ERGONOMIA MÓDULO II
ERGONOMIA FÍSICA SESSÃO 2 www.nova-etapa.pt
Mód. II – Sessão 2: Ergonomia Física
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ÍNDICE
Módulo II – Sessão 2 - Ergonomia Física
3
Objetivos Pedagógicos
3
Conteúdos Programáticos
3
1. Manipulação de Materiais
4
2. Movimentos Repetitivos
12
2.1. Comportamento dos Músculos
12
2.2. Características dos Movimentos
13
2.3. Limites dos Movimentos do Corpo
15
2.4. Princípios de Economia dos Movimentos
18
2.5. Registos dos Movimentos
20
2.6. Recomendações
22
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MÓDULO II: SESSÃO 2 – ERGONOMIA FÍSICA (CONTINUAÇÃO) OBJETIVOS PEDAGÓGICOS No final desta sessão deverá ser capaz de: • Reconhecer a forma correta de manipulação de materiais; • Identificar movimentos repetitivos;
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS • Manipulação de materiais; • Movimentos repetitivos;
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1
MANIPULAÇÃO DE MATERIAIS
Este tema tem ocupado médicos, engenheiros e psicólogos em todo mundo, tendo em conta os enormes gastos com absentismo, baixas e reabilitação.
Durante muito tempo, deu-se ênfase à forma correta de movimentar cargas. Atualmente, estudos transversais mostram a ineficácia desta prática. Assim é necessário conhecer a capacidade humana máxima para levantar e transportar cargas, para que as tarefas e as máquinas sejam dimensionadas corretamente dentro desses limites. Nesta investigação destacam-se os trabalhos do NIOSH e as suas equações. A avaliação da movimentação manual de materiais pode ser feita recorrendo aos critérios biomecânicos, fisiológicos ou psicofísicos:
O critério biomecânico considera os efeitos na coluna vertebral e na região lombo-
sacral, sendo muito importante em tarefas de levantamento não frequentes;
O critério fisiológico considera o stress metabólico e a fadiga associados a tarefas
repetitivas de levantamento;
O critério psicofísico considera a carga de trabalho com base na perceção dos
trabalhadores sobre a sua capacidade de levantamento, medida aplicável a quase todas as tarefas de levantamento, exceto as de alta-frequência (acima de seis levantamentos por minuto).
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Dos métodos analisados, o método proposto pelo NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health) foi o único que utilizou a análise concomitante com os três critérios, apresentando melhores resultados sob o ponto de vista da prevenção de acidentes. Na manipulação de materiais o risco de lombalgias
associadas
a
levantamentos
aumenta com o incremento das exigências da tarefa, isto é, o risco de lesão aumenta se as exigências da tarefa excederem a capacidade do trabalhador. O trabalhador ao executar as suas
tarefas
com
posturas
desfavoráveis,
experimenta aumento da fadiga e, a longo prazo,
problemas
funcionais
graves.
O
funcionamento do organismo fica prejudicado se sofrer regularmente uma sobrecarga estática. A ação de levantar pesos não agride apenas a coluna vertebral, pode causar agressões ao sistema locomotor, aumento de pressão intratorácica, aumento da pressão intra-abdominal, alterações circulatórias e fadiga muscular. Temos que ter a noção de que a movimentação manual de materiais é um sistema ordenado e complexo que requer um conhecimento amplo das relações de causa e efeito para uma total e eficiente adaptação do Homem. É necessário o conhecimento de todos os componentes do movimento (trabalhador - tarefa - ambiente) e a capacidade do Homem se adaptar ou ajustar. A componente humana no sistema consiste em todos os elementos que definem ou descrevem
a
capacidade
humana,
isto
é,
características
físicas,
sensoriais,
psicomotoras, personalidade, formação/experiência, saúde e atividades nos tempos livres. Enquanto os efeitos de algumas dessas características são bastante conhecidos e consistentes, existem conflitos e informações contraditórias a respeito de outras, como por exemplo a personalidade.
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Não obstante tudo o que foi dito, o planeamento do trabalho deverá eliminar ou reduzir a movimentação manual de materiais, diminuir a exigência da tarefa e minimizar os movimentos do corpo. Vejamos algumas recomendações a seguir quanto às embalagens movimentadas manualmente.
Recomendações para embalagens movimentadas manualmente 1) A embalagem necessita de fornecer uma proteção adequada às peças, para que cheguem com segurança ao seu destino. 2) O peso bruto da embalagem não deve exceder 30 kg. Deve possuir uma forma que permita o manuseamento por uma única pessoa. 3) A embalagem necessita de ser estanque, e o seu método de fecho não deve constituir um risco para a segurança. Em alguns casos, agrafos ou outros materiais para selar caixas de papelão não deverão ser utilizados. Quando utilizada, a cola deve ser aplicada numa tira ou em forma de ponto, de modo a que tenha resistência suficiente para suportar os manuseamentos na expedição e no tráfego. 4) Os materiais da embalagem devem ser reciclados. 5) Deverão evitar-se espaços vazios na utilização de cartão ondulado. A maioria dos danos foi experimentada quando os espaços vazios provocaram um abaulamento da caixa. 6) Podem ser permitidos fardos mas apenas quando a configuração das peças o possibilita ou permita utilizar outro tipo de embalagem que faça decrescer o esforço. 7) A movimentação manual de caixas leves de madeira ou papelão é, algumas vezes, auxiliada por orifícios para a introdução de dedos, existentes na parte alta, ou por saliências dos quadros de reforço das caixas de madeira. 8) A movimentação manual de caixas pesadas pode ser feita, às vezes, por arrastamento. Para isto, a caixa deve ter um fundo reforçado, com calços.
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As situações de trabalho que impliquem levantamento de pesos podem assumir duas características: Uma refere-se ao levantamento esporádico de cargas e outra, ao trabalho repetitivo. A primeira está relacionada com a capacidade muscular para levantar a carga e a segunda (onde entra o fator duração do trabalho), está relacionada com a capacidade energética do trabalhador e fadiga física. Resistência da coluna – os músculos das costas são os que mais sofrem com o levantamento de pesos. A sua estrutura confere-lhe pouca resistência quando a força não é aplicada na direção do seu eixo. Na medida do possível a carga deve assim ser feita no sentido vertical, evitando-se as cargas com as costas curvadas.
Imagem 1 – Coluna Vertebral plano de trás, frente e de perfil
1
Capacidade de carga máxima – para determinar a capacidade de carga repetitiva, deve determinar-se em primeiro lugar, a capacidade de carga isométrica das costas, que é a carga máxima que um indivíduo consegue levantar, fazendo flexão de pernas e mantendo a coluna direita na vertical. A carga recomendada para os movimentos repetitivos será 50% dessa carga isométrica máxima. A capacidade de carga máxima varia, conforme se usem os músculos das pernas, braços ou coluna. As mulheres possuem cerca de metade da força dos homens para levantamento de pesos, mas óbvio que tais valores são variáveis.
1 www.corpohumano.hpg.ig.com.br
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A capacidade de carga é ainda influenciada pela sua localização em relação ao corpo e outras características como as dimensões e facilidade de manuseamento. Em relação à localização relativa, para movimentos repetitivos, a força máxima para o levantamento de peso é exercida quando a carga se encontra a 30 cm de distância do corpo e 30 cm de altura do solo. Essa capacidade diminui quando a carga se afasta do corpo, chegando quase a zero a 90 cm de distância do corpo. Quadro I – Força máxima das pernas, braços e costas para diferentes percentis das populações feminina e masculina. (Ilda, 2003)
Forças (Kgf) para movimentos não repetitivos
95%
50%
5%
95%
50%
5%
Força das pernas
15
39
78
39
95
150
Força dos braços
7
20
36
20
38
60
Força do dorso
10
24
58
21
50
105
MULHERES
HOMENS
Quadro II – Capacidade de levantamento repetitivo de pesos para mulheres e homens para três distâncias em relação ao corpo e três alturas diferentes (Ilda, 2003)
Distância (m) a partir do
Capacidade de levantamento (Kg)
Corpo
Solo
(Horizontal)
(Vertical)
50%
95%
50%
95%
0,3
23
7
51
45
0,9
19
11
44
39
1,5
11
5
47
29
0,3
9
0
24
9
0,9
6
1
28
15
1,5
5
0
21
11
0,3
0
0
5
0
0,9
1
0
10
1
1,5
0
0
7
0
0,3
0,6
0,9
MULHERES
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HOMENS
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Recomendações para levantar cargas • Manter a coluna reta e utilizar os músculos das pernas como fazem os halterofilistas. • Manter a carga o mais próximo possível do corpo, para reduzir o momento provocado pela carga. • Procurar manter cargas simétricas, utilizando as duas mãos para evitar a criação de momentos em torno do corpo. • A carga deve estar 40 cm acima do piso. Caso esteja abaixo, o carregamento deve ser feito em duas etapas. Primeiro colocar sobre uma plataforma e de seguida pegar em definitivo. • Antes de levantar um peso, deverão ser removidos todos os obstáculos que possam atrapalhar os movimentos.
Recomendações para transportar cargas manualmente • Manter a coluna o mais vertical possível. • Manter a carga na vertical – o centro de gravidade da carga deve passar, o mais próximo possível, pelo eixo longitudinal (vertical) do corpo. Podemos observar este tipo de transporte em certas populações com o hábito de transportar pesos sobre a cabeça. • Manter a carga próxima do corpo – para o transporte de carga com os dois braços, esta deve ser mantida o mais próximo possível do corpo, à altura da cintura, com os braços esticados. O transporte de carga com os braços flexionados, aumenta a carga estática dos músculos e cria momento em relação ao centro de gravidade do corpo, que se encontra à altura do umbigo. As caixas grandes devem ser transportadas com os braços esticados, bem próximos do corpo, ou com os braços e antebraços a formar ângulo reto, com o corpo ligeiramente inclinado para trás, de modo a que o centro de gravidade da carga se aproxime da linha vertical do corpo, reduzindo desta forma o momento. 9 www.nova-etapa.pt
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• Usar cargas simétricas – sempre que possível deve ser mantida uma simetria de cargas, com os dois braços carregando aproximadamente o mesmo peso. No caso de cargas grandes, compridas ou desajeitadas devem ser usados dois carregadores para facilitar essa simetria. • Usar meios auxiliares – para cargas de formas ou texturas que dificultem o manuseio. Temos as luvas, ganchos, cordas, correias, etc. No transporte de cargas mais pesadas que não tenham pega, deverá passar-se uma corda para simular uma. Sempre que possível os braços deverão ficar estendidos no transporte para evitar a perda de energia com a flexão dos mesmos. • Trabalhar em equipa – sempre que a carga seja excessiva para uma pessoa. Em situações mais complexas deverá existir um indivíduo para orientar, sobretudo quando existem obstáculos no percurso da carga.
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Ideia Chave Na manipulação de materiais é essencial conhecer a capacidade humana máxima para levantar e transportar cargas, não podendo ser descurada a utilização de materiais adequados para o transporte e a sua estiva.
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2
MOVIMENTOS REPETITIVOS
2.1
COMPORTAMENTO DOS MÚSCULOS
O cérebro emite sinais elétricos através dos nervos. Estes sinais, ao chegarem aos músculos, provocam uma reação química originando a contração das fibras musculares. Findos os estímulos elétricos, os músculos regressam à posição de repouso. Os movimentos que exigem uma contração muscular contínua como, por exemplo, segurar uma criança ao colo, são chamados movimentos estáticos. Neste tipo de movimentos, os estímulos, as reações químicas e as contrações são contínuos. Isto pode levar a uma fadiga muscular (exaustão ou cansaço) pela limitação do tempo de recuperação do músculo. A manutenção prolongada de qualquer tipo de movimento (repetitivo ou estático), pode gerar o desconforto muscular. Convém salientar que a energia para a contração muscular, provém das reações de degradação da glicose que geram compostos químicos a ser eliminados pela circulação sanguínea. São as pausas e/ou micropausas que proporcionam o tempo necessário para que as fibras musculares se recuperem do esforço e eliminem os "resíduos" gerados pelas reações químicas (Ver exemplo 5). Podemos dizer que Movimento é o fenómeno caracterizado pela mudança da posição de um corpo no espaço. As características da sua execução determinam consequências diferentes.
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Os movimentos, são um fator importante a ter em conta quando se projetam dispositivos de comando e de controlo. O sistema muscular é o responsável pelo aparelho de movimento do Homem, pela combinação de diferentes músculos, que pode envolver características e custos energéticos diferentes e "o operador experiente cansa-se menos porque aprende a usar a combinação mais eficiente em cada caso poupando as suas energias" 2.
2.2
CARACTERÍSTICAS DOS MOVIMENTOS
Na realização dos movimentos podem utilizar-se diversas combinações de contrações musculares e cada combinação pode, também, apresentar características diferentes de velocidade, precisão e movimento. O registo dos movimentos é geralmente realizado considerando um sistema de planos triorgonais. Um plano bem definido é vertical, divide o Homem em duas partes simétricas e chama-se plano sagital. Os planos verticais perpendiculares a estes chamam-se planos frontais. Os planos horizontais, paralelos ao chão, chamam-se planos transversais.
Figura 1 – Plano Sagital
Figura 2 – Plano Frontal
2 Ilda, 2003
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Figura 3 – Plano Transversal
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Da mesma forma podemos classificar os eixos:
Figura 4 – Eixo Sagital
Figura 5 – Eixo Frontal
Figura 6 – Eixo Transversal ou longitudinal
Há movimentos que têm características próprias: De precisão: os movimentos de maior precisão são realizados com as pontas dos dedos. Se utilizarmos sucessivamente os movimentos do punho, cotovelo e ombro, aumentaremos a força, mas com prejuízo para a precisão. Isso pode observar-se em operações manuais muito repetitivas. Quando há fadiga nos dedos, há uma tendência para serem substituídos pelos movimentos do punho, cotovelo e ombros, com consequente agravamento da precisão. Os movimentos executados de dentro para fora são mais precisos do que os de fora para dentro, sendo que a precisão diminui de acordo com a distância do movimento. O movimento da mão é mais rápido e preciso quando a maior parte do movimento é executado pelo antebraço. De ritmo: os movimentos devem ser suaves, curtos e rítmicos. Acelerações ou desacelerações bruscas, ou rápidas mudanças de direção são cansativas, porque exigem maiores contrações musculares. Movimentos retos: o corpo, ao ser constituído por “alavancas” que se movem em torno das articulações, tem uma tendência natural para executar movimentos curvos. Logo, os movimentos retos são mais difíceis e imprecisos, pois exigem uma complexa integração de movimentos de diversas “juntas”.
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De terminações: os movimentos que exigem posições precisas, com acompanhamento visual, são difíceis e demorados. Sempre que possível esses movimentos devem culminar com um posicionamento mecânico, como no caso da mão a afastar uma cortina, ou botões e alavancas que têm posições discretas na pausa.
2.3
LIMITES DOS MOVIMENTOS DO CORPO
Cabe à ergonomia conhecer os limites de movimentos das partes do corpo mais solicitadas durante a realização da tarefa, tanto para a conceção das máquinas, instrumentos e sua localização, como para a realização da análise da atividade, onde poderá intervir para minimizar os constrangimentos que o Homem
sofre
durante
o
desenvolvimento do seu trabalho. A análise do movimento é feita através
de
Antropometria,
um a
capítulo
da
antropometria
dinâmica. Figura 7
É possível caracterizar alguns limites de movimento das partes do corpo mais solicitadas em tarefas profissionais: Movimento da cabeça: Conhecer os limites de movimentação da cabeça é relevante para o projeto de localização de painéis de controlo e distribuição dos mostradores. É sempre conveniente que o operador possa chegar ao painel com movimentos simples e suaves da cabeça.
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Movimento das mãos: As mãos são a parte do corpo mais solicitada, tanto na ativação e controlo de máquinas e equipamentos, como na utilização de ferramentas e instrumentos. Desta forma, o projeto dos comandos e controlos, bem como o desenho das ferramentas e dos instrumentos, deve considerar as características e limitações dos movimentos das mãos, para que o operador possa utilizá-las de forma natural. Movimento dos braços: A localização dos controlos e comandos deve ser projetada de forma a serem facilmente acedidos pelos braços, sem que o operador tenha que inclinar a coluna ou deslocar o corpo. Desta forma evita-se uma maior fadiga e mais tempo despendido na execução de uma tarefa. Movimento dos antebraços: Num posto de trabalho projetado idealmente, o operário só movimenta os antebraços, minimizando assim os movimentos, e contribuindo para uma menor fadiga e maior rendimento. Naturalmente, esta é uma situação desejável, nem sempre possível de se obter. Movimento das pernas: Podemos exercer mais força com as pernas do que com os braços, por outro lado é necessário que as mãos fiquem livres para outras ações, por isso são projetados comandos, com muita frequência, para serem acionados pelos pés. Porém é importante conhecermos também as limitações para os movimentos naturais das pernas. O espaço de ação dos pés deve ser projetado para que os movimentos sejam realizados com delicadeza e com a menor força possível.
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Movimento do punho: A flexão do punho consiste na aproximação da face palmar da mão à face anterior do antebraço. A extensão é o retorno à posição anatómica e, na hipertensão, a superfície dorsal da mão aproxima-se da face posterior do antebraço. Um desvio da mão em direção ao lado radial do antebraço é a flexão radial ou abdução. O movimento na direção oposta é designado flexão ulnar ou adução. O movimento sequencial da mão no punho nas quatro direções produz a circundação. Movimento da pélvis: A pélvis pode mover-se nos três planos. Os movimentos no plano sagital são chamados inclinação anterior e posterior. O movimento no plano frontal é conhecido como inclinação lateral para a direita ou para a esquerda, de acordo com o lado para o qual a pélvis se desloca. Pode ocorrer também rotação da pélvis no plano transversal, como observado durante a marcha ou a corrida. Movimento do tornozelo: O eixo de rotação no tornozelo é primariamente frontal, embora seja levemente oblíquo e a sua orientação se altere conforme a rotação articular. Os movimentos da articulação do tornozelo são principalmente de flexão/extensão, e são chamados flexão plantar e flexão dorsal. Os movimentos básicos estão agrupados em cinco categorias, dependendo das partes do corpo envolvidas: 1. Dedos 2. Dedos e pulso 3. Dedos, pulso e antebraço 4. Dedos, pulso, antebraço e braço 5. Dedos, pulso, antebraço, braço e tronco
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O corpo humano executa movimentos de controlo para transmitir alguma forma de energia à máquina. Esses movimentos são geralmente executados com as mãos e com os pés e podem consistir desde o simples aperto de um botão até movimentos mais complexos de perseguição (como nos jogos de vídeo), alimentados continuamente por uma cadeia de ação-informação. Para a execução de um movimento de controlo, as ações devem estar descritas de uma forma mais detalhada do que a própria tarefa. Como exemplo, apresenta-se o quadro com a tarefa de conduzir um autocarro (ver anexos). Testes realizados verificaram que as pessoas têm a tendência de seguir um padrão esperado. Há uma tendência natural para os movimentos, que se acentua com a aprendizagem. Quando os movimentos seguem os estereótipos são chamados movimentos compatíveis e quando os contrariam são chamados movimentos incompatíveis. Pesquisas mostram ainda que os movimentos compatíveis são aprendidos mais rapidamente e que os incompatíveis podem ser aprendidos, mas em situações de emergência a tendência é a realização de movimentos compatíveis.
2.4
PRINCÍPIOS DE ECONOMIA DOS MOVIMENTOS
Do estudo dos movimentos surgiram empiricamente 20 princípios de economia dos movimentos, que defendem que o melhor método é escolhido tendo em conta o menor tempo gasto. "Segundo estes princípios, as mãos devem realizar movimentos rítmicos, seguindo trajetórias curvas e contínuas, evitando-se paragens bruscas ou mudanças repentinas de direção"3. Aperfeiçoados mais tarde por Barnes, estes princípios têm um cunho bem tradicional, sob orientação Taylorista.
3 Ilda, 2003, p. 172
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PRINCÍPIOS DE ECONOMIA DE MOVIMENTOS4 I. UTILIZAÇÃO DO CORPO HUMANO 1.
As duas mãos devem iniciar e terminar os movimentos no mesmo instante.
2.
As duas mãos não devem ficar inativas ao mesmo tempo.
3.
Os braços devem mover-se em direções opostas e simétricas.
4.
Devem ser utilizados movimentos manuais mais simples.
5.
Deve usar-se quantidade de movimento (massa x velocidade) para ajudar o esforço
muscular. 6.
Devem usar-se movimentos suaves, curvos e retilíneos das mãos (evitar mudanças bruscas
de direção). 7.
Os movimentos “balísticos” ou “soltos” são mais fáceis e precisos que os movimentos
“controlados”. 8.
O trabalho deve seguir uma ordem compatível com o ritmo suave e natural do corpo.
9.
As necessidades de acompanhamento visual devem ser reduzidas.
II. ARRANJO DO POSTO DE TRABALHO 10. As ferramentas e materiais devem ficar em locais fixos. 11. As ferramentas, materiais e controlos devem localizar-se perto dos seus locais de utilização. 12. Os materiais devem ser alimentados por gravidade até ao local de utilização. 13. As peças acabadas têm que ser retiradas por gravidade. 14. Os materiais e as ferramentas devem localizar-se na mesma sequência de utilização. 15. A iluminação deve permitir uma boa perceção visual. 16. A altura do posto de trabalho deve permitir o trabalho de pé, alternado com o trabalho
sentado. 17. Cada trabalhador deve dispor de uma cadeira que possibilite uma boa postura.
III. PROJETO DAS FERRAMENTAS E DO EQUIPAMENTO 18. As mãos devem ser substituídas por dispositivos, ou mecanismos acionados por pedal. 19. Deve combinar-se a ação de duas ou mais ferramentas. 20. As ferramentas e os materiais devem ser pré-posicionados. 21. As cargas no trabalho com os dedos, devem ser distribuídas de acordo com a capacidade
de cada dedo. 22. Os controlos, alavancas e volantes devem ser manipulados com alteração mínima da
postura do corpo e com a maior vantagem mecânica.
4 Ilda, 2003, p. 147
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2.5
REGISTOS DOS MOVIMENTOS
A análise do movimento humano tanto pode ser qualitativa como quantitativa. A análise qualitativa
refere-se
características
sem
à
descrição
das
a
utilização
de
números. Uma avaliação qualitativa inclui tanto o conhecimento das características do movimento desejado, como a capacidade de observar e analisar se uma determinada execução incorpora estas características. O processo de observação visual é o mais utilizado na abordagem metodológica para analisar a mecânica do movimento humano. Para isso, os conhecimentos básicos de anatomia e de princípios mecânicos fornecem a base essencial para um analista do movimento humano. O conhecimento completo de uma habilidade motora, de uma técnica ou do padrão do movimento a ser analisado também é desejável. Conduzir a análise verdadeira requer a capacidade de observar objetivamente e registar as informações sobre o movimento em questão. Uma vez feitas as observações, o analista analisa e diagnostica. A capacidade de analisar eficazmente uma habilidade motora requer um conhecimento da natureza e do objetivo da habilidade em questão. Sem a noção correta da habilidade, os analistas podem ter dificuldade em identificar os fatores que contribuem para o desempenho e podem interpretar mal os dados recolhidos. Um analista bem-sucedido deve não só conhecer a proposta do movimento que está a ser analisado, mas também reconhecer os fatores que contribuem para uma execução correta do movimento. As características do operador também afetam a execução do movimento. Estas incluem idade, sexo e antropometria do atleta, os níveis de desenvolvimento e de habilidade nos quais ele opera e ainda qualquer consideração especial, como outros traços físicos ou de personalidade que possam interferir na execução. Outro fator que devemos ter em consideração é a distância da visão do analista. Se o analista deseja observar, por exemplo, um indivíduo que se desloca numa pista, uma observação com detalhes por trás das pernas será necessária. O analista que observa 20 www.nova-etapa.pt
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um determinado jogador de voleibol, durante uma série de jogadas com alterações rápidas de condições de jogo, deverá encontrar-se a uma distância razoavelmente grande. As qualidades de observação abrangem as habilidades de observação das características de interesse e focalização nos aspetos críticos. Um nível de familiaridade com a natureza da habilidade ou do movimento executado é extremamente útil na identificação destes elementos relacionados com o desempenho. Há vários equipamentos para auxiliar os observadores do movimento humano na execução das análises qualitativa e quantitativa. Uma câmara com 35mm, capta uma situação estática ou o movimento num momento crítico de um evento dinâmico, e assim os analistas podem analisar uma fotografia ou projeção da imagem captada em detalhes. No entanto, uma só fotografia é normalmente uma representação pobre de um movimento completo. Com a gravação de um pequeno filme, os observadores podem repetir um evento dinâmico várias vezes. Os aparelhos audiovisuais permitem já o visionamento em câmara lenta até à velocidade de um fotograma de cada vez, podendo isolar-se os aspetos críticos do movimento. Os analistas do movimento devem estar atentos para o facto dos indivíduos poderem distrair-se ou inconscientemente alterar as suas técnicas quando se utiliza um instrumento de gravação. As formas de informação não-visual também podem, algumas vezes, ser úteis para o analista do movimento. Por exemplo, os sons associados à execução de alguns movimentos fornecem pistas da forma como foi executado o movimento. O tipo de movimento e as necessidades da análise determinam, em grande parte, a escolha da câmara e dos sistemas de análise. Normalmente a análise quantitativa de um filme é feita com equipamentos ligados a um computador, que permite o cálculo das grandezas cinéticas e cinemáticas aproximadas de interesse para cada fotograma.
Dinamografia: mede a força e a pressão da superfície plantar, ou seja, avalia a
intensidade da força muscular.
Eletromiografia: é usada para estudar a função neuromuscular, inclusive a
identificação dos músculos que desenvolvem tensão durante um movimento e qual o movimento que exige mais ou menos tensão de um músculo em particular ou de um 21 www.nova-etapa.pt
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grupo muscular. É também usada clinicamente para medir as velocidades de condução dos nervos e a resposta muscular em conjunto com o diagnóstico das condições patológicas do sistema neuromuscular. O processo da eletromiografia implica o emprego de transdutores conhecidos como elétrodos que captam o nível de atividade mioelétrica existente num local num determinado tempo. Consiste na colocação de elétrodos no músculo, para que durante a execução do movimento se obtenham a intensidade das contrações.
2.6
RECOMENDAÇÕES
Para uma análise adequada do movimento realizado no posto de trabalho, é importante verificar o desperdício de tempo gasto na operação. Uma boa harmonia é o pressuposto para operações rápidas e precisas, reduzindo, assim, além do tempo gasto, o índice de falhas na operação e, com isto, os acidentes. É importante a noção dos limites dos movimentos das partes do corpo para que sejam evitados constrangimentos e dores musculares no trabalhador. Podem ser tomadas medidas preventivas, respeitando estas limitações como, por exemplo, deixar espaço de ação para as pernas, uma vez que os pés deverão realizar movimentos delicados e com menos força. Os objetos devem estar colocados ao alcance das mãos, evitando, assim, a deslocação do corpo e realização de movimentos não produtivos (alcançar é um deles), assegurando a utilização da menor categoria possível dos movimentos. Os painéis de controlo e leitura devem ser inclinados e colocados dentro dos limites da movimentação da cabeça. Salienta-se, também, a importância do analista possuir conhecimentos básicos de anatomia e de princípios mecânicos, bem como a capacidade de observar e registar as informações para que a análise dos movimentos seja considerada eficaz. As consequências dos Movimentos Repetitivos Postula-se que as ações ou um conjunto de movimentos repetitivos causam “o esgotamento e desgaste” das articulações, atrito e desgaste dos tendões e ligamentos e aumento da fadiga muscular. Na medida em que as pesquisas são insuficientes até hoje 22 www.nova-etapa.pt
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para que se estabeleça o número de movimentos, ou o tempo de exposição que produz um dano ou um problema específico de saúde, acredita-se que, na maior parte das situações, quanto maior o número de movimentos, maior o risco potencial de Distúrbios Osteo-musculares Relacionados com o Trabalho – DORT. Quanto mais um indivíduo é exposto a um esforço físico, maior o risco do distúrbio cumulativo. A duração da exposição pode ser subdividida em ações diárias, longos períodos de ações semelhantes durante semanas, meses ou anos e exposições devidas à profissão. A exposição contínua, diária, sem pausas, pode produzir a fadiga muscular localizada, a fadiga geral sistémica e, possivelmente, micro lesões nos músculos, tendões e ligamentos. Suspeita-se que se a exposição for prolongada durante semanas ou meses ela pode conduzir à fadiga dos tecidos e, numa exposição mais prolongada, pode levar a lesões nos tecidos. O tempo de exposição de tecidos específicos, em determinadas profissões, define geralmente o potencial de risco de DORT. Acredita-se que quanto mais meses e anos de exposição, maior a tensão acumulada e maior o risco de dano permanente. Quando os membros superiores sofrem desvios da postura natural ou neutra aumenta o risco de DORT. A extensão do desvio das articulações ou dos segmentos que acarretam problemas para a saúde, ainda não foi quantificada especificamente, nem por meio de pesquisas nem por experiência. Pode haver uma grande variação na quantidade de força com que diferentes trabalhadores seguram numa ferramenta ou num produto. Tarefas que exigem muita força e grande repetição são as que apresentam os maiores riscos para alguns tipos de DORT. Apresentamos um exemplo de preocupação na prevenção da dor e desconforto dos profissionais de medicina dentária (ver exemplo 6).
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Mód. II – Sessão 2: Ergonomia Física
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Ideia Chave O Movimento é definido como sendo o fenómeno caracterizado pela mudança da posição de um corpo no espaço. O seu registo é feito segundo um sistema de planos triorgonais. Os movimentos de precisão, de ritmo, de terminação e retos, têm características próprias que poderão originar riscos físicos para o trabalhador. À Antropometria Dinâmica cabe a tarefa de analisar as suas características, com especial incidência sobre os seus limites. Podemos considerar movimentos compatíveis e incompatíveis. Ainda a partir do seu estudo despontaram vinte princípios de economia dos movimentos. É essencial que o analista possua conhecimentos básicos de anatomia e mecânica para que a análise dos movimentos seja eficaz. Os DORT são uma consequência dos movimentos repetitivos.
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