CONTROLO DA POLUIÇÃO MÓDULO I
ECOLOGIA E POLUIÇÃO SESSÃO 1 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
FICHA TÉCNICA
TÍTULO Controlo da Poluição
AUTORIA, COORDENAÇÃO GERAL E PEDAGÓGICA E CONCEPÇÃO GRÁFICA Nova Etapa – Consultores em Gestão e Recursos Humanos, Lda.
ANO DE EDIÇÃO 2011
2 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
ÍNDICE
I. OBJECTIVOS PEDAGÓGICOS GERAIS DO CURSO
4
II. CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS GLOBAIS DO CURSO
4
III. INTRODUÇÃO
6
IV. DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDOS Módulo I: Ecologia e Poluição - Sessão I
21
Objectivos Pedagógicos
21
Conteúdos Programáticos
21
Ecologia e Poluição
22
1. A Diversificação da Ecologia
23
2. Os Focos de Um Estudo Ecológico
24
3. Os Limites da Ecologia
25
4. As Características de Um Ecossistema
27
5. Os Organismos e o Ambiente
28
3 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
I.
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
OBJECTIVOS PEDAGÓGICOS GERAIS DO CURSO
• Distinguir os vários conceitos associados à ecologia; • Definir as características de um ecossistema; • Identificar as acções desenvolvidas sobre o ambiente na Europa; • Distinguir os três principais tipos de poluentes; • Utilizar dispositivos legais de prevenção e controlo dos riscos de poluição; • Identificar as estratégias adoptadas em Portugal; • Identificar métodos de determinação e de medida da biodegradabilidade; • Identificar os vários tipos de águas residuais; • Distinguir os vários tipos de tratamento de águas residuais; • Aplicar os vários tipos de tratamento consoante o tipo de águas; • Aplicar técnicas de tratamento e destino final das lamas; • Caracterizar várias formas de tratamento dos resíduos sólidos; • Identificar a hierarquia de decisão sobre tratamento de resíduos sólidos; • Implementar formas de redução e utilização de resíduos sólidos.
II. CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS GLOBAIS DO CURSO • A diversidade da Ecologia; • Os focos de um estudo Ecológico; • Os limites da Ecologia; • As características de um Ecossistema; • Os organismos e o Ambiente; • A situação do ambiente na Europa; • A Prevenção e o Controlo dos Riscos de Poluição; • A importância da Responsabilidade Ambiental; • As estratégias adoptadas em Portugal na Prevenção da Poluição; 4 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
• Métodos de determinação da Biodegradabilidade; • Tratamento de efluentes; • Tipos de águas residuais; • Tipos de tratamento de águas residuais; • Utilidade do tratamento dos esgotos; • Tratamento de Resíduos Sólidos; • Formas de redução e utilização de resíduos sólidos.
5 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
III.
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
INTRODUÇÃO
Várias noções têm sido construídas e têm apoiado a ecologia e a poluição. Entre as mais importantes destacamos as que estão abaixo, porque irão acompanhar-nos ao longo do módulo. Ambiente – Conjunto de Sistemas físicos, químicos biológicos e as suas relações, e dos factores económicos, sociais e culturais com efeito directo ou indirecto, mediato ou imediato, sobre os seres vivos e a qualidade de vida de homem. (Lei nº 11/87, Lei de Bases do Ambiente, Artigo 5º, nº2)
Exaustão de Recursos – Os bens e serviços providos pelo ambiente, e em particular os recursos naturais, podem ser utilizados até um determinado limite, sem risco de exaustão, desde que a capacidade de regeneração dos recursos seja superior à sua utilização.
Desenvolvimento Sustentável Desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras satisfazerem as suas próprias necessidades. (1987 – Relatório Bundtland) “Não comas hoje as sementes que precisas para as sementeiras de amanhã”. 6 www.nova-etapa.pt
Dano Ambiental – É o prejuízo trazido às pessoas, aos animais, às plantas e aos outros recursos naturais (água, ar e solo) e às coisas, que consiste numa ofensa ao direito do ambiente, traduzindo-se numa violação, em concreto, das normas de qualidade ambiental.
Capacidade de Carga – O ambiente tem capacidade para funcionar como superfície de infra-estruturas sócio-económicas, produzidas pelas actividades humanas, desde que os processos físicos, químicos e biológicos não sejam afectados de forma a afectar a utilização do meio posteriores.
Controlo da Poluição eLearning
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
Ecologia – Ernest Haeckel em 1869 definiu-a como sendo a ciência natural que estuda a relação dos organismos com os seus meios ambientes orgânicos e inorgânicos. Hoje em dia segundo Krebs, diz-se que é o estudo científico das interacções que regulam a distribuição e a abundância dos organismos.
Biodegradabilidade Característica de algumas substâncias químicas, podem ser usadas como substrato por microrganismos que a empregam para produzir energia por respiração celular e criar outras substâncias como os aminoácidos, novos tecidos e novos organismos.
Eutrofização – Fenómeno causado pelo excesso de nutrientes num corpo de água, levando a proliferação de algas, que quando em decomposição provocam o aumento do número de microrganismos e consequentemente deterioração da qualidade de água do dito corpo (rios, lagos, baías, estuários etc.).
Poluição – Introdução no meio ambiente de qualquer matéria ou energia que altere as propriedades físicas, químicas ou biológicas desse meio, afectando, ou podendo afectar, a “saúde” das espécies animais ou vegetais que dependem, tenham contacto com ele, ou que nele venham a provocar modificações físicoquímicas nas espécies minerais presentes.
7 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
Uma
das
prioridades
da
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
comunidade
europeia
é
a
promoção
do
desenvolvimento sustentável com a protecção e melhoria do ambiente. Um dos principais objectivos é garantir também um equilíbrio adequado entre os aspectos económicos, sociais e ambientais do processo de desenvolvimento das nações. Algumas regiões da Europa, objecto de apoio no âmbito do objectivo de “Convergência”, possuem muitas indústrias obsoletas e áreas poluídas. A elevada densidade demográfica leva a que a reestruturação de algumas dessas indústrias requeira a obtenção de rentabilidade económica e, ao mesmo tempo, de padrões elevados de protecção ambiental. Uma solução passa por aplicar soluções tecnológicas mais avançadas. No que concerne à prevenção dos riscos, é necessária a aquisição de equipamentos e o desenvolvimento de infra-estruturas, concepção e execução de planos de assistência transnacionais, a utilização de sistemas comuns de cartografia dos riscos e a elaboração de instrumentos comuns para estudo, prevenção, acompanhamento e controlo de riscos naturais e tecnológicos. 1972 foi o ano que marcou o início da protecção do ambiente. A primeira conferência internacional sobre o ambiente – a conferência das nações unidas sobre o ambiente do Homem – aconteceu em Estocolmo nesse ano, reunindo 113 nações. Desde essa altura o mundo tem desenvolvido muitos esforços para contemplar o ambiente na agenda a vários níveis. Surgiram frases como “pensar global, agir local” que alavancaram a proliferação de políticas ambientais, legislação e instituições. As decisões tomadas desde essa altura influenciam agora a forma de governar e a actividade económica em geral. No entanto, subsistem ainda alguns problemas: o ambiente ainda se encontra na periferia do desenvolvimento socioeconómico. A pobreza e consumo excessivo continuam a constituir uma pressão a considerar. Como resultado, o desenvolvimento sustentável mantémse ainda na esfera teórica e o ambiente continua a degradar-se.
8 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
Vejamos os desenvolvimentos principais nas últimas três décadas e como os factores sociais, económicos e outros, têm contribuído. Solo
UNEP, Zhan Huang, China, Still Pictures
Em 2002 os alimentos tinham que servir mais 2 220 milhões de pessoas do que em 1972. No período entre 1985 e 1995, o crescimento populacional em algumas regiões do globo foi superior à produção de alimentos. Enquanto as novas formas de rega trouxeram um forte contributo para a agricultura, os projectos de rega inadequados provocaram encharcamentos da terra, salinização e alcalinização dos solos. Nos anos 80 estimou-se que 10 milhões de hectares de solos irrigados estavam a ser abandonados anualmente. As actividades humanas que contribuíram para a degradação dos solos foram desde escolha inadequada do solo para a agricultura, desflorestação, remoção da vegetação natural, a rotações de culturas erradas e práticas de rega muito fracas. A Quarta avaliação global da situação do ambiente na região pan-europeia realizada pela Agencia Europeia de Ambiente (AEA) em 2007 refere que “desde a Conferência de Kiev (2003), registaram-se alguns progressos tanto a nível da formulação de políticas como da disponibilidade de informação. Porém, ainda é demasiado cedo para assinalar qualquer melhoria acentuada na situação dos recursos do solo.
9 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
Dada a complexidade dos riscos actuais, especialmente das alterações climáticas, é necessário reformular os mecanismos destinados a melhorar a base de conhecimentos para apoiar as intervenções sobre os solos. O intercâmbio de melhores práticas entre países e regiões com condições pedológicas semelhantes poderia contribuir para reduzir os custos das medidas de descontaminação adoptadas para eliminar diversas ameaças para o solo, fornecendo também uma importante base de cooperação.” (Sumário executivo - Quarta Avaliação - Ambiente na Europa).
Resumo das Actividades Económicas Responsáveis Pela Contaminação do Solo em Alguns Países da EOC e do SE (% de locais investigados) Produção Industrial e Seviços Comerciais Outras 17; 17%
Militar 36; 36%
Exploração Mineira Derrames no Solo Durante o Transporte Armazenamento
15; 15%
Centrais Eléctricas 9; 9% 9; 9% 4; 4% 4; 4% 3; 3%
1; 1%
Tratamento e Eliminação de Resíduos Industriais Tratamento e Eliminação de Resíduos Urbanos Indústria Petrolífera
2; 2% Figura 1 –Ambiente na Europa - Quarta Avaliação
10 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
Floresta
UNEP, Rick Collins, Topham Picturepoint
A desflorestação ao longo dos últimos 35 anos tem sido a continuação de um processo com uma longa história. Na altura da conferência de Estocolmo, já muita floresta tinha sido removida. As causas directas maiores, incluem a expansão da terra para a agricultura, demasiado abate para madeira industrial e crescimento em excesso. Como factores subjacentes temos a pobreza, o crescimento da população, o crescimento do mercado de produtos florestais, assim como as políticas macroeconómicas, as pestes de insectos, doenças, incêndio e intempéries. Com a destruição tão rápida de massas florestais é quase impossível recriar estes espaços com as mesmas espécies, causando assim espaços áridos e áreas de erva e vegetação de pequeno porte. Apesar das florestas cobrirem apenas 7% da superfície terrestre elas contêm grande parte das espécies animais e vegetais, muitas ainda não identificadas. Assim, como principais consequências da desflorestação temos:
Enfraquecimento da relação entre seres vivos animais e vegetais; Aquecimento global do planeta; Diminuição da biodiversidade; Perda excessiva de plantas e animais; 11 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
Emissão de dióxido de carbono para a atmosfera; Modificação da crosta terrestre.
Biodiversidade
UNEP, Soo Wee Ming, Malaysia, Still Pictures
A biodiversidade global está a perder-se a uma taxa muitas vezes superior à taxa natural de extinção, devido à conversão das terras, mudanças climáticas, poluição. A população humana cresce com padrões de consumo não sustentáveis, havendo produção crescente de resíduos e poluentes, maior desenvolvimento urbano e conflitos internacionais. Nas últimas três décadas, o declínio e a extinção de espécies têm emergido como um tema ambiental muito importante e a “Europa registou alguns progressos em termos de protecção da biodiversidade. Em 2002, governos de todo o mundo comprometeram-se a reduzir a taxa de perda de biodiversidade até 2010. A União Europeia foi mais longe e prometeu travar completamente a perda de biodiversidade na Europa até 2010. No entanto, uma avaliação realizada pela Agência Europeia do Ambiente (AEA, 2009, SEBI: www.eea.europa.eu/publications/progress-towards-the-european2010-biodiversity-target) mostra que, não obstante os progressos alcançados em algumas áreas, a meta da União Europeia (UE) não será atingida. Com efeito, estamos a perder biodiversidade a um ritmo sem precedentes.
12 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
“Ao longo dos últimos 30 anos, a UE criou uma rede constituída por quase 25 000 áreas protegidas em todos os Estados Membros numa tentativa de proteger a biodiversidade. No total, são cerca de 880 000 km2, representando 17% do território da UE. Esta vasta panóplia de locais, conhecida como Natura 2000, é a maior rede de áreas protegidas do mundo.” (Sinais da AEA 2010) A legislação comunitária dos últimos anos sobre emissões atmosféricas (poluição atmosférica), qualidade da água doce e tratamento das águas residuais
também
produzido
resultados
positivos,
beneficiando
a
biodiversidade. A chuva ácida, por exemplo, que devastou florestas no Norte da Europa, é uma questão que já não coloca grandes problemas. Existe uma maior harmonia entre a agricultura e a paisagem circundante, embora ainda haja muito a fazer nesta área. (Sinais da AEA 2010).
Sabia que... A biodiversidade é a natureza em todas as suas formas. (Sinais AEA 2010)
13 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
Água Potável
UNEP, Still Pictures
Cerca de um terço da população habita em países com stress hídrico. Muitos dos 80 países que têm 40% da população mundial, sofriam de carências de água em meados dos anos 90. O aumento da procura de água deveu-se ao crescimento demográfico, ao desenvolvimento industrial e à expansão da agricultura irrigada. Nos países mais pobres do mundo (em África e Ásia), uma das ameaças ambientais mais fortes para a saúde, continua a ser a utilização continuada de água sem tratamento.
"A nossa água é cortada uma ou duas vezes por mês e por vezes mais", diz Barış Tekin do seu apartamento em Beşiktaş, um distrito histórico de Istambul, onde vive com a mulher e filha.” (Sinais AEA 2009) “À medida que as temperaturas sobem as reservas de água do Sul da Europa diminuem. Ao mesmo tempo, a agricultura e o turismo irão requerer mais água principalmente nas regiões mais quentes e secas. Um aumento na temperatura da água e uma diminuição do fluxo dos rios no sul irão também afectar a qualidade da água. O aumento das épocas de chuva e as cheias relâmpago irão aumentar o risco de poluição através das inundações devido às tempestades e às descargas de emergência das estações de tratamento de água.
14 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
A Directiva Quadro da Água (DQA)( Directiva 2000/60/CE), o principal instrumento que define a legislação em matéria de água na Europa, obriga os Estados Membros a cobrar serviços relacionados com a água como ferramenta efectiva para promover a conservação da água. Na verdade, cobrar serviços é um dos métodos mais eficazes de influenciar padrões de consumo de água. No entanto, o controlo efectivo da água deve incluir também esforços na redução de perdas e na informação sobre a eficiência de uso.” (Sinais AEA 2009).
Na noite de 6 de Outubro de 1986 os pescadores de lagosta de uma pequena vila de Gilleleje, a norte de Copenhaga, enquanto pescavam no mar Kattegat, encontraram as suas redes a abarrotar de lagostas da Noruega. Muitos dos animais estavam mortos ou a morrer. Cerca de metade tinham uma cor estranha. (Sinais AEA 2009) Áreas costeiras e marítimas
UNEP, Hideyuki Ihasi, Japan, Still Pictures
A degradação marinha e costeira é causada pela pressão simultânea sobre os recursos naturais marinhos e terrestres e devido à utilização dos oceanos para depositar resíduos. O crescimento populacional e o aumento da urbanização, da industrialização e do turismo, são causas de fundo desta pressão crescente. Em 1994, viviam a 60 Km da costa cerca de 37% da população global – mais população do que aquela que habitou o planeta em 1950. Globalmente os esgotos continuam a ser a maior fonte de contaminação, em volume. As 15 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
descargas costeiras aumentaram dramaticamente, nas últimas três décadas. A eutrofização costeira e marinha devido a inputs elevados de azoto, tem surgido como uma tendência preocupante, nunca vista até há três décadas. “O Plano de Execução de Joanesburgo, adoptado durante a Cimeira Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável de 2002, estabelece metas específicas para a gestão das pescas, incluindo a recuperação das populações de peixes para um nível que permita um rendimento máximo sustentável até 2015. Este plano identifica igualmente a necessidade de estabelecer, sob a égide das Nações Unidas, um “processo regular” de elaboração de relatórios e avaliação do estado do ambiente marinho à escala global, incluindo aspectos socioeconómicos, tanto actuais como previsíveis, bem como de tirar partido das avaliações regionais existentes. Este importante passo reconhece a necessidade de lançar um esforço internacional concertado para proteger e gerir os recursos globais comuns de forma sustentável, tendo marcado o início de um processo concreto orientado para a acção, que visa assegurar o apoio dos países a iniciativas direccionadas, sustentáveis e de longo prazo. No âmbito da actual reavaliação da Política Comum das Pescas a Europa está a reexaminar as pescas de uma perspectiva marítima e ambiental mais vasta (Directiva 2008/56/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de Junho de 2008, que estabelece um quadro de acção comunitária no domínio da política para o meio marinho (Directiva Quadro “Estratégia Marinha”).). Será dada muito mais importância à sustentabilidade ecológica das pescas fora da Europa e à necessidade de gerir e explorar os recursos naturais de forma responsável sem colocar em risco o seu futuro. Será importante assegurar a harmonia entre esta nova abordagem à protecção das pescas na Europa, por um lado, e o actual regime internacional e o processo regular de avaliação do ambiente marinho global proposto, por outro.” (Sinais AEA 2010).
16 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
Atmosfera
UNEP, Angelo Dotto, Italy, Still Pictures
A chuva ácida tem sido uma das preocupações ambientais mais proeminentes nas últimas décadas, sobretudo na Europa e na América do Norte e, mais recentemente, na China. Milhares de lagos da Escandinávia perderam populações de peixes devido à acidificação, desde os anos 50 até aos anos 80. Desde a revolução industrial, a concentração de CO2 na atmosfera cresceu significativamente, contribuindo para o efeito de estufa. Este aumento deveu-se grandemente às emissões antropogénicas de CO2 a partir da combustão de combustível proveniente de fósseis, produção de cimento e combustão de biomassa. Os países da OCDE contribuíram em mais de 50% para a emissão de gases em 1998, com uma emissão per capita de quase três vezes a média mundial. As emissões de ar poluído têm descido ou estabilizado na maioria dos países industrializados,
muito
como
resultado
das
políticas
desenvolvidas
e
implementadas desde os anos 70, na sequência das drásticas alterações no planeta. Porque a poluição atmosférica não tem fronteiras, o problema precisa de ser combatido no plano internacional. A Convenção das Nações Unidas sobre a Poluição Atmosférica Transfronteiras a Longa Distância (CLTRAP) acordada em 1979, foi assinada por cinquenta e um países e constitui a base da luta internacional para o combate da poluição atmosférica. 17 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
Paralelamente, a UE desenvolveu políticas que limitam as emissões totais de cada Estado-membro, impondo limites legais. A directiva relativa aos valoreslimite nacionais de emissão (TEN) é uma política chave da UE. Estabelece "tectos" ou limites para quatro poluentes: dióxido de enxofre (SO2), óxidos de nitrogénio (NOX), compostos orgânicos voláteis não‑metânicos (COVNM) e amoníaco (NH3). A Directiva TEN reflecte-se nas directivas da qualidade do ar que estabelecem valores limite e metas para os maiores poluentes atmosféricos. Uma nova directiva chamada Ar mais Limpo para a Europa (CAFE) foi adoptada em Abril de 2008. Pela primeira vez, são impostos limites legais para as concentrações de PM2.5 (partículas finas), a serem alcançados em 2015. (Sinais AEA 2009)
Sabia que… Em cada ano morrem cada vez mais pessoas prematuramente devido à poluição atmosférica na Europa do que em acidentes de trânsito. (Sinais AEA 2009)
18 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
Áreas Urbanas
UNEP, Hartmut Schwarzbach, Philippines, Still Pictures
47% da população mundial vive agora nas áreas urbanas, comparado com cerca de um terço em 1972. A acumulação de população e os seus padrões de consumo, os comportamentos nómadas e as actividades económicas urbanas, causam impacto no ambiente, no que respeita ao consumo de recursos e descargas de desperdícios. 70% da população urbana mundial vive em África, Ásia e América Latina. Muitos problemas de saúde bem como a poluição urbana, são causados pelo tratamento e gestão inadequados de resíduos.
19 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
Desastres
UNEP, Edwin C. Tuyay, Topham Picturepoint
As populações e o ambiente estão a sofrer cada vez mais com os efeitos dos desastres naturais devido a um elevado crescimento da população, migração, e urbanização sem planeamento, degradação ambiental e a mudança climática global. O número de pessoas afectadas subiu de uma média de 147 milhões por ano nos anos 80, para 211 milhões por ano nos anos 90. Enquanto o número de desastres geofísicos se manteve estável, o número de desastres hidrometereológicos (como seca, tornados e cheias) aumentou. Grupos vulneráveis às alterações ambientais Todos somos de alguma forma vulneráveis aos impactos ambientais, mas a capacidade de adaptação da sociedade é muito variável. A população dos países menos desenvolvidos tem menos capacidade de adaptação à mudança e, assim, está mais vulnerável às ameaças ambientais e às alterações globais, da mesma forma que está sujeita a outras dificuldades. A pobreza é geralmente reconhecida como uma das causas mais importantes de vulnerabilidade a ameaças ambientais, uma vez que condiciona a capacidade
de
contornar
os
problemas
o
que
resulta
num
fardo
desproporcionado relativamente ao impacto dos desastres, conflitos, secas, desertificação e poluição.
20 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
A exposição humana às ameaças ambientais está desigualmente distribuída. As grandes altitudes, planícies inundadas, ilhotas e áreas costeiras, estão sujeitas a mais riscos do que as outras. Daí a necessidade de se incidir sobre duas áreas de extrema importância para a humanidade, a ecologia e a poluição.
PROPOSTA DE ACTIVIDADE Sugerimos que leia o texto e interrogue-se de qual o seu contributo diário para minimizar o impacto das alterações climáticas. REFUGIADOS DO CLIMA As Sundarbans, que fazem parte do maior delta do mundo, situam-se junto à foz do rio Ganges. Abrangendo regiões do Bangladesh e Bengala Ocidental, na Índia, formam a margem do delta voltada para o mar. Sundarban significa “bela floresta” em bengali, dado que a região está coberta por mangais. As Sundarbans estão a ser profundamente afectadas pelas alterações climáticas. Fenómenos meteorológicos extremos, tais como monções mais curtas mas mais intensas e maiores ressacas, combinados com a subida do nível do mar, colocam a região sob uma enorme pressão. Nos últimos 20 anos, quatro ilhas desapareceram, deixando 6 000 pessoas sem casa. A maioria escapou para as ilhas vizinhas, que também estão sob ameaça. São muitas as comunidades pobres que, por todo o mundo, estão já a sofrer com o impacte real das alterações climáticas. Apoiar o processo de adaptação destas comunidades é uma responsabilidade global. Este apoio implica a transferência de conhecimentos e assistência financeira (Sinais AEA 2010)
21 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
IV.
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDOS
MÓDULO I: ECOLOGIA E POLUIÇÃO - SESSÃO 1 OBJECTIVOS PEDAGÓGICOS No final deste módulo deverá ser capaz de: • Aplicar normas legislativas sobre prevenção e controlo de riscos; • Promover estratégias e coordenar planos e programas de acção relativos à aplicação do regime de prevenção e controlo de poluição com vista à prevenção económica.
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS • A diversificação da Ecologia; • Os focos de um estudo Ecológico; • Os limites da Ecologia; • As características de um Ecossistema; • Os organismos e o Ambiente; • A situação do ambiente na Europa; • A Prevenção e o Controlo dos Riscos de Poluição; • A importância da responsabilidade Ambiental; • As estratégias adoptadas em Portugal na prevenção da poluição.
22 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
ECOLOGIA E POLUIÇÃO O estudo da ecologia permite compreender a relação do homem com a natureza, que trocas existem entre o homem e o seu ambiente, quer com a envolvente inanimada, quer com os organismos com os quais convive. Estas razões tornam evidente a necessidade de compreender as relações entre os organismos, assim como aquelas que ocorrem entre estes e o meio físico. Um conhecimento adequado possibilitará uma melhor gestão dos recursos e uma melhor compreensão do mundo que nos rodeia. Ou seja, quando um profissional agropecuário mostra preocupação com a ecologia do bosque, das pradarias, dos sistemas de produção pecuária, está a demonstrar que esta ciência está integrada no crescimento e desenvolvimento da espécie humana, para além do mero romantismo. A urgência de um desenvolvimento sustentável torna imprescindível a necessidade de integrar o conhecimento em todas as actividades profissionais que intervenham directamente na modificação do meio.
23 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
1.
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
A DIVERSIFICAÇÃO DA ECOLOGIA
A partir dos anos 60 do século passado, a ecologia começou a ter uma grande expansão em diferentes áreas, isto significou uma especialização de acordo com as áreas de interesse dos vários investigadores, entre as quais podemos salientar:
No que respeita particularmente à Ecologia Humana, esta ocupa-se especialmente
das
relações
da
espécie
humana
com
o
ambiente,
desenvolvendo duas sub-áreas: a Ecologia Cultural e a Ecologia Social. Repare-se que a Ecologia Médica é constituída pela Ecologia Cultural, Social, Microbiana, dos Parasitas e pela Medicina de Darwin (medicina da selecção natural e sexual).
24 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
2.
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
OS FOCOS DE UM ESTUDO ECOLÓGICO
Os focos de um estudo ecológico são essencialmente 3:
O Foco Descriptivo é muito semelhante ao da antiga História Natural. Assinala os grupos vegetais, animais e outros seres vivos – cujo conjunto tem o nome de Biota – que existem no meio ambiente; descreve o número, os lugares onde se encontram, quais as relações espaciais que mantêm entre eles, etc. O Foco Funcional põe ênfase nas relações que ocorrem nas populações e nas comunidades como causas imediatas que explicam os fenómenos que surgem no ecossistema. O Foco Evolutivo procura explicações histórico-evolutivas, através das quais a selecção natural favoreceu certas adaptações específicas (causas finais ou mediatas).
25 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
3.
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
OS LIMITES DA ECOLOGIA
Os níveis de integração da matéria são:
O nível mais básico estudado pela ecologia é o organismo. A ecologia que se desenvolve a este nível foi denominada de Autoecologia e pode definir-se como o estudo das relações de um só tipo de organismo (uma espécie) e o meio em que vive. O nível seguinte é a população. Estuda-se na Dinâmica de Populações ou Ecologia das Populações. Estuda as causas e modificações da abundância de uma população num determinado meio.
Sabia que… O solo ajuda a limpar a água que bebemos e o ar que respiramos de graça. E que 90% do oxigénio produzido na terra resulta do metabolismo das algas?
26 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
No nível das Comunidades estuda-se a composição e estrutura das comunidades formadas por espécies diferentes, as alterações que ocorrem no tempo, as relações entre as espécies e a comunidade, etc. A subdisciplina que se dedica a esta área é a Ecologia das Comunidades ou Sinecologia. Os estudos dos níveis superiores: Ecossistemas, Biomas, Biosfera, requerem a integração dos conhecimentos adquiridos a um nível inferior. Ao analisar os níveis de integração podemos concluir que em qualquer nível superior aparecem propriedades que não se encontram num nível inferior e, o que é mais importante, estas não são possíveis de prever, por muito bem que se conheçam os componentes do nível inferior. Estas novas propriedades chamam-se por isso Propriedades Emergentes.
27 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
4.
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
AS CARACTERÍSTICAS DE UM ECOSSISTEMA
O ecossistema é um sistema cibernético, isto é, que utiliza a retroalimentação (o feedback) para regular de alguma forma o seu funcionamento, sendo assim auto-regulado. Do ponto de vista termodinâmico, o ecossistema é um sistema aberto, uma vez que depende do exterior para a entrada e saída de energia. O ecossistema é também completo. Assim, ele deve ser constituído por:
Substâncias abióticas (orgânicas e inorgânicas) do biótipo. Os organismos autotróficos produtores, capazes de sintetizar matéria orgânica, a partir de inorgânica (CO2, H2O, N, etc.) e da energia do Sol.
Organismos heterotróficos consumidores.
Organismos heterotróficos decompositores ou desintegradores que transformam novamente a matéria orgânica em inorgânica.
28 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
O Ecossistema considera-se homogéneo uma vez que apresenta uma certa homogeneidade do ponto de vista topográfico, climático, botânico, zoológico, edáfico, hidrológico e geoquímico. Os limites do ecossistema, por seu turno, raramente são naturais. A maioria das vezes são determinados pelo ecologista de acordo com os seus interesses enquanto investigador.
29 www.nova-etapa.pt
Controlo da Poluição eLearning
5.
Mód. I: Ecologia e Poluição - Sessão 1
OS ORGANISMOS E O AMBIENTE
Cada organismo e espécie ocupa um habitat, isto é, um lugar concreto onde vive. Mas porque se encontra ali e não em outros lugares? Uma das respostas possíveis, quem sabe a mais importante, é que esse lugar e não outro possui as condições necessárias para satisfazer as necessidades desse organismo. Os factores do meio que podem influenciar directamente o organismo chamamse Factores Ecológicos. Podem ser de natureza abiótica (química: acidez do solo, nutrientes, etc., ou física: luz solar, temperatura), ou biótica (influência de outros organismos). Se considerarmos que todo o organismo responde a uma grande variedade de factores ecológicos, qualquer deles pode potencialmente limitar a sua actividade biológica, a sua sobrevivência, o seu crescimento ou a sua reprodução. Esse factor ecológico transforma-se assim num Factor Limitante. Isto foi explicado pelo botânico Justus von Liebieg (1803-1873) na sua Lei do Mínimo: “Um organismo estará ausente em todos os lugares onde qualquer dos ditos factores esteja abaixo do limite necessário”. Um factor pode ser limitante não só por carência, vivendo apenas dentro de um intervalo de valores para determinado factor ecológico. Isto é conhecido como a Lei de Tolerância de Shelford. Este expressou-a da seguinte forma: “Um organismo sobrevive e reproduz-se apenas dentro de um intervalo limitado de valores para cada tipo de nicho”. Este intervalo é conhecido por Tolerância Ecológica ou ambiental para esse factor.
30 www.nova-etapa.pt