GESTÃO EM FINANÇAS PESSOAIS MÓDULO II
Gestão de Finanças Pessoais
CINCO REGRAS EM FINANÇAS PESSOAIS www.nova-etapa.pt
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Mód. II : Cinco Regras em Finanças Pessoais
ÍNDICE Módulo II – Cinco Regras em Finanças Pessoais
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Objetivos Pedagógicos
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Conteúdos Programáticos
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Cinco Regras em Finanças Pessoais
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1. Gerir dinheiro é uma questão racional e emocional
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2. Aprender errando ou planeando
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3. Pesquisar, Planear, Priorizar
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4. Gerir é saber gastar e poupar
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5. Não saber gerir é estar vulnerável
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Módulo II – Cinco Regras em Finanças Pessoais
OBJETIVOS PEDAGÓGICOS No final deste módulo deverá ser capaz de: • Identificar cinco regras para a gestão eficaz do dinheiro;
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS • Cinco Regras sobre a essência da gestão do dinheiro: Regra I – Gerir dinheiro é uma questão racional mas também emocional Regra II - Só existem duas formas de aprender a gerir: por “tentativa e erro” ou planear. Regra III – Pesquisa, planeamento, prioridades Regra IV – Ser bem-sucedido na gestão das suas finanças depende tanto da forma como se gasta como da forma de poupança. Regra V – Não poupar torna todo o agregado familiar vulnerável. Esta vulnerabilidade é visível tanto no curto como no longo prazo.
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Cinco Regras em Finanças Pessoais O tempo e o dinheiro são bens escassos e a realidade é que só vivemos uma vez. Não ter uma gestão adequada do dinheiro no dia a dia tem impacto em tudo o que nos rodeia, no nosso agregado familiar. Antes de passar aos módulos seguintes e tendo presente os conceitos previamente aprendidos, existem cinco regras ou lições que é necessário que todos os indivíduos tenham em mente sobre a essência da gestão do dinheiro.
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Regra I – Gerir dinheiro é uma questão racional mas também emocional A aspiração a um determinado estilo de vida acaba por dar origem a um padrão de consumo muitas vezes superior ao que é possível comportar com os rendimentos auferidos. Todos querem ver os frutos do trabalho e desenvolvem o fator “querer mais”, mais casa, mais carro, mais joias, mais plasmas, mais férias etc.
O ser humano é um ser racional com comportamentos emotivos. Racionalmente existe a plena consciência de que não se deve gastar mais do que se recebe. Não obstante, com o avançar da carreira e da idade, esta realidade passa para segundo plano:
Desenvolvimento de novas necessidades. Os estudantes, por exemplo, acabam por ser, geralmente, peritos na gestão de um orçamento bastante limitado. Quando começam a trabalhar e o orçamento a aumentar tornamse mais exigentes e acabam por criar novas necessidades.
Pressão dos pares. Num mundo competitivo onde os incentivos para sermos mais passam muitas vezes por mostrar que temos mais, o indivíduo tem a tendência para sucumbir ao mundo que o rodeia e cair numa espiral de consumo. 5 www.nova-etapa.pt
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Alteração das prioridades. É usual ouvir dizer que quando somos mais novos temos tempo para tudo e quando temos responsabilidades diferentes acaba o tempo livre. Esta premissa não é inteiramente verdadeira. O que sucede é que quando somos crianças nós estamos no centro do mundo. Os adultos colocam a carreira, o dinheiro, as responsabilidades primeiro. E esquecem-se muitas vezes do mais importante – nós trabalhamos para viver, não vivemos para trabalhar. E acabam por contrair crédito atrás de crédito para colmatar os dois fatores previamente enunciados, condicionando a sua qualidade de vida.
Gerir dinheiro é então uma questão racional e emocional porque a forma como o gerimos influencia a forma como vivemos. Mas é também uma questão emocional pelo desgaste emocional que uma gestão irrefletida gera.
Racionalmente não devemos gastar mais do que ganhamos. No entanto, perante os fatores que falámos, a resposta que a generalidade das pessoas encontra é o crédito bancário. 6 www.nova-etapa.pt
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O crédito bancário não é necessariamente mau (um tema que abordaremos no módulo IV). No entanto, o acumular de créditos, nomeadamente créditos “corrosivos”, alteram drasticamente a forma como a gestão mensal do crédito é efetuada.
Num contexto destes o desgaste emocional de ver a conta bancária todos os meses a ser esvaziada para pagar prestações e juros dos créditos em que incorremos é enorme.
Adicionalmente quem tem filhos
e
está
situação
numa
financeira
complicada, tem sempre a tendência de esconder a realidade às crianças / adolescentes.
Um
conselho
para
esta
situação:
os
filhos
percebem sempre quando alguma coisa não está bem. Existem sempre formas de criar a consciência nas crianças / adolescentes de que é necessário alterar algumas coisas sem criar ansiedades e preocupações. Se não existir esta franqueza no núcleo familiar a pressão emocional e o desgaste são sempre maiores. É importante notar que os nossos hábitos de consumo e poupança surgem primordialmente por imitação, ou seja, existe a tendência de aprendemos com os nossos pais. Quando mais cedo a noção de gestão financeira for incutida nas crianças, mais responsáveis serão enquanto adultos.
Gerir o nosso dinheiro e usá-lo corretamente é adquirir controlo sobre a nossa vida e atingir um patamar de equilíbrio e bem-estar emocional que acaba por servir de exemplo no núcleo familiar. 7 www.nova-etapa.pt
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Regra II - Só existem duas formas de aprender a gerir: por “tentativa e erro” ou planear
É importante perceber que esta questão não tem ligação com o rendimento que auferimos. Pessoas com rendimentos altos tomam más decisões financeiras e acabam por sofrer com elas e pessoas com rendimentos mais baixos também. “Errar é humano” é um cliché que ouvimos desde que nascemos. E não deixa de ser uma das maiores verdades de sempre. Aprender ou não com os erros é a questão mais importante. Todos tomamos decisões que questionamos mais tarde, o que não é problemático. O único cenário onde é preocupante é se tomamos essas decisões recorrentemente. Um exemplo: Uma pessoa que recebe um vencimento mensal e sabe que só volta a receber no mês seguinte. Se gastar tudo na primeira semana recorre a um cartão de crédito ou a um empréstimo. No mês seguinte, este comportamento tem consequências, têm de ser pagos juros, tem de ser pago o montante que foi gasto antecipadamente etc.
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Nesta situação existem dois cenários - ou o individuo altera o seu comportamento por forma a não voltar a incorrer nesta situação ou comete este erro sistematicamente e entra numa espiral de crédito com maus resultados.
Este tipo de comportamentos podem começar a ser moldados na criança desde cedo. Uma criança recebe uma mesada e sabe que esse dinheiro tem durar para todo o mês. Se o gastar na primeira semana, acaba por pedir dinheiro aos pais. No mês seguinte volta a fazer a mesma coisa e acaba por pedir novamente aos pais. Há aqui um padrão que não é positivo.
A maior parte das pessoas acaba por tomar decisões menos favoráveis pelo menos uma vez na vida. O que não é necessariamente mau se se aprender alguma coisa com essas decisões. Não obstante, a maior parte das pessoas também começa a demonstrar uma grande preocupação em planear e organizar os seus gastos, o que mostra uma consciência da necessidade de saber gerir o dinheiro.
Importa sublinhar que muitas pessoas, no que concerne a finanças pessoais, em várias ocasiões nem sempre sabem que têm outras opções e que deviam tomar outros caminhos. A literacia financeira e noções como o orçamento nem sempre fazem parte do conhecimento dos agentes económicos, o que pode limitar a forma como tomam decisões.
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Regra III – Pesquisa, planeamento, prioridades
Antes de tomar qualquer decisão pesquisar, planear e criar uma lista de prioridades, ajudam a ter um perspetivo real do custo de efetuar essa decisão.
Pesquisa – Numa palavra, informação. Quanto mais informação mais preparada se está para tomar uma decisão. Somos todos diferentes portanto não há uma solução única sobre a melhor forma de pesquisar. Alguns preferem ler, outros procuram conselhos de pessoas com mais conhecimento e outros ainda que procuram exemplos em comportamentos próximos.
Quando procurar conselhos de outras pessoas lembre-se sempre que ninguém detém nenhuma fórmula mágica para o sucesso que seja igual para todos. Por isso é importante procurar ouvir e informar-se utilizando diversas fontes de informação e ver o que é melhor para si.
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Relembrando a lição 1 todos somos emocionais. Nomeadamente nas compras que fazemos. Efetuar pesquisa sobre os preços e variedades de um terminado produto permite ter algum tempo para reflexão e decidir, por lado, se este é o melhor momento para adquirir o referido produto, qual a forma de aquisição ou mesmo se realmente é um produto necessário. Esta reflexão está ligada à noção de custo de oportunidade que explorámos no módulo anterior. A aquisição compulsiva de artigos que não são bens de primeira necessidade é um sinal de alarme para o principio do sobre-endividamento e para o endividamento corrosivo. Por exemplo, estou a pensar em comprar um plasma. Pesquiso primeiro para ver os preços (nomeadamente
on-line)
e
mesmo depois de ter achado o que considero o melhor preço devo refletir sobre o benefício de ter mais um plasma. E se a aquisição for a crédito, ter noção que vou ter uma prestação adicional por mês para pagar.
Planear – a melhor forma de evitar incorrer em surpresas desagradáveis é planear as aquisições. Planear pressupõe o “quando” e o “como”, ou seja, qual o momento em que efetuo a aquisição e a forma como a vou fazer.
Existem vários artigos, por exemplo, que entram em promoção depois do Natal. Se estou em novembro e a poupança que farei em janeiro é significativa, tenho de refletir sobre o momento de aquisição. Além disso, muitas
vezes
é
utilizado
como
chamariz
a
possibilidade de pagar em várias vezes sem juros. O custo mensal é real na mesma.
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E coloca-se a questão do custo de oportunidade: será que este investimento não tem um custo de oportunidade muito alto?
Outro exemplo comum é a utilização do subsídio de Natal para efetuar aquisições de bens dos quais a necessidade é relativa. Não seria melhor poupar esse rendimento?
O que nos leva à questão das prioridades. A capacidade de geração de dinheiro do ser humano é limitada contudo nem por isso é a sua capacidade de o gastar. Planear tem subjacente a hierarquização das prioridades do consumidor.
Posso querer uma nova máquina de café e tenho dinheiro para a adquirir mas será que isso é mais importante do que um casaco? Não podendo adquirir os dois em simultâneo mas sabendo que o quero fazer, tenho de ver qual valorizo mais neste momento e planear a aquisição.
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Regra IV – Ser bem-sucedido na gestão das suas finanças depende tanto da forma como se gasta como da forma de poupança
As três lições anteriores aplicam-se tanto ao consumo como à poupança. Muitos pequenos investidores em Portugal têm o seu dinheiro investido em ações. O sucesso deste investimento vai depender do grau de conhecimento do mercado de capitais. Se não souber os princípios básicos sobre a forma como este funciona está a sujeitar-se a incorrer em perdas significativas. Por exemplo, é possível investir num título o qual tem opiniões positivas de todos os intervenientes no mercado e na realidade a empresa que representa estar a atravessar uma má fase. A não ser que já saiba como obter informação e compreendê-la, investir em produtos do qual não se possui o mínimo conhecimento pode ter resultados desastrosos.
Além disso também é relevante analisar e definir os objetivos da poupança para a gerir da melhor forma. Se estou a poupar para a reforma, por exemplo, não quero investir em nada com muito risco. 13 www.nova-etapa.pt
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Se estou a investir só uma pequena parte do dinheiro que poupei para tentar obter lucros sem colocar em causa o resto das poupanças posso investir em produtos com mais risco.
Poupar para a faculdade dos filhos, por exemplo, já pressupõe um plano mais estruturado e com um risco num patamar reduzido também. As instituições bancárias dispõem de um conjunto de produtos adequados aos vários perfis de risco. Só é necessário perder um pouco de tempo e recolher informação.
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Regra V – Não poupar torna todo o agregado familiar vulnerável. Esta vulnerabilidade é visível tanto no curto como no longo prazo As implicações imediatas surgem quando
há
uma
situação
de
desemprego inesperada ou doença que exija um montante avultado de tratamentos.
O
aconselhável
é
sempre ter em poupança sem risco o equivalente a um ano de gastos. Isto parece uma brutalidade mas permite precaver-se contra todo os riscos imediatos que possam surgir e mais importante, compra-lhe tempo de reação, que de outra forma não teria. Além disso, torna o acesso ao crédito, caso seja necessário em situações mais extremas, mais fácil.
No longo prazo estas implicações são também visíveis. A incerteza quanto à sustentabilidade dos sistemas de segurança social coloca questões pertinentes no que concerne à poupança para a reforma. Um sistema eficiente de segurança social devia ter três pilares - o do estado, os fundos de pensões das empresas e a poupança pessoal. Em Portugal, à semelhança de outros países, existe muita dependência do primeiro pilar referido.
Colocar o futuro das reformas somente no primeiro pilar e assumir que o estado o vai sempre assegurar é assumir um risco considerável. Basta pensar que a população hoje está cada vez mais envelhecida e que todos os anos são mais as pessoas que são reformas do que as que entram para a população ativa. Ou seja, somos os mesmos a descontar para cada vez mais pessoas. Esta situação é insustentável por isso se tem tomado algumas medidas extraordinárias para tentar garantir a sustentabilidade destes sistemas de segurança social, que passam pelo aumento da idade da reforma ou pela alteração do cálculo da mesma.
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Em resumo:
O maior erro que as pessoas fazem é olhar para o dinheiro como um fator financeiro. O ser humano é um ser racional, como os nossos professores da primária gostavam de apontar, mas também é emotivo. Como tal, todas as decisões que são tomadas acabam por ter um impacto profundo em tudo o que nos rodeiam. e são influenciados pelo mesmo também.
É por isso que devemos aprender as lições que a vida nos trás, e sobretudo aprender e desenvolver mecanismos de defesa, planear, pesquisar, definir prioridades, saber gastar e saber poupar.
No fundo, porque não saber gerir, ou seja, gastar e mesmo poupar de forma inadequada nos torna vulneráveis. Torna todo o agregado familiar vulnerável.
Uma má gestão é desgastante para quem a pratica mas também para quem a rodeia porque vê os efeitos nefastos da mesma.
As cinco regras apresentadas são regras base para uma gestão equilibrada. Antes de passar ao módulo seguinte deverá retê-las.
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