MÓDULO III
GESTÃO DAS EMOÇÕES
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Mód.III: Gestão das Emoções
ÍNDICE
Módulo III – Gestão das Emoções
3
Objetivos Pedagógicos
3
Conteúdos Programáticos
3
1. A Inteligência Emocional na Atividade Profissional
4
2. O Conhecimento do Próprio Indivíduo
10
3. A Cólera
15
4. O Medo
24
5. A Alegria
28
6. A Tristeza
32
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Módulo III – Gestão das Emoções OBJETIVOS PEDAGÓGICOS No final deste módulo deverá ser capaz de: Identificar as componentes da inteligência emocional na atividade profissional; Reconhecer que o interesse que se tem pelas outras pessoas assume uma importância fundamental; Tomar consciência de que a pessoa é aquilo em que acredita; Selecionar os valores que conduzem à felicidade ou infelicidade. Identificar os benefícios da raiva; Reconhecer os mecanismos de defesa da raiva; Aplicar estratégias para enfrentar bloqueios emocionais; Identificar as funções do medo; Aplicar estratégias para lidar com o medo; Identificar as principais vantagens da alegria; Utilizar estratégias para aproveitar adequadamente a alegria; Identificar as funções da tristeza; Aplicar estratégias para gerir convenientemente a tristeza.
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS As componentes da Inteligência Emocional na atividade profissional O conhecimento do próprio indivíduo Benefícios da raiva; Mecanismos de defesa da raiva; Estratégias para lidar com bloqueios emocionais decorrentes da raiva; Funções vitais do medo; Estratégias para lidar com o medo; Principais vantagens da alegria; Formas de aproveitar adequadamente as vantagens da alegria; Funções vitais da tristeza; Estratégias para gerir eficazmente a tristeza. 3 www.nova-etapa.pt
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1. A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL NA ATIVIDADE PROFISSIONAL As empresas europeias estão a utilizar apenas 20% da inteligência dos seus colaboradores, segundo um inquérito efetuado pela Fundação Suíça Gottilieb Dutweiler. Este desperdício é grave porque é nele que está a vantagem competitiva dessas empresas. António Damásio, no seu livro “O Erro de Descartes” escreve, a determinado momento, algo muito importante, mais concretamente:
“É verdade que o excesso de emoções pode confundir o raciocínio. No entanto, no nosso mundo empresarial é o inverso que é mais verdadeiro e o principal problema, uma vez que a escassez de emoções pode impedir ou parar o raciocínio.” Através desta frase é fácil de perceber que um dos erros que foram e naturalmente ainda continuam a ser cometidos nas empresas é a falta de emoção na sua gestão. Olhando para a forma de gerir dos últimos anos, fruto de circunstâncias diversas, verificamos que as empresas têm-se preocupado fundamentalmente com a contabilidade, com a redução de custos, com as engenharias, com a normalização, etc. O acabado de referir é essencial na vida de uma empresa mas, falta algo mais, isto é, falta O HOMEM TOTAL. Se refletirmos um pouco sobre os problemas das empresas, verificamos:
Problemas de comunicação; Problemas ao nível da desmotivação; Falta de interesse com o consequente não envolvimento das pessoas nos
projetos da empresa;
Etc., etc. 4 www.nova-etapa.pt
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Então o que se deve fazer? – A verdadeira vantagem competitiva que as empresas tanto procuram e tanto precisam, está na combinação das competências individuais, nas atitudes profissionais, nas formas de comunicação, essas sim, difíceis de copiar pela concorrência. É isto que está em falta, alguma coisa que anime este tipo de reações e desenvolva a competência ao sistema. Muitas empresas têm-se esquecido de “colocar” a inteligência emocional nos modelos de competências. E na verdade a distração deve ser grande, porque basta verificar a definição de competência:
“Conjunto de conhecimentos, capacidades, traços de caráter, atitudes, valores, ou seja, qualquer característica individual que possa ser medida com fiabilidade e ser relacionada com um desempenho eficaz numa atividade profissional.” Por outro lado, na resultante das competências há três fatores determinantes que dependem uns dos outros: saber agir, para o qual é necessário formação, o poder agir, para o qual é necessário construir o contexto adequado, e o querer agir, onde situamos a Inteligência Emocional. Finalmente é preciso ir-se para além da inteligência racional, para que a própria economia das competências não se reduza a uma economia de saberes ou de informação. É necessário que cada pessoa, sobretudo através seus pontos fortes possa definir, desenvolver e valorizar os seus investimentos profissionais, onde vai precisar, muito naturalmente, de autonomia e liberdade. Nos tempos atuais, há um grande desfasamento entre as competências emocionais detidas pelos nossos líderes empresariais e as necessidades exigidas neste mesmo domínio. Daí, a enorme dificuldade em se criar um ambiente organizacional onde as pessoas possam trabalhar juntas e desenvolver trabalhos de equipa em novos moldes. Para que nos servem modelos e estratégias altamente elaborados para o século XXI quando os homens ainda permanecem no século XIX? 5 www.nova-etapa.pt
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É necessário, se pretende uma gestão eficaz, que na formação dos colaboradores apareça a Inteligência Emocional. É que o futuro será tanto mais risonho, quanto maior for a formação da população da empresa e dos seus gestores em particular. Podemos então dizer, sem grandes erros, que o mundo do trabalho encontra-se em transformação. A avaliação do desempenho profissional passou a ter em conta a forma como gerirmos os outros e a forma como nos gerimos a nós próprios. Nestas palavras está implícita uma palavra muito querida dos profissionais de Recursos Humanos. A Liderança. Sem uma liderança adequada, eficaz, muito dificilmente se conseguirão atingir os objetivos previamente estabelecidos. As competências técnicas, isto é, aquilo que aprendemos na escola, os cursos de formação que vamos frequentando ao longo da vida, são importantes para a nossa atividade profissional, mas esta nova medida parte do princípio de que se as pessoas estão a desempenhar determinada função é porque têm conhecimentos académicos e profissionais para isso. Porém, esta nova medida centra-se em qualidades pessoais como a iniciativa, a empatia, a adaptabilidade e a capacidade de persuasão.
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As cinco componentes da inteligência emocional na atividade profissional: COMPONENTES
DEFINIÇÃO
AUTOCONHECIMENTO
Capacidade para reconhecer e perceber os seus estados de espírito, emoções e energias, bem como os seus efeitos nos outros.
AUTOCONTROLO
MOTIVAÇÃO
EMPATIA
COMPETÊNCIA SOCIAL
CARACTERÍSTICAS
Autoconfiança; Autoavaliação realista; Sentido de humor autocrítico.
Capacidade para controlar ou redirecionar impulsos ou estados de espírito disruptivos;
Honestidade e Integridade;
Propensão para manter avaliações em suspenso pensar antes de agir.
Abertura à mudança.
Paixão pelo trabalho por razões que transcendam dinheiro ou status social; Propensão para perseguir objetivos com energia e persistência.
Capacidade para perceber a estrutura emocional das outras pessoas;
Conforto em relação à ambiguidade;
Vontade extrema para atingir um objetivo; Otimismo, mesmo perante um fracasso; Empenhamento organizacional.
Mestria em edificar e reter talentos;
Competência para tratar as pessoas de acordo com as suas reações emocionais.
Sensibilidade intercultural;
Eficácia em gerir relacionamentos e construir redes e contactos;
Eficácia em lidar com a mudança;
Capacidade para encontrar pontos em comum e construir um relacionamento amoroso.
Mestria em construir e liderar equipas.
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Serviço a clientes.
Persuasão;
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Independentemente dos aspetos acabados de referir, a nível profissional a inteligência emocional pressupõe que é a pessoa que se dirige a própria vida, relacionando-se bem com os outros, sejam eles difíceis ou fáceis de se lidar. Também a maneira como a pessoa resolve as situações da sua vida, de modo a conseguir os resultados que deseja.
A inteligência emocional depende da capacidade intelectual, da flexibilidade mental, da determinação, do bom estabelecimento de objetivos e, principalmente, do bom equilíbrio emocional. Importante também, é o interesse que se tem pelas outras pessoas. 1.
Saber que cada um é um, e tem o seu próprio modo de ser, de interpretar os
factos e de armazenar as suas experiências de vida. 2.
Aquilo que é bom para mim, pode não ser bom para o outro e, mesmo assim,
podemos perfeitamente manter um relacionamento produtivo e adequado. 3.
Saber validar o ponto de vista do outro, mesmo que seja totalmente diferente do
meu. Quando falo em validar, não significa concordar e mudar a minha opinião, mas simplesmente compreender que a outra pessoa pensa de outro modo. 4.
Compreender que o nosso poder está no momento presente. Aquilo que fizermos
agora vai influenciar acontecimentos futuros, levando-nos para onde queremos ir ou afastando-nos de nossos objetivos. 5.
Aproveitar experiências passadas, tirando das mesmas ilações, tenham elas sido
boas ou más. Assim, podemos reformular as nossas estratégias de ação, no sentido de atingir as metas propostas de forma eficiente e compensadora. 6.
Treinar a nossa perceção e acuidade sensorial, para cada vez mais podermos
detetar os nossos estados internos, o que nos causa alegria, o que nos causa medos, o que nos causa ira, o que nos causa felicidade, etc.
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7.
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Assumir uma imagem de isenção em relação a nós próprios, que permita assumir
a responsabilidade sobre os fracassos pessoais pelos quais somos responsáveis, sejam eles quais forem.
O desempenho profissional envolve o cérebro total, é o uso combinado dos mecanismos cognitivos e emocionais que nos permite uma perspetiva de melhoria contínua e continuada da nossa ação no trabalho. Utilizar referências dos estudos que têm demonstrado a importância do investimento individual na aprendizagem emotiva pode ser um instrumento para a criação e incorporação de valor relacional no trabalho e motor para uma mudança interior que resulte em mais sucesso e realização.
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2. O CONHECIMENTO DO PRÓPRIO INDIVÍDUO
“É mais difícil chegar a uma pessoa do que chegar a Marte.”
José Saramago É ao nível do Indivíduo que interpreta os factos que se encontram as formas de gestão do equilíbrio que permitem o seu bem-estar e harmonia interior. Todavia, essa interpretação não é inteiramente consciente (em grande parte é inconsciente) sendo estruturada nomeadamente a partir de registos animais arcaicos e de registos da história do próprio indivíduo. É o conjunto de valores e convicções (que se vão estruturando desde a infância) que gera coerência entre o que fazemos e o que queremos. Que enforma a nossa resposta. Valores
e
convicções
que
se
encontram
consolidados
na
memória
podem
paulatinamente serem alterados. Essas mudanças serão mais facilmente introduzidas se forem provenientes da memória evocável e não da zona inconsciente do Ser. Como é através dos cinco sentidos que se conhece o ambiente que nos cerca, estar “aqui e agora” torna-se essencial como técnica provocada para escapar a diálogos circulares e viagens interiores, frequentemente negativos. Fazer uma alteração para o referencial das sensações (através da utilização de técnicas próprias) faz com que pensamentos e sentimentos negativos percam a sua base de ancoragem nas rotinas estabelecidas. De acordo com o enquadramento teórico de Piaget, cada conduta nova consiste não só em restabelecer o equilíbrio perdido como tende a torná-lo mais estável do que o do estádio anterior à perturbação. É a afetividade que constitui a mola das ações, que confere um valor às ações e lhes regula a energia. A inteligência fornece os meios e aclara os objetivos. A vontade é um regulador de energia (não energia em si mesma) que intervém quando se dá um conflito de tendências. 10 www.nova-etapa.pt
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Remodelar situações de uma forma positiva através de um processo consciente que influencie o inconsciente pode permitir originar prazer, em vez de desprazer e ansiedade. Não se pode viver permanentemente em estado de prazer, embora se possa aumentá-lo substancialmente de uma forma natural. Quando o desprazer surge, o consciente suportado no princípio da realidade pode sustentar a situação (autodomínio) e aguardar better opportunity para a descarga de tensão. Essa capacidade de autodomínio está sediada no corpo e no pensamento e pode ser trabalhada, por exemplo, através dos processos de respiração e relaxação. Segundo António Damásio na sua obra “O Sentimento de Si”, o sentimento do próprio corpo é a base do self. Os sentimentos são tão cognitivos como qualquer outra imagem percetual e tão dependentes do córtex cerebral como qualquer outra imagem. A sua influência é imensa. O sofrimento proporciona a melhor proteção para a sobrevivência, uma vez que aumenta a probabilidade de darmos atenção aos sinais de dor e de agirmos no sentido de evitar a sua origem ou corrigir as suas consequências.
“O homem é aquilo em que acredita”. Anton Tchekhov A possibilidade de desenvolvimento no plano afetivo, social, espiritual, psicológico, intelectual e material, é um processo que pode nortear uma vida inteira e que está sempre em construção. Esse processo assenta em grande parte em valores e convicções que, não sendo definitivos, evoluem com o tempo. As convicções constituem aquilo em que acreditamos, e que com maior ou menor profundidade pode dar sentido à nossa vida.
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Funcionam como diretivas que regem o nosso cérebro. Uma convicção manejada positivamente pode ser um instrumento poderoso. Uma convicção que entrave a ação é, ao contrário, perniciosa. Consciente
ou
inconscientemente
podemos escolher ser felizes ou
infelizes,
selecionando as convicções que nos dirigem. Os valores existem mais ou menos estruturados socialmente em cada momento, influenciando os indivíduos que os interiorizam em maior ou menor grau. Inversamente e de forma dinâmica os indivíduos vão gerando novos valores que a sociedade eventualmente adota de uma forma mais ou menos generalizada. Alguns valores a adotar:
Desprendimento face à não obtenção do que se
pretendeu. O importante é viver!
Franqueza
–
Expressar
sentimentos
livre
e
apropriadamente. Evitar a acumulação de tensões no interior da pessoa.
Responsabilidade – Tomar o destino nas próprias mãos.
Se mudarmos os pensamentos mudamos os sentimentos.
Empenhamento – Gostar do que se faz.
Fazê-lo empenhadamente!
Autocontrolo – Não procurar demasiado bem-estar.
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Estar preparado para o desconforto e sofrimento, com um sentimento paralelo de melhoria de situação.
Amor – Dar mais que receber.
Destacamento emocional – dar mesmo sabendo que não vai ter contrapartida do recetor.
“Coragem não é a ausência do medo, mas antes a capacidade de agir face ao medo.” Nancy Aderson Não são os acontecimentos em si mesmos que provocam a raiva, mas a forma como avaliamos esses acontecimentos. O conhecimento de que somos nós próprios a originar a nossa própria raiva, ensina-nos a transformá-la em ação positiva. A raiva é quase sempre provocada por sentimentos e pensamentos negativos, problemas não resolvidos no passado, problemas monetários, conflitos laborais, problemas familiares, críticas injustas, incompetência. Se se souber o que a provoca, podem desenvolver-se técnicas antecipadas que permitam gerir essa provocação, pode aprender-se a evitar as situações ou os pensamentos que a disparam e podem praticar-se técnicas que ajudam a tolerar situações de raiva. Como com todas as emoções que o nosso corpo exprime, não se elimina o medo, aprende-se a viver com ele. Perante um medo estruturado é importante ter persistência e trabalhar os objetivos um por um, praticando, permitindo que os sentimentos surjam, esperando e aceitando o medo, não lutando contra ele nem fugindo, permanecendo e resistindo, fazendo algo que ajude a permanecer na situação e concentrando-se no aqui e agora, até que o medo diminua. 13 www.nova-etapa.pt
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Frequentemente, passam-se largas horas em empregos difíceis e carregados de tensões e, de regresso a casa, não se vai ao encontro de um local de apoio ou conforto, mas de um sítio para se extravasarem ou escamotearem sentimentos gerados por um mau dia de trabalho. Quem não se sente bem no seu trabalho tem a possibilidade limitada de ser feliz em casa, originando com frequência compensações negativas – ausências psicológicas ou agressão. A frustração desencadeia sentimentos de raiva contra si próprio, que por vezes se manifestam sob forma de depressão ou retraimento. Uma vida equilibrada é fundamental para um bom equilíbrio psicológico, princípio esquecido e pouco praticado. É importante equilibrar as várias componentes de vida.
A INTELIGÊNCIA EMOCIONAL “…O artigo de McClelland, ‘Testing for Competence Rather than Intelligence’, 1973, inverteu os termos de debate. Nele defendia que a tradicional aptidão académica, as habilitações literárias e os estudos avançados não podiam simplesmente antecipar o bom desempenho de uma pessoa num emprego ou se teria êxito na vida. Em seu lugar, propunha uma ideia de que um determinado conjunto de competências, incluindo a empatia, a autodisciplina e a iniciativa, distinguia os mais bem sucedidos daqueles que eram apenas suficientemente bons para conservar o emprego.” (in Daniel Goleman, Inteligência Emocional)
Verificou-se, nas investigações efetuadas no último quarto do séc. XX, em todas as observações, a existência de um núcleo comum de capacidades, quer pessoais quer sociais – “A Inteligência Emocional”
“Na sua vida quantos usam a álgebra na resolução de uma equação de 2 incógnitas; e quantos têm de enfrentar as próprias emoções e as dos outros”. 14 www.nova-etapa.pt
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3. A CÓLERA Tanto os maus como os bons humores temperam a vida e contribuem para construir o nosso caráter. A chave do nosso equilíbrio está na relação adequada entre os dois. Como é evidente, temos pouco controlo sobre nós próprios quando a cólera invade. Foi o que aconteceu com a Joana, a personagem da introdução. Ficou de tal forma dominada pela emoção da cólera que chegou a perder a capacidade de escuta. As consequências não foram muito agradáveis, temos de convir... O que poderia ela ter feito naquela situação? Na verdade, quanto mais pensamos no que vamos fazer (componente cognitiva da emoção), mais aumenta o nosso sentimento de raiva ou cólera. As explosões de cólera aumentam a nossa queimadura interior para nos deixar ainda mais ansiosos, nunca menos.
3.1 - AS RAZÕES DA CÓLERA De todos as emoções, a cólera, raiva, ira ou irritação, como lhe quisermos chamar, parece ser a mais difícil de descarregar. No entanto, tal como todas as reações do nosso organismo, ela tem uma função. No caso da cólera, ela responde a um instinto arcaico de sobrevivência. Perante o perigo, o corpo prepara-se para a ação - atacar. Inconscientemente, grita-se, cerra-se os punhos, avança-se para intimidar o potencial adversário (componente comportamental da emoção). Paralelamente, as substâncias hormonais libertam-se (componente fisiológica da emoção) e permitem o acentuar da sensação de poder e até uma diminuição da dor. Felizmente, na maioria das vezes, refreamos a nossa fúria e não chegamos a bater em ninguém. Mas desgastamos a nossa energia em vão.
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A raiva ou cólera é uma resposta mal adaptada a um contexto particular. Aquele sobre o qual a lançamos não é mais do que o nosso “bode expiatório” que nos permite descarregar as nossas tensões e frustrações diárias. A nossa Joana, como vimos, estava já suficientemente stressada, depois de um acordar atribulado, onde se acumulavam várias emoções em catadupa. Noutro dia mais feliz, poderia até ter dado passagem ao condutor apressado e não atribuir qualquer importância ao seu gesto.
Então porque razão, a mesma situação ou acontecimento pode num dia levar-nos a ter um acesso de cólera, e noutro dia não?
Na verdade, a nossa cólera é o resultado de uma série de avaliações psicológicas que fazemos de forma quase instantânea, acerca do que nos aconteceu. Na nossa cabeça, avaliamos se o acontecimento é:
Indesejável: o acontecimento desencadeador ocorre devido a uma frustração, algo que aconteceu e que nós não desejámos;
Intencional: Será que houve vontade intencional de nos prejudicar? O acontecimento ter ocorrido por ação involuntária ou voluntária, faz toda a diferença para a nossa reação. Em geral, temos tendência para atribuir ao comportamento um nível mais elevado do que tem;
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Contrário ao nosso sistema de valores: em geral, esperamos que o comportamento dos outros se regule pelo nosso sistema de valores, crenças, convicções, etc. Quando isso não acontece, podemos facilmente desencadear um acesso de cólera;
Controlável pelo nosso acesso de cólera: isto que dizer que, antes de despoletarmos os nossos acessos de cólera, como que “medimos” forças com o nosso interlocutor. Será que ele se deixa intimidar? É por isso que nos encolerizamos mais facilmente com aqueles que nos são mais próximos, com os nossos “iguais” e menos, por exemplo, com os superiores hierárquicos ou com quem reconhecemos uma autoridade superior à nossa.
Em resumo, a cólera é uma emoção que tem por função a defesa da nossa integridade, seja ela real ou presumível, funcionando muitas vezes como forma de intimidação do outro.
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3.2 - MECANISMOS DE DEFESA DA CÓLERA
A Joana sentiu-se agredida pelo comentário pouco agradável do João “Se continuas a falar tão alto ainda acordas os vizinhos!” Realmente, deve ter sentido uma enorme vontade de responder, de dar um valente grito de intimidação que o colocasse imediatamente em posição de submissão total. No entanto, não o fez. Mas mais tarde, à mais pequena “travessura” dos filhos, respondeu com uma agressividade inusitada. Entrou em funcionamento um dos mecanismos de defesa mais frequente da cólera: a deslocação. Dizia Aristóteles “Qualquer pessoa pode ficar zangada. É fácil. Mas ficar zangado com a pessoa certa, na medida certa, no tempo certo e pela razão certa, isso sim não é fácil. “
Quantas vezes não podemos reagir da forma que gostaríamos (mesmo que não a mais adequada), com a pessoa certa, mas à primeira oportunidade, descarregamos toda a nossa raiva no primeiro “bode expiatório” que nos aparece pela frente. Em geral, são as pessoas mais queridas aquelas que mais sofrem pelo nosso descontrolo emocional.
Os psicanalistas chamam a estas reações mecanismos de defesa 1, dado que servem para proteger a nossa consciência de uma emoção dolorosa ou inaceitável, ou para evitar expor-se-lhe. Eis o exemplo de alguns mecanismos de defesa aplicados à cólera 2, a partir de uma situação de injustiça em contexto laboral. Imagine, por exemplo, que o seu chefe o acusa de ser pouco empenhado e nada fazer, quando você está numa fase de excesso de trabalho.
Passagem ao ato: você insulta-o;
Deslocação: após a sua saída da sala, você descarrega a sua raiva sobre um colega;
1 2
S. Freud, Le moi et les mecanismos de defense, Paris, Puff, 1996 adaptado de A Força das Emoções de F.Lelord
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Regressão: depois da sua saída, você decide ir até à pastelaria da esquina e literalmente “devora” barras de chocolate;
Devaneio: depois da sua saída, fica a pensar como seria bom se fosse você o chefe e o pudesse humilhar em frente de todos;
Somatização: ao fim de algum tempo começa a queixar-se com dores em qualquer lado (em geral na cabeça ou barriga);
Isolamento: vive toda a situação como se não se passasse consigo, com total indiferença;
Formação reacional: adota o papel de funcionário submisso e respeitador;
Racionalização: mais tarde, justifica perante os seus olhos a atitude de submissão com uma série de argumentos;
Projeção: pensa que o chefe agiu assim porque o odeia, ou seja, atribui-lhe o ódio que lhe tem.
Como podemos verificar, estas formas de reagir para controlar os acessos de cólera não são eficazes, dado que todas elas têm contraindicações em termos de autoestima.
As formas mais comuns de gerir mal a cólera são:
A inibição: significa “recalcar” a emoção, dissimulando-a do outro e às vezes de nós mesmos. O risco de gerir sistematicamente assim a cólera pode ser o da perda gradual de autoestima e, em última instância, verificarem-se problemas de saúde.
A explosão, ou seja, deixar sair livremente a emoção com a toda a sua força e energia. Em geral, conduz a desavenças inúteis e rancores desnecessários, com consequências nefastas na relação com os outros. Vejamos um exemplo em que a 19 www.nova-etapa.pt
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crítica vai aumentando de intensidade, até limites extremados:
Os quatro níveis da crítica, numa discussão conjugal
•
Nível 1: crítica centralizada num comportamento específico. Por exemplo: “Estás atrasado”; “Não fales tão alto”; “Impedes-me de falar”, etc.
•
Nível 2: crítica centralizada na pessoa. “Estás sempre atrasado”; “ Estás sempre a falar alto”; “Nunca me deixas falar”; etc. ou utilizando um adjetivo desvalorizante: “És um irresponsável”; “És um egoísta”; “És um idiota”; etc.
•
Nível 3: crítica que comporta uma ameaça para a relação. Trata-se de uma observação que pressupõe que a relação pode ser interrompida: “As coisas não podem continuar assim”; “Não se pode confiar em ti”; Se eu soubesses que as coisas seriam assim então...”; etc. As acusações desvalorizantes podem estender-se a outras pessoas queridas do interlocutor.
•
Nível 4: a crítica verbal passa a violência física.
Existem, no entanto, outras formas de reagir que têm a vantagem de permitir melhor adaptação à situação sem negar a realidade, e até podem contribuir para o bem comum:
Sublimação: à noite, vai a um sessão de “body
attack”
ou
“body
jumping”
ou
participa numa reunião do sindicato;
Supressão: acha aquela cena bastante desagradável, mas decide não pensar mais no assunto;
Humor: diverte-se com a tendência do seu chefe
para
se
preocupar
com
a
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capacidade de trabalho dos outros, quando ele próprio não é um exemplo a seguir.
3.3 - ESTRATÉGIAS PARA GERIR A RAIVA
Como vimos, as formas ineficazes de gerir a cólera podem levar-nos a cometer graves erros de julgamento, de avaliação e até assumir atitudes com consequências gravosas e lesivas para a nossa vida.
Mais uma vez parafraseando Aristóteles “a cólera pode levar até certo ponto o ouvido à razão, mas entendendo ao contrário, tal como os criados apressados que saem a correr antes de terem escutado até ao fim o que se lhes diz, e depois se enganam na execução da ordem.”
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Eis, a seguir, algumas sugestões de estratégias práticas para gerir melhor os nossos acessos de cólera:
Regras para gerir melhor os excessos de cólera3 Sim
•
Não
Reduza
as
causas
enervamento.
Isto
do
é,
seu
•
trabalhar
Não deixe acumular as pequenas contrariedades do dia a dia. Faça
para melhorar a sua qualidade de
uma
vida, tornando-a mais agradável,
diariamente
mesmo naquilo que nos parecem
irritar.
pequenos
podem dependem apenas de si e
sejam
pormenores, os
como
momentos
de
listagem
das
coisas
contribuem
Verifique
quais
que
para as
o
que
da sua intervenção.
relaxamento e alegria.
•
Reflita com frequência nas suas
•
Não considere tudo no mesmo
prioridades. Uma das formas de o
nível de importância. Pense no
fazer é reformular o seu discurso
que está implicado em cada uma
interior, por forma a controlar a
das situações que lhe ocorre. Será
cólera logo no início como, por
que todas merecem irritarmo-nos
exemplo:
com elas?
“Será
que
isto
é
realmente importante? Será que vale a pena todo este dispêndio de energia?”
•
Considere o ponto de vista do outro.
Acontece-nos
a
•
todos
Não pense que o outro agiu intencionalmente agredir.
sem que, no entanto, tenhamos
caminho andado para deixar de se
intenção de realmente ofender o
irritar numa série de situações.
acontecimento
ocorreu
involuntariamente?
adaptado de A Força das Emoções, de F.Lelord
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Certamente
é
nos
cometer injustiças e fazer críticas
outro. Porque não pensar que o
3
para
meio
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•
Mód.III: Gestão das Emoções
Concentre-se na causa da sua
•
Não
reaja
imediatamente.
cólera. Não passe imediatamente
Recorde o adágio popular, “pensar
para o ataque e ofensa do outro.
uma vez antes de falar e duas
Procure
vezes antes de agir.”
reagir
apenas
ao
comportamento e não à pessoa. O tempo e sobretudo a noite também costumam ser bons conselheiros.
•
Deixe o outro apresentar o seu ponto
de
vista.
Muitos
•
dos
Não “remorda” os conflitos e as críticas
passadas.
conflitos levam a explosões de
Ressentimentos
cólera decorrentes de problemas
vingança só aumentam ainda mais
comunicacionais,
a “queimadura” deixada pela raiva.
especialmente
ou
desejos
de
“Não ferva em pouca água. “
relacionados com a ausência de capacidade de escuta.
•
Interrompa a conversa se sente
•
Não corte a palavra ao outro.
que está a perder o controlo. Se
Quando
mesmo assim, depois de todas
descontrolo verbal, deixamos de
estas estratégias, sentir que não
escutar
está a controlar o seu excesso de
Podemos
cólera e que a desavença está a
espiral
tomar
consequências
proporções
inusitadas
e
irreversíveis, está na hora de se
se
e
chega
de
ser
mesmo de
à
fase
do
escutados.
entrar
numa
violência,
sem
benéficas
para
nenhuma das partes.
retirar de cena.
•
Saiba “pôr uma pedra sobre o se
Não
deixe
a
cólera
assumir
pretende
proporções desajustadas como a
efetivamente pôr um fim àquela
violência verbal ou física. Numa
relação interpessoal ou se, pelo
situação levada ao extremo, nunca
contrário, ela tem grande valor para
há vencedores. Apenas vencidos.
assunto”.
Decida
•
si.
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4. O MEDO O medo é a reação instintiva do organismo face ao perigo real ou potencial. Podemos mesmo dizer que o medo é a emoção do perigo ou, de certo modo, da perceção do perigo. É ele que dá o alerta ao nosso organismo e mobiliza os nossos recursos para fazer face à adversidade. Com a emoção do medo, algumas das nossas hormonas, como a adrenalina, libertam-se, colocando o nosso organismo em estado de alerta. O medo é a emoção de maior impacto fisiológico: o coração e a respiração aceleram, os músculos contraem-se e as mãos tremem. O medo pode igualmente provocar um arrepio na pele (tal como os gatos que eriçam os pelos).
4.1 – AS RAZÕES DO MEDO O medo, em certas ocasiões, pode ser benéfico, pode mesmo salvar-nos a vida. O medo prepara-nos para a ação física, dado que nos aguça os sentidos: o ouvido torna-se mais apurado, a visão mais nítida, todo o corpo está em alerta, o cérebro em estado de urgência. É o medo que nos ajuda a colar-nos ao chão para evitar o rebentar de uma bomba, ou dar uma guinada no volante para evitar um acidente. Em certas ocasiões, o medo pode multiplicar as nossas capacidades. Muitos atores dizem ter necessidade do medo para atuar com intensidade. Os atletas dão o melhor de si nas competições, no momento em que o stress atinge o seu máximo. A função original do medo é assegurar a nossa proteção. É costume dizer-se que “o medo tem os olhos grandes”, talvez por alusão ao facto de nos tornarmos mais vigilantes.
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Voltando ao medo das cobras de que falámos atrás, o que acontece quando nos vemos num campo de erva seca onde (imaginamos), podem existir cobras? Os nossos olhos iniciam desde logo um trabalho de perscrutação do terreno para, assim, detetarmos rapidamente todos os movimentos estranhos que lhes possam estar associados.
Mas, diga-se o que se disser, não é nada agradável sentir todas aquelas manifestações fisiológicas, mesmo quando não existe um perigo real, como provavelmente era o caso da Joana, ao ter de fazer a apresentação de um projeto para os diretores de serviço.
Nestas situações, temos tendência para interpretar negativamente as mensagens fisiológicas, apresentadas sob a forma de aumento dos batimentos cardíacos, mãos húmidas, estômago que se contrai... “Que vontade de fugir daqui...”, pode ser um dos nossos pensamentos mais frequentes. Ou então, para mal dos nossos pecados, o medo também nos pode bloquear completamente, enfraquecendo-nos a voz, descontrolandonos os gestos ou, pior ainda, fazendo-nos perder a memória. Estas são as consequências mais frequentes do medo. Seja medo de um perigo real ou apenas presumível. São elas que queremos evitar ao controlar o medo de forma eficaz.
4.2 - ESTRATÉGIAS PARA LIDAR COM O MEDO
Já percebemos que não existem receitas milagrosas para eliminar o medo. Na verdade, a nossa única alternativa é aprender a viver com ele. A partir do momento em que aceitamos esta evidência, será mais fácil aplicar algumas estratégias para minorar os seus efeitos, sem nunca o eliminar por completo.
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Vejamos algumas sugestões de atuação:
Reconheça a existência do medo e aceite-o. Não há que ter vergonha de ter medo. Mais condenável socialmente do que assumir ter medo é
“ser
apanhado”
com
medo,
depois
de
se
ter
afirmado
perentoriamente que não se tinha. Fale dele, partilhe-o com alguém da sua confiança. Um colega próximo, um amigo, o marido ou a mulher, porque não com os filhos? Também eles precisam de aprender a lidar com o medo e não a ter receio de o expressar. Desenvolva forma de controlar o medo, através de exercícios de relaxamento ou respiração. É uma forma de oxigenar melhor o sangue e desacelerar o ritmo cardíaco. Faça uma lista de todas as razões que lhe podem causar medo e desmistifique-as uma por uma. Para cada medo, um antídoto. Procure toda a informação de que possa necessitar. Tranquilize-se, recorde os seus sucessos, faça a lista das suas qualidades. Mime-se. Fale a si próprio com ternura e respeito. Peça contacto físico a alguém. Sinta o seu calor e proteção. Memorize essa sensação e leva-a consigo. Dê espaço a si próprio para agir positivamente. Antecipe a cena e imagine-se a agir, a comportar-se como deseja. Aja mantendo a consciência do seu ideal, da sua antecipação positiva e do apoio da pessoa que escolheu. Uma vez ultrapassada a situação, lembre-se dela. Recorde o seu sucesso, partilhe os seus sentimentos de orgulho com aquele que você era ontem.
Decidimos dar uma ajuda à nossa amiga Joana, fazendo a listagem das razões associadas ao medo e dos respetivos “antídotos”. Veja se concorda com as nossas sugestões.
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Listagem dos medos
Não saber responder
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Correspondente Antídoto
Para
saber
responder,
preciso
de
informação. Preciso dominar o assunto que vou abordar. Penso nas perguntas que me podem vir a fazer, elaboro as informações de que disponho.
Não ser competente
Lembro-me de outras situações em que também me senti oprimida por este medo de parecer incompetente... e que, afinal de contas, se revelaram positivas.
Dizer disparates
Face ao medo de dizer disparates, faço um trabalho interior de aceitação de mim mesmo. Ninguém está livre de dar um passo errado.
Parecer idiota
Se
não
me
reconhecessem
competência, não me tinham atribuído a realização do projeto.
Ser uma nulidade
Tenho toda a apresentação devidamente preparada e defendida.
Gaguejar
Pode acontecer a qualquer um. Nessa situação é preciso respirar fundo, e continuar.
Enganar-se e ficar sem saber o que dizer
Tenho toda a apresentação devidamente preparada e defendida, por isso não é provável que venha a acontecer. Caso ocorra
uma
falha,
desculpa e continuar.
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tenho
de
pedir
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5. A ALEGRIA A alegria é uma emoção fundamental. Sem ela a nossa vida seria totalmente impensável. Por ela, todas as outras emoções negativas são facilmente esquecidas. No entanto, a alegria é o parente pobre dos estudiosos das emoções. Existem muito poucos estudos sobre o assunto, talvez por se considerar que, mais do que se possa dizer, o importante é vivê-la.
O que podemos dizer sobre a alegria que nos permita aproveitar ao máximo as suas potencialidades? Ao contrário do medo, da cólera, ou da tristeza, a alegria é uma emoção muito agradável. Liberta hormonas que causam um certo prazer. Assemelha-se aos efeitos do álcool, euforiza (como se costuma dizer “fica-se ébrio de felicidade”) e desinibe.
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5.1 - AS RAZÕES DA ALEGRIA
Os efeitos fisiológicos da alegria são bem conhecidos de todos e facilmente reconhecíveis, são mesmo encarados como um excelente exercício que faz trabalhar os músculos dos maxilares, do diafragma e dos abdominais. Esta atividade muscular desenvolve uma massagem interna que amacia o tubo digestivo. Permite, por outro lado, uma descarga de tensões. Sabia que dez minutos de riso diários repartidos ao longo do dia equivalem a vinte minutos de descontração?
Contudo, também a alegria que não for devidamente gerida, por causar-nos dissabores e tornar-se inconveniente. Por exemplo, quando temos aqueles ataques de riso, no meio de um filme, numa sessão de trabalho ou noutros locais menos apropriados... E nunca lhe aconteceu participar com tanto entusiasmo num encontro ou reunião que acaba por assumir um compromisso que mais tarde se apercebe ter sido uma opção errada? Na verdade, a alegria pode levar-nos a viver alguns momentos inconvenientes, contudo, esta deve ser uma emoção vivida plenamente.
Mas centremo-nos nas vantagens da alegria:
Aumenta a criatividade, na medida em que numa situação de bom humor, nos permitimos ser mais expansivos
na
comunicação
das
nossas opiniões e ideias;
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Melhora a capacidade de tomar decisões, porque mantemos uma maior capacidade de concentração e resistência ao stress; Torna-nos mais ousados e interventivos, porque estamos dispostos a correr mais riscos, mesmo em situações em que o fracasso pode ocorrer como, por exemplo, enfrentar o patrão para lhe pedir um aumento de ordenado, sair mais cedo, etc ;
Aumenta a aptidão para a cooperação e interajuda, porque se o bom humor nos faz sentir bem connosco, também sentimos vontade de partilhar esse bem-estar com os outros e, por isso mesmo, desenvolvemos uma maior tolerância com os mais fracos ou desprotegidos como, por exemplo, ajudar um colega recém-chegado à empresa que se percebe estar completamente “perdido” ou ficar até mais tarde a ajudar um colega de forma voluntária. Fá-loemos com maior facilidade se ele também estiver de bom humor.
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5.2 - ESTRATÉGIAS PARA APROVEITAR ADEQUADAMENTE A ALEGRIA
Mais do que dar uma série de conselhos, permitimo-nos apresentar-lhe uma série de questões que nos parecem merecer reflexão. Depois, talvez tenhamos encontrado mais uma pista para sermos felizes.
1. O que poderia, hoje, torná-lo mais feliz? Tem uma ideia clara daquilo que o faz realmente feliz? 2. O que o poderia tornar mais feliz, é realizável e provável? 3. Quais foram os momentos mais felizes da sua vida? 4. Quais foram os momentos de felicidade que desperdiçou? 5. O que poderia torná-lo mais feliz depende de si?
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6. A TRISTEZA A tristeza é a emoção geralmente causada por uma perda real (uma morte, uma separação) ou simbólica (uma esperança destruída), e que nos convida a retirarmo-nos do contacto com os outros para chorar a nossa dor.
Fisiologicamente, a dor manifesta-se através do desempenho de atividades lentas: o rosto está menos expressivo, o passo mais lento, a voz ganha um tom mais baixo e o discurso torna-se mais vagaroso. As lágrimas exercem uma ação benéfica sobre o corpo. Permitem, graças às hormonas que a ação desencadeia, dotar o organismo de substâncias químicas benéficas e reduzir as tensões.
6.1 - AS RAZÕES DA TRISTEZA
A tristeza parece-nos, à partida, uma daquelas emoções sem a qual viveríamos bem melhor, não lhe parece? Talvez não seja assim. A tristeza tem várias funções fundamentais:
Pode ensinar-nos a evitar algumas das situações que a provocam: A tristeza, tal como a dor, leva-nos a proteger-nos dela no futuro, pelo menos das situações que são evitáveis. 32 www.nova-etapa.pt
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Pode levar-nos a escolher melhor as pessoas com que nos relacionamos, a fim de evitar desilusões, ou mesmo a zelar melhor pelo nosso desempenho e progresso profissional.
A tristeza leva a que nos retiremos da ação e reflitamos sobre os nossos erros: Quando sofremos um grande revês na nossa vida, seja pessoal ou profissional, somos levados a refletir sobre o que se passou e, portanto, permite-nos corrigir os nossos erros;
A tristeza pode trazer-nos a atenção e a simpatia dos outros: Como se costuma dizer, é nos momentos de maior necessidade de apoio moral que se veem os amigos, pelo menos, os verdadeiros;
A tristeza permite desenvolver a capacidade de simpatia e empatia pelos outros: Porque nos sentimos mais fragilizados, desenvolvemos a capacidade de compreender melhor aqueles que estão em situação idêntica.
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6.2 - ALGUMAS ESTRATÉGIAS PARA LIDAR COMO A TRISTEZA A tristeza é uma emoção natural e fundamental na nossa vida, que pode, desde que devidamente gerida, contribuir para uma maturação psicológica. Não se trata portanto de eliminar ou recalcar toda a tristeza, o que seria, de facto, completamente irrealista. Quantas vezes acontece sentirmo-nos tristes e aparecer logo alguém por perto que nos pretende, “rapidamente por em marcha” e secar-nos as lágrimas. Esta deve ser a atitude a evitar.
Eis então algumas sugestões para gerir convenientemente a tristeza:
Sim
Não
Aceite estar triste
Não recalque a tristeza
Exprima
a
preferência
tristeza, procurando
de Não procure fazer boa figura um
acima de tudo.
ombro amigo. Continue a agir. Não se deixar Não fique prostrado sem fazer abater
completamente
e
nada.
mantenha um certo grau de atividade intelectual e física. Procure agradáveis.
acontecimentos Não crie um ambiente triste à Aquilo
que
sua volta.
considerar se o adequado para si e não para os outros. Caso sinta que não consegue Não rejeite as ajudas que lhe controlar a emoção, procure
oferecerem, desde que sejam
ajude de um profissional.
efetivamente ajudas.
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