PSped - Mód. IV - sessão 3

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PRIMEIROS SOCORROS PEDIÁTRICOS MÓDULO IV

INTOXICAÇÕES SESSÃO III www.nova-etapa.pt


Primeiros Socorros Pediátricos

Mód. IV: Intoxicações

ÍNDICE

Módulo V Intoxicações

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Objetivos Pedagógicos

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Conteúdos Programáticos

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1. Introdução

4

2. Prevenção da Intoxicação Infantil

7

3. Classificação das Intoxicações

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4. Vias de Entrada de um Tóxico

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5. Colheita de Informação

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6.

Atuação Geral

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7. Atuação Específica

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Síntese Conclusiva

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Bibliografia

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Módulo V Intoxicações

OBJETIVOS PEDAGÓGICOS

No final deste módulo deverá ser capaz de:

• Identificar os tipos de veneno mais comuns; • Identificar as diferentes vias de contacto do tóxico com o organismo; • Saber fazer a recolha de informações; • Memorizar o número de telefone do CIAV; • Atuar em situações específicas de intoxicação.

CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS • Prevenção da Intoxicação Infantil; • Classificação das Intoxicações; • Vias de Entrada de um Tóxico; • Colheita de Informação; • Atuação Geral; • Atuação Específica.

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1. INTRODUÇÃO As intoxicações continuam a ser uma das causas principais de morte em crianças com idade inferior a 12 anos. Estas intoxicações exógenas ocorrem, principalmente, de forma acidental e são provocadas pela exploração de ambientes domésticos. Temos de perceber que as crianças mais novas ainda não desenvolveram o raciocínio lógico e levam qualquer coisa à boca, muitas vezes, motivadas por uma embalagem atrativa, pelo cheiro das substâncias ou pela cor dos produtos. Estudos desenvolvidos revelam que crianças menores de 5 anos formam o grupo etário mais vulnerável, sendo que entre os 2 e 3 anos o risco torna-se maior e os meninos estão mais propensos à intoxicação que as meninas. As

intoxicações

em

crianças

ganham

uma

grande

importância devido à sua fragilidade orgânica quando comparado aos adultos, devido à imaturidade de seus sistemas, no entanto, elas têm como importante aliado o seu alto poder de recuperação. Outra situação que deve ser considerada quando tratamos sobre intoxicações em crianças é a facilidade de acesso aos produtos nocivos, como por exemplo, os detergentes e outros produtos de limpeza que são guardados em locais inadequados e de fácil alcance, mas também o recipiente em que são armazenados. A reutilização de embalagens pode confundir a criança e pode provocar o envenenamento porque pensavam que era um refrigerante. Materiais tóxicos estão presentes em cosméticos e brinquedos. O chumbo, por exemplo, faz parte da composição de diversos corantes (tinturas de cabelo) e até dos batons, causando cansaço e perda de cálcio, mas também o alumínio pode causar intoxicação, estando presente em desodorantes antitranspirantes, talco para os pés e protetores solares. 4 www.nova-etapa.pt


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Mas, sem dúvida, que as intoxicações infantis mais frequentes ocorrem por medicamentos, o seu acesso no ambiente doméstico facilita a ingestão pela criança que é atraída pela cor do medicamento, pensando que se trata de um rebuçado e nunca devemos esquecer que a criança é um imitador do adulto, se observa a mãe a tomar um medicamento, também o fará quando tiver acesso ao mesmo.

Outro fator que contribui para o grande número de intoxicações infantis são as plantas que caso sejam ingeridas pelas crianças, podem ser prejudiciais.

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Conceitos Genéricos

Tóxico ou veneno É toda e qualquer substância, seja qual for a sua origem (animal, vegetal ou mineral) que em contacto com o organismo provoca alterações funcionais podendo mesmo causar a morte.

Intoxicação ou envenenamento É o conjunto das alterações acima mencionadas.

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1. PREVENÇÃO DA INTOXICAÇÂO INFANTIL Ao adotarmos medidas de prevenção podemos evitar os danos provocados pelas intoxicações, eis alguns exemplos:  Certifique-se que guarda os produtos nas embalagens originais e não misture o conteúdo noutras embalagens. Guarde todos os produtos em prateleiras altas ou em armários que possam ser trancados;  Separe e feche armários com medicamentos e bebidas alcoólicas;  Limpe a sua casa, preferencialmente com produtos com odor reduzido ou sem cheiro:  Conheça as plantas que tem em casa e na vizinhança e ensine as crianças mais velhas a não colocarem plantas na boca;  Descarte alimentos, medicamentos e outros produtos que estejam fora do prazo de validade;  Mantenha vigilância máxima, sobretudo quando uma criança toma banho sozinha, atendendo aos cosméticos, champô, sprays bucais e outros produtos que geralmente se encontram na casa de banho.

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2. CLASSIFICAÇÃO DAS INTOXICAÇÕES

As Intoxicações caracterizam-se por 2 tipos:

Intoxicação aguda, quando ocorrem alterações orgânicas no momento próximo ao contacto com o tóxico, alterações que comprometem a vida da criança (ex. intoxicação com medicamentos). Dado que as urgências em pediatria se situam entre os zero anos até aos 18 anos, compete-nos fazer um alerta para os cuidadores de adolescentes que, muitas vezes, mostram preocupação em saber se os seus filhos fazem o consumo de drogas ilícitas, devendo, de igual forma, inquietar-se pelo adolescente fazer uma utilização continuada de álcool (nomeadamente a cerveja e os “shots”) que se traduzem em consumos precoces e que podem conduzir a intoxicações agudas e levar até ao coma alcoólico.

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Intoxicação crónica, quando as alterações ocorrem vários meses ou no contacto prolongado e continuado com determinada substância nociva para o organismo. Este tipo de intoxicação pode acontecer em bebés/crianças pelo manuseio de brinquedos que contenham chumbo ou outros químicos (por exemplo, os brinquedos em PVC, como os “mordedores” para bebés, sobretudo importados da China. Atualmente, em Portugal, existe legislação e fiscalização que obriga os operadores económicos a cumprirem as condições de segurança relativamente aos brinquedos, no entanto, é também da responsabilidade dos cuidadores verificarem a segurança, lendo, por exemplo, o rótulo do produto e identificando os materiais utilizados e suas especificidades e entender se a legislação está a ser cumprida.

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3. VIAS DE ENTRADA DE UM TÓXICO

Via Inalatória – Ocorre quando se inalam gases ou vapores, em cozinhas, lareiras acesas em ambientes que não são ventilados ou até em garagens fechadas e com o motor da viatura ligado.

Via Cutânea – Quando o contacto do produto se processa através da pele, nomeadamente nas situações de uso indevido de pesticidas, cáusticos, etc.

Via Ocular – Surge por acidente, quando um jato de um produto atinge os olhos.

Via Circulatória – Surge como consequência de injeção por opiácios ou outros, num adolescente ou mesmo por picadas de alguns animais.

Via Gastrointestinal – Acontece quando se ingerem produtos caseiros, medicamentos em excesso, bebidas alcoólicas, entre outros.

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O tóxico, quando ingerido, inalado, injetado ou em contacto ocular ou cutâneo, atua de várias formas no organismo:

 Por contacto direto – Lesando a pele, a conjuntiva dos olhos ou das mucosas da boca, do estômago e do intestino;  Quando é absorvido – entra em circulação, atuando num ou mais orgãos podendo provocar inconsciência, paralisia, convulsões, lesões no fígado, rim;  Na fase de eliminação do produto – pode provocar lesões como é o caso das lesões renais.

4. COLHEITA DE INFORMAÇÃO O universo de produtos tóxicos provoca sintomatologia diversa. Assim, é fundamental não só efetuar o exame da vítima como também uma atenta observação dos diversos cenários que se podem encontrar junto do bebé/criança/adolescente, tais como:  Odor pouco habitual na atmosfera;  Seringa ou caixa de medicamentos vazias;  Grupo de pessoas com sintomas idênticos após uma refeição.

Perante uma suspeita de intoxicação é importante a recolha de informação, devendo centrar-se em: O QUÊ?

Qual o tóxico

COMO?

Qual a via

QUANTO?

Qual a quantidade

QUANDO?

Há quanto tempo

QUEM?

Sexo, idade e peso aproximado 11 www.nova-etapa.pt


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Resumindo, esta colheita de informação deve permitir a caracterização do tóxico, do intoxicado e das condições da intoxicação.

A – Caracterização do tóxico Averiguar o nome do ou dos produtos ou na impossibilidade de saber, tentar indagar a utilidade, a cor, o cheiro, a forma, qual o local da intoxicação: em casa, no campo, na escola, entre outros, pois estes dados podem ajudar a caracterizar o produto.

B – Características do intoxicado 

Idade;

Peso;

Sexo;

Doenças prévias (se criança diabética, epilética, outras doenças);

Hábitos (toxicodependente, alcoólico).

C – Condições em que ocorreu a intoxicação 

Quantidade do tóxico;

Hora da intoxicação;

Com ou sem ingestão de alimentos;

Com ou sem ingestão de medicação;

Quais os tratamentos já efetuados por iniciativa própria, familiar, escola).

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5. ATUAÇÃO GERAL Não

existe

um

antídoto

universal,

assim,

face

a

uma

situação

de

intoxicação/envenenamento, a sintomatologia apresentada será diversa e estará sempre dependente do tóxico e das alterações provocadas no organismo.

Para se obterem respostas adequadas surgiram os centros de intoxicações entre os quais o de Portugal: Centro de Informação Antivenenos (CIAV)

Este serviço é um subsistema do INEM o qual nos permite mediante um telefonema 24 horas por dia contactamos com médicos que nos elucidam quanto à natureza do produto e sobre as medidas a tomar de imediato e a quem ou a que serviço devemos recorrer.

Uma vez na posse de todos os elementos recolhidos será conveniente estabelecer contacto com o CIAV ou o 112 antes de providenciar medidas de urgência que poderão não ser as mais corretas.

CIAV Centro de informação Antivenenos

TEL.: 808250143

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6. ATUAÇÃO ESPECÍFICA

VIA INALATÓRIA 

Remover a criança do ambiente contaminado;

Retirar roupas contaminadas;

Manter a vítima aquecida;

Vigiar funções vitais.

VIA CUTÂNEA 

Lavar abundantemente com água corrente e sabão;

Retirar roupas contaminadas;

Não aplicar produtos químicos.

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VIA OCULAR 

Lavar abundantemente com água ou soro fisiológico do canto lacrimal (interno) para o canto temporal (externo).

VIA CIRCULATÓRIA 

Arrefecer localmente (com um cubo de gelo colocado indiretamente);

Manter a imobilidade da criança (os movimentos aumentam a velocidade da absorção).

VIA GASTROINTESTINAL 

Seguir escrupulosamente as indicações do médico do CIAV;

Por sua iniciativa, nunca deve provocar o vómito, suster a absorção do tóxico ou promover a eliminação do veneno.

Guarde a embalagem ou bula, restos da substância ou material vomitado para facilitar a identificação pelo médico.

No caso de ingestão de alguma planta, deve retirar da boca da criança o que resta da planta e enxague a boca com água abundantemente. Leve a planta juntamente com a criança, para ajudar no diagnóstico.

Nota: A provocação do vómito, em determinados tóxicos poderão agravar mais a situação, pelo que apenas o deve fazer por indicação expressa do CIAV. 15 www.nova-etapa.pt


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SÍNTESE CONCLUSIVA Alguns anos atrás à excepção de uns escassos venenos, as intoxicações resumiam-se à ingestão de plantas venenosas e picadas de alguns animais. Atualmente, com o progresso técnico e científico, existem maiores probabilidades de surgiram intoxicações, basta pensar que a indústria inunda as nossas casas com produtos para limpeza doméstica, higiene pessoal, os próprios medicamentos são um mundo possível de intoxicação quando utilizados incorretamente ou em quantidades excessivas. De igual forma, é nos nossos lares que utilizamos inúmeros produtos “venenosos”, nomeadamente gás canalizado ou em garrafas, insecticidas, vernizes e plantas decorativas venenosas. Impõe-se que todos nós aprendamos a utilizar esses produtos e sobretudo educar as crianças a conhecê-los, a respeitá-los e a não os usar indevidamente, não esqueçamos que, como norma genérica, e parafraseando Paracelsus, tudo é veneno, nada é veneno, estando este sempre dependente da dose. Não havendo um antídoto específico para todos os tóxicos, a prioridade é proceder a uma boa recolha de informação e a obtenção de um conjunto de dados, primordiais para o contacto com o Centro de Informação Antivenenos que é um serviço permanente e exclusivamente atendido por médicos para nos elucidar sobre as medidas a tomar de imediato. Não obstante o contacto com o CIAV, é conveniente o socorrista ter conhecimentos básicos que lhes permitam identificar as vias de entrada do veneno e de uma forma rápida evitar o agravamento da situação e adotar procedimentos eficazes.

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BIBLIOGRAFIA Velloso, M. & Oliveira, A. Paula (2004) Formação Complementar de Socorrismo, Edição Cruz Vermelha Portuguesa. Manual V.M.E.R., Instituto Nacional de Emergência Médica, Direção dos Serviços Médicos/Direção dos Serviços de Formação.

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