PSped - Mód. III - sessão 2

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PRIMEIROS SOCORROS PEDIÁTRICOS MÓDULO III

QUEIMADURAS SESSÃO II www.nova-etapa.pt


Primeiros Socorros Pediátricos

Mód. III: Queimaduras

ÍNDICE

Módulo III Queimaduras

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Objetivos Pedagógicos

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Conteúdos Programáticos

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Introdução

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1. Classificação das Queimaduras

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2. Complicações das Queimaduras

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3. Atuação Geral e Específica do Socorrista

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Síntese Conclusiva

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Bibliografia

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Módulo III Queimaduras

OBJETIVOS PEDAGÓGICOS

No final deste módulo deverá ser capaz de:

• Descrever os mecanismos de lesão e agentes mais frequentemente responsáveis por queimaduras; • Caracterizar a profundidade de uma queimadura; • Identificar as diferenças de aplicação da Regra dos Nove na criança e no bebé; • Listar as superfícies do corpo de potencial risco de uma queimadura; • Reconhecer situações de gravidade de uma queimadura que carecem de tratamento médico.

CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS

• Classificação das Queimaduras; • Complicações das Queimaduras; • Atuação Geral e Específica;

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INTRODUÇÃO

Infelizmente ainda existe um número elevado de crianças que sofrem queimaduras. Na maioria dos casos acontece dentro das nossas próprias casas, sendo que muitas das situações, poderiam ser evitadas com a adoção de medidas simples de segurança.

O fogo, por exemplo, exerce uma atração mágica na infância, curiosidade que pode ser fatal. Por vezes a brincadeira começa quando estão sozinhos e brincam com fósforos e pode tornar-se em um incêndio de grandes proporções.

Uma tomada sem proteção, o cabo da panela ou frigideira para fora do fogão é suficiente para o derramamento para cima da criança de água fervente ou óleo de cozinhar, mas também os produtos químicos que temos em nossas casas, por exemplo, para desentupir canos são o suficiente para provocar lesões cutâneas ou mesmo das vias aéreas caso este seja ingerido.

Protegendo a criança  Manter a criança longe da cozinha e do fogão, principalmente durante a preparação das refeições;  Cozinhar nas bocas de trás do fogão e sempre com os cabos das panelas virados para trás, para evitar que as crianças entornem os conteúdos sobre elas. O uso de protetores de fogão é um cuidado a mais para evitar que a criança tenha acesso às panelas;

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 Evite carregar as crianças no colo enquanto mexe em panelas no fogão ou manipula líquidos quentes. Até um simples cafezinho pode provocar graves queimaduras na pele de um bebê;  Quando estiver tomando ou segurando líquidos quentes, fique longe das crianças;  Não utilizar toalhas de mesa compridas, as mãozinhas curiosas podem puxar estes tecidos, causando escaldões ou queimadura de contato;  Durante o banho do bebê, colocar primeiro a água fria e verificar a temperatura da banheira com o cotovelo ou dorso da mão;  Não deixar as crianças brincarem por perto quando você estiver passando roupa nem largar o ferro elétrico ligado sem vigilância.

Podíamos continuar com a lista, que é infinita, mas o importante a reter é que as queimaduras constituem um dos acidentes mais frequentes, ocorrendo em variadíssimas circunstâncias. Algumas podem ser fatais ou potencialmente fatais, pelo que exigem um tratamento correto e o mais precoce possível, pois deles depende não só o resultado funcional e estético como também a sobrevivência.

Assim, consideramos queimadura toda a lesão da pele e/ou tecidos subjacentes, provocadas por agentes físicos ou químicos resultantes do contato com o fogo, por atrito, fricção, por líquidos ferventes, vapores, eletricidade, radiações solares e substâncias alcalinas ou ácidas.

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1. CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS As queimaduras podem classificar-se de várias formas. Assim a gravidade de uma queimadura está dependente dos seguintes fatores: 

Causa (agente)

Profundidade

Extensão

Localização

Idade

Causa (agente)  Queimaduras térmicas – aquelas que são provocadas por ação do calor ou frio. Podemos incluir as provocadas por fogo, sol, gelo, líquido fervente, etc.  Queimaduras elétricas – A eletricidade consiste num movimento orientado de electrões, ou seja um movimento de um ponto para outro de partículas carregadas de energia. Essas partículas provocam queimaduras elétricas e uma vez que a eletricidade é um movimento orientado, é importante ter presente que existe sempre uma porta de entrada (ponto de contato com o corpo), um trajeto e uma porta de saída (local de saída da carga elétrica do organismo. As queimaduras elétricas podem ainda interferir com o normal funcionamento do sistema nervoso provocando paragem respiratória, ou interferir com o ritmo elétrico do coração com consequente paragem cardíaca. As fraturas ósseas são também frequentes pois as cargas elétricas podem provocar uma contração muscular para além da resistência do osso.  Queimaduras químicas – são as queimaduras provocadas por ação dos ácidos e bases. Mais comuns na indústria ou no domicílio devido à presença de muitas substâncias capazes de provocar lesão nos tecidos do organismo.  Queimaduras por radiação – São as lesões provocadas por ação das radiações sendo as mais comuns as queimaduras provocadas pelo sol, podendo surgir igualmente através do raio X e as radiações nucleares. 6 www.nova-etapa.pt


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Profundidade As queimaduras podem classificar-se pela profundidade da pele queimada (grau). Assim consideram-se 3 graus: 1º Grau – envolve a primeira camada da pele – epiderme. Sinais e sintomas: A pele apresenta-se vermelha quente, seca e a criança refere dor e ardor.

Primeiro Socorro  Arrefecer, o mais possível, a zona atingida até ao desaparecimento da dor;  Após o arrefecimento, colocar um creme hidratante neutro e sem corantes;  Se necessário, promover o transporte ao hospital.

2º Grau – envolve a primeira e segunda camadas da pele, respectivamente a epiderme e a dermeSinais e sintomas: A pele apresenta-se vermelha quente, seca com dor e ardor e apresenta bolhas (flitenas).

Primeiro Socorro  Arrefecer, o mais possível, a zona atingida com água;  Não rebentar as flictenas;  Se necessário promover o transporte ao hospital.

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3º Grau – envolve todas as camadas da pele – epiderme, derme e tecidos subjacentes Sinais e sintomas: Existe destruição da pele e de outros tecidos adjacentes, podendo chegar à carbonização. No entanto, a circundar esta região poderão existir queimaduras de 2º e 1º graus. A pele apresenta-se acastanhada ou negra, sinal de destruição completa das células, denominando-se esta situação de necrose. Surpreendentemente estas queimaduras não originam dor devido à destruição das terminações nervosas que se encontram nas estruturas afetadas.

Primeiro Socorro  Arrefecer a zona atingida com água;  Proteger a zona com compressas esterilizadas ou um lençol se for um grande queimado;  Promover o transporte ao hospital.

Extensão Esta

classificação

baseia-se

na

superfície

corporal

atingida,

sendo

a

regra

universalmente mais aceite para proceder ao cálculo da área atingida, a denominada Regra dos Nove de Wallace. Esta regra tem diferentes aplicações consoante a idade:

Criança

Bebé 8 www.nova-etapa.pt


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Numa criança/bebé que se apresente com queimaduras dispersas, o cálculo pode ter como base a regra da palma da mão que corresponderá a 1% da área de superfície corporal.

Regra da palma da mão que corresponde a 1% da superfície corporal queimada

Localização Esta classificação serve para indicar o potencial de risco que a queimadura pode trazer para a criança. Nesta classificação importa qual o local atingido. Assim, devemos ter presente que:  As queimaduras das vias aéreas são sempre mais perigosas pois podem significar destruição do aparelho respiratório ou parte dele, é sempre de suspeitar quando existem queimaduras na face, sobretudo à roda da boca. Geralmente, a criança tosse expelindo partículas de carvão e sangue, e tem dificuldade respiratória devido ao edema da laringe, podendo ainda apresentar bolhas nos lábios e narinas;  As queimaduras das mãos pés, ou a nível de qualquer articulação são também mais complicadas pois podem conduzir a uma perda de movimentos;  As queimaduras complicadas com feridas ou fraturas são sempre mais difíceis de resolver devido à associação de lesões;  As queimaduras dos órgãos genitais constituem sempre uma situação grave pois podem representar a perda de função.

Idade As queimaduras são mais graves nas idades extremas pelo que na pediatria é considerado um fator de risco. Isto deve-se à menor resistência deste grupo às complicações e pela debilidade inerente. 9 www.nova-etapa.pt


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2. COMPLICAÇÕES DAS QUEIMADURAS As complicações das queimaduras resultam das situações a elas associadas, entre as quais se destaca: 

Choque – devido à dor violenta e perda de plasma quando esta se verifica. É frequente nos grandes queimados.

Infeção – frequente nas queimaduras de 3º grau pela destruição da pele (perda da defesa contra as infeções). Geralmente esta complicação não se apresenta ao socorrista.

Edema da glote – Devido à reação do calor sobre a mucosa laríngea, podendo, este inchaço provocar obstrução da via respiratória.

Lesão pulmonar – lesão provocada por calor direto ou vapor de água quente e em particular por fumos que provocam reacção inflamatória pulmonar.

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3. ATUAÇÃO GERAL E ESPECÍFICA

O primeiro passo na atuação é o afastamento do agente que provoca a queimadura ou em alternativa da criança/bebé relativamente ao agente. No caso de fogo, a criança deve ser deitada de modo a diminuir a inalação de fumos. As chamas devem ser rapidamente extintas com um cobertor. Nas queimaduras elétricas, é necessário desligar a corrente elétrica e só depois observar a criança. Se possível deve determinar qual o tipo de voltagem, qual o percurso de transmissão da corrente e a duração do contato. Nos acidentes com corrente de alta tensão, não se deve aproximar da criança sem indicação do pessoal

especializado

no

assunto

(companhia de eletricidade, caminhos de ferro, etc.) dado o risco de se provocar um arco voltaico, isto é, a progressão da corrente eléctrica pela atmosfera através de um campo magnético que existe em volta dos cabos terminais de alta tensão, campo magnético esse que pode ser de cerca de 16 a 18 metros.

As crianças com queimaduras nas vias aéreas devem ser identificadas imediatamente, uma vez que podem necessitar de manobras de ventilação assistida. A inalação de vapor e gases quentes provoca edema da via aérea superior, que pode evoluir rapidamente para obstrução. Rouquidão progressiva é um sinal de obstrução iminente, pelo que deve redobrar a atenção e estar preparado para iniciar manobras de suporte básico de vida. 11 www.nova-etapa.pt


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Nas queimaduras de superfície, o arrefecimento precoce reduz a progressão da queimadura em profundidade e diminui a dor. Faz-se através da lavagem abundante com água ou soro fisiológico, sendo necessário cautela para evitar a hipotermia que se pode instalar rapidamente. O gelo pode agravar a lesão cutânea pelo que não deve ser utilizado.

Após a irrigação, as áreas queimadas devem ser cobertas com compressas humedecidas em água ou soro fisiológico de forma a evitar aderências, assim todas as zonas do corpo humano sujeitas a colagem (zonas articulares como por exemplo as mãos e pés) deverão ser separadas.

Queimaduras muito extensas Primeiro Socorro  Não despir, nem arrancar a roupa;  Arrefecer imediatamente para diminuir a dor e suster o processo de queimadura;  Cobrir a região atingida ou toda a criança com um lençol limpo e humedecido, isento de pêlos;  Cobrir a criança com um cobertor para prevenir a hipotermia  Promover o transporte ao hospital

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Queimaduras nos olhos Primeiro Socorro  Lavar abundantemente com água corrente ou soro fisiológico do canto interno para o canto externo  Deixar o globo ocular humedecido para evitar a colagem das pálpebras  Colocar a criança num ambiente com pouca luminosidade;  Não fazer qualquer penso oclusivo.

Queimaduras por produtos químicos

Primeiro Socorro  Se for um líquido, a criança deve ser colocada rapidamente debaixo de água corrente, de preferência chuveiro, completamente vestida:  Com um produto químico em pó, deve primeiro remover o máximo de pó com o auxílio de um pano e com cuidado de não o espalhar, colocando de seguida, a criança debaixo de água corrente;  A roupa é retirada durante o duche. Em qualquer caso, o duche deve demorar, no mínimo, 15 a 30 minutos.

NOTA: nunca deve tentar efetuar qualquer tipo de neutralização química (utilização de um ácido para neutralizar uma base ou vice-versa) porque provoca uma reação em que se produz calor pelo que não deve ser realizada. A atitude correta é diluir o químico com água, mesmo quando o produto reage com esta. 13 www.nova-etapa.pt


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Situações obrigatórias de transporte ao hospital:  Em crianças com idades inferiores a 5 anos;  Na face, orelhas, mãos, pés, articulações ou órgãos genitais;  Nas vias aéreas (por exemplo, através da inalação de fumo ou gases quentes);  Que cubram a extensão total do pescoço, tronco ou membros;  Que cubram mais de 5% da extensão total do corpo em jovens com idade inferior a 16 anos.

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SÍNTESE CONCLUSIVA Para além das feridas, a pele pode sofrer outro tipo de lesões resultantes de agentes físicos e químicos que são as queimaduras.

As queimaduras são lesões que podem originar consequências graves na qualidade de vida, quer em termos psicológicos por provocar grandes deformações estéticas, quer em termos físicos por perda de função ou movimentos, deformando ou lesando orgãos, ou mesmo levar à morte por desidratação ou infeção.

A profundidade, a extensão, a localização são os fatores de gravidade de uma queimadura que associados a complicações como o choque, pode agravar esta situação de socorro secundário.

O rápido reconhecimento do agente causador da queimadura e a irrigação abundante da zona da queimadura diminuirá a dor intensa e a progressão da queimadura em profundidade, assim como cuidados na separação de zonas articulares queimadas evitando aderências, são as medidas essenciais no pré-hospitalar.

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BIBLIOGRAFIA

Velloso, M. & Oliveira, A. Paula (2004) Formação Complementar de Socorrismo, Edição Cruz Vermelha Portuguesa. Rossi LA, Ferreira E, Costa ECFB, Bergamasco EC, Camargo C. Prevenção de queimaduras: percepção de pacientes e seus familiares. Rev Latinoam Enferm. 2003;11(1):36-42. Finkelstein JL, Schwartz SB, Madden MR, Marano MA, Goodwin CW. Pediatric burns. An overview. Pediatr Clin North Am. 1992;39:1145-63.

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