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Revista laboratório dos alunos do curso de Jornalismo do Centro Universitário 7 de Setembro
HIStoRIAS DE
Superação
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Caro leitor, Reitor Ednilton Soárez VICE-REITOR Ednilo Soárez PRÓ-REITOR ACADÊMICO Adelmir Jucá PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO Henrique Soárez Coordenador dos Cursos de Jornalismo E PUBLICIDADE E PROPAGANDA Magela Lima
p issuu.com/npjor/docs EditorA Chefe Ana Márcia Diógenes
Projeto Gráfico Humberto de Araújo Direção de Arte Moema Braga Editorial Fátima Belarmino e Lucas Monteiro COLABORARAM NESTA EDIÇÃO texto Ana Luiza Marques, Andrei Markus, Athila Nepomuceno, Beatriz Mendes, Bernardo Barros, Cadu Franco, Eduardo Andrade, Fernanda Borges, Flávia Bessa, Flávia Gouveia, Gabriela Bevenuto, Guilherme Feitosa, Isabela Moraes, Matheus Nunes, Lucas Monteiro, Fátima Belarmino, Lennon Costa, Onivaldo Neto, Vitor Siqueira DIAGR AMAÇÃO Aldemir Neto, Guilherme de Andrade, Lucas Monteiro, Luciano Chaves, Moema Braga, Paulo Victor, Roberto Souza
Logo no primeiro semestre deste ano, a pandemia do novo coronavírus nos pegou de surpresa. Seguindo o mesmo ritmo acelerado da Covid-19, de repente, o termo “novo normal” passou a ser utilizado como adjetivo. O termômetro aponta que a sociedade continua seguindo em frente. Apesar das dores, perdas, desafios e marcas, podemos incluir a palavra superação. E um dos exercícios mais importantes neste processo para nós, aspirantes da comunicação e comunicólogos, é o do questionamento: “Como serão as memórias que eu quero construir?”, “como humanizar a minha narrativa diante de dados tão difíceis?”. Nesta edição da revista Matéria Prima, acompanhamos histórias de vidas sob a ótica dos seguintes aspectos: influenciadores digitais e a produção de conteúdo em tempos de excesso informacional, rituais de passagem e a adaptação a datas comemorativas, movimentos sociais e as estratégias da solidariedade, e as expressões de arte e o novo olhar para ferramentas e recursos. Estas narrativas que aqui se encontram, refletem o característico sentimento humano da superação. Em um contexto pandêmico que provocou a necessidade de se descobrir novas ferramentas para o exercício de atividades tão cotidianas, a criatividade também favoreceu a equipe da Matéria Prima, estimulando a transmitir, com fidelidade, os diferentes relatos que enriquecem nossas páginas. As conversas que tivemos, e que esta revista publica, revelam pessoas reais que, mesmo em detrimento de suas diferentes realidades neste momento, não se diferem daquilo que grande parte da população passou a assumir como rotina diante da Covid-19. A solidariedade não se enfraqueceu, cerimônias foram realizadas, serviços não deixaram de ser prestados. Afastando qualquer representação do sentimento de prejuízo em meio a tempos tão desafiadores, os acontecimentos aqui expostos são espelho do mais comum dos milagres humanos: o renascimento da esperança, em meio a uma odisséia de problemas, dos mais simples aos mais complexos.
Nossa capa Publicidade e Propaganda
CONCEPÇÃO Aldemir Neto MONTAGEM Aldemir Neto
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Solidariedade espalha atos de bondade
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Evangelização é acolhimento em tempos difíceis
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Fotografia e lettering para ressignificar sentimentos
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As narrativas possíveis nas ruas da cidade
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Digital influencer e a atuação na pandemia
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↔ FOTO: BANCO DE IMAGENS
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Formandos ultrapassam barreiras de transição
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Comunidades virtuais fortalecem mediações
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Casais formalizam união, superando limites
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Celebrar a vinda dos bebês traz inovações
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Teatro e criatividade no isolamento social
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↔ Kayo fazia questão de entregar os alimentos pessoalmente [FOTO: DIVULGAÇÃO]
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Arrecadar solidariedade e alimentar a esperança Fruteiro doa uma tonelada e meia de alimentos para mais de 80 famílias no período de quarentena por iniciativa própria Texto Lennon Costa DIAGRAMAÇÃO Aldemir Neto
Segundo o dicionário, solidariedade é um ato de bondade e compreensão com o próximo. Nesta pandemia, causada pelo novo coronavírus, em que todos foram afetados, algumas pessoas dependeram muito desse ato para que pudessem sobreviver. Foi pensando assim que Kayo Breno, 28, com o apoio de várias pessoas, conseguiu ajudar mais de 80 famílias em situação mais delicada. Administrador de uma frutaria, em parceria com a família, Kayo viu sua rotina mudar completamente quando uma pessoa resolveu pedir ajuda de uma cesta básica, pois estava ficando sem ter o que comer. Com algumas
ligações e posts no Instagram, as pessoas foram doando quilos de alimento, fazendo com que ele conseguisse montar a cesta, e ainda sobrar alimentos para outras. Foi então que Kayo teve uma ideia que mudou a vida de muitas famílias. Por meio do Instagram, ele disponibilizou tempo e seu carro para ir buscar qualquer doação que as pessoas se dispusessem a dar, mesmo que fosse apenas um quilo. Com isso, só no Planalto Pici, bairro onde cresceu, conseguiu entregar cerca de 50 cestas básicas que ajudaram aquelas famílias por um longo período. “Procurava fazer cestas básicas grandes para durar o mês inteiro para a família.
Não queria ajudar alguém para a cesta durar só uma semana”, destacou. As dificuldades
Para alcançar um número maior de doações, Kayo foi à busca de parcerias em mais de 30 empresas, e recebeu muitas portas fechadas. “Senti uma dificuldade muito grande, porque eu era uma pessoa física, e as empresas não confiavam muito no projeto. Foram poucas as que ajudaram”. Foi pensando nisso que decidiu profissionalizar o projeto com a criação do site “Campanha Doe Amor”, onde colocaria seus contatos e fotos das doações que fazia, para obter maior confiança das pessoas.
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↔ Grávida recebendo doação de acessórios para o bebê [FOTO: DIVULGAÇÃO]
Kayo dedicou todo o seu tempo durante a quarentena para essa causa, muitas vezes se deslocando longas distâncias para pegar uma doação. “Moro no Antônio Bezerra. Às vezes havia gente no Conjunto José Walter querendo doar e eu atravessava a cidade, mesmo
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que fosse pra pegar poucos quilos de alimento. Em outras vezes, o custo da gasolina era mais caro do que esses alimentos, mas nada pagava ver a alegria das pessoas que estavam doando”. Outra dificuldade enfrentada por Kayo foi o julgamento de algumas pes-
soas: “Logo no início as pessoas disseram que queria me promover para poder me candidatar, mas segui com meu objetivo, e hoje não sou candidato a nada e ainda assim continuo ajudando a quem estiver precisando”. Com as aglomerações proibidas no pe-
ríodo de quarentena, eventos festivos não puderam acontecer. Kayo contou a história de uma grávida que não pôde realizar seu chá de bebê e não tinha dinheiro para fraldas. “Algumas pessoas me marcaram na história dessa moça e busquei formas de ajudar, até que firmamos uma parceria e conseguimos dar fraldas, berço e mais alguns itens de higiene pessoal”. No momento, Kayo está buscando formas de ajudar um menino que sonha em ser goleiro de futebol e conseguiu um teste em Portugal, mas não tem o dinheiro necessário para a passagem e mantimentos por lá.
↔ Famílias contempladas com a doação [FOTO: DIVULGAÇÃO]
“Eu “ não queria ajudar alguém para a cesta básica durar só uma semana Kayo Breno Futuro pós-quarentena
Kayo vê com muita dificuldade continuar com essa ação no futuro. “Foi algo que parou a minha vida, e sem ter qualquer tipo de apoio, fica quase impossível conciliar com a minha vida pessoal”. Ele está prestes a ser pai e pretende tirar um tempo para ficar mais com a mulher e dar o suporte necessário. “Minha esposa tem cobrado que fique mais tempo com ela nesse momento, aí depois vai ter o neném e uma série de outras coisas. Então, não dá pra dizer ao certo como vou continuar com essas ações”, completou. Ao todo, Kayo doou aproximadamente uma tonelada e meia de alimentos até o momento e segue em atividade.
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SERVIÇO
II @kayo.b8 WW 85 987142684 UU https://campanhadoeamor.negocio.site
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Amor, socorro e evangelização em tempos de pandemia A Comunidade Católica Shalom, ao presenciar a situação de vulnerabilidade social e o risco de contágio da covid-19 entre os moradores das ruas de Fortaleza, abriu as portas de alguns de seus centros de evangelização para acolher essas pessoas Texto Ana Luiza Marques Diagramação Moema Braga
↔ Entrega de alimentação [FOTO: DIVULGAÇÃO]
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A Comunidade Shalom tem um olhar especial aos mais necessitados. De tal modo que desde 1990 acontece o Projeto Volta Israel, direcionado aos dependentes químicos, uma atividade que foi estruturada e intensificada por Unidades Terapêuticas. Com abrangência nacional, criaram-se casas de acolhimento e promoção da dignidade humana para crianças, adultos, idosos e enfermos. Com a chegada da pandemia, os membros da Comunidade se inquietaram sobre o que fazer para levar amor, fé e esperança aos que estavam nas ruas da cidade. Desde então, na fase inicial da problemática, aconteceu a criação de mais um projeto, o Amigo dos Pobres. Destinado a acolher a população vulnerável, oferece refeições, espaço para higiene pessoal, lavagem de roupas, distribuição de equipamentos individuais e serviços
de conscientização da vivência na quarentena. E ainda atendimentos espirituais, com orações e aconselhamentos. Maria Luísa de França, 23, responsável pela comunicação do projeto, explica que toda a população recebia a orientação expressa: “fique em casa”. E diz que “ao mesmo tempo, pensávamos: e aqueles que não têm casa? Este apelo chegou aos nossos corações e, a partir de nossas orações, surgiu a inspiração do projeto, para amar, socorrer e evangelizar; ser expressão da Igreja em saída, como tanto tem nos falado papa Francisco.” Desde que foi lançado, o projeto é sustentado a partir de parcerias com empresas e doações de pessoas físicas, que podem ir às casas de apoio fazer doações de materiais de higiene, limpeza, alimentos, roupas ou ainda em dinheiro, que são revestidas para a causa.
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↔ Ato da entrega de quentinha para morador de rua [FOTO: DIVULGAÇÃO]
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Desafios do projeto social
Voluntariado
Um projeto social em tempo de pandemia enfrenta o desafio de ir ao encontro daquilo que todos estão a fugir. Embora o coração missionário esteja sempre disposto a isso, houve riscos que os voluntários tiveram que correr. Foi necessário seguir todo o protocolo de higienização e proteção, tanto os voluntários quanto os que estão sendo assistidos. “Em nosso projeto fomos imensamente assistidos pela graça de Deus, que abriu as portas ao que poderia ter se tornado dificuldade, como conseguir doações, voluntários e locais dispostos a acolher um trabalho neste sentido. A conscientização dos mais necessitados quanto à dinâmica de higienização, isolamento e distanciamento social, que também poderia tornar-se um desafio, foi aos poucos sendo alcançada com êxito”, ressalta Maria Luísa.
O projeto conta com o apoio de aproximadamente 186 voluntários, que se dispuseram a realizar diversas ações voluntárias nas casas de apoio e em atendimentos nas ruas de Fortaleza, como ajuda na demanda de distribuição de alimentos, higienização, triagem, espiritualidade, atividades grupais, lavanderia e momentos de convivência. Quem quiser participar no projeto como voluntário, basta entrar no site amigodospobres.org e se inscrever. Ainda no tempo mais crítico de pandemia, os voluntários viviam de doações e tinham casa de assistência para que não precisassem voltar para suas residências, colocando em risco aqueles com os quais moravam. O local para se alojarem era a casa de retiro da comunidade Centro Espiritual Santa Tereza (CEST), localizada no bairro Mondubim. O coordenador dos serviços na Casa São Francisco e voluntário, Emilio David Rojas Vargas, 22, lembrou: “o que me levou a ser voluntário foi que, dentro do meu chamado como missionário, vi um povo que estava sofrendo e era justamente um povo que não estava sendo ajudado, um povo que tinha que ficar em casa, mas não tinha casa porque eles estavam em situação de rua. Isso me levou a refletir: Quem cuida deles? E a minha resposta foi: ninguém! Então, isso me levou a ser voluntário, a querer amar, socorrer e evangelizar o outro que estava precisando.”
“Quem “ cuida deles? E a minha resposta foi: ninguém! Então, isso me levou a ser voluntário, a querer amar, socorrer e evangelizar o outro que estava precisando Emilio David
Projeto pós-pandemia
O Projeto Amigo dos Pobres passou da fase inicial, chamada emergencial, e hoje se tornou permanente. Além
do cuidado e combate com os mais vulneráveis em tempos do Covid-19, atualmente dá assistência aos que lutam contra a fome, as doenças, a dependência química, a falta de moradia e outros serviços. Emilio David conta que a experiência que mais lhe marcou no projeto, “foi ver que, verdadeiramente, a esperança é a última que morre. Vi vidas que mudaram radicalmente por uma escolha, por um sim. Como a de um rapaz que se encontrava em situação de rua e ver justamente um grande caminhar na vida dele. Tanto que hoje está conosco como voluntário, trabalha e já tem uma casinha para dormir e o mais importante: ele acredita que tudo isso foi permissão de Deus”.
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SERVIÇO
Projeto Shalom Amigo dos Pobres .. Unidade para doação: .. Casa São Francisco: Rua Floriano Peixoto, 1717 .. Unidade para hospedagem social (serviço de pernoite): .. Casa São Francisco: Rua Gervásio Gurgel, 23 .. Locais de atendimento (distribuição de refeições diárias): .. Centro de Evangelização Shalom da Parangaba: Rua Araripe Prata, 323 .. Praça da Bandeira - Centro .. Domingo a domingo - 9h às 14h UU amigodospobres.org EE doe@amigodospobres.org tt (85) 99715 7140 WW Whatsapp: (85) 98802 5381 II @shalomamigodospobres FF Promoção Humana Shalom YProvidência Y Shalom
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Movimentos sociais em adaptação Em uma nova realidade onde o distanciamento virou lei, o Instituto Vida Videira precisou se adequar ao momento onde as ações sociais precisaram acontecer sem o contato físico, que por vezes é essencial Texto Fernanda Borges DIAGRAMAÇÃO Aldemir Neto
Funcionando como um braço social da Comunidade Cristã Videira, o Instituto Vida Videira (IVV) teve suas atividades iniciadas em 4 de janeiro de 2005, com o intuito de captar recursos e dar suporte para a Piçarreira, comunidade que fica próxima à igreja da entidade, no bairro Alagadiço Novo, em Fortaleza. Dentro do IVV existem núcleos de educação, saúde, cultura, esporte e evangelização que são destinados às mulheres, homens, idosos e crianças que vivem no local, que sempre sofreram negligência em relação aos seus direitos básicos. O instituto promove projetos que diariamente buscam garantir a essa comunidade o acesso a necessidades primordiais de saúde, educação e lazer, além de ajudar com a capacitação profissional dos moradores e a inserção no mercado de trabalho. Em uma breve explicação sobre os valores nos quais o IVV se baseia, o pastor Costa Neto, criador da Comunidade Cristã Videira e idealizador do IVV, ressalta que a organização é “um lugar onde podemos ver que a comunidade cuida da própria comunidade”. Isso se deve, segundo ele, porque o movimento social é feito por pessoas que vivem em uma comunidade que acredita no poder do serviço ao próximo, ajudando assim, aqueles que estão ao seu lado e que precisam de suporte.
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↔ Morador beneficiário recebendo cesta básica do IVV [FOTO: DIVULGAÇÃO]
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O distanciamento social ↑ Voluntários do IVV em ação social durante a pandemia [FOTO: DIVULGAÇÃO]
↗ Moradoras beneficiadas pelo IVV [FOTO: DIVULGAÇÃO]
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Com a reviravolta socioeconômica que o mundo vem passando com a chegada do novo coronavírus, movimentos sociais como o IVV, que usam o contato físico diariamente por meio do voluntariado em ações dentro da comunidade, atendimentos em diversas áreas no instituto e com doações feitas de várias formas, precisaram se adaptar à nova realidade. Isso acarretou mudanças na forma de promover todas as ações que o projeto social feito pela Comunidade Videira vem promovendo há 15 anos em Fortaleza. Responsável por ajudar a gerir a organização e funcionamento da Organização da Sociedade Civil (OSC), a coordenadora geral do Instituto, Izabella Gomes Ribeiro, viveu o dia a dia de como as mudanças na sociedade afetaram a logística do IVV e o que foi preciso para adaptar as necessidades do instituo dentro dessa nova realidade. Em relação às adaptações necessárias aos projetos que haviam sido previstos
para este ano, a coordenadora explica que foram planejados todos os cursos, oficinas, atendimentos ambulatoriais e ações que ocorrem todos os anos, deixando os detalhes em aberto para que fossem ajustados ao longo dos meses. Apesar de uma pandemia ser um imprevisto, nenhuma das programações foi cancelada, apenas adiada. Diante dos acontecimentos, mudanças precisaram ser feitas e as adaptações foram inevitáveis. A coordenadora explicou que todos os usuários da instituição foram amparados com cestas básicas, kits de higiene, atendimento voluntário remoto psicológico. Já as dúvidas que surgiam, de acordo com a demanda por parte dos beneficiados, foram sendo respondidas remotamente em atendimentos virtuais ou em ligações por médicos e fisioterapeutas voluntários. Doações e distanciamento social
Apesar da pandemia, ao contrário do que poderia ser esperado, as doações
“Um “ lugar onde podemos ver que a comunidade cuida da própria comunidade Pr. Costa Neto
triplicaram durante o período de isolamento social mais rigoroso, tendo uma queda após a reabertura de alguns setores, até voltar ao volume normal em agosto. Com este volume inesperado, Izabella observou que a instituição precisou de mais voluntários para fazer a distribuição das cestas básicas para os moradores da comunidade, sempre obedecendo todos os protocolos de segurança necessários. A coordenadora ressaltou que “o IVV preferiu resguardar seus voluntários. Assim, algumas atividades que puderam permanecer de forma remota continuaram, outras não”. Apesar de ter causado uma reviravolta social no mundo, a pandemia teve tanto saldos positivos como negativos para a instituição. Izabella explicou que os saldos positivos deste novo momento foram o aumento das doações, que refletem no quão as pessoas se sensibilizaram com a situação que outros tiveram de passar sem poder sair de casa, e a informatização de todo o sistema
da instituição por conta do trabalho remoto, possibilitando a equipe que coordena a OSC uma nova visão sobre gerenciamento organizacional. O inevitavelmente ponto negativo, apontado pela coordenadora, foi o fato de a grande maioria dos beneficiados pelo instituto não ter acesso à internet, o que impossibilitou que todos pudessem receber atendimento contínuo durante o isolamento social.
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SERVIÇO
Instituto Vida Videira
.. Rua São João del Rei, 1764 - Lagoa Sapiranga, Fortaleza - CE .. Seg a sex; 8h às 12h e Sáb; 8h às 12h UU http://www.institutovidavideira.com. br/ EE instituto@ccvideira.com.br tt 85 3878-0130 WW 85 98128-5889 II @institutovidavideira YCC Y Videira
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Solidariedade em tempos difíceis Motivado após participar de uma ação social, um grupo de amigos iniciou seu próprio projeto comunitário. Desde então, a coletividade atua na Grande Fortaleza e ajuda pessoas em vulnerabilidade econômica Texto Vitor Siqueira DIagramação Lucas Monteiro
Os movimentos sociais têm o intuito de levar algum tipo de segurança para pessoas que vivem à margem da sociedade. Muitos grupos trabalham arduamente no combate à fome e no acolhimento de pessoas que vivem em situação de rua. Trabalho este que deveria ser feito por órgãos públicos, e que acabam sendo realizados por pessoas comuns que buscam fazer o bem. Esta iniciativa de contribuir gera em alguns participantes dessas ações a vontade de iniciar seu próprio projeto social. Após participarem de uma ação coletiva em um lar de idosos, em agosto de 2019, um grupo de amigos se sentiu incenti-
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vado a formar o projeto Amor ao Próximo Ceará, que visa a atender pessoas em situação de pobreza e fome, em que o agrupamento efetua doações de cestas básicas e prepara sopões comunitários para os mais necessitados. Com grande número de ações realizadas, é necessário ainda ampliar as doações, para que mais pessoas possam ser contempladas nas atividades. Participante ativa do coletivo, a psicóloga Paula Fernandes, 27, disse que boa parte dos alimentos é doada por voluntários das ações realizadas e que também acontecem casos de doações vindas de amigos e familiares dos apoiadores do projeto.
↔ Reunião do grupo para mais uma entrega [FOTO: ARQUIVO PESSOAL]
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Dimensão e quarentena
Seguindo uma periodicidade e organização essenciais para quem trabalha em ações comunitárias, Paula informou que a distribuição de sopas é realizada uma vez por mês e que ocorre uma intercalação entre os municípios que serão beneficiados com a doação, sendo mais comum esse compartilhamento nas cidades de Fortaleza e Maracanaú. Com o crescimento de voluntários no Amor ao Próximo Ceará, atualmente o grupo conta com 55 participantes ativos que apoiam o projeto e estão dispostos a ajudar. Já nas distribuições dos alimentos, o agrupamento conta com uma média de 30 voluntários nas ações em campo, que auxiliam que cheguem aos locais onde o projeto irá ajudar e na entrega dos perecíveis. Nas assistências sociais realizadas pelo grupo, normalmente são contempladas em média 120 pessoas. Com a chegada do período de quarentena, por conta do surto de Covid-19, que o Ceará vive, o grupo teve que se readaptar para fazer acontecer a solidariedade que eles prestam, seguindo as medidas de segurança necessárias para que nenhum membro e o público contemplado sofresse exposição ao vírus. O agrupamento continuou atuando com suas ações, preparando sopões uma vez ao mês. Os participantes ti↑ Voluntários na entrega de cestas básicas na periferia [FOTO: ARQUIVO PESSOAL]
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veram um momento de surpresa nesse período por conta do empenho dos voluntários, que conseguiram arrecadar alimentos para montar mais de 80 cestas básicas para a distribuição em áreas carentes. Paula disse que a dedicação dos participantes e ajuda de pessoas externas “foi lindo”.
“É “ ajudar gratuitamente alguém, sem custos para investir em um mundo melhor Paula Fernandes Sentimento de gratidão
O significado do projeto Amor ao Próximo Ceará, segundo Paula, é de gratidão, um ato de transformar a realidade de outras pessoas e contribuir com essas iniciativas para ampliar sua visão de mundo. Para a psicóloga, ser voluntário é ajudar gratuitamente alguém, sem custos para investir em um mundo melhor. Devido a tudo que o grupo já passou nesses últimos meses e pelo impacto que gerou na vida de outras famílias e em pessoas em situação de rua, ajudando indivíduos que passam por
vulnerabilidade social e encaram a fome diariamente, a voluntária diz se sentir grata por tudo que o grupo conseguiu alcançar. Sobre os planos futuros do Amor ao Próximo Ceará, Paula só pede a Deus que lhe dê forças para continuar nessa caminhada de ajudar muitas pessoas em situação de fragilidade. Para ela, ser voluntário “é constituir uma família em que não existem laços de sangue, mas sim de solidariedade”. Pobreza em Fortaleza
Segundo os dados do Cadastro Único, Fortaleza conta com 204.177 famílias em situação de extrema pobreza e que sobrevivem apenas com R$89,00 mensais por indivíduo. Outras 39.728 famílias vivem em situação de pobreza com R$178,00 mensais por membro. E, segundo censo realizado pela Secretaria Municipal de Trabalho, Desenvolvimento Social e Combate à Fome (SETRA), 1.718 pessoas em Fortaleza vivem em situação de rua. Seguindo a lógica do momento delicado em que o mundo passa, o aumento desses números poderá ser significativo, com o aumento do desemprego e a crise econômica que o país passa, agravada pela pandemia do novo coronavírus.
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UU @amoraoproximoceara
↑ Entrega de cestas básicas para comunidade carente [FOTO: ARQUIVO PESSOAL]
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↔ Momento de interação durante a palestra [Foto: NATÁLIA RIBEIRO]
O poder da boa oratória Professor Romenik Queiroz pesquisa como ter uma boa comunicação há aproximadamente 17 anos. Ele estuda comunicação de forma autodidata desde o ensino médio Texto Andrei Markus DIAGRAMAÇÃO Aldemir Neto
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Ele ensina sobre o poder da fala desde os 21 anos de idade. Seu primeiro espaço foi o Centro Universitário 7 de Setembro (UNI7). Romenik Queiroz é grato aos professores Thiago Themudo e Paulo Germano pela oportunidade de transmitir seus conhecimentos sobre comunicação. O objetivo do professor Romenik é transformar as crenças da cultura punitiva e mostrar que, para ter lugar de fala, não precisa de poder autoritário. O curso de oratória do professor contempla a diversidade de profissões, ou seja, todo profissional necessita saber falar. A fala é um veículo que agrega para quem fala e quem ouve. Este poder é a capacidade de conquistar o ouvinte com a força das palavras, a palavra certa no lugar e na hora convenientes. Romenik é palestrante e criador do método de análise e intervenção comunicativa, no qual ao falar você precisa se abster da intuição e direcionar a oratória no caminho da intencionalidade. Falar conhecendo onde, quem e quando quiser atingir o público a que me dirijo. Ele ressalta que falar em público não é nato, é uma questão de querer. Ser profissional é o processo de domínio da fala, para ser influenciador de forma estratégica, diminuindo o distanciamento entre orador e ouvinte. Acrescenta que somos o que falamos, e questiona toda a estrutura social e emocional que certamente irá construir a conduta de oratória diante de pessoas e situações vivenciadas, mas de forma focada, consciente e objetiva do que se propõe a viver, onde a pessoa domina o ser, o ter e o saber. Estas serão as metas que farão de quem tiver interessado um orador de sucesso. Romenik faz preparação de políticos, já que são pessoas que, na sua essência,
precisam de domínio das palavras e ser capazes de envolver seus eleitores, na forma mais direta e convincente possível. Ser conhecedor do que se deseja conquistar na exposição a ser feita, indica uma trajetória firme e determinada do discurso, proporcionando que seja envolvente e que conquiste o ouvinte. O professor afirma que crer no que se fala pode ser uma garantia de sucesso. O perfil das pessoas, do lugar onde cada um irá construir a sua oratória, deve ser pré-analisado. Falar sem conhecer, para quê e onde, faz perder o poder da convicção ao falar.
“O “ bom orador adapta sua comunicação de acordo com a recepção da mensagem Romenik Queiroz A sociedade punitiva em que se vive, segundo o professor, é um repressor que gera pessoas intimidadas ao falar. Elas veem à sua frente tamanha repressão, que as palavras fogem neste momento. Falar muito faz bem à emoção. A felicidade tem início na fala. O domínio das palavras é fruto de pessoas felizes que dominam suas emoções e conseguem manter-se em equilíbrio enquanto falam. É a palavra conduzindo a emoção. O perfil comunicativo de cada um deve ser identificado para que a oratória seja fluente. Pensamentos negativos, medos de julgamentos, falta de
domínio das ideias e palavras, sinais fisiológicos como tremores, sudorese, gestos bruscos, lábios e garganta seca, são evidências de insegurança ao falar que devem e precisam ser trabalhadas na medida em que se assegura sobre o que vai falar e para quem. Daí então é necessário um mapeamento social e geográfico desse público, onde vai formar esse perfil, que dará a segurança de estar diante de um grupo ou de pessoa dos quais quem se apresenta seja capaz de construir suas palavras, visto que será conhecedor das palavras que deverá usar diante desse contexto. A vida das pessoas foi modificada pela pandemia. A de Romenik não foi diferente. As palestras nas universidades foram canceladas e foi necessário criar medidas para se reinventar nesta nova crise. A atuação nas redes sociais aumentou, alcançando o público que passava mais tempo acessando a internet devido à quarentena. O engajamento pelas mídias sociais foi necessário para a demanda de alunos sedentos por conhecimento. Romenik trabalha a oratória básica e avançada também em cursos on-line, em que apresenta que falar em público não é um dom. É uma questão de querer, em que se praticam as técnicas da oratória moderna, por meio do seu método de oratória, curso com suporte prático de mentoria.
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UU https:www.romenikqueiroz.com EE atemporaldesenvolvimento@gmail. com WW 85 986096966 FF prof.romenikqueiroz II @prof.romenikqueiroz TT @prof.romenikqueiroz YProf.Romenikqueiroz Y
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(Re)trato Para além da reprodução de imagens de natureza artística, o uso da fotografia como instrumento de ressignificação de sentimentos no contexto de pandemia Texto Eduardo Andrade DIAGRAMAÇÃO Aldemir Neto
A pandemia causada pelo novo coronavírus modificou completamente as dinâmicas sociais, instaurando um estado de pânico global. Esse momentâneo modelo de vida composto por isolamento obrigatório, paralisação geral de serviços e ausência de contato humano, impactou as pessoas física e mentalmente. Nessas duras circunstâncias, Erika Nogueira, 20, graduanda em Publicidade e Propaganda na Universidade Federal do Ceará (UFC), desenvolveu um projeto de fotografia humanizada para mulheres, com o foco em proporcionar reflexões individuais e autoconhecimento. A ideia, não coincidentemente, se relaciona com esse momento de reclusão e readaptação.
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Com a suspensão das aulas, dos projetos e dos movimentos sociais que integrava, a jovem e inquieta fotógrafa se deparou novamente com um antigo dilema: o que eu faço faz alguma diferença? Este questionamento, agora, em um momento mais vago do cotidiano e, literalmente, isolado na vida dela, fez com que um projeto fotográfico idealizado ainda em 2019 ganhasse vida. Ao perceber suas próprias incertezas e inseguranças, começou a trabalhar numa melhor compreensão sobre si e sobre que marcas gostaria de deixar. Pensando nisso, buscou maneiras de expressar na fotografia, algo além de imagens. “Entendi que poderia fazer mais do que fotos, que o lance das fotos é só a consequência de um trabalho. E foi aí que comecei a ver como poderia fazer com que essas mulheres pudessem olhar mais para elas mesmas, com mais carinho”, relata. A partir disso, iniciou o desenvolvimento do projeto no Instagram, voltado para “autoconhecimento, reflexões sobre si, sobre corpo, sobre o mundo e sobre expressão”.
↔ Mesmo atuando com publicidade e fotografia, a dança é sua grande paixão [FOTO: ERIKA NOGUEIRA]
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O Projeto
“Entendi “ que poderia fazer mais do que fotos, que o lance das fotos é só a consequência de um trabalho Erika Nogueira
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A ideia surge procurando fugir do padrão dos ensaios habituais, trazendo uma identidade única para cada um deles, buscando materializar as questões das fotografadas nos retratos, elementos, roupas, lugares, acessórios e em tudo que tivesse a ver com cada uma. Dessa maneira, Erika optou por fazer as sessões apenas com mulheres que fizeram parte da sua vida, especificamente do seu bairro, não só pelas limitações impostas pela pandemia, mas também buscando fazer a diferença nesse período. Primeiramente, para as mulheres que a cercam. Em cada ocasião que Erika faz as sessões, são levados em consideração os contextos e vivências individuais (suas
alegrias, tristezas e dificuldades). “Levar isso para o ensaio é conversar sobre questões para fazê-la se conectar com o momento que está vivendo consigo, com o lugar que estamos, e, enquanto isso, fazemos os registros”. Com essa perspectiva “as fotos viram consequências de um momento de experiência de conexão com ela mesma”. Além das fotos, o Instagram da artista conta com dicas, desafios e textos sobre diversas temáticas. Ainda assim, a tarefa de executar esses detalhes para que se conectem é um desafio devido às restrições sanitárias. Todos os ensaios são feitos na residência da fotógrafa ou na da modelo, improvisando o ambiente e higienizando cons-
↓ Diálogos que ocorrem antes e durante os ensaios são fundamentais, diz Erika [FOTO: ERIKA NOGUEIRA]
← Seus primeiros ensaios foram realizados no quintal da sua casa [FOTO: ERIKA NOGUEIRA]
tantemente os equipamentos, mesmo com a flexibilização do isolamento. O uso de máscara também ocorre durante toda a sessão, exceto nos momentos das fotos. “É uma preocupação. Às vezes, pode até atrapalhar a comunicação, mas é necessário”, ressalta, ao falar das medidas de prevenção. Novas conexões
“Nessa quarentena, vi o quanto a internet é poderosa. Criei uma rede de contatos de relacionamentos genuínos, muito maior, estando distante das pessoas e em isolamento, do que eu tinha quando podia sair”. A fotógrafa ainda ressalta que desenvolveu relacionamentos fortes com pessoas de outros estados, como Minas
Gerais e Rio de Janeiro, que possuem trabalhos similares ao dela. A internet se tornou a principal fonte de inspiração, aprimoramento e aprendizagem para a estudante de publicidade e propaganda da UFC. Inclusive, na pandemia, além de utilizar o YouTube, ingressou em cursos de fotografia e otimizou seus conhecimentos sobre branding pessoal, outra área de seu interesse, que também compõe o fortalecimento de seu projeto.
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Erika Nogueira Photos EE fotografiaerikanogueira@gmail.com II @erikanogueiraphotos WW (85) 9 87114966
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Abraço no traço: as linhas afetivas de Alice Desenhar para sentir. À medida que o traçado se desenha, revela-se o fragmentado nas imagens — seu olhar, demora. E, como numa grafia não escrita de palavras, esclarece os pensamentos e revela sentimentos Texto Flávia Bessa Gonçalves DIAGRAMAÇÃO Luciano Chaves enxergar o todo. Assim foi se (con)figurando o esboço ilustrado da arte e da vida de Alice Dote. Na história da artista visual, a cidade e o fazer artístico sempre estiveram alinhados, não por acaso. Desde 2015, a cearense desenvolve pesquisas sobre arte urbana, por meio de abordagens sociológicas e antropológicas. Conectando a arte, a cidade e as pessoas, Alice juntou-se ao artista Alysson Lemos e criou, em 2017, o coletivo Narrativas Possíveis. Essas potências narrativas contam as possibilidades de viver a própria cidade e habitá-la de outras maneiras — ‘poéticas e políticas’. Parte-se de um simples exercício: observar, com atenção, as superfícies urbanas e captar essas descobertas cotidianas, seguindo num ato de “andar-encontrar-fotografar”. A cidade que habita em nós
Rabiscos, riscos, escritas e dizeres da cidade passaram a ser compartilhados nas
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redes sociais do coletivo urbano - com indicação da rua onde foram encontradas e da data do registro. O Narrativas Possíveis tornou-se um movimento de troca, reverberando centenas de olhares sobre a Terra da Luz, inclusive, para além dos passos e da fotografia. A reflexão sobre ver e viver o(s) cotidiano(s) urbano(s) ultrapassou os muros da cidade por meio de novas experimentações do fazer artístico de Alice e Alysson. Pelas andanças nos bairros de Fortaleza, a dupla começou a criar intervenções urbanas, desenvolveu oficinas e organizou eventos dedicados à arte de rua. ‘’Fui percebendo que a cidade já habitada, percorrida e marcada na atuação do coletivo é a cidade na qual pesquiso e que habito nesses entres’’, reflete a artista cearense. No Programa de Pós-Graduação em Sociologia, da Universidade Federal do Ceará, Alice Dote iniciou sua pesquisa,
intitulada “Cidade Caminhante”. Ao contemplar as escritas urbanas, esse caminhar tinha como ponto de partida o Centro de Fortaleza. Guiada a passos afetivos até o perímetro central, a escolha do local não foi à toa. Para Alice, e para tantos outros, ali é o coração da cidade, um relicário urbano que guarda memórias e histórias. “As próprias caminhadas se mostraram mais do que um ‘método’ de pesquisa, mas um modo de exercício do espaço - como pesquisadora, mas também como habitante”. Seguindo sem recortes e nem roteiros, a artista fez sua caminhada ao longo de um ano. Ela andou, percebeu, transformou e experimentou esse percurso, em palavras e imagens. Ao passo que a pesquisa foi sendo desenvolvida, a cearense observou o entrelaçar das linhas que compunham o seu desenhar, enquanto pesquisadora, habitante da cidade e artista visual.
↔ Por Alice, a capa ilustrada do livro digital [ILUSTRAÇÃO: “ESCRITAS EM PANDEMIA”]
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Ilustrações de campo da “Cidade Caminhante” transformaram-se em intervenções artísticas; sonoridades captadas durante as suas caminhadas, tornaram-se palavras em lambe-lambes dispostas pelas ruas; fotografias do Centro foram parar nas páginas online do Narrativas Possíveis — tudo em movimento, como num fluxo constante de metamorfose, da cidade e de Alice.
“As “ próprias caminhadas se mostraram mais do que um método de pesquisa Alice Dote Ilustrando a vida enquanto vive
O ano é 2020, o mundo inteiro enfrenta uma pandemia e o isolamento social vira uma realidade para muitas pessoas - inclusive, para a artista visual. É nesse período de confinamento que a ilustração voltou a fazer parte do dia a dia, como forma de expressão, sobre si, sobre o outro e sobre o todo. Medo, ansiedade, incerteza, indignação. Estes são alguns dos sentimentos que Alice Dote usa para descrever os seus dias durante a pandemia. Na tentativa de lidar com “a estranheza dos dias e dos tempos”, as experimentações artísticas despontaram como um escape dessa confusão emocional - dissecando para ela, questões individuais e coletivas.
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No escapar da realidade, resolveu partir para as telas dos seus desenhos. Manuseando materiais, sentindo texturas e misturando tintas, despretensiosamente, novas possibilidades de projetos começaram a se desenhar, literalmente. Aos poucos, o “Escritas em pandemia” começou a ganhar forma pelas mãos, de Alice - e as mentes, de Glória Diógenes e Lara Denise, sociólogas e pesquisadoras cearenses. Assim como Alice, Glória e Lara também sempre foram chegadas à escrita - prática esta, muito intensificada em tempos de confinamento social. A proposta do projeto, de caráter independente, sempre foi fazer proliferar essas escritas confinadas. Descreveu-se, então, um olhar partindo daquilo que já vinha sendo feito e compartilhado na “efemeridade das redes”. O trio somou forças ao lado de outras 24 mulheres cearenses para a construção de uma coletânea com relatos íntimos que mergulham, para além da superfície, na pandemia. “E talvez isso tenha sido o mais interessante no processo: a mistura entre mulheres de trajetórias diversas, entre perspectivas distintas na escrita desses tempos, entre prosa e poesia”, relata Alice. Vivendo as cenas banais do cotidiano, observando o próprio corpo e olhando os de outras mulheres, a artista visual foi traçando o seu processo de ilustração para o “Escritas em Pandemia”. Na hora de montar a publicação, os desenhos se configuraram em linhas de diálogos com os textos, “como se fossem mais uma escrita a ir se entremeando àquelas palavras”.
Das feituras de Alice no seu (re)descobrimento enquanto “mulher que ilustra”, vale mencionar, também, a campanha “Desenhar para ver”. Para o projeto, ela se propôs a realizar 40 desenhos por um valor mínimo cada, com o objetivo final de reunir apoio à Rede Unidos Venceremos (Rede de Apoio aos Trabalhadores e Trabalhadoras da Cultura - CE). A experiência proporcionou à artista, vivenciar “partilhas muito íntimas” e “investimentos afetivos”. E foi entre uma encomenda e outra, que novas pessoas passaram a conhecer o traço e o olhar de Alice. “O desenho virou trabalho, mas ainda de maneira muito tateante. Ainda estou tentando descobrir os caminhos que desejo trilhar com a prática - e, enquanto isso, desenhando”, finaliza.
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SERVIÇO
Alice Dote
FF alicedote II @alicedote Narrativas Possíveis
FF narrativaspossiveis II @narrativaspossiveis Cidade Caminhante
UU https://cidadecaminhante.tumblr. com/ UU http://www.repositorio.ufc.br/handle/ riufc/54177 Escritas em Pandemia
II @escritasempandemia UU Download para o livro: cutt.ly/Jd1s9lU
↔ Desenho, “Rochele”[Foto : ALICE DOTE]
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↔ A modelo sempre viaja para posar em ensaios fotográficos [FOTO: BRUNO LOTUFO]
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Pandemia, influência e responsabilidade A modelo carioca Marcelle Casagrande relata o impacto da pandemia na vida dela e no trabalho como digital influencer, e reforça a importância de produzir um conteúdo de responsabilidade durante esse período Texto Cadu Franco DIAGRAMAÇÃO Paulo Victor
A ascensão da internet e a crescente busca por conteúdo tornou as redes sociais um campo mercadológico no qual as empresas vendem a divulgação dos seus produtos por meio de influenciadores digitais. Atualmente, essas redes funcionam como uma vitrine. Cada um analisa e consome o que quer, abrindo portas para pessoas interessadas em produzir conteúdo e trabalhar com esse meio. Marcelle Casagrande nasceu no Rio de Janeiro, é uma influenciadora digital, atriz, modelo e apaixonada por moda e pela vida fitness. Sempre trabalhou no meio artístico, modelando e atuando em comerciais e clipes musicais. Há três anos começou a usar a
conta dela na rede social Instagram como uma vitrine, a fim de conseguir trabalhos como modelo. Até que em 2019 foi chamada para participar do “De férias com o ex-celebs”, programa de entretenimento da MTV Brasil, no qual alavancou o número de seguidores e conquistou milhares de fãs por todo o País, que gostam de assistir a rotina dela nas redes sociais. Com mais de um milhão de seguidores na rede social, a modelo usa este meio como forma profissional para conseguir trabalhos e parcerias com marcas e empresas. O público dela gosta de seguir dicas de modas, humor, vida fitness e acompanhar seu estilo de vida, na maioria, mulheres.
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Pandemia e trabalhos
Impossibilitada de sair de casa, Marcelle revela que perdeu muitos compromissos e trabalhos presenciais durante a pandemia do novo coronavírus. “Praticamente tudo mudou durante esse tempo. Quase não parava em casa por conta dos trabalhos presenciais e durante a pandemia quase 100% do tempo fico em casa”. A diminuição da renda foi um dos fatores que prejudicaram a vida da maioria das pessoas no país, inclusive dos influenciadores digitais. Ensaio de fotos, presença em eventos, encontros e reuniões foram adiados ou cancelados por conta da aglomeração e da possibilidade de espalhar o vírus. A modelo conta que toda a sua agenda profissional foi alterada, e em relação a seguir novos planos de conteúdo específico nesse período, diz que em alguns momentos teve, e em outros desistiu, oscilando muito. Muitas empresas buscaram meios de trabalhar somente com o envio de produtos para a casa dos influenciadores, que foram publicados e anunciados para seus seguidores, como o caso de Marcelle, que, assim como outras pessoas, também foi prejudicada pelo vírus, e trabalhou com a divulgação de produtos nas redes sociais dentro de casa, sem contato com outras pessoas.
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Responsabilidade de um influenciador
Um influenciador digital que tem seu conteúdo consumido diariamente por milhares de pessoas possui um grande poder de marketing para as empresas. Muitos seguidores compram o produto ou serviço que o influenciador está
divulgando e são inspirados por este, que deve passar o seu conteúdo com segurança. Durante a pandemia, muitas pessoas de influência foram flagradas descumprindo as normas do Ministério da Saúde, não usando máscara, aglomerando pessoas, e publicando isso nas
as pessoas sobre os cuidados e a seriedade do momento em que estamos passando.
“Um “ digital Influencer deve conseguir alertar as pessoas de fato o quão perigoso é o período que estamos passando
Marcelle Casagrande
↔ Participação em “A treta não tira férias” da MTV [Foto: Divulgação]
suas redes sociais, logo quando o País estava no auge dos níveis de morte. Quando questionada a respeito dessa situação, Marcelle cita que “ao assumir a responsabilidade de influenciador digital, tem que saber que qualquer coisa que mostre, pode
influenciar outras pessoas. Um influenciador deve produzir um conteúdo de responsabilidade”, conclui. A “influencer” já chamou atenção do seu público em suas redes sociais sobre a cautela que deve ter durante esse período. “Já falei algumas vezes. O intuito foi alertar
Um influenciador, ressalta, além de vender marcas, pode também debater assuntos políticos, econômicos e ambientais, se tiver propriedade e conhecimento no que está transmitindo ao público, deixando claro que é a visão dele e respeitando a opinião alheia. Marcelle alega que além da mudança no seu trabalho e rotina, ocorreu também a reflexão sobre a vida, pessoas e valores.
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EE contatomarcellacasagrande@gmail.com tt 85 9 92060330 II Assessoria: @agenciaagile II marcelle.casagrande
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Digital influencer em meio à pandemia O mundo passa por um momento de muitas incertezas. O novo coronavírus gera dúvidas do que acontecerá no dia de amanhã, de como o mundo vai estar daqui a alguns meses. E, claro, afeta, também, o mundo profissional Texto Guilherme de Andrade Diagramação Guilherme de Andrade
A vida mudou, quase que completamente, com a chegada da pandemia da Covid-19. Nossos hábitos e nossas rotinas acabaram tomando rumos diferentes daqueles que tínhamos há algum tempo. As pessoas tiveram de ficar em quarentena, ou seja, presas em casa. E obrigadas a ficarem ainda mais presas ao próprio mundo. E a exemplo de tantos profissionais que tiveram o trabalho afetado, o que mudou na vida de quem é digital influencer nesta pendemia? Rebeca Dias tem 18 anos e ingressou no mundo da internet de maneira “profissional”, em 2019. Ela começou a gravar vídeos para o YouTube, sendo esta, até então, a única plataforma que movimentava. Após um tempo fazendo os vídeos, decidiu movimentar e levar mais a sério, a sua conta no Instagram, que é hoje sua principal ferramenta de trabalho. “De início, fazia mesmo por pura diversão. Gostava de compartilhar minha vida e coisas que sabia. Depois, isso virou um sonho e, a partir daí, me motivou e tem me motivado”, disse Rebeca, sobre o começo de sua trajetória profissional na internet. A pandemia da Covid-19 teve seu ápice em meados de março de 2020, e acabou afetando muitas áreas profissionais, entre elas, a de digital influencer. Com a chegada da doença, as coisas se tornaram mais difíceis para todos. Com Rebeca não foi diferente. O fato de ter de ficar em casa todos os dias acabou prejudicando
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o crescimento profissional dela, e tornou repetitivo o trabalho que vinha fazendo. “No começo foi até bom, mas depois ficou difícil produzir conteúdo. Como falei, gosto de compartilhar meu dia a dia e acabou ficando repetitivo com a rotina dentro de casa. Não existe fórmula mágica para crescer no Instagram, só produzindo conteúdo. E sem produção, sem crescimento, acabou desmotivando, e entrei em uma zona de conforto”. É difícil achar uma pessoa que não tenha pensado em desistir daquilo que faz. Às vezes os outros se sentem incapazes de fazer algo, ou simplesmente não aguentam mais estar naquela mesma rotina. Foi o que aconteceu com Rebeca. “Houve uma hora que não havia mais o que falar, o que fazer, deu uma desmotivada. As pessoas já estavam cansadas do Instagram, tanto quem produzia, como quem assistia”. Diante de todas as dificuldades que o momento exige, é necessário que os profissionais cada vez mais se reinventem, e busquem fazer algo novo. Caso contrário, a estagnação e a zona de conforto serão cada vez mais presentes na vida dessas pessoas. Rebeca decidiu ir à contramão disso. A digital influencer contou o que precisou fazer para se reinventar nesse período. “Comecei a planejar mais, pesquisar mais e me dedicar a isso. Mostrei minha rotina de formas diferentes, produzi conteúdo que até
então estava em alta, como os challenges. Usar e abusar das ferramentas do Instagram resultou em grande avanço na minha página”. Ela diz que, quando se trabalha com aquilo que gosta, o trabalho passa a ser muito mais do que apenas uma forma de sobrevivência. Ou seja, torna-se um meio de diversão, onde a pessoa tira forças para superar as dificuldades que o momento transmite. E foi exatamente o que aconteceu com Rebeca. “Uma rotina totalmente na rua, que foi para dentro de quatro paredes, não foi fácil de lidar. O trabalho fazia com que o tempo passasse mais rápido ou deu essa sensação. Foi o que salvou minha quarentena”. Rebeca, atualmente, possui mais de três mil seguidores em sua conta do Instagram, tendo registrado crescimento nesses números. Além disso, as interações em seus posts aumentaram significativamente desde o começo do seu projeto, até outubro deste ano. Além dos números, a influencer vem conseguindo firmar parcerias. A mais recente foi com a marca de sabão em pó Omo, que enviou produtos de sua fabricação. Rebeca fechou parceria também com clínica de clareamento dentário, e empresa de acessórios para celulares. Ela reforça que trabalho e prazer podem estar juntos, o que acaba gerando diversão, e não uma obrigação, e contribuindo para superar momentos difíceis.
↔ Rebeca posando para um ensaio fotográfico [FOTO: REBECA DIAS]
“O “ trabalho fazia com que o tempo passasse mais rápido ou deu essa sensação Rebeca Dias
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↔ O personal trainer também é atleta de fisiculturismo, e sempre busca manter o corpo preparado para as competições [FOTO: DIVULGAÇÃO]
Três séries de motivação Pandemia exige que mercado fitness utilize estratégias de planejamentos inovadores em meio à crise, e potencializa redes sociais como as principais ferramentas de trabalho Texto Matheus Nunes diagramação: Moema Braga De uma hora para outra profissionais viram suas rotinas sendo alteradas devido à pandemia do novo coronavírus. A forma de trabalhar, as estratégias, tudo teve de ser adaptado para este novo momento. E, para educadores físicos, que atuam como personal trainers, não foi diferente. Com o boné quase sempre pra trás e blusas estampando a logomarca dos patrocinadores, o personal trainer Gabriel Felipe. 25, que também é atleta de fisiculturismo e digital influencer, passou boa parte do isolamento social ainda mais focado no seu perfil do Instagram. Ele usa a ferramenta como forma de levar conhecimentos e aprendizados aos seus 12 mil seguidores.
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Além da motivação
Impedido de exercer atividade presencialmente, como professor particular de academias e de atletas, o jovem, que mora na cidade de Caucaia, pôde dedicar 100% do seu tempo para os trabalhos online, o que não foi difícil, já que pratica assessoria online há oito anos. “Continuei fazendo o que já fazia. Mas as minhas funções como atleta e outras atividades presenciais, tive que parar devido à pandemia. Tenho contratos com empresas para competições, mas tudo parou. O lado positivo foi que eles entenderam, já que as disputas só retornam em 2021”, disse Gabriel. Com uma habilidade especial de se comunicar bem, o profissional teve que trabalhar a motivação para seus alunos continuarem treinando em casa. Esta foi a parte mais difícil para ele, pois muitos buscam pela performance, mas com o novo normal seria preciso focar apenas na saúde, como o recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde). O maior desafio de Gabriel foi levar essa importância aos seus clientes e alunos. “Qual a importância? Da saúde, não só da performance. Pois quando estamos em um período fora da pandemia, todos pensam na academia, nos projetos, mas 90% dos casos são voltados apenas ao estético”. Ele teve que mostrar que além do resultado estético, é preciso ter o cuidado com a saúde com a prática da atividade física. “Por mais difícil que fosse, eles deveriam fazer isso em casa”, explicou. Apesar de ter uma fatia da sua renda financeira pausada, Felipe não perdeu alunos e nem seguidores. São pessoas de todo o Brasil e até de outros países que confiam no trabalho do profissional. “Tenho alunos de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte. Da Itália também, Suíça. Então, pude dar mais atenção a essas pessoas, que
só podem me acompanhar online”, pontuou, complementando que os resultados foram excelentes em todos esses meses.
“Temos “ que ser conscientes de que a saúde vem em primeiro plano, seja corporal ou mental Gabriel Felipe Boom das redes sociais
Gabriel Felipe tem milhares de pessoas que o acompanham diariamente em sua conta do Instagram. Todas as noites, o digital influencer fitness passa dicas de alimentação e exercícios com objetos que os seguidores têm em casa, e ensina até mesmo a utilizar o peso corporal. Para acompanhá-lo é simples: basta entrar no perfil, dele, procurar um espaço confortável em casa e realizar a prática esportiva. E foi assim que suas visualizações durante o isolamento social triplicaram. “O alcance aumentou bastante, por todos os fatores. Criei mais conteúdo, compartilhei alunos realizando tarefas em casa, como forma de motivação para outras pessoas, e isso fez com que o engajamento crescesse”, ressaltou. Além de novos seguidores, aqueles que já lhe acompanhavam como atleta e não tinham a oportunidade de assistir seus treinos, tiveram um contato mais próximo com ele. Mesmo com mais de 12 mil seguidores, Gabriel não usa sua influência para vender ou lucrar. Todo conteúdo disponibilizado lá é para todos, de forma gratuita. Atitude esta que, de forma
natural e espontânea, leva a que ele consiga mais clientes para fazer parte do seu time. “O intuito principal nesse momento é de conseguir levar uma melhor forma de vida para as pessoas”. Em todos os dias de isolamento, Felipe buscou inovar. Sentado na cadeira do home office e fazendo as consultorias, também conseguiu montar treinos, dietas e dicas diferentes para quem o segue. Sua primeira publicação na pandemia foi no dia 21 de abril, nos stories do Instagram, alcançando mais de 5 mil pessoas. Hoje, esse número duplicou, o que mostra o crescimento do trabalho nas redes sociais. Com algumas horas a mais em casa para dar mais atenção à esposa Thamirys e à filha Sophia, de 2 anos, Gabriel também buscou se aperfeiçoar mais e devorou livros. Para ele, estudar e aprender nunca são demais. “Quando acabava os afazeres do dia, de fato buscava mais conteúdo, principalmente sobre como adaptar um trabalho com menos disponibilidade de material, de aparelhagem, para atender melhor os alunos”, diz. Com um discurso motivacional, o personal trainer conclui, ressaltando a importância dos treinadores, da saúde e de seguir todas as recomendações. “Temos que cuidar sempre, seja em período de pandemia ou não. Nós, como influencers e que trabalhamos com essa parte da movimentação corporal, temos que dar bons exemplos, que é o de se cuidar em casa, adaptar como pode, pois mesmo com as academias já abertas, o vírus ainda está aí. Não acabou”.
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Do inesperado à surpresa de superação Com diferentes realidades, ex-alunos do curso de Jornalismo da UNI7 contam como ultrapassaram adversidades causadas pelo novo coronavírus, e que poderiam pôr em risco meses de preparação na disciplina TCC que acaba avaliando a aprendizagem adquirida Texto Lucas Monteiro DIAGRAMAÇÃO Lucas Monteiro
↔ Fábio no estacionamento da UNI7 após
receber o diploma [FOTO: MAGELA LIMA]
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Dar início à carreira profissional para muitos não chega a ser mais assustador do que a entrega e defesa de um Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Imagine, então, ser pego totalmente desprevenido por uma pandemia que retira, em parte, todo o planejamento desse momento, em que a capacidade de antecedência é fator primordial para enfrentar o desafio, que já está enraizado na cabeça de vários universitários, logo que se propõem a fazer uma graduação. Este cenário mudou rapidamente a maneira como várias atividades cotidianas eram realizadas, em razão de um vírus desconhecido, e com alta taxa de contágio. Segundo afirma a professora Nila Bandeira, 37, responsável pelos Trabalhos de Conclusão dos Cursos de Publicidade e Propaganda e de Jornalismo do Centro Universitário 7 de Setembro (UNI7), 28 alunos usaram o recurso de apresentação remota em 2020, pela primeira vez, em quase dezesseis anos de curso. Conciliando a intensa rotina
Karine Serpa, 42, foi a primeira entre os estudantes a defender um TCC nessa situação. Sempre apaixonada pelo ramo da Comunicação Social, está há 18 anos na profissão. Acumulando um histórico como produtora e editora na TV Cidade e atualmente na TV Ceará, passou por alguns percalços que, segundo ela, sempre encarou com alegria para finalmente concluir o curso. Como exemplo, cita as duas gestações que lhe trouxeram Amanda, 12, e Guilherme, 6. Mas nada se compara com uma pandemia que mudou completamente sua rotina. Faltando ainda dois anos para completar a graduação, por onze meses Karine esteve entre família, trabalho e visitas semanais à Associação dos Missionários da Solidariedade Lar Amigos de Jesus. Por ser católica e muito próxima da diretora executiva, irmã Conceição,
o seu voluntariado no local refletiu o maior desafio antes do isolamento social: o distanciamento emocional e afetivo com o trabalho lá desenvolvido que, até pouco tempo, não seria seu material base para um TCC. A atividade no Lar está baseada no auxílio às crianças em vulnerabilidade social que não possuem a devida assistência médica em tratamentos de saúde no interior do Estado e precisam se deslocar a Fortaleza em busca dessa cooperação. O livro reportagem de 112 páginas, Lar da Solidariedade: O Amor que Transborda Transforma Vidas, é a síntese desse comprometimento pessoal com que Karine acredita ter força suficiente para trazer um tom de mensagem que favorece a sociedade, pois a renda proveniente do seu lançamento será revertida para a causa. Apesar de ser familiarizada com apresentações online, em função do trabalho home office para a televisão, estava ansiosa pela apresentação. E também vinha de uma rotina mais atarefada, uma vez que os filhos estavam em casa o dia inteiro, devido à suspensão das aulas. Já com o ex-aluno Fábio Pinheiro, 25, que saiu de Quixeramobim, no interior do Estado, rumo a Fortaleza buscando a sua primeira conclusão no ensino superior, as coisas foram um pouco mais fáceis até a linha de chegada do final do curso, assim como a apresentação do TCC. Sempre metódico com relação a organizar a própria vida, ele já estava preparado psicologicamente para o momento e a expectativa era enorme, pois sempre gostou de apresentar trabalhos. Até que veio a frustação da apresentação remota diante de tanto esforço para escrever o livro reportagem GEMMA - Muitas Vidas, Uma História, que tem cerca de 250 páginas. O produto do TCC demonstra, segundo ele, seu desapego com o factual que é bem predominante no jornalismo. Por sempre ter tido o gosto de escrever, e ler, buscou neste curso o
aperfeiçoamento dos dons que já possuía para colocar as pessoas no centro das suas narrativas, como forma expositiva de seus sentimentos, ações e histórias.
“O “ jornalismo pode explorar o que é bom nas pessoas Fábio Pinheiro Organização e resultado
Como havia chamado antecipadamente várias pessoas próximas para testemunharem a sua defesa, teve de abortar os planos devido à pandemia da Covid-19. O convite já era uma inversão do seu estilo próprio de apreciar a solidão, mas que ele havia contornado para estar próximo da família. Resolveu ficar, então, com os pais na sua cidade natal, antes mesmo do decreto de proibição de deslocamento ser sancionado pelo governador Camilo Santana, para justamente de lá apresentar o seu trabalho. Isso foi resultado do aspecto de previsão que Fábio diz ser característico da sua personalidade. Seu único desafio no período mais crítico do isolamento não veio na construção e finalização do trabalho, pois, segundo relatou, tudo já estava há algum tempo definido e praticamente pronto com pouco menos de um ano. Mas foi gerado pelo de fato cuidar da casa, já que ele mora sozinho. Se adequar por fim, foi a melhor maneira de contornar as dificuldades que surgiram de uma hora para outra.
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Serviço
.. Associação dos Missionários da Solidariedade Lar Amigos de Jesus .. Rua Ildefonso Albano, 3052 - Joaquim Távora .. Fortaleza, CE - CEP 60115-001 tt (85) 3226.3447 / (85) 3067.6565 EE amsolidariedade@hotmail.com
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Ofícios em meio à pandemia Juliana Roan espalha sua aptidão através de lettering e aquarela e recompõe-se dia a após dia nesse atual cotidiano que se iniciou por conta do novo coronavírus que se espalhou pelo universo Texto Beatriz Mendes DIAGRAMAÇÃO Roberto Souza
A relação próxima com a arte vem desde a infância. A artista gostava de pintar e fazia teatro na época da escola. Mas somente há três anos Juliana Roan iniciou sua trajetória com o lettering - a arte de desenhar letras - e a aquarela veio junto como um bônus. Ela é formada em Ciências Biológicas, área em que deu aula por necessidade e se apaixonou pela educação. “Tatuei, bordei, pintei, escrevi, desenhei. Hoje tento dosar tudo isso de modo que consiga me sentir feliz e satisfeita”, reconhece. A humanidade vive um dia a dia insólito e desafiador nos últimos meses, por conta da pandemia. No caso de Juliana,
↔ Intervenção com lettering [FOTO: ARQUIVO PESSOAL]
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surgiu então a urgência de se reinventar na arte. Aprendeu na prática o que realmente gosta de fazer e como gosta de produzir, além da autoconfiança. Conseguiu, assim, dedicar um tempo a mais em seus projetos pessoais e o período de quarentena fez com que levasse isso tudo de uma forma mais leve e serena. Antes da pandemia já vinha produzindo alguns trabalhos de lettering, mas com a diminuição salarial do seu outro emprego, onde leciona aulas de inglês em uma creche, teve mais tempo e uma maior necessidade de explorar ainda mais a criatividade em seus desenhos. Isso porque se permitiu, logo
após o término de sua faculdade, retornar para tudo que envolvia arte.
“Tatuei, “ bordei, pintei, escrevi, desenhei. Hoje tento dosar tudo isso de modo que eu consiga me sentir feliz e satisfeita Juliana Roan
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Referências visuais
Nesse universo da arte, suas referências são amigos artistas, como Wandson Rocha, Daniel Brandão e Juliana Rabelo. E também aqueles que possui imensa curiosidade e admiração, mas que acompanha de longe: Aline Tiemi, Pascal Campion, Preta Ilustra, Polina Bright, Nathan Pyle e Jordan Rhodes. Todos com suas particularidades e suas essências na arte de desenhar, ilustrar e escrever. Durante os últimos meses, Juliana se juntou com um de seus amigos, o Flor, que é proprietário do Jardim Seu Flor, em Fortaleza, em uma campanha no Catarse. A ideia foi produzir lettering em vasos decorativos. “Como já havia conversado com ele sobre produzir vasinhos com lettering, pareceu ser o momento ideal. Deu muito certo e tem dado. Continuo produzindo vasos para o Jardim e também tenho feito trabalhos personalizados.” Precisou se reinventar nas aulas, para produzir conteúdo online e que prendesse a atenção de quem a assistia. Para Juliana, professor tem virado roteirista, diretor de arte e até mesmo editor de vídeo. “Não tem sido fácil, mas a gente abraça essa nova etapa e tenta dar o nosso melhor”, conclui. Caminhos
Toda aquarela ou lettering produzidos têm o seu apreço. Mas existe uma aquarela que se tornou especial, que
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Juliana pintou despretensiosamente apenas para estudar a técnica. Como envolvia o desenho de um rosto, algo que sempre foi insegura em executar, não esperava que saísse tão bom a ponto dela mesma se sentir contente e orgulhosa de sua história.
“Toda “ aquarela ou lettering produzido tem o seu apreço Juliana Roan Como diz Juliana, os caminhos podem ser tortuosos e isso não é necessariamente algo ruim. Durante sua experiência de vida, almejou ser muitas coisas e com o passar do tempo vem aprendendo que é preciso de muita dedicação e discernimento. Esse novo que surgiu nas rotinas de todos. Pode parecer por hora até perturbador, mas sempre há algo que possa gerar frutos. “Nessa vida já almejei ser muitas coisas e com o passar do tempo tenho aprendido que é possível ser tudo que quero ser, mas que é preciso muita dedicação e uma ruma de gente que caminha ao teu lado sempre te puxando pro topo”.
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SERVIÇO
EE julianaroan.art@gmail.com WW (85) 9. 9820-5616 II @julianaroan.art
↔ Produção de vasinhos com lettering para o Jardim Seu Flor
↓ Produção de projetos pessoais para venda [FOTO: ARQUIVO PESSOAL]
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Conteúdo educativo e a criação de comunidades virtuais Com a interrupção das interações sociais e físicas mundo afora, a busca por mediações disponíveis na internet fez emergir novos formatos e produtores de conteúdo digital Texto Fátima Belarmino Diagramação Aldemir Neto Desde o início da pandemia, causada pelo novo coronavírus, houve um aumento expressivo no consumo e utilização de plataformas digitais: Facebook, YouTube, Instagram, TikTok entre outras. Sem titulações de coadjuvante e/ ou principal, teve para todos os gostos e público. Entre receitas de bolo, dicas
de filmes/séries, challenges, dancinhas virais, lives profissionais e musicais, a criação e consolidação de comunidades virtuais vêm como diferencial. Aos 27 anos, o paulistano Willian Chimura, programador, mestrando profissional em informática na educação, YouTuber e autista vive atual-
mente em Porto Alegre (RS). É de lá que ele administra um dos maiores canais sobre autismo no Brasil. Com pouco mais de um ano e oito meses da criação, o canal que tem como título o nome do programador, conta com mais de 170 mil inscritos e uma média que chega até 500 mil visitas por mês.
↔ Chimura é gamer e joga partidas de League of Legends (LOL) nas horas vagas [FOTO: ARQUIVO PESSOAL]
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Ele, já adulto, foi diagnosticado com Síndrome de Aspeger, termo utilizado para caracterizar indivíduos autistas com condições leves. O termo está, porém, em processo de desuso. O modo mais correto, já que por se tratar de um espectro há variáveis no nível e grau da condição, é Transtorno do Espectro Autista (TEA). Chimura esclarece que autismo “é um transtorno do neurodesenvolvimento (...) marcado por prejuízos na socialização e por padrões de comportamento e interesses repetitivos e restritos, de intensidade não usual”. O canal
Após o diagnóstico, o programador passou a estudar a fundo sua condição e fez disso seu novo “hiperfoco”. Atualmente, é uma das vozes mais expressivas dentro das comunidades relacionadas ao autismo. Com conteúdo de nicho, as produções contemplam temas que envolvem ciência, vivência pessoal, comportamento e cultura. “Decidi criar o canal a partir do momento que me identifiquei e me enxerguei capacitado para falar sobre alguns assuntos e explicar dúvidas comuns que encontrava em grupos de WhatsApp e Facebook”, relembra. Com renda baseada no desenvolvimento de softwares, o mestrando passou por problemas financeiros durante a transição de carreira dedicada à divulgação científica sobre o TEA. “As dificuldades financeiras se amenizaram na medida em que o canal se tornou mais popular e que pude engajar em atividades remuneradas, por conta de
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minha maior notoriedade no meio doações que recebo dos inscritos do canal, mentoria na Academia do Autismo, participação em cursos, consultoria e palestras para instituições de ensino e empresas”, destaca. Ainda neste semestre, Chimura teve sua primeira aparição em canal da televisão aberta. Foi convidado para falar sobre autismo no talk show The Noite com Danilo Gentili, SBT, após a repercussão de uma polêmica envolvendo o humorista Léo Lins, integrante do programa. De acordo com o apresentador, após conversar com o diretor, João Mesquita, eles pensaram: “por que a gente não usa a televisão, se aproveita desse momento, para usar a televisão no sentido de levar informação e esclarecer coisas da causa autista? Então, chamamos aqui ele: Willian Chimura!”, disse Gentilli, na edição que foi ao ar no último dia 28 de setembro.
“Prezo “ por rigor científico e “valor verdade” nas mensagens que propago pelo meu canal Willian Chimura Educador digital
De acordo com Chimura, ele investe bastante tempo, “tempo este que
pode ser “demais” para um criador de conteúdo na internet”. Para ele há uma preocupação no sentido de manter a qualidade do seu trabalho. “Prezo por rigor científico e ‘valor verdade’ nas mensagens que propago pelo meu canal”. Muito além do entretenimento, pretende agregar valor para seu público, e diz que “alguns momentos felizes ao longo da minha trajetória do YouTube são relacionados ao notar que pessoas próximas gostaram dos meus vídeos e/ou foram úteis para elas”. No vídeo “Mapa da Influência”, que faz parte do quadro 3 Minutos de Moda (3MDM), do jornalista e escritor Jorge Grimberg, ele destaca que “ao invés de falarmos tanto de cultura de cancelamento, devemos falar mais sobre educadores digitais. E o que a influência de verdade é. Estou falando de especialistas que realmente usam as ferramentas de tecnologia para nos ensinar algo novo”. A pandemia de Covid-19, na opinião do programador, transformou o cenário da produção de conteúdo pela internet mais competitivo no qual “pessoas estão consumindo mais, por outro lado, muito mais pessoas passaram a produzir conteúdo (...) Arriscaria dizer que a maioria é de produtores sem rigor”. Ele ainda enfatiza que para um indivíduo ter destaque como influenciador na internet poucas vezes tem a ver com o rigor ou expertise do produtor sobre um tema, mas sim, sobre variáveis relacionadas à oferta de formas de entretenimento, diversão ou até quesitos estéticos.
↔ Chimura foi entrevistado por Danilo Gentilli no talk show The Noite [FOTO: LOURIVAL RIBEIRO/SBT]
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Um mestrado, um recém-casamento, um novo país, uma pandemia. É preciso acreditar, ter persistência, força de vontade e ressignificar; afinal, é um novo olhar para um mar de oportunidades Texto Athila Nepomuceno Diagramação Aldemir Neto
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↔ Gabriel e Milena curtindo a nova vida a dois em Portugal [FOTO: ARQUIVO PESSOAL]
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O sim no altar mal acontecera entre o casal e eles já estavam de malas prontas para viver uma das experiências mais ousadas que decidiram realizar: morar fora do país. Era o primeiro voo internacional. Muitas lágrimas e saudades no Brasil. Foram sete horas até chegar a Portugal para a realização de um sonho e de uma nova etapa na vida a dois. Mas não parou por aí. O sonho não estava em Lisboa. Ainda tinham mais quatro horas de viagem em rodovias portuguesas até chegar a Covilhã. Localizada na parte continental mais alta de Portugal, a cidade de Covilhã fica a 270 km de Lisboa e é destaque, hoje, por ser uma cidade universitária. Segundo o publicitário Gabriel Moaco, “apesar de uma cidade pequena, boa parte da população é composta por estudantes que vêm de diferentes localidades. Isso deixa o ambiente mais adaptado à presença de estrangeiros”. Gabriel Moaco já pensava em fazer mestrado e, ao lado de sua esposa Milena Queiroz, seguiu adiante com esse sonho, unindo, inclusive, um desejo dela de fazer um intercâmbio na Europa. “A vontade de dar aulas e contribuir para a carreira das pessoas foi algo que passei a admirar em alguns professores, por isso, o mestrado’’, confessa Gabriel que, ao comparar os custos, caso optasse por um mestrado particular no Brasil, não era viável financeiramente, mesmo convertendo os valores entre as moedas real e euro. Apesar da similaridade do idioma, a adaptação não deixou de ser um desafio. “Talvez a parte mais complicada seja a saudade. É difícil ficar longe da família e amigos. A gente vai diminuindo essa distância por meio das ligações de vídeo”, conta o acadêmico, que está cursando o mestrado em marketing, com pesquisa voltada para a área de comportamento do consumidor na Universidade da Beira Interior (UBI).
“Ficamos “ quase dois meses trancados em casa. O segundo semestre do mestrado foi remoto Gabriel Moaco
Nasce um travel blog
Além do recém-casamento e do mestrado, a nova adaptação em Portugal rendeu uma página no Instagram: @viagemjuntos. “Covilhã é uma cidade pequena e pouco conhecida, e sentimos falta de ver fotos da cidade, dicas mais específicas, locais para visitar e sobre o cotidiano dela. Então, a
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↔ Em terras lusitanas, conhecendo a Torre do Tombo [FOTO: ARQUIVO PESSOAL]
Milena teve a ideia de fazer uma página no Instagram para ajudar as pessoas e trocar informações”, contextualiza o publicitário, que revelou ainda ter expandido a ideia da esposa e não restringir à página apenas à Covilhã, mas por onde eles viajarem. Essa foi uma forma de desbravar mais o lugar e se adaptar melhor à cultura local, seja na arte culinária, em âmbito de lazer ou histórico, a página do Instagram tem proporcionado entender e mergulhar mais nos hábitos e costumes locais, ajudando o casal a se conectar com a cidade. Um novo olhar
Após seis meses em terras lusitanas, uma nova realidade surgia com a pandemia do novo coronavírus. Apesar de não terem sido acometidos pela doença, Gabriel revela que muitas medidas sanitárias foram tomadas pelo governo português e impactaram no seu mestrado. ‘‘Ficamos quase dois meses trancados em casa. O segundo semestre do mestrado foi remoto. No início, foi perceptível a dificuldade dos professores e alunos com a adaptação para o on-line. Eram desde falhas na conexão à dificuldade com os softwares’’, destaca o mestrando. Aos poucos, a adaptação foi tomando conta e, segundo o estudante brasileiro, o mesmo aconteceu quanto às aulas e à rotina, exceto quando o assunto se relacionava aos casos da Covid-19 no Brasil. Quanto aos familiares mais próximos do casal, não houve casos da doença; já com amigos e conhecidos, o cenário foi diferente. ‘‘Conhecemos algumas pessoas que perderam parentes. Isso nos fez ficar mais temerosos por conta dos nossos familiares e a nossa comunicação com eles ficou ainda mais intensa’’, destaca. Estar isolado em outro país pode ser sinônimo de problema, estresse ou angústia. Até mesmo a vontade de querer voltar e ficar perto dos seus. Mas quando se trata do publicitário Gabriel, a famosa citação do escritor português Fernando Pessoa, nunca fez tanto sentido para ele nesta nova realidade. Afinal, tudo vale a pena quando a alma não é pequena.
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Celebrando o amor em meio à pandemia Fabrício e Liana se casaram em junho. Para evitar aglomerações, o momento pôde ser curtido e compartilhado apenas virtualmente com os amigos do casal. A cerimônia foi transmitida ao vivo pelo Instagram Texto Flávia Gouveia Diagramação Guilherme de Andrade
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↔ Fabrício e Liana se conhecem há 10 anos, mas começaram a namorar em 2019 [F oto: ARQUIVO PESSOAL ]
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O casamento é um momento muito aguardado pelos noivos que pensaram, planejaram e organizaram cada detalhe da festa. Geralmente, toda a alegria de uma cerimônia é compartilhada com familiares e amigos, que acompanharam cada passo do casal até chegar o grande dia. Durante a pandemia de coronavírus, muitos casais precisaram adiar ou cancelar suas festas. Mas, houve aqueles que optaram por usar a criatividade para realizar o sonho do casamento e deram um jeito de dividir isso com o mundo. Videoconferências ou ‘lives’ em redes sociais foram os formatos mais utilizados pelos noivos. Foi assim com Fabrício Sales e Liana de Oliveira. Em cerimônia realizada no dia 26 de junho, o casal compartilhou via Instagram sua união. “A cerimônia on-line foi a nossa única opção, mas foi uma alternativa muito válida, pois sabíamos que nossos amigos mais próximos e familiares estariam conosco de alguma forma”, disse Fabrício. Quem casa quer casa
Fabrício e Liana se conhecem há 10 anos, mas começaram o relacionamento no ano passado. Foram cinco meses de namoro até o pedido feito em setembro de 2019. A data do casamento não era algo com que se preocupavam, considerando que o mais importante para eles era casar assim que conseguissem montar sua casa. E assim foi. O casal conseguiu acompanhar a construção do apartamento, que ficou pronto em abril de 2020. Começaram então os preparativos. “Estávamos esperando uma oportunidade para ir ao cartório, e não sabíamos se estavam funcionando. Ligamos
para vários, buscamos informações e, finalmente, em um contato via e-mail, conseguimos agendar”, contou o noivo. Devidos aos outros compromissos, principalmente de Liana com a faculdade, que permaneceu em atividade durante a pandemia, o casal conseguiu marcar o casamento civil somente para o dia 26 de junho. Festa ou não?
O casal teve dúvidas se realmente valia a pena uma festa em meio à uma pandemia. “A ideia, no início, era de não ter cerimônia de forma alguma, pois ficamos um pouco desanimados com o lockdown e queríamos casar apenas no civil e fazer um almoço com nossos pais e irmãos”, afirmaram. Mas surgiu a ideia de fazer um “teste” antes do casamento. As famílias dos noivos organizaram um chá de panela com direito a brincadeiras e lista de presentes. Pelo aplicativo de videoconferência Zoom, os amigos interagiram com o casal nesse momento especial. E vendo como deu certo, eles decidiram avançar com a ideia de fazer uma cerimônia transmitida online para que os mais próximos pudessem participar de alguma forma da união dos dois.
“Tudo “ nós mesmos que fizemos, acredito que isso fez ser ainda mais especial Liana de Oliveira
A organização
Para evitar aglomerações, Fabrício e Liana decidiram reunir apenas a família mais próxima, as pessoas com quem eles conviveram durante a quarentena. E com a ajuda da madrasta de Fabrício, que é decoradora de eventos, conseguiram um espaço grande o suficiente para acomodar os parentes, mantendo o distanciamento. Local e datas reservados, decoração garantida e escolhido o ministro do casamento, que seria o pastor da igreja do casal. Faltavam ainda o buffet e a banda. O que não foi um problema. Tudo foi feito pela família, pais, irmãos, cunhados, inclusive a comida servida e a música tocada. “Assim, com a união da família, conseguimos fazer um momento único e só nosso”, afirmou Fabrício. “Tudo nós mesmos que fizemos, acredito que isso fez ser ainda mais especial”, afirmaram. Sobre a festa, o casal faz questão de destacar que as mesas estavam bem separadas no local e todos os convidados fizeram o uso da máscara. Além disso, Fabrício e Liana optaram por não ter serviços extras, evitando pessoas de fora da “bolha” deles. “Amamos cada detalhe e ficamos maravilhados que em menos de um mês conseguimos realizar um sonho, e tudo saiu como deveria ser”, disse Fabrício. No dia do casamento, os noivos ainda ganharam um presente especial. “Já estávamos conformados que iríamos ficar no nosso apartamento depois da cerimônia”, relataram. Mas, depois de voltarem do cartório e já nos preparativos para a festa, Liana recebeu uma mensagem. Duas convidadas do casamento presentearam o casal com um voucher em um hotel em Aquiraz, com tudo pago. “Com todos os cuidados necessários, conseguimos ir. E lá era lindo!”.
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Casam para além Matheus e Melissa, juntos há três anos, decidiram que 2020 seria o ano para oficializar a união. Com a pandemia da Covid-19, os planos para a celebração tiveram que ser alterados, mas os noivos entenderam que o casamento é mais do que um evento
Texto Gabriela Bevenuto DIAGRAMAÇÃO Aldemir Neto
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↔ Momento dos Votos
mento da festa
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“O que realmente é o casamento?” Esta pergunta foi fundamental para a decisão do consultor político Matheus Medeiros, 24, e da estudante de enfermagem Melissa Monte, 25, de manter a data do casamento em meio à pandemia da Covid-19. O casal se conheceu na Igreja Presbiteriana de Casa Caiada, em Recife. Ficaram noivos em julho de 2019 e, mesmo sendo considerados jovens para casar, decidiram trocar alianças em 2020. Um acontecimento inesperado, a pandemia, no entanto, abalou os planos dos dois. Eles contam que gostam muito de festejar e, por isso, planejavam uma cerimônia para 250 pessoas. “Tínhamos vários convidados que viriam de fora de Recife. Amigos de Fortaleza, de Brasília, do Canadá e da Alemanha. Mas com a pandemia, apenas o pai de Melissa conseguiu vir de Brasília, afinal, o pai tem que colocar a noiva pra dentro, né?”, disse Matheus. O significado do casamento
A cerimônia aconteceu no dia 11 de julho, com apenas 50 convidados, um quinto do planejado. Além disso, por causa do isolamento social, o casal não contou com despedidas de solteiro ou chá de panelas, mas, ainda assim, eles não se arrependem da escolha. Cristãos fiéis, os noivos dizem que, ao refletirem sobre o real significado do
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matrimônio, entenderam que a essência do casamento era o que eles prometeriam um ao outro diante de Deus. “O que realmente é o casamento? É a festa ou o momento em que estamos fazendo votos diante de Deus, diante da nossa família e amigos, prometendo tudo o que nós prometemos?”, reflete Melissa. Dificuldades e provisão
Como a maioria dos jovens casais, Matheus e Melissa enfrentaram dificuldades rumo ao altar. Ele havia acabado de se formar em Direito, ela estava na reta final da faculdade de Enfermagem, um curso integral que não oferecia possibilidades de remuneração até a formatura. Ela conseguia apenas alguns trabalhos como doula, vez ou outra – dá suporte físico e emocional à gestante em trabalho de parto. Ao ficarem noivos, calcularam exatamente quanto precisariam para se manter apenas com a renda do noivo. Mesmo com o orçamento apertado, decidiram ir em frente. Eles contam que Deus providenciou aquilo de que precisavam e até mais do que isso. O casal planejava morar em um imóvel alugado após o casamento, mas não foi necessário: ganharam um apartamento poucos meses antes da festa. Até mesmo os trâmites legais relacionados ao casamento civil foram resolvidos em tempo para a cerimônia, mesmo com o ritmo de um país em plena pandemia.
Vestido de noiva feito pela avó
“Eu sempre falei: vó, você vai fazer meu vestido de noiva”, disse Melissa. Dona Valbia, 76, mora em Fortaleza e sempre fez as roupas da neta, inclusive o vestido que ela usou em sua formatura do Ensino Médio. A pandemia impediu, contudo, que neta e avó, que faz parte do grupo de risco, se encontrassem. A avó de Melissa decidiu então reformar um vestido antigo, feito há mais de 20 anos, e enviá-lo pelos Correios. As medidas para os ajustes foram enviadas via WhatsApp. O vestido coube perfeitamente na noiva, mesmo sem qualquer prova anterior. Naquela tarde de julho, Melissa realizou o sonho de casar com um vestido feito pela própria avó.
↔ Os convidados respeitam o distanciamento social durante a festa [FOTOS: ARQUIVO PESSOAL]
↔ Vestido da noiva feito por sua avó
“Eu “ sempre falei: vó, você vai fazer meu vestido de noiva Melissa Monte
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Charreata: O novo normal dos chás de bebês Mãe de primeira viagem, Natália Sampaio não desistiu de realizar sua festa e encontrou na internet esta modalidade de evento que ganhou força durante a pandemia Texto Onivaldo Neto DIAGRAMAÇÃO Moema Braga
O início de uma nova vida pode começar com um simples “positivo”. Foi assim que a dona de casa Natália Sampaio, 22, e o músico Jorge Henrique, 31, souberam que estavam à espera do primeiro filho do casal. Previsto para novembro de 2020, Isaac não teve uma festa de chá de bebê convencional. Os planos da família tiveram que mudar
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completamente devido à pandemia da Covid-19. Os futuros pais precisaram usar a criatividade para driblar a atual situação, e poder celebrar esse momento tão especial com familiares e amigos, em um evento que mesclava o estilo drive-thru e carreata. Uma fila de 24 carros enfeitados com balões e faixas se formou na Avenida
Washington Soares e deu início à charreata do Isaac, uma inusitada adaptação do chá de bebê em tempos de pandemia. Devidamente protegido pela utilização de máscaras e álcool em gel, o casal recebeu os presentes dos convidados que, sem descer do carro, rapidamente os cumprimentaram e em seguida partiram em carreata pela região do bairro Messejana.
Esta foi a forma original que Natália e Jorge encontraram para receber carinho e realizar uma das celebrações mais marcantes na vida da família deles em construção. A ação também ajudou a minimizar o peso da ausência dos amigos e parentes durante o distanciamento social. A futura mãe avalia de forma positiva a experiência. “Não gastei muito e não tive toda aquela preocupação que provavelmente teria se tivesse feito minha festa da forma tradicional. Gostei da facilidade do modelo drive-thru e amei a ideia da charreata”, garantiu. Organizando a charreata
E com as aglomerações proibidas durante a pandemia, Natália e Jorge enfrentaram também o desafio de reunir cerca de 90 convidados para confraternizar pela chegada de Isaac. A festa aconteceu, mas dentro dos carros dos convidados. O casal gastou em média 650 reais com os preparativos, decoração e lembrancinhas. A organização, com um mês de antecedência, foi primordial para o sucesso da charreata, relembra Natália. “Assim que soube o que queria fazer e como seria a minha festa, comecei a pesquisar valores e empresas de lembrancinhas personalizadas”. O casal, que no início da pandemia achou que não poderia realizar a sua festa, pôde tirar vantagem da atual ordem de distanciamento social. Sem que houvesse preocupação com número limite de pessoas em um ambiente fechado, Natália e Jorge ampliaram a lista de convidados, conseguindo angariar mais artigos de higiene para o bebê, itens indispensável nos primeiros meses de vida. Diferente de uma festa convencional, o casal precisou dar mais atenção aos detalhes do convite digital. Grupos de WhatsApp foram criados para que todas as informações fossem compartilhadas de forma simples e clara. “Como quase ninguém tinha ouvido falar de uma charreata, eu e Jorge tivemos que tirar as dúvidas dos convidados de como ela funcionava”, lembra Natália.
↑ Além de lembrancinhas, o casal providenciou para os convidados pequenas marmitas com docinhos e salgadinhos [FOTOS: ARQUIVO PESSOAL]
Grávida na pandemia
A primeira gestação, o primeiro filho, a primeira viagem até a maternidade. Apesar de estar vivenciando a gravidez durante esse período atípico da humanidade, Natália se manteve positiva, faltando poucos meses para o nascimento do seu filho. “Fiquei imaginando cada detalhe do Isaac. Até agora está tudo tranquilo, me adaptei muito rápido e tive uma gravidez maravilhosa”. Seguindo recomendações médicas, a dona de casa segue à risca o isolamento social e periodicamente fez consultas pré-natais de forma online. Assim como Natália, gestantes de todo Brasil tiveram que mudar a rotina e encarar diferentes desafios impostos pela Covid-19. A legislação também acompanha a mudança. Em tramitação na Câmara dos Deputados, o Projeto de Lei 3932/20 visa a tornar obrigatório o afastamento de gestantes do trabalho
presencial enquanto estiver vigente o estado de calamidade pública em razão da pandemia provocada pelo novo coronavírus. Conforme o texto, a gestante ficará à disposição para trabalho remoto. A medicina, enquanto isso, ainda avança lentamente e o que se sabe relacionado à Covid-19 e gravidez é que mulheres grávidas têm riscos maiores quando comparadas a mulheres da mesma faixa etária, não gestantes. Em um estudo publicado na revista médica internacional “Gynecology & Obstetrics”, a pesquisadora Maíra Takemoto avaliou 978 casos de gestantes e puérperas associados à Covid-19 no Brasil e constatou que oito a cada 10 mortes maternas provocadas pelo coronavírus foram de brasileiras. O estudo concluiu ainda que entre as mulheres que morreram, apenas 58,9% receberam suporte de UTI.
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O teatro vive e se reinventa durante o isolamento social Com a pandemia do novo coronavírus, novas maneiras de se fazer teatro têm sido pensadas entre os artistas. Para o Cangaias, que teve espetáculos cancelados, a solução é buscar inovar fora dos palcos Texto Isabela Moraes diagramação Moema Braga
Desde que surgiu em 2010, em Maracanaú, o Cangaias Coletivo Teatral sempre teve como objetivo buscar criar novas possibilidades, e experimentar algo novo em cada um de seus processos, que surgem a partir de várias mãos, como em um encontro de ideias, onde artistas que partilham do mesmo desejo podem juntos contar e fazer história. Sempre priorizando o coletivo e a troca de experiências, o coletivo afirma estar lutando para fazer a diferença. Segundo Luís Carlos Shinoda, 29, fundador, ator e diretor do coletivo, estes dez anos foram de muito aprendizado, descobertas e autoconhecimento. Todos puderam entender o propósito de fazer arte e o desejo por criar. “Nos últimos
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anos, a gente veio com esta responsabilidade maior sobre o que estávamos fazendo, a vontade de deixar uma mensagem importante para o público, fazer com que ele reflita sobre temas da sociedade e deixar uma marca”, salientou. De fato, não foram anos fáceis, mas todo trabalho árduo vem sendo recompensado por meio do reconhecimento e apoio do público. Estes dez anos são marcados por histórias de superação e, assim como em outros tempos, 2020 foi um ano de muita luta, mas também de algo muito importante para o grupo, novas possibilidades. Ao lado dos desafios, vem também a oportunidade de se reinventar e transformar o que já conheciam.
↔ Cangaias começou com um grupo de jovens que sonhava em fazer teatro
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Mudanças de plano
A chegada da Covid-19 trouxe imprevistos para todos e para o coletivo não foi diferente. Com uma temporada de estreia de um novo espetáculo “O fantástico circo do artista da fome”, no Teatro Dragão do Mar, o Cangaias seguia normalmente seus planos, mas, com a chegada da pandemia, as apresentações foram canceladas, assim como outros espetáculos, viagens e o curso feito por eles de práticas teatrais. “Foi uma avalanche que nos afetou diretamente. A gente tinha todo um ano planejado de ações e vimos tudo isso desmoronando aos poucos”, relata o diretor. Sem saber o que fazer, as primeiras semanas após os cancelamentos foram momentos de distanciamento para todos. Era necessário processar e entender o que vinha acontecendo. Também era preciso se proteger e estar perto de quem se ama. Aos poucos, foram voltando a se comunicar por meio dos encontros virtuais, e assim foram aprendendo a lidar com o que cada um estava sentindo, e estudando mais sobre o que estava acontecendo no mundo. Com os ânimos sendo renovados a partir das reuniões, e a consciência de que o primeiro semestre já estava comprometido, chegou a hora de planejar o que seria feito para o segundo semestre do ano. A solução encontrada foi adaptar todos os trabalhos para um novo formato, usando as platafor-
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mas digitais, respeitando o distanciamento. O curso disponibilizado pelo grupo foi voltando de forma online, e o processo criativo para uma próxima montagem “O Vício da Imensidão” foi retomando aos poucos. E assim, em pequenos passos, Cangaias foi transformando o que parecia ser o fim, em um novo começo. Foram muitas mudanças em pouco tempo, transformações e descobertas, momentos difíceis, mas também de muita alegria, assim como nos palcos dos teatros, a magia continua, mas de forma adaptada. Sem perder a esperança, Luis Carlos acredita que logo tudo isso passará e o que foi vivido hoje certamente servirá para futuro. “A pandemia nos ensinou, mas a gente acredita que é uma nuvem que precisa passar, para que assim a gente possa fazer de fato o que trabalhamos tanto para desenvolver, o nosso ofício em sua plenitude”, reflete.
“Foi “ uma avalanche, nos afetou diretamente, a gente tinha todo um ano planejado Luis Carlos
↔ Para Luis Carlos, se reinventar já faz parte do grupo e da arte [FOTOS: TIM OLIVEIRA]
“A “ pandemia nos ensinou, mas a gente acredita que é uma nuvem que precisa passar” Luis Carlos O teatro vive
Hoje, o coletivo tem como foco a ação comemorativa dos dez anos, em que está sendo feita uma temporada virtual do espetáculo “Na Colônia Penal”, por meio da plataforma Zoom. As vendas dos ingressos são feitas a partir de um link disponibilizado nas redes sociais do Cangaias. 2020 foi um ano marcante, de mudanças, mas nada disso foi capaz de silenciar a arte, pois é em meio às adversidades que se fortalece e cresce. O grupo de jovens que há anos apenas sonhava em estar juntos, fazendo teatro, hoje é inspiração de um grupo que não desistiu e não desiste de lutar pelos seus sonhos.
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EE cangaiascoletivoteatral@gmail.com II @cangaiascoletivoteatral FF Cangaias Coletivo Teatral YCangaias Y Coletivo Teatral
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Arte e paixão em momentos de crise
De uma criança desenhista de quatro anos a um reconhecido artista cearense. A jornada do que era um passatempo para o ofício, passou por diferentes áreas do conhecimento, chegando ao atual cenário pandêmico Texto Bernardo Barros diagramação Paulo Victor
↔ O cartunista ao lado seu personagem, o Capitão Rapadura [FOTOS: ARQUIVO PESSOAL]
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Com o surgimento da pandemia do coronavírus veio o isolamento social com o intuito de diminuir a transmissão, o que impactou a todos, principalmente de forma negativa. Hermínio Macedo Castelo Branco, popularmente conhecido como Mino, 76, porém, encarou a situação, com positividade e enxergou um lado bom do isolamento. Na visão dele, a nova realidade, ao mesmo tempo em que lhe fez suspender o objetivo do trabalho, o fez se mover à imersão no lado subjetivo, levando-o a analisar e reavaliar sua obra. Momentos de crise geram bloqueios criativos e para Mino tais ocasiões são causadas por problemas de ordem prática, como “dívidas, falta de dinheiro, os velhos vilões que tiram a paz de muitos brasileiros que nem eu, pessoas que trabalham com a cabeça nas nuvens, que vivem no mundo da lua, mas que precisam ter os pés no chão. É um desafio”. Ele afirma não saber explicar o processo de criação. Acredita que cresce por meio de exercício constante e diz que sua fonte está atrelada à fé, ao dom dado por Deus. O artista, para Mino, é um participante, um coautor, que não gera sozinho, mas é inspirado pelo Espírito Santo. O cartunista deixa claro que trabalha em muitas vertentes, mas todas vinculadas à arte e à literatura, desenhando, escrevendo, pintando, poetando e in-
ventando o que quiser como é o ofício de todos aqueles que trabalham com arte. Dentre suas principais criações estão o personagem Capitão Rapadura e o periódico Rivista. A origem
Nascido em 3 de maio de 1944, em meio a uma família de artistas, é o caçula e por isso recebeu muita atenção e carinho. Muito cedo lhe deram papel e lápis, de modo que já desenhava aos quatro anos de idade. Quando iniciou seus estudos, na década de 1950, desenhava bastante durante as aulas e por ser um bom aluno, seus professores não o repreendiam. Já nos anos 60, ingressou no ensino médio, e passou por uma adolescência dividida entre a arte, a brincadeira e as paixões, deixando os estudos em último lugar. Tendo o desenho como prioridade, Mino tem entre suas paixões o quadrinho e foi já naquela década que entrou profissionalmente no mundo artístico, desenhando cartuns ao vivo na hoje extinta TV Ceará, canal dois, durante o noticiário da noite. Sob influência do pai poeta, teve maior contato com a literatura e a poesia. Mino rememora: “ele me colocou frente a frente com livros maravilhosos, me conduzindo sabiamente nessa direção. Além de pai e mentor, era o meu poeta preferido. Notava sua felicidade quando me via com um livro na mão. E eu também ficava feliz, quando via que era observado por ele me vendo
lendo, desenhando e ensaiando meus primeiros textos”. Seguindo um caminho
Com o passar do tempo, partiu para o ensino superior e se formou em Direito, pela Universidade Federal do Ceará (UFC), mas não chegou a exercer a profissão. Ingressou na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e como bacharel aprendeu as noções essenciais sobre justiça. Mino afirma que a faculdade lhe permitiu uma visão abrangente do mundo, além do que durante o tempo que estudava, permanecia na prática artística, e se formou em 1970 seguindo em frente com suas paixões. Após esse período, começou a trabalhar com publicidade e ficou admirado pela propaganda. Foi algo que reconhece como fundamental e que o conduziu em meio aos anos 80 e lhe mostrou outros caminhos do mundo da arte. Assim compôs marcas, logos, arquitetou programações visuais, formatou embalagens, dentre outros. E a que considera mais importante foi a sereia da TV Verdes Mares. Para chamar de meus
Para que pudesse entrar no mundo dos quadrinhos, o ilustrador tinha o desejo de ter um personagem que o permitisse fazer parte desse meio. Para isso fez uma árdua procura, e no fim pôde encontrar seu Capitão Rapadura. “Eu queria ter meu Mickey, a minha Mô-
nica, o meu Pernalonga. E na década de 1970 ele surgiu”. Com o propósito de mostrar tudo o que faz, o que desenha e o que escreve, Mino criou a Rivista, onde estão suas fábulas, contos, poesias, quadrinhos, frases e pensamentos. É considerada por ele como seu almanaque.
“Eu “ queria ter o meu Mickey, e na década de 1970 ele surgiu Mino Mesmo com o contexto pandêmico de 2020, a Rivista continua em atividade on-line. O ilustrador não teve sua rotina muito afetada pelo coronavírus e continuou a criar conteúdo para o periódico. “O público-alvo da Rivista é todo mundo que saiba ler. O objetivo é levar humor limpo, inteligente, leitura agradável, sem muita densidade, ao alcance de todos”. Com tais publicações, oferece um entretenimento não alienante, provocador e instigante como os cartuns que estão nela. São os questionamentos, indagações do cartunista.
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UU https://www.rivista.com.br/ II @mino_cartunista II @rivistadomino
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