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MÓDULO I

A DINÂMICA DE GRUPOS

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Trabalho em Equipa - eLearning

Mód. I: A Dinâmica de Grupos

ÍNDICE I. OBJETIVOS PEDAGÓGICOS GERAIS

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II. CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS GLOBAIS

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III. INTRODUÇÃO

4

IV. DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDOS Módulo I – A Dinâmica de Grupos

6

Objetivos Pedagógicos

6

Conteúdos Programáticos

6

1. A Dinâmica de Grupo

8

2. Conceito de Grupo e Tipos de Grupos

13

3. Conceito de Equipa de Trabalho

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4. Características de Equipa de Trabalho

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5. Formas da Equipa de Trabalho

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Mód. I: A Dinâmica de Grupos

I. OBJETIVOS PEDAGÓGICOS GERAIS • Identificar o campo de atuação da Dinâmica de Grupo; • Identificar as principais etapas de desenvolvimento da Dinâmica de Grupo; • Definir grupo e equipa de trabalho; • Caracterizar os grupos de acordo com as diferentes tipologias; • Distinguir vários tipos de grupos formais e informais; • Identificar a estrutura de funcionamento de uma equipa de trabalho; • Reconhecer a existência de diferentes papéis funcionais; • Identificar os principais fenómenos comportamentais dominantes: competição vs cooperação; • Identificar os principais fatores de coesão e de destabilização de uma equipa de trabalho; • Enumerar os principais benefícios e obstáculos ao trabalho em equipa; • Distinguir as fases de desenvolvimento das equipas de trabalho; • Identificar os principais fatores associados à coesão; • Reconhecer a importância da comunicação motivacional para o desenvolvimento da equipa; • Avaliar o impacto da criação e utilização das sinergias de grupo para o desenvolvimento dos indivíduos, das equipas e da organização.

II. CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS GLOBAIS • Conceito de Dinâmica de Grupo; • Conceito de grupo e equipa de trabalho; • Tipos de grupos; • Grupos formais e informais; • Estrutura de funcionamento dos grupos; • Papéis funcionais; • Normas de grupo; • Pensamento grupal; • Cooperação vs competição; • Eficiência e eficácia; • Fatores facilitadores da comunicação na equipa; • Fatores de coesão; • Comunicação motivacional; • Comportamentos desviantes e eficazes; • Sinergia de grupo.

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III.

Mód. I: A Dinâmica de Grupos

INTRODUÇÃO

A atual organização do trabalho exige o trabalho em equipa. Hoje em dia, não se consegue imaginar trabalhar de outra forma. A necessidade de partilha é um imperativo.

Nenhum sozinho

de

nós

todo

conhecimentos atualização,

de

consegue o em uma

abarcar

manancial

de

permanente forma

quase

vertiginosa. Precisamos uns dos outros para sobreviver em termos profissionais. Contudo, apesar desta motivação, do querer trabalhar em equipa, a verdade é que o nosso sistema de ensino conduz muitas vezes a um exacerbado espírito de competição, numa tentativa individual de afirmação, que em nada favorece o desenvolvimento das competências necessárias ao trabalho conjunto.

Pensamos que trabalhamos em equipa quando, na maioria das vezes, apenas fazemos do nosso grupo um prolongamento de nós próprios, numa tentativa de estender e aplicar aos outros a nossa maneira de sentir e agir. A nossa equipa é boa, desde que todos os seus membros aceitem incondicionalmente a nossa forma de estar e de trabalhar.

É fácil falar-se em equipas, exaltar-se o valor da equipa e do seu trabalho conjunto. É mais difícil fazer com que as equipas reais, na prática de todos os dias, funcionem de forma eficaz, satisfazendo as necessidades de cada um em particular, de todos em geral e da organização em que estão inseridas. O trabalho em equipa é, de algum modo, o retorno a uma relação interpessoal autêntica e a uma qualidade da vida profissional perdida algures no tempo.

Discutir valores como cooperação, solidariedade, comunicação, espírito de grupo ou outros relacionados, passaram a ser questões fundamentais para quem se preocupa com o seu desenvolvimento profissional e, porque não dizer, também pessoal.

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Trabalhar bem em equipa pode também ser uma forma de nos tornarmos melhores pais, melhores amigos, melhores pessoas. O sucesso neste domínio acarretará sempre uma mudança de atitude, de “espírito”, pois o trabalho em equipa, se as equipas merecer esse nome, pode trazer ao mesmo tempo humanização das relações interpessoais, mudanças na perceção do eu e do outro, renovação no sentido da responsabilidade de cada um ao nível do seu grupo e ao nível da sociedade em geral.

Este curso procura dar algumas pistas nesse sentido. Pensamos que o caminho se faz pela tomada de consciência mais exata dos fenómenos decorrentes do trabalho em equipa, do reconhecimento do impacto do nosso comportamento nos outros, e o dos outros na nossa atuação, bem como da sua importância para o desenvolvimento e crescimento das organizações. Esta é apenas a primeira etapa. As seguintes e novas etapas alcançar-se-ão trabalhando.

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IV.

Mód. I: A Dinâmica de Grupos

DESENVOLVIMENTO DE CONTEÚDOS

Módulo I - A Dinâmica dos Grupos OBJETIVOS PEDAGÓGICOS No final deste módulo deverá ser capaz de: • Definir o conceito de Dinâmica de Grupo de Trabalho; • Identificar o campo de atuação da Dinâmica de Grupo; • Identificar as principais etapas de desenvolvimento da Dinâmica de Grupo; • Definir grupo e equipa de trabalho; • Caracterizar os grupos de acordo com as diferentes tipologias; • Distinguir vários tipos de grupos formais e informais.

CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS • Conceito de Dinâmica de Grupo; • Conceito de grupo; • Conceito de equipa de trabalho; • Características dos grupos formais e informais; • Grupos primários e secundários.

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A DINÂMICA DE GRUPO De

que

falamos

quando

nos

referimos a grupos ou equipas de trabalho?

Será

que

não

somos

sempre a mesma pessoa? Porque razão somos capazes de cantar no banho, mas ficamos completamente mudos

perante

um

grupo

de

pessoas? E o que dizer quando somos capazes de atos de completa “loucura” quando estamos em alegre confraternização com um grupo de amigos, mas ficamos impávidos e serenos, sem ousar sequer levantar a voz, quando estamos numa reunião de trabalho com a nossa equipa? As razões de ser do nosso comportamento quando nos encontramos integrados num grupo são a razão de ser deste manual.

Para que possamos entender este fenómeno comportamental considerámos necessário incluir algumas noções relativas à Dinâmica de Grupos, bem como identificar algumas das principais etapas do seu desenvolvimento. Parece razoável considerar que a “Psicologia dos Pequenos Grupos” surge na fronteira entre o psicológico e o sociológico. No campo da psicologia, na medida em que é a ciência que visa a compreensão da personalidade individual, mas alarga o seu campo de estudo aos comportamentos em grupo quando constata que certas características ou propriedades do indivíduo se manifestam de forma diferente, conforme ele atua em condições de relativo isolamento ou numa atmosfera em que mantenha relações face a face com outras pessoas. Também no campo da sociologia, se considerarmos que a sua área de pesquisa se estende aos fenómenos que se verificam nos grupos. Contudo, ultrapassando esta polémica, hoje parece ser comummente aceite que a Dinâmica de Grupo – Psicologia dos Pequenos Grupos – constitui um ramo da psicologia social.

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1. A DINÂMICA DE GRUPO Parece

razoável

considerar

que

a

“Psicologia dos Pequenos Grupos” surge na fronteira entre o psicológico e o sociológico. No campo da psicologia, na medida em que é a ciência que visa a compreensão da personalidade individual, mas alarga o seu campo de estudo aos comportamentos

em

grupo

quando

constata que certas características ou propriedades do indivíduo se manifestam de forma diferente, conforme ele atua em condições de relativo isolamento ou numa atmosfera em que mantenha relações face a face com outras pessoas. Também no campo da sociologia, se considerarmos que a sua área de pesquisa se estende aos fenómenos que se verificam nos grupos. Contudo, ultrapassando esta polémica, hoje parece ser comummente aceite que a Dinâmica de Grupo – Psicologia dos Pequenos Grupos – constitui um ramo da psicologia social.

1.1 – DESENVOLVIMENTO DA DINÂMICA DE GRUPO Os primeiros estudos de psicologia social terão sido realizados no início do século XX mas, até cerca da segunda década, são escassos os trabalhos dedicados ao estudo dos comportamentos individuais em grupo. É a partir dos anos 40, nos Estados Unidos, que se dá o grande “boom” em termos de estudos relacionados com o comportamento dos indivíduos quando integrados em pequenos grupos. Os grandes especialistas desta temática, donde destacamos Roger Mucchielli, afirmam mesmo que se terão verificado neste país condições históricas e sociais excecionalmente favoráveis ao avanço das pesquisas, como sejam:

a) No plano industrial, a preocupação com o rendimento e a produtividade em época de recessão económica, determinou que os empregadores procurassem psicólogos para estudar os fatores associados a estes aspetos – produtividade e rendimento das equipas de trabalho;

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b) No plano político, os problemas colocados com o triunfo da ideologia nacionalfascista na Alemanha e o seu impacto na população local, levou a uma preocupação com a análise dos fenómenos coletivos e com os meios de atuar sobre os grupos humanos;

c) No plano militar, o envolvimento dos Estados Unidos na Segunda Grande Guerra, levou ao intensificar das pesquisas sobre os fatores de coesão e eficácia dos pequenos grupos, nomeadamente sobre os elementos necessários para manter a moral e o espírito de equipa dentro das pequenas unidades de combate isoladas em operações no território1;

d) Finalmente, no plano social, durante as décadas de 20 a 40 assiste-se a uma multiplicação de associações de cariz variado: associações sindicais, patronais, comerciais, religiosas, entre outras, demonstrando claramente uma forte tendência para a associação dos indivíduos em grupos.

1.2 – AS PRIMEIRAS INVESTIGAÇÕES Sem nos querermos alongar demasiado em conceitos teóricos, julgamos importante referir algumas das investigações mais recentes na área da Dinâmica de Grupo.

Como já mencionámos, durante as décadas de 20 e 30 os Estados Unidos da América viveram um período de crise económica bastante acentuado, o que obrigou ao repensar das formas e métodos de trabalho, no sentido de os otimizar e rentabilizar. Nesse contexto, Elton Mayo, um dos grandes pensadores no domínio da gestão empresarial, conduziu uma investigação que ficaria conhecida como a “investigação de Hawthorne”, e cujos resultados mudaram para sempre a visão acerca das equipas de trabalho.

A pesquisa decorreu entre 1927 e 1935 e foi efetuada na fábrica de Hawthorne, da Western Electric Company, tendo como objetivo inicial estudar a eventual relação entre as condições de trabalho e as variações de rendimento dos trabalhadores.

1

Adaptado de Roger Mucchielli, La Dynamique des Groupes, Ed. ESF, Paris, 1980

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Isto é, pretendia-se identificar o impacto que algumas variáveis objetivas, como sejam, o horário de trabalho, o sistema de pausas, as condições de calor, de humidade, de luz, etc., tinham no rendimento de trabalho dos operários.

No decurso das pesquisas, porém, os investigadores foram levados a concentrar a sua atenção em aspetos que, não tendo sido ponderados inicialmente, revelavam ter um enorme impacto no rendimento de trabalho e nas relações entre os trabalhadores, quer nas relações hierárquicas, quer funcionais, isto é, os investigadores debruçaram-se pela primeira vez sobre a temática das relações interpessoais e uma série de fenómenos gerados na vivência grupal.

Observando sistematicamente durante oito meses as interações e a vida coletiva própria, os valores e as normas secretas de um grupo de catorze operários que constituíam uma oficina, os investigadores foram levados a concluir que: • Todos os aspetos materiais concretos e objetivos (remuneração, horário de trabalho, condições de trabalho como luminosidade, calor, frio, ruído, etc.), adquiriam significados psicológicos e sociais, com caráter “subjetivo”, não tendo o impacto que se esperava que tivessem; • Em resultado das interações entre os membros, o grupo possuía uma vida afetiva própria e tinha uma forma de organização informal diversa da definida oficialmente pela estrutura da empresa e que, dentro do grupo, existia um conjunto de normas e modelos de comportamento coletivo que protegiam o grupo das pressões externas.

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Em resumo, os investigadores concluíram que, mais do que as condições materiais de trabalho, havia uma relação estreita entre as relações interpessoais num grupo de trabalho e o rendimento desse grupo.

Outras investigações se seguiram, destacando-se as realizadas pelo psicólogo alemão radicado nos Estados Unidos desde 1934, Kurt Lewin. É a este investigador que se atribui o papel de “pai” da Dinâmica de Grupos. A ele se ficou a dever a ideia de grupo enquanto conjunto dinâmico, “cujo campo de atuação comporta não só os seus membros, mas também as suas finalidades, normas por que se rege, atividades que desenvolve”2. Foi também Kurt Lewin, em conjunto com outros psicólogos, que desenvolveu o estudo sobre o processo de comunicação no grupo, a interdependência, a estruturação do grupo, os processos de formação de atitudes, a pressão para a conformidade, a mudança e a resistência à mudança, os fenómenos relacionados com a liderança e a tomada de decisão em grupo (alguns destes aspetos serão desenvolvidos nos capítulos que se seguem).

No contexto militar, Lewin desenvolveu um especial interesse pelas questões da liderança e dos estilos de comando, demonstrando a importância do líder na atmosfera do grupo e na criação de espírito de equipa, o que teve uma enorme importância na forma como foram organizadas as unidades militares americanas envolvidas na Segunda Guerra Mundial.

2

Norton Deutsch e Robert M. Kraus, Les theories em psychologie sociale, Ed. PUF, Paris

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Eis um breve excerto da obra The American Soldier3: “o soldado americano típico da Segunda Guerra Mundial, para conservar a sua coragem em combate, não apelou nem para o seu ideal patriótico, nem para o seu ódio para com o inimigo, conforme tinha sido preparado. O que sustentou a sua moral foi sobretudo o sentido do dever para com a sua equipa e as suas relações primárias com os seus companheiros de combate.”

Depois

dos

anos

50,

cresceram

exponencialmente os trabalhos de pesquisa nesta área, o que demonstra claramente a cada vez maior importância deste tema. Os fenómenos decorrentes da dinâmica dos grupos têm repercussões em variadíssimos domínios, desde a organização do trabalho, à formação

profissional,

passando

pelas

técnicas de psicoterapia, pelo que esta temática continua e continuará cada vez mais a estar na ordem do dia.

Em resumo, o que importa retirar de todas estas etapas da investigação é a nova conceção de grupo – um todo que é diferente do somatório das características e aptidões dos seus membros tomados individualmente – e a sua capacidade para gerar fenómenos que podem ser canalizados para benefício dos seus membros como resultado das complexas interações que entre eles se estabelecem.

3

Samuel Stouffer, Princeton, 1949, citado por R. Mucchielli, O Trabalho em Equipa, Ed. Martins Fones, S.Paulo, 1980

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2. CONCEITO DE GRUPO E TIPOS DE GRUPOS Antes de entrarmos propriamente na definição e estruturação das equipas de trabalho, talvez seja útil procurarmos

uma

definição

de

grupo.

Um

dos

problemas na análise e discussão do trabalho em grupo é a utilização do termo grupo para descrever uma variedade de formas de organização social. Na prática, este facto tem gerado várias polémicas e muitas confusões. O que é um grupo, afinal? Será que um conjunto de pessoas que estão na fila do supermercado é um grupo? E um conjunto de amigos que se reúnem semanalmente para jantar e trocar umas ideias, será um grupo? Para ajudar a sistematizar a informação, pedimos-lhe que pense em todo o tipo de grupos em que participa ou participou. Damos algumas sugestões no quadro abaixo.

Família

Grupos políticos

Grupos de amigos

Unidades militares

Equipas desportivas

Equipas de trabalho

Grupos de estudo

Equipas de projetos especiais

Clubes de tempos livres

Equipas de solução de problemas

Grupos religiosos

Equipas interfuncionais

Grupos de escuteiros

Círculos de qualidade

Organizações de voluntariado

Conselhos de administração/gestão

Comissões de moradores

Grupos sindicais

Comissões de trabalhadores

Grupos de interesses específicos

Associações de estudantes

O que lhe parece que estes conjuntos de pessoas têm em comum? Todos são grupos, sendo alguns grupos informais, outros formais. No caso de um grupo de amigos, trata-se de um grupo informal, visto ser um grupo de formação espontânea; já no caso das equipas de trabalho ou dos grupos de formação profissional, estamos perante grupos formais, dado que a sua existência resulta da intervenção de terceiros e não apenas da espontânea vontade dos seus membros. 13


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Vejamos então uma definição de grupo: duas ou mais pessoas interagindo, partilhando um propósito comum, que se reconhecem a elas próprias como tendo uma relação singular, distinta das interações que têm com os outros.

Existem muitas definições de grupo, mas de um modo geral elas acentuam dimensões como a interação entre os seus membros e o sentimento de pertença.

Eis algumas das principais características que definem um grupo: • Duas ou mais pessoas em interação; • Partilha de objetivos e propósitos em comum; • Autodesignação por “nós”; • Sentimento de pertença ao grupo entre os seus membros, diferenciando-os do “não grupo”; • Perspetiva de continuidade e de futuro coletivo.

Em resumo, o que distingue os grupos informais dos formais é o facto dos primeiros serem de formação espontânea e os segundos surgirem também pela intervenção de terceiros e não apenas pela vontade espontânea dos seus membros.

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Os grupos podem também ser classificados de acordo com a importância que lhes é atribuída e com a regularidade dos seus contactos. Assim, podemos encontrar grupos designados por Primários e Secundários: • Grupos Primários (por exemplo, uma família, onde a regularidade dos contactos é frequente e a forma de contacto é direta, ou seja, face a face) • Grupos Secundários (por exemplo, uma Associação de Condóminos, onde a regularidade é fortuita e o contacto pode ou não ser direto)

Existem ainda outras possibilidades de definir a tipologia dos grupos, de acordo com parâmetros relacionados com a sua própria função, com a sua génese, com os seus objetivos, etc.

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3. CONCEITO DE EQUIPA DE TRABALHO Vimos já como uma equipa de trabalho é um tipo específico de grupo, que designámos por grupo formal, dada a sua formação não ser apenas espontânea, mas também dependente da intervenção externa. Qual será então a origem da palavra “equipa” ou “equipe”, como frequentemente surge escrita? Segundo Robert Lafon4, Equipe deriva da palavra “esquif” que designava uma fila de barcos amarrados uns aos outros e puxados por homens. Seria à imagem dos barqueiros puxando a mesma corda que se atribuiria o nome de Equipe. Seja esta ou não a verdadeira origem da palavra, o facto é que a expressão “equipa de trabalhadores” está associada a um conjunto de pessoas que se reúne para realizar uma tarefa comum; mais tarde, terá sido aplicada ao desporto, passando a designar-se um conjunto de desportistas unidos para ganhar uma competição como uma equipa. Seja como for, nesta palavra está subjacente um conceito, uma ideia de vínculo, um objetivo comum, uma organização, um duplo dinamismo que vem tanto da “cabeça” como do “conjunto”, refere-se a uma vitória a ser alcançada em conjunto.

4

“Les mecanismes des relations humaines dans le travail en équipe”, cit.por R. Mucchielli, op. Cit.

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4. CARACTERÍSTICAS DA EQUIPA DE TRABALHO Quando se fala em equipa de trabalho estão quase sempre associadas algumas características específicas, unanimemente consideradas pela maioria dos estudiosos do tema: • O número de membros da equipa é quase sempre reduzido. Esta característica foi experimentalmente comprovada: em equipas com número elevado de membros, a estrutura torna-se demasiado complexa, diminuindo assim a sua eficácia; • A qualidade do vínculo interpessoal, isto é, o tipo de relações que se estabelecem entre os seus membros, bem como a existência de uma certa consciência de pertença e de uma certa forma de cultura comum; • O envolvimento pessoal de cada um dos membros face aos objetivos da equipa. Diz-se por isso que uma equipa não é uma adição de pessoas, mas uma totalidade, um grupo psicossocial vivo e evolutivo, com uma interdependência consentida, em que cada pessoa traz um contributo; • A existência de uma unidade particular, não apenas uma unidade de “espírito”, mas uma unidade social especial; • Uma intencionalidade comum dirigida para um objetivo coletivo aceite e desejado por todos os membros. É a identidade do objetivo que leva os seus membros, tendo em mente a vitória, ao concertar das ações e à unidade de espírito. Sem a existência de um objetivo comum, não podemos falar de equipa de trabalho, mas apenas de um aglomerado de pessoas; • A existência de um conjunto de obrigações decorrentes para os seus membros, como sejam, a renúncia de um certo grau de liberdade que se tem quando se age sozinho, a aceitação de normas ou táticas comuns para a realização da tarefa, a coordenação dos esforços e até mesmo uma certa disciplina implícita à realização em grupo;

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• Uma organização ou estrutura, variável conforme o tipo de tarefa a realizar, os objetivos a atingir ou o contexto da ação, que determina a forma de distribuição dos papéis, de acordo com as suas competências e conhecimentos dos seus membros. Para Kurt Lewin,“a essência de um grupo não reside na sua similitude ou dissemelhança dos seus membros, mas na sua interdependência”. Pode caracterizar-se um grupo como um “todo dinâmico, o que significa que uma mudança de estado de qualquer das suas subpartes muda o estado de todas as suas subpartes. O grau de interdependência das subpartes constituídas pelos membros do grupo varia da massa lassa à unidade compacta”5.

As equipas de trabalho são, por excelência, grupos primários dado que possuem todas as características dos grupos primários formais, com especial ênfase à dimensão da ação, para além dos seguintes atributos:

5

Norton Deutsch e Robert M. Kraus, op. cit, pag. 61

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• Serem grupos reais, ou seja, sistemas sociais delimitados por uma fronteira, com interdependência e diferenciação de papéis entre os seus membros. Os membros dependem entre si para a realização de algum propósito e invariavelmente têm papéis especializados em função das tarefas que vão realizando; • Terem uma ou mais tarefas para realizar. O grupo tem de produzir algo pelo qual os seus membros são responsáveis face aos outros; • Realização das tarefas num horizonte temporal e num contexto organizacional. Em resumo, podemos dizer que a equipa é “uma cooperação entre um número limitado de profissionais diferentes, dentro do mesmo campo de ação, que se consideram coletivamente responsáveis por uma realização, tendo portanto uma intenção comum e agindo no interior de uma estrutura definida, dentro de um quadro estável e organizado” 6. Deixamos-lhe um pequeno excerto do filme “A Relação Pedagógica”:

6

. Lafon, op. cit.

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5. FORMAS DA EQUIPA DE TRABALHO Vimos atrás como podem variar as formas de grupos designados por primários, desde a família, ao grupo de escuteiros, ao grupo de caçadores, associação de condóminos, etc., etc. Também no que se refere às equipas de trabalho, as suas formas são praticamente infinitas e variam não só conforme cada tipo de serviço, como mesmo de acordo com cada serviço. E dentro de uma mesma organização existem várias equipas, sendo raro existirem duas equipas idênticas. Vejamos alguns exemplos daquilo a que nos referimos: • O controlo de tráfego aéreo. Os controladores de tráfego aéreo trabalham em equipa, não no sentido de rotação de horário, mas no sentido da coação em situação. Cada centro de controlo aéreo (geralmente associados a um aeroporto) tem adstrito um determinado espaço aéreo, sendo responsável pela gestão de todo o tráfego que nele passar. Esse espaço aéreo está dividido em zonas, estando cada zona atribuída a um profissional. Na sua trajetória, uma aeronave passa de zona em zona, desde a sua origem até ao seu destino final. Da mesma forma, vai passando pela “mão” de cada um dos profissionais responsáveis por cada uma das zonas; • A equipa de cirurgia. Estas equipas são

tipicamente

equipas

de

multidisciplinariedade, em que a ação de cada um dos profissionais é complementada pela do outro. Em geral, estas equipas são compostas por

diversos

profissionais,

como

sejam, o cirurgião-chefe, o cirurgião assistente (ou mais do que um), o anestesista,

os

enfermeiros

instrumentistas, agindo cada um de acordo com a sua área de especialidade;

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• A equipa de pesquisa científica num laboratório farmacêutico. Em geral, os investigadores estão divididos por equipas, sendo cada uma responsável por um campo de pesquisa, em coordenação com as outras equipas. Imaginemos que se está a proceder à investigação das patologias celulares. Intervêm várias equipas, cada uma com vários técnicos especializados numa área: uma equipa responsável pela síntese molecular, outra equipa responsável pelo controlo, análise e purificação das sínteses realizadas pela equipa anterior, uma outra equipa que se dedica ao estudo das aplicações das sínteses moleculares e, finalmente, uma última equipa que realiza a investigação relativa à terapêutica, indicações clínicas, a posologia a aplicar em cada caso, etc.; • Também o caso das chamadas “Task Force”, ou seja, equipas de trabalho constituídas por vários profissionais, da mesma área de intervenção ou não, cujo objetivo é a identificação e resolução de um determinado problema e cuja atuação está limitada a uma ação concreta com um tempo pré-determinado de existência;

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• Os Círculos de Qualidade, constituídos por técnicos qualificados em vários domínios de intervenção (princípio da multidisciplinariedade), para implementar um sistema de qualidade num departamento ou organização.

Poderíamos ainda referir o caso de equipas de trabalho cujo princípio de atuação é o da rotação de horário como, por exemplo, o caso dos vigilantes, dos condutores de autocarros, dos operários em fábricas de regime de laboração contínua, etc., etc.

Em resumo, as equipas de trabalho podem assumir diferentes formas, de acordo com a natureza da tarefa a realizar, os objetivos que as norteiam, o tempo de duração e, enfim, de acordo com uma pluralidade de fatores, destacando-se como o principal o caráter de interdependência existente entre os seus membros e as funções por eles desempenhadas.

EQUIPA

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FICHA TÉCNICA

TÍTULO A Dinâmica de Grupos

AUTORIA, COORDENAÇÃO GERAL E PEDAGÓGICA E CONCEÇÃO GRÁFICA Nova Etapa – Consultores em Gestão e Recursos Humanos, Lda.

ANO DE EDIÇÃO 2012

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