liderança Autocrática pode conduzir à excessiva irritabilidade, hostilidade e agressividade (entre os participantes ou dirigida contra o formador enquanto líder), falta de iniciativa dos formandos, ação centrada no cumprimento dos objetivos, esquecendo a componente relacional, baixa aprendizagem, comunicação unilateral.
Não esquecer que: Na prática, o líder utiliza os três estilos de liderança, de acordo com os objetivos, com a situação, com as pessoas e com a tarefa. Não deve haver recurso unicamente a um estilo de liderança. A principal problemática da liderança é saber quando aplicar determinado estilo.
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4. Perfil do líder de sucesso e do formador líder As competências exigidas por um mundo em rápida mutação fazem com que as principais características do líder sejam a capacidade de adaptação à mudança e a capacidade de aprendizagem. Os líderes que não têm capacidade de aprendizagem tornam as pessoas infelizes e reduzem-lhes a iniciativa. Veja um líder que acredita na capacidade das pessoas e outro que quer controlar tudo. Qual deles prefere?
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Características do líder para alcançar a eficiência CARACTERÍSTICAS Energia, Resistência ao Stress Tenacidade/ /Persistência Iniciativa
ATINGIR A EFICÁCIA/SUCESSO
“sobreviver” às adversidades, à competição e a longas horas de trabalho estar disponível para lidar com confrontos e conflitos
lutar por metas distantes, ultrapassar obstáculos, assegurar que as mudanças são efetuadas
agir em vez de reagir fazer escolhas, tomar decisões que conduzam à mudança
enfrentar situações e momentos de crise, atuando decididamente
acreditar que se pode influenciar o próprio destino de forma positiva; acreditar que as mudanças são possíveis
Honestidade/ /Integridade
fazer com que as outras pessoas confiem, lhe sejam leais, aceitem negociar
Competências relacionais e sociais (empatia, capacidade de escutar e comunicar)
criar, manter e desenvolver relações de cooperação com os subordinados, pares e superiores ser persuasivo e capaz de se adaptar às estratégias de influência mais eficazes resolver construtivamente os conflitos
Autoconfiança Atitude positiva (proativo)
Competências cognitivas
obter, integrar e interpretar grandes quantidades de dados, de informação, mesmo em tempo de rápidas mudanças tecnológicas
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O formador líder é o indivíduo que...
1. É capaz de motivar os formandos e fazer com que estes gostem de executar as tarefas com satisfação; 2. Não tem subordinados. Tem seguidores. Não dá ordens, e prefere analisar o problema com todos os membros do grupo, procurando chegar a um acordo e a uma solução; 3. É capaz de transmitir informações ou as suas próprias ideias, mas não as impõe e não tenta pressionar o grupo para adotar uma solução; 4. Mantém-se recetivo e disponível para comunicar e aceitar qualquer solução que tenha o apoio do grupo; 5. Consegue fazer com que as pessoas acreditem que o interesse delas e o dele é o mesmo, que há um objetivo comum, por exemplo: “o sucesso da formação”; 6. Transmite segurança, confiança. Inspira lealdade. É confidente, faz com que as pessoas se sintam à vontade para dizer a verdade; 7. Transmite sentido de justiça. Toma as decisões justas, não protegendo um ou outro membro do grupo. Todas as suas decisões e atitudes são transparentes; 8. Dá o exemplo. Por exemplo, se a sessão de formação se inicia às 18:00 horas, ele chega às 18:00 horas ou antes, e tem sempre uma solução se alguma coisa falha na formação; 9. Não tem de ser infalível, mas tem de acertar mais do que errar e, saber assumir os seus erros perante o grupo; 17
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10.
Sabe gerir o grupo quando existem conflitos latentes;
11.
Sabe que não consegue fazer tudo sozinho e por isso necessita que se
desenvolva no grupo espírito de cooperação. Não existe formador sem formandos.
5 Síntese Conclusiva
O líder influencia os que o seguem, e estes por sua vez influenciam o comportamento do líder, o que é válido qualquer que seja a natureza da relação e a estrutura física onde ela se desenvolve. Os comportamentos de liderança são múltiplos: informar, planificar, motivar, avaliar, recompensar, criticar e elogiar... As funções do líder são diversas e complexas e o seu bom desempenho conferem-lhe o reconhecimento de líder pelo grupo. Para formar eficazmente, o formador tem que pensar e agir como um líder efetivo estabelecendo objetivos claros; conseguindo diagnosticar aquilo que os participantes necessitam, de forma a aumentar as suas competências e confiança na realização das tarefas e cumprimento dos objetivos; desenvolvendo uma certa flexibilidade para utilizar diferentes estilos de liderança face às pessoas, situações e objetivos; comunicando com os formandos e transmitindo claramente as tarefas a desenvolver, acordando o grau de diretividade e apoio que necessitam para as realizar. A atitude fundamental do formador como animador e líder consiste sempre em tomar como centro o grupo e cada um dos seus membros, favorecendo a autogestão do grupo pelos próprios membros: facilita as atitudes, os
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comportamentos, as atividades, as relações que permitam uma participação ativa na vida do grupo, na tomada de decisões.
Por fim, como vem sendo hábito, deixamos-lhe uma síntese com os principais conceitos. A síntese é apenas um compêndio, pelo que poderá aprofundar este tema no manual “Comunicação e Comportamento Relacional” que também lhe é disponibilizado na plataforma.
Clique na imagem para ver a síntese
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