PRIMEIROS SOCORROS PEDIÁTRICOS MÓDULO V
Estados Febris SESSÃO II www.nova-etapa.pt
Primeiros Socorros Pediátricos
Mód. V: Estados Febris
ÍNDICE
Módulo V Estados Febris
3
Objetivos Pedagógicos
3
Conteúdos Programáticos
3
Introdução
4
1. A Febre na criança e bebé
5
2. Tipos de termómetros
7
3. Tratamento da febre
10
4. Convulsões febris
14
Síntese Conclusiva
16
Bibliografia
17
2 www.nova-etapa.pt
Primeiros Socorros Pediátricos
Módulo V Estados Febris
OBJETIVOS PEDAGÓGICOS
No final deste módulo deverá ser capaz de:
Reconhecer o conceito de febre; Descrever a sintomatologia associada à febre; Saber avaliar a temperatura; Descrever a sintomatologia associada à febre; Executar o tratamento geral e específico para a febre; Entender o mecanismo da convulsão febril; Saber atuar face a uma convulsão febril.
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS A febre na criança e bebé; Tipos de termómetro e avaliação da temperatura; Tratamento da febre; Convulsões febris.
3 www.nova-etapa.pt
Mód. V: Estados Febris
Primeiros Socorros Pediátricos
Mód. V: Estados Febris
INTRODUÇÃO
A temperatura normal do corpo oscila entre os 36ªC e os 37ªC, variando dentro destes limites de individuo para individuo e mesmo na própria pessoa. Ao longo das 24 horas existem variações da temperatura corporal, sendo que a temperatura mínima se regista durante o sono de madrugada e o máximo no final da tarde. Esta variação de temperatura torna-se mais evidente a partir do segundo ano de vida. Para além da idade, existem outros fatores que exercem influência nas variações da temperatura, tais como o sexo, a ingestão de alimentos, o vestuário, a temperatura ambiente e os estados emocionais. A febre surge como resposta biológica a um grande número de agentes internos e externos, donde, não se trata de uma doença mas sim de um sinal, surgindo como uma resposta/reação normal e útil quando o organismo combate agentes infeciosos, tais como: bactérias, vírus, fungos ou ainda como marcador de um processo inflamatório. A presença de febre é um sinal de que o organismo está a combater agentes invasores e pode aliás ser muitas vezes um bom sinal porque funciona como um marcador, indicando uma boa resposta do sistema imunológico. De igual forma, a febre em pediatria pode surgir como uma resposta a agentes não infeciosos, como por exemplo, reação a vacinas ou medicamentos, ou pelo nascimento da dentição e muitas vezes, nos bebés por excesso de vestuário ou um aumento da temperatura ambiental.
4 www.nova-etapa.pt
Primeiros Socorros Pediátricos
Mód. V: Estados Febris
1. A FEBRE NA CRIANÇA E BEBÉ
CONCEITO A febre é uma elevação da temperatura corporal que ocorre como resposta do centro regulador de temperatura do hipotálamo a determinadas situações. Especula-se que a febre seja um mecanismo adaptativo do organismo para estimular o sistema imunológico e preservar a integridade da membrana celular frente a ameaças.
Considera-se febre quando existe um aumento da temperatura medida:
Temperatura axilar
˂ 37.5ºC
Temperatura rectal
˂ 38ºC
Temperatura timpânica
˂ 37,5ºC
A temperatura rectal é a que define melhor a temperatura, sendo mais precisa, pois assemelha-se à temperatura central do corpo (temperatura interna do organismo) pese embora, possa ser desconfortável para a criança/bebé. A febre alta é aquela superior a 39ºC que pode ser prejudicial à saúde e até mesmo levar a convulsões, especialmente em bebés com menos de 3 meses.
5 www.nova-etapa.pt
Primeiros Socorros Pediátricos
Mód. V: Estados Febris
O que acontece quando a criança/bebé tem Febre?
A febre pode deixar a criança/bebé incomodada e desconfortável. Normalmente, a criança está rabugenta ou poderá apresentar-se pouco ativa e mais sonolenta. Há uma diminuição do apetite A pele está quente com rubor da face e olhar mortiço. A criança mais velha pode ter queixas de sensação de calor/frio, tremores e arrepios, dor de cabeça.
6 www.nova-etapa.pt
Primeiros Socorros Pediátricos
Mód. V: Estados Febris
2. TIPOS DE TERMÓMETROS
COMO ESCOLHER E MEDIR A TEMPERATURA A avaliação da febre deve ser efetuada com um termómetro e não limitar-se a colocar a mão ou a boca na testa da criança/bebé ou pensar que a criança tem febre porque está muito quente. Como sabemos, termómetros são aparelhos usados para medir a temperatura. É importante lembrar que para utilizar qualquer tipo de termómetro na criança ou no bebé, deve mantê-lo quieto para que o valor da temperatura seja a mais correta possível. Existem diversos tipos de termómetros à venda, podendo agrupá-los em 3 categorias:
Tradicionais de coluna Este tipo de dispositivo é rigoroso e versátil, pois pode ser usado em várias zonas do corpo. O uso do termómetro de mercúrio está contraindicado, mas atualmente existem termómetros de vidro semelhantes aos antigos de mercúrio, chamados de termómetros analógicos, que não possuem mercúrio na sua composição e que podem ser usados de forma segura. Este tipo de termómetro demora mais tempo a avaliar a temperatura do que os outros, é mais desconfortável para a criança/bebé e a leitura é mais difícil de fazer, principalmente para algumas pessoas com problemas de visão. Podemos utilizá-lo na axila e no reto.
Para medir a temperatura com este aparelho, deve-se: Verificar a temperatura do termómetro antes de usá-lo, observando se o líquido está próximo da temperatura mais baixa. Colocar a ponta metalizada do termómetro debaixo da axila. Manter o braço imóvel junto ao corpo. 7 www.nova-etapa.pt
Primeiros Socorros Pediátricos
Mód. V: Estados Febris
Esperar 4/5 minutos e retirar o termómetro. Verificar a temperatura, observando o local onde o líquido termina, sendo este o valor da temperatura medida.
Digitais Neste grupo, encontramos o formato semelhante ao termómetro clássico. Muito práticos, indicam a temperatura de forma rápida, mas podem ser imprecisos se houver quedas do mesmo, contato com humidade ou pilha fraca. É o mais usado em crianças e bebés, sendo confortáveis.
Para medir a temperatura com este aparelho, deve-se: Ligar o termómetro e verificar se no visor aparece o número zero- Colocar a ponta do termómetro na boca, ou debaixo da axila ou ainda introduzir cuidadosamente no ânus. No caso de medição rectal, a criança/bebé deverá ficar deitada de costas. Esperar cerca alguns segundos até ouvir um sinal sonoro. Retirar o termómetro e ler o valor da temperatura no visor. Limpar a ponta metalizada com algodão ou gaze embebida em álcool.
Atualmente, existem termómetros de chucha ou chupeta
digitais
e
utilizados
em
crianças
pequenas ou bebés. Introduzir o termómetro na boca do bebé. Ler a temperatura no visor da chucha. Retirar a chucha e lavar com água morna-
8 www.nova-etapa.pt
Primeiros Socorros Pediátricos
Mód. V: Estados Febris
Infravermelhos O termómetro infravermelho faz a leitura da temperatura através de raios que são emitidos para a pele, mas que não prejudicam a saúde. Existem termómetros infravermelhos de ouvido e de testa.
O termómetro timpânico ou auricular é muito rápido e de fácil leitura, porém exige que se compre regularmente cápsulas protetoras de plástico tornando o seu uso mais caro. Convém fazer a medição sempre no mesmo ouvido e repeti-la. Pode ainda ser menos fiável em caso de excesso de cera ou otite.
Para medir a temperatura com este aparelho, deve-se: Colocar a ponta do termómetro no interior do ouvido e apontá-la em direção ao nariz. Apertar o botão de ligar o termómetro até ouvir um sinal sonoro. Ler o valor da temperatura no visor. Retirar o termómetro do ouvido e descartar a cápsula protetora.
O termómetro de testa pode medir a temperatura colocando o aparelho diretamente em contato com a pele ou a uma distância de até 5 cm da testa, não sendo necessário tocar com o termómetro na pele. Assim, para usar este tipo de aparelho da forma correta, devese: Ligar o termómetro e verificar se no visor aparece o número zero. Encostar o termómetro na testa na região acima da sobrancelha, as instruções do aparelho podem recomendar o contato com a pele ou apontar o termómetro para o centro da testa, desenhando um arco por cima da sobrancelha. Ler o valor da temperatura que sai imediatamente e retirar o termómetro da testa.
9 www.nova-etapa.pt
Primeiros Socorros Pediátricos
Mód. V: Estados Febris
3. TRATAMENTO DA FEBRE Os estados febris são o principal motivo pelo qual os pais/cuidadores procuram assistência, sendo responsáveis por um elevado número de consultas e idas ao serviço de urgência. Muitas vezes, os pais, sobrevalorizam a febre tendo como consequência o início precoce da medicação antipirética, pelo que, a medicação antipirética não deve ser usada de forma indiscriminada e rotineira. Se a temperatura não é muito elevada, aguarde pelo menos 24 horas, antes de administrar medicação e esteja atento à sintomatologia apresentada. Evite levar a criança sem necessidade ao hospital para não expô-la a outros vírus ou bactérias num momento em que o organismo dela já está um pouco fragilizado. Mais importante que a temperatura, é a observação do comportamento da criança/bebé. Se ela estiver com febre de 38,5ºC mas estiver comendo bem, brincando e tranquila, haverá menos razões de preocupação do que no caso de uma criança com febre de 37,5ºC e que se apresenta chorosa ou prostrada.
Lembre-se que a temperatura do corpo, normalmente, aumenta no início da noite, por isso espere que a febre piore um pouco nesse período.
10 www.nova-etapa.pt
Primeiros Socorros Pediátricos
Mód. V: Estados Febris
Como deve tratar a febre Se a criança com febre, apresenta bom estado geral, deve aguardar dois ou três dias até recorrer ao médico, controlando a existência de outros sinais e sintomas e medicando a criança/bebé com antipiréticos (normalmente é utilizado o paracetamol ou o Ibuprofeno ou mesmo ambos, se indicado anteriormente pelo pediatra). Retirar a roupa e agasalhos em excesso; Colocar a criança/bebé num ambiente pouco aquecido (± 22ºC); Fazer uma alimentação composta por alimentos leves; Hidratar, dando a beber líquidos (água, leite, chá, sumos, de acordo com a preferência da criança).
Se a temperatura estiver elevada ou quando subir no intervalo entre duas medicações deve recorrer a: Se a temperatura de uma criança/bebé continuar acima de 39,7ºC uma a duas horas depois de lhe administrar a medicação, retire-lhe a roupa sente-a na banheira com água tépida (o banho deve consistir em sentar a criança em água tépida até ao umbigo e com o auxilio de uma esponja, ir deitando pequenas 11 www.nova-etapa.pt
Primeiros Socorros Pediátricos
Mód. V: Estados Febris
quantidades de água no tronco e braços durante 10 a 20 minutos). Acrescente mais água quente à banheira, conforme necessário, para evitar os tremores. Em alternativa, pode utilizar toalhinhas embebidas em água fria e colocadas na testa da criança/bebé.
Proibido fazer: Nunca dar aspirina a crianças com menos de 12 anos. Nunca administrar Ibuprofeno a bebés com menos de 6 meses (exceto, se por indicação médica). Nunca envolver uma criança/bebé com cobertores. Nunca usar água gelada ou álcool para diminuir a temperatura.
12 www.nova-etapa.pt
Primeiros Socorros Pediátricos
Mód. V: Estados Febris
Evite acordar uma criança/bebé que esteja a dormir para lhe dar medicação ou avaliar a temperatura. O sono ajuda mais do que imagina, sendo um bom reparador. No entanto, não descure a vigilância.
Em caso de dúvida na medicação a administrar ou pedir aconselhamento recorra ao Serviço Saúde 24. O atendimento é efetuado por enfermeiros devidamente
formados
para
aconselhamento/encaminhamento
disponível 24 horas por dia.
SAÚDE 24
Tel: 808 24 24 24
13 www.nova-etapa.pt
e
Primeiros Socorros Pediátricos
Mód. V: Estados Febris
4. CONVULSÕES FEBRIS Cerca de cinco em 100 crianças dos seis meses aos 6 anos, terão no mínimo uma convulsão. O aspeto de uma criança durante uma convulsão febril pode parecer assustador para os pais, todavia, as convulsões breves não lesionam nem causam alterações permanentes no cérebro. A maioria das convulsões febris ocorre entre segundos a alguns minutos, mesmo que a criança tenha uma convulsão febril longa, o risco de causar lesões no cérebro é baixo. É conveniente desmistificar que convulsão febril e epilepsia são patologias diferentes. As convulsões febris não causam epilepsia e cerca de 98% das crianças não tem nem virá a ter epilepsia. Por outro lado, devemos ter presente que os medicamentos para a febre não evitam as convulsões, esta começa repentinamente e cessa espontaneamente.
Quando ocorrem as convulsões febris Subida repentina da temperatura; Maior probabilidade nos 3 primeiros meses;
Como se manifesta uma convulsão febril A criança apresenta um alheamento seguido de uma rigidez corporal e a seguir, de forma súbita, inicia movimentos descoordenados da cabeça e membros, podendo revirar os olhos, espumar pela boca e apresentar uma cor azulada, particularmente em redor da boca.
14 www.nova-etapa.pt
Primeiros Socorros Pediátricos
Mód. V: Estados Febris
Atuação numa convulsão infantil Manter a calma; Não introduza nada na boca e se tiver chucha, remova-a da boca; Não pegue na criança/bebé ao colo, se possível, com cuidado, rode o corpo da criança de modo a ficar de lado ou rode-lhe a cabeça para o lado; Não tentar parar os movimentos durante a convulsão; Proteger a região da cabeça sem a prender; Afastar objetos que a possam magoar; Nunca dar banho tépido à criança durante e após a convulsão; Nunca tente dar medicação à criança durante a convulsão.
Um dado importante é saber quanto tempo a convulsão durou, se possível registe a hora, e transmita-a
ao
médico.
Normalmente
estas
convulsões só duram 20 segundos, sendo raro ultrapassarem os 2 minutos. No entanto, se o tempo for superior a 5 minutos e a convulsão não parar, chame uma ambulância, a criança/bebé deve ser levada para o hospital.
Se a convulsão tiver terminado e a criança age normalmente, não será necessário uma ida ao hospital, contate apenas o médico e siga as orientações, o pediatra poderá querer fazer um exame complementar.
15 www.nova-etapa.pt
Primeiros Socorros Pediátricos
Mód. V: Estados Febris
SÍNTESE CONCLUSIVA
A febre na infância é um dos sintomas mais comuns em pediatria causando ansiedade nos pais e cuidadores. Na verdade, a febre é um mecanismo de defesa que funciona como um marcador de alguma infeção. É importante sabermos como medir a temperatura, recorrendo ao uso de termómetros, existindo uma grande variedade destes aparelhos no mercado, pelo que, deve escolher aquele que considere o mais indicado e proporcione um maior conforto para a criança/bebé. O tratamento da febre passa por administrar antipiréticos a fim de baixar a febre, no entanto, não os deve utilizar de forma rotineira, por vezes é preferível aguardar 24 horas antes de iniciar a medicação antipirética e ter a noção de que a febre tem uma duração de 2/4 dias e que em algumas situações pode desaparecer espontaneamente. Deverá consultar o médico ou providenciar o transporte para o hospital se a criança apresenta uma febre baixa mas persistente ao longo de vários dias, ou tenha um aumento da temperatura inesperado (igual ou superior a 39,5ºC. As medidas de atuação geral para baixar a temperatura consistem em hidratar com líquidos, não agasalhar a criança em excesso, e fazer refeições leves. Se a febre persistir ou a temperatura for alta, deverá fazer aplicações com água fria na testa ou melhor ainda, será dar um banho com água tépida. A febre, especialmente, quando a temperatura está alta pode provocar convulsões febris. Não se assuste pois esta tem uma duração curta, sendo que os cuidados a ter são sobretudo proteger a criança/bebé durante os movimentos descoordenados evitando, assim que a criança se magoe. A importância de efetuar um registo da duração da convulsão é um dado precioso para o médico.
16 www.nova-etapa.pt
Primeiros Socorros Pediátricos
Mód. V: Estados Febris
BIBLIOGRAFIA Duffner PK, Berman PH, Baumann RJ, Fisher PG, Green JL, Schneider S. Clinical pratice guideline – febrile seizures: guideline for the neurodiagnostic evaluation of the child with a simple febrile seizure. Pediatrics 2011;127:389-394.
Auvin S, Vallée L. Connaissances atuelles sur les méchanismes physiopathologiques des convulsions fébriles. Ach Pédiatr (Paris) 2009;16(5):450-456.
Dr.David Bass, Prof Maurice Kibel & Rod Baker, Complete First Aid (2007) New Holland Publishers, Ltd
17 www.nova-etapa.pt