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A Influência da Mídia Social no Hábito Alimentar de Adolescentes
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RESUMO: Objetivo: Avaliar a influência das redes sociais e televisão associado aos hábitos alimentares em adolescentes com idade entre 10 à 14 anos de uma escola privada localizada no município de Caieiras, em São Paulo. Métodos: Estudo descritivo, de abordagem transversal. Foram selecionados 75 adolescentes de ambos os sexos, do ensino fundamental II. Foram criados dois questionários para a análise da coleta de dados, e realizado uma palestra informativa de intervenção nutricional. Resultados: Os adolescentes que utilizam redes sociais diariamente e se sentem influenciado de alguma forma, tal como os que assistem televisão junto com refeições, possuem uma probabilidade maior de ter um hábito alimentar inadequado, com alto consumo de alimentos industrializados, sendo considerados um grupo de risco nutricional. Conclusões: torna-se essencial a promoção precoce do aprendizado de hábitos alimentares, visando a saúde e qualidade de vida dos adolescentes, pois são hábitos que serão consolidados para a vida adulta.
ABSTRACT: Objective: To evaluate the influence of social networks and television associated with eating habits in adolescents aged 10 to 14 years old from a private school located in the municipality of Caieiras, in São Paulo. Methods: Descriptive study, cross-sectional approach. 75 adolescents of both sexes, from elementary school II were selected. Two questionnaires were created for the analysis of data collection, and an informative lecture on nutritional intervention was carried out. Results: Adolescents who use social networks daily and feel influenced in some way, such as those who watch television with meals, are more likely to have an inappropriate eating habit, with high consumption of processed foods, being considered a group of nutritional risk. Conclusions: it is essential to promote early learning of eating habits, aiming at the health and quality of life of adolescents, as these are habits that will be consolidated for adult life.
................. Introdução ..................
A tecnologia adquirida nos últimos anos, trouxe a mídia fatores positivos e negativos, que pode afetar o comportamento das pessoas envolvidas nos meios de comunicação, seja na mudança de opiniões e pensamentos, como também nos padrões impostos pela mídia social (ALVARENGA, 2010). Os hábitos alimentares dos adolescentes merecem atenção especial, pois são consolidados para a vida
adulta. Há constante modificação nos comportamentos alimentares, como o aumento de alimentos ricos em açúcares e gorduras, realização de dietas da moda, alimentação fora de casa e a omissão de refeições, além da pouca prática de atividade física (REZENDE, 2015). Uma alimentação inadequada, sedentarismo e obesidade estão relacionados com o desenvolvimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). A Organização Mundial da Saúde (OMS) propôs a criação de sistemas de vigilância de fatores de risco a saúde para os adolescentes a serem desenvolvidos no âmbito escolar. No Brasil, foi constituído esse sistema baseado em inquéritos regulares realizados em escolas, denominado Pesquisa Nacional de Saúde Escolar (PeNSE), com pesquisas realizadas nas edições de 2009 e 2012 (MALTA, 2014). Vale ressaltar que devido à inadequação da dieta os adolescentes, são considerados um grupo de risco nutricional, proveniente do aumento das necessidades energéticas e de nutrientes para atender à demanda do crescimento. É imperativo que a promoção de hábitos saudáveis também se inicie precocemente (LUCINO, 2011). Este estudo tem como objetivo avaliar a influência das redes sociais e televisão associado aos hábitos alimentares em adolescentes com idade entre 10 à 14 anos de uma escola privada localizada no município de Caieiras, em São Paulo. ................... Metodos ......................
Este estudo caracterizou-se como exploratório, transversal. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, sob o parecer n0 32543420.4.0000.5512. Foi realizado, de maneira virtual, devido a pandemia do COVID-19, em uma escola privada, localizada no município de Caieiras, São Paulo. Foram selecionados aproximadamente 75 adolescentes de ambos os sexos, do 6º ao 8º ano do ensino fundamental II, do período da manhã.
Os critérios de inclusão foram adolescentes de ambos os sexos, com idade entre 10 à 14 anos, matriculados no ensino fundamental, especificamente no período da manhã e que se voluntariaram a participar da pesquisa. Os critérios de exclusão se encaixam a todos que não atenderam aos padrões acima estipulados e o aluno que não estava disposto a participar da pesquisa proposta, ou faltou no dia da pesquisa. Como avaliação, através da plataforma Google Sala de Aula, foram criados dois questionários: Um para verificar a frequência de utilização das mídias sociais, comparando com a alimentação, uma adaptação do questionário de Lira (2017) de duas escolas públicas do estado de São Paulo, e outro para análise dos hábitos alimentares,
uma adaptação do questionário de Lucino (2011) de uma escola pública da cidade de Fortaleza/CE. No primeiro questionário, para análise das perguntas, foram apresentados em três frequências percentuais: nunca, raramente ou as vezes e frequentemente ou sempre. No segundo questionário, o consumo dos alimentos foram apresentados em três frequências percentuais: não consomem, consomem de uma a três vezes por semana e os que consomem de mais de cinco vezes por semana. Após a coleta de dados dos questionários, foi disponibilizado uma gravação de uma palestra informativa de intervenção nutricional apresentada pelo pesquisador, com o tema ‘’Ações preventivas contra a má alimentação’’. Foi disponibilizado um panfleto informativo para os alunos.
A avaliação dos hábitos alimentares foi realizada com base nas orientações descritas no Guia Alimentar para a População Brasileira. Foi utilizado o programa Microsoft Excel versão 14.7.7: Mac 2011.
Grafico I: Percentual de consumo dos alimentos saudáveis mais de cinco vezes por semana de acordo com o sexo. Grafico II: Percentual de consumo dos alimentos não saudáveis por semana de acordo com o sexo.
........ Resultados e Discussões ..........
Dos 75 alunos previstos para compor a amostra, apenas 56 responderam os questionários da pesquisa, seguido pelos critérios de exclusão. Verificou-se que a maioria dos adolescentes são do sexo feminino (73%), e todos com idade média de 12,3 anos. Na análise dos hábitos alimentares, com os alimentos saudáveis, 95% das meninas e 93% dos meninos consomem arroz e 61% das meninas e 47% dos meninos consomem feijão mais de cinco vezes por semana. Nas frutas, legumes e verduras, 56% das meninas e 60% dos meninos consomem mais de cinco vezes por semana. Em relação ao consumo de refrigerantes, 73% dos alunos bebem de uma a três vezes por semana, 20% bebem mais de cinco vezes por semana e apenas 7% não consomem. No consumo de salgados, 73% dos meninos e 76% das meninas consomem de uma a três vezes por semana, 13% dos meninos e 17% das meninas não consomem e
Gráfico III. Percentual de utilização das mídias sociais associado a influência no comportamento alimentar, em Caieiras, SP.
apenas 13% dos meninos e 7% das meninas consomem mais de cinco vezes por semana. Nos doces, a maioria consome de uma a três vezes por semana (93% meninos e 78% meninas) e o restante dos alunos (7% meninos e 22% meninas) consomem mais de cinco vezes por semana. A frequência de utilização das redes sociais em geral e televisão, a maioria dos alunos respondeu que utilizam sempre ou frequentemente redes sociais (88%) e televisão (68%) e alguns responderam que usam as vezes ou raramente, 11% e 32 %, respectivamente. Na realização de refeições em frente a televisão ou celular, 38% dos alunos responderam sempre ou frequentemente, 45% as vezes ou raramente e apenas 18% dos alunos nunca fazem isso. Em relação a seguir conteúdos sobre dieta e alimentação saudável, metade dos alunos responderam que nunca seguiram (50%), e apenas 16% seguem frequentemente ou sempre. No caso de já fazer uma dieta ou seguir recomendações feitas pelas redes sociais, 57% dos alunos nunca fizeram, 36% responderam as vezes ou raramente e apenas 7% frequentemente ou sempre. ................ Discussão .......................
Ao analisar a frequência do consumo alimentar dos adolescentes, Rocha et al. (2018), observou-se resultados similares do artigo em estudo com adolescentes com 13 a 15 anos, onde os alimentos mais consumidos diariamente pelos adolescentes foram arroz (68,6%) e feijão (60%) (ROCHA, 2018). O consumo de doces, salgados e refrigerantes teve um alto consumo, resultados parecidos com estudo de uma escola pública com adolescentes de Muriaé, Minas Gerais, onde 56% consumiam refrigerante semanalmente e 58% consumiam doces diariamente (REZENDE, 2015). Os adolescentes constituem o grupo etário que mais apresenta um estado nutricional deficiente e desequilibrado (OLIVEIRA, 2011). A frequência da utilização de televisão por parte dos adolescentes foi considerada alta, resultados parecidos com a pesquisa da PeNSE, que apontaram elevada a proporção de estudantes que passam duas ou mais horas em frente à TV, cerca de 80% nas duas edições da pesquisa, não sendo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) (SOUSA, 2019). A frequência da utilização das redes sociais por adolescentes no Brasil, de acordo com a Unicef (2013) e Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística (Ibope), foi de 64% que relatou fazer uso todos os dias. Esta dependência nos meios de comunicação pode afetar o desenvolvimento do adolescente e seu comportamento alimentar (COPETTI, 2018). Rocha et al. (2018), Observou em estudo com adolescentes com 13 a 15 anos, que o costume de comer assistindo TV, mexendo no celular ou estudando diariamente foi relatado por 37,1% dos adolescentes, resultado semelhante do artigo presente. Pesquisadores mostram que o maior tempo em frente a televisão contribua para o ganho de peso, devido ao menor gasto energético, como também do aumento do consumo de alimentos de alto teor calórico (ENES, 2016). O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que a prevalência de excesso de peso aumentou, e que em adolescentes entre 10 e 19 anos, alcançou 21,7% entre meninos e 19,4% entre as meninas (SOUSA, 2019). A mídia social é um mecanismo eficaz para fornecer ou complementar intervenções de saúde direcionadas a adolescentes (THOMAS, 2020), e um estudo recente mostra que 67,7% das imagens postadas por adolescentes
nas mídias sociais eram de lanches/salgados (SHARPS, 2019), sendo ineficazes para mostrar uma adequação de alimentação saudável e qualidade de vida, apesar do estudo mostrar que mais da metade dos adolescentes (57%) não seguem recomendações das redes sociais.
O artigo presente evidenciou a importância da análise dos hábitos alimentares dos adolescentes, possibilitando a identificação no consumo de hábitos alimentares não saudáveis, tendo relação com as mídias sociais, onde a alta frequência de utilização, faz com que a maioria dos adolescentes façam sempre ou as vezes refeição em frente a televisão ou celular, sendo prejudicial para um adequado comportamento alimentar.
Sobre os autores
Dr. Leonardo Finzch Silva – Nutricionista pela Universidade Paulista - UNIP - Campus Alphaville Profa. Dra. Juliana Gimenez Casagrande – Nutricionista. Professor Ms. orientador da Universidade Paulista - UNIP - Campus Alphaville
PALAVRAS-CHAVE: Hábito alimentar. Adolescente. Mídia social. Saúde. KEYWORDS: Food habit. Adolescent. Social media. Health REFERÊNCIAS
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MALTA, D. C. Trend of the risk and protective factors of chronic diseases in adolescents, National Adolescent School-based Health Survey (PeNSE 2009 e 2012). Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 17, n. 1, p. 77-91, 2014. OLIVEIRA, B. S.. Análise dos hábitos alimentares em escolares do ensino médio da Rede de Colégios Liceu do Ceará – 2011. 45 f. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) – Universidade Federal do Ceará, Instituto de Educação Física e Esportes, Curso de Educação Física, Fortaleza, 2011. RESENDE, F. R. Análise dos hábitos alimentares e das práticas de higiene de adolescentes de uma escola pública de Muriaé (MG). 2014. 26 f. Curso de Nutrição, Faculdade de Minas, Belo Horizonte, 2015. ROCHA, A. A. F. M. Frequência de Consumo Alimentar de Adolescentes. Universidade federal de Mato Grosso, Faculdade de Nutrição. 53 f. Cuiaba, 2018. SOUSA, J. G. Atividade Física e Hábitos Alimentares de Adolescentes Escolares: pesquisa nacional de saúde do escolar (pense), 2015. Revista Brasileira de Nutrição Esportiva, São Paulo, v. 13, n. 77, p. 87-93, fev. 2019. THOMAS, V. L. Instagram as a tool for study engagement and community building among adolescents: a social media pilot study. Digital Health, v. 6, n. 17, jan. 2020.
RECEBIDO:18/6/21 APROVADO: 20/7/21