GESTÃO DAS FINANÇAS PESSOAIS MÓDULO III
Gestão das Finanças Pessoais
O ORÇAMENTO www.nova-etapa.pt
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Mód. III: O Orçamento
ÍNDICE Módulo III – O Orçamento
3
Objetivos Pedagógicos
3
Conteúdos Programáticos
3
1. Análise de caso
4
2. Fazer o orçamento
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Módulo III – O Orçamento
OBJETIVOS PEDAGÓGICOS No final deste módulo deverá ser capaz de: Avaliar o seu padrão de consumo Efetuar um orçamento mensal. Compreender o que é suportável pelo vencimento
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS Análise de caso; A importância do orçamento Fazer o orçamento
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1. Análise de caso
Fazer um orçamento é uma ferramenta indispensável para a sustentabilidade a longo prazo dos gastos familiares. Outra forma de ver esta questão, fazer o orçamento clarifica as receitas e os gastos do núcleo familiar e permite que a família adote padrões de comportamento de acordo com o mesmo.
Uma das grandes causas do
sobre-endividamento
passa
precisamente
por
ausência
de
esta
planificação. Hoje em dia, com as múltiplas formas de contrair
endividamento,
é
fácil cair no erro de contrair muitas dívidas quase sem dar
por
isso,
conforme
abordado
no
módulo
anterior. Mas nem sempre o problema advém do sobreendividamento,
surge
subtilmente por não ser feito o orçamento, porque tomamos decisões sem ter noção de ser ou não comportável.
O primeiro passo para construir um orçamento deve passar pelo registo das fontes de rendimento, que podem ser unicamente do trabalho dependente ou adicionalmente provenientes de alguma forma de poupança detida (dividendos de ações, por exemplo). Para este efeito não deve ser considerado o rendimento bruto mas sim liquido, deduzido de impostos e contribuições para a segurança social.
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Exemplo: Indivíduo “A” com EUR 1,000 brutos por mês.
Vencimento
EUR 1.000
IRS
EUR
120
Seg. Social (TSU)
EUR
115
Vencimento Liquido
EUR
765
O segundo passo são as despesas. Para ter uma noção exata das suas despesas é recomendável um período de treino durante uma semana antes da primeira elaboração do orçamento, ou seja, todos os dias peça recibos de todos os movimentos financeiros. Quando chegar ao final do dia faça as contas para ver quanto gastou. No final dessa semana veja quanto gastou, em média, por dia. Para algumas pessoas é um verdadeiro choque. Porque muitas vezes não há a verdadeira perceção do efeito “Euro”, ou seja, no ir tomar o pequeno-almoço fora ou comprar revistas com regularidade.
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Por exemplo:
Dia 1 .Pequeno-almoço fora
EUR 3,50
.Revista
EUR 2,00
.Pastilhas (adquiridas no café)
EUR 1,30
.Almoço
EUR 8,00
.Lanche
EUR 4,00
.Chocolate
EUR 2,00
Dia 2 .Pequeno-almoço fora
EUR 3,50
.Pastilhas (adquiridas no café)
EUR 1,30
.Almoço
EUR 8,00
.Lanche
EUR 4,00
.Bolachas
EUR 2,00
Dia 3 .Pequeno-almoço fora
EUR 3,50
.Jornais
EUR 2,00
.Pastilhas (adquiridas no café)
EUR 1,30
.Almoço
EUR 8,00
.Lanche
EUR 4,00
.Chocolate
EUR 2,00
.Jantar fora
EUR 20,00
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Dia 4 .Pequeno-almoço fora
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EUR 3,50
.Almoço
EUR 8,00
.Lanche
EUR 4,00
.Cinema
EUR 10,00
Dia 5 .Pequeno-almoço fora
EUR 3,50
.Revista
EUR 2,00
.Pastilhas (adquiridas no café)
EUR 1,30
.Almoço
EUR 15,00
.Lanche
EUR 4,00
.Jantar
EUR 25,00
Esta pessoa gastou EUR 156,70 em cinco dias, ou seja, gastou em média EUR 31,34 por dia. Este comportamento pode ou não ser comportado tendo em conta (i) as despesas regulares que tem, com a renda, água, luz etc. e (ii) considerando o vencimento semanal ou por hora que tem. Se estes cinco dias forem exemplo do ritmo de consumo do indivíduo “A” então o seu comportamento pode estar acima das suas possibilidades. Considerando os gastos fixos que se seguem: Gastos fixos: Prestação casa
EUR 350
Diversos (água, condomínio,luz,…)
EUR 100
Transportes
EUR 50
Compras para casa (alimentação etc)
EUR 150
Total Gastos
EUR 650
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O indivíduo “A” fica com cerca de EUR 115 para os seus gastos diários, tornando o comportamento que analisámos insustentável. Tem de haver uma reflexão sobre este padrão. Por exemplo, se tomar o pequeno-almoço e o lanche em casa, gera uma poupança de EUR 37,50 por semana. Pode também trazer as pastilhas de casa, comprando algumas no local habitual das suas compras por um preço inferior. O mesmo para as bolachas e o chocolate. Estas duas ações combinadas podem levar a que os gastos que ascendiam a EUR 11,20 sejam reduzidos para mais de metade. Adicionalmente, limitar a aquisição de revistas e jornais para um por semana. É usual no local de trabalho estas publicações serem disponibilizadas ou mais pessoas as lerem. Podem sempre instalar um sistema de trocas, por exemplo.
A maior problemática nos dias de hoje é que somos os últimos a receber pelo nosso trabalho. Esta situação é por vezes muito ingrata porque, no exemplo que estamos a analisar, o indivíduo “A” teria de abdicar parcial ou totalmente das iniciativas sociais onde participa. Dois jantares fora e uma ida ao cinema estão acima das suas possibilidades. Novo padrão de consumo: Dia 1 .Almoço
EUR 8,00
Dia 2 .Almoço
EUR 8,00
Dia 3 .Jornais
EUR 2,00
.Almoço
EUR 8,00
Dia 4 .Almoço
EUR 8,00
.Cinema
EUR 5,00
Dia 5 .Almoço
EUR 8,00
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Mesmo com estas medidas, e uma redução drástica dos gastos semanais para EUR 47 por semana, continua a ser incomportável. Nestes casos, a opção passa por almoçar em casa ou em locais menos dispendiosos. Há ainda outras opções. No último módulo iremos discutir soluções e truques de poupança, no entanto é notório que “A” tem de alterar o seu comportamento. O maior problema é que neste enquadramento não consegue fazer poupança, o que poderá ter graves consequências numa situação de desemprego ou problemas de saúde, por exemplo.
Independentemente do subsídio de férias e de natal colmatarem algumas dificuldades que este indivíduo possa sentir no seu dia a dia, o facto é que não deveria depender dos mesmos para assegurar a sua sobrevivência.
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2. Fazer o orçamento
Conforme referido, o orçamento familiar é a melhor forma de estruturar os hábitos de consumo de um núcleo familiar, porque permite uma disciplina no comportamento que de outra forma seria impossível. Ter um orçamento atualizado e que seja a reflexão das suas possibilidades permite o que todos os seres humanos querem – não viver para o dinheiro.
Primeiro passo – o lado dos ativos financeiros, ou seja, de todas as fontes de rendimento. Estas fontes de rendimento podem estar associadas ao trabalho dependente, o mais comum, a rendimentos de capitais, ou resultados da empresa caso seja empresário. Inclua também subsídios e todas as outras formas de rendimento que possua. O mais importante é ter uma ideia clara do rendimento efetivo que está a auferir. Depois de recolher estes dados, passe os números para rendimento liquido, ou seja, calcule a média da taxa de imposto, das contribuições para a segurança social e subtraía para obter o rendimento liquido. 10 www.nova-etapa.pt
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Segundo passo – o lado dos passivos financeiros, ou seja, de todas as despesas e gastos que tenha. Nesta fase é recomendável que faça a experiência mencionada no estudo de caso e guarde recibos de todas as transações que efetuar. Recolha ainda todos os extratos bancários para ver as despesas que lhe são debitadas durante o mês.
Há várias formas de tratar as despesas, no entanto como será sempre por este lado que eventuais ajustes no comportamento terão de ser feitos, é recomendável uma divisão em: .Gastos fixos
- Prestação Casa - Prestação carro - Prestação da televisão por cabo - Seguros - Condomínio 11 www.nova-etapa.pt
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- Ginásio - Internet - Empréstimos ao consumo (eletrodomésticos, etc) - Colégios - Almoços no colégio - Atividades escolares
.Gastos variáveis recorrentes prioritários
- Alimentação - Água - Luz - Saúde - Despesas com material educativo - Telefone / Telemóveis - Gasolina .Gastos variáveis (Outros) - Entretenimento - Atividades fora de casa - Férias - Aniversários - Hobbies - Dinheiro de bolso (revistas, cafés, …)
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A importância do orçamento: (i) Fica com uma ideia clara das despesas que têm (ii) averigua se o rendimento mensal comporta os custos mensais (iii) vê o montante afeto aos custos, à poupança, e para si.
Os gastos mensais não devem exceder em 50% os rendimentos mensais. Em qualquer situação em que excedam 50% deixa vulnerável todo o agregado familiar a uma situação pontual ou emergência.
Em resumo:
Para fazer o orçamento é preciso ter em mente as cinco regras previamente enunciadas. Porque se vai alterar o seu padrão de gastos deve alterá-lo de forma sustentável.
O primeiro passo para fazer o orçamento é estudar-se a si próprio e à sua família. Faça a atividade e durante uma semana recolha as faturas e recibos de tudo o que gastou. Os resultados são, por norma, interessantes.
Em seguida, coloque a sua vida a nu, por assim dizer, analise os seus números, de um lado os ganhos e de outro os gastos. Com esta análise terá uma perceção mais adequada do seu poder real de compra e dos excessos que está a cometer. Por outro lado também verá o seu endividamento, um tema bastante sensível para bastantes famílias mas que pode ser gerido, conforme veremos no módulo seguinte.
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