GESTÃO EM FINANÇAS PESSOAIS MÓDULO 0
Gestão de Finanças Pessoais
A HISTÓRIA E O VALOR DO DINHEIRO www.nova-etapa.pt
Gestão em Finanças Pessoais – eLearning
Mód. 0: O valor do dinheiro
FICHA TÉCNICA
TÍTULO Gestão em Finanças Pessoais
AUTORIA Teresa Caldeira
COORDENAÇÃO GERAL E PEDAGÓGICA E CONCEÇÃO GRÁFICA Nova Etapa – Consultores em Gestão e Recursos Humanos, Lda.
ANO DE EDIÇÃO 2011 (periodicamente revisto).
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Mód. 0: O valor do dinheiro
ÍNDICE I. OBJETIVOS PEDAGÓGICOS GERAIS
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II. CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS GLOBAIS
4
III. INTRODUÇÃO
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IV. DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDOS Módulo 0 – A História e o Valor do Dinheiro
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Objetivos Pedagógicos
7
Conteúdos Programáticos
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1. Porque existe o dinheiro
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2. Origem de alguma moedas
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3. Qual o papel do dinheiro na economia de hoje?
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I. OBJETIVOS PEDAGÓGICOS GERAIS
Atribuir ao dinheiro o seu justo valor
Reconhecer o custo de oportunidade das decisões que toma
Efetuar um orçamento mensal
Hierarquizar as suas opções de consumo
Identificar as cinco regras base da gestão de finanças pessoais
Gerir a sua divida e manter-se / voltar a um padrão de endividamento saudável
Interiorizar que existem diferenças entre sobreviver, viver e usufruir
II. CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS GLOBAIS
Qual o papel do dinheiro na economia hoje?
Gerir dinheiro é uma questão racional mas também emocional
Só existem duas formas de aprender a gerir: por “tentativa e erro” ou planear.
Pesquisa, planeamento, prioridades
Ser bem-sucedido na gestão das suas finanças depende tanto da forma como se gasta como da forma de poupança.
Não poupar torna todo o agregado familiar vulnerável.
Fazer o orçamento
Processo de concessão de crédito
Endividamento – divida corrosiva vs divida geradora de valor
Taxa fixa versus taxa variável
Planear a divida e o desendividamento
Técnicas de Poupança
Envolver a família
A corrida dos ratos
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III. INTRODUÇÃO Porquê tirar um curso de finanças pessoais?
“Tempo é dinheiro” “O dinheiro não compra felicidade mas ajuda” “O dinheiro é a minha principal preocupação” “Todos os dias penso que preciso de mais dinheiro para melhorar a minha vida” “Vivo do meu rendimento mensal e nunca vou conseguir poupar…”
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Se algum destes pensamentos já ocupou a sua cabeça mais do que uma vez, significa que a sua relação com o dinheiro precisa de ser alterada. Alterar esta relação é no fundo altera a forma como vemos o dinheiro e o impacto que o mesmo tem na nossa vida e no nosso agregado familiar.
Numa vertente prática, o objetivo do curso de finanças pessoais é ajudá-lo a gerir de forma mais eficiente o seu dinheiro, precaver-se contra o “endividamento corrosivo” e no caso de estar sobre-endividado, saber que passos têm de dar para que as preocupações com dinheiro não consumam a sua vida. O curso pretende também que a relação que tem com o dinheiro se torne mais saudável. O modo de vida na sociedade moderna preconiza um mundo onde a necessidade de tudo é rainha e a sua satisfação a nossa prioridade – mais carro, mais casa, mais anéis, férias mais caras, mais plasmas, mais computadores, mais mais mais. O grande problema é que o dinheiro, em vez de se tornar um meio para atingir um fim tornou-nos em prisioneiros, servos de uma vontade que nem sempre é nossa.
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IV. DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDOS Módulo 0 - A História e o Valor do Dinheiro OBJETIVOS PEDAGÓGICOS No final deste módulo deverá ser capaz de: Reconhecer a origem do dinheiro Identificar as funções do dinheiro na economia Atribuir ao dinheiro o seu justo valor Perceber a origem da Euribor Contextualizar as funções do BCE e a importância do mesmo para a economia
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS Porque existe dinheiro? Origem das moedas Qual o papel do dinheiro na economia hoje?
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1. Porque existe dinheiro? Há milhares de anos, o dinheiro não existia. As populações sobreviviam com o que caçavam ou pescavam e as pessoas eram muito independentes. O evoluir natural da história levou a que com o crescimento do número de pessoas, fossem formadas pequenas comunidades. Estas comunidades, além da caça e da pesca começaram a desenvolver outras atividades como a agricultura e a produção de ferramentas.
Num contexto em que nem todos produziam o que consumiam e vice-versa surge a base do sistema de troca. Este existia pela necessidade das pessoas que nas pequenas comunidades, ao precisarem de um bem que não produziam, efetuavam permutas de bens com a comunidade vizinha – é nesta altura que se introduz a troca direta, troca de um bem pelo outro, onde a ambos é reconhecido um valor.
No entanto nem sempre era fácil encontrar alguém que tivesse o bem que nós queríamos e que aceitasse o que queríamos oferecer. Imagine-se que eu precisava de uma vaca e encontrava alguém que tivesse uma, mas precisasse de cereais e o que eu tinha para oferecer era peixe, tinha de procurar alguém que quisesse peixe e me desse cereais em troca, para conseguir a vaca.
Dada a necessidade de ter algum tipo de objeto ou alimento que facilitasse as trocas, começaram a existir símbolos que tinham este papel, como: conchas, plumas, tabaco, peles, pedras, sementes, cereais e sal, que eram então usados como reserva de valor. 8 www.nova-etapa.pt
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Eram escolhidos geralmente por ser objetos de grande procura. A título de exemplo, o cacau no império Asteca ou o boi na Grécia Antiga (ao qual se referiam como pekus) eram referências utilizadas nas trocas comerciais.
Mais tarde outros bens como o metal e os metais preciosos (ouro, prata, estanho ou ferro) começaram a ser utilizados como meio de troca e meio facilitador do comércio. A atratividade destes materiais aliados à sua durabilidade e facilidade de divisão foram determinantes para este protagonismo. Inicialmente eram utilizados na sua forma natural, passando a ser padronizado mais tarde para fins comerciais. Posteriormente e dada a dificuldade de transporte destes materiais, surgem as moedas, pequenas peças de ouro ou prata, ou uma combinação dos dois, que tinham inscrições com o seu peso e valor, assim como marcas com os nomes, desenhos ou legendas dos governantes de cada região. Uma das mais antigas moedas cunhadas com o rosto de um monarca foi feita em homenagem a Alexandre, O Grande. As moedas eram práticas porque podiam ser contadas em vez de pesadas. Por serem um 'meio de troca' fiável e eficaz, as moedas foram um enorme contributo para o aumento do comércio no mundo antigo.
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Foi assim que surgiram as primeiras formas de dinheiro nas sociedades. Esta história mostra-nos que o dinheiro é um meio de troca comercial ao qual é reconhecido e associado um valor.
Até recentemente, o dinheiro baseava-se unicamente em moedas. Isto devia-se ao facto de uma moeda conter uma quantidade precisa de um metal, como o ouro ou a prata, que tinha um valor reconhecido. Este tipo de dinheiro é conhecido como 'moeda metálica' e o seu valor é garantido pelo metal precioso que contém.
À medida que o comércio cresceu tornou-se necessário mais e mais dinheiro como meio de troca. Na idade média surgem os primeiros “cheques”, no fundo letras de troca, com um modo de funcionamento semelhante ao atual - depositava ouro, ficava com um papel de registo e quando necessitava levantava o valor do cheque, ficando o banco com uma comissão.
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Posteriormente começa a ser adotado o papel-moeda (notas) emitidos pelos bancos e pelos governos. As notas não contêm o valor que representam. Em vez disso, o emissor de uma nota garante o seu valor. Isto é conhecido como 'dinheiro por decreto'.
Hoje em dia são os bancos centrais que assumem essa função, com exceção dos Estados Unidos, onde é a reserva federal que emite dinheiro, posteriormente colocado em circulação pelo Banco Central.
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2. Origem de algumas moedas Os nomes das antigas moedas da Europa revelavam habitualmente algo sobre as suas origens: • O xelim, utilizado na Áustria, obteve o seu nome de uma marca num pau utilizado para contar. • O tolar, utilizado na Eslovénia, tem origem na moeda medieval, o táler, cunhado inicialmente na República Checa em 1518 – o nome 'táler' deu origem ao termo 'dólar' nos EUA. • O nome do dracma grego significa 'punhado' e refere-se a um punhado de seis barras de metal que era utilizado como moeda antes de o dracma ser introduzido na Grécia Antiga. • O franco, significando 'livre' em francês, foi inicialmente cunhado no século XIV para pagar o resgate do rei francês João II, o Bom.
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Algumas moedas que já foram utilizadas em Portugal
Maravedi ou Morabitino
Reais pretos
Ceitil (de Ceuta).
Espadim de prata.
Chinfrão.
Escudo
Cruzado de ouro.
Vintém.
Índio de prata
Português de ouro.
Pataco
S. Vicentes.
Tostões de prata.
Moedas de conto
Conceição.
Cruzado de prata
O dobrão
Centavo de bronze
Euro
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Em resumo:
O dinheiro na economia assume três funções:
Unidade de referência, através da qual é possível medir o “valor” de um dado bem
Meio de troca reconhecido, permitindo aos compradores adquirir um determinado bem mediante um montante pré-estabelecido
Reserva de valor, permitindo ao seu utilizador a transferência do poder de compra do presente para o futuro.
Quando não existiam as moedas e notas como as conhecemos hoje, começou por se utilizar a troca direta como forma de obter bens. Com o evoluir da sociedade, a troca direta tornou-se insustentável e começou a recorrer-se a determinados objetos e produtos como reserva de valor”, ou seja, que tivessem um valor universalmente reconhecido. As trocas comerciais propiciaram o aparecimento da “moeda”, eventualmente cunhadas e que tinham um valor pré estabelecido. Atualmente, são os bancos centrais que tomam a decisão de aumentar o dinheiro em circulação na economia, procedendo à emissão de mais “moeda”, ou seja, notas e moedas.
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3. Qual o papel do dinheiro na economia hoje?
Conforme vimos, o dinheiro hoje na economia assume três funções:
• Unidade de referência, através da qual é possível medir o “valor” de um dado bem; • Meio de troca reconhecido, permitindo aos compradores adquirir um determinado bem mediante um montante pré-estabelecido; • Reserva de valor, permitindo ao seu utilizador a transferência do poder de compra do presente para o futuro.
No entanto o seu papel na economia não se resume às funções que desempenha mas também ao impacto que tem a sua circulação e as decisões que estão por detrás da mesma. Como circula o dinheiro na economia? Quem o coloca a circular? E qual o impacto que esta circulação tem?
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Os responsáveis pela emissão do dinheiro, ou seja, das moedas são geralmente os Bancos
Centrais.
Na
Europa,
o
Banco
Central
Europeu
(BCE)
assume
a
responsabilidade da emissão de moeda e é a única entidade com habilitações legais para o fazer entre os países da Zona Euro. Para o colocar em circulação efetua empréstimos a um conjunto de bancos. O BCE tem duas formas de o fazer, através de facilidades permanentes ou em operações de mercado aberto.
Mapa da área do euro
Fonte: Banco Central Europeu
A primeira coisa a reter é que estes empréstimos são efetuados a uma taxa de juro, à qual se chama a taxa de referência do BCE, ou refi-rate. Então como é formada a taxa que temos como referência nos nossos empréstimos, a EURIBOR?
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Os Bancos também se financiam uns aos outros, usando para o efeito a refi-rate como referência acrescida de mais uma percentagem, que no fundo é o lucro dos bancos. As operações de financiamento mútuo efetuadas pelos 52 bancos mais representativos da Zona Euro dão origem à EURIBOR, que não é mais do que a refi-rate do BCE acrescida de uma margem. Esta taxa varia todos os dias, porque todos os dias são efetuados empréstimos e é determinada para diversos períodos de tempo.
…
Banco B
Banco C
Banco A
Banco c
52 Bancos efetuam operações de financiamento mútuo dando origem à EURIBOR
Banco A
Banco D
Banco B
Banco F
Banco E
As instituições bancárias utilizam a EURIBOR como taxa de referência para os negócios que efetuam, nomeadamente com os particulares. A esta taxa acresce o spread (cujo método de cálculo é analisado no módulo IV), que depende de muitas variáveis.
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Quando os bancos estão mais relutantes em emprestar uns aos outros ou estamos em crise, a taxa EURIBOR sobe. Por vezes nestas alturas (que foi o que aconteceu em 2008 e 2009), quando a disponibilidade das instituições bancárias é menor e o custo sobe, os bancos centrais fazem mais empréstimos do que é normal a custos mais baixos, baixando a refi-rate e por norma a Euribor. Este processo aumenta a liquidez no sistema financeiro, ou seja, a circulação de dinheiro.
Esta é uma forma simplista de ver o processo mas que permite perceber a forma como as taxas são formadas.
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Uma das principais funções do BCE é então a gerir a quantidade de moeda em circulação e determinar as taxas de juro, ou seja, é um agente responsável pela política monetária da Zona Euro. A política monetária é uma das mais importantes componentes da economia.
Exemplificando:
Menos dinheiro em circulação
Mais elevada a taxa de juro exigida
Maior o custo do investimento
Maior o custo do consumo
Alteração das politicas das empresas
Alteração dos padrões de consumo
(menos interesse em contratar etc)
(consumir gastando menos)
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A consequência imediata é a diminuição do rendimento disponível e a contração económica.
Qual o papel que a inflação, ou seja, a variação dos preços, desempenha nesta análise?
Primeiro que tudo, é necessário compreender que o objetivo principal do BCE e do Sistema Europeu de Bancos Centrais, segundo consta do Tratado sobre o funcionamento da União Europeia, é a estabilidade de preços:
Fonte: Banco Central Europeu
Por outras palavras, o objetivo é manter as taxas de inflação próximas dos 2% no médio prazo. Pela lógica, com o aumento de moeda em circulação, devia aumentar a inflação, porque cada moeda passa a comprar menos. Por exemplo, é costume ouvir dizer que há 10 anos atrás com EUR 20 íamos ao supermercado e comprávamos o dobro das coisas. Isto sucede porque com o passar dos anos aumentou o dinheiro em circulação.
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Depois das emissões montarias de emergência supracitadas, o BCE diminuiu a injeção de dinheiro na economia. Simultaneamente verificou-se uma menor propensão dos bancos para emprestar e uma diminuição de preços. Embora a análise subjacente seja mais complexa, simplificámos a análise para tornar a compreensão mais simples.
Em resumo:
O papel do dinheiro não se resume apenas às suas funções, sendo necessário compreender o impacto que a circulação deste tem para perceber as decisões por detrás da emissão de dinheiro.
O dinheiro é emitido pelo BCE, que acaba por ser o agente responsável pela política monetária da Zona Euro;
Entra em circulação através de empréstimos aos bancos – mais dinheiro na economia, maior a liquidez;
Estes empréstimos são efetuados a uma taxa de referência;
A EURIBOR surge das taxas de empréstimos mútuos entre os 52 bancos mais representativos da União Europeia;
O dinheiro chega às nossas mãos com um custo que resulta da soma da EURIBOR (a um determinado prazo) e um “spread”.
O grande objetivo do Banco Central Europeu é a manutenção da estabilidade de preços, ou por outras palavras, manter os níveis de
inflação próximos dos 2%.
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Texto sobre política monetária
“Política monetária O objetivo primordial do Eurosistema, de que o Banco de Portugal faz parte, é a manutenção da estabilidade de preços, ou seja, a manutenção do poder de compra da moeda. Este objetivo está estipulado no Tratado que instituiu a Comunidade Europeia. Sem prejuízo do objetivo da estabilidade de preços, o Eurosistema apoiará as políticas económicas gerais da Comunidade, tendo em vista contribuir para a realização dos objetivos da Comunidade. Estes objetivos incluem a promoção de um elevado nível de emprego e de um crescimento sustentável e não inflacionista. A definição daquele objetivo primordial reflete um consenso generalizado entre economistas e decisores de política de que o melhor contributo da política monetária para um crescimento económico sustentado é garantir a estabilidade de preços.
Estratégia de política monetária do BCE A fim de manter a estabilidade de preços, o Banco Central Europeu (BCE) adotou uma estratégia de política monetária que inclui uma definição rigorosa desse objetivo. O Conselho do BCE anunciou em 1998 a seguinte definição quantitativa: "A estabilidade de preços será definida como o aumento em termos homólogos do Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC) para a área do euro inferior a 2%. A estabilidade de preços deverá ser mantida a médio prazo". Após uma avaliação da sua estratégia de política monetária em 2003, o Conselho do BCE confirmou esta definição. Simultaneamente, o Conselho do BCE clarificou que, a fim de alcançar a estabilidade de preços, o seu objetivo será a manutenção, a médio prazo, da taxa de inflação num nível inferior mas próximo de 2%. Esta clarificação revela o empenho do BCE em proporcionar uma margem de segurança suficiente para a prevenção contra os riscos de deflação e contempla igualmente a possível existência de um enviesamento de medida do IHPC e as implicações da existência de diferenciais de inflação dentro da área do euro.
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A afirmação de que "a estabilidade de preços deverá ser mantida a médio prazo" reflete a necessidade de a política monetária assumir uma orientação prospetiva. Reconhece igualmente a existência de volatilidade de curto prazo nos preços, que não pode ser controlada pela política monetária. Além da definição quantitativa de estabilidade de preços, a estratégia de política monetária do BCE fornece ainda um enquadramento que garante que o Conselho do BCE avalia toda a informação relevante para a tomada de decisões de política monetária. A abordagem do BCE para a organização, avaliação e comparação da informação relevante na avaliação dos riscos para a estabilidade de preços baseia-se em duas perspetivas analíticas complementares sobre a determinação da evolução dos preços, referidas como os dois “pilares”. Esta abordagem foi confirmada e clarificada pelo Conselho do BCE em 2003. A primeira perspetiva, referida como "análise económica", tem como finalidade identificar os riscos de curto a médio prazo para a estabilidade de preços, centrando-se na atividade real e nas condições financeiras da economia. Tem em consideração o facto de a evolução de preços ao longo destes horizontes ser largamente influenciada pela interação entre oferta e procura nos mercados de bens, serviços e fatores. Os exercícios regulares de projeções macroeconómicas do BCE/Eurosistema fazem parte desta "análise económica". A segunda perspetiva, referida como "análise monetária", tem como objetivo avaliar as tendências de médio a longo prazo da inflação, tendo em conta a estreita relação entre moeda e preços em horizontes alargados. A análise monetária serve sobretudo de meio de comparação, numa perspetiva de médio e longo prazo, das indicações de curto e médio prazo fornecidas pela análise económica.”
Fonte: Banco de Portugal
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