PAPIRO 2019.1

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Trabalho infantil

Desinformação é a principal causa do trabalho infantil  pág. 5

Direito às urnas

Eleitor que tiver com título cancelado não vota em 2020  pág. 10

Encontro literário

XIII Bienal, em agosto, vai focar na cidade e nos livros  pág. 16

Devoção

Devotos celebram 102 anos da aparição de N. Sra de Fátima pág. 7

Júlio Caesar

Número 14

Fortaleza–Ceará • sábado, 4 de maio de 2019 Foto: George Br ag a

Ceará reforça prevenção contra violência doméstica

Namorados

Criatividade é alternativa para o presente dos namorados  pág. 8

Irreverência

Cearensês estimula nomes criativos de bares e lanchonetes  pág. 15

Bicicletas

Bicicleta atrai passeios e lucros nas ruas de Fortaleza  pág. 9

Competição

Olimpíada de matemática muda rotina de estudantes  pág.6

Violência sexual

Combate ao abuso e exploração sexual ainda ineficiente  pág. 4


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Editorial

Fortaleza–Ceará • sábado, 4 de maio de 2019

A discussão da cidadania como pauta de construção de uma sociedade justa A cidadania é um assunto que deve ser mantido sempre em pauta, para que se garanta acesa a democracia. Entende-se, aqui, por prática de cidadania o livre direito de o indivíduo usufruir dos espaços públicos da sociedade e ser respeitado, sem esquecer, também, do dever de respeitar o outro. Saúde, segurança, cultura e educação são apenas alguns exemplos de políticas que têm de ser asseguradas a todo indivíduo, sem distinção de raça, gênero ou orientação sexual, independente de governos. São direitos previstos na Constituição. No sentido de contribuir para a formação de cidadãos comprometidos com os ideais de cidadania e treinar técnicas que permitam a realização de um jornalismo mais humano, os estudantes de Jornalismo do Centro Universitário 7 de Setembro – Uni7, lançam mais esta edição do Papiro, jornal em formato impresso, publicado na versão online. Produzido pelos alunos da disciplina de Projeto Integrado de Jornalismo Impresso, esta edição, 2019.1, traz um catálogo diversificado de notícias. O jornal inicia com pautas da editoria de Metrópole que abordam, justamente, direitos de crianças e mulheres que ainda precisam de mais discussão. Destaque para os números alarmantes relativos às tentativas de feminicídio entre 2017 e 2018, e as ações de apoio às mulheres, pelo Estado do Ceará, para a prevenção da violência doméstica.

Galeria

Sala de Notícias Os alunos dos turnos da manhã e da noite da disciplina Projeto Integrado de Jornalismo Impresso colocaram as mãos na massa, literalmente. Só que a massa é o texto, o título, a retranca, o abre, a foto, a legenda. É a vontade de desenvolver as habilidades práticas para que possam estrear nas redações de jornais, revistas, TVs, rádios e redes sociais. A Sala de Notícias, que sempre acontece em um dia de sábado, na Uni7, é um intenso ensaio para o mundo profissional.

O abuso sexual e a exploração do trabalho de crianças e adolescentes também estão em pauta nesta edição. Profissionais responsáveis pelo Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (CEDECA) e a Delegacia de Combate à Exploração da Criança e Adolescente (DCECA) dizem que as políticas de combate ao abuso sexual são ineficientes. O coordenador do Programa de Educação Contra a Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente (PETECA) relata que a falta de informação de muitos pais e até educadores são barreiras que ainda precisam ser rompidas. A editoria de Economia mostra como anda o mercado de trabalho para o público feminino, a luta por oportunidades e salários iguais, além da inserção da mulher no empreendedorismo. Também ganha destaque a conquista de espaços no mercado de estampas, em Fortaleza, por africanos e chineses. Na editoria de Cultura, o lançamento da XIII Bienal Internacional do Livro do Ceará entra no radar cultural do Estado. Com o tema “As cidades e os livros” o evento promove a prática da leitura como indispensável para a formação de novos cidadãos. Em Política, a situação eleitoral de faltosos que precisam regularizar o título é motivo de preocupação no Tribunal Regional Eleitoral (TRE). O voto, vale lembrar, é indispensável para o exercício da cidadania. O Papiro deseja, a você, uma boa leitura.

“É sempre uma ótima experiência participar da Sala de Notícias. Desde o planejamento da pauta até o produto final é um momento rico de aprendizado. Os imprevistos que acontecem nos ajudam a aprender que no dia a dia o trabalho é bem mais intenso do que imaginamos” Luana Ribeiro, 7.o semestre Jornalismo

“Participar da sala de notícias foi uma experiência incrível. Tive a oportunidade de vivenciar, mais de perto, a loucura que é uma redação. Aprendi muito ao ver e sentir a dificuldade que é diagramar quando não temos texto suficiente ou em excesso, ou quando não temos fotos de boa qualidade” Bruna Ramos, 4o semestre Jornalismo “A Sala de Notícias foi uma experiência enriquecedora para o meu crescimento pessoal e profissional. Saindo da teoria pude vivenciar na prática o trabalho jornalístico, o dia a dia de uma redação e tive a oportunidade de aprender sobre as exigências do mercado” Letícia Marques, 4.o semestre Jornalismo Reitor  Ednilton Soárez | Vice-Reitor  Ednilo Soárez | Pró-Reitor Acadêmico  Adelmir Jucá | Pró-Reitor Administrativo  Henrique Soárez Coordenador do curso de Jornalismo  Magela Lima | Coordenadora do curso de Publicidade e Propaganda  Nila Bandeira | Editora Chefe  Ana Márcia Diógenes | Projeto Gráfico  Humberto de Araújo | Direção de Arte  Diego Henrique e Humberto de Araújo | Editor do Núcleo de Design Editorial Humberto de Araújo | Estagiários do Núcleo de Design Editorial Aldemir Neto e Lara Silveira | Editorial  Anderson Souza | Apoio editorial  Miguel Macedo | Colaboraram nesta edição: [Texto] Anderson Souza, Bruna Ramos, Charles Oliveira, Flávia Bessa, Gabriel Barbosa, Horácio Gomes, Khelvya Carvalho, Lara Silveira, Letícia Marques, Luana Érica, Matheus Barbosa, Onivaldo Neto, Rebeca Nisse, Regina Soares, Vitória Barbosa [Diagramação] Aldemir Neto, Anderson Souza, Bruna Ramos, Flávia Bessa, Horácio Gomes, Khelvya Carvalho, Lara Silveira, Luana Érica, Matheus Barbosa, Onivaldo Neto e Vitória Barbosa.

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Papiro

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Metrópole

Fortaleza–Ceará • sábado, 4 de maio de 2019

Feminicídio

Mulheres recebem apoio social para a prevenção da violência doméstica

O Ceará vem realizando ações para combater agressões domiciliares e uma dessas estratégias é a inauguração de nove delegacias em municípios como Caucaia, Crato e Icó, dentre outros F o t o : MMLC

Texto  Luana Érica Diagramação  Luana Érica

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número de assassinatos de mulheres em todo Brasil tem causado preocupação à Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). De janeiro a fevereiro deste ano, mais de 126 mulheres foram mortas por questões de gênero e mais de 67 sofreram tentativa de homicídio. Entre 2017 a 2018 houve um aumento de 46% nas tentativas de feminicídio no país. O Disque Denúncia (180) registrou 92.323 denúncias em 2018. A Lei do Feminicídio, de n° 13.104, tipifica crimes de ódio contra mulher. Desta forma, o crime qualificado entra para o rol de crimes hediondos (estupro, genocídio, latrocínio entre outros), com pena de 13 a 30 anos, e é inafiançável. Em agosto de 2006, a lei Maria da Penha foi sancionada. É uma das mais avançadas do mundo, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU). Umas das principais inovações da lei são as medidas protetivas e a urgência no atendimento às vítimas. A Casa da Mulher Brasileira do Ceará, inaugurada em junho de 2018, é um equipamento que presta serviço 24h às mulheres em situação de violência. O complexo conta com ser- Comissão do Movimento das Mulheres do Legistalivo Cearense fez visita à Casa da Mulher em abril deste ano viços especializados de acolhimento e triagem, apoio psicossocial, serviço Caucaia, Crato, Icó, Iguatu, Juazeiro preventiva e a própria autonomia Legislativa, com a finalidade de de promoção de autonomia econô- do Norte, Maracanaú, Pacatuba, Qui- econômica”. desenvolver ações voltadas para o mica, espaço de cuidado para crian- xadá e Sobral. bem-estar das cearenses com ações ças (brinquedoteca), alojamento de As ações visam dar suporte às que visam o empoderamento . passagem e central de transportes. mulheres vítimas de alguma vioA casa já atendeu, até outubro do ano lência doméstica em todo o estado. OAB  A Ordem dos Advogados do passado, mais de 5.241 mulheres que Para Anaílton Diniz, coordenador Brasil (OAB) do país também vem sofreram algum tipo de violência do Núcleo Estadual de Gênero Prótratando o assunto de perto, após doméstica. Em março deste ano, o -Mulher, do Ministério Público do o caso da empresária Elaine Perez governador Camilo Santana anun- Ceará, “vai haver um diálogo mais Caparroz, de 55 anos, agredida ciou, em solenidade alusiva ao dia rápido entre os órgãos com maior O equipamento recebe visitas pelo estudante de Direito, Vinicius da mulher, a abertura de mais nove efetividade das decisões em favor como a do Movimento das Mulhe- Batista Serra, 27. O caso aconteceu unidades da Delegacia de Defesa da da mulher, como concessão de me- res do Legislativo Cearense (MMLC), no Rio de Janeiro. O casal havia se Mulher (DDM) nos municípios de dida protetiva, pedido de prisão que reúne mulheres da Assembleia conhecido pela internet e depois de

Segundo o Disque Denúncia, Houve um aumento de 46% nas tentativas de feminicídio no país

FOTO: DIVULGAÇÃO

Os encontros acontecem semanalmente na sede da unidade em Itapajé

oito meses de conversa online, foi marcado um encontro no apartamento da vítima, na Barra da Tijuca. Vinicius espancou a empresária por quatro horas. O caso aconteceu no dia 16 de fevereiro deste ano. O estdante havia passado no exame da OAB fazia quatro dias e poderá perder o direito de exercer a profissão.

“A ordem é um guia muito interessante de serviço para a sociedade” Christiane Leitão, 46

A OAB tem realizado ações para combater os crimes de agressão a mulher. No dia 18 de março de 2019, depois da repercussão do caso na Barra da Tijuca, o Conselho Federal aprovou uma súmula proibindo a inscrição de advogados que cometeram atos de violência contra a mulher. Além dessa iniciativa, a OAB realiza sessões para tratar a violência doméstica e a violência em geral, com orientação e informação não só para professores de direito e advogados, mas para a comunidade. Para Christiane Leitão, 46, presidente da Comissão do Direito da Mulher no Ceará, “ a OAB vem realizando orientação não só para os nossos advogados, como orienta a sociedade. Hoje para nós, a Ordem é um guia muito interessante de serviço para sociedade”.

SERVIÇO Comissão da Mulher OAB Av. Washington Soares, 800 Guararapes Seg - Sex, das 8h às 17h UU Email: cma@oabce.org.br

Encontro de mulheres em Itapajé debate o machismo e subjugação O Movimento de Valorização da Mulher, Movamu’s, é uma ONG que trabalha na geração de renda criativa, artesã e artística voltada para as mulheres, crianças e adolescentes. O movimento realiza campanhas, encontros, seminários e discussão sobre a violência doméstica, com objetivo de formar com cidadania e educação as comunidades do município de Itapajé, onde há a maior taxa do estado de crimes relacionados à violência doméstica. A idealizadora do projeto é Clara Silveira Fernandes, advogada, gestora e produtora cultural. Ela fundou o projeto com o propósito de proporcionar às mulheres e à população de Itapajé a valorização do seu potencial artístico, para que cada

pessoa, por meio do seu trabalho, tenha sua renda própria e, assim sua independência financeira. A ONG trabalha com educação musical e artística de crianças e adolescentes, e por meio da educação busca formar cidadãos conscientes e humanos voltados para combater o machismo e qualquer tipo de preconceito de subjugação humana. Para Clara, “ o projeto é muito gratificante. Tenho como uma missão de vida e acolho com dedicação e persistência. Assim como outras, sou uma das que se libertou do machismo e hoje se empoderou”. Além do trabalho realizado com as mulheres, o grupo desenvolve um projeto chamado Flor de Lótus, voltado para apoiar a autoestima

dos jovens. As ações são voltadas para atividades culturais, como teatro, dança, música e resgate de tradições (bordados, xilogravuras e bonecos fantoches). De acordo com a mitologia, o nome faz referência aos elementos: água, fogo,terra e ar.

SERVIÇO Movamu’s - Movimento de Valorização da Mulher Rua Antônio Teixeira Pinto, 2532 Ferros, 62600-000, Itapajé, CE FF facebook.com/Movamus II @Movamus tt 99144.4747 / 996799864


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Metrópole

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Violência sexual

Políticas de combate ao abuso infantil e juvenil são ineficientes, diz Cedeca

Sistemas vigentes funcionam com ações preventivas, todavia ainda deixam a desejar nos serviços oferecidos. As organizações reconhecem a fragilidade em algumas atividades e se justificam Texto  Bruna Ramos DIAGRAMAÇÃO  Onivaldo Neto

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m 18 de maio de 1973, Araceli Crespo, 9, foi abusada sexualmente e morta no Espírito Santo. Desde o ano 2000, esta data foi marcada como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. Apesar dos quase 20 anos dessa determinação, o tema ainda é delicado de se tratar, principalmente no que se refere ao enfrentamento e prevenção. A psicóloga do Centro de Defesa da Criança e do Adolescente, o Cedeca Ceará, Emanuelle Cajado, 38, afirma que as políticas públicas ainda são fracas para suprir a necessidade de Fortaleza. Ela criticou a ineficiência nos tratamentos e na assistência na saúde física, sobretudo na mental, pela complexidade dos casos. Para Emanuelle, o despreparo é um dos fatores que mais dificultam. Apesar de no Cedeca, o número de casos recebidos esteja estabilizado em relação a 2018, ela fala que há muitas condições errôneas nos serviços públicos. “O sexo está banalizado, mas a violência sexual ainda é muito grave (...) e a mulher ainda é muito culpabilizada por isso”, comenta. Ela dá exemplos da facilidade de revitimização, quando a vítima precisa relatar o ocorrido várias vezes a diferentes profissionais ou quando o acusado é seu parente, e mesmo depois da denúncia, ela ainda mantém contato com ele em casa.

DCECA  Segundo a escrivã da Polícia Civil, lotada na Delegacia de Combate à Exploração da Criança e

Foto: Bruna R amos

Adolescente (DCECA), Andrea Covas, 54, os suspeitos mais frequentes estão no âmbito familiar ou de maior convivência com a vítima. “Os crimes em que o agressor é totalmente desconhecido, pega a criança na rua e leva para um terreno baldio são pontuais. Um por ano, quando tem”, ressalta. Em 2018, a DCECA atendeu 663 casos. De 280 casos registrados de adolescentes entre 12 a 18 anos, 256 deles são compostos por meninas.

“O sexo está banalizado, mas a violência sexual ainda é muito grave (...) e a mulher ainda é muito culpabilizada por isso” Emanuelle Cajado, 38 Kelly Menezes, 38, coordenadora do programa Rede Aquarela, uma das atividades realizadas pela Fundação da Criança e da Família Cidadã (Funci) reconhece a utilidade de uma política especializada nesse tipo de violência, para evitar danos no psicológico da vítima e da famí- Os abusos acontecem com maior frequência em meninos de 0 a 11 anos, e em meninas de 7 a 18 anos de idade lia. Explicou que “normalmente o agressor faz parte da família (...) que abuso e dar suporte adequado. Em conversa com a psicóloga, enquanto e reforça a revitimização. Kelly exse divide em acreditar na criança ou parceria com o Fórum e o Tribunal o juiz assiste por videoconferência plica que o problema está nas etapas proteger o agressor”. Reitera que de Justiça, na 12º vara, foi implemen- e, através do ponto de escuta, faz as da apuração. O primeiro passo connessa política é necessário traba- tada uma metodologia chamada de perguntas para a profissional reen- siste na realização de um boletim de lhar com a prevenção porque, se- “depoimento especial”, que evita a caminhar à vítima. ocorrência, em seguida, dá-se início gundo ela, pela prevenção os casos revitimização. Esse recurso garante A Rede Aquarela divide-se em 4 ao processo de investigação que pode vêm à tona, como na realização de um depoimento menos constran- eixos específicos de atuação: Aten- durar de seis meses a um ano, e após palestras sobre o tema. gedor à vítima, e exclui um novo dimento Psicossocial, Disseminação isso, o processo vai a justiça esperar contato direto com o agressor ou Aquarela, Dceca e 12º vara. A divisão uma vaga para a audiência acontecer. Sem revitimizar  O programa com juiz, promotor e advogado. Em faz com que a vítima peregrine em Ela revela que nessa audiência todo foi criado para atender as vítimas de uma sala, a criança ou adolescente órgãos para atendimentos distintos mundo precisa ser escutado de novo.

Estimular diálogos pode diminuir as chances de que crianças e adolescentes passem por situação de violação de direitos Foto: Bruna R amos

Conforme a psicóloga, o abuso gera desconfiança e insegurança na vítima

A psicóloga Débora Araújo, 26, observa ser essencial que os pais ajudem a desenvolver habilidades socioemocionais e deem uma educação sexual aos filhos, a fim de facilitar o diálogo, identificar ou até mesmo evitar a violência sexual. De acordo com ela, a violência pode fazer com que a criança ou adolescente desenvolva psicopatologias, como a depressão e ansiedade, tal como um transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) que interfiram na vida adulta, na falta de tratamento adequado. O impacto da violência na vítima vai depender se houve agressão psicológica ou ameaças, o grau de parentesco do suspeito com ela, a idade da criança e o tempo de duração dos abusos. Quando o abusador é membro da família, Débora explica que a situação tende a ser mais delicada, dado que a vítima pode confundir a ação com carinho

ou pode criar barreiras em relações futuras. “É porque aquela pessoa entende que é o certo, então ela vai repetir esse padrão em outras relações, por entender que é a forma de cuidar, dar amor, carinho” ou “Se nem minha família é confiável, imagina as outras pessoas”, exemplifica. Débora reforça a necessidade de desmistificar os tabus da sexualidade, que acabam sendo repassados de geração a geração, sem que se perceba. A psicóloga diz que os pais devem constantemente conversarcom seus filhos sobre toques no corpo e explicar, para eles, que nem todo mundo pode abraçar e beijar de forma deliberada. Ela ressalta que “é muito importante ensinar a demonstrar sentimentos. À medida que você ensina a criança a falar sobre medos, sobre raiva e sobre tristeza, vai fazer com que ela consiga se expressar de uma maneira mais coerente.”

SERVIÇO Centro de Defesa da Criança e do Adolescente (CEDECA) Rua Deputado João Lopes, 83, Centro. Seg. a sex, 14h às 18h tt (85) 3252-4202 UU http://cedecaceara.org.br/site/ Ecedeca@cedecaceara.org.br Delegacia de Combate a Exploração da Criança e Adolescente (DCECA) Rua Soares Bulção, s/n, São Gerardo. Seg. a sex.; 8h às 17h tt (85) 3101-2044 Rede Aquarela Seg. a sex.; 8h às 17h tt (85) 3433-1419 Denúncias Anônimas: Disque 100


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Metrópole

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Trabalho infantil

Falta de informação é a principal causa do problema social, aponta procurador

Antônio de Oliveira, coordenador do projeto PETECA, afirma que a exploração é tida por muitos pais, e até educadores, como algo normal, e que o projeto trabalha na conscientização Texto  Anderson Souza diagramação  Khelvya Carvalho

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titular da Coordenadoria Nacional de Combate à Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente (Coordinfância) do Ministério Público do Trabalho (MPT) do Ceará, Antônio de Oliveira, apontou a falta de informação e o senso comum como as principais causas do trabalho infantil no Estado. O procurador do trabalho, no entanto, chamou a atenção para a redução de 70% no número de crianças em situação de exploração, segundo última pesquisa do IBGE, do ano de 2017. Para Antônio, “muitos pais acham normal o trabalho infantil porque eles trabalharam quando criança. Aí são alimentados pelos mitos”. Ele, que também é coordenador do Programa de Educação Contra a Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente (PETECA), acrescenta que antes do início das atividades do projeto, em 2008, até mesmo os educadores tratavam a questão como normal. O coordenador do PETECA conta que o projeto surgiu da percepção de que o trabalho infantil é uma das principais causas da evasão escolar, e que somente com o engajamento dos educadores, por meio da conscientização dos pais e da comunidade, é que o combate seria efetivo. Segundo Antônio, mais de 80% das crianças que trabalham, estudam. Nesses 80% há um maior problema de evasão escolar pelo déficit de aprendizagem, resultado da dupla jornada. Amélia Prudente, secretária executiva da Associação para o Desenvolvimento dos Municípios do Estado do Ceará (APDMCE), parceira do projeto, explica que entre os fatores do abandono escolar está a falta de atrativos para o engajamento efetivo da criança e do adolescente. Amélia aponta entre as ações de

FOTO: B r u n a R a m o s

prevenção da APDMCE, projetos como Eu Sou cidadão – Amigos da Leitura, que engaja adolescentes das escolas públicas no incentivo à leitura. Também cita o projeto O Ceará Cresce Brincando, que apoia crianças e comunidades do Estado na busca de locais de referência do brincar, prática que, segundo a secretária, é deixada de lado quando a criança é vítima do trabalho infantil.

“Muitos pais acham normal o trabalho infantil porque trabalharam quando criança” Antônio de Oliveira, 50 Segundo dados do IBGE, divulgados em 2017, 1,8 milhões de meninos e meninas de 5 a 17 anos foram identificados trabalhando em 2016, em atividades proibidas por lei. Segundo o procurador, a pesquisa não contabilizou os casos de menores que trabalham para o próprio consumo. Ele diz que se somado o número de crianças nessa modalidade, o Ceará apresentou em 2016 o total de 85 mil menores em situação de trabalho infantil, redução de 70% em comparação com os 293 mil casos em 2008.

Prevenção  O trabalho do projeto PETECA junto à APDMCE, segundo os responsáveis, se dá na capacitação dos agentes públicos municipais na prevenção, identificação e acompanhamento de vítimas do trabalho infantil. Segundo Antônio, o projeto não trata a questão como um caso de polícia, mas como um grave problema de ausência de políticas públicas. O procurador frisa, no entanto, que em casos onde os pais ou responsáveis mantêm o menor em situação de exploração, e ignoram todas as ações de conscientização dos agentes públicos, o MPT e o

A atividade doméstica na casa de familiares é uma das formas de trabalho infantil mais recorrentes no Ceará Conselho Tutelar já entram com a aplicação de notificações judiciais. No Brasil, é considerado trabalho infantil todo ofício realizado por crianças até os 12 anos e por

adolescentes dos 12 aos 14. Também é considerada exploração o trabalho dos 14 aos 16 anos, com exceção dos contratados pelo programa Jovem Aprendiz. É igualmente proi-

bido o emprego de adolescentes dos 16 aos 18 sem a proteção legal das leis trabalhistas, sob atividades insalubres, conforme o Decreto nº 6.481/2008.

Novos caminhos formados pela educação e conscientização FOTO: A r q u i v o p e s s o a l

Felipe Caetano comenta a participação de crianças e adolescentes na discussão

Felipe Caetano, 17, é uma das víti- “adultos” com menos de 18 anos. Ele mas da desinformação que atinge relembra que nunca tinha tempo crianças do país por conta do traba- para sair com os amigos, nem para lho infantil. Hoje Felipe é formando fazer os deveres da escola. no curso de técnico de edificações, e Felipe presenciou uma das paativista no combate à exploração do lestras do projeto PETECA, em 2015, trabalho de menores. Ele começou a na sua cidade, Aquiraz, e diz que se trabalhar aos 8 anos como garçom sentiu incomodado com a ausência em uma barraca de praia. de crianças e adolescentes na reuDiferente dos casos em que as nião. Ele relata que solicitou uma crianças são obrigadas por pais ou audiência com Antônio de Oliveira responsáveis, Felipe admite que e propôs a criação dos Comitês de buscou o trabalho por vontade pró- Adolescentes, uma extensão do PEpria, mas acrescenta que desde pe- TECA que até hoje engaja meninos queno foi incentivado a conseguir, e meninas na conscientização de ele mesmo, suas coisas. “Desde pe- crianças e adolescentes contra o queno, o filho do pobre, ao invés trabalho infantil. de ser criança, é incentivado a ser Desde que iniciou as atividades do trabalhador infantil”, observa. O projeto, Felipe relembra que deixou ativista argumenta que o trabalho de trabalhar. Diz ter entendido que infantil é prejudicial porque gera só a educação podia transformar a

sua vida, e que poderia terminar como muitas crianças que deixaram de ser criança, se não largasse o trabalho. Para Antônio Oliveira,Felipe é um exemplo de que crianças e adolescentes devem participar do debate sobre trabalho infantil.

SERVIÇO Canais para denúncia anônima de trabalho infantil Disque Direitos Humanos tt 100 Procuradoria Regional do Trabalho da 7º Região UU radio.mpt.gov.br/


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Competição

Alunos e professores mudam rotina de estudos para Olimpíada de Matemática Escolas públicas intensificam aulas para concorrer a medalhas na Olimpíada Brasileira, que ocorrerá em maio e setembro deste ano, para alunos do ensino fundamental e médio

Foto: Regina soares

Texto  Regina Soares Diagramação  Lara Silveira

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Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Púbicas — OBMEP foi criada em 2005 com o intuito de estimular os estudos e despertar o interesse pela matemática. Jovens do 6º ano do Ensino Fundamental até o 3º ano do Ensino Médio concorrem a medalhas de Ouro, Bronze, Prata e Certificado de Menção Honrosa pelo resultado. Diretor há 10 anos da escola municipal Cesar Cals, Eliseu Paiva, 61, comenta que a maioria dos ganhadores é do 3º ano. Ele diz acreditar que a motivação é essencial e parte do sucesso. O nível de ensino é elevado a cada ano para bons resultados em Olimpíadas, e cerca de 10% passam para a 2º fase. Com isso, são intensificados os simulados e preparatórios. “Quando os alunos querem, eles se superam”, completa, informando que os alunos já ganharam medalhas de bronze e menções honrosa. A professora de Matemática, Janaína Bezerra, 29, ensina há um ano na escola, mas já prepara os alunos para as provas. O ensino é no contra turno. Por exemplo, para os que estudam à tarde, as aulas são uma vez na semana, no fim da manhã. Alguns levam almoço para ficar direto. Este ano, 60 se prepararam para a OBMEP e na 2º fase assistem mais aulas e treinam questões abertas, pois os cálculos são importantes. Gabriela dos Santos, 15, está no 2º ano, ganhou a menção honrosa no 1º com ajuda de vídeo-aulas e este ano se dedica para alcançar a medalha. Estuda de 4 a 5 horas de matemática por dia, além de frequentar as aulas que a escola disponibiliza. Com professores apoiando e a turma próxima, Gabriela dá a dica: “Finja que está só você e a prova. De tanto olhar para a questão vai aparecer uma luz e saber resolver”. Para a primeira fase ela exercitou questões objetivas, para a segunda, além de resolvê-las é preciso escrever e explicar os cálculos o que dá mais dificuldade. É preciso saber aproveitar o tempo.

“Quando os alunos querem, eles se superam” Eliseu Paiva, 61, diretor do Cesar Cals

Davi Silva, 16, está no 3º ano e concilia os horários para estudar para o Enem e OBMEP. “Acho que um complementa o outro. Tento manter os assuntos equilibrados”. Com o apoio dos amigos e professores, ele vai tentar a OBMEP pela primeira vez este ano, e pratica com as provas antigas. Está participando das aulas pelo gosto de matemática e comenta que “Tem que fazer em minutos. Se não sei a questão, pulo para a próximo e depois volto.”

A professora de matemática, Janaina Bezerra, tira dúvidas de estudantes em uma sala de aula preparatória para a OBMEP José Genivaldo, 52, coordenador pedagógico há 3 anos da escola de tempo integral Walter Sá, relata que os alunos do 1º e 2º ano participam mais da OBMEP. A escola oferece disciplinas eletivas de matemática três vezes na semana que ensinam o básico e direcionam para a Olimpíada. Todos os anos, alunos da escola são premiados, mas acha que pode melhorar: “Converso, incentivo e aconselho, mas os alunos são resistentes”. Como o Ensino Médio é mais ri-

goroso por causa dos vestibulares, a escola oferece aulões todo mês para os alunos se prepararem para as provas que estão por vir. José afirma que estar na ativa, vendo os conteúdos e fazendo os exercícios proporcionam mais facilidade nas provas “O conhecimento é uma coisa que fica. Vela a pena estudar”. A OBMEP é realizada todo ano e participam estudantes de todo o Brasil. Neste ano a 1º fase será em maio e a 2º em setembro. A divulgação dos premiados fica para dezembro.

“O conhecimento fica. Vela a pena estudar” José Genivaldo, 52, coordenador do Walter Sá

O horário de aplicação da prova é definido por cada escola e consiste em 20 questões objetivas valendo um ponto cada. Os estudantes com necessidades especiais podem realizar a prova em Braille ou ampliar por mais uma hora.

SERVIÇO EEFM Doutor César Cals Av. Domingos Olímpio, 1800 Bairro Farias Brito tt (85) 3101  2379 EEMTI Walter Sá Cavalcante Av. Oliveira Paiva, 550 Bairro Cidade dos Funcionários tt (85) 3101  2165


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Metrópole

Devoção

Fiéis se reúnem para celebrar 102 anos da aparição, em Portugal, de N. Sra de Fátima

Todos os anos, sempre no dia 13 de maio, devotos da Virgem Maria, mãe de Jesus Cristo, saem caminhando juntos em procissão que vai da Paróquia Nossa Senhora do Carmo até o Santuário de Nossa Senhora de Fátima Foto: Júlio Caesar

homenagens em agradecimento às graças alcançadas. Este ano será celebrado seu centésimo segundo ano de aparição. Mais de 150 mil católicos são esperados. Durante todo o dia serão celebradas 11 missas na igreja, que fica localizada na avenida 13 de maio.

Tradição Religiosa  Para Solange

Macêdo, 63 anos, católica, fiel e devota de Nossa Senhora de Fátima, não é diferente. Ela segue a tradição que vem de berço. Nasceu em uma família tradicional católica, composta por tios e primos padres, e tias muito religiosas e devotas de São Francisco, Nossa Senhora das Dores, entre outros. Por muito tempo participou junto com os fiéis da procissão, que acontece todos os anos. Hoje já não consegue mais se juntar aos milhares de fiéis que fazem a caminhada louvando, rezando e agradecendo as graças alcançadas. Mas, todos os dias 13, vai à igreja e celebra, participando de uma das 11 missas que acontecem no Santuário. “Todo dia 13 é dedicado à Nossa Senhora, e todo mês eu vou a missa das 18h30”. Humilde e de coração simples, Solange nunca buscou grandes graças. Seus pedidos foram sempre por proteção e saúde, e os agradecimentos são pelas pequenas bênçãos diárias alcançadas. A união da família, o amor, a saúde e, às vezes, aquele dinheiro que alguém ajudava quando faltava para complementar alguma conta.

“Todo dia 13 é dedicado à Nossa Senhora, todo mês eu vou a missa das 18h30” Solange, 63

Católicos, fiéis e devotos rezando, celebrando e agradecendo a Nossa Senhora de Fátima pelas graças alcançadas na procissão de 2018 texto  Rebeca Nisse diagramação  Horácio Gomes

A

devoção a Nossa Senhora de Fátima, ou Nossa Senhora do Rosário, tem origem no dia 13 de maio de 1917¸pois foi quando teria feito sua primeira aparição, na pequena aldeia de Fátima, em Portugal, em um local chamado “Cova de Iria”. Ela apareceu para três pequenos

pastorinhos: Lucia de Jesus Santos, com 10 anos e seus primos Francisco Martos, de 9 anos, e Jacinta Martos de 7 anos. Lucia via e conversava com Nossa Senhora de Fátima. Francisco só via e não ouvia os diálogos. Jacinta via e ouvia, mas não falou com Nossa Senhora de Fátima. Segundo relato dos próprios pastorinhos, a visão era de uma “Senhora mais brilhante que o Sol”, e em suas mãos pendia um

rosário. Serena e tranquila, ela teria dito às crianças: “Vim para pedir que venhais aqui seis meses seguidos, sempre no dia 13, a esta mesma hora. Depois vos direi quem sou e o que quero. Em seguida, voltarei aqui ainda uma sétima vez”. E as aparições teriam acontecido sete meses seguintes conforme o prometido. Antes de ir embora, Nossa Senhora de Fátima ainda teria ressaltado: “Rezem o

Terço todos os dias, para alcançarem a paz para o mundo, e o fim da guerra”. Por esse motivo, todos os anos em Fortaleza acontece uma procissão em homenagem à santa, com saída às 18h da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, em direção ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima, com previsão de chegada às 20h. Lá, são recebidos com música, orações e até show pirotécnico, quando os fiéis rendem

Dia 13 Romântico  Já com Lívia Nádia, 19 anos, foi bem diferente. Mesmo tendo nascido em uma família católica, ela não costuma ir à procissão. Ainda muito nova conheceu Luciano Pereira, 22 anos, seu atual namorado, e por terem começado a namorar dia 13 de maio, essa data ganhou um sentido todo especial. No início eles iam comemorar o aniversário de namoro, mas com o passar do tempo, ela passou a frequentar todos os dias 13 de todos os meses, data que já faz parte dos seus hábitos mensais, pois, mesmo que seu namorado não possa ir, ela vai. Namorados há seis anos, eles já chegaram a terminar algumas vezes. “Eu continuo indo todos os dias. Eu amo esse dia, e acho que a minha religiosidade é muito próxima de Nossa Senhora”.

ETUFOR cria novas frotas de ônibus para o dia 13 de maio A realização da procissão e celebração de missa campal - que geram movimentação e elevada quantidade de fiéis que comparecem à procissão e às missas, que começam às 5h na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na Avenida 13 de maio - afetam a mobilidade da cidade. Para diminuir os transtornos são criados bloqueios temporários pela Autarquia Municipal de Trânsito e Cidadania (AMC) nas proximidades do Santuário. A orientação é de que haja cuidado com a questão do trânsito. Na parte da tarde, a recomendação é que os carros não trafeguem nessa área da 13 de Maio e adjacências. Os bloqueios contam com o auxílio de agentes que orientam os motoristas com desvios e novas

rotas de trânsito. Algumas ruas e avenidas ficam proibidas de estacionar, mantendo livre as áreas para o fluxo e circulação exclusivos de pessoas. Conforme o órgão, o controle do tráfego começa às 6h, para desde cedo garantir a fluidez das vias. É criado também um forte esquema de segurança de trânsito e uma frota extra de transportes coletivos, que estarão sendo mobilizados para atender à demanda dos católicos. Segundo Miguel Guimarães, chefe da Divisão de Planejamento da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (ETUFOR), ordens de serviço com o desvio temporário de itinerário de algumas rotas e veículos reservas são encaminhadas para

as empresas operadoras, exclusivamente por ocasião do evento realizado na Igreja, com o intuito de facilitar o acesso dos devotos. O horário previsto para o desvio dos transportes coletivos é de 17h às 22h.

FOTO: R e b e c a n i s s e

SERVIÇO Santuário Nossa Senhora de Fátima Av. 13 de maio, 200 – Fátima Missas: 5h, 6h, 7h, 9h, 10h30min, meio-dia, 14h, 15h30min, 17h, 18h30min e 20h tt (85) 3227-5215

As ruas no entorno da igreja serão disciplinados pela AMC


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Metrópole

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Papiro

Namorados

Criatividade como estratégia para o momento de presentear o parceiro

foto: arquivo pessoal

Os que trabalham fazendo produtos para essa data falam da expectativa nas vendas e destacam que estão apostando na imaginação para marcar e encantar os consumidores no dia 12 de junho Texto  Lara Silveira DIAGRAMAÇÃO  Aldemir Neto

I

ndispensáveis para comemorar o Dia dos Namorados, os presentes criativos e personalizados estão cada vez mais em alta entre os apaixonados. E claro, fazem a alegria dos que trabalham com isso. É o caso da Késsya Araujo, 32, empreendedora criativa no Ateliê que leva o seu nome. Ela entrou no ramo de artesanato em feltro após o segundo filho nascer. Foi uma forma de ficar mais tempo com ele. Com o público cada vez mais definido, muitas vezes ela cria peças exclusivas, como é o caso de uma boneca que fez com as características da namorada do cliente. Késsya ressalta que já houve alguns produtos que foram utilizados para pedidos de casamento no Dia dos Namorados.

“Sinto que participo de momentos especiais de alguma forma com o meu artesanato” Késsya Araújo, 32 Produzindo diariamente de 4 a 5 horas por dia, e pesquisando para criar um produto novo para o Dia dos Namorados, Késsya espera vender mais esse ano porque já está trabalhando em campanhas para vendas dessa data comemorativa. Por ser uma pessoa otimista, acredita que dessa vez os clientes vão pesquisar mais pelo preço.

Doce amor  Por gostar de inovar, Karla Kerollen, 22, confeiteira, entrou nesse ramo e não parou mais. Para ela, vale muito a pena trabalhar com o que faz. Bolos e doces atraem grande parte dos clientes, mas o querido de todos é a Festa na Caixa (mix de combinações com bolo, doce, salgado, suco e refrigerante). Para essa data especial, que é o Dia dos Namorados, Karla espera vender bastante, até mais que ano passado, pois a doceria está ganhando reconhecimento no mercado e alcançando um número maior de clientes em relação ao ano anterior. “Que a gente faça a felicidade de muito casal, faça parte desse momento”, ressalta. Personalizados  Na busca por

uma nova oportunidade de ter uma renda extra, Anajara Cavalcante, 33, além de professora e artesã, é sócia e dona da Fantasia Real Personalizados, junto com o esposo Wuill Robson. Almofadas, kits de canecas e blusas personalizadas são o carro-

-chefe. Ela conta que um rapaz já pediu uma almofada com a foto da moça. A dedicatória da almofada era uma música que ela gostava, e na letra havia uma declaração. Junto ele quis que Anajara imprimisse dois “ingressos” do show de um cantor que iria se apresentar na cidade. Se a resposta fosse sim, eles iriam ao show juntos comemorar. Para o Dia dos Namorados, ela e o esposo estão com o objetivo de lançar outros produtos, porém ainda em fase de pesquisa de tendência. Mesmo com o nicho de mercado específico, ela não crê que venderá mais que no ano passado. Porém, espera que as vendas sejam satisfatórias.

Presentear é arte  Márcio Aragão, 32, paleoartista, encontrou nos dinossauros feitos de massa de biscuit, tinta acrílica e verniz, uma maneira de fazer as réplicas de dinossauros, colecionar e vender. Ele acredita que este ano venderá mais, pois a qualidade do trabalho dele tem evoluído, devido estar sempre aperfeiçoando. Ele ressalta que há dois tipos de públicos: os fãs de Jurassic Park - que querem a representação dos “dinos” mais similares a dos filmes - e as pessoas comuns que gostam de dinossauros. Por não existir curso de Paleoarte no Brasil, Márcio precisou buscar a maior parte do conhecimento com profissionais do exterior.

“É um trabalho que não faz com que eu sinta que estou trabalhando” Márcio Aragão, 32

As expectativas são grandes. Márcio espera que as pessoas vejam que os dinossauros podem ser ótimos presentes. Existem espécies para todos os gostos, das engraçadinhas as imponentes. E podem ser feitas da forma que o cliente desejar, talvez até uma representação de um casal de dinos “enamorados”.

A Festa na Caixa tem para todos os gostos, pois o cliente pode escolher o que vem dentro e personalizá-la

Amor de cinema que se torna real Casados há menos de seis meses, Daniele Araújo, 28, e Rodrigo Fernandes, 24, sabem bem o que é surpreender a quem se ama. Gato de estimação, cartinhas, perfumes e chocolates são os presentes criativos que embalaram os anos de namoro do casal. Eles se conhecem desde 2012, mas o sentimento somente

aflorou no dia 24 de dezembro de 2013, quando Rodrigo começou a falar que nutria sentimentos por ela e que queria algo sério, mesmo não morando na cidade. Como ele residia em Natal, tiveram a ideia de começar uma “amizade colorida”. Até que, em 2014, Rodrigo mudou-se de vez para f o t o : M i l l i n A l bu q u e r q u e

SERVIÇO Ateliê da Késsya Araújo FF Ateliê da Késsya II @atelie_da_kessya Titia Doceria II @titiadoceria Fantasia Real Personalizados Rua Sabiá, 428 - Bonsucesso E mimosfantasiareal@hotmail.com FF Fantasia Real Personalizados II @fantasia_real_personalizados

Dani e Rodrigo se casaram em fevereiro de 2019

Fortaleza em busca do coração da amada. Em setembro de 2015, o rapaz a pediu em namoro. Porém, só começaram a namorar no dia 04 de outubro do mesmo ano. “Ele já havia me pedido várias vezes, mas eu enrolava ele e dizia não”, ressalta. Passaram dois anos namorando, aprendendo um sobre o outro, e cada dia mais apaixonados. Foi então, que no dia 15 de outubro de 2017, aconteceu o inesperado. Eles noivaram. Era de manhã, no Shopping Benfica, as amigas dela participavam de um evento, que era basicamente um culto religioso dentro do cinema. Como Daniele trabalhava muito e não tinha tempo, aproveitou a oportunidade e foi, pois era um domingo e seria o seu último dia de férias. Chegando lá, teve o culto, e logo depois o pastor fez a oração final. Quando tudo terminou, Daniele abriu os olhos e Rodrigo estava no palco do cinema, com um buquê de rosas e todos os amigos segurando cartazes, filmando, tirando fotos e chorando. “Foi tudo incrível. Ele é muito reservado. E me surpreendeu com a surpresa linda que foi o nosso noivado”, destaca.


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Metrópole

Bicicletas

Passeios ciclísticos ganham destaque como lazer e negócio em Fortaleza

Praticar o exercício em equipe é uma boa oportunidade para quem quer sair do sedentarismo. Ao mesmo tempo, a atividade poder dar lucro, a médio prazo, para quem está investindo Foto: hor ácio gomes

Texto  Horácio Gomes Diagramação  Flávia Bessa

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esquisa do Ministério da Saúde aponta um crescimento, entre 2009 e 2017, de 24,1% no número de pessoas que têm praticado alguma atividade física no país, seja em academias, caminhadas ou pedaladas. Em Fortaleza, uma atividade que vem se destacando na preferência dos que optam por uma vida saudável é o ciclismo. Assim, grupos têm se formado, em vários bairros, com o objetivo de promover passeios, principalmente noturnos, por diversas avenidas da cidade. Nilza Leitão, 34, enfermeira oncológica, é uma das participantes assíduas desses passeios. Ela pedala há 5 anos e conheceu o passeio por meio das redes sociais. Mas antes de ingressar, começou pedalando sozinha e ao ganhar confiança, decidiu participar dos grupos de ciclistas pela primeira vez. “Sempre tive vontade de pedalar, comprei uma bike (bicicleta) simples e comecei aos poucos, sozinha, próximo de casa. E depois fui aumentando a distância à medida que tinha condicionamento. Participei de alguns passeios ciclísticos nos finais de semana e a noite”.

“À medida que tinha condicionamento, comecei a participar de alguns passeios nos finais de semana” Nilza Leitão, 34 Dificuldades  Apesar da prepa-

ração, Nilza ainda teve algumas dificuldades. Segundo ela, “resistência e condicionamento foram as maiores dificuldades no início”. Nilza ainda acrescenta “o receio de não conseguir acompanhar o grupo e de não concluir, por conta da distância e ritmo”. Mesmo com as dificuldades iniciais, a paixão pelo passeio até resultou em convites. “Já consegui levar, e sobretudo motivar vários amigos

“Começamos a fazer o passeio organizado pela loja mesmo, com carros de apoio, bicicletas para alugar, e levamos algumas frutas, águas, para podermos vender também” Lucas Cavalcante, 25

Programa para todas as idades, o ciclismo pode ser praticado por crianças e adultos e pessoas próximas a aderirem”, afirma Nilza. “Até a minha filha de 6 anos, que levei sempre na cadeirinha para os pedais (passeios), hoje já pedala sozinha com uma bike, sem rodinhas e se sente motivada para o exercício”.

Oportunidade  Lucas Cavalcante, 25, empresário, já organizou muitos desses passeios. Dono de uma empresa de venda e manutenção

de bicicletas, achou o passeio uma oportunidade para reunir essas pessoas dispostas a pedalar e de impulsionar o negócio. “Sentimos a necessidade de reunir uma turma pra podermos pedalar juntos. Dessa ideia, começamos a fazer o passeio organizado pela loja mesmo, com carros de apoio, bicicletas para alugar, e levamos algumas frutas, água, para podermos vender também”, disse Lucas.

Dicas de alimentação como forma de preparação para ciclistas Antes de começar a pedalar é necessário se preparar adequadamente. A alimentação é um dos principais meios para iniciar. Uma preparação bem feita vai fazer total diferença no rendimento e recuperação física. O nutricionista Lucas Barbosa, 24, dá dicas sobre o que se deve ingerir antes, durante e depois. Lucas explica que o horário de pedalar é importante para saber com o que se deve alimentar. Caso seja de manhã, “foque num jantar reforçado, com mais carboidratos, proteína e baixo em gordura”, afirma Lucas. “No

nha um negócio rentável. Na época das férias ele conseguia um bom dinheiro por semana, mas nos outros meses não tinha uma quantia significativa. “Nos meses de férias a rentabilidade era uns 300 a 400 reais por passeio, mas sem incluir os custos. Nos meses normais era entre 120 a 200 reais por passeio”.

outro dia você consome apenas frutas ou pão integral, ou uma vitamina antes de ir”. Lucas aconselha que durante o passeio o atleta se mantenha constantemente hidratado. “Recomendo também consumir água de coco para manter a hidratação durante o percurso. Então leve sua água em uma garrafinha”. E no pós “consuma bastante água e faça uso de frutas como banana, melancia, melão. Todas irão ajudar na recuperação energética e eletrolítica”. Caso o passeio seja no final da tarde,

a dica é fazer “uma refeição com mais carboidratos, proteína e baixo em gordura, ao menos 5 horas antes do evento”. O nutricionista acrescenta que “próximo ao evento pode consumir um pão integral, alguma vitamina com adição de aveia ou chia e batata doce. Enfim, um carboidrato complexo”. Ele reforça que é importante, ao decidir fazer exercícios, consulte um médico, um educador físico e um nutricionista. Cada profissional pode dar detalhes de alimentação, trabalho muscular e cuidados com o corpo.

Para conseguir organizar esses passeios, Lucas recebia apoio voluntário. Ele contava com “somente um funcionário, que é o motorista. O restante eram os batedores (pessoas em bicicleta acompanhando e guiando os ciclistas) do passeio. Eles fazem um trabalho voluntário em troca de diversão e descontos em peças, acessórios e revisões grátis”. Mesmo com somente um funcionário e voluntários, Lucas não ti-

Parte do investimento perdido no passeio se dava pelas pessoas que participavam, mas não pagavam a pulseira (R$ 3,00) para ter direito ao apoio. A compra da pulseira tanto vai ajudar em casos de emergência com o ciclista (pneu furado, desgaste físico, desidratação e etc), quanto para pagar os custos. “Sempre motivo a comprarem, mas nem todos compram. A pulseira é pra ajudar a tirar os gastos do carro de apoio, o dinheiro pago ao motorista. Quem tem a pulseira tem total apoio dos batedores e no caso de furar pneu, algum imprevisto, deixar a bike no carro de apoio e ir o restante do passeio no carro”, destacou Lucas. E para quem quiser participar do passeio e já se decidiu a comprar a pulseirinha, Lucas aproveita para orientar: “vá até uma loja de bike que, com certeza eles vão te indicar um passeio, caso eles mesmos não organizem um”. Mas, ao mesmo tempo, dá uma dica fundamental para os iniciantes no ciclismo: “é preciso escolher os passeios mais leves no início da preparação; além disso, usar todos os itens de segurança pra evitar acidentes.” Foto: hor ácio gomes

Atletas frequentes passam a se preocupar com o que vão se alimentar


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Política

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Papiro

Direito às urnas

Situação eleitoral de faltosos deve ser regularizada até as eleições municipais

Foto: Arquivo Pessoal

Dados do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE) demonstram que 18,68% dos eleitores aptos no Estado se abstiveram de votar nas últimas eleições. Apesar do alto índice, houve uma baixa no percentual, se comparado ao ano de 2014 Texto  Matheus Barbosa diagramação  Vitória Barbosa

A

discussão sobre a obrigatoriedade do voto não é de hoje. Além do Brasil, inevitavelmente eleitores de mais 20 outros países devem ir às urnas no período eleitoral. Apesar da obrigatoriedade, as eleições do ano de 2018 mostraram o alto número de abstinências por todo o território nacional. Em virtude da irregularidade com a Justiça Eleitoral, várias consequências podem se dar no cotidiano, inclusive com o cancelamento do título eleitoral. “A primeira repercussão para o eleitor com o título cancelado é não poder votar no próximo pleito, que são as eleições municipais de 2020. Além disso, ele não vai conseguir emitir um passaporte ou renovar, contrair um empréstimo numa instituição bancária, ainda que seja um banco privado, mas que tenha subsídios de orçamento público. Se o eleitor pretender inscrever-se em programas assistenciais do governo, a situação de regularidade eleitoral também é exigida. Se pretender ser nomeado para um cargo público para o qual tenha prestado concurso ou matricular-se em uma instituição pública de ensino... em todas essas situações ele precisa comprovar a situação de regularidade com o TRE”, afirmou Lorena Belo, 38, Coordenadora de Administração do Cadastro Eleitoral do TRE-CE.

Cidadania  Para muitos, o exercício do voto é indispensável. E para João Laranjeira, 21, não é diferente. “Desde a minha juventude sonhava em completar meus 16 anos e ir votar. Sempre achei bonito esse gesto de escolher quem você quer que lhe represente. Voto em Araioses, Maranhão”. Ele revelou ainda que o direito desta escolha é um dos benefícios da democracia, a oportunidade, mesmo que o representante não seja eleito, de expor seu pensamento. “Tem uma máxima que diz que diante de uma luta de desiguais, o silêncio, a omissão e a indiferença estão sendo cúmplices do lado mais forte”, declarou. De acordo com o TRE-CE, 6.344.483 de eleitores estavam aptos para votar na eleição de 2018. Vale destacar os números dos que justificaram suas abstenções, incluindo cearenses em outros estados: no 1º turno, 243.796 legitimaram suas faltas. Já no 2º, o sistema apurou 302.735 vo-

tos, resultando num acréscimo de pouco mais de 24% em relação ao 1º. Da mesma forma das justificativas, o índice de abstenções aumentou. No pleito primário, 1.099.185 milhões de eleitores se abstiveram dos seus votos. No segundo, o TRE totalizou 1.185.505 de ausentes. Dentre os que não votaram, nem justificaram, está Antônio José, 35. O pintor não titubeou em afirmar que nenhum dos candidatos apresentou propostas que mereciam ganhar seu voto. “Estamos vivendo uma crise em muitos âmbitos no Brasil. Político então, nem se fala. Decidi desde o começo não votar em ninguém”. Conhecedor das consequências, caso perca seu título de eleitor, Antônio declarou que só não votou neste ano; nas eleições anteriores exerceu seu dever. Para o TRE, o eleitor é considerado faltoso quando não vota nem justifica sua ausência em três pleitos consecutivos (um turno é considerado um pleito).

“Diante de uma luta de desiguais, o silêncio e a indiferença são cúmplices do lado mais forte” João Laranjeira, 21

Aos que precisam regularizar sua situação eleitoral, Lorena cita os passos a serem seguidos: “O eleitor vai quitar as multas referentes às ausências em que não votou nem justificou. Ele precisa pagar uma multa que varia de R$ 3,00 a R$ 3,51 por cada turno ausente e essa regularização deve ser feita presencialmente, em uma das nossas unidades. Em Fortaleza isso pode ser feito em qualquer um dos postos de atendimento. No interior do estado ele faz isso em qualquer cartório eleitoral”. A coordenadora ainda complementa: “A única documentação que precisa apresentar, a princípio, seria um documento de identidade. Contudo, estamos em cenário de cadastramento biométrico obrigatório. E não é errado supor que esse eleitor que não vota nem justifica há três eleições, não tenha biometria coletada. Recomendamos que ele leve também um comprovante de endereço atualizado. Ao final desse procedimento ele sai com a coleta biométrica realizada, com um novo título de eleitor em mãos e com a sua situação perante a justiça eleitoral regularizada”, concluiu.

Lorena apresenta as consequências para o eleitor que não votou nem justificou sua ausência na última eleição

Eleitor de quase 70 anos espera votar ‘enquanto estiver vivo e lúcido’ De acordo com o parágrafo 1º, artigo 14 da Constituição Federal, o voto é facultativo para eleitores acima de 70 anos. O mesmo acontece com jovens que têm entre 16 e 17 anos. Aos 63 anos, José Edmilson já vê a opção de não votar se aproximando. Contudo, engana-se quem pensa que ele deseja somente acompanhar a eleição de forma passiva. “Espero, enquanto estiver vivo e lúcido, votar”. José contou algumas das suas experiências durante os muitos períodos eleitorais vivenciados: “Votei a 1º vez com 19 anos no município de Uruburetama-CE. Nessa época só tínhamos direito de votar para prefeito e vereador. Jamais vendi meu

voto. Eles conhecem quem podem comprar, mas comigo, não”.

De acordo com a Constituição, o voto é facultativo antes dos 16 e depois dos 70 anos

Na época do regime militar, afirmou que só não foi preso por ser de uma família influente . Contrário aos que são aptos a votar, mas não exercem o dever, José é taxativo: “Esse eleitor é cúmplice dos erros. Talvez seja o que mais crítica e que mais acuse os políticos”.

SERVIÇO TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL DO CEARÁ (TRE-CE) Centrais de atendimento: Fortaleza Av. Almirante Barroso, 601, Praia de Iracema. Seg. a sex.; 8h as 17h tt (85)32112692 Vapt Vupt de Messejana Av. Jornalista Tomaz Coelho, 408, Messejana. Seg. a sex.; 8h as 17h tt (85)32185229 Vapt Vupt Antônio Bezerra Rua Demétrio Menezes, 3750, Antônio Bezerra. Seg. a sex.; 8h as 17h tt (85)32071540


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Economia

Conexão

O Brasil de cinco bancos e 380 fintechs na esteira de uma revolução financeira

Com 380 fintechs existentes no Brasil, as classes mais abastadas e empresas de médio e pequeno portes estão passando por uma transformação na maneira de conseguir ter crédito a partir da utilização da tecnologia

FOTO: G a b r i e l B a r b o s a

Gustavo Salione, da Fortbrasil, diz que é necessário falar a mesma língua das classes negligenciadas pelos bancos e oferecer linha de crédito Texto  Gabriel Barbosa Diagramação  Lara Silveira

C

onservadorismo nas operações, alta rotatividade na taxa de juros e passos lentos na estrutura tecnológica fazem dos bancos tradicionais empecilhos para o consumidor na hora de solicitar crédito no mercado financeiro. Contudo, é nesse momento que as fintechs ocupam um papel fundamental nas esferas tecnológica, social e econômica. Essas novas instituições do setor financeiro ainda não podem ser consideradas bancos e sim como mediadoras entre os investidores e os tomadores de crédito. De acordo com o levantamento feito pelo

Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o Brasil possui 380 start’ups do segmento financeiro. Para se consolidar no mercado, as fintechs precisam oferecer além de uma tecnologia de ponta, opções de crédito que sejam acessíveis a classes C e D, como também para empreendedores que estão em fase inicial do negócio e que tem dificuldades para ter aprovação em financiamento no sistema financeiro tradicional. “O diferencial da Fintech é que ela consegue falar a língua dessas classes mais baixas que hoje são muito negligenciadas pelos bancos”, afirma o superintendente de risco da Fortbrasil Gustavo Salione. Segundo o relatório do Banco Cen-

tral, divulgado no último semestre de 2018, cerca de 50% das pessoas que são clientes das fintechs não possuem nenhum tipo de conta e acesso ao crédito nos bancos tradicionais. Ainda de acordo com o relatório, cerca de 18% das operações destinadas para esses clientes são para empréstimos pessoais com algum tipo de garantia, 15% para empreendedores e 66% destinadas ao consumo no varejo através do crédito. Devido a crise e a restrição dos bancos para as pessoas de baixa renda, as fintechs não direcionam suas estratégias somente para as grandes metrópoles. “Como moro no interior, o acesso ao crédito dos

bancos fica 10 vezes mais difícil do que para quem mora na capital. Por aqui só tem 3 agências bancárias, já fui tentar o crédito e meu nome foi negado em todas elas, mesmo com meu nome limpo. Aí teve um dia que uma loja estava oferecendo o cartão de uma fintech, fui até lá para saber. Achei muito vantajoso, os juros são baixos, sem o negócio da anuidade e o limite tá nas minhas condições”, conta a manicure Joice Teixeira que reside em Itapipoca, na região Norte do Ceará. Para o diretor financeiro da Nubank, Gabriel Silva, a crise econômica está se diluindo aos poucos e o momento está mais favorável do que entre 2015 e o primeiro semestre de

PEER TO PEER OU P 2P Dentre o leque de opções de crédito oferecidos pelas fintechs, uma delas está ganhando destaque é o produto “Peer – to – Peer Lending”. Esse tipo de serviço regularizado pelo Banco Central em abril de 2018 é o empréstimo entre pessoas, a fintech faz a mediação entre os investidores e o cidadão que precisa daquele crédito. Esta prática de movimentação direta de recursos entre investidores e empresas ou pessoas físicas teve início no ano de 2005 em Londres, na Inglaterra. Essa modalidade pertence ao nicho da economia colaborativa, uma corrente que está ganhando espaço junto com as fintechs. Isso porque esse tipo de operação permite que um grupo de investidores se reúnam com um único propósito, emprestar dinheiro. As movimentações do P2P são feitas online e os investidores possuem liberdade para escolherem em consenso qual cliente versus quantia devem direcionar o recurso a ser financiado com determinada operação. O cliente também faz todo o procedimento através da internet, desde a solicitação, análise de crédito ao envio de toda documentação pela plataforma da fintech. Mas como toda movimentação financeira, a modalidade P2P também tem seus riscos. Por isso, o uso da tecnologia através de ferramentas avançadas de análise de crédito são fundamentais para a segurança do investimento e até mesmo contra eventuais fraudes. Segundo a Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) os juros baixos ajuda na diminuição das inadimplências. Em média, os juros para atraso no pagamento de parcelas costumam ser de 2% ao mês.

2018. Ele falou sobre as estratégias para se consolidar nesse período. “A tecnologia é a chave de tudo, para sobreviver num ambiente cada vez mais difícil a fintech precisa ter custos baixos e para isso é preciso se apoiar na tecnologia. Isso não significa investir só em ferramentas, mas em estratégias certas para ofertas de crédito, no cliente certo e no limite correto para ele.” Um outro fator que aproxima a fintech com as pessoas é o fato de capitalizar recursos de pequenos investidores. “Como eu sempre tive uma conscientização de como usar o meu dinheiro, comecei a fazer investimentos no início de 2018. Depois de um certo tempo um amigo me falou dessas fintechs, e que elas aceitavam dinheiro de investidores. Juntei uma grana e investi. Hoje em dia, posso dizer que valeu a muito a pena porque as pessoas que pegam dinheiro são compromissadas, pagam em dia e assim posso ter meu retorno garantido, com juros, no fim do mês”, afirma Rayssa Siqueira.


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Economia

Fortaleza–Ceará • sábado, 4 de maio de 2019

Papiro

Empreender

Contra corrente: onda de empresárias que embarcaram na área colaborativa

A busca pela independência e o anseio pela satisfação profissional uniram empreendedoras em redes de apoios que estimulam o empoderamento e a capacitação delas no mercado Texto  Flávia Bessa Diagramação  Matheus Barbosa

O

crescimento global do empreendedorismo feminino aumentou 10% entre os anos de 2014 a 2016, segundo o relatório do Global Entrepreneurship Monitor (GEM), de 2018. O estudo ainda comprovou que as mulheres já são maioria, em 51,5% dos negócios em fase inicial. No Estado do Ceará, a última década acompanhou o crescimento da empreendedora cearense, chegando ao número de 66,6% das mulheres atuando no mercado. Segundo o Portal do Empreendedor Individual, atualmente, em Fortaleza, há em torno de 109.720 microempreendedores individuais (MEI) e, desse total, 56.367 são mulheres. O sonho de ter seu próprio negócio e a instância de enfrentar os desafios de ser uma mulher que empreende, uniu as tatuadoras Susanna Motta e Carol Telles. Juntas, elas criaram o Estúdio Porta Rosa, local que reúne uma equipe de tatuadoras especializadas no atendimento ao público feminino. A ideia surgiu em uma conversa de mesa de bar, diante da necessidade de criar um estúdio de tatuagem autoral voltado para o serviço feito por mulheres, para mulheres. Embora o local conte com o trabalho fixo das duas sócias, e da amiga, Necyca, o Porta Rosa também recebe tatuadoras de todo o Brasil. As três tatuadoras levam como principal propósito oferecer um espaço de oportunidade e apoio às mulheres que tatuam.

Paradigmas  Desde 2002, as mulheres movimentam 55% do mercado de tatuagem no Brasil, e mesmo sendo parte do maior grupo entre consumidores de tatuagem, o ambiente ainda subestima o trabalho autoral de mulheres tatuadoras: “Comecei a tatuar em 2012. Eram poucas mulheres tatuando naquela época em Fortaleza; com estilo autoral, nenhuma! O maior desafio ainda é fazer as pessoas te levarem a sério. Mas geralmente quando veem que não estamos aqui pra brincar, acabam nos respeitando’’, admite a tatuadora.

cimento da sensação de confiança e segurança que o estúdio oferece. Carol conta que as clientes se sentem como se tivessem tatuando com uma amiga próxima.

Economia Criativa  Com a efervescência das discussões sobre a equidade de gêneros e o papel da mulher na sociedade, aflora coletivamente um empoderamento feminino que encoraja a busca pela independência financeira e reconhecimento profissional, refletindo na criação de redes de apoios com projetos colaborativos entre mulheres. Foi o caso da designer de moda, Millena Cavalcanti, que criou a Feira Mana a Mana. Durante toda sua infância, Millena acompanhou o desmerecimento do trabalho manual e autoral de sua mãe, que produzia crochê, mas hoje percebe uma maior conscientização das pessoas sobre as produções feitas à mão. Traçando um paralelo sobre o consumo consciente e seus diferentes públicos, a designer de moda manifesta um atraso do consumidor cearense em relação à valorização da matéria prima manual e autoral. Idealizada e realizada por mulheres, a feira criativa acontece desde 2017, com o intuito de apoiar e visibilizar a produção manual e autoral de empreendedoras cearenses. Millena conta que “Da Feira Mana a Mana já saíram muitas ideias e parcerias; a gente se encontra e dá a mão. Mudanças de vida aconteceram de 2017 pra cá, e é realmente mágico quando todas essas mulheres se juntam’’. Lugar de encontro, suporte e troca feminina, a feira se tornou um espaço de parceria e crescimento simultâneo.

C r é d i t o s : N atá l i a M a r q u e s

Organizadora da feira, Millena também começou a expor o seu trabalho com produção de geleia

Lugar de fala: rede de apoio à empreendedora C r é d i t o s : P a u l a Ly n

As tatuadoras têm um propósito: oferecer um espaço de oportunidade e apoio às mulheres que tatuam

Composto exclusivamente por tatuadoras, o Estúdio Porta Rosa atende a todos os públicos, mas percebe uma notável preferência feminina, justamente por se tratar de um local ocupado predominantemente por mulheres. Entre os relatos das clientes está o reconhe-

A maior rede de empreendedorismo feminino no Brasil conta com o apoio de suas embaixadoras, influenciadoras e mentoras

Em 2018, dois em cada cinco brasileiros estiveram à frente de uma atividade empresarial ou tinham planos em abrir o próprio negócio. Em um cenário onde mulheres trabalham tanto quanto os homens, elas recebem, porém, até 30% a menos. Muitas escolhem empreender como único caminho para a conquista da autonomia pessoal e renda própria. Pensando em apoiar, conectar e desenvolver estas mulheres, foi criada em 2010, a Rede Mulher Empreendedora (RME), o primeiro projeto de apoio à mulher empreendedora do Brasil. Hoje, conta com trezentas mil mulheres envolvidas.

muito bem definido, que é empoderar empreendedoras, garantindo independência financeira e decisão sobre seus negócios’’. O desafio de empreender, enquanto mulher, pode ser um trabalho solitário, por parecer que este espaço não lhes pertence. Mas não precisa ser assim. Local de fala com oportunidade, afetividade e coletividade, as redes de apoios existem como lugares seguros, justamente para que elas possam falar sobre as dificuldades que enfrentam no mercado e no mundo empreendedor, fortalecendo umas às outras.

Sororidade  Com atuação em todo o Brasil, oferecendo cursos de ensinos presenciais e onlines, programas de equidade de gênero e diversidade para empresas, a rede tem como intuito capacitar mulheres que empreendem. Como explica a Coordenadora do Instituto RME, Daiany França: “Temos um objetivo

SERVIÇO Estúdio Porta Rosa Avenida Rui Barbosa, 888, Meireles II mana.a.mana Rede de Mulheres Empreendedoras UU https://rme.net.br/


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Economia

Mercado

Na área de tecnologia, mulheres lutam por oportunidades e salários iguais

Quando se fala em tecnologia, as primeiras imagens que vem à cabeça são de diretores executivos famosos, como Steve Jobs e Mark Zuckerberg. Esse mercado foi predominantemente masculino durante muito tempo, mas essa realidade, aos poucos, está sendo transformada

Texto  Khelvya Carvalho Diagramação  Aldemir Neto

A

tecnologia surgiu paralelo a invenção dos computadores. O que poucos sabem é que quem inventou os primeiros códigos de programação foi uma mulher. Ada Lovelace nasceu em 1815 e ao lado do amigo Charles Baggage, criou uma máquina de cálculo e desenvolveu algoritmos que posteriormente se transformaram no primeiro programa de computador da história. Embora a história da tecnologia tenha tido a contribuição de muitas mulheres, o mercado se tornou predominantemente masculino. No Brasil, boa parte dos gestores das áreas de TI - Tecnologia da Informação são homens. De acordo com o INEP/MEC, as mulheres representam apenas 15% do corpo discente nos cursos relacionados à computação, e um dos principais motivos é a falta de incentivo na escola e em casa. Alessa Carvalho, 22, é formada em Redes de computadores e conta um pouco de como surgiu o interesse pela área de TI. “O meu contato com a área da informática foi bem cedo, por conta do meu pai ser técnico. Cresci rodeada de peças e de informação. Sempre fui bastante curiosa e isso me ajudou bastante a ter afinidade com eletroeletrônicos”. Já sobre o período que passou na faculdade, Alessa comenta as principais dificuldades. “Na minha turma eram 10 homens e apenas 3 mulheres. Fiz o vestibular e passei para Direito e para Redes. Acabei indo para Redes. Escutei sermão dos meus pais, pois não era isso que eles queriam para o meu futuro. Até hoje toda a minha família questiona o motivo da minha escolha”.

f o t o : K h e lv ya C a r va l h o

“Na minha turma eram 10 homens e 3 mulheres” Alessa Carvalho, 22

Dificuldades  As dificuldades das mulheres desse mercado não se restringem apenas a entrada e permanência na universidade. Uma pesquisa de 2018 da empresa de recrutamento Revelo, indicou que as mulheres na TI recebem cerca de 17,4% a menos que os homens e 49% das mulheres na área já sofreram algum tipo de assédio. “Por conta do meu gênero, alguns prestadores de serviços muitas vezes não aceitam as minhas opiniões. Preciso reforçar sempre que sou uma profissional, com experiência e formada para exercer aquele trabalho”, comenta Alessa Carvalho. Para Ana Paula, um dos principais problemas é a diferença salarial. “Percebi a diferença salarial e isso me desagradou bastante, tanto que eu questionei um de meus empregadores sobre isso e cheguei a levar minha CTPS para ele assinar a demissão se não igualasse meu salário ao dos demais colegas”. Ana reforça ainda a grande importância de ações para tornar o mercado de TI mais inclusivo. “Acredito que deveria haver uma maior interação entre mercados e Como tudo começou  Já Ana mulheres para que as empresas puPaula Lourenço, 36, graduanda em dessem nos ver “botando a mão na redes de computadores e fundadora massa” e que sim, somos capazes de da Byte Girl, umas das maiores co- fazer qualquer coisa que os homens munidades de incentivo a mulheres também possam”. na tecnologia no Ceará, conta que a escola teve um grande papel na sua carreira. “Comecei a gostar de Computadores na escola. Tínhamos aulas SERVIÇO no laboratório toda semana. Eu não me contentava em usar o Paint, apeByte Girl nas. Queria saber como aquela setiUU bytegirl.com.br nha se movia daqui pra lá, ali dentro E contato@bytegirl.com.br do computador. Então comecei a ir WW (85) 9.8167-1862 aos sábados pro colégio só para ter FF Byte Gilr Evento acesso ao laboratório e poder aprenII @bytegirlevento der mais. Foi assim que aprendi um T @bytegirlevento pouco sobre HTML e Redes”.

“Preciso reforçar sempre que sou uma profissional, e formada para exercer o trabalho” Alessa Carvalho, 22

f o t o : K h e lv ya C a r va l h o

Em 2019, dos 740 alunos aprovados nos cursos de TI da UFC (Universidade Federal do Ceará) aproximadamente 152 são mulheres. O número é baixo e mostra o quanto o mercado está longe de ser inclusivo. Iniciativas de coletivos e eventos privados fomentam a luta de mulheres por espaço no mercado de TI. “A Byte Girl começou como um projeto, em 2015, de um evento para reunir as mulheres de tecnologia da cidade de Fortaleza e falarmos sobre tecnologia. Deu mais do que certo e decidimos continuar”, relata Ana Paula. O evento em 2018 teve 3 edições e participação de 1.520 pessoas. As mulheres representaram 61% desse público.

Alessa Carvalho, profissional de Infraestrutura de TI há 2 anos, é a única mulher do seu setor

Coletivo cearense promove a conexão feminina na tecnologia Para incentivar mulheres a entrarem e se desenvolverem no mercado de tecnologia, o coletivo PyLadies aposta em eventos de inclusão, workshops de tecnologia e palestras O PyLadies Fortaleza é um núcleo local do PyLadies, comunidade internacional iniciada em 2011 na cidade de Los Angeles e que foi trazida ao Brasil, no fim de 2013, com o propósito de instigar mais mulheres a entrarem na área de tecnologia. Em Fortaleza, a comunidade foi fundada em 2015, mas só começou as atividades em 2017. Rylarri Santana, 23, graduanda em Engenharia da Computação, é uma das organizadoras do PyLadies

Fortaleza. Ela explica quais as pautas da comunidade. “Queremos mudar essa realidade de poucas garotas em uma área tão rica e diversa como a computação através da promoção de eventos, workshops, palestras, meetups, encontros e tutoriais.” O PyLadies é uma comunidade horizontal e por isso não possui uma ideia fechada de quem é ou não da organização. “Cada menina pode se sentir responsável pela comunidade, participar das reuniões organizacionais e dar sua opinião em qualquer tomada de decisão. Hoje contamos com 104 meninas no nosso grupo de WhatsApp. Em outubro de 2017 eram apenas 12”, Rylarri Santana.

Desde outubro de 2017, o PyLadies Fortaleza já organizou 5 eventos e impactou cerca de 250 pessoas, a maioria mulheres. Para 2019, a comunidade prevê mais 3 eventos até o fim do semestre. O mais recente aconteceu no Centro Universitário 7 de Setembro, no dia 13 de abril, e foi voltado para mulheres que nunca tiveram experiência com programação. “Fizemos um Workshop/ tutorial onde mulheres foram estimuladas a finalizarem o dia tendo desenvolvido sua própria aplicação web em forma de blog pessoal. Queremos atingir mulheres que são da área da tecnologia ou não”, afirma Rylarri Marques.


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Economia

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Cultura e logística

Comércio da África e China no Brasil vem conquistando espaço na cidade Atividades comerciais de chineses e africanos estão dominando a cidade de Fortaleza e vem crescendo gradativamente em todo território brasileiro, conquistando e competindo com diferentes culturas

Foto: Le tícia Marques

Texto  Letícia Marques  Diagramação  Lara Silveira

O

colorido das estampas chama a atenção de quem passa pela vitrine simples da loja, cheia de tradição, à cultura africana vem sendo usada em diversos momentos como casamentos, cerimonias, comemorações e até em funerais. O tecido africano tem ganhado espaços graças aos vendedores de diversos países como Angola, Senegal e Bissau. Lita Stephany, 30, deixou a cidade de Bissau e veio para ao Brasil aos 20 anos, quando estava concorrendo a uma bolsa de estudos na Universidade Federal do Ceará (UFC), para cursar Engenharia da Computação. Utilizando os detalhes da moda relacionados à sua cultura, a venda de roupas e acessórios passou a ser o seu ganha pão, e claro que chamou bastante atenção por suas misturas de cores e cheia de simbolismo, logo a microempreendedora se destacou por sua simplicidade e seu jeito tímido de ser. Tudo começou quando Lita decidiu vender algumas roupas que foram trazidas por familiares, quando vieram visitar ela e sua família em Fortaleza. Com as estampas e cores fortes, logo conseguiu vender e com isso a surpresa para si mesma. Desde então contratou, uma costureira que confecciona as roupas, até hoje, e decidiu que as clientes poderiam também ter a opção de escolher os tecidos, modelo e o tamanho da vestimenta. Os tecidos que chegam aqui no Brasil e vai direto para a sua loja vem de Marrocos, passa por Guiné Bissau e vai direto para São Paulo até chegar em Fortaleza, esse trajeto é feito constantemente e são trazidos por familiares. No mês ne novembro e maio é o período que mais chega tecidos, pois são meses de comemoração que é o dia da África e da consciência negra, e que gera mais lucro, pois tem bastantes encomendas. Um exemplo entre seus fregueses é o de Jaqueline, 23, nascida e criada em Picos, no Piauí, e atualmente morando em Fortaleza no dia do seu casamento, decidiu usar a roupa africana para representar a cultura que ela admira, e de onde seu esposo cresceu e nasceu. “Admiro muito a cultura Brasileira, mas me identifico muito com a cultura africana”. As vestimentas foram todas confeccionada por Lita, por admirar a moda afro, e que foi bem aceita pelos parentes na data festiva. Hoje sua loja é física e online, e conquista vários clientes e por todo

Brasil, ela faz roupas sob medidas de diversas categorias, como blusas, vestidos, acessórios; tudo produzido por ela, e feitos para diversos públicos. Cada roupa produzida e cada tecido tem o seu significado: “as roupas são feitas para conhecerem um pouco da nossa cultura de felicidade e muito amor”. Lita participa da Rede Kilofé de Economia, de Negras e Negros do Estado do Ceara e, aos domingos, expõe e comercializa suas peças na feirinha Fuxico no Dragão (Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura).

Chinês  Victor Cheng,31, veio da cidade de Zhejiang, para comercializar os produtos do seu país, porque enfrentava dificuldades com o comércio em diversos períodos do mercado. Quando chegou ao Brasil, foi bem aceito pela população. Com acessórios para o público feminino, ele afirma que em datas comemorativas a procura e bastante grande. Apesar dos impostos altos, ele afirma gostar do comércio cearense e das diferenças culturais de onde vem “No começo o mais difícil foi me adaptar com a culinária cearense’. E afirma que está confiante com datas futuras para o melhoramento do comércio em Fortaleza.

SERVIÇO RModa Africana Av. Mister Hull, 5650 B Antônio Bezerra Seg - Sex 9h às 17h; Sáb, 8h às 14h tt (85) 98625 6676 FF RModa Africana tt @rmodaafricana Loja topstilo Rua Liberato Barroso,343 - Centro Seg - Sex, 8 às 18h e Sáb, 8h às 16hr

Roupas produzidas por ela e com tecidos africanos, entre eles vestidos e blusas ficam expostos pela loja

Beleza, colorido e cultura conquistam o mundo Ana Maria Canudo, 49, nascida e criada em Fortaleza, também é uma das consumidoras fiéis das vestimentas e acessórios que são produzidas por Lita. Sentiu-se atraída, principalmente, pelos vestidos, com suas cores vibrantes, que são as peças que ela mais se identifica e usa. A estética dos tecidos africanos sempre despertou sua atenção, desde que teve um namorado nascido na

África e que lhe apresentou a moda do seu país. Ele teve a oportunidade de conhecer melhor o trabalho realizado por Lita, na feira do Dragão do Mar. E logo foi nas redes sociais para conhecer detalhadamente as peças que ela produzia. Os vestidos que usa são feitos sob medida. Inclusive alguns são “exclusivos” para ela, o que a fez torna-se uma admiradora

do trabalho de Lita. Ela diz que “Me senti super bem, muito bem vestida e meu esposo me presenteou com o vestido. A família toda aderiu as roupas africanas’’. Além disso as roupas vestem bem, os tecidos com qualidade. A moda Afro ganhou visibilidade com a chegada de africanos que vieram estudar no Brasil, e trouxeram elementos da sua cultura. Em For-

taleza, a população que se identifica com essa moda vem crescendo por meio de divulgação dos consumidores e, assim, chamando a atenção. A moda expressa a cultura africana, e contribui para que brasileiros criem o seu próprio estilo a partir dessa roupa. Não somente as roupas, mas também os acessórios diferenciados, como turbantes e colares, mostram a diversidade cultural e estética.


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Cultura

Irreverência

Nomes criativos chamam a atenção em pontos comerciais de Fortaleza

A lanchonete Amarelo de Fome, os bares Chá da Égua e Suvaco de Cobra, e o Salão SobranSheila são exemplos dos negócios que carregam criatividade e humor em suas marcas, causam curiosidade nas pessoas e fazem sucesso na cidade por conta da molecagem cearense Foto: Bruna R amos

“É Suvaco de Cobra porque é comprido, como uma cobra e escondidinho, como o suvaco” Charton Nogueira, 54

Por causa do nome, a “eguinha” como é chamada pelos funcionários, tornou-se a mascote do Bar Chá da Égua Texto  Vitória Barbosa DIAGRAMAÇÃO  Bruna Ramos

O

cearense tem uma característica bem singular: gosta de atribuir nomes a quaisquer objetos e, principalmente, criar nomes diferentes em suas marcas”. A afirmação de Cristiane Madeiro, mestre em administração e professora universitária, talvez explique os nomes atípicos de alguns estabelecimentos da capital. De acordo com ela, a escolha do nome do negócio representa a consolidação de um bom posicionamento da marca. A professora explica, ainda, que

alguns critérios devem ser considerados para a escolha do nome, como a facilidade de pronunciar e lembrar o nome da marca, e a facilidade de associar o produto ou serviço à marca. Um desses estabelecimentos com nomes irreverentes é a Hamburgueria Amarelo de Fome. Após um problema de saúde decorrente da profissão de motorista, Rebouças Lima decidiu arriscar numa lanchonete como negócio próprio e nova fonte de renda. O nome surgiu durante a pintura do estabelecimento, quando o empreendedor relembrou que ouvia sua avó usar bastante a

expressão “amarelo de fome” e então ele adotou o neologismo para o seu empreendimento, que tem crescido nesses 10 anos de existência. Atualmente, quem administra o negócio é Danilo Silva, filho de Rebouças. Ele deseja gerir seu próprio negócio. “Não penso em voltar a trabalhar para ninguém. Se não for para o meu pai, é para mim mesmo”, destacou.

Local desconhecido  Já o Bar Chá da Égua era um estabelecimento sem nome em sua inauguração, 24 anos atrás. Paulo Egildo, proprietário desde 2008, contou que no início

o bar não tinha nome, e um amigo do primeiro dono comentou que quando mandam você ir para um lugar que você não sabe qual é, esse lugar se chama “baixa da égua”. E assim o nasceu o nome, fazendo referência à expressão nordestina. Paulo acrescentou que “tem muitos maridos e namorados que chegam aqui brincando que, na briga com suas namoradas ou esposas, elas os mandaram para cá (baixa da égua) e eles vieram”. O primeiro endereço do bar foi no bairro Montese, mas em fevereiro deste ano mudou-se para a Avenida Expedicionários, no bairro Vila União.

Jornalista explica origem e uso do cearensês Tarcísio Matos, jornalista por pro- rência. Entre elas, a má audição da fissão e conhecedor do linguajar pessoa, que acaba distorcendo a cearense por prazer, diz achar in- palavra ou expressão que ouve. Ele teressante a linguagem local, carac- dá o exemplo: “dor desviada que reterizada pelo exagero, a serviço da sulta em ‘dor de viado’”. Há também, venda. Segundo ele, o modo de falar de acordo com Tarcísio, a indução chama a atenção e agrega a clientela, das pessoas falarem algo mais famas é preciso fazer uma dosagem miliar, como ele ilustra: “Entretido correta. “Orbitar o discurso entre vira ‘intirtido’ e tu te atreves? finda o gracejo, que causa curiosidade, em ‘tu te astreve?’”. e o ridículo a que posso me expor Ele ressalva, ainda, neologismos nesse anúncio”, ressaltou. Para ele, que ganharam notoriedade pela frases como: “Fiado só com 100 anos força de expressão baseada no jeito acompanhado dos avós” lhe faz rir e “moleque” e irreverente. Tais, como deixa fora de cogitação a possibili- “À moda cantiga de grilo”, que signidade de comprar fiado. Já a máxima fica initerruptamente. Tarcísio tamescrita na parede do bar: “Dipindu- bém identifica gírias que são mais rar a conta? Cacete no quengo!” lhe comuns hoje em dia, como “Guâ” causa espanto. (abreviação de “Égua”, expressão Sobre as gírias utilizadas no Ceará, antiga) e “Aí dêntu” (utilizada em o jornalista esclarece que são várias momentos de desentendimentos ou as possibilidades de tanta irreve- de brincadeiras).

O Bar Suvaco de Cobra, por sua vez, há 14 anos causa curiosidade nas pessoas. Charton Nogueira, proprietário do estabelecimento, explicou que o nome irreverente é uma referência ao espaço físico do bar, que começa no corredor de sua casa e continua no quintal. “É comprido, como uma cobra, e escondidinho, como o suvaco”, comentou. Além da curiosidade, Charton também atribui o sucesso do bar à decoração rústica e regional, e à gastronomia. O proprietário ainda é fotógrafo, mas o gosto por cozinhar lhe fez criar o negócio, para o qual já idealizava o nome de Suvaco de Cobra. De acordo com ele, o carro-chefe do bar é a comida; a bebida foi um complemento.

F o t o : Iv n a ROCHA

Tarcísio destacou alguns estabelecimentos com nomes interessantes que conheceu, como Quitanda do Mané Bofão e Bar Bulêta

Trocadilho  O SobranSheila é outro exemplo de criatividade. O espaço, que existe há três anos, é especializado em design de sobrancelhas e extensão de cílios. O nome foi idealizado pela proprietária, Sheila Sousa. Segundo William David, esposo e sócio de Sheila, a marca nasceu após a esposa sair de um negócio que era sócia, e decidir investir no seu próprio. “Vamos pensar em um novo nome. Algo que faça referência ao que você faz e, quando as pessoas verem, lembrem logo de você”, relatou David. Sheila é profissional em alongamento de cílios e design de sobrancelhas e fez sua especialização em São Paulo.

SERVIÇO Hamburgueria Amarelo de Fome Av. I, 222, Conjunto Ceará. Ter. a dom; 16h30 às 22h II @amarelo_de_fome Bar Chá da Égua Av. dos Expedicionários, 5021, Via União. Seg. a qui.; 17h às 3h e Sex. a dom.; 11h às 5h II @barcha.daegua Bar Suvaco de Cobra Av. Professor Gomes de Matos, 406, Jardim América. Qua. a dom.; 19h às 1h II @suvacocobra SobranSheila Pátio São Carlos, Av. Godofredo Maciel, 973, Maraponga. Ter. a sáb.; 9h às 19h II @sobransheila


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Cultura

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Encontro literário

“As cidades e os livros” é tema da XIII Bienal Internacional do Livro do Ceará

Com a mudança da data, o evento, antes previsto para abril, acontecerá entre os dias 16 e 25 de agosto, no Centro de Eventos do Ceará. A iniciativa contará, em sua programação, com várias atrações literárias nacionais e internacionais, para os públicos infantil, jovem e adulto

Texto  Onivaldo Neto diagramAÇÃO  Anderson Souza

C

om a temática sobre “As cidades e os livros” e homenageando os livros Terra Sonâmbula, de Mia Couto; Lavoura Arcaica, de Raduan Nassar; e A Casa, da cearense Natércia Campos, a XIII Bienal Internacional do Livro do Ceará será realizada em Fortaleza, de 16 a 25 de agosto, no Centro de Eventos do Ceará. Para o Secretário da Cultura do Estado do Ceará, Fabiano Piúba, 50, a Bienal do Livro representa um ambiente para a promoção do livro, da literatura, e economia editorial, enfatizando o papel democratizador do evento. Ele destaca que “a bienal tem essa função que é da democracia; ela tem que democratizar o acesso ao livro, ao conhecimento e à leitura”. Carlos Vazconcelos, 51, um dos curadores desta edição da Bienal, conta que a versão 2019 será marcada pela diversidade “Nós estamos dentro de uma política de democratização e da valorização das etnias,

questões LGBT, de negritude e das mulheres” revela. A Bienal Internacional do Livro do Ceará é um dos principais eventos culturais do Estado. No decorrer dos mais de

20 anos de sua existência, o evento abre espaço para o debate sobre mobilização social, educacional e econômica. O evento, antes programado para abril, foi adiado, segundo a Secretaria da Cultura do Ceará (Secult), devido ao fato de um novo grupo gestor ter assumido a sua organização. A Bienal é uma iniciativa do Governo do Estado do Ceará, por meio da Secretaria da Cultura, em parceria com o Instituto Dragão do Mar e apoio do Ministério da Cidadania, por meio da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura. A Bienal traz em sua programação, entretenimento de natureza artística e literária, englobando palestras, mesas redondas, conferências, feira de livros, oficinas, contações de histórias, lançamentos de livros e outros eventos literários. Este ano, a curadoria geral ficará por conta da escritora cearense Ana Miranda, em parceria com a professora Inês Cardoso e o escritor Carlos Vazconcelos, com coordenadoria geral de Goreth Albuquerque. Mais de 60 escritores estão confirmados na XIII Bienal, dentre eles Mia Couto, escritor moçambicano; Conceição Evaristo, escritora mineira e os escritores cearenses Frei Betto, Socorro Acioli e Angela Gutiérrez. O evento contará também com apresentações de artistas de reconhecimento local, nacional e internacional e traz algumas novidades, como a criação de novos espaços temáticos, com a proposta de dar dinamicidade e mais liberdade criativa à Bienal do Livro. Dentre esses espaços, será privilegiado a criação livre, prosa, conversa e improviso, Espaço da Cadeia Produtiva, Espaço Clubes de Leitura. A programação é de acesso gratuito e se propõe a atender um público plural - infantil, juvenil e adulto. f o t o : O n i va l d o N e t o

O livro físico cada vez mais disputa espaço com o digital

f o t o : O n i va l d o N e t o

Secretário de Cultura, Fabiano Piúba, explicou como vai ser a Bienal, durante coletiva de lançamento A cada edição, a feira da Bienal Internacional do Livro do Ceará tem registrado crescimento. Em 2017, na XII Bienal Internacional do Livro, passaram pelo evento mais de 450 mil visitantes. As duas mais recentes edições chegaram a registrar frequência de, em média, 55 mil visitantes por dia. Em comparação com 1994, seu ano de lançamento, as estatísticas das últimas edições revelam um crescimento de 340% no público visitante e na sua movimentação financeira que, em 2017 chegou a gerar mais de R$5 milhões em vendas, negócios e com sua Feira de Livros, entre outras atividades. Já na geração de empregos, o evento registrou nos estandes de venda na feira de livros,

855 empregos diretos. O número de empregos indiretos correspondeu ao triplo, sendo gerados em média 2.500 postos de trabalho de acordo com os dados fornecidos pela Secretária de Cultura do Ceará (Secult).

“A bienal tem essa função que é de democratizar o acesso ao livro, ao conhecimento e à leitura” Fabiano Piúba, 50

Para além dos números positivos, também é importante dar continui-

dade às ações adotadas durante uma Bienal, uma vez que a política cultural deve ser vista como um processo que sobrepõe o próprio evento. Sobre esse assunto, o escritor Kelsen Bravos, 58, que já participou da XII Bienal do livro do Ceará como curador, salienta a importância dos períodos que antecedem o evento para o empoderamento da política pública. Ele se preocupa com a essência e com o que permanece da iniciativa. E destaca que “um aspecto importante é dar encaminhamentos, no ano seguinte, às ideias e planos apresentados durante o evento. (...) Espero que a Bienal - mais que um evento - seja uma política pública de estado contínua”.

Autores falam sobre a crise que vem afetando o mercado editorial Com o fechamento de lojas das duas maiores redes de livrarias do país em menos de cinco meses, 12 da Cultura e 20 da Saraiva, o debate sobre o que estaria acontecendo no mercado editorial do Brasil veio à tona. Logo, assinalou-se por alguns especialistas da área que o mercado de vendas de livros estaria enfrentando uma grave crise, que poderia ser uma tragédia anunciada. Medidas como a criação do projeto “Lei do preço fixo”, de 2015, que limitaria o desconto dado a lançamentos, foram tomadas com a justificativa de manter a concorrência justa e o mercado editorial aquecido, tendo a finalidade de diminuir os efeitos da crise. Mas o projeto foi rejeitado pelo então ministro da Cultura, Sérgio Sá leitão.

Com as medidas adotadas, hoje, são cerca de 2.500 livrarias no Brasil; em 2012, eram 3.481. Novas ações ainda devem ser implementadas. Essa questão divide opiniões entre especialistas, escritores, consumidores de livros e editoras quanto a grande causa motivadora da crise em si. Mileide Flores, 63, coordenadora e curadora da XII Bienal do Livro no Ceará, aponta que a crise que a Saraiva e a Cultura enfrentam seria por má administração do grupo, sem grandes reflexos do atual cenário do mercado editorial. Especialistas ainda creditam a crise à falência de um modelo, o livro físico, que cada vez mais perde espaço para as versões digitais, como Kindles, aparelhos eletrônicos que permitem a leitura de livros digitalmente. Já o escritor Kel-

sen Bravos, 58, acredita que o poder público contribuiu para a crise editorial por falta de incentivo a políticas públicas que fomentem a formação de novos leitores e democratizam o acesso à cultura e a educação, “A gente não vê mais propaganda do governo de incentivo à leitura, nem em publicações em jornais”, conta.

SERVIÇO XII Bienal Internacional do Livro do Ceará Centro de Eventos do Ceará Av. Washington Soares, 999 Edson Queiroz, Fortaleza De 16 a 25 de agosto


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Cultura

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Aprendizado

Uso do rádio na escola impulsiona estudante para carreira de radialista

FOTO: d i vu l g a ç ã o

O projeto, que reúne educação e comunicação em escolas públicas no município de Horizonte, completa 11 anos e já levou 140 alunos a terem experiência no rádio. Com essa iniciativa, pelo menos um dos participantes se tornou radialista Texto  Charles Oliveira Diagramação  Lara Silveira

C

riado pela Secretaria Municipal de Educação de Horizonte, localizada a 40 km da capital cearense, o Projeto JUVENTUDE NA COMUNIÇÂO foi criado em 2008 com o propósito de levar o rádio para dentro das escolas. Os estudantes usam os intervalos das aulas para conversar e debater sobre assuntos ligados à realidade em que vivem. Diante disso, muitos dos que participam do projeto ganharam uma nova experiência em relação à comunicação, como forma de educar. Quando era estudante e participava do projeto radiofônico, Gledson Lima, 26, aprendeu a produzir e a apresentar programas de rádio. A partir daí, quis exercer a profissão de radialista. No ano de 2011 esse interesse pela comunicação só aumentou, pois o projeto ganhava novo espaço na FM Horizonte 104.9. Na ocasião, foi apresentando o programa Escola Comunicativa que Gledson conheceu o apresentador de programas de rádio da FM Estrela, Marcos Pereira. O radialista, experiente, gostou da forma como o estudante conduzia os programas e o convidou para ajudá-lo nas produções da emissora comercial. Cerca de quatro meses depois de auxiliar na rádio Estrela, Gledson Lima passou a apresentar o seu próprio programa, que tem o nome de Vida em Ação e que retrata o cotidiano da vida de seus ouvintes. Para ele, o projeto foi muito importante, pois o ajudou na escolha da profissão. “Tenho muito a agradecer por essa iniciativa, ela me trouxe um trabalho que me faz muito bem”, ressalta. O projeto de rádio nas escolas de Horizonte completa 11 anos em 2019, representando boas experiências da comunicação como forma de educar. Por esse motivo, a atividade comunicativa será expandida para todas as escolas do município, ainda este ano. Nesses 11 anos o projeto já envolveu mais de 140 jovens na produção de programas que tiveram como temas a gravidez na adolescência, trabalho infantil, exploração sexual de crianças e adolescentes, entre outros. Os alunos adquirem mais autonomia ao pesquisar sobre as temáticas e entrevistar especialistas em cada assunto, o que vem contribuindo com o rendimento escolar. Além disso, eles participam de eventos, como o V Encontro Brasileiro de Educomu-

nicação, Fórum Selo Unicef e II Seminário Latino-americano de Rádio e Educação, este último em 2012.

“Tenho muito a agradecer por essa iniciativa, ela me trouxe a um trabalho que me faz muito bem” Gledson Lima, 26

O coordenador da iniciativa, Henrique Paiva, 34, ressalta a importância da atividade nas escolas e diz que é muito valiosa a expansão do projeto para toda a rede de ensino do município. Com essa prática educomunicativa, os alunos podem atuar, através de uma participação construtiva, defendendo os seus próprios direitos.

Educomunicação  Conceituada como o método de ensino no qual a comunicação em massa e a mídia em geral são usadas como elementos de educação, a Educomunicação tem sido utilizada como campo de convergência entre a educação e outras ciências humanas. O desafio, segundo autores da área, é fazer os alunos produzirem materiais de qualidade sobre os conteúdos abordados. Essa forma de educar acompanha fatos do cotidiano, para além dos livros didáticos. Os estudantes abordam temas sociais, de forma crítica, utilizando recursos interessantes, para além dos que são utilizados cotidianamente em sala de aula. Desenvolvem pesquisas sobre diversos assuntos, fazem entrevistas, fotografam e filmam. Depois editam os filmes, montam jornais e panfletos educativos, fazendo da aprendizagem um recurso para difundir o conhecimento adquirido. O educador Paulo Freire, um dos pensadores mais notáveis na história da pedagogia em todo o mundo, foi quem mais sintetizou a educomunicação, aproximando o diálogo para a educação. Paulo Freire, que faleceu em 1997, dizia que para ele a comunicação obrigatoriamente passa pela educação, e ambas vão se complementando.

SERVIÇO Projeto Juventude na Comunicação UU educahorizonte.wordpress.com tt 3336-6090

Estudantes do projeto apresentando o Programa Escola Comunicativa

Emissoras que buscam educar o ouvinte por meio da educação O objetivo da rádio, quando foi criada, era informar e entreter o seu público. Mas, ao longo do tempo, foram surgindo novos formatos de concessão, com o intuito de atrair um público mais específico. Uma rádio educativa é aquela que serve aos interesses de entidades de educação e cultura. A comunitária, por sua vez, como o próprio nome diz, deve atender a comunidades e só pode ser operada por associações comunitárias sem fins lucrativos. Não pode ser explorada comercialmente. E, por fim, uma rádio comercial é aquela em que os permissionários ou concessionários (aqueles que têm autorização para operá-la) têm total

liberdade de exploração comercial, pois ambas não têm publicidade. dentro dos limites da lei. Ter difeSegundo ela, existe uma concorrentes tipos de emissoras de rádio rência desleal entre as emissoras: possibilita ao ouvinte escolher o “Por falta de recursos as rádios cotipo de conteúdo que quer ouvir. munitárias e educativas não possuem muitos equipamentos que poderiam melhorar a qualidades dos programas. A falta de profissionais é outro problema”. O rádio possui um alcance ímpar. Ele é multimidiático. Sua transmissão digital é acessível em celulares e televisões. A Web Rádio, que utiliza tecnologia de ‘streaming’, viabilizou a escuta da programação de emissoA professora de radiojornalismo ras tradicionais por intermédio do Kátia Patrocínio afirma que no Bra- computador, tornando-se mais que sil há pouca estrutura para manter um som, que promove uma interação rádios comunitárias e educativas, social entre os seus ouvintes.

O rádio é mais que um som, ele é uma interação social, que atravessa o ar e se firma nas relações sociais


O portal QUINTO ANDAR é voltado para o corpo discente do Centro Universitário 7 de Setembro e aos membros externos, interessados nos projetos publicados. O nome faz referência ao andar dos alunos criativos da instituição, dos cursos de Publicidade e Jornalismo.


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