Módulo II - Emoções Fundamentais

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MÓDULO II

EMOÇÕES FUNDAMENTAIS

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Mód.II: Emoções Fundamentais

ÍNDICE

Módulo II – Emoções Fundamentais

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Objetivos Pedagógicos

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Conteúdos Programáticos

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1. O que é uma Emoção

5

2. Características das Emoções

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3. Quantas Emoções existem?

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4. Psicofisiologia das Emoções

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OBJETIVOS PEDAGÓGICOS No final deste módulo deverá ser capaz de:

Definir emoção; Distinguir emoção de sentimento; Identificar os sinais característicos das emoções fundamentais; Distinguir os sinais fisiológicos, cognitivos e comportamentais das emoções fundamentais.

CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS

Definição de emoção; Distinção entre emoção e sentimento; Emoções fundamentais ou primárias; Psicofisiologia das emoções; Características fisiológicas, cognitivas e comportamentais da raiva, do medo, da alegria e da tristeza.

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Compreender melhor os outros, reagir com empatia às suas necessidades e aos seus sentimentos, permite ter uma relação mais afável, sentirmo-nos mais próximos, mais solidários e reforçar a cooperação.

Tal como dissemos atrás, as pessoas que têm maiores certezas sobre as suas emoções são as que melhor dirigem a sua vida. António Damásio, escreve mesmo que “Ser racional, não é separarmo-nos das nossas emoções. O cérebro que pensa, que calcula, que decide, não é diferente daquele que ri, que chora, que sente prazer e repulsa. A ausência de emoções e de sentimentos impede-nos de sermos verdadeiramente racionais.”

Desenvolver o conhecimento de si próprio requer um conhecimento dos “sentimentos das vísceras”. Podem até surgir sentimentos sem que tenhamos consciência deles. Por exemplo, será que o leitor tem medo de serpentes? O que acha que aconteceria se visse algumas fotografias bem ilustrativas? O que acontece, em geral, é que quando se mostram imagens de serpentes a pessoas que têm medo de répteis, elas apresentam suores e sinais de ansiedade mesmo que digam que não têm medo delas.

Nunca lhe aconteceu ir a passear pelo campo e, de repente, ver um galho de árvore que parece mesmo uma serpente? O que acontece? Antes de ter a certeza de que se trata de um simples e singelo pau, não sente um arrepio de medo? Não? Ainda bem para si. Eu, sinceramente, morro de medo. Porque é que isto acontece? É que a imagem que nós vimos, está identificada no nosso ficheiro de imagens cerebrais que representam perigo e, por isso, mesmo sendo apenas um galho de árvore, desencadeia o mecanismo da emoção do medo. E isto pode acontecer tão depressa que não chegamos a ter consciência do que vimos.

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1. O QUE É UMA EMOÇÃO Não é fácil definir o que é uma emoção. Recorda-se daquelas situações referidas na introdução? Várias circunstâncias

despoletavam

diversas

emoções.

Quando a criança põe a mão na cafeteira quente, desencadeava-se um acesso de cólera? Ou seria medo? Ou um misto das duas? Já no trânsito, seria raiva o que estava a sentir a Joana? Ou apenas stress e preocupação? Procuraremos apresentar algumas definições, dadas pelos vários especialistas na área, para sabermos do que estamos a falar.

O que é então uma emoção? Num dicionário de língua portuguesa encontrámos a seguinte definição: “Um estado afetivo intenso, caracterizado por uma brusca perturbação física e mental”, ou ainda é “perturbação, agitação passageira provocada pela alegria, a surpresa, o medo, etc.”

Segundo Isabelle Filliozat,1 “a emoção é um movimento em direção ao exterior, um impulso que nasce no interior de nós próprios e que fala ao que nos rodeia, uma sensação que nos diz quem somos e nos coloca em relação com o mundo. Pode ser desencadeada por uma recordação, um pensamento ou um acontecimento exterior.”

1

Isabelle Filiozot, A Inteligência do Coração, Lisboa, Ed.Pergaminho, 1999

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Outra ainda refere que “as emoções são estados internos que surgem subitamente e que são detonadas por pensamentos, sensações, reações fisiológicas e comportamentos expressivos específicos.”

Finalmente, e por curiosidade, eis o que dizia um dicionário de 1690: “Emoção: movimento extraordinário que agita o corpo ou o espírito, perturbando-lhe o temperamento e a estabilidade. (...) Por exemplo, um amante sente uma emoção ao ver a sua amada, um cobarde ao ver o seu inimigo...”

Bastante curiosa esta definição, dado que comporta em si mesma alguns dos princípios defendidos pelos atuais especialistas neste domínio.

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2. CARACTERÍSTICAS DAS EMOÇÕES De acordo com Paul Ekman2, as emoções podem ser caracterizada segundo três componentes específicas:

1. Componente fisiológica, ou seja, todas as manifestações fisiológicas das emoções. No medo ou na cólera, por exemplo, são perfeitamente percetíveis a aceleração do ritmo cardíaco, contração dos músculos faciais, na tristeza, pelo contrário, há uma desaceleração do ritmo cardíaco, uma flacidez facial, etc.

2. Componente cognitiva, que está relacionada com os pensamentos associados à emoção sentida. Quando nos sentimos encolerizados, todo o nosso pensamento fica profundamente alterado, como que envolvo numa nuvem que não nos permite pensar noutra coisas que não seja na situação que despoletou em nós aquela emoção. Como acontecia com a Joana. Estava de tal maneira irritada com o condutor da frente, que todo o seu pensamento se canalizava para ele, perdendo inclusivamente a capacidade de escuta do que dizia o filho. Da mesma forma, quando recebemos uma notícia que nos deixa eufóricos, todos os nossos pensamentos são profundamente marcados por essa sensação de boa disposição e alegria e, de repente, até os problemas mais complicados nos parecem fáceis de resolver.

2

Paul Ekman, Basic Emotions in Habdbook of Cognition and Emotion, 1999

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3. Componente comportamental. É a ação que desencadeamos como reação àquela emoção. Saímos do carro e preparamo-nos para a luta? Ultrapassamos o “energúmeno” a toda a velocidade e colocamo-nos à frente?

Em resumo, a emoção é, portanto, uma reação súbita do nosso organismo, com componentes fisiológicas (o nosso corpo), cognitivas (o nosso pensamento) e comportamentais (as nossas ações).

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3.

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QUANTAS EMOÇÕES EXISTEM?

E afinal de contas, quantas emoções existem? Quatro, de acordo com Platão e Aristóteles? Seis, conforme pensava Charles Darwin? No seu estudo sobre a evolução das espécies, este menciona ter identificado a alegria, a surpresa, a tristeza, o medo, a aversão e a cólera. Então e onde é que entram o amor, o ciúme, a inveja, a vergonha? Paul Ekman sugere uma lista maior, de dezasseis emoções,

que

inclui

também:

divertimento,

desprezo, contentamento, embaraço, excitação, culpabilidade, orgulho, satisfação, prazer sensorial e vergonha? Será uma lista suficiente grande para abarcar tudo aquilo que sentimos? Provavelmente, esta é uma pintura com diversas tonalidades, do género de algumas pinturas abstratas com uma miríade de cores em que, muitas vezes, não conseguimos distinguir onde está o amarelo, o azul, ou o vermelho. Todas estão lá, mas devidamente misturadas.

E já agora, será que as emoções são universais? Será que um norte-americano tem as mesmas emoções que um iraquiano? Será que um aborígene da Austrália sente o mesmo que um francês, um inglês ou um português? O que lhe parece?

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Provavelmente sim. Foram feitos vários estudos com esse intuito e, efetivamente, chegou-se à conclusão que existe um conjunto de emoções que são universais, isto é, podem ser identificadas em todos os povos e em todas as culturas nos vários estádios de desenvolvimento.

A componente fisiológica do medo é comum a todos os humanos (e até mesmo a alguns primatas!), tal como sucede com a tristeza, a alegria, a aversão e a cólera. Evidentemente que o que muda são as recordações, os pensamentos ou as situações desencadeadoras das emoções. A mesma anedota poderá ter um enorme impacto junto de um norte-americano e ser indiferente para um iraquiano ou um chinês. Muito provavelmente, falar em público poderá não causar o menor medo a um aborígene, mas poderá tornar a vida num inferno a um formador português.

Em resumo, existe então um conjunto de emoções comuns a todos os seres humanos que são designadas por emoções primárias3 ou fundamentais4.

3 4

António Damásio, O Sentimento de Si, 2000 François Lelord e Christophe André, A Força das Emoções, 2002

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4. PSICOFISIOLOGIA DAS EMOÇÕES Sem nos queremos alongar com pormenores demasiado técnicos, eis uma breve explicação do que se passa ao nível cerebral quando sentimos uma emoção. Durante as emoções, os nossos neurónios de uma determinada parte do cérebro enviam substâncias químicas (hormonas como, por exemplo, o cortisol) para outras regiões do cérebro, provocando um aumento ou diminuição da velocidade dos processos mentais. As diversas emoções que sentimos são produzidas por diferentes sistemas cerebrais.

? Foi com base neste conhecimento que António Damásio decidiu realizar uma série de investigações com quarenta e oito indivíduos voluntários, a fim de filmar as emoções. É isso mesmo! Filmar as emoções. Como? Sabendo que para cada emoção ocorre atividade cerebral numa determinada zona e que se produzem substâncias químicas específicas associadas a essas emoções, foi possível obter imagens dessas alterações cerebrais.

Foi pedido a cada uma das pessoas para recordar sucessivamente momentos alegres, tristes, de medo e de cólera das suas vidas. Depois, através de uma técnica de diagnóstico que regista a atividade cerebral, designada por PET - tomografia por emissão de protões, foram obtidas as imagens que se seguem.

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E o que viu António Damásio? Que a alegria ativa determinadas zonas cerebrais, nomeadamente o córtice pré-frontal, o hipotálamo e o tronco cerebral, enquanto a tristeza as desativa. Verificou Damásio que cada tipo de emoção tem influência numa zona precisa do córtice que envia «comandos» para todas as partes do corpo.

“Numa emoção-tipo, certas regiões do cérebro enviam comandos a outras regiões do cérebro e praticamente para todas as partes do corpo. Estes comandos químicos e neuronais coordenados têm como efeito provocar uma mudança global do estado do organismo”5.

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António Damásio, em entrevista ao jornal Expresso de 10/11/01

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Propomos-lhe um pequeno exercício de memória. Não, não queremos filmar as suas emoções, mas apenas levá-lo a recordar algumas situações de forma a encontrar algumas características das emoções fundamentais.

Lembra-se da última comédia a que assistiu? Ou das brincadeiras no parque com as crianças? Pense nos músculos da sua cara. Como é que ela fica a com as configurações típicas da alegria? Pense na forma como o seu corpo traduzia alegria e entusiasmo. É agradável, não é? Lembre-se que neste momento também lhe podiam filmar a sua emoção, porque embora não a esteja efetivamente a viver, só o facto de a recordar faz atuar exatamente os mesmos mecanismos cerebrais. Isto significa que o nosso cérebro não distingue um sorriso espontâneo de um intencional e que, portanto, nós podemos condicionar o nosso humor. Como diz o adágio popular, “Mais vale um sorriso triste, do que sorriso nenhum.”

Foi fácil, não foi? E acha que é capaz de identificar em si os sinais fisiológicos das outras emoções fundamentais? E nos outros? Será que são facilmente percetíveis? 13 www.nova-etapa.pt


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Porque são essas as emoções que maior influência exercem na nossa vida e na qualidade da relação que estabelecemos com os outros, serão estas alvo de desenvolvimento nos módulos que se seguem.

Em resumo: “Em cada emoção fundamental entram não só a expressão facial ou a postura, mas igualmente o ritmo respiratório. Este último é tão importante que é possível induzir um estado emocional, desde que o indivíduo consiga reproduzir a respiração que a caracteriza”6.

6

F.Lelord e F.André, op.cit

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