Papiro 2014.1.2

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a casa do santo

6 de Maio de 2014 Jornal laboratório do Curso de Jornalismo da Faculdade 7 de Setembro

CoPa]

vai dar tempo?

Enquete do portal Quinto Andar indica que mais de 50% dos internautas acreditam que obras não serão entregues

Um dos nomes mais conhecidos da Igreja Católica, Santo Antônio tem paróquia ainda desconhecida em Fortaleza

página 14

BEZErra dE MEnEZEs]

Mais de 4 mil infrações nas faixas exclusivas em um mês

página 9

tour da taça

Torcedores poderão visitar troféu em exposição no Shopping Iguatemi entre os dias 25 e 26 de maio.

De acordo com balanço da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC), de 20 de fevereiro a 20 de março, foram registradas 4.049 multas por trânsito irregular nos corredores de ônibus, vans, transportes escolares e táxis com passageiros. página 3

PraÇas] adoção ajuda a cuidar de espaços verdes da cidade

votaÇ ão] se sancionada, leia aumenta número de cidades no CE

A cidade de Fortaleza possui 475 áreas verdes. Desse total, 33 foram adotadas – menos de 10 % do total – através do Programa de Adoção de Praças e Áreas Verdes, criado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza. O programa existe desde 2004 e é uma parceria entre o poder público e o privado que busca melhorar os espaços arborizados da cidade. O interessado em ser um adotante deve procurar a prefeitura para manifestar a vontade de entregar à população um novo espaço de lazer transformado através de reformas e projetos paisagísticos. página 6

O texto da lei, que trata da criação, incorporação e desmembramento de municípios, foi aprovado dia 16 de abril pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado. O projeto seguirá em regime de urgência para apreciação do Plenário da casa. A nova proposta é fruto de um acordo feito entre o governo e os líderes de partidos, para evitar a derrubada do veto de Dilma Rousseff. Se sancionada pela presidenta, Jurema, distrito de Caucaia, com quase 130 mil habitantes, será a quinta maior cidade em população e décima economia do Estado. página 11

página 10

Fugindo do Mundial

Viajar para o exterior está mais barato do que fazer turismo no Brasil durante a Copa do Mundo

página 10

Jogos da seleção

Lojistas estão preocupados com queda do faturamento do comércio devido os feriados para os jogos

página 8


2 Papiro | 7 de maio de 2014

Editorial]

Coluna ilustrada]

Haja coração! O fechamento de uma edição é sempre uma prova de fogo. Acirra ânimos, maltrata os de espírito mais sensível, mostra fragilidades, evidencia competências. No fim das contas, a cada nova edição, todo mundo sai transformado, inclusive a editora-chefe, posicionada estrategicamente no meio do fogo cruzado. O fechamento de um jornal é sempre um movimento novo em que o inesperado, por mais contraditório que possa parecer, é esperado. Os leitores e leitoras têm em mãos o produto de um fechamento eletrizante. Os repórteres tiveram em média uma semana para produzir suas notícias e foram surpreendidos durante a Sala de Notícias. Naquele dia, eles mudariam de função, deveriam editar as matérias dos colegas em vez de fechar seu próprio texto. O exercício era fazer com estes editassem o texto que lhes caísse nas mãos naquele momento, a exemplo do que acontece todos os dias nos grandes jornais. Mais que exercitar aspectos técnicos de edição, eles foram avaliados quanto o trabalho em equipe e a iniciativa individual. Os repórteres do Papiro fizeram as vezes de editores e, na nova especialidade, tiveram total autonomia no tratamento das matérias dos colegas. A primeira página foi decidida durante a reunião que abriu o sábado de fechamento. A notícia sobre as faixas exclusivas da Av. Bezerra de Menezes, apesar de curta, ganhou a manchete pelo impacto de um dado. Em um mês, mais de quatro mil multas nas faixas exclusivas para ônibus, vans e táxis com passageiros. A um mês da Copa do Mundo da FIFA não pudemos fechar os olhos para o assunto que tem nos acompanhado diariamente. Por isso, nesta edição, temos: os preços para “fugir” do Brasil durante os meses de jogos, a expectativa quanto à entrega das obras de infraestrutura na cidade, a avaliação do comércio sobre os feriados de junho e julho e, para os aficionados por futebol, a chance de ver de perto a Taça da Copa. Na cidade que virou notícia nacional pelas estatísticas de segurança pública, blindar o carro ou comprar um veículo já blindado é uma procura cada vez maior. A edição traz ainda: uma homenagem às mães, na matéria sobre mamães esportistas, a despedida da Kombi, ícone do mundo automobilístico, os caminhos para se especializar como DJ em Fortaleza, as quadrilhas juninas que já ensaiam as apresentações de junho. E por falar em junho, mês de Santo Antônio, uma igreja em homenagem ao santo na Maraponga e pouco conhecida por parte da cidade, também é tema de matéria. Muito mais que o Papiro anterior, desta vez temos uma edição feita a muitas mãos, aperfeiçoando o aprendizado e lançando novos desafios aos futuros repórteres e editores. Uma experiência certamente marcante e que merece em tempo ser repetida. Boa leitura!

Diretor-Geral Ednilton Soárez Diretor Acadêmico Ednilo Soárez Vice-Diretor Adelmir Jucá Coordenador do Curso de Jornalismo Dilson Alexandre Editora-chefe Edma Góis Projeto Gráfico e Direção de Arte Tarcísio Bezerra Colaboraram os alunos de Projeto Integrado de Jornalismo Impresso e Design Editorial Texto André Almeida, André Nina, Antonio Marcos, Ariadne Sousa, Bárbara Camurça, Camila Gadelha, Camila Menezes, Frank Roger, Gabriel Rodrigues, Gabriela Neres, Iane Ervedosa, Janaína Flor, Lorena Sales, Natasha Carvalho, Pedro Gustavo Mendes, Pedro Lopes Design Adrián Cortés, Alexandre Lima, Ariella de Sá, Beatriz Rocha, Caio Faheina, Camila Vasconcelos, Clara Jovino, Cristina Tallón, Daniel Costa Souza, Erikison Amaral, Estélio Neto, Gabriella Maciel, Iago Monteiro, Isabela Thé, Israel Alves, Jarlesson Vanley, Javier Blanco, Julyta Albuquerque, Laíne Carlos, Larissa Becker, Lorena Mesquita, Lucas Mota, Matheus Ribeiro, Mimosa Pessoa, Paulo Victor Mascarenhas, Priscila Almeida, Raimundo Machado, Renato Ferreira, Tatiana Fortes, Thiago Daniel, Thiago Jorge Bolsista Design (NPJor) Guilherme Paiva Charge Deleon Denizart


7 de maio de 2014 | Papiro 3

Faixas exclusivas]

AMC multa mais de 4 mil condutores em um mês de fiscalização na Av. Bezerra de Menezes De acordo com o balanço da AMC, as infrações são resultado do primeiro mês de fiscalização da faixa exclusiva na Av. Bezerra de Menezes REPORTAGEM | FOTOS Bárbara Camurça DESIGN Julyta Albuquerque | Gabriella Maciel

M

ais de quatro mil registros de irregularidades foram computados no balanço do primeiro mês de fiscalização efetiva das faixas exclusivas na Av. Bezerra de Menezes. No período de 20 de fevereiro a 20 de março, a Autarquia Municipal de Trânsito (AMC) por meio dos fotossensores, flagrou 4.049 infrações de motoristas, sendo 1.398 no sentido leste-oeste e 2.651 no sentido oeste-leste. A implantação das faixas exclusivas obedece à Lei da Mobilidade Urbana, que prioriza o transporte coletivo sobre o individual. A velocidade dos coletivos foi de 13 para 26 km/h, beneficiando cerca de 136 mil passageiros, segundo a AMC. As faixas exclusivas são válidas para ônibus, vans, táxis e transportes escolares devidamente regulamentados pela

De segunda à sexta-feira a faixa exclusiva funciona de 5h às 21h

Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), e deram aos motoristas de carros particulares um desafio: convergir à direita. Muitos reclamam por não conseguirem passar para o lado direito por causa da movimentação de veículos maiores que acabam “trancando” os carros. Além do risco de entrar abruptamente e desencadear um acidente, são prejudicados

pela falta de retorno na avenida, caso passem do local onde desejam entrar. Wellington Firmino, 21, confirma o problema: “Melhorou para quem anda de transporte coletivo, mas para nós complicou entrar à direita. E ainda tem a falta de retornos, então você anda muito se perder a entrada”. Para Olímpio Marques, 62, as faixas exclusivas foram

uma boa medida para quem pega ônibus diariamente porque diminuiu o tempo do percurso. Mas o zelador reconhece a dificuldade dos motoristas de carro particular. “Para nós que geralmente andamos de ônibus, foi uma melhora. Se tornou mais fácil e mais rápido chegar no trabalho e em casa. Ficou ruim para os motoristas de carro particular porque muitas vezes os motoristas de ônibus são apressados, não deixam passar”, diz. Já Robson Pereira, 31, que atravessa as avenidas Santos Dumont, Duque de Caxias, Imperador e Bezerra de Menezes, não notou melhorias no tempo do trajeto. “Chego no mesmo horário de sempre”, afirma o assistente de técnico de importação e exportação. Pereira acredita que falta educação. “Os motoristas de ônibus

usam a faixa exclusiva e a dos outros automóveis, assim como os automóveis usam a faixa exclusiva. Neste quesito não tem solução, depende da educação.”

SAI B A M AIS As faixas exclusivas funcionam nos dias úteis das 5 às 21 horas, e aos sábados, das 5 às 16 horas. Aos domingos e feriados o tráfego é livre. Carros particulares só podem entrar nas faixas exclusiva, em locais pré-determinados quando tiverem que fazer conversões à direita ou precisarem acessar um estabelecimento cujo estacionamento esteja localizado no lado direito da via. A distância máxima para o tráfego dos particulares é de 300 metros.

Infraestrutura]

Obras na Av. Deputado Paulino Rocha alteram linhas de ônibus Intervenções provocam congestionamentos e mudam a rotina de usuários dos ônibus na região REPORTAGEM | FOTOS Camila Gadelha l DESIGN Iago Monteiro | Matheus Ribeiro

D

oze linhas de ônibus da capital tiveram suas rotas alteradas devido às obras de mobilidade urbana na Avenida Deputado Paulino Rocha. Iniciadas em setembro de 2012 e com previsão de entrega para maio desse ano, as obras já somam um total de R$57,9 milhões, e estão causando grandes engarrafamentos, e também dificuldades para quem precisa atravessar pela avenida diariamente. As obras de drenagem e readequação de passeios acontecem no sentido Leste-Oeste, entre as ruas Tenente Tito Barros e Cel. Zacarias França. Devido ao bloqueio, os motoristas estão utilizando o desvio pela pista contrária, que opera com sentido duplo de circulação. A estudante Izanara Félix, 20, moradora do bairro Sumaré passa por esse transtorno todos os

Pista interditada na Av. Dep. Paulino Rocha

dias. “O trânsito está horrível, a rua cheia de buracos, nos horários de pico é difícil chegar em casa”, afirma. Segundo a Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinf), o principal motivo da obra é a implantação do sistema de transporte público articulado em faixa exclusiva, visando melhoraria da qualidade do transporte público

para os cidadãos. De acordo com o projeto, a Avenida Dep. Paulino Rocha terá o BRT (Bus Rapid Transit) que ligará os Terminais da Parangaba ao Papicu através de avenidas como Dedé Brasil, Paulino Rocha, Oliveira Paiva, Washington Soares e Engenheiro Santana Júnior. A construção do BRT trará benefícios para os moradores,

como a diminuição de pontos de alagamento, melhoria da malha viária e ampliação da fluidez do trânsito. Segundo a assessoria da Seinf, mesmo com o período de chuvas e com os possíveis problemas que isso pode ocasionar a obra não terá nenhum atraso, já que no cronograma de planejamento já está previsto esse tipo de ocorrência. Porém, enquanto as obras

não ficam prontas, quem sofre são os usuários de ônibus que tiveram alterações de rota, causando mudanças para quem necessita usá-los diariamente. A estudante Rafaella Girão, 25, moradora do bairro Serrinha, e usuária do transporte público passa por grandes transtornos. “O trânsito já era difícil, com a obra ficou pior. Gasto 20 minutos a mais para chegar ao destino final da minha viagem”, conta. A obra da Avenida Dep. Paulino Rocha, já está 63,28% concluída, e apesar da previssão de entrega ser antes da Copa que será realizada em junho, não foi planejada exclusivamente para o evento. Segundo a Seinf, as intervenções da avenida já estavam previstas no plano de transporte da cidade.


4 Papiro | 7 de maio de 2014

Autoescolas]

Fim da obrigatoriedade dos simuladores de direção O Projeto de Lei que obrigava autoescolas de todo o país a adquirirem um simulador de direção tramitava no Congresso há quase dois anos REPORTAGEM | FOTOS Lorena Sales DESIGN Ariella de Sá | Larissa Becker

Não existem dados estatísticos que comprovem que o equipamento reduz o número de acidentes

F

oi rejeitado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, no mês de abril, o Projeto de lei (PL 4.449/12) que obrigava as autoescolas do país a utilizarem um simulador de direção que complementaria as aulas práticas dos futuros motoristas. O autor do projeto, Mauro Lopes (PMDB-MG), se baseou nas estatísticas dos acidentes de trânsitos para a elaboração. Entretanto, não há nenhum estudo que comprove a eficácia do equipamento na prevenção e redução de acidentes. O Contran (Conselho Nacional de Trânsito) havia estipulado como prazo final para a aquisição e implantação dos simuladores até o dia 30 de junho de 2013. Entretanto, até a data, ainda não havia nenhuma autoescola no Ceará que tivesse

o equipamento. Segundo o assessor do Detran Ceará, Paulo Enerto Serpa, mesmo após o prazo ter sido revogado para janeiro desse ano, as autoescolas estavam tentando encomendar o simulador, mas não conseguiam. “Em uma das empresas que disseram estar aptas a distribuir, tinha uma secretária eletrônica, em outra o prazo de entrega era de três meses”.

O Contran não se preocupou em homologar as empresas, nem capacitar os profissionais Adriana Amaro Um novo prazo foi estabelecido, junho desse ano. Segundo a presidente do Sindicato

O uso do simulador seria antes das aulas práticas, sendo aplicadas cinco aulas de 30 minutos no equipamento

dos Centros de Formação de Condutores do Ceará, Adriana Amaro, era impossível cumprir o prazo estabelecido pois não haviam empresas suficientes homologadas para atender a demanda das autoescolas do país. “Existem 12 mil centros de formação de condutores no país. Essa foi nossa principal crítica, pois mesmo com a nova data, não havia condições de atender ao prazo estabelecido”. Além disso, a implantação do simulador traria um aumento de 20% a 30% no preço da carteira de habilitação, que hoje custa, em média, R$ 900, mas que podia chegar a custar quase 2 mil reais após a implantação do equipamento.

As Autoescolas Para Adriana Amaro, o simulador não oferece o que um carro pode oferecer. As autoescolas não foram contra a medida apenas pelo preço do equipamento, que para ela é exorbitante se comparado com o preço de um carro popular, que custa em média 28 mil reais, mas principalmente pelos moldes em que o Contran estava querendo estabelecer. Segundo ela, a medida atendia apenas a interesses comerciais e não educacionais. “Nós não somos contra o equipamento simulador,

nós acreditamos que ele possa agregar valor aos centros de formação, mas há uma falta de estrutura do próprio projeto para a execução da resolução. O Contran não se preocupou em homologar as empresas, nem capacitar os profissionais”.

Quer dirigir? Tem que ser prática mesmo Adeilton da Silva - Instrutor de direção Para o instrutor José Célio, o simulador não poderia se comparar as aulas práticas no carro. “Do jeito que está esse nosso trânsito, não tem como a pessoa chegar em uma tela e ter a mesma situação da prática. Vão aumentar as horas aula e a autoescola vai ter que tirar os custos de algum lugar, ou seja, dos alunos”. Segundo Adeilton da Silva, também instrutor, o simulador é como um vídeo game, pois o equipamento já lhe coloca em uma via de acesso rápido e quem está aprendendo a dirigir precisa primeiro conhecer o carro. “O simulador poderia ajudar aquelas pessoas que têm medo de dirigir e não têm muita experiência, para conhecer melhor a sinalização, ter noção de espaço. Quer dirigir? Tem que ser prática mesmo”, afirma.

O Simulador Conforme a resolução 444/13 do Contran, orgão regulador da legislação de trânsito, o simulador ajudaria os futuros motoristas a enfrentarem situações de trânsito que, normalmente, ele não enfrentaria nas aulas da auto escola, como neblina, chuvas, além de situações como ultrapassagens, subida de serra, entre outras. O preço do simulador pode chegar a 20 mil reais, além de exigir uma manutenção mensal e comportar apenas uma pessoa. O relator do projeto reconheceu que quase 40 mil brasileiros morrem devido a acidentes de carro por ano, o que representa um custo de R$ 30 milhões aos cofres públicos. Os deputados do colegiado alegaram era inconstitucional criar gastos adicionais as autoescolas, que, geralmente, são pequenos empreendimentos e não podem arcar com os custos. (da Folhapress).

S E RVI ÇO DETRAN: Avenida Godofredo Maciel, 2900 - Maraponga, Foratleza - CE - 60710-684 0800 275 6768


30 7 de de maio maio de de 2014 2014 | Papiro 5

Economia do medo]

Mercado de segurança automotiva cresce com a violência em Fortaleza A blindagem de carros triplicou no último ano, enquanto outros acessórios de proteção aumentaram suas vendas em 30% REPORTAGEM | FOTOS André Nina | Pedro Lopes DESIGN Estélio Neto | Daniel Costa Souza

N

os primeiros três meses de 2014, de acordo com a Secretária de Segurança Pública do Ceará(SSPDS-CE), foram registrados 766 assassinatos na cidade de Fortaleza, sendo 433 destas mortes causadas por armas de fogo. Segundo relatório realizado pela ONG mexicana Conselho Cidadão para a Segurança Pública e Justiça Penal, a capital ocupa a 7ª posição entre as cidades mais violentas do mundo. Com este cenário, a procura por segurança automotiva tem aumentado, aquecendo o setor. A busca por serviços mais caros, como o de blindagem, triplicou no último ano.

Infelizmente, nós trabalhamos com o medo e a insegurança das pessoas Wander Aquino, gerente comercial

O valor da blindagem mais comercializada varia de R$ 35 mil a R$ 40 mil, portanto é um mercado destinado para consumidores com maior poder aquisitivo, esclarece o gerente. Wander explicou que a tecnologia e os novos métodos já permitem um menor acréscimo de peso ao veículo. “Atualmente um carro fica, em média, 200 quilos mais pesado, enquanto o excesso de placas de aço usadas em outras épocas aumentava o peso do carro em até 400 quilos”. Apesar do benefício da segurança, o peso a mais, o desgaste de pneus, da suspensão e peças em geral, são pontos negativos da blindagem. Ele também conta que as blindadoras recebem carros populares para realizar o processo, mas diz que não é recomendável fazê-lo, por conta do motor de potência inferior e da fragilidade da estrutura.

Custos extras A venda de carros blindados possuía um mercado estável, garantido por pessoas com “profissões de risco”, como promotores e juízes, porém a crescente violência vem aumentando a demanda, segundo Wander Aquino, gerente comercial de uma revendedora de automóveis blindados. De acordo com ele, a procura é mais realizada por homens na faixa etária de 40 anos, que visam, primeiramente, a proteção da família. “É comum o pai comprar o veículo blindado primeiro para o filho ou para a esposa, do que para si mesmo”, afirma.

Um proprietário de carro blindado, que não quis ser identificado, contou que o seu pai lhe deu o veículo por estar assustado com a insegurança da cidade. “Tanto eu como meu pai já fomos assaltados”, lembrou. Ele, que é estudante universitário, se diz muito mais seguro andando nesse tipo de veículo, mas ainda assim fica atento para onde vai e em que local estaciona o carro. Apesar da segurança, ele reclama dos valores gastos com a blindagem, reposição e desgaste de peças. “A blindagem é cara e a fila de espera para receber as peças é muito longa,

Tipos de blindagem

Blindagem Tipo 1 Resistência a revólver calibre 38 (até 342 joules) entre R$ 26 mil e R$ 28 mil

Blindagem Tipo 3 Resistência a 40, 9mm e escopeta (até 1411 joules) entre R$ 35 mil e R$ 40 mil

A blindagem é mais perceptível quando a espessura do vidro é observada

ou seja, se meu carro for atingido, terei que esperar um bom tempo e desembolsar uma boa quantia”, explica o estudante. Ele também contou que acha um absurdo ter de gastar com todos esses serviços de segurança e ainda ter de pagar impostos altíssimos que não garantem uma boa segurança pública. “É triste ter que arcar com tudo isso e ainda assim saber que os impostos não trazem boa qualidade de policiamento”, lamenta. Wander Aquino explica que, apesar de se beneficiar com as circunstâncias em que a cidade se encontra, também se sente preocupado com a situação de Fortaleza, e que anda bastante apreensivo pela capital. “Infelizmente, nós trabalhamos com o medo e a insegurança das pessoas, mas existe uma demanda que temos que atender”, ressaltou.

Outros mercados

Veículo blindado avaliado em R$ 220 mil, pronto para ser vendido

Empresas que oferecem serviços de segurança mais simples também cresceram nos últimos anos com a venda de alarmes, travas elétricas, películas anti-impacto, rastreadores e até mesmo o fumê para vidros. Marcelo Francis, consultor de vendas de uma loja de acessórios automotivos, explica que as vendas de equipamentos em

geral cresceram cerca de 30% no último ano. As películas não impedem a quebra, mas aumentam a proteção, além de evitar estilhaçamento em caso de colisão. “Dá mais tempo para você reagir em uma situação de risco”, afirmou. Segundo o consultor, o perfil das pessoas que buscam estes serviços é diversificado. São homens e mulheres de poder aquisitivo variado, o que forma um mercado mais abrangente do que o de blindados, por conta dos menores custos.

É um absurdo ter que pagar por todos esses serviços caros e ter uma segurança pública incompetente Proprietário de veículo blindado Para Regina Célia, dona de um veículo com fumê e alarme, o vidro escuro serve apenas para se proteger do calor, enquanto o alarme é pouco eficaz. “Quando estou longe do carro, não é possível ouvir o sinal e, em caso de assalto, o alarme de nada serve”, conclui. Ela também falou que colocaria equipamentos mais caros se tivesse melhores condições e um carro que chamasse mais atenção.

Blindagem Tipo 3A Resistência a Fuzil ( até 3406 joules) não pode ser comercializada sem permissão especial

Outros tipos

Os tipos de blindagem 2 e 2A não foram informados por não terem uma grande comercialização. Já a blindagem tipo 4 é de uso exclusivo do exército.

S E RVI ÇO Auto Gallery concessionária de veículos blindados Av. Washington Soares, 2340, Edson Queiroz (85) 3033.4040 Dark Glass Film acessórios automotivos Av. Eng Santana Júnior, 2718, Papicu (85) 3258.1398


6 Papiro | 7 de maio de 2014

Meio Ambiente]

Prefeitura realiza parcerias para manter áreas verdes da cidade Programa, que também existe em grandes capitais como Belo Horizonte e Natal, incentiva a participação da população no cuidado dos espaços arborizados de Fortaleza REPORTAGEM | FOTOS Gabriela Neres DESIGN Israel Alves| Raimundo Machado| Mimosa Pessoa

O Passeio Público

A reforma da praça e os novos equipamentos incentivam a volta da população ao espaço.

E

m abril de 2014, o Programa de Adoção de Praças e Áreas Verdes, lançado pela Prefeitura de Fortaleza através das Secretarias Regionais e a Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), completa um ano. A cidade possui 475 praças e espaços verdes, sendo que 33 já foram reformados e entregues à população – o que equivale a menos de 10% do total – e 127 estão em processo de adoção. O projeto existe desde 2004, entretanto, até março do ano passado apenas dois espaços foram adotados: a Praça Portugal, adotada pela C. ROLIM engenharia, e o Jardim Japonês, adotado pela SP Combustíveis. A partir de então, a iniciativa passou a ser trabalhada junto à imprensa e em propaganda institucional, o que deu impulso ao programa. De acordo com a assessoria da Seuma, a adoção é voluntária, porém as praças e parques são espaços públicos e a sociedade também deve cuidar do que é seu. Por conta disso, o programa abrange pessoas físicas, associações, empresas e entidades da sociedade civil. Para realizar a

adoção, o interessado deve se dirigir a Secretaria Regional responsável pelo equipamento e declarar interesse através da abertura de um processo administrativo.

O Programa de Adoção de Praças e Áreas Verdes é um exemplo de cidadania e responsabilidade social Após a assinatura do Termo de Cooperação, o adotante será o responsável pela realização de serviços como a manutenção e/ou reforma, podendo ir desde a pintura do meio-fio, limpeza e cuidado do jardim até a instalação de mobiliário e equipamentos ou a reforma completa da estrutura da área. Os responsáveis podem, também, ter seus logotipos em placas, especificando a parceria. Tudo isso sob a fiscalização da prefeitura para que o projeto original do espaço não seja alterado, já que muitos desses locais têm valor histórico para a cidade. Sabendo que o Programa de Adoção de Praças e Áreas Verdes é um exemplo de cidadania e responsabilidade

social, a prefeitura busca, de acordo com a Seuma, trabalhar o sentimento do voluntariado na população, incentivando que a devida atenção seja dada a todas as regiões da cidade. Porém, isso não está acontecendo. As áreas que compreendem a Secretaria Regional II e a Secretaria do Centro (com nove e seis praças adotadas, respectivamente) são as mais procuradas pelos adotantes. Isso faz com que as áreas periféricas da cidade, como os bairros Conjunto Ceará, Barra do Ceará, Canidezinho, Ancuri e Lagoa Redonda – que possuem grandes espaços públicos urbanos – sejam deixadas de lado.

A primeira praça A Praça Engenheiro Pedro Felipe Borges, localizada entre as ruas Bento Albuquerque e Gilberto Studart, no bairro Cidade 2000, foi a primeira adotada e entregue à população dentro do Programa de Adoção de Praças e Áreas Verdes da prefeitura. A Construtora Manhattan foi a responsável pela reforma do local, conhecido como Oficina do Senhor. Essa parceria público-privada proporcionou a

requalificação do equipamento que recebeu um anfiteatro, quadras esportivas, pista de skate, além de nova iluminação e outros itens. De acordo com a assessoria da Construtora Manhattan, a escolha dessa praça se deu pela “localização em um bairro charmoso, a proximidade de um dos empreendimentos da Manhattan e por ser uma das maiores praças do programa”. Para a empresa, essa foi uma oportunidade de mostrar ao público frequentador do local a qualidade de suas obras e contribuir para melhorar a qualidade de vida das pessoas. As mudanças incentivaram a volta da população à praça. Antes, os relatos de insegurança eram constantes porque os usuários de droga ocupavam o local. É o que conta Carlos Alves, 56, que mora em frente à praça e, depois da revitalização, frequenta o espaço diariamente. “Ninguém usava essa praça porque era deserta, perigosa e não tinha nada de atrativo. Hoje, minha neta vem brincar no parquinho e eu faço caminhada”, relata. Alves aprova a iniciativa da adoção e espera que ela se estenda por toda a cidade.

Símbolo da história de Fortaleza, o Passeio Público está sendo “alvo” de interesse de adoção por parte da Associação Comercial do Ceará (ACC). Segundo o presidente da ACC, João Porto Guimarães, em entrevista ao jornal O Povo, a entidade está buscando, junto à prefeitura, iniciar a adoção do local. A associação pretende ocupar a praça de maneira cultural e educativa, investir na jardinagem e criar um espaço para as crianças. A população que voltou a frequentar o local aprova a ideia e boa parte acredita que a iniciativa vai trazer ainda mais gente para o Passeio Público. Antes, a praça que era insegura, recebia poucas visitas. Hoje, as pessoas voltaram a utilizar esse espaço, que é um dos mais antigos da cidade, buscando estar mais próximo da natureza e fugir da correria do dia a dia.

SAIBA MAIS Na Festa Anual das Árvores de 2014, realizada em março pela Prefeitura de Fortaleza, aconteceu a solenidade de entrega do Certificado de Reconhecimento e Agradecimento aos participantes do Programa de Adoção de Praças e Áreas Verdes. Ao todo, 30 adotantes foram homenageados.

S E RVI ÇO Para saber qual Secretaria Regional é responsável pela praça que se deseja adotar, o interessado pode entrar em contato com a Prefeitura de Fortaleza: (85) 3105.1464 Seuma: (85) 3452.6927 / (85) 3452.6923


7 de maio de 2014 | Papiro 7

Meio Ambiente]

Escoteiros ensinam a comunidade a preservar a natureza em evento anual Escoteiros envolvem comunidades locais e orientam como agir na solução de alguns problemas REPORTAGEM | FOTO Iane Ervedosa DESIGN Jarlesson Vanley

É

comum a representação de escoteiros em muitos filmes que assistimos como, O Pestinha e Indiana Jones. Sem falar nos desenhos animados e personagens famosos como Bart e Homer Simpsons, os irmãos Huguinho, Zezinho e Luisinho, sobrinhos do Pato Donald e mesmo o menininho Russel, do filme UP - Altas Aventuras, que até chega perto da verdadeira realidade do escotismo, tentando concluir um nível entre vários para conseguir a tão sonhada medalha de mérito por ajudar um idoso. O que nós não sabemos é que essa realidade está bem próxima quando, até mesmo, Juscelino Kubitschek, um dos nossos ex-presidentes da República e o atual Secretário de Saúde do Ceará, Ciro Gomes, já fizeram parte do Movimento Escoteiro. Do dia 31 de maio à 13 de julho, grupos escoteiros de todo o Brasil estarão realizando a maior atividade ecológica do Movimento. O Mutirão Nacional Escoteiro de Ação Ecológica (MutEco) inicia sua vigésima terceira edição com uma programação que sugere a preservação da natureza, assim como em todas as edições anteriores.

É uma maneira de inserir dentro da programação do grupo atividades ambientais. São atividades que já são pré-elaboradas, então fica mais fácil a aplicação e a execução delas Tobias Reis, Presidente do 6º Grupo Escoteiro Santos Dumont O MutEco, como é conhecido, faz parte do calendário anual dos grupos de escoteiros do país. O evento é uma proposta da Rede Ambiental Escoteira (RAE), organizado pela União dos Escoteiros do Brasil (UEB), e tem o intuito de educar ambientalmente seus membros, participando de atividades que não degradem a natureza.

Arreamento das bandeiras em reunião do 6º Grupo Escoteiro Santos Dumont

As atividades, que devem seguir o tema “Terra: construindo o mundo que queremos”, são selecionadas e realizadas em local e dia determinados por grupo. Para que o grupo possa receber o Certificado de Eficiência Ecológica e o escoteiro participante, um certificado individual, é necessário enviar um relatório simplificado de atividade com fotografias através de um sistema de informações disponível no website do movimento para a UEB, até o dia 7 de agosto. A programação do MutEco desenvolvida pela Rede, inclui sugestões de atividades como palestras em praças, panfletagem ambiental e visitas à estações de tratamento de água e esgoto. Além disso, propõe discussões sobre a Carta da Terra, um documento feito por pessoas de vários países sobre educação ambiental, onde os escoteiros estarão concorrendo a kits de camisetas, bonés e objetos escoteiros se divulgarem a discussão com um vídeo de, no máximo, cinco minutos.

dia 1º de junho, que salientará a importância da reciclagem. Também realizará panfletagem, conscientizando a sociedade a combater a dengue, no Parque do Cocó com Ramo Lobinho, das 8h às 10h do dia 8 de junho. “Mesmo no século XXI, com todo o aparato tecnológico, muita gente ainda não tem informação de como evitar o foco do mosquito da dengue, por exemplo, e eles veem que existem pessoas preocupadas em cuidar da natureza e levar a mensagem de que todos devemos cuidá-la”, explica

Grupo de Fortaleza escolhe programação para o XXIII MutEco O 6º Grupo Escoteiro Santos Dumont vai participar do MutEco pela terceira vez. Algumas das atividades que eles farão, entre elas, será o acampamento em Caucaia,

Escoteiro Felipe Abreu

Emanuelton Antony, Akelá dos lobos (como é nomeado o chefe responsável pelo ramo). Muito diferente do que ouvimos falar por aí, os escoteiros não se resumem a meninos e meninas que vendem biscoitos nas portas de casas. O Escotismo foi fundado na Inglaterra por Lorde Robert Stephenson Smyth BadenPowell, em 1907, e chegou ao Brasil em 1910. Com membros voluntários, o Movimento Escoteiro está no mundo inteiro, é apartidário, sem fins lucrativos e tem a proposta de desenvolver o jovem de uma forma que prioriza a honra. A estrutura de um grupo se divide em algumas seções. A alcateia reúne crianças de 7 a 10 anos, chamados de lobinhos, com programação voltada para a socialização da criança. A tropa escoteira, com jovens de 11 a 15 anos reúne mais aventuras, desenvolve a autoconfiança, o trabalho em equipe e o respeito à natureza. Na tropa sênior, de 15 a 17 anos, há desafios maiores, que o auxiliam a enfrentar novos problemas. O clã pioneiro voltado para quem tem de 18 a 21 anos, conta com o serviço à comunidade e cidadania. Felipe Abreu, 10, lobinho do 6º Grupo Escoteiro Santos Dumont, mostra o prazer em ter se tornado um escoteiro quando informa com precisão o tempo que faz parte do

movimento. “Foram 365 dias e 6 horas de muito aprendizado”, conta Felipe Abreu. Em relação ao meio ambiente, Felipe conta que aprende nomes de árvores, de bichos, principalmente aprender e cuidar da natureza. Feliz com o que faz, ele não mede esforços em falar do movimento: “Isso que os escoteiros representam na minha vida, o orgulho da gente dizer: eu sou um escoteiro, eu faço parte disso.” diz Felipe Abreu. Muitos famosos também fizeram parte do Movimento Escoteiro. Na política está o atual Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama e os dois ex-presidentes dos EUA, George W. Bush e Bill Clinton. Além desses, Madonna, Paul McCartney, Neil Armstrong, conhecido como o primeiro homem que pisou na lua e o fundador da Microsoft, Bill Gates. No Brasil, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin e o ex-presidente da República, Itamar Franco. Artistas brasileiros também não ficam de fora: Sabrina Sato e o Zacarias, comediante dos Trapalhões, foram escoteiros.

Normalmente a gente faz canções, brincadeiras, aprende a fazer nós, conhece novos amigos e aprende a interagir no espaço, além de ter muita disciplina Felipe Abreu Os escoteiros reúnem-se aos sábados das 14h às 18h. O encontro começa com o hasteamento da bandeira nacional e do grupo, em seguida realizam atividades pré-estabelecidas pela chefia.

S E RVI ÇO 6° Grupo Escoteiro Santos Dumont Casa José de Alencar Avenida Washington Soares, 6055, Messejana.


8 Papiro | 7 de maio de 2014

Feriados da Copa]

Jogos da Seleção preocupam comércio de Fortaleza Fortaleza contará com seis feriados e dois dependem do embate nas oitavas e quartas de final REPORTAGEM | FOTOS Natasha Carvalho DESIGN Javier Blanco | Cristina Tallón

P

restes a marcar um pênalti que vai decidir ou não a vitória das vendas na capital de Fortaleza, o comércio se preocupa em perder a final para os feriados. De acordo com a Lei Geral da Copa, a decisão de parar as lojas será tomada pela Prefeitura de Fortaleza. Em um dos anos mais difíceis para os shopping centers e lojas do Centro, a Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza afirma que haverá uma perda de 50% do faturamento na capital. Enquanto isso o comércio anseia por uma decisão positiva. Os feriados têm sido o principal adversário do comércio de Fortaleza no ano de 2014, pois muitos deles têm caído em dias úteis, prejudicando as vendas. Tudo começou quando a presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei Geral da Copa, que reserva a possibilidade da União declarar feriados nacionais nos dias em que haverão os jogos da seleção brasileira. Estados e municípios também poderão declarar feriados nos dias de partidas em suas cidades-sede. Rones Oliveira, vendedor em uma loja de eletrodomésticos no Centro, aguarda a decisão do Sindicato do Comércio e garante que os feriados prejudicam o seu orçamento, pois ganha por comissão. “Só em um dia a loja fatura no mínimo R$ 5 mil, imagine o quanto vamos perder em quatro dias”, descreve Oliveira.

Opinião do co n s u m i d o r Analisando o comportamento do consumidor durante

Lojas se adéquam a Copa do Mundo

De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas), Cid Alves, o gasto com a qualificação de funcionários para a Copa do Mundo foi um investimento perdido, em virtude de o comércio ter as portas fechadas. “Nos dias de jogo da seleção brasileira, vemos a possibilidade de parar o comércio só metade do expediente”, diz. Para o presidente do sindicato, não há necessidade de feriados nos dias de jogos de outros países.

Nos dias de jogo da seleção brasileira vemos a possibilidade de parar o comércio só metade do expediente Cid Alves

os períodos de recesso no varejo, muitos aproveitam esse recesso para viajar. A estudante de direito Natalia Pinto aproveitará para viajar com a família. “Se tiver feriado a cidade vai esvaziar, porque muitas faculdades anteciparam as aulas para se adequar ao calendário dos jogos da seleção”, conta a estudante.

A livraria onde Rafael Martins é almoxarife fechará o dia inteiro nos dias de jogo da seleção brasileira. Martins trabalha no serviço de entrada e saída de materiais da loja e não concorda com o feriado. “Trabalhamos com entregas de materiais para outros estados e dependemos do serviço dos Correios, por isso haverá muitos atrasos em virtude das partidas”, relata. Caso a Prefeitura de Fortaleza

decrete os feriados, segundo a assessoria de economia da Federação do Comércio do Ceará (Fecomércio-CE), a instituição entrará com um recurso no Tribunal de Justiça do Ceará para ter pelo menos uma carga de trabalho de meio expediente. O objetivo também é manter um acordo com os trabalhadores para que não hajam prejuízos, nem mesmo ao consumidor. Já o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Fortaleza, Freitas Cordeiro relata ter tido reuniões com o prefeito Roberto Cláudio para sensibilizar a Prefeitura em não autorizar os recessos. Esta tem sido uma iniciativa da CDL para mostrar o quanto o comercio perderá com os feriados na capital. Para Cordeiro, quem mais perderá serão as lojas de moda e acessórios. “O mercado de lojas de roupas vende pelo consumo e o impulso do consumidor. Será difícil recuperar o faturamento de tantos dias parados”, esclarece Freitas Cordeiro. Outro impasse é o funcionamento dos supermercados, que aguardam resposta do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de Fortaleza (SECVGAF). De acordo com a assessoria de imprensa

da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), há uma convenção coletiva que ainda está em negociação para definir o funcionamento dos supermercados.

O mercado de lojas de roupas vende pelo consumo e o impulso do consumidor. Será difícil recuperar o faturamento de tantos dias parados

após a reunião com representantes do Ministério do Esporte no Centro de Convenções, a secretária se posicionou contrária aos feriados em dias de jogos, e diz que a Prefeitura aguarda informações do número de ingressos vendidos. Dependendo do resultado o prefeito Roberto Cláudio decretará os recessos ou não. Enquanto isso, o comércio segue indefinido e visa estratégias para recuperar-se.

Freitas Cordeiro Do outro lado, estabelecimentos goleiam e garantem a vitória que terão com a Copa do Mundo. Restaurantes, bares e hotéis estarão de portas abertas para receber os turistas que pretendem além de assistir os jogos, conhecer a cidade.

Chances de o comércio golear Para a Prefeitura de Fortaleza, o único motivo dos feriados é melhorar o trânsito e a segurança pública da cidade. E a única esperança para a vitória do comércio na partida contra os recessos foi o pronunciamento da secretária Patrícia Macedo, titular da Secretaria Extraordinária da Copa de Fortaleza (Secopafor). Durante coletiva de imprensa

Uniforme da Seleção


7 de maio de 2014 | Papiro 9

Obras da Copa]

Será que vai dar tempo? Há pouco mais de um mês para o início do mundial apenas o Castelão foi entregue REPORTAGEM Ariadne Sousa FOTOS Fábio Lima DESIGN Camila Vasconcelos | Erikison Amaral

F

ortaleza foi a cidade-sede que primeiro entregou seu estádio finalizado para a Fifa, entidade responsável pelo evento. Porém, o mesmo não aconteceu com as outras obras da cidade, entre as 13 previstas no primeiro cronograma, apenas sete devem estar prontas. Estas devem ser concluídas até final do mês de maio. A ampliação do terminal de passageiros e do pátio de aeronaves do Aeroporto Pinto Martins serão entregues ainda este mês. O aeroporto receberá uma estrutura provisória para atender os turistas, um “puxadinho”, que custará R$ 3,5 milhões, já que atualmente tem capacidade para receber 6,2 milhões de passageiros por ano e na Copa esse número deve chegar a 8,6 milhões. A obra, que é dividida em duas fases, deverá ser finalizada em 2017 e terá um investimento total de R$ 350 milhões. O Veículo Leve sobre Trilhos, VLT ParangabaMucuripe, está com apenas metade da obra finalizada. Para estar em funcionamento durante o mundial o equipamento irá utilizar a linha férrea do trem de cargas. O veículo que ligará a região hoteleira da cidade à Linha Sul do Metrô de Fortaleza entrará em funcionamento dia 31 de maio e terá disponível o percurso de 12,7 quilômetros.

Já a Avenida Paulino Rocha é a mais atrasada com apenas 64% concluída. A via apresenta alguns trechos com pavimentação, mas que ainda não foram liberados aos motoristas. Em outros pontos estão sendo feitos trabalhos de drenagem, para depois ser colocado o asfalto. No canteiro central ainda há mato e buracos, dificultando a travessia de pedestres. O túnel da Avenida Santos Dumont com Via Expressa, que eliminará sinais e permitirá um maior fluxo de veículos, dará aos fortalezenses mais tranquilidade ao trafegar pela via. Está com 77% dos trabalhos completos. De acordo com o portal da Secretaria de Infraestrutura de Fortaleza (Seinf) o total dos investimentos em mobilidade é de R$ 99,5 milhões.

O que pensa a população?

A cidade não tem estrutura para receber o mundial, há outras áreas que deveriam receber investimentos Marília Oliveira Primeira fase do Aeroporto Pinto Martins deveria ter sido entregue no início o ano.

Apenas seis das dez estações poderão ser utilizadas pelos passageiros, que não irão pagar nada pelo transporte, já que este estará operando em fase de testes. Quando estiver em pleno funcionamento, o VLT atenderá cerca de 100 mil pessoas por dia. A obra que custará R$ 276,9 milhões aos cofres públicos deverá ser finalizada somente no primeiro semestre de 2015.

O terminal de passageiros do Porto do Mucuripe ficará pronto no dia 30 de maio. A construção foi orçada em R$ 149 milhões. Por enquanto, apenas um cruzeiro confirmou a chegada para os jogos. A embarcação com 3.500 passageiros mexicanos atracará no porto dia 16 de junho e permanecerá até dia 18. O investimento total é de quase R$ 1,7 bilhões. Os

recursos são provenientes do Governo Federal, Governo do Estado do Ceará e da Prefeitura Municipal de Fortaleza. De acordo com a Secretaria Especial da Copa (Secopa), todos os prazos das obras estão mantidos e não ocorrerão mais atrasos.

Mobilidade urbana De acordo com a Prefeitura de Fortaleza, as quatro ações

que estão sob a sua responsabilidade serão entregues a tempo. Entre as intervenções, a mais avançada é a da Avenida Alberto Craveiro, que já está com 97% finalizada. O túnel e a rotatória do Castelão também apresentam estado avançado, com 84% concluídas. As vias para veículos já estão prontas, faltando apenas o acabamento no canteiro central e as calçadas. No túnel restam a drenagem e concretagem.

Parte está otimista quanto às intervenções na cidade e acreditam que estará tudo pronto para o evento. A recepcionista Izabelle Brito, 18, acredita que a cidade ficará mais atrativa para os turistas. “Tivemos alguns transtornos por causa das obras, mas acredito que deixará um bom legado para os moradores da cidade”, disse. Já para Marília Oliveira, 20, estudante, mesmo com as ações feitas “a cidade não tem estrutura para receber o mundial, há outras áreas que deveriam receber investimentos, como a Saúde”. Uma enquete realizada no portal Quinto Andar da Faculdade 7 de Setembro, perguntou aos internautas se estes acreditavam na entrega das obras a tempo para o mundial. A pesquisa revelou que a maioria , cerca de 55%, acredita que as obras não ficarão prontas no prazo.

S E RVI ÇO Secretaria de Infraestrutura de Fortaleza. Av. Dep. Paulino Rocha, 1343 Cajazeiras. Fone: 3105-1080


10 Papiro | 7 de maio de 2014

Longe da Copa]

Sair do país fica mais barato durante o Mundial Com um aumento de 578% no preço de viagens nacionais, viajar para fora do Brasil no período do evento se torna mais em conta REPORTAGEM Angela Barroso DESIGN Guilherme Paiva

N

o período de 13 de junho a 12 de julho acontece no Brasil a Copa do Mundo 2014. Mais de 600 mil estrangeiros são esperados no país, além de três milhões de brasileiros que circularão pelas 12 cidades-sede. Com todo esse movimento, agências de viagens, empresas aéreas e hotéis oferecem vários atrativos para aqueles que desejam fugir do Mundial. Mas será esse o melhor momento de um contra fluxo? Inflação, dólar disparado, alta estação antecipada e a previsão do crescimento do custo de vida são os principais fatores para o aumento dos preços das passagens, tanto nacionais quanto internacionais. Os vôos nacionais poderão ter aumento de até 578% no preço das passagens. Os brasileiros pagarão R$ 1.649 ou 415% mais caro que os belgas e 32% mais que os argentinos para assistir aos jogos da seleção em São

Paulo (12/06), Fortaleza (17/06) e Brasília (23/06), informa o site de economia do Ig. Os preços do pacote por pessoa são os mais diversos possíveis. Quinze dias no Rio de Janeiro em julho com hotel e passagens saindo de Fortaleza podem variar, em média, de R$ 8.200 a R$10.600 sem ingressos dos jogos. Para Buenos Aires, no mesmo período, variam entre R$ 3.800 a R$ 8.400. Já para Miami fica em torno de R$ 7.400 a R$ 55.760. No entanto, é possível achar em sites italianos promoções de pacotes para Natal com passagens, quatro diárias e dois ingressos inclusos por €900.

Garimpei muito pra viajar e ainda aproveitei umas milhas Matheus Xavier Segundo a agente de viagens Ivilena Oliveira da Casa Blanca

Turismo, os pacotes mais procurados são para Buenos Aires, Bariloche, devido às estações de esqui, e Estados Unidos, não só pelos preços, mas para não enfrentar aeroportos lotados com destinos nacionais durante o evento. De acordo com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a malha aérea nacional será ampliada em 1.973 vôos para atender a demanda durante o campeonato. “É um boom para o mercado turístico do Brasil”, esclarece a consultora de viagens. Os destinos nacionais que não sediarão a Copa também são cogitados pelos fujões do futebol, principalmente os hotéis fazendas e praias distantes. Não só os custos das passagens, mas as diárias dos hotéis fazem a resistência do cliente com valores exagerados e variados conforme a data da reserva. A demanda por passagens e hospedagens é pressionada antes,

durante e depois do torneio por estrangeiros que optaram fazer turismo no Brasil. “Não sei o que fazer, adoro futebol”, se questionava a dentista Luisa Marques, 43, em uma agencia de viagens decidindo se compensava fugir do movimento em Fortaleza ou comprar o pacote com alguns ingressos para os jogos . “Está mais vantajoso uma viagem internacional mesmo com as

passagens nas nuvens”, comentou a dentista. Já o estudante de medicina Matheus Xavier, 23, que detesta futebol, há dois meses planeja suas férias para o Canadá. “Garimpei muito pra viajar e ainda aproveitei umas milhas”, diz o estudante que aproveitará a viagem para fazer um curso de inglês. Na verdade, é o tamanho do seu bolso que vai decidir qual o melhor destino durante a Copa.

Quinze dias em Buenos Aires: de R$ 3.806 a R$ 8.373 Quinze dias no Rio de Janeiro: de R$ 8.178 a R$10.589

Giro pelo Brasil]

Taça da Copa do Mundo estará exposta gratuitamente em Fortaleza até o próximo dia 26 de maio Torcedores terão oportunidade inédita de ver o troféu de perto. Ação faz parte da campanha da Fifa para popularizar ainda mais o Mundial REPORTAGEM André Almeida FOTOS Divulgação DESIGN Adrián Cortés | Lucas Mota

A

Taça da Copa do Mundo, objeto de maior desejo de todos os torcedores ao redor do planeta, fará um tour pelo Brasil em breve. Após percorrer 89 países e mais de 150 mil quilômetros, o troféu chegará ao Rio de Janeiro no dia 22 de abril e em 41 dias passará pelas 27 capitais brasileiras, incluindo Fortaleza. Na capital cearense, o público apaixonado por futebol terá a oportunidade de ver de perto e tirar fotos com a taça mais cobiçada do planeta. Esta é a primeira vez que a Taça da Copa do Mundo estará exposta em Fortaleza. O troféu estará em exposição no Shopping Iguatemi, no bairro Água Fria, durante os dias 25 e 26 de maio, e qualquer pessoa poderá comparecer para vê-lo gratuitamente. O evento será realizado em um ambiente totalmente climatizado, com capacidade para

receber os torcedores com a maior comodidade, e contará ainda com entrega de brindes, sorteio de camisas do Brasil e a presença de ex-jogadores da seleção brasileira.

Esta é a primeira vez que a Taça da Copa do Mundo estará em Fortaleza, e qualquer pessoa poderá vê-la gratuitamente De acordo com o vice-presidente e gerente geral da Coca-Cola no Brasil, Michel Davidovich, o objetivo da ação, conhecida como “O Tour da Taça”, é de promover e popularizar o maior evento futebolístico do planeta. “Queremos fazer dessa Copa uma edição especial e a Taça é uma grande ferramenta para ampliar o nosso conceito da Copa de Todo Mundo. Estamos

muito animados por trazer esse ícone tão poderoso para tantas pessoas”, disse. Para o estudante Leonardo Viana, 20, a iniciativa é uma ótima oportunidade para que os apaixonados por futebol possam realizar um sonho de criança. “Sempre tive o sonho de poder chegar perto da Taça da Copa do Mundo, de tirar foto, mas achei que nunca conseguiria realizá-lo. Agora vou ter essa oportunidade. É uma bela iniciativa”, declarou.

Excursão é sucesso pelo planeta Ao longo de mais de 225 dias, o Tour da Taça faz a mais longa viagem de sua história, na qual mais de um milhão de pessoas ao redor do planeta já tiveram a oportunidade de apreciar pessoalmente o maior prêmio do futebol mundial. O troféu passou por todos os países que já o

conquistaram em alguma edição do Mundial e outros destinos turísticos, como Fiji, na Oceania, e Tanzânia, na África.

Queremos fazer dessa Copa do Mundo uma edição especial Fortaleza será a antepenúltima cidade no mundo na qual a taça irá passar. Após a capital cearense, o troféu passará dois dias em Brasília e então segue para São Paulo, onde ficará até a abertura da Copa do Mundo.

S E RVI ÇO Taça da Copa do Mundo Data: 25 e 26 maio Horário: 10h às 22h Local: Shopping Iguatemi Evento gratuito


7 de maio de 2014 | Papiro 11

Emancipação de distritos]

Lei para a criação de municípios pode mudar a quantidade de cidades cearenses A proposta tem critérios mais rígidos e seguirá em regime de urgência para votação no Senado Federal. Alterações sugeridas pelo Planalto querem evitar novo veto da presidenta Dilma Rousseff. Se a proposta for aprovada, Jurema será a quinta maior cidade em população no Ceará REPORTAGEM Antonio Marcos FOTOS Divulgação/AMEJ DESIGN Beatriz Rocha | Alexandre Lima

U

ma nova Proposta de Lei (PL) sobre a criação, incorporação, fusão e desmembramento de municípios vai ser votada pelo Congresso. Se aprovada, a proposta mudará o número de cidades do Brasil, que hoje possui, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 5.561 municípios. Entre os estados brasileiros, o Ceará é o terceiro com maior número de cidades que poderão ser criadas, atrás apenas do Pará e Bahia. Segundo levantamento feito pela União Brasileira em Defesa da Criação dos Novos Municípios (UBDCNM), ao todo 26 distritos cearenses estariam aptos a solicitar emancipação. Caso a nova PL do governo seja aprovada pelo congresso, esse número irá diminuir. Segundo o Censo do IBGE realizado em 2010, o distrito mais populoso do Brasil está localizado no Ceará. Jurema, distrito de Caucaia, possui quase 130 mil habitantes. Se emancipado, o território será a quinta maior cidade em população e a décima maior economia do estado. Em 1992, o distrito de Jurema perdeu a chance de se tornar cidade. No plebiscito, a maioria dos eleitores votou pela não emancipação. Naquele pleito, apenas os eleitores do distrito tiveram direito a voto. Até 1996, a responsabilidade de promover plebiscitos era facultada às Assembleias Legislativas de cada estado, mas uma Emenda Constitucional retirou dos estados a autonomia sobre essa questão. Atualmente, tanto na proposta vetada por Dilma, quanto na que tramita no Congresso, todos os eleitores da cidade precisarão votar no plebiscito. Para o empresário Raimundo Gomes, morador do distrito a mais de 30 anos, faltou informação sobre os ganhos que o local teria com a emancipação. Ele também aponta a má vontade política dos gestores de Caucaia como uma das causas do fracasso do plebiscito. “Eles nunca admitiram perder a Jurema

NOVA LEI

As novas regras estabelecem novos critérios para a criação, extinção e separação de novos municípios

ANTES

10 mil Habitantes necessários 0 km² Área total necessária 10% Habitantes assinando a solicitação

10 anos Tempo para novo plebiscito Avenida principal do distrito de Jurema, em Caucaia, que, se emancipada, será a 5° maior cidade do Ceará

e sempre trabalharam contra a emancipação”. Segundo Luiz Carlos Farias, coordenador da Associação Movimento Emancipalista da Jurema (AMEJ) e secretário geraldaFederaçãodasAssociações de Desenvolvimento Distrital e Emancipação do Ceará (FADDEC) a realidade agora é outra. A população está consciente dos benefícios que a emancipação trará para a localidade. Outro fator positivo apontado por Farias é que, pela lei, mesmo o município de Caucaia perdendo o distrito da Jurema, não terá diminuição da verba do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).

As novas regras impostas pelo governo são mais flexíveis no Norte e no CentroOeste, mas são excludentes nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste Luiz Carlos Farias Farias viajou dia 22 de abril para Brasília junto com outros representantes do movimento emancipalista. O objetivo é pressionar os congressistas para que retirem da nova Proposta de Lei a exigência

mínima de 200 km² de território e que baixem o mínimo populacional de 12 para 10 mil habitantes na região Nordeste. “As novas regras impostas pelo governo são mais flexíveis no

Prefeitura Órgão responsável por Estudo Norte e no Centro-Oeste, mas são excludentes a muitos distritos localizados nas regiões Sul, Sudeste e Nordeste”, explica o coordenador da AMEJ Luiz Carlos Farias.

A nova proposta O texto da lei foi aprovado dia 16 de abril pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado e seguirá em regime de urgência para apreciação do Plenário da casa. A nova proposta é fruto de um acordo feito entre o governo e os líderes de partidos, para evitar a derrubada do veto de Dilma Rousseff ao Projeto inicial. As principais mudanças com relação ao texto anterior vetado pela presidente Dilma, referemse à quantidade de habitantes, a área total mínima do território e a porcentagem necessárias de assinaturas da população para o início de um plebiscito. Segundo o relator da proposta, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO), as alterações foram sugeridas pelo Planalto para por fim ao impasse. “Há alguns pontos que merecem análise mais detida, para evitar que o destino venha a ser o veto presidencial”, conta. Para o autor da proposta, o

senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-BR), as novas regras impostas pelo governo podem prejudicar cidades da região Norte. O autor cita como exemplo Altamira no Pará, que tem área maior que a Espanha. Com essa geografia, segundo o senador, é impossível eliminar as desigualdades regionais, sem que haja o desmembramento. No entanto ele pondera que é “melhor um acordo razoável do que uma boa briga”, afirma. A justificativa de Dilma para vetar o projeto inicial, foi que o aumento das despesas não seria acompanhado pelo crescimento das receitas. Com isso, muitas cidades enfrentariam dificuldades orçamentárias. O Congresso ainda precisa analisar se manterá ou não o veto da presidente. Os parlamentares já adiaram duas vezes a votação, remarcada para o dia 19 de maio. (com informações do Correio Braziliense/ Estadão)

de Viabilidade Municipal

HOJE

20 mil Habitantes necessários 200 km² Área total necessária 3% Habitantes assinando a solicitação

12 anos Tempo para novo plebiscito Estado Órgão responsável por Estudo de Viabilidade Municipal

Modalidades do Projeto A nova proposta também permite que hajam as seguintes modalidades: Incorporação (integração de um município a outro já existente), fusão (integração de dois ou mais municípios para a criação de uma nova cidade) e desmembramento (separação da área de um município pré-existente para integrar-se a outro). Outros exemplos de distritos cearenses que planejam a emancipação são Guanacés em Cascavel e Pajuçara.


12 Papiro | 7 de maio de 2014

Canindé]

Quadrilhas juninas movimentam agenda cultural no interior do Ceará Grupos de quadrilha do interior fazem os últimos ensaios para as competições regionais REPORTAGEM | FOTOS Gustavo Mendes DESIGN Caio Faheina | Thiago Jorge

A

proximidade do mês de junho traz com ele todas as expectativas das festas em homenagem a São João, que no Ceará, assim como em todo Nordeste tem bastante força. O clima bucólico interiorano, as delícias de comidas típicas regionais e a alegria das quadrilhas. No interior do estado, mais precisamente em Canindé, a 110 km da capital cearense, a preparação para o circuito de competições de quadrilhas começa cedo, com a definição do tema a ser trabalhado, a coreografia e o figurino. Tudo é pensado meses antes de começarem os ensaios.

No interior do estado, a preparação para o circuito de competições de quadrilhas começa cedo, com a definição do tema a ser trabalhado, a coreografia e o figurino. Tudo é pensado meses antes de começarem os ensaios É o caso do grupo Estreito, criado e comandado por Augusto Nunes Medeiros, 34, há 17 anos e que nos últimos três, vem se destacando em todas as competições regionais, se qualificando assim para participar do concorrido circuito estadual Ceará Junino e

Produção de farinha é tema de apresentação do grupo Estreito conseguindo bons resultados também ali. Os cerca de 80 membros da Estreito, dentre eles, 45 quadrilheiros e 25 pessoas que dão suporte nas demais atividades, como transporte, confecção do figurino e outras. Reúnem-se quase todas as noites em uma quadra de futsal meio abandonada e com pouca iluminação para ensaiar os passos da dança, que esse ano tem como tema todo o processo de produção da farinha, desde o plantio, passando pela colheita a moagem até

chegar aos pratos da culinária regional. A maioria dos participantes é jovem, de 12 a 26 anos, moradores do bairro Santa Luzia, um dos mais pobres e violentos de Canindé. Muitos deles inclusive com histórico de violência familiar e até mesmo envolvidos com práticas criminosas. No entanto, Augusto acredita que a arte é a via que irá tirar esses jovens da marginalidade. A dança, o reisado, a Paixão de Cristo e o Maracatu que ele também desenvolve com essas crianças e

adolescentes os mantêm ocupados por quase todo o ano, deixando menos brechas nas vidas e no cotidiano delas, evitando que influências negativas possam se aproximar. O apoio para dar continuidade a essas atividades é escasso e depende quase totalmente do desempenho dos próprios jovens nas competições de quadrilha, onde as premiações variam de mil a cinco mil reais, dependendo da colocação do grupo. Mas Augusto deu um jeito de passar por cima de mais esse obstáculo. Utilizando

dinheiro do próprio bolso, do salário de funcionário público municipal, ele arca com as despesas do material para a confecção do figurino da quadrilha deste ano. Na esperança de que se repita o resultado das últimas três edições, em que o grupo chegou às finais do circuito Ceará Junino, garantindo uma boa premiação.

Enquanto esses jovens estão dançando e fazendo arte, sobra menos espaço nas suas vidas para influências negativas Augusto Medeiros.

Quadra regional é utilizada para ensaios da quadrilha todas as noites

Os últimos passos da coreografia estão sendo ajustados nos ensaios finais. Nos próximos dias, os figurinos desse ano irão ser preparados na própria casa de Augusto, com a ajuda dos quadrilheiros, parentes, amigos e vizinhos. Qualquer pessoa que queira ajudar será bem vinda, pois ainda há muito trabalho a ser feito até a apresentação inicial, em Aratuba, diz ele. A premiação desta primeira é modesta. 800 reais para a quadrilha vencedora, mas credencia a ganhadora a participar do circuito de Maracanaú, já bem mais notória.


7 de maio de 2014 | Papiro 13

Literatura]

Encontros Literários atraem público variado com palestras e discussões culturais Projeto organizado por alunos e professores da Universidade Federal do Ceará atrai amantes da cultura que desejam discutir e conhecer mais sobre a história da produção literária nacional REPORTAGEM | FOTOS Paulo Victor Mascarenhas DESIGN Paulo Victor Mascarenhas | Priscila Almeida | Renato Ferreira

O

projeto “Encontros Literários Moreira Campos” da Universidade Federal do Ceará (UFC), que ocorre todas as quartas feiras das 18h às 20h no Auditório José Albano, oferece ao público cearense uma oportunidade de se reunir e discutir marcos importantes da história da literatura nacional. Além de palestras e debates, é realizado um sorteio de livros ao fim das reuniões. O projeto é aberto ao público e atrai um grupo variado de leitores, que vencem obstáculos como a distância para comparecer, seja com fidelidade ou apenas esporadicamente.

Os temas são variados. Eles abarcam tanto o centenário do escritor Moreira Campos, quanto outras homenagens, como aos cinquenta anos do livros da Clarice Lispector. Mylla Amaral É o caso de Joelma de Oliveira, aluna do curso de letras da Universidade Estadual Vale do Acaraú (UVA), que diz ter dificuldade em comparecer por causa da distância. “São cinco horas só de ida, a

As palestras são abertas e o público é formado por alunos da Universidade e também de outras instituições, unidos pela paixão pela literatura

gente pega teoricamente dez horas de viagem pra comparecer ao evento”. Mesmo com o problema de deslocamento, o projeto atrai alunos de outras universidades que não possuem acesso a projetos semelhantes. “Na minha faculdade não é ofertado o curso de Letras e eu acho que por isso não temos um projeto desse tipo. Então mesmo sendo longe eu faço questão e vir sempre que possível”, afirma Clara Costa, estudante de psicologia da Universidade de Fortaleza (Unifor).

História O projeto, que foi idealizado há 30 anos por um grupo

de professores de literatura da Universidade, é voltado não só para os alunos, mas também para a comunidade. Em 2008 houve uma nova tentativa, mas mudanças na direção acabaram causando o fim do projeto. Em dezembro de 2012, ele foi ressuscitado mais uma vez por um grupo formado por professores e alunos do curso de Letras, que idealizam encontros para discutir sobre o universo da literatura. A coordenadora do projeto é a professora doutora Odalice de Castro Silva, que também comandou o mais recente encontro, uma palestra sobre os cinquenta anos da obra “A Paixão Segundo G.H.”, de

Clarice Lispector. “Eu decidi que só voltaria a coordenar os eventos se também houvesse uma equipe de estudantes”, disse a professora. Assim, um grupo de alunos do curso firmou uma parceria com os professores para trazerem os encontros de volta à vida. “Os temas são variados.

Na minha faculdade não temos um projeto desse tipo, por isso faço questão de vir sempre que possível. Clara Costa Eles abarcam tanto o centenário do escritor Moreira Campos, que foi professor titular de Literatura Portuguesa na Instituição, quanto outras homenagens, como aos cinquenta anos do livro de Clarice Lispector”, explica Mylla Amaral, uma das alunas voluntárias na coordenação do projeto. Em 2014 serão realizados dez encontros semestrais, totalizando vinte encontros durante o ano. Já foram três. “Os alunos podem se inscrever e ganhar um certificado no final do ano, desde que respeitem o número máximo de faltas, que é três”, complementa a estudante.

Calendário

Professora Odalice de Castro palestrando sobre o livro”A Paixão Segundo G.H.”, de Clarice Lispector no auditório José Aubano

O calendário dos próximos meses já foi definido: No dia 23 de abril o tema será “Contistas brasileiros nas décadas de 1940 e 1950” e no dia 30 haverá palestra

da Profª Dra. Odalice de Castro Silva (UFC) com o tema “90 anos de Osman Lins” e “60 anos de A Sibila”, de Agustina Bessa Luis. Em maio, o primeiro encontro acontecerá no dia 14 , com o tema “A Crítica Brasileira Contemporânea e a Literatura Brasileira Atual” num papo aberto. Quem estiver presente no dia 21, vai conferir a palestra do Prof. Dr. Eduardo Luz (UFC) “A nuvem pressentida: o ato de ler na crônica de Moreira Campos”. O mês finaliza com a palestra dos professores Dr. Claudicélio Rodrigues da Silva (UFC) e o doutorando Charles Ribeiro (UFC) com “A performance como zona fronteiriça entre os saberes” e “Polêmicas Literárias no Ceará”, ambas no dia 28. O semestre de atividades é finalizado em junho, com as palestras “Grandes Exposições de Pintores Cearenses”, do artista plástico Roberto Galvão e “Mesa de Pesquisadores do Acervo Do Escritor Cearense: Antônio Girão Barroso e Moreira Campos”, das Prof. Dra. Neuma Cavalcante (UFC) e Ms. Isabel Gouveia (UFC), nos dias 4 e 11, respectivamente.

S E RVI ÇO “Encontros Literários Moreira Campos” Quando? Todas as quartas-feiras, às 18h. Onde? Auditório José Albano Av. da Universidade, 2683.


14 Papiro | 7 de maio de 2014

Cena Eletrônica]

É fácil ser DJ? A carreira de DJ encanta muitos jovens hoje em dia. Afinal, quem não quer trabalhar com festas, animando e tocando suas músicas preferidas? O que muita gente não sabe é que existe um longo caminho a trilhar REPORTAGEM Frank Roger FOTO Magno Carvalho DESIGN Clara Jovino | Laíne Carlos | Isabela Thé

Q

uem pensa que ser DJ é fácil está enganado. O número de escolas especializadas para a formação de DJs tem aumentado, chegando a formar cerca de seis mil DJs por ano. Com isso, a possibilidade para a construção de uma carreira sólida na cena eletrônica está crescendo devido às diversas opções que os futuros DJs podem encontrar. O que muita gente não sabe é que tem um longo caminho. Primeiramente, procurar uma boa formação na área é essencial para que o futuro DJ aprenda sobre os equipamentos e se atualize das principais novidades da área. As possibilidades para a formação de um DJ são grandes: cursos presenciais, cursos online e cursos no exterior, compõem a lista de opções para quem procura se destacar na cena eletrônica. Com o aumento

didatos a DJ pode variar entre R$178 a R$1075. Segundo Alessandro Trausz, fundador de uma escola especializada no segmento, a procura pelos cursos está muito grande, o que justifica o empreendimento ter filiais espalhadas pelo Brasil. Mas não basta simplesmente fazer cursos.

O mercado é criterioso e só ganha espaço quem realmente for muito bom e se destacar

Na foto, o DJ Diego Grecchi em ação

Trausz do número de festas noturnas, também aumenta a demanda por bons profissionais da música eletrônica na capital. Para o DJ Diego Grecchi, figurinha carimbada nas principais festas de música eletrônica da capital, a especialização é muito importante, pois melhora

o desempenho do profissional. “Comecei a frequentar festas e logo me apaixonei pelo som, então resolvi fazer um curso para me tornar DJ e poder trabalhar com aquilo que tanto me encantava”. Grecchi atua há mais de 11 anos como DJ. O investimento dos can-

A importância em se dedicar e acreditar no que faz é compartilhada por todos os DJs, desde os mais experientes até os que começaram há pouco tempo. Como é o caso do DJ Léo Telles, que atua há dois anos e já reside na Music Box e

na Phantástica Club. Ele nunca havia pensado em ser DJ, até que apareceu a oportunidade de tocar em uma boate e logo depois disso ele não pensou duas vezes: “Fiz primeiro um curso de mixagem, que foi onde realmente aprendi a mexer em todos os equipamentos e fiz também um curso básico de produção musical. E com treinos, fui aperfeiçoando a técnica”, conta. Alguns profissionais procuram formação fora do Brasil, como é o caso da DJ Camis Cav. A escolha foi a Manchester Midi School na Inglaterra. Ela, que está no mercado há cerca de três anos, conta que ainda hoje procura sempre novas formas de especialização entre os cursos que acontecem na própria cidade como é o caso da Academia Internacional de Música Eletrônica (AIMEC).

Santo Casamenteiro]

O ajudador das moças solteiras Festejos de Santo Antônio se aproximam e também suas simpatias, mas pouco se sabe que em Fortaleza existe uma paróquia dedicada ao santo REPORTAGEM | FOTOS Camila Menezes DESIGN Lorena Mesquita

T

ambém conhecido no Ceará como ‘Santo Casamenteiro’, o hoje santo era um frade, teólogo e também era uma autoridade da Igreja Católica em Roma. Nasceu em 15 de agosto de 1195 em Lisboa e morreu em 13 de junho de 1231, em Pádua, cidade que consagrou a data dos festejos em sua homenagem. Seu nome verdadeiro era Fernando Martins de Bulhões, mais tarde batizado Santo Antônio de Pádua e também símbolo de trabalho e humildade. Contam que tudo começou quando duas moças não tinham dinheiro para o dote, com isso, não poderia arranjar marido para casar. Então Santo Antônio teria jogado pela chaminé um saquinho de moedas para as duas moças. No Ceará, os festejos do santo tem mais destaque nas cidades de Barbalha e Quixeramobim, onde a fé do povo e suas tradições se unem. Pelo menos mais dez cidades comemoram o dia do

Frente da Paróquia Santo Antônio de Pádua na Maraponga

santo, como no município de Aracati e Barro.

Depois de um ano que comecei a namorar, lembrei que tinha feito essa simpatia Rosa Maria Quanto às simpatias o cardápio é variado. Dentre elas, a mais conhecida é virar a imagem de Santo Antônio de cabeça para baixo, dentro de um copo com água, dizendo que o vai por de pé quando tiver arranjado

namorado.A dona de casa Rosa Maria Fernandes, 52, conta que fez uma simpatia e deu certo. Ela e mais uma amiga, na véspera do dia de Santo Antônio, ficaram em frente a fogueira , colocaram um pouco de água na boca, rezaram um pai nosso e um ave Maria e ofereceram à Santo Antônio. Ainda com a água na boca, ela e uma amiga foram cada uma para um lado e marcaram de se encontrar em um determinado lugar. No caminho o santo iria dar algum sinal do nome do futuro

marido, e com isso teria que engolir a água que estava na boca. Rosa disse que perto de encontrar sua amiga ouviu uma pessoa gritando “Luiz, Luiz!”, viu que era o sinal que Santo Antonio estava dando, e imediatamente engoliu a água. Um ano depois, Rosa casou-se e seu marido se chama Luiz Cláudio. “Depois de um ano que comecei a namorar, lembrei que tinha feito essa simpatia.”, ressaltou. A vendedora Ana Maria,58, disse que quando era mais nova colocou a imagem do santo de cabeça para baixo no copo com água a espera de um namorado. “Não deu certo. Não arranjei um namorado”. Mas depois de muitos anos encontrou seu amado.

A Paróquia Santo Antonio, apesar de ser muito conhecido pelas suas simpatias e crenças, pouco se sabe da existência da paróquia de Santo Antônio em Fortaleza, no bairro

Maraponga. Rosa Maria disse que conhece, mas nunca teve a oportunidade de visitar, mas quer ir em breve. A dona de casa Madalena de Carvalho, 55, falou que nunca ouviu falar dessa paróquia. “Quero até conhecer”, disse. A Paróquia Santo Antônio de Pádua foi fruto da Paróquia Nossa Senhora do Perpetuo Socorro no Mondubim que, em 4 de outubro de 2005, teve sede provisória na capela de Santo Inácio de Loyola. O Frei Clevis Mafra assumiu a coordenação da Paróquia, dando continuidade ao trabalho. Já em 2008 houve a doação do terreno para que assim pudesse ser construída a Igreja matriz.

S E RVI ÇO Paróquia de Santo Antônio de Pádua Rua Noruega, Nº201 Maraponga


7 de maio de 2014 | Papiro 15

dia das MãEs]

Mães falam sobre os benefícios de praticar esportes ao lado de seus filhos Muitas mulheres são conhecidas por suas qualidades nos esportes, mas o que pouca gente conhece é o lado mãe de cada uma REPORTAGEM Gabriel Rodrigues FOTO Arquivo Pessoal DESIGN Guilherme Paiva

É

notório o crescimento da presença feminina no cenário esportivo do Ceará. São crianças, jovens e adultas que cada vez mais se inserem na prática de esportes dominados, até pouco tempo, pelos marmanjos. Seja por lazer, profissão ou pelo desejo de uma vida mais saudável, várias mulheres disponibilizam tempo, dinheiro e fôlego diários para praticar atividades físicas. O que muitos não sabem é que, somada às atividades rotineiras de trabalho e estudo, algumas delas ainda possuem a missão de mãe. Fator que não as afasta dos fi lhos, mas aproximam no mesmo exercício esportivo. O dia das mães se aproxima e a reportagem do jornal Papiro ouviu histórias de algumas dessas mulheres que amam seus fi lhos e promovem esse amor na prática mútua do esporte. Para a estudante de psicologia, mãe e surfista, Daniela Bomfi m, 43, o surf ajuda no controle da energia do seu filho Lucas, de 9 anos, que por ser muito ativo, encontra no esporte a possibilidade de gastar sua energia. “O surf melhorou a disciplina dele. No convívio social geral, ele sabe se comportar e conviver melhor com as pessoas”, ressalta. Daniela ainda garante que o surf foi “uma luz no fi m do túnel”, e que a prática dele foi determinante num momento

Para a família Bomfim, o surf é sinônimo de união. Avó, mãe e filho dividem o mar com muito amor

delicado de sua vida. “Eu voltei a surfar depois de anos parada, por ter ficado viúva, e o esporte foi uma terapia para mim, já que tentei resgatar coisas do passado que me faziam feliz. Nisso, vieram os estudos e o surf. Voltei a estudar aos 40 anos e a surfar, mesmo com toda dificuldade do sedentarismo. O surf que não me deixou cair em depressão”, relata. Se em muitas famílias o esporte é praticado em conjunto, na de Daniela não é diferente. Sua mãe, Glaucia Bomfi m, está aprendendo a surfar com 65 anos de vida. A fi lha vê no ensino do esporte para a mãe, uma forma de agradecê-la pelo apoio dado quando mais jovem. “Minha mãe começou a surfar quando se aposentou e fui eu que a incentivei. Ela me deu muito apoio na época que iniciei no surf, aos 15 anos. Sou

uma das primeiras surfistas de Fortaleza e quando comecei praticamente não haviam outras meninas surfando”, diz.

Eu voltei a surfar depois de anos parada, por ter ficado viúva, e o esporte foi uma terapia pra mim Daniela Bonfim Outra mamãe que enxerga o esporte como fator importante na criação dos fi lhos é a educadora física e nadadora, Paula Lessa, de 39 anos. Para Paula, a natação praticada desde cedo contribui para que sua fi lha Gabriela, de 9 anos, seja mais responsável.Ela garante que a criança que faz atividade física desde pequena tornase mais disciplinada e constante no esporte.“Como a minha

fi lha faz natação desde bebê, ela se sente ruim quando digo que preciso tirá-la por um tempo das aulas, porque aquilo já faz parte da vida dela. Sem contar que ela precisava saber nadar desde cedo, como uma forma de proteção em situações de risco”, expõe. Paula associa o ensino da natação à sua fi lha ao seu grande amor pelo esporte. “Quando a gente gosta de algo, tentamos transmitir para as pessoas que amamos. A natação para mim é um refúgio e quando eu nado é como se eu deixasse todos os meus problemas dentro d’água”, fala. A mãe nadadora ainda afi rma que o esporte lhe tira todo o cansaço mental e físico e que, apesar de uma rotina corrida de trabalho, separa dois dias da semana para nadar. “Às vezes nado duas da tarde, o único horário que tenho disponível. Pra você ver como a natação me faz bem”, conta.

Evoluindo juntas Para a estudante Nina Tajra, de 24 anos, a maternidade ainda não chegou. Porém, correr junto da mãe, Nilza Tajra, de 52 anos, é garantia de bons momentos. Nina conta que, após uma reeducação física, ainda na adolescência, sentiu a necessidade de também incentivar a mãe a uma vida saudável.“Até minha adolescência eu era sedentária e

obesa. Com a atividade física eu perdi 40 quilos e foi em 2009, com 19 anos, que eu resolvi incentivar minha mãe a correr, já que ela também era muita sendentária. E o mais legal foi que evoluímos juntas. A identificação da minha mãe com a corrida foi imediata e até hoje ela pratica”, conta.

Paula associa o ensino da natação à sua filha ao seu grande amor pelo esporte A estudante conta que a correria do dia a impossibilita de ter um contato mais direto com a família e é na corrida que ela encontra tempo para curtir a companhia da mãe. “Eu fiquei bem mais próxima da minha mãe depois de correr com ela. Nós temos fi lmagens dessas corridas de rua organizadas, em que numa delas chegamos de mãos dadas. Ela me esperou a corrida inteira e falou que queria chegar comigo. Isso é muito emocionante”, conta. Com a saúde também não foi diferente e segundo Nina, “dona” Nilza passou por uma reformulação na alimentação, perdendo 20 quilos. “Ela se alimentava super mal, e depois desses cinco anos de corrida a saúde física e a própria saúde mental melhoraram muito. Ela é uma pessoa muito mais calma e muito mais feliz”, completa.


16 Papiro | 7 de maio de 2014

KoMBi]

veículo deixa de ser produzido e lança última edição especial comemorativa de 56 anos Em um vídeo de quatro minutos, Kombi narra sua história, mostra seus últimos desejos e se despede depois de 63 anos REPORTAGEM Janaina Flor FOTOS Divulgação DESIGN Tatiana Fortes | Thiago Daniel

P

rimeiro Volkswagen a ser fabricado no Brasil, em 1957, a Kombi deixou de ser produzida em dezembro de 2013. Para marcar o fi m de uma era, uma última ação foi lançada para divulgar a Kombi Last Edition. Apostando no saudosismo, a velha Kombi conta sua história e deixa claro seus últimos pedidos em um vídeo de quatro minutos, que já tem quase dois milhões de compartilhamentos no youtube. O principal motivo para que o automóvel deixasse de ser produzido foi tecnológico. A partir de 2014, a lei obriga que todo veículo nacional deve sair de fábrica possuindo freio tipo ABS e air-bag frontal duplo (para o condutor e passageiro do banco dianteiro), mas a montadora não conseguiu encontrar um meio de instalar os dois mecanismos na estrutura da Kombi. Carro de Polícia, estrela de fi lme, transporte escolar, ícone de uma geração. São muitos os papéis que a sessentona assumiu na vida dos brasileiros, e de todo o mundo, durante os seus 63 anos de existência (sendo 56 deles, de fabricação nacional). “Os últimos desejos da Kombi”, como é intitulado o vídeo, mostra histórias de personagens que estão intimamente ligadas com o veículo. Uma delas é a de Bob Hieronimous, que pintou o seu automóvel durante o festival de Woodstock, e o tornou o símbolo da contracultura hippie dos anos 1960/1970. A personagem principal do vídeo é a Kombi Last Edition – edição especial de despedida do automóvel. Ao todo foram produzidos 1.200 veículos, que já estão no mercado e custam R$ 85 mil. O modelo remete ao estilo perua atual, mas o interior é

Colocar legenda aqui e ajustar tamanho da caixa branca

A história da Kombi foi contada em vídeo promocional que apela para o saudosismo

diferenciado (por quê? Em que? O repórter tem que incluir isso no fechamento). A pintura é bicolor azul e branco (estilo saia e blusa) com cortinas azuis. “Mais que um carro, a Kombi Last Edition é um tributo a todos que amam a história da Kombi”, é o que diz o site oficial da Kombi, criado especialmente para a divulgação.

A Kombi Last Edition é um tributo a todos que amam a história da Kombi do livro “Minhas Histórias” O empresário Marcelo Pimentel, 30, diretor do Barney’s Burger em Fortaleza, usa duas Kombis para o estabelecimento e uma delas está sendo reformada para fazer parte da decoração. Segundo ele, o veículo, além de trazer inspiração individual e lembranças de

Edição limitada celebra um dos primeiros veículos utilitários do país

uma época, completa a proposta decorativa do restaurante: “A Kombi tem uma representação diferente para cada pessoa que a possui”, comenta. Pimentel conta ainda que o design antigo, a durabilidade e a economia do automóvel contribuem para que ele tenha sido tão bem comercializado enquanto foi produzido. A Kombi Last Edition, no entanto, fica apenas no desejo do empresário. “Achei linda, mas achei muito cara”, diz. A edição especial da perua, apesar de atrair olhares de colecionadores e amantes do estilo retrô, afasta compradores, como afastou Pimentel, por culpa do seu preço salgado. Desembolsar a bagatela de R$ 85 mil não agradou também aos donos de concessionária, pois o veiculo “encalhou”. A emotiva campanha publicitária e o saudosismo dos colecionadores não foram suficientes para alavancar a venda dos 1.200 exemplares da Last Edition, de tal maneira que as lojas de automóveis passaram a vendê-la com descontos de até 4 mil reais. No entanto, a polêmica não diminui o amor pela querida Kombi. O vídeo termina com o carro voltando à Holanda para realizar seu último desejo: reencontrar o fi lho do homem que a criou, seu “irmão”. E então a sessentona se vai, sentindo-

se, apesar das difíceis estradas percorridas, “surpreendentemente bem”.

História A ideia da Kombi foi do Holandês Ben Pon, no fi nal dos anos 1940. Inovando no conceito, os rabiscos na agenda de Pon mostravam um uma espécie de perua sobre o chassi de um fusca. Em 8 de março de 1950, em um chassi monobloco, a Kombi ganhava as ruas pela primeira vez.

A Kombi tem uma representação diferente para cada pessoa que a possui Marcelo Pimentel O Brasil passou a montar o veículo em 1953, mas só em 1957 que sua fabricação tornou-se completamente nacional. Embora ainda fosse altamente popular, suas condições de segurança entraram em jogo com a nova lei. Segundo a Volkswagen, desde setembro de 1957 até setembro de 2013, foram produzidas mais de 1.560.000 unidades do modelo na fábrica de São Bernardo do Campo, São Paulo. O modelo praticamente não sofreu alterações visuais desde o seu original, até hoje. A grande popularidade é atribuída ao baixo custo e a ampla durabilidade do veículo.

detalhes técnicos A Edição da Kombi Last Edition foi pensada para colecionadores. A frente com grade dianteira, moldura das setas com luz branca e aro do farol azul são exclusivos da versão. As calotas pintadas de branco e as rodas com uma faixa no mesmo tom lembram o estilo retrô do veículo. O painel do som possui LED vermelho. O logotipo, um adesivo com o número 56, está na lateral e na traseira da Kombi. As cortinas são de tear, os bancos são revestidos de azul e branco, complementando a decoração. O motor é o EA111 1.4L Total Flex de 78 cv com gasolina e de 80 cv com etanol, sempre a 4.800 rpm.

sa i Ba M a i s O nome Kombi é uma abreviação, adotada no Brasil, para o termo em alemão Kombinationsfahrzeug, que, em português, significa “veículo combinado”. Todas as histórias enviadas à Volkswagen, inclusive as que aparecem no vídeo, estão contadas no livro “Minhas Histórias”, disponível para compra ou download no site: www.kombi.vw.com.br/


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