A última palavra

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MIGUEL TEIXEIRA / Ano: 1 / Mês: 1 / Edição número: 1 / Info: aultimapalavra@hotmail.com

NÚMERO 1: 72 HORAS

01-12-2014


A ÚLTIMA PALAVRA 72 HORAS

Em princípios de Novembro, na antevisão do jogo da 10ª jornada, o treinador do Estoril-Praia, José Couceiro, lamentou-se da falta de tempo para recuperar e preparar a sua equipa para o jogo com o Porto, destacando que as equipas portuguesas que competem na Liga Europa – Estoril e Rio Ave – não beneficiam dos mesmos critérios que as equipas que

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participam na Liga dos Campeões, na organização dos jogos por parte da Liga de Clubes. Ouvidos moucos da Liga… No final do mesmo mês, Pedro Martins, treinador do Rio Ave, salientou a mesma injustiça antes e depois da viajem a Kiev para disputar a 5ª jornada da fase de grupos da Liga Europa. Ouvidos moucos da Liga… 72 horas e 20 minutos depois de finalizado o jogo na Ucrânia, já o Rio Ave disputava a partida seguinte no estádio do… Porto (será coincidência?). Afoito na defesa das suas cores (de onde terá vindo o ataque, se não foi do Rio Ave nem do Estoril?), o treinador do Porto, Julen Lopetegui, considerou infundadas as considerações dos dois colegas, garantindo que o tempo de recuperação em causa é mais do que suficiente. Mesmo depois de relembrado que o Porto preparou o jogo com o Rio Ave em 119 horas, Lopetegui granjeou grandeza à sua equipa, afirmando que também o Porto joga com intervalos curtíssimos entre jogos, e mesmo assim não muda jogadores e - pasmem-se consegue vitórias! Pena é que Lopetegui esteja tão enganado… Nunca o Porto teve esta época um intervalo entre jogos inferior a 96 horas, e mesmo nestes casos, o Porto mudou pelo menos 5 jogadores de um jogo para o outro. Ironia das ironias, o Porto não venceu todos os jogos “pósEuropa” como afirma o treinador portista de peito feito. Conclusão: ou é burro, ou é mentiroso por natureza. Sendo treinador de uma das mais prestigiadas instituições nacionais, não acredito que Lopetegui seja burro, portanto a situação resume-se a uma tremenda falta

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A ÚLTIMA PALAVRA de respeito pelos colegas de profissão e pelos clubes que estes representam. E faltas de respeito não merecem resposta, merecem desprezo! Burrices à parte, a situação é delicada mas a culpa tem rosto: a Liga de clubes, organizadora do campeonato. A marcação do dia e hora de cada jogo é, numa primeira fase dos clubes intervenientes, devendo estes, entre si, acordar o horário do jogo sendo que em caso de desacordo, esta responsabilidade passa para a Liga. Ao contrário do que se diz, não é a equipa da casa que tem a última palavra (que razão teria o Estoril-Praia se pudesse ter marcado o jogo da jornada 10 na segunda-feira e não no domingo…). Assim, cabe a razão a António da Silva Campos, Presidente do clube vilacondense, quando afirmou, no final do Porto-Rio Ave, que a viagem à Ucrânia foi decisiva para o desfecho do jogo no… Porto, e que a Liga deve rever processos de organização, pois estas situações são facilmente evitáveis. Se é possível realizar o jogo seguinte à “jornada europeia” com um intervalo de 96 horas, porque razão são estes agendados apenas 72 horas (e 20 minutos…) após o término das partidas da Liga Europa. Estranho, é o facto de os prejudicados serem sempre os clubes que competem na Liga Europa – e foi apenas e só este facto que José Couceiro e Pedro Martins realçaram, nunca acusando ou culpando o Porto de nada. Não havendo uma clarificação por parte da Liga, o que se conclui é que as equipas que competem na Liga dos Campeões e que depois beneficiam deste prejuízo imposto à equipa adversária, recebem este favor propositadamente. Deste modo, a Liga de Clubes está, propositadamente, e com objetivos bem claros, a desvirtuar a realidade desportiva da própria competição, sempre em benefício dos mesmos clubes.

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