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Editora Responsável: Juliana Maria Freitas Teixeira Brito Editor Científico: Júlio Maria Ribeiro Pupa Editora Técnica: Rosana Coelho de Alvarenga e Melo Cláudio José Borela Espeschit Evandro de Castro Melo Fernando Queiróz de Almeida José Luiz Domingues
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Sumário ARTIGOS 490 - Aspectos nutricionais relacionados à reprodução em equinos......................................................................8449 Tamires Maria dos Santos, Danyane Pereira Marques, Moisés Sena Pessoa, Flávia Oliveira Abrão Pessoa 491 - Sistemas de ordenha automáticos e manejo da alimentação ...................................................................... 8463 Vanessa Amorim Teixeira, Hilton do Carmo Diniz Neto, Luiz Gustavo Ribeiro Pereira , Lucio Carlos Gonçalves , Ângela Maria Quintão Lana 492 - Gestão de fábrica de ração animal no Brasil: revisão de literatura ............................................................ 8470 Cibele Regina Schneider, Monique Figueiredo, Elisângela de Cesaro, Simara Márcia Marcato 493 - Enzimas exógenas na alimentação de suínos .................................................................................................... 8477 Bruna Kuhn Gomes, Bruna Souza de Lima Cony, Laion Stella
Aspectos nutricionais relacionados à reprodução em equinos Revista Eletrônica Égua, garanhão, manejo alimentar, manejo reprodutivo.
1
Vol. 16, Nº 03, maio/jun de 2019 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
Tamires Maria dos Santos 1 Danyane Pereira Marques 2 Moisés Sena Pessoa 2* Flávia Oliveira Abrão Pessoa 1 Graduada em Zootecnia pelo Instituto Federal Goiano / IF Goiano, Ceres – GO. 2 Docente pelo Instituto Federal Goiano / IF Goiano, Ceres - GO. *E-mail: flavia.abrao@ifgoiano.edu.br.
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
RESUMO As necessidades nutricionais dos equinos podem
NUTRITIONAL ASPECTS RELATED TO REPRODUCTION IN EQUINE
variar conforme seu estado fisiológico: manutenção, reprodução, gestação, lactação, crescimento ou
ABSTRACT
exercício. Na reprodução, a principal preocupação
The nutritional requirements of horses may vary
prende-se com a alimentação da égua, se tornando
according to their physiological state: maintenance,
essencial que a égua apresente uma boa condição
reproduction, gestation, lactation, growth or exercise.
corporal
ser
In breeding, the main concern is feeding the mare,
inseminada, dado que a taxa de concepção pode ser
making it essential for the mare to have a good body
influenciada
O
condition before being mated or inseminated, since
fornecimento de alimentos de forma imprópria, além
the rate of conception can be influenced by that body
de afetar de forma negativa o desenvolvimento
state. Improper food supply, in addition to adversely
ósseo,
affecting
antes
de
por
promove
receber esse
outras
a
monta
estado
ou
corporal.
consequências,
como
bone
development,
promotes
other
aprumos deficientes por excesso de peso e estimula
consequences, such as deficient weight loss and
a ocorrência de cólicas, bem como drásticas
encourages the occurrence of colic, as well as drastic
consequências à reprodução desses animais. A
consequences for the reproduction of these animals.
espécie equina foi considerada por muito tempo
The equine species was considered for a long time
como a de menor fertilidade entre as espécies
as the lowest fertility among domestic species, which
domésticas, o que foi atribuído a características de
was attributed to selection characteristics and
seleção
problems
e
problemas
relacionados
ao
manejo
related
to
reproductive
management.
reprodutivo, contudo o desenvolvimento de novas
However, the development of new reproductive
técnicas
inseminação,
techniques such as insemination allowed the best
possibilitou o melhor aproveitamento dos animais,
use of the animals, making it possible to accelerate
tornando possível acelerar o aprimoramento das
the improvement of breeds and their crosses.
raças e seus cruzamentos.
Keyword: mare, stallion, feeding management,
Palavras-chave: conservação de forragem, ensila-
reproductive management.
reprodutivas
como
gem, potencial forrageiro, silagem.
8449
a
Artigo 490 – Aspectos nutricionais relacionados à reprodução em equinos
INTRODUÇÃO
A quantidade de alimentos ingerida por um cavalo
A indústria da equideocultura exerce relevante papel
pode oscilar conforme o teor de matéria seca (MS)
no cenário mundial, pois tem se tornado grande
dos
geradora de renda e empregos, sendo responsável
desempenho, o estado fisiológico e o nível de
pela
mil
atividade física praticada (RIBEIRO et al., 2009),
empregos diretos e 3,2 milhões de empregos
podendo variar de 1,5% a 3,0% do peso vivo do
indiretos (NRC, 2007). Sabe-se que no Brasil, o
animal em teor de matéria seca (NRC, 2007). Além
rebanho é estimado em 8,5 milhões de equinos e 1,2
dos diferentes atributos existentes entre as diversas
milhões de muares e jumentos (DITTRICH, 2009).
raças, devem-se levar em conta os níveis de
geração
de
aproximadamente
600
alimentos,
o
peso
vivo
do
animal,
o
atividade física, idade, clima, sexo, composição Os cavalos são herbívoros, não ruminantes e
corporal, dentre outros fatores (CASEY, 2002;
possuem aparelho digestório adaptado a dietas
MARQUES, 2017).
compreendendo alto nível de fibra (GOODWIN, 2002), quando livres, podem pastejar por até 16
A espécie equina apresenta algumas peculiaridades
horas
em
diárias.
Além
disso,
apresentam
forte
relação
às
demais
espécies
domésticas,
seletividade e predileção por folhas escuras, colmos
apresentando baixo índice de fertilidade (SÁ, 2017) e
e brotos de gramíneas de pequeno porte. Também
sendo pouco prolífica. Pode-se citar como fatores
ramoneiam uma ampla variedade de herbáceas,
que corroboram a esse fato, a reprodução apenas ao
ciperáceas, arbustos e árvores (DAVIDSON &
redor dos três anos, 11 meses de gestação
HARRIS, 2002).
(cruzamento com cavalo ou 12 meses, cruzamento com jumento), apenas uma cria por gestação e a
A falta de alimentação fibrosa ministrada ao longo do
ocorrência
dia pode causar obesidade, laminite, cólica, entre
excedendo 15% em alguns casos (RODRIGUES et
outras enfermidades nos equinos. Após restrição
al., 2017).
comum
de
reabsorção
e
abortos,
alimentar de 12 a 24 horas, é observado acúmulo de conteúdo
ácido
sobre
a
região
glandular
do
Considerado durante muito tempo como a de menor
estômago, acometendo os animais com gastrites
fertilidade
leves a moderadas, acompanhadas ou não de
domésticas, o que foi atribuído a características de
sangramento (CINTRA, 2010).
seleção e
problemas
reprodutivo
(LIRA
em
comparação
et
com
as
relacionados al.,
espécies
ao manejo
2009),
entretanto,
Além disso, encontram-se relatos na literatura
biotecnologias da reprodução como a transferência
científica
mais
de embrião e a inseminação artificial têm se
susceptíveis aos distúrbios estomacais do que
destacado nas últimas décadas pelo seu avanço
aqueles a campo. Dessa forma, quando realizada, a
comercial e científico, permitindo melhores índices
restrição alimentar deve ser conduzida com cautela
zootécnicos. O êxito na reprodução equina depende
e não ultrapassar 18 horas (SILVA et al., 2013).
do
que
animais
estabulados
são
conhecimento
da
anatomia
e
fisiologia
reprodutiva, endocrinologia, conduta de criação, Quando em confinamento, o volumoso deve ser ofertado à vontade, e, em maior volume ao final do
manejo sanitário e realização de um manejo alimentar correto (RODRIGUES et al., 2017).
dia. A formulação do concentrado deve considerar as exigências nutricionais da categoria e função e,
O objetivo com este trabalho é realizar uma revisão
deve ser fornecida com intervalo de pelo menos
bibliográfica
duas horas após a oferta do volumoso.
nutrição de equinos e fatores associados com a
As
mudanças na dieta devem ser feitas de forma
ressaltando
aspectos
relevantes
à
reprodução.
gradual para evitar transtornos gastrointestinais, como cólica, diarreia, e metabólicos. Os excessos
REVISÃO DE LITERATURA
alimentares além de causar obesidade podem
Fisiologia reprodutiva
promover problemas reprodutivos e problemas de
Fisiologia reprodutiva das fêmeas
cascos (CASEY, 2002). Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.16, n.3, p.8449-8462, maio/jun, 2019. ISSN: 1983-9006
8450
Artigo 490 – Aspectos nutricionais relacionados à reprodução em equinos
como
portamento do cio desaparecer. Se a inseminação
poliéstricos estacionais, por possuir sua estação
ou cobertura ocorrer de 12 a 14 horas após a
reprodutiva na primavera e no verão. Estudos
ovulação, o óvulo será muito velho para ser
apontam três fatores básicos explicam o caráter
prontamente fertilizado ou se fertilizado, falhará ao
estacional dos ciclos estrais nas éguas: a nutrição, a
desenvolver um embrião viável (LEY, 2006).
As
éguas
são
animais
classificados
temperatura e o fotoperíodo (ARRUDA, 1990). Durante o período que intermédia de 1 a 4 dias após No decorrer da transição do anestro para o poliestro
a ovulação, o estrógeno diminui e antes que o corpo
fisiológico, a égua apresenta períodos variáveis de
lúteo comece a produzir quantidades significantes de
sinais comportamentais de estro sem efetivamente
progesterona, a égua demonstra sinais equívocos de
desenvolver estruturas foliculares significantes ou
cio ou receptividade ao garanhão (MEIRA, 2007).
apresentar ovulação (LEY, 2006). A fase luteínica tem duração de 13 a 17 dias e é Em ambiente natural, períodos entre 15 e 16 horas
dominada por um corpo lúteo, pela progesterona e
de duração do dia ou de estímulo luminoso atuam
por sinais comportamentais indicando ausência de
sobre o eixo pineal-hipotalâmico-hipofisário-gonadal
receptividade à aprovação do garanhão. O corpo
para interromper a produção de melatonina. Esta,
lúteo em desenvolvimento, logo após a ovulação
quando liberada pela glândula pineal, inibe a
primária, tipicamente tem vida útil de até 85 dias. Se
produção de gonadotrofina (GnRH) no hipotálamo. A
o endométrio não liberar a prostaglandina ele
modulação da frequência e da amplitude da
continuará a produção de progesterona e não sofrerá
liberação
regressão (TESKE, 2017).
de
GnRH
pelo
hipotálamo
afeta
a
produção hipofisária e libera os hormônios folículoestimulante (FSH) e luteinizante (LH). Os receptores
Acredita-se que o reconhecimento materno da
ovarianos respondem ao FSH e ao LH induzindo ao
gestação na égua que ovula e, é coberta ou
recrutamento, à seleção e à dominância folicular
inseminada de forma correta, resulte de o embrião,
(ZAPPA, 2013).
com
livre
movimentação,
produzir
e
secretar
estrógeno que suprime a liberação endometrial de Já o ciclo estral é tipicamente definido como início
prostaglandina. Isso deve ocorrer entre os dias 12 e
com a ovulação (dia 0) e término no dia anterior a
14 após a ovulação produtiva (LOPES, 2009).
próxima ovulação. A média de intervalo entre as ovulações, para a maioria das éguas, é de 18 dias,
A égua que falha em conceber, que não foi coberta
podendo oscilar entre 12 e 24 dias. Intervalos muito
ou exposta a um garanhão ou que apresentou de
curtos ou muito longos podem ser considerados
forma precoce morte embrionária (antes de 12 a 14
anormalidade para a espécie (FARIA & GRADELA,
dias), o endométrio secreta prostaglandina que, pela
2010).
circulação sistêmica, afeta o corpo lúteo e induz à luteólise (regressão). A produção de progesterona
A fase folicular pode ter duração de 3 a 7 dias e é
declina em 4 a 40 horas seguintes e a égua começa
dominada por um ou mais folículos pré-ovulatórios
a demonstrar sinais de receptividade conforme inicia
grandes, superiores a 30 mm de diâmetro, por
o próximo ciclo estral (MEIRA, 2007).
estradiol-17β comportamentais
(estrógeno) de
cio
e ou
por
sinais
receptividade
ao
garanhão (LEY, 2006).
Fisiologia reprodutiva dos machos O aparelho reprodutor dos machos é composto pela bolsa
escrotal,
testículos,
epidídimo,
condutos
A progesterona no período do estro é tipicamente
deferentes, ampolas de vater, próstata, vesícula
menor de 1ng/mL no sangue periférico. O diâmetro
seminais, glândulas de Cowper (bulbouretral) e pênis
folicular, na ovulação varia de 30 a 70 mm, mais
(LIRA, 2009).
comum ao redor de 40 a 45 mm (MEIRA, 2013). Os cavalos são considerados reprodutores de dias A égua ovula 24 a 48 horas antes dos sinais de com8451
longos por sua atividade reprodutiva ser estimulada,
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Artigo 490 – Aspectos nutricionais relacionados à reprodução em equinos
sobretudo pelo aumento do comprimento do dia, ou
olfato e gustação, mas inclui também a sensibilidade
seja, pelo aumento do fotoperíodo, que ocorre na
e mobilidade labial, que permite ao cavalo grande
primavera. A diminuição do fotoperíodo acontece no
capacidade de selecionar os alimentos no momento
final do verão e início do outono, estimula o término
da apreensão e corte, pelos dentes incisivos,
da
sobretudo quando composta por vegetais. Estas
estação
reprodutiva.
Fatores
secundários
relacionados à primavera, como o acréscimo da
características
anatômicas
temperatura e a melhora da qualidade do alimento,
capacidade de seleção da dieta em pastagens,
antecedem o início da estação reprodutiva. Há uma
contudo há necessidade de tempo para o pastejo e
forte relação entre o fotoperíodo e a ovulação
de
(INTERVET, 2007).
velocidade de ingestão é lenta e a seleção é
diversidade
de
permitem
espécies
grande
vegetais,
pois
a
preferencialmente por folhas e brotos, os caules são O garanhão ideal seria aquele com idade de três
preteridos (HILLEBRANT & DITTRICH, 2015).
anos acima, com bom temperamento, saudável, com aparelho reprodutor funcional, oferecendo sêmen de
O esôfago dos equinos têm cerca de 1,5 metros e
qualidade (análise quantitativa e qualitativa), boa
estende-se da faringe ao estômago, cruzando o
genética
tórax e perfurando o diafragma. O alimento percorre
e
morfologia
(VENDRAMINI
&
MENDONÇA, 2011).
o esôfago por movimentos peristálticos formando anéis de constrição que se movimentam ao longo da
Ainda de acordo com Vendramini & Mendonça
parede reduzindo o lúmen e empurram o bolo
(2011), o comportamento normal do garanhão na
alimentar por ação dos músculos circulares, adiante
cobertura é: aproximação; corteja encontro de
pode
focinhos e cheirando a região perivulvar, relinchado,
longitudinais aumentando o tamanho do lúmen para
reflexo de Flehmen; exposição do pênis e inicio da
que o bolo alimentar possa seguir. Chegando à
ereção; ocorre a monta; garanhão introduz o pênis;
porção distal do esôfago o esfíncter inferior se abre e
ejaculação (sapateia no mesmo local cauda em
a
bandeira); relaxamento e descida.
(CUNNINGHAM, 2009).
Segundo McDonnell (2009) a maioria dos animais
O esôfago entra no estômago de maneira oblíqua
apresenta ereção em até 2 minutos e realizam a
pelo esfíncter cárdia, o estômago possui três regiões
monta 5-10 segundos após ereção. Assim, os
(região fúndica, região de saco cego e região
garanhões normalmente ejaculam posteriormente a
pilórica) e se liga ao duodeno através do esfíncter
primeira monta, tendo uma duração total desde o
piloro, esses esfíncteres são bastante desenvolvidos
cortejo a cópula que varia de 2-5 minutos.
e se encontram próximos, sendo que a cárdia realiza
haver
matéria
o
relaxamento
ingerida
entra
dos
no
músculos
estômago
fechamento hermético impedindo a regurgitação. O Um garanhão normal possui um par de ampolas, um
estômago destes animais é relativamente pequeno,
par
próstata
em forma de feijão, com capacidade de 15 a 20 litros
bilobulada e um par de glândulas bulbo uretrais.
e podendo aumentar ligeiramente para adaptação ao
Estas estruturas funcionam aumentando o volume
regime, podendo ser preenchido até 2/3 de seu
de fluidos, enzimas, aminoácidos e tampões no
tamanho (THOMASSIAN, 2005).
de
ejaculado
glândulas
vesiculares,
(OLIVEIRA,
2014).
uma
Anteriormente
chamada de vesículas seminais, as glândulas
O comprimento do intestino delgado é de cerca de
vesiculares tiveram a terminologia modificada em
20 metros sendo dividido em duodeno, jejuno e íleo.
equinos por não serem sítio de armazenamento
A mucosa apresenta vilosidades de 0,5 a 1 mm,
espermático nesta espécie (AMANN, 2011).
revestidas por células epiteliais cilíndricas as quais possuem projeções filiformes (micro vilosidades) o
Anatomia fisiologia do aparelho digestório de
que aumenta a superfície para absorção, além de
equinos aplicadas ao manejo alimentar
células caliciformes responsáveis pela secreção de
A seleção do alimento não é somente pela visão,
muco e glândulas que secretam suco entérico.
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Artigo 490 – Aspectos nutricionais relacionados à reprodução em equinos
Abaixo da mucosa localiza-se a camada muscular
no intestino grosso.
lisa que é responsável pelo peristaltismo, os movimentos servem tanto para misturar o conteúdo
O intestino grosso do cavalo é uma das estruturas de
como também para propulsão através de contrações
maior
rítmicas em sentido craniocaudal, a velocidade é de
presença
cerca de 20 cm por minuto. Após aproximadamente
fermentação das fibras e dos nutrientes não
15 cm da saída do estômago localiza-se o divertículo
absorvidos
duodenal onde desembocam sucos pancreáticos e
aproximadamente 7 metros de comprimento, dividido
hepáticos (HILLEBRANT & DITTRICH, 2015).
em ceco, cólon e reto (CUNNINGHAM, 2009).
O pâncreas produz secreção contínua, porém com
O intestino grosso possui alta motilidade em
baixa concentração de enzimas. A secreção equivale
diferentes
de 5 a 10% de seu peso vivo e além das enzimas
movimentos tem ação de mistura e transporte do
possui grande quantidade de álcalis e bicarbonato
alimento, além de manter o conteúdo em estado
para neutralização dos ácidos produzidos no cólon,
homogêneo
sendo que o pH depois da adição dessa secreção
Aproximadamente uma vez a cada três ou quatro
aumenta para 6,5 no jejuno e íleo (com alimentos
minutos, há uma forte contração que empurra o
ricos em fibras pode subir para mais de 7) (BRANDI
alimento. Existe entre o ceco e o cólon uma estrutura
& FURTADO, 2009).
chamada válvula ceco-cólica, a utilização de fibras
relevância do trato digestivo, onde há de
microrganismos no
intestino
seguimentos,
(DITTRICH
realizam
delgado.
a
&
que
maior
Mede
parte
CARVALHO,
a
dos
2015).
de baixa qualidade, muito lignificada faz com que Os equinos não possuem vesícula biliar, dessa
essa fibra fique no ceco por um período maior e pela
forma, a liberação de bile é constante, característica
motilidade forma-se um emaranhado que pode
evolutiva relacionada ao hábito desse animal em se
obstruir
alimentar constantemente. A bile impulsiona a
patológicos no aparelho digestório. Esta estrutura
gordura presente na dieta para ação digestiva da
formada pelas fibras é denominada de fito bezoar
lipase. A digestão química no intestino delgado
(VENDRAMINI et al., 2014).
a
válvula
e
desencadear
processos
ocorre por meio da ação de enzimas que partem o alimento em partículas menores por hidrólise,
A absorção dos nutrientes ao longo do intestino se
adicionando uma molécula de água a estrutura
dá por meio de co-transporte, principalmente de
(INTERVET, 2007).
sódio. O potássio é absorvido por difusão passiva, o magnésio e o fósforo são absorvidos por difusão
Os minerais absorvidos são aqueles que serão
facilitada através de gradiente de concentração, o
liberados
digestão
cálcio é mais absorvido no intestino delgado e o
enzimática ou os que já estão livres. Quanto maior a
fósforo no intestino grosso, devido o fósforo ser
quantidade de conteúdo celular na dieta, maior será
presente em maior quantidade na dieta e está
a absorção de minerais, tanto os macro elementos
associado à parede celular na forma de fitato. A
como o cálcio, fósforo, magnésio, cloro, potássio,
água é absorvida em todo intestino por osmose
sódio, enxofre, ou microelementos como o iodo,
(HILLEBRANT & DITTRICH, 2015).
das
macromoléculas
pela
ferro, manganês, selênio e zinco (CINTRA, 2011). Os alimentos volumosos de qualidade, compostos Conforme CINTRA, o mesmo pode ser aplicado às
por células vegetais das folhas, são de suma
vitaminas presentes na dieta, pois o conteúdo celular
importância
dos vegetais apresenta quantidades satisfatórias de
possibilitar uma mastigação mais demorada e
vitaminas A, D, E, K, Tiamina (B1), Riboflavina,
vigorosa, para o correto desgaste dentário, evitando
Niacina, Biotina e Ácido Fólico para absorção e
o surgimento de anormalidades na cavidade bucal
aproveitamento. Outras vitaminas como a B12,
(DITTRICH & CARVALHO, 2015), além de garantir o
Ácidos
funcionamento intestinal, a absorção de nutrientes e
Pantatênico e B6 são disponibilizadas
através do processo fermentativo natural que ocorre
8453
na
alimentação
do
cavalo,
por
a multiplicação dos microrganismos desejáveis no
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Artigo 490 – Aspectos nutricionais relacionados à reprodução em equinos
intestino
grosso.
O
oferecimento
alimento
A atividade reprodutiva não requer aumento dos
volumoso de qualidade em cocheiras mantém os
nutrientes, exceto de energia. O aumento da
animais ocupados e evita vícios de estábulo, além de
necessidade de energia nesta fase ocorre por conta
promover o bem-estar e diminui os riscos de
das atividades físicas que acompanham a época da
distúrbios
reprodução (MENDES, 2011).
digestivos.
Os
de
alimentos
volumosos
devem ser de boa qualidade, pouco lignificados, a utilização de alimentos concentrados deve servir
Conforme a qualidade do alimento volumoso é
apenas
houver
possível diminuir a quantidade de ração necessária
necessidade e não deve ultrapassar 50% da dieta
para suprir as exigências nutricionais. O garanhão
total em matéria seca (DITTRICH et al., 2010).
necessita de 1,5 a 2 Kg de volumoso de boa
como
suplementação
quando
qualidade para cada 100 kg de peso vivo por dia Manejo alimentar de éguas e garanhões
(ALVES,
A alimentação é fundamental para a criação, seja na
suplementação da dieta pode variar de 1 a 3
forma de pastagem de boa qualidade, fenos ou
kg/animal/dia, devendo ser dividia em duas vezes/dia
rações concentradas. O fornecimento de alimentos
(MARQUES, 2017). Ainda deve ser fornecido sal
de forma inadequada, além de afetar negativamente
mineralizado, na quantidade de 60 a 100g/dia
o
durante todo o ano e água de boa qualidade à
desenvolvimento
ósseo,
promove
aprumos
deficientes por excesso de peso e estimula a ocorrência
de
consequências
cólicas, à
bem
reprodução
como
drásticas
desses
animais
2015).
O
concentrado
para
a
vontade (AFONSO et al., 2010). As necessidades de matéria seca (MS) variam conforme o peso corporal do animal, sendo divididas
(MARQUES, 2017).
em abaixo e acima de 650 kg de peso vivo (PV), O
conhecimento das
e
devido a conversão alimentar e as necessidades
fisiológicas garante um manejo alimentar de forma
alimentares dos animais mais pesados serem
mais adequada da espécie. Portanto, é relevante
proporcionalmente menores que as de animais mais
destacar
leves, em razão do metabolismo mais lento, o que
que
os
estruturas
equinos
anatômicas
têm
estômago
relativamente pequeno, e alimentos em excesso
propicia
pode causar distensão, aparecimento de cólicas ou
ofertados (CINTRA, 2016). Para um garanhão com
dores abdominais, fermentação e transtornos como
média de 400 kg de PV, as necessidades de MS
diarreias (MENDES, 2011).
variam entre 6,8 a 8,4kg de MS e com média de
melhor
aproveitamento
dos
nutrientes
peso de 700 kg de peso vivo, as necessidades de Ainda de acordo com MENDES, os alimentos à base
MS são entre 11,9 a 14,7kg de MS (NRC, 2007).
de grãos devem ser oferecidos em no mínimo duas vezes ao dia, para que o alimento possa ser
As necessidades energéticas dos garanhões em
digerido. É altamente recomendável que os equinos
manutenção são as mesmas para quaisquer animais
consumam quantidades suficientes de forragem para
nessas condições. Em período de estação de monta,
minimizar as disfunções digestivas, frequentemente
a função reprodutora é relativamente pouco exigente
atribuídas à alimentação com grande quantidade de
em energia, sendo 15% acima da manutenção em
concentrados.
animais em monta leve, em valores de energia digestível, 25% em animais em monta média e 35%
Alimentação
de
garanhões
e
necessidades
acima
da
manutenção
em
monta
intensa,
nutricionais
semelhante a um animal em trabalho leve a médio,
A dieta de garanhões em serviço (cobertura ou
mas é necessário um excelente equilíbrio alimentar.
coleta de sêmen) mantidos na cocheira ou em
Pode-se considerar em monta leve animais que
piquetes deve conter aproximadamente 10% de
realizam de 1 a 2 saltos por semana, em monta
proteína bruta (PB). O requerimento proteico está
média, de 3 a 5 saltos por semana, e em monta
diretamente ligado à raça e ao peso do garanhão, e
intensa,
à qualidade e digestibilidade da proteína disponível.
(VENDRAMINI & MENDONÇA, 2011).
acima
de
cinco
saltos
por
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semana
8454
Artigo 490 – Aspectos nutricionais relacionados à reprodução em equinos
O excesso de peso também afeta a fertilidade,
três últimos meses de gestação é essencial para que
ocorrendo diminuição no nível hormonal e na libido
o parto transcorra normalmente. Uma égua com
por fixação dos hormônios sexuais no tecido
excesso de peso poderá ter dificuldade durante o
adiposo. Por outro lado, a perda de peso afeta certos
trabalho de parto e uma égua mal alimentada pode
garanhões muito nervosos, que perdem o apetite. É
não ter as contrações adequadas. A má nutrição de
necessário ofertar alimentação concentrada e variar
éguas no terço final da gestação quer seja por
o regime alimentar para manter um bom estado
deficiência ou por excesso de nutrientes, refletirá no
corpóreo, vigoroso e com boa qualidade de sêmen
peso do potro ao nascer e na qualidade do colostro e
(ARRUDA, 2009).
do leite, podendo interferir no tamanho do cavalo adulto (CINTRA, 2016).
As necessidades proteicas são um pouco a mais se comparada
às
20%
Aproximadamente metade da energia consumida
reprodutiva,
pelas éguas em reprodução por meio da alimentação
segundo o NRC (2007), e um pouco maiores,
é destinada ao metabolismo basal, sendo o restante
segundo o INRA (1990), para ativar a produção das
reservado para o crescimento e o desenvolvimento
glândulas sexuais. Entretanto, os excessos são
do potro, seja no período intrauterino ou pelo leite,
prejudiciais, pois aumentam a reabsorção intestinal
no período lactente (AZEVEDO, 2013).
independentemente
de
manutenção, da
atividade
em
de aminas, podendo contribuir para alterar a vigor e A má nutrição é um dos maiores responsáveis pela
a sobrevida dos espermatozoides.
infertilidade da égua, mas é comum os criadores Referente às necessidades minerais destaca-se a
subestimarem
necessidade de uma complementação mineral para
reprodutoras têm quatro ciclos nutricionais bem
evitar carências de fósforo, zinco, manganês, cobre,
distintos, sendo dois durante a gestação e dois
iodo e selênio, que são importantes para a fertilidade
durante a lactação. Quando ocorre déficit na
e,
forragens.
alimentação no período gestacional, podem surgir
Atendendo as demandas de minerais em animais de
problemas na ovulação, como cio não fértil, na
manutenção, apenas a disponibilidade de sal mineral
nidação (fixação do embrião na parede uterina), no
específico para equinos de boa qualidade e com livre
desenvolvimento da gestação e, consequentemente,
acesso é suficiente (BRANDI & FURTADO, 2009).
na viabilidade do feto. Se o déficit nutricional for por
normalmente,
deficientes
nas
a
sua
importância.
As
éguas
um período prolongado ou muito intenso, podem A suplementação vitamínica compõe-se, em primeiro
ocorrem abortos, que predispõem a complicações
lugar, de vitamina A, que garante a integridade do
infecciosas que comprometem a fertilidade, e ao
epitélio germinal. A vitamina E é importante para a
nascimento de prematuros ou de potros fracos,
fertilidade pela proteção antioxidante dos ácidos
pouco
graxos essenciais e da vitamina A. O restante do
natimortalidade (LEWIS, 2000).
resistentes,
que
ficam
sujeitos
à
complexo vitamínico é essencial para o bom equilíbrio do organismo do garanhão. De acordo
Período gestacional
com o NRC, algumas vitaminas são designadas
No período de gestação, a égua deverá ganhar de
como “não determinadas” (nd), pois considera que
13 a 18% de peso, desde que esteja, já no início da
não há necessidade de suplementação. No caso da
gestação, em seu estado corporal ótimo. Esse ganho
vitamina C, sintetizada pelo fígado, e da biotina,
é dividido de 3 a 5% na primeira fase (até o oitavo
disponibilizada em alguns alimentos e sintetizada
mês de gestação) e 10 a 13% na fase final (terço
pela flora bacteriana, em condições normais, não há
final da gestação) (LEY, 2006).
necessidade de suplementação, por isso constam como “nd” (CINTRA, 2016).
A égua tem necessidades pouco superiores à manutenção no início da gestação e no final da
Alimentação de fêmeas
lactação,
Uma alimentação equilibrada da égua durante os
gestação e muito acentuadas, sobretudo energéticas,
8455
especialmente
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proteicas
no
final
da
Artigo 490 – Aspectos nutricionais relacionados à reprodução em equinos
no início da lactação. O fornecimento de minerais e
tamanho do feto nesse período. A alimentação fetal
vitaminas por todo o período de gestação/lactação é
é prioritária em relação à da mãe, ao contrário ao
fundamental para garantir o bom crescimento ósseo
que ocorre no início da gestação: está sendo
do potro. Tanto deficiências proteicas na lactação
definido todo o “futuro potencial” do potro, isto é,
como excessos energéticos levarão a uma queda na
todo o potencial genético de crescimento do potro é
produção leiteira, com consequente diminuição no
preparado nessa fase (VENDRIMINI & MENDONÇA,
crescimento e no desenvolvimento do potro neonato
2011).
(VENDRAMINI & MENDONÇA, 2011). Nesse período, a égua deve adquirir uma reserva A manutenção de uma égua apenas a pasto, sem
corpórea para que, no início da lactação, não ocorra
fornecimento de complementos nutricionais, não
uma perda de peso excessiva decorrente das
impedirá a gestação ou mesmo o parto e o
elevadas necessidades energéticas dessa fase
crescimento do potro, porém o mesmo não terá todo
(VIEIRA, 2015).
o seu potencial genético exteriorizado, tendo um crescimento e um desenvolvimento menor do que
O bom estado corporal da fêmea no momento do
teria se o aporte de nutrientes fosse feito da maneira
parto é uma garantia do nascimento de um potro
mais equilibrada possível (CINTRA, 2011).
saudável e com ótimo desenvolvimento pós-natal. Uma complementação concentrada adequada no
Se, no período final da gestação (acima de sete
final
meses), o animal estiver em um ótimo estado
compensar a perda de apetite momentos antes do
corporal, haverá uma melhor maturidade do feto,
parto, possibilitando manter o estado corporal ideais,
maior qualidade do colostro, acréscimo na produção
estimular o desenvolvimento fetal, assegurando o
leiteira e da atividade ovariana, favorecendo uma
nascimento de um potro saudável e maduro, ativar a
nova gestação. Por outro lado, o fornecimento
produção de imunoglobulinas para a produção do
exagerado de alimentos para a égua no terço final da
colostro de excelente qualidade, que cause ótima
gestação,
peso,
proteção anti-infecciosa para o potro, e promover
perda
uma produção leiteira favorável ao crescimento
parto,
inicial do potro (UnB, 2009).
com
proporcionará, demasiada
de
excesso
no
ganho
momento
peso
e
do
de parto,
dificuldade
no
da
gestação
apresenta
vantagens
para
ocasionando o nascimento de um potro frágil e uma queda na produção leiteira e consequentemente
A
prejuízo reprodutivo subsequente (LEWIS, 2000).
dependendo do volumoso utilizado, pode ser de 15 a
quantidade
de
proteína
do
concentrado,
16%, e a energia mediana, sendo o extrato etéreo Do 1º ao 8º mês: Após a fecundação, a égua deve
variável de 3 a 5% (SILVA et al., 2013).
manter seu peso corporal, ou se estiver abaixo do escore indicado, ganhar peso. As necessidades da
Período de lactação
mãe são pouco superiores às de manutenção, sendo
Alimentação de éguas em lactação é dividida em
necessário de 1,4 a 1,7% de matéria seca (MS) em
duas fases: Início da lactação (1º ao 3º mês) - Os
relação ao peso do animal. Nessa fase, acontece um
aportes alimentares para a égua em início de
crescimento de cerca de 30% do tamanho do feto.
lactação são maiores que no período de gestação.
Um volumoso de ótima qualidade, água fresca e
Com relação a seu peso, essa categoria tem uma
limpa à vontade, mineralização adequada e um
necessidade de 2,3 a 3% de MS, sendo a categoria
mínimo de concentrado de qualidade são suficientes
com maior exigência no consumo de alimentos
para suprir suas necessidades nesse período
(VENDRIMINI & MENDONÇA, 2011).
(VENDRIMINI & MENDONÇA, 2011). Um equilíbrio alimentar, que ofereça ao animal as Do 9º ao 11º mês: Nessa fase, ocorre um aumento
quantidades
considerável
nutrientes, deve ser adequado ao seu estado físico e
em
relação
às
necessidades
nutricionais da égua. Há um crescimento de 70% do
e
as
qualidades
necessárias
de
à sua produção leiteira e propiciar a manutenção de
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Artigo 490- Aspectos nutricionais relacionados à reprodução em equinos
um peso corporal próximo do ótimo, que favoreça a
os fatores que fazem variar estas necessidades, tais
sua fertilidade (SILVA, 2015).
como o peso vivo (o qual está associado à raça), as condições climáticas da região, a condição corporal
As exigências energéticas estão superiores, pois a
do
animal,
o
estado
égua é uma excelente produtora leiteira. As éguas
(VALLENTINE, 2001).
fisiológico,
entre
outros
de raças medianas (manga larga, quarto de milha, campolina etc.) produzem em média 15 a 17L de
Se
tratando
da
fase
reprodutiva,
a
principal
leite por dia, podendo chegar a picos de 20 a 22L,
preocupação se dá com a alimentação da égua. Na
enquanto as raças de tração pesada (bretão,
época de reprodução é essencial que a égua
percheron) chegam a 25L diários, podendo ter picos
apresente uma boa condição corporal antes de ser
de 30 a 32L (LIMA et al., 2006).
montada ou inseminada, considerando que a taxa de concepção pode ser influenciada por esse estado
A
suplementação
com
concentrados
se
faz
corporal (CHEEKE, 1991).
necessária, pois, a égua pode estar prenhe nessa função:
Uma égua vazia ou no início da gestação é
manutenção, lactação e nova gestação (SILVA,
considerada como tendo apenas necessidades de
2015).
manutenção. Quando prenha, é necessário apenas
fase.
Portanto,
a
égua
tem
tripla
um aumento da ingestão durante o terço final da A quantidade de proteína do concentrado pode
gestação devido ao aumento dramático do peso do
variar entre 15 e 16% de PB, lembrando sempre
feto e, logo, das suas necessidades (BARBOSA,
que, quanto maior a proteína e a energia do
2015).
concentrado, menor poderá ser a inclusão de concentrado na dieta. Nessa fase, o potro é nutrido
Éguas magras e não lactantes devem receber um
basicamente pelo leite, apesar de ingerir volumoso e
reforço na dieta, que pode traduzir em mais um a
até ração. Quanto mais leite a égua produzir, melhor
dois kg de concentrado por dia, durante duas a três
será o crescimento e o desenvolvimento do potro
semanas antes da cobertura, para que desta forma a
(RIBEIRO et al., 2009).
eficácia
da
reprodução
seja
mais
elevada
(CALDEIRA, 2013). Final da lactação (4º ao 6º mês) - As necessidades das fêmeas caem drasticamente. Nesse período, a produção leiteira reduz-se quase à metade do início da lactação e o potro já está se alimentando de volumoso, que suprem parte de suas necessidades (VENDRIMINI & MENDONÇA, 2011). As
necessidades
de
matéria
seca
(MS)
são
e acima de 650 kg de PV, pois a conversão animais
e
as
mais
necessidades pesados
são
alimentares
dos
proporcionalmente
menores que as de animais mais leves, em virtude do metabolismo mais lento, que propicia melhor aproveitamento dos nutrientes ofertados (MILLS & NANKERVIS, 2005).
vários
sistemas
de atividade física, que pode ocasionar retardamento na expulsão do feto e da placenta. Entretanto, a ou
falhas
alimentares
dificultam
a
concepção assim como comprometem o crescimento do feto, prejudicando o seu desenvolvimento pósparto, tanto em função da fraqueza ao nascimento como da baixa produção de leite materno (MENDES, 2011). A quantidade e qualidade do suplemento alimentar (concentrado e volumoso) a ser ofertada na dieta dos equinos dependem do que é suprido pelas recomendável, pois as exigências nutricionais são
para
expressar
as
necessidades nutricionais dos equinos e são vários 8457
em virtude da diminuição do tônus muscular por falta
pastagens. O fornecimento de ração individual é
Influência da alimentação na reprodução Existem
éguas, o que pode causar dificuldades durante parto,
deficiência
separadas de acordo com o peso do animal, abaixo alimentar
Na prenhez é comum à superalimentação das
variáveis (SANTOS et al., 2016). A capacidade de ingestão da égua aumenta de
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Artigo 490 – Aspectos nutricionais relacionados à reprodução em equinos
acordo com o aumento das necessidades próprias
mentos no terço final de gestação e durante a
das fases de gestação e lactação, pelo que é,
lactação.
essencialmente, a partir do parto que a ingestão aumenta bastante (2,5 kg MS/ 100 kg PV para 3,0 a
Deficiências alimentares
10,3 kg MS/ 100 kg PV), pois até lá estava limitada
Segundo Bondi (1987), a subnutrição em fêmeas
pela compressão do útero sobre os compartimentos
maduras sexualmente, pode impedir a ocorrência de
gastrointestinais (INRA, 2012).
ovulação ou mesmo a fecundação do óvulo, podendo ainda ter um efeito negativo na taxa de
Em condições onde as pastagens encontram-se
mortalidade embrionária precoce. Uma nutrição
secas ou impróprias para equinos, e dependendo
imprópria
das condições físicas das fêmeas, recomenda-se
puberdade, provocar o anestro e prolongar o anestro
fornecer de 0,5 a 0,75 kg de ração/100 kg de peso
pós-parto (GODKE & CARTMILL, 2002).
vivo/animal/dia.
A
suplementação
tem
também
pode
atrasar
o
início
da
maior
importância no início da lactação, que coincide com
A baixa condição corporal da égua pode conduzir a
o primeiro terço da gestação e nos últimos três
um
meses de gestação (SILVA et al., 1998).
(DAVIS
estado &
sazonal GODKE,
não-ovulatório 2002),
consistente
embora,
possam
demonstrar um comportamento de cio junto ao Como ocorre crescimento fetal no terço final da
garanhão (GENTRY et al., 2002).
gestação, a massa uterina ocupa a maior parte da cavidade abdominal da égua, dificultando a ingestão
Ainda de acordo com Gentry et al. (2002), éguas
de
com baixo escore corporal têm baixas concentrações
alimentos
exigências
necessários
nutricionais.
para
atender
Portanto,
já
suas
que
a
quantidade dos alimentos ingeridos nesta fase é menor,
estes
devem
ser
de
boa
de progesterona, fraca atividade folicular e podem ficar em anestro durante 6 a 7 meses.
qualidade,
atendendo as necessidades nutricionais (SATUÉ et
Baixos níveis de ingestão proteica podem atrasar a
al., 2011).
entrada na puberdade, tanto em machos como em fêmeas, devido à deficiência proteica provocar perda
Desde que haja forragens abundantes e de boa
de apetite, muitas vezes é associada a outras
qualidade, as éguas vazias podem permanecer
deficiências nutritivas (VENDRAMINI et al., 2014).
nestas pastagens, recebendo sal mineral à vontade (DITTRICH, 2010). De acordo com o estado corporal
Para Cintra (2016), deficiências de vitaminas,
do animal, e variando com o período do ano (período
principalmente de vitaminas A e E, podem ocasionar
seco
ser
infertilidade ou mesmo esterilidade. As deficiências
suplementadas com feno ou ração, para que suas
minerais mais comuns correspondem a carências em
exigências
fósforo, cálcio, magnésio, cobre, zinco e cobalto.
e
chuvoso)
as
éguas
proteico-energéticas
deverão e
atividades
ovarianas sejam mantidas, entrando no período de monta em boas condições físicas, alcançando bons
Condição corporal
índices reprodutivos (MENDES, 2011).
Um estudo de Domingues (2009) com éguas com diferente escore corporal (magro, médio e gordo) e
A fase de maior exigência nutricional na égua
de ingestão de energia (manutenção e alta ingestão
corresponde ao período de lactação, em que as
energética), demonstra que, para éguas magras, um
necessidades energéticas podem corresponder ao
elevado nível de ingestão de energia tem maior
dobro do período de manutenção e as de cálcio
influência na antecipação da ovulação do que em
podem triplicar (HINTZ, 1995). Caso não suprido as
éguas com um índice médio ou alto de gordura
necessidades de manutenção e de lactação, poderá
corporal. Neste estudo, as éguas acima do escore
ocorrer quedas na produção do leite e perda de peso
desejado apresentaram um estro inicial com duração
corporal. Harper (2003) acredita que, mesmo em
tendencialmente inferiores aos dos outros dois
sistemas extensivos, devem ser providenciados suple-
grupos de éguas, mas demoraram menos tempo a
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Artigo 490 – Aspectos nutricionais relacionados à reprodução em equinos
atingir a primeira ovulação após o primeiro dia de
tivas e produtivas do rebanho, com o uso de
estudo.
biotecnologias como a inseminação artificial e
Estes resultados estão de acordo com os obtidos por Gibbs et al. (1998) citados por Santos (2001) em que éguas que estavam em uma condição corporal melhor,
apresentaram
melhores
entrada do período reprodutivo, apresentam um menor número de ciclos éstricos por concepção, apresentam taxas de gestação superiores e maior capacidade de manutenção do embrião ao longo da gestação.
e atividade folicular durante o inverno para éguas em boa condição corporal. Estas éguas apresentaram maiores concentrações de progesterona, um maior número de corpos lúteos e folículos maiores durante o mês de Janeiro do que as éguas com fraca
No entanto, em estudos feitos por Pereira (2006), o de
peso
pode
acarretar
problemas
reprodutivos, sobretudo durante o parto, devido à percentagem
aumentando
a
de
dificuldade
massa devido
muscular, à
menor
capacidade de compressão do canal cervicovaginal. No entanto, um estudo feito por Kubiak et al. (1988) contradiz esta afirmação, não obtendo nenhum efeito negativo do excesso de gordura durante o parto.
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totalmente
relacionada ao manejo alimentar dos mesmos. Conhecer as necessidades nutricionais das fases de criação dos equinos facilita no quesito reprodução do rebanho, onde juntamente com a melhor técnica de reprodução escolhida, faz o progresso do plantel. O controle da alimentação, o tipo de ração, a quantidade de oferta de alimentos e a competição entre os animais por alimentos, são pontos chaves de uma boa conversão alimentar e eficiência do rebanho. O manejo reprodutivo na equideocultura bem conduzido pode aumentar as características reprodu-
8459
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menor
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Artigo 490 – Aspectos nutricionais relacionados à reprodução em equinos
garanhões da raça Mangalarga marchador em diferentes
faixas
etárias.
Tese
apresentada
Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação
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Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.16, n.3, p.8449-8462, maio/jun, 2019. ISSN: 1983-9006
8462
Sistemas de ordenha automáticos e manejo da alimentação Nutrição, tecnologia, dieta parcial, tráfegos. *
Vanessa Amorim Teixeira¹ 2 Hilton do Carmo Diniz Neto 3 Luiz Gustavo Ribeiro Pereira 4 Lucio Carlos Gonçalves 4 Ângela Maria Quintão Lana
Revista Eletrônica
Vol. 16, Nº 03, maio/jun de 2019 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br ¹Doutoranda em Zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG.*E-mail: vanessateixeiraamorim@gmail.com. 2 Mestrando em Zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG. 3 Pesquisador, EMBRAPA Gado de Leite. 4 Prof. Titular, Departamento de Zootecnia, Escola de Veterinária da UFMG.
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
RESUMO
AUTOMATIC MILKING SYSTEMS AND FEED
Os sistemas voluntários de ordenha têm o potencial
HANDLING
de aumentar a produção de leite, diminuir o emprego
ABSTRACT
de mão de obra nas fazendas, além de melhorar o
Voluntary milking systems have the potential to
bem-estar do produtor e das
vacas leiteiras,
increase milk production, reduce the use of labor on
permitindo a expressão dos seus hábitos naturais. A
farms, and improve the well-being of dairy farmers
adoção desse sistema está em crescente expansão,
and cows, allowing the expression of their natural
com
em
habits. The adoption of this system is in increasing
funcionamento em todo o mundo. Nesse tipo de
aproximadamente
expansion, with approximately 43,000 units in
sistema, os animais recebem todos os nutrientes em
operation throughout the world. In this type of
forma de dieta parcial, em que parte da dieta é
system, the animals receive all the nutrients in the
fornecida durante a ordenha, principalmente com
form of a partial diet, in which part of the diet is
objetivo de atrair e condicionar as vacas ao sistema
provided during milking, mainly to attract and
e a outra parte na pista de alimentação. A nutrição
condition the cows to the system and the other part in
das vacas nesse tipo de sistema é um desafio e ao
the feeding lane. The nutrition of cows in this type of
mesmo tempo uma oportunidade, uma vez em que
system is a challenge and at the same time an
os nutrientes são fornecidos individualmente. Esta
opportunity once nutrients are supplied individually.
revisão visa descrever as estratégias de manejos da
This review aims to describe the strategies of feeding
alimentação nesse tipo de sistema e discutir as
management in this type of system and to discuss
oportunidades e desafios da sua utilização.
the opportunities and challenges of its use.
Palavras-chave: nutrição, tecnologia, dieta parcial,
Keyword: nutrition, technology, partial diet, traffic.
tráfegos.
8463
43.000
unidades
Artigo 491 – Sistemas de ordenha automáticos e manejo da alimentação
INTRODUÇÃO
países da Europa, Estados Unidos, Austrália e Nova
Os sistemas voluntários de ordenha (Voluntary
Zelândia. Quando otimizado, o VMS apresenta
Milking System - VMS) têm o potencial de aumentar
benefícios como, melhora do bem-estar da vaca,
a produção de leite em até 12%, diminuem a mão de
permite a detecção de problemas de saúde com
obra em até 18% e, simultaneamente, melhoram o
maior facilidade, promove aumento da produção de
bem-estar das vacas leiteiras e do produtor,
leite pelo aumento da frequência de ordenha e reduz
permitindo que as vacas escolham quando devem
o tempo de trabalho, e promove um estilo de vida
ser ordenhadas. A crescente popularidade desta
mais flexível ao produtor, permitindo a este o tão
tecnologia é evidente na sua rápida taxa de adoção.
sonhado dia de folga, que na maioria das vezes em
Em 2015 existiam 25.000 VMS no mundo, e em
sistemas convencionais se torna inviável tornando o
2017 o número de ordenhas em funcionamento foi
produtor escravo da rotina do seu próprio negócio.
em torno de 43.000, demonstrando um crescimento de 60% neste período. Nos rebanhos de ordenha
A maximização da frequência de ordenhas e a
convencional, em sua maioria, os animais recebem
redução da necessidade de buscar vacas são
todos os nutrientes em forma de dieta total (Total
aspectos cruciais para tornar o VMS lucrativo. O
Mixed Ration - TMR), enquanto em rebanhos
retorno máximo sobre o investimento de um VMS é
ordenhados com VMS, parte da dieta é fornecida
alcançado quando as vacas adaptam sua rotina
durante a ordenha, principalmente com objetivo de
diária e, o fluxo em torno do sistema de produção
atrair
sistema.
estabiliza, resultando na utilização do VMS com
Geralmente, a parte da dieta não ofertada ao longo
pouca ou sem a intervenção humana, ou seja,
da ordenha é fornecida na pista de alimentação e
quando o VMS trabalha a maior parte do tempo (oito
denominada dieta misturada parcial (Partial Mixed
ordenhas/hora). A maioria das vacas submetidas ao
Ration - PMR).
VMS, cerca de 67%, tem intervalos de ordenha entre
e
condicionar
as
vacas
ao
seis e 12 horas, com 11% dos intervalos acima de A alimentação de vacas em sistemas VMS é um
seis horas e 21,5% acima das 12 h.
desafio e ao mesmo tempo uma oportunidade para fornecer os nutrientes de forma eficiente. O principal
No VMS, as vacas precisam comparecer ao
desafio consiste em manter uma frequência mínima
alimentador
de ordenhas no VMS e com tempos relativamente
individualmente, o que é um comportamento não
constantes, o que não depende exclusivamente da
natural, porque as vacas são gregárias, tendo
oferta nutricional, mas de muitos fatores inter-
predileção
relacionados,
incluindo
a
estrutura
social
do
rebanho, o desenho do galpão, o tipo de movimento imposto às vacas, o tipo de piso, o estado de saúde da vaca (especialmente claudicação, mastite e patologias da reprodução), o estágio da lactação, a ordem de parto e o tipo de concentrado fornecido no VMS e da dieta na pista de alimentação. Por outro lado, a oportunidade da VMS reside na possibilidade de alimentar as vacas de forma individualizada e em frequência diferenciada, podendo resultar em melhor eficiência
alimentar,
aumentando
o
retorno
econômico.
pesquisas
e
à
ao
sistema
convivência
em
avaliando
o
de
grupo.
ordenha
Algumas
comportamento
hierárquico das vacas em sala de espera percebeuse que as dominantes gastam menos tempo na sala de espera do que as subordinadas, 13 minutos versus 20 minutos respectivamente, fazendo com que a frequência de ordenha das subordinadas seja menor do que a das dominantes, muito comum nas rotinas
tradicional
esse
comportamento
entre
primíparas e multíparas. Tal comportando pode levar à redução da motivação das vacas para revisitar o VMS,
precisando
que
este
seja
projetado
e
construído de tal forma que as bordas e as quinas
ASPECTOS SOCIOECONÔMICOS E COMPORTAMENTAIS Os sistemas automáticos de ordenha robotizados impactaram a qualidade de vida dos produtores em
sejam arredondadas para que não haja perigo das vacas machucarem na sala de espera e não haja “encurralamento” em que alguns animais fiquem presos por outros em algum canto.
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.16, n.3, p.8463-8469, maio/jun, 2019. ISSN: 1983-9006
8464
Artigo 491 – Sistemas de ordenha automáticos e manejo da alimentação
O padrão alimentar dos bovinos é outro aspecto
de descanso vai para a pista de alimentação, e só
comportamental importante a ser considerado. Em
depois de comer o PMR, serão guiadas para o
sistemas de produção extensiva, em que as
portão de seleção e para a unidade VMS. Depois de
condições de ingestão de alimento são próximas das
ordenhadas, as vacas podem retornar a área de
naturais, o ato de pastejar expressa o padrão de
descanso
alimentação crepuscular. Esse padrão faz com que
automático, onde também é ofertado concentrado, a
se tenha um ápice de consumo de alimento ao
chamada estação de alimentação (Feed Station).
ou
para
estação
com
alimentador
amanhecer e ao anoitecer. No entanto, em sistemas intensivos, onde os animais são submetidos às
No sistema de fluxo livre as principais vantagens
condições
de
estão relacionadas ao comportamento animal, a
alimentação são muito influenciados pelo tempo e
vaca pode escolher a própria rotina, sendo mais fácil
frequência
a adaptação. Nesse sistema não há a necessidade
de de
confinamento, ordenha,
como
os
padrões também
pelos
intervalos de fornecimento de concentrado.
de portões de seleção, exigindo um aporte financeiro inicial menor, se tornando um sistema simples e de
Neste sentido, o principal fator motivador para atrair
fácil
vacas a visitar o VMS é o concentrado ofertado na
desvantagens, exige maior esforço para movimentar
acesso
ao
produtor.
Entretanto
como
estação de ordenha. As vacas podem desenvolver
os animais e atingir o intervalo regular de ordenha,
um padrão de alimentação individual e específico.
exigindo maior quantidade de concentrado para
Não obstante, a presença de vacas na estação não
motivar as vacas a visitarem o VMS, principalmente
depende apenas do PMR, ou do tipo e valor nutritivo
aquelas que se encontram em estágio final de
do concentrado ofertado no VMS, mas também do
lactação.
manejo de alimentação, conforto, saúde dos animais e das interações sociais entre as vacas.
No sistema de tráfego guiado, as vantagens são a possibilidade de adotar a nutrição de precisão,
FREQUÊNCIA DE ORDENHA E MODALIDADES
possibilitando ajustar o concentrado por animal,
DE FLUXO DOS ANIMAIS
considerando a produção, os dias em lactação, a
Com o VMS, as vacas podem ter acesso livre à
ordem de parto, o pico de produção ou as
ordenha e os animais podem acessar a ordenha, a
características específicas da fazenda. Além disso, o
pista de alimentação ou o descanso irrestritamente e
tráfego guiado permite monitoramento mais eficiente
sem a utilização de portões de seleção, conhecido
da frequência de ordenhas, promove melhoria na
como tráfego livre. Outro tipo é o tráfego guiado,
saúde da glândula mamária, minimiza a necessidade
onde portões unidirecionais e de seleção são usados
de movimentação, reduz o trabalho e a quantidade
para guiar as vacas até as áreas de ordenha,
de concentrado no VMS. As principais desvantagens
alimentação e descanso.
estão relacionadas ao custo adicional da aquisição do portão de seleção, sendo este necessário para
Existem dois tipos de fluxo guiado, a ordenha
minimizar a hierarquia entre as vacas como também
primeiro (Milk First) ou a alimentação primeiro (Feed
direcionar as vacas baseado nas permissões de
First). No primeiro sistema, as vacas que saem da
ordenha conforme descrito anteriormente. Com esse
área de repouso, devem passar por um portão de
modelo de tráfego (Figura 1) é possível desafiar mais
pré-seleção que determina se a vaca está apta para
os animais quando comparado ao tráfego livre.
a ordenha, se atender ao requisito, ela será direcionada para unidade de VMS. Se ela não for qualificada para a ordenha, poderá entrar na área de alimentação e, só poderá retornar na área de descanso por meio de portão de mão única. Então, no Milk First as vacas são ordenhadas antes de receber a alimentação. No Feed First, o fluxo dos animais é o inverso, a vaca que se encontra na área 8465
O fluxo guiado pode reduzir o tempo que as vacas têm acesso à pista de alimentação, entretanto por aumentar o número de visitas e por ter os portões de seleção que permitem com que as vacas não percam tempo, geralmente esse tipo de tráfego aumenta a produtividade dos animais como visto no estudo de Melin et al. (2007) em que a produção de
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Artigo 491 – Sistemas de ordenha automáticos e manejo da alimentação
leite média foi de 38,3, e 35,6 kg de leite por dia
de visitas voluntárias ao VMS.
para tráfego guiado e livre respectivamente e o total de visitas foi de 2,2 e 5,1 para o tráfego livre e
Quando o VMS é instalado em sistemas de produção
guiado, respectivamente.
de leite a pasto o fornecimento de dieta é diferente. Alguns autores conseguiram ordenhar vacas em
Figura 01: Ilustração dos tipos de tráfego dos
sistemas extensivos de pastagem com apenas 300g
animais
de concentrado por visita. Outros por sua vez suplementaram
com
maiores
quantidades
de
concentrado, aproximadamente sete kg/vaca/dia, o que resultou em consumo médio de 2,8 kg/visita à ordenha, com maior frequência nos grupos mais próximos
do
VMS.
Em
sistemas
a
pasto,
suplementando apenas um kg de cevada triturada por vaca/dia na unidade de ordenha, resultou em maior frequência de visitas à unidade de pré-seleção da ordenha para o grupo suplementado, 5,4 visitas/dia no grupo com cevada,
versus 4,6
visitas/dia no grupo sem cevada. O fornecimento de concentrado neste trabalho afetou a produção de leite, 22,5 kg/dia e 23,6 kg/dia, para os grupos sem e com suplementação, respectivamente. Ressaltando assim a importância do uso de concentrado para Fonte: Elaborado pelo autor.
atrair as vacas às unidades VSM.
Não existe uma situação ideal ou um tipo de tráfego
ASPECTOS NUTRICIONAIS
ideal, tudo dependerá do objetivo da propriedade e
O
de quanto querem desafiar os animais. No entanto, a
alimentação de vacas usando a abordagem de
frequência de ordenha diária depende de outros
precisão. Essa tem o potencial de melhorar a
fatores, como ordem de parto. Em alguns estudos
produtividade
percebeu-se que as vacas primíparas visitaram o
eficiência da produção atendendo às necessidades
VMS com mais frequência, em média a cada 10,47 ±
de cada vaca, superando limitações da alimentação
0,21 horas, em comparação com as multíparas, a
com TMR, onde as vacas recebem alimentação com
cada 11,33 ± 0,22 horas, independente do tipo de
base em produção média.
movimento
imposto; e
houve
diminuição
VMS
propicia
uma
e, mais
oportunidade
para
importante, promover
a
a
da
frequência de visitas ao VMS quando o número de
Uma
vacas
máxima
explorações leiteiras com VMS é começar com baixa
suportada pelo VMS, sendo esta aproximadamente
quantidade de concentrados no parto, seguido por
55 a 65 vacas/VMS para o tráfego livre e 70 a 80
um aumento linear durante as primeiras semanas de
vacas/VMS para o tráfego guiado.
lactação, acompanhando a curva de lactação e
estava
próximo
da
densidade
estratégia
alimentar
comum
em
muitas
aumento da IMS (ingestão de matéria seca) e o pico Para minimizar a variação na frequência de ordenha,
de produção. As vacas devido ao tempo de ordenha,
e maximizar a utilização do VMS, foi proposto atrair
não consomem todo o concentrado que é ofertado
as vacas com alimentos palatáveis ou impor a elas o
no VMS quando as permissões de concentrado são
tráfego guiado. Estudos compararam a frequência
altas, acima de 4 kg/visita, o que torna o sistema
de
de
menos eficiente em fornecer nutrientes necessários
concentrado em cada ordenha a 1,2 kg/vaca/dia
a cada vaca, embora a vaca possa compensar esse
versus uma permissão máxima de sete kg/vaca/dia.
déficit
Os autores não evidenciaram diferenças no número
alimentação.
ordenhas
ao
limitar
o
fornecimento
consumindo
mais
PMR
na
pista
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.16, n.3, p.8463-8469, maio/jun, 2019. ISSN: 1983-9006
de
8466
Artigo 491 – Sistemas de ordenha automáticos e manejo da alimentação
O tempo médio gasto no VMS por ordenha é de
A palatabilidade dos ingredientes e a forma física
cerca de sete minutos e, as vacas consomem no
utilizadas no concentrado também podem determinar
máximo 2,8 kg de concentrado por ordenha nesse
a ingestão e a regularidade das visitas ao VMS. O
tempo. Considerando que o número médio de
aumento da palatabilidade de concentrados por meio
ordenhas no VMS é próximo de três por dia,
da adição de substâncias aromatizantes aumentou o
empiricamente cada vaca pode consumir em média,
número de visitas ao VMS e o consumo em diversos
no máximo 8,4 kg de concentrado por dia no VMS.
estudos,
Para lançar mão de uma quantidade maior de
concentrado era baixo, entre 1,5 a 3,5 kg/dia. Em
concentrado faz-se necessário a utilização das
relação à forma física, a forma de pellet é preferida
cabines de alimentação, que são as Feed Station.
em relação à farelada, entretanto esse pellet tem que
mesmo
quando
o
fornecimento
de
ser de alta resistência para evitar quebras e Além de quantidade, a composição nutricional, a
desperdícios durante o fornecimento, tem que ser
forma física e a palatabilidade dos ingredientes do
palatável para aumentar o consumo e com bons
concentrado são aspectos relevantes.
ingredientes ricos em amido. Estudos mostraram que em
fazenda
que
a
consistente e com ingredientes palatáveis, aumentou
seca (IMS) do PMR, por um efeito de substituição.
o número de ordenhas voluntárias de 1,7 para
Quantitativamente, para cada aumento de 1 kg no
2,1/vaca/dia em comparação com a alimentação com
concentrado
vacas
pellet de baixa qualidade. Entretanto existem muitas
diminuem a ingestão de PMR em 1,14 kg sem
fazendas que utilizam concentrados farelados e com
alteração na produção do leite e na sua composição.
índices de alta eficiência. Nesse tipo de fornecimento
Geralmente PMR adotada em fazendas com VMS é
tem que se atentar a velocidade de ingestão dos
composta por alimentos com baixo amido. Assim
animais que é menor em relação a concentrados
essa estratégia de alimentação não é muito eficaz
peletizados.
No
para vacas de alta produção, entre 50 a 60 litros de
peletizados
as
leite/dia, que possuem uma exigência nutricional
0,550Kg/minuto,
maior; principalmente em sistemas de tráfego livre,
consumo médio é de 0,350 Kg/minuto.
as
fornecimento vacas já
em
alta
livre,
oferecido no VMS diminui a ingestão de matéria
VMS,
de
fluxo
alimentação
no
pellet
o
Quando se aumenta a quantidade de concentrado
consumido
com
adotavam
de
concentrados
comem rações
qualidade,
em
fareladas
média esse
pois a média do PMR na pista será baixa, e a suplementação no VMS será insuficiente devido à
CONSIDERAÇÕES FINAIS
movimentação e frequência de ordenha menor
Há expectativa de crescimento do número de
nesse tipo de tráfego. Portanto, aumentar a
fazendas aderindo ao sistema VMS, visto o potencial
quantidade de concentrado no VMS ou em uma
desta tecnologia na produção leiteira no Brasil e no
Feed Station se torna estratégia para atender as
mundo. As
demandas nutricionais de animais mais exigentes,
alimentar as vacas de forma específica, aumentar a
melhorar o balanço energético e possivelmente
produção de leite, reduzir o trabalho e melhorar o
aumentar a frequência de visitas e a produção de
bem-estar das vacas e do produtor; e os desafios
leite.
são a complexidade de equilibrar a PMR e o
oportunidades
desta tecnologia são
concentrado ofertado na estação de ordenha e O concentrado com alto teor de amido pode afetar o
manter uma frequência mínima e tempo constante
apetite, o comportamento alimentar das vacas, a
de visitas às estações de ordenha.
digestibilidade da FDN e o pH ruminal, tendo como consequências produção
do
a
alteração leite
da
(inversão
composição da
e
relação
gordura/proteína) e aumentando assim o risco de distúrbios metabólicos (acidose) e podais (laminites) o que pode afetar a movimentação dos animais reduzindo a frequência de ordenha. 8467
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Gestão de fábrica de ração animal no Brasil: revisão de literatura Revista Eletrônica
Fábrica de ração, gestão de pessoas, gerenciamento da qualidade, instrução normativa. 1*
Vol. 16, Nº 03, maio/jun de 2019 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
Cibele Regina Schneider 2 Monique Figueiredo 3 Elisângela de Cesaro 4 Simara Márcia Marcato 1
Doutoranda em Produção Animal, Universidade Estadual de Maringá UEM, Maringá – PR Brasil. E-mail: cibeleregina17@hotmail.com. 2 Mestranda em Produção Animal, Universidade Estadual de Maringá UEM, Maringá – PR Brasil. 3 Mestranda em Produção Animal, Universidade Estadual de Maringá UEM, Maringá – PR Brasil. 4 Professora da Universidade Estadual de Maringá - UEM, Departamento de Zootecnia, Maringá – PR Brasil.
RESUMO Para obter produtos de qualidade, a indústria de alimentação animal tem superado grandes desafios, como a gestão de uma fábrica de ração. Diante
MANAGEMENT OF ANIMAL FEED FACTORY IN BRAZIL: LITERATURE REVIEW
disso, a presente revisão de literatura visa compilar
ABSTRACT To obtain quality products, the animal feed industry
informações envolvidas na gestão da fábrica de
has overcome major challenges, such as the
rações,
podem
management of a feed mill. Therefore, the present
contribuir para que esse processo seja eficiente. O
literature review aims to compile the information
papel do gestor é uma tarefa complexa, pois este
involved in the management of the feed mill,
deve se aperfeiçoar em relação aos avanços
emphasizing methodologies that can contribute to
tecnológicos e aos processos automatizados. Os
this process being efficient. The role of the manager
gestores devem empregar métodos que visam
is a complex task, since it must be improved in
reduzir os custos e aumentar a produtividade com
relation to technological advances and automated
qualidade, com o uso das ferramentas Total Quality
processes. Managers should employ methods that
Management, 5S e PDCA, além de desempenhar um
aim to reduce costs and increase productivity with
papel importante no gerenciamento dos processos,
quality, using Total Quality Management, 5S and
na qualidade dos produtos e, na gestão de pessoas.
PDCA tools, as well as playing an important role in
Para que tudo isso ocorra de forma adequada, deve-
process
se
e
management people. For all this to occur properly,
comercialização destes produtos, através da lei
the rules for the manufacture and marketing of these
ordinária 6198/1974 e das instruções normativas
products must be followed, through ordinary law
04/2007, 65/2006, 13/2004, 15/2009 e 42/2010. É
6198/1974 and normative instructions 04/2007,
necessário também que a empresa conte com uma
65/2006, 13/2004, 15/2009 and 42/2010. It is also
equipe capacitada, que busque a obtenção de
necessary that the company has a qualified team
produtos de qualidade cumprindo as normativas e
that seeks to obtain quality products complying with
leis.
regulations and laws.
enfatizando
seguir
as
Palavras-chave:
metodologias
normas
fábrica
para
de
que
fabricação
ração,
gestão
de
pessoas, gerenciamento da qualidade, instrução normativa.
management,
Keyword: management,
animal's quality
product
food
quality
factory,
management,
and
people normative
instruction. 8470
Artigo 492 – Gestão de fábrica de ração animal no Brasil: revisão de literatura
INTRODUÇÃO
metodologias que podem contribuir para uma gestão
A produção de ração nas indústrias aumenta a cada
mais eficiente.
ano, devido ao crescimento de sua demanda na produção animal. Em 2017 a produção brasileira de
PAPEL DO GESTOR NA FÁBRICA DE RAÇÃO
rações animal alcançou 68,7 milhões de toneladas
A forma em que as organizações são conduzidas
(ZANI, 2018). Dessa forma, pode-se afirmar que a
influencia diretamente nos resultados (KLADIS &
evolução do setor de nutrição animal contribuiu para
FREITAS, 1996). Sabendo que o responsável pela
o crescimento econômico do agronegócio brasileiro,
condução dos processos na fábrica é o gestor,
refletindo também em outros setores da economia,
considera-se que seu desempenho é essencial para
como a indústrias de grãos, química e a de
o
alimentação humana (OELKE & RIES, 2013). Na
responsáveis
última década, o segmento de nutrição animal tem
objetivos (KLADIS & FREITAS, 1996), além do
crescido
esse
cumprimento de metas, obedecendo às normas
crescimento é sensível as variações econômicas do
vigentes e políticas da empresa. Entretanto, é
mercado (AUGUSTO et al., 2016).
fundamental que as funções gerenciais sejam
de
forma
significativa,
porém,
sucesso
da
empresa.
pela
Os
definição
gestores
de
são
estratégias
e
exercidas por pessoas capacitadas, com visão de Devido à elevada oferta de produtos no mercado e
melhoria contínua dos processos produtivos e de
da
seus resultados.
instabilidade
econômica
que
o
país
vem
passando, torna-se necessária uma busca constante por
aperfeiçoamento
e
inovações
no
âmbito
Atualmente,
as
empresas
são
compostas
por
tecnológico e gerencial (OLIVEIRA et al., 2012) para
avanços tecnológicos, processos automatizados e
a
a
constantes inovações, deste modo, os gestores
maximização da eficiência produtiva da indústria, de
devem estar preparados para gerir uma empresa
forma que as perdas sejam minimizadas, tornando o
utilizando essas ferramentas (MACHADO, 2012). O
sistema mais competitivo. Contudo, é essencial que
cargo de gestor industrial é uma tarefa complexa e
a empresa atenda as exigências da legislação
exigente, e para que seja realizada de forma
brasileira para o alcance de sucesso em sua
eficiente é necessário que o mesmo busque o
produção.
contínuo aperfeiçoamento.
Diante da complexidade da produção de alimentos,
No
além dos pontos citados acima, é importante haver
constantes, é necessário que o profissional a frente
uma preocupação dentro da gestão da fábrica de
da empresa, seja uma pessoa responsável e que
ração visando obter a qualidade e a produtividade
tenha
desejada. Para que essas metas sejam atingidas,
capacitem a tomar decisões corretas embasadas em
existem normativas e metodologias disponíveis que,
informações adquiridas (REICHEL, 2008).
obtenção
de
produtos
de
qualidade
e
ambiente
competitivo
conhecimentos
atual,
de
administrativos
mudanças
que
o
se utilizadas de forma adequada, contribuem para o Os principais gestores de empresas melhores
sucesso da produção.
sucedidas
consideram-se
Uma boa fábrica de ração depende de um projeto
estratégia
competitiva
que
e
estarem envolvidos de forma direta com a criação de
automatizado, permitindo um trabalho multifuncional
políticas de estoque e planejamento agregado da
e com redução dos problemas na fábrica como a
produção (GUOLO & PARIS, 2015). A gestão
contaminação cruzada, e, além disto, necessita de
aplicada
máquinas e tecnologias que garantam a realização
vantagem competitiva para a empresa. Desta forma,
dos processos de forma adequada (KLEIN, 1999).
os gestores devem empregar métodos que busquem
Diante destes fatos, esta revisão de literatura visa
reduzir os custos e aumentar a produtividade com
compilar informações envolvidas na gestão de
qualidade, para isso, existem ferramentas que
fábricas de rações e de suplementos, enfatizando
podem ser utilizadas para alcançar esses objetivos,
8471
seja
racional,
retilíneo,
operacional
de
forma
e
parte
corporativa,
adequada
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integrante além
representa
de de
uma
Artigo 492- Gestão de fábrica de ração animal no Brasil: revisão de literatura
tais como: Total Quality Management (TQM), 5S e
aplicação é recomendada para empresas que
PDCA (Planejar, Desenvolver, Checar e Agir)
desejam realizar a melhoria contínua dos processos,
(MATIAS et al., 2013).
buscando uma melhor forma de realizá-los (MATIAS et al., 2013), além de orientar de maneira satisfatória
TOTAL QUALITY MANAGEMENT (TQM)
a execução de uma ação específica (MACHADO,
A metodologia que é frequentemente aplicada nas
2012).
indústrias para o gerenciamento da qualidade, é a Total Quality Management (TQM), essa prática foi
Segundo Behr et al. (2008), este ciclo é dividido em
muito importante nas décadas de 1980 e 1990 nos
quatro fases distintas, sendo que as letras PDCA são
países ocidentais (CORDEIRO, 2004). Originou-se
oriundas das primeiras letras das palavras em inglês:
no setor manufatureiro, porém, sua metodologia tem
Plan, Do, Check e Act. O ciclo inicia com o "P" de
sido adaptada para uso em quase todo tipo de
“Plan” que significa “planejar” essa etapa do
organização (GUOLO & PARIS, 2015). Em vista
processo
disto, atualmente essa ferramenta é aplicada em
metodologias para alcançá-los, envolvendo uma
várias organizações de diferentes áreas. Através da
análise atual do problema que será estudado ou da
gestão da qualidade total, as empresas criaram um
metodologia aplicada.
busca
estabelecer
objetivos
e
padrão de procedimentos visando qualificar seus produtos e processos para alcançar a satisfação do
O próximo passo do ciclo é o "D" oriundo da palavra
cliente (SOUZA JUNIOR et al., 2014).
“Do” que significa “fazer”, nessa etapa é importante que sejam realizados treinamentos para preparar os
De acordo com Fernandes e Neto (1996), os
colaboradores, pois envolve a execução do que foi
processos que apresentam maior importância no
planejado, a realização das atividades. No estágio
método TQM são: direção por políticas, melhoria do
"C", proveniente da palavra “Check” que significa
trabalho diário, verificação do sistema de qualidade
“checar”, a finalidade dessa etapa é avaliar e
pelo
dos
monitorar os resultados das atividades realizadas
colaboradores e fatores que abrangem os processos
anteriormente, verificando a eficácia e se está
relacionados ao desenvolvimento de produtos. Os
atendendo os objetivos determinados.
dirigente
da
fábrica,
formação
mesmos autores verificaram que, sem um líder capacitado, a possibilidade de alcançar sucesso com
No último estágio, conhecido como “A”, da palavra
o TQM torna-se limitada. Portanto, para a obtenção
“Action” que significa “ação’, tem como finalidade
de sucesso na prática dessa metodologia na
padronizar a solução, e se por acaso o problema não
produção, é necessário um profissional capacitado e
for resolvido, será realizada uma nova tentativa para
preparado.
soluciona-lo (MACHADO, 2012). Para obter sucesso neste método, todas as fases do processo devem
CICLO DO PDCA
ser realizadas com comprometimento de forma que
Outra metodologia utilizada na gestão da qualidade
nenhuma fase seja negligenciada.
na fábrica é o ciclo do PDCA ou ciclo de Deming, cujo propósito é de contribuir no diagnóstico, análise
De acordo com Behr et al. (2008), o PDCA é
e prognóstico de problemas organizacionais. Este
utilizado pelas organizações para realizar análise e
ciclo é o gerencial mais utilizado no controle e
melhoria de processos de produção e para planejar
melhoria de processos nas empresas em geral
ou implantar um processo, além disso, é empregado
(MOREIRA et al., 2014), o qual
pode ser
na tomada de decisões (FONSECA & MIYAKE,
empregado nas normas de sistemas de gestão em
2006), utilizando informações como direcionamento
organizações de diversas áreas (ALVES, 2015),
para a realização de escolhas com objetivo de
contribuindo de forma significativa para a obtenção
alcançar metas pré-estabelecidas (MARIANI, 2005).
de melhores resultados (SILVA et al., 2017). PROGRAMA 5S O ciclo PDCA tem origem Norte Americana e sua
Dentro das metodologias utilizadas nos programas
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8472
Artigo 492 – Gestão de fábrica de ração animal no Brasil: revisão de literatura
de gestão de produção, o 5S, também conhecido
e o controle exercem papéis de grande importância
como housekeeping, é comumente encontrado nas
na fábrica, portanto, essas ferramentas devem ser
fábricas. Este foi criado em 1950 no Japão, com
empregues visando maximizar a produção e reduzir
objetivo
os custos (SOUZA & SANTANA, 2012).
de
melhorar
o
comportamento
dos
funcionários e o ambiente de trabalho (REBELLO, 2005). A origem do nome 5S é proveniente das
O conhecimento da fábrica é importante para a
palavras japonesas: seiri; seiton; seisoh; seiketsu e
realização de uma programação adequada para
shitsuke,
capacidade dos processos. Para tanto, é necessário
que
são
traduzidas
como
seleção,
organização, limpeza, padronização e autodisciplina
que
os
gestores
tenham
(CORDEIRO, 2004).
limitações e potenciais
conhecimento
das
do processo produtivo
(FUCILLINI & VEIGA, 2014). A logística da empresa Essa ferramenta pode ser aplicada em organizações
é outro ponto que deve ser rigorosamente alinhado,
de diferentes ramos, promovendo benefícios que
pois, o não alinhamento, implica em um fluxo de
buscam fomentar melhorias no ambiente de trabalho
produção que não irá garantir o cumprimento das
(CAMARGO, 2011), por meio de hábitos que reflitam
etapas do processo no prazo determinado e com
em aumento da produtividade e qualidade de vida
qualidade (CARDOSO & SILVA, 2015).
dentro da empresa, favorecendo a autodisciplina e facilitando o gerenciamento de rotina (CORDEIRO,
GERENCIAMENTO DA QUALIDADE
2004). Em vista disso, a sobrevivência das fábricas
A gestão de qualidade busca garantir produtos e
está atrelada à sua capacidade de atingir resultados
serviços
de
qualidade,
e superar obstáculos, atendendo às exigências dos
especificações,
minimizando
clientes,
ferramenta aplicada as tecnologias da produção,
garantindo
a
competitividade
e
respeitando os
defeitos.
as Essa
possibilitam o aumento da produtividade e da
sobrevivência no mercado (ALVES, 2015).
competitividade (MARINO, 2006). Devido ao cenário atual de mudanças contínuas e alta oferta de produtos, as empresas têm buscado introduzir programas como o 5S, com objetivo tornar-se mais competitiva no mercado (COSTA et al., 2005). É importante ressaltar que, este programa só apresentará bons resultados se forem realizados treinamentos, funcionários
palestras
e
acompanhados
reuniões de
com
os
mudanças
de
comportamento das pessoas. Portanto, para ser eficiente deve haver diálogo entre os diretores e
Segundo Machado (2012), os sistemas de qualidade estruturam as funções gerenciais da organização e da identificação das exigências do mercado até o atendimento final. O sistema de qualidade aplicado de forma correta contribui para que a empresa obtenha resultados positivos, entretanto, a não existência de um sistema de qualidade pode acarretar
perdas,
como
por
exemplo
menor
confiança do cliente.
envolvimento deles no programa, além de definição
GESTÃO DE PESSOAS
de metas em busca de conhecimentos relacionados
A gestão de pessoas tem passado por inúmeras
ao programa e à empresa.
mudanças nas últimas décadas, sendo, atualmente uma importante ferramenta para o sucesso de
GERENCIAMENTO DOS PROCESSOS
muitas organizações (NETO, et
O processo significa as transformações realizadas
comumente aplicada com a finalidade de contribuir
na matéria-prima, para obtenção de um produto. A
para o desenvolvimento dos colaboradores é o
otimização de um processo industrial exige uma
treinamento.
al., 2013). A ação
sistematização, que envolve diversas ferramentas que auxiliam para o alcance dos objetivos de
Hoje, as empresas necessitam de uma equipe
produção, como a eficiência produtiva, a obtenção
altamente capacitada, pois para se manterem
de renda e a permanência da indústria no mercado
viáveis, é essencial a sintonia entre as metas, os
(LEÃO & NETO, 1994). É evidente que, dentre os
treinamentos e o desenvolvimento dos funcionários,
fatores envolvidos na produtividade, o planejamento
de forma que os treinamentos sejam estratégicos,
8473
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.16, n.3, p.8470-8476, maio/jun, 2019. ISSN: 1983-9006
Artigo 492 – Gestão de fábrica de ração animal no Brasil: revisão de literatura
com
o
objetivo
de
alcançar
as
metas
pré-
6198/1974 e as IN 04/2007, 65/2006, 13/2004,
estabelecidas (REICHEL, 2008).
15/2009 e 42/2010.
As pessoas dentro da fábrica são de grande
A Instrução Normativa (IN) 4/2007 abrange as
importância, pois realizam as atividades, deste
práticas que devem ser empregadas desde a
modo, o investimento nos colaboradores por meio de
recepção da matéria- prima, processamento e
cursos ou treinamento deve ser visto como ganho. A
expedição do produto na fabricação de ração no
realização de treinamentos
e
Brasil. O documentoestabelece regulamentos
valorizar os colaboradores, de forma que eles se
sobre as condições higiênicas sanitárias e de
desenvolvam
contribuindo
boas práticas de fabricação (BPF) para os
também para a motivação pessoal (SOUSA et al.,
estabelecimentos fabricantes de produtos para a
2015).
alimentação animal (BRASIL, 2007), sendo uma
De
acordo
dentro
com
da
busca capacitar
empresa,
Volpe
e
Lorusso
(2009),
o
treinamento quando aplicado de forma correta proporciona
vantagens,
como
análise
das
necessidades da organização, desenvolvimento dos colaboradores, definição de planos para capacitar os profissionais, além de definir as prioridades da empresa.
importante
ferramenta
para
alcançar
níveis
adequados de segurança e qualidade. Esta normativa
compreende
também
os
Procedimentos Operacionais Padrão (POP), onde são
abordados
os
temas:
qualificação
de
fornecedores, controle de matérias-primas e de embalagens, higiene/limpeza da fábrica, higiene e saúde do pessoal, controle de pragas, resíduos e
Segundo Reichel (2008), o treinamento ainda aumenta o conhecimento dos funcionários, melhora e modifica comportamentos e contribui para o desenvolvimento de ideias para pensar no âmbito estratégico.
efluentes, prevenção da contaminação cruzada, potabilidade
da
reservatório,
manutenção
água
e
higienização
de
calibração
de
e
equipamentos, rastreabilidade e recolhimento de produtos
(BRASIL,
2007).
O
BPF
busca
assegurar a qualidade no desenvolvimento do
A permanência das fábricas no mercado está
produto,
atrelada a sua capacidade de atingir resultados e
aplicação dessa normativa deve ser realizada
sendo
importante
ressaltar
que
a
superar obstáculos, atendendo às exigências dos
desde a recepção até a expedição do produto,
clientes, garantindo assim a sua competitividade,
por uma equipe capacitada (PEREIRA, et al.,
portanto, é necessário que haja investimento nos
2010).
colaboradores da empresa. A Lei Ordinária 6198/1974 regulamenta sobre a GESTÃO ATENDENDO AS NORMAS E REGRAS
Inspeção e a Fiscalização Obrigatórias dos
PARA FABRICAÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE
Produtos para à Alimentação Animal (BRASIL,
RAÇÕES E SUPLEMENTOS
1974). Aplica-se a Instrução Normativa 65/2006
Além das ferramentas normalmente utilizadas na
sobre os procedimentos para a fabricação e o
gestão da fábrica, um bom gestor deve seguir as
emprego de rações, suplementos, premixes,
normas e regras para fabricação de ração. São
núcleos ou concentrados com medicamentos
diversos
decretos,
para os animais de produção (BRASIL, 2006).
portarias
e
instruções
regras
normativas,
estabelecidas
por
leis,
órgãos
licenciados, que determinam as diretrizes que as
A
empresas brasileiras fabricantes de ração devem
regulamento técnico sobre aditivos para produtos
cumprir. Essas regras são importantes para o
destinados à alimentação animal (BRASIL, 2004).
fabricante e para o consumidor, pois visam garantir a
A Instrução Normativa 15/2009 regulamenta o
inocuidade e qualidade do produto. A lei e as
registro dos estabelecimentos e dos produtos
Instruções
destinados à alimentação animal (BRASIL, 2009).
Normativas
(IN)
para
produção
alimentos para animais, são: Lei Ordinária
de
Instrução
Normativa
13/2004
aprova
o
Por fim, a Instrução Normativa 42/2010 estabelece
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.16, n.3, p.8470-8476, maio/jun, 2019. ISSN: 1983-9006
8472
Artigo 492 – Gestão de fábrica de ração animal no Brasil: revisão de literatura
estabelece os critérios e procedimentos para a fabricação,
fracionamento,
comercialização
de
produtos
importação para
e
alimentação
animal isentos de registro (BRASIL, 2010). Além de todas essas normativas para a produção de alimentos para animais, existem políticas ambientais e de manejo de resíduos ocasionados pelas fábricas, uma vez que o processo de produção de ração gera emissões atmosféricas, poluição sonora, resíduos sólidos, consumo de energia, poluição de ar pela emissão de gases, resultando em um impacto ambiental (PACHECO & NETO, 2014). Segundo Pacheco et al. (2018), a fabricação de alimentos para a nutrição animal, desde a produção dos ingredientes até o processo de fabricação dos produtos, é passível de interferir na qualidade da água e do solo, impactando de forma negativa no meio ambiente, desta forma, a empresa deve respeitar as normativas e leis vigentes. CONSIDERAÇÕES FINAIS As indústrias objetivam um menor custo e uma maior produção, de forma que obtenham um maior lucro e mantenham-se competitivas no mercado. Dessa forma, para obter sucesso nessas metas, julga-se necessário a existência de uma gestão e equipe capacitada e organizada. O gestor poderá capacitar seus
colaboradores
por
meio
de
cursos
ou
treinamentos, mantendo o foco no objetivo da empresa. Para tanto, é importante que o gestor esteja preparado para realizar esses treinamentos e colocá-los em prática. O sucesso da fábrica de ração depende também de vários outros fatores-chave, como sintonia entre os trabalhadores, infraestrutura adequada, tecnologia, cumprimento de normas e de leis. As metodologias aplicadas no gerenciamento de qualidade da fábrica de ração também podem ser aplicadas em empresas de outros ramos, basta introduzi-las a realidade que a organização está vivendo. A gestão de processos deve ser aplicada em conjunto com a gestão de qualidade,
para
a
obtenção
de
produtos
padronizados e com qualidade. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALVES, E. A. C. O PDCA como ferramenta de gestão 8475
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Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.16, n.3, p.8470-8476, maio/jun, 2019. ISSN: 1983-9006
8476
Enzimas exógenas na alimentação de suínos Revista Eletrônica
Aditivos, carboidrases, fatores antinutricionais, fitase, proteases.
Bruna Kuhn Gomes¹
*
Vol. 16, Nº 03, maio/jun de 2019 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
Bruna Souza de Lima Cony¹ Laion Stella² ¹ Doutoranda, Programa de Pós-Graduação em Zootecnia – Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS- *E-mail: brunacrisgomes@gmail.com. ¹ Graduanda em Zootecnia – Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. ² Zootecnista, Doutor em Zootecnia - Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS.
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
RESUMO
ENZYMES IN SWINE FEED
No que tange a cadeia produtiva animal, um dos
ABSTRACT
principais fatores a serem levados em consideração
With respect to animal production chain, one of the
é a nutrição animal e, consequentemente, a melhora
main factors to take into consideration is the in
na eficiência da utilização dos nutrientes. Na
animal nutrition and, consequently, improvement
alimentação de suínos, algumas enzimas exógenas
nutrient use efficiency. In the feeding of swines,
podem
visando
some exogenous enzymes can be used as additives,
melhorar digestibilidade dos nutrientes das rações,
to improve digestibility of the nutrients as well as
assim como reduzir a variação na qualidade
reduce the variation in the nutritional quality of certain
nutricional de determinados ingredientes. Dentre as
ingredients.
enzimas mais utilizadas, podemos citar três grupos
enzymes, we can mention three groups of major use:
de maior uso: fitase, carboidrases e proteases. A
phytase and carbohydrases and proteases. The
comparação de resultados sobre suplementação
comparison of results on enzyme supplementation of
enzimática de dietas para suínos é bastante
diets for swines is quite complex. In literature is
complexa. Na literatura é relatada utilização de
reported using a great variety of enzymes, either
grande variedade de enzimas, de forma isolada ou
alone or in complexes with different enzymatic
em
activities,
ser
utilizadas
complexos,
enzimáticas,
como
com
adicionadas
aditivos,
diferentes às
atividades
dietas
contendo
Among
added
to
the
most
diets
frequently
containing
used
different
ingredients and animals of different ages, thus
ingredientes distintos e para animais de diferentes
obtaining different results for each group.
idades, com isto obtendo diferentes resultados para
Keyword: additives, carbohydrases, antinutritional
cada grupo. Palavras-chave:
factors, phytase, proteases. aditivos,
carboidrases,
antinutricionais, fitase, proteases.
8477
fatores
Artigo 493 – Enzimas exógenas na alimentação de suínos
INTRODUÇÃO
& GRABOWSKI, 2002). Nos processos fisiológicos
O Brasil se destaca como país produtor de alimentos
as enzimas possuem sua ação restrita e com muitos
sendo o terceiro maior exportador do mundo. Na
controles
intrínsecos,
produção de suínos, o país está em crescente
algumas
condições
expansão, produzindo cerca de 3,9 bilhões de
umidade, tipo de sitio ativo e substratos (PENZ
toneladas de carne anualmente (FERREIRA et al.,
JÚNIOR, 1998).
sendo
dependentes
como:
temperatura,
de pH,
2018). Sob estas condições, podemos citar a influência da Na cadeia produtiva de animais não-ruminantes, um
temperatura
dos
possuem
principais
fatores
das
enzimas.
Estas
em
animal
e,
temperatura ótima no qual a sua atividade é máxima,
consequentemente, a melhora na eficiência da
sendo que em valores de temperatura maiores ou
utilização
&
menores sua atividade diminui. Em temperatura
FIREMAN,1998), representando cerca de 70% do
ótima para sua atuação, a velocidade de destruição
custo da produção (DELMASCHIO, 2018).
da enzima pelo calor é equilibrada pelo aumento na
é dos
a
serem
atuação
levados
consideração
a
na
nutrição
nutrientes
(FIREMAN
uma
temperatura
ou
uma faixa
de
reatividade enzima-substrato e a velocidade de A maioria dos compostos alimentares são moléculas
reação é máxima, o que não ocorre em temperaturas
relativamente
excessivas, pois essas são letais à estrutura das
grandes
(proteínas),
altamente
insolúvel em água (lipídeos) ou grandes e insolúveis
enzimas (SCHMIDT-NIELSEN, 2002).
(amido, celulose) que para poderem ser absorvidos e utilizados eles devem passar para forma solúvel e
Contudo, ainda podemos citar o pH como uma
ser degradados em unidades menores (SCHMIDT-
condição determinante, assim como a temperatura.
NIELSEN, 2002).
A concentração de H+ afeta a velocidade das reações químicas onde extremos de pH (ácido ou
Para metabolização dos compostos provindo da
alcalino) podem levar a desnaturação. O pH ótimo
alimentação torna-se necessário um processo de
varia para diferentes enzimas, como por exemplo, a
diferentes reações químicas complexas. Na digestão
pepsina digestiva do estômago que é ativada em pH
fisiológica animal, podemos citar a hidrólise como
2, enquanto que outras enzimas que são destinadas
um exemplo destas reações químicas, sendo que
ao funcionamento em pH neutro são
esta é uma reação espontânea exotérmica, que
neste pH ácido. Portanto, as enzimas possuem um
prossegue a uma velocidade imensuravelmente
pH ótimo ou uma faixa de pH ideal para que possam
baixa,
por
desenvolver sua atividade catalítica, sendo que em
catalisadores. Os catalisadores produzidos pelos
valores de pH superior ou inferior podem suprimir ou
organismos vivos são chamados de enzimas, sendo
desnaturar as enzimas assim como a temperatura
essenciais
(SCHMIDT-NIELSEN, 2002).
todavia
para
podendo
muitos
ser
acelerada
processos
biológicos,
desnaturas
principalmente os processos digestivos (SCHMIDTA atividade de água é outro fator que influencia a
NIELSEN, 2002).
velocidade das reações enzimáticas. Seria de se As enzimas são proteínas globulares, de estrutura
esperar que enzimas, em presença de teor de água
terciária ou quaternária que atuam de forma
muito baixo, fossem inativas. Entretanto, apesar da
altamente específica para com substratos e dirigem
mobilidade do substrato ser muito importante, as
todos os processos de catálise, isto é, são
enzimas também podem reagir com substratos
compostos de natureza proteica que aceleram as
secos, e a maneira como esses compostos se
reações químicas ao reduzirem a energia de
difundem no substrato vai influir, não só na
ativação necessária para ocorrência de determinada
velocidade da reação, mas também no modo como
reação química. Algumas destas constituem-se de uma porção proteica chamada de apoenzima e uma porção não proteica, chamada de cofator (TORTORA
essa reação se processa. Enzimas, em ausência de água, são mais estáveis ao calor, tornando-se mais sensíveis à medida que o teor de umidade aumenta (ADITIVOS INGREDIENTES, 2008)
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.16, n.3, p.8477-8487, maio/jun, 2019. ISSN: 1983-9006
8478
Artigo 493 – Enzimas exógenas na alimentação de suínos
No que se trata de especificidade, as enzimas apresentam o denominado sítio ativo que possuem aminoácidos cujas cadeias laterais criam uma superfície complementar ao substrato. Segundo Gallo (2011), essa interação entre enzima e substrato pode ocorrer através do modelo chavefechadura ou pelo modelo de ajuste induzido (Figura 1).
exógenas surge como alternativa na redução dos custos de produção (DELMASCHIO, 2018). Segundo Bedford (2000), o uso destas enzimas visa melhorar a digestibilidade dos nutrientes das rações, assim como reduzir a variação na qualidade nutricional de determinados
ingredientes,
tendo
em
vista
a
deficiência enzimática dos animais não-ruminantes em enzimas como a fitase que como consequência
Figura 1: Interação entre enzima e substrato
ocasiona a baixa eficiência no aproveitamento do fósforo de origem vegetal (MOREIRA et al., 2004). Além disso, o uso de enzimas favorece o meio ambiente,
pois
diminui
consideravelmente
a
excreção de fósforo e outros elementos, reduzindo assim
a
contaminação
de
solos
e
rios
(DELMASCHIO, 2018). FATORES ANTINUTRICIONAIS Nos
alimentos
in
natura
existem
fatores
antinutricionais que afetam o processo digestivo e o desempenho dos animais (VINOKUROVAS, 2009). Esses fatores se originam da natureza de suas ligações, do metabolismo normal da espécie da qual
Fonte: GALLO, 2011.
o material se origina e por mecanismos diferentes, Na suinocultura, algumas enzimas podem ser
como a inativação de alguns nutrientes e a redução
utilizadas
digestiva do alimento, exercendo efeito contrário da
na
suplementação
nutricional,
as
chamadas enzimas exógenas. Segundo Fireman &
nutrição adequada.
Fireman (1998), estas atuam concomitantemente com as enzimas endógenas, visando melhorar o
Segundo Henn (2002), não existe toxicidade nos
aproveitamento energético e nutricional além de
fatores antinutricionais, porém sua presença nos
diminuir a excreção de nutrientes não digeridos.
alimentos causa crescimento reduzido, piora na conversão alimentar, possíveis alterações hormonais
Nas rações de não-ruminantes, geralmente, há a
e em casos raros, lesões em órgãos. Além disso,
mistura
características
esses fatores antinutricionais, quando estão na
não-amiláceos,
forma de fibra solúvel, são capazes de mobilizar
oligossacarídeos, fitatos) que interagem entre si e
grande quantidade de água, aumentando desta
com outros compostos da dieta sendo estes
forma, a viscosidade do fluído e, consequentemente,
compostos não degradados pelos suínos, devido as
alterando a velocidade de passagem do alimento,
suas
possuírem
prejudicando diretamente a absorção de nutrientes
especificidade para estes compostos (CAMPBELL &
(CHOCT et al., 1992; CHOCT & ANNISON, 1992;
BEDFORD, 1992; DIERICK & DECUYPERE, 1994).
BEDFORD & CLASSEN, 1992; CHOCT & HUGHES,
Assim, a adição de enzimas exógenas na dieta dos
2000).
de
compostos
antinutricionais
enzimas
com
(polissacarídeos
endógenas
não
suínos tende a conduzir a melhores resultados na digestibilidade de forma complementar (RUIZ et. al.,
Os inibidores de tripsina presentes na soja in natura
2008), como define o decreto Lei nº 76.986 de 6
são exemplos de fatores antinutricionais. Estes são
janeiro de 1976, sobre os aditivos alimentares.
compostos proteicos que atuam sobre a tripsina e a enzima pancreática, prejudicando a digestão das
Devido ao alto investimento com alimentação de
proteínas alimentares. Segundo estudos de Zardo &
animais não-ruminantes, a administração de enzimas
Lima (1999), esses fatores também podem ser des-
8479
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.16, n.3, p.8477-8487, maio/jun, 2019. ISSN: 1983-9006
Artigo 493 – Enzimas exógenas na alimentação de suínos
truídos ou desnaturados com o uso do calor, com
oxigênio, afim de oferecer condições ideais para o
duração
Entretanto,
crescimento microbiano. Após a conclusão do
mesmo esses ingredientes passando muitas vezes
processo de fermentação, o meio líquido rico em
por extrusão e peletização, existem alguns fatores
enzimas é seco, processado e padronizado pela
antinutricionais
indústria. Geralmente são utilizados microrganismos
e
intensidade
e
adequadas.
constituintes
de
baixa
digestibilidade que não são afetados por estes
geneticamente
processos (PAULA et al., 2009). Além de que,
biotecnológica, para produzir somente uma enzima,
devido
ao
acesso
equipamentos
que após o processo de fermentação são misturadas a outras enzimas formando os coquetéis (MARTINS,
uma propriedade rural.
2011).
A fim de reduzir esses fatores antinutricionais, pode-
Todavia, segundo Martins (2011), a fermentação em
se adicionar enzimas exógenas na dieta de animais
estado sólido resulta em enzimas diferentes das
não-ruminantes, visando o beneficiamento do animal
obtidas por fermentação em estado líquido, sendo
com o aumento da disponibilidade de nutrientes e a
essas de maior qualidade. Além disso, esse método
redução
de
impacto
aos
ferramenta
necessários, esse processo torna-se inviável em
do
difícil
modificados,
ambiental,
diminuindo
a
obtenção
de
enzimas
possibilitará
o
concentração de poluentes despejados no ambiente
desenvolvimento de novas enzimas capaz de
(PAULA et al., 2009).
agregar benefícios para a nutrição, trazendo a nova e
atual
geração
de
enzimas:
os
complexos
enzimáticos naturais.
PROCESSO DE OBTENÇÃO DE ENZIMAS Existem duas formas de obter enzimas, a que consiste na imersão de microrganismos em estado
PRINCIPAIS ENZIMAS EXÓGENAS UTILIZADAS
sólido e a de estado líquido (MARTINS, 2011).
COMO ADITIVOS A produção de enzimas divide-se em etapas. Para o
Há diversos produtos comerciais compostos de
estado sólido, a primeira etapa consiste na obtenção
enzimas isoladas ou de complexos enzimáticos para
de
ex.:
uso na alimentação animal. Contudo, os efeitos
Aspergillus flavus) para inocular o sistema, após
benéficos da suplementação enzimática têm melhor
isso, ocorre o preparo do substrato composto de
oportunidade de se expressarem pela utilização de
subprodutos minimamente processados, como farelo
coquetéis ou complexos enzimáticos do que de
de arroz, trigo ou soja. Esse substrato necessita ser
enzimas isoladas (DIERICK & DECUYPERE, 1994).
esterilizado
qualquer
A fermentação em estado sólido permite que o fungo
microrganismo infectante, o que afetaria o processo
possa produzir um complexo de enzimas naturais,
de produção das enzimas. Posteriormente, os
específica para substratos encontrados no alimento,
microrganismos
o que levaria a obtenção de uma combinação
microrganismos
a
fim
(bactérias
de
previamente
e
fungos,
eliminar
selecionados
são
semeados no substrato esterilizado, misturados e
enzimática
acondicionados em um reator para que ocorra a
utilizados
fermentação. Após a fermentação, o material é
enzimáticos, que são combinações de enzimas
secado, moído, padronizado e embalado (MARTINS,
puras
2011).
posteriormente misturadas (RUTZ & CAPORASO,
mais na
adequada
ração,
produzidas
aos
diferente
dos
ingredientes coquetéis
independentemente
e
2007). Contudo, a produção de enzimas em estado líquido apresenta maior rendimento quando comparada com
Dentre as enzimas mais utilizadas podemos citar três
o sólido, consequentemente sendo esta forma mais
de maior uso: fitase, carboidrase e protease.
utilizada atualmente. Ela consiste na imersão de microrganismos (fungos ou bactérias) em um meio
FITASE
líquido rico em nutrientes, acondicionados em um
Produzida por muitas espécies de bactérias, fungos
fermentador com controle total da temperatura, pH e
e leveduras é capaz de eliminar as propriedades anti-
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8480
Artigo 493 – Enzimas exógenas na alimentação de suínos
nutricionais do fitato. Esta enzima em escala
custo de obtenção do produto. Porém, com o avanço
comercial é produzida por um número limitado de
da tecnologia de fermentação, a fitase vem sendo
organismos sendo o Aspergillus flavus um dos mais
comercializada
importantes (FIREMAN & FIREMAN, 1998)
despertado maior interesse de diversos nutricionistas
industrialmente,
o
que
tem
preocupados com o alto custo do fósforo inorgânico Seu uso impede que o fósforo vegetal seja eliminado
e com a poluição ambiental (CROMWELL et al.,
nas fezes sem ser aproveitado pelo organismo. Esta
1995; MOREIRA et al., 2000; MOREIRA et al.,
eliminação
2001).
de
fósforo
acontece
no
sistema
gastrointestinal onde o ácido fítico se liga com minerais, proteínas e enzimas, como a amilase,
A incorporação de fósforo nos vários tecidos e
formando o fitato. Este, por sua vez, impede que
órgãos é variável, e depende da taxa de renovação e
componentes importantes para o desenvolvimento
da fase de crescimento do animal. A troca desse
dos animais se unam ao bolo alimentar, desta forma,
mineral nos tecidos decresce com a idade e aumenta
sendo eliminados através das fezes. Além de reduzir
durante os períodos de atividade reprodutiva, sendo
a disponibilidade do fósforo, o fitato aumenta a
essas trocas mais intensas no fósforo lábil do
secreção de muco no intestino, o que interfere nos
esqueleto
sistemas de absorção de nutrientes pelos suínos
(GEORGIEVSKII, 1982).
(FIREMAN & FIREMAN, 1998). Na natureza, os
Mcgillvray (1980), destacou que a habilidade dos
níveis excessivos de nutrientes no corpo d’água,
suínos para utilizar o fósforo fítico melhora com a
principalmente o nitrogênio e fósforo, causam a
idade devido à maior concentração da quantidade de
eutrofização, que é o crescimento excessivo de
fitase presente na mucosa do intestino dos animais
plantas
mais velhos. E também, com referência à idade e
aquáticas,
tanto
planctônicas
quanto
e
na
matéria
esponjosa
do
osso
Tendo isto em
vista,
fisiologia, Kemme et al. (1997) relataram que a
aderidas. (THOMANN & MUELLER, 1987).
eficácia da fitase em gerar fósforo digestível diminuiu O fosfato bicálcico e a farinha de ossos constituem
na
as principais fontes de fósforo, usualmente utilizadas
crescimento e em terminação, porcas ao final de
na nutrição de suínos. A farinha de ossos foi o
gestação, leitões e porcas em meia gestação.
ordem
de
porcas
lactantes,
suínos
em
primeiro produto a ser utilizado como fonte de fósforo, porém, o seu uso é restrito, principalmente
CARBOIDRASES
em função de sua composição variável, problemas
As carboidrases são enzimas que catalisam reações
causados pela contaminação por microrganismos e
de degradação de carboidratos, promovendo um
oferta limitada (LOPES & TOMICH, 2001). O fosfato
aumento
bicálcico é um produto de excelente qualidade,
aumentando seu aproveitamento na alimentação do
porém de custo muito elevado, onerando ainda mais
animal.
na
digestibilidade
de
nutrientes,
o custo das rações, os quais representam em torno Segundo Partridge (1996), os polissacarídeos não-
de 70% de um animal terminado.
amiláceos estão na maioria das vezes associados à O fósforo é considerado um agente poluidor, pois do
lignina e formam um complexo de fibra. A implicação
total consumido pelos animais monogástricos, cerca
deste fato é que os suínos não possuem enzimas
de 70 a 75% são excretados nas fezes e urina
endógenas
(OLIVEIRA et al., 2001).
complexo, acarretando na redução da absorção e
apropriadas
para
degradar
este
digestibilidade, além de afetar o conteúdo de energia A enzima fitase, quando adicionada nas rações, atua
por manter no interior de suas estruturas os
nas ligações do grupo fosfato, liberando o fósforo e
nutrientes como carboidratos, lipídeos e proteínas,
outros minerais, que fazem parte dessa molécula
que são geradores de energia. Portanto, níveis
(CROMWELL,
elevados de polissacarídeos não-amiláceos (PNAs)
realizados
com
1991). a
Os
enzima
primeiros fitase,
estudos
apesar
promissores, tiveram como principal entrave o alto
8481
de
solúveis
aumentam
a
viscosidade
do
quimo,
dificultando a digestão e absorção de proteínas, lipí-
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Artigo 493 – Enzimas exógenas na alimentação de suínos
deos e vitaminas lipossolúveis (PARTRIDGE, 1996).
Pectinase: As pectinas são encontradas no farelo de
Desta maneira, a utilização de carboidrases permite
soja e em outras proteínas vegetais que por sua vez,
o uso de alimentos que apresentam grandes
aumentam a viscosidade do quimo, reduzindo a
quantidades de PNAs.
absorção de nutrientes no lúmen intestinal. Com a adição da pectinase, ocorre quebra das pectinas,
Dentre
as
principais
carboidrases
utilizadas
comercialmente na alimentação de suínos destacam-
melhorando a digestibilidade da dieta (HANNAS & PUPPA, 2006).
se a celulase, a beta-glucanase, a amilase, a pectinase e a xilanase.
PROTEASES Protease refere-se
Celulase: degrada celulose (polímero de glicose de longas cadeias de glicopiranose), liberando nutrientes contidos no interior da célula vegetal e até a própria glicose que integra a estrutura celulolítica. Deste modo, reduz a capacidade da fibra de reter a água presente nos alimentos, fato que afeta negativamente o consumo de ração e consequentemente o crescimento dos animais (CAMPESTRINI et al., 2005). Beta-glucanase: A suplementação exógena com beta-glucanase melhora a absorção de nutrientes por diminuir a viscosidade do quimo, além de liberar maior quantidade de açúcares disponíveis, pois atua sobre os beta-glucanos que são formados por blocos de resíduos de glicose (FIREMAN & FIREMAN, 1998).
um
enzimas cuja função catalítica é
a
grupo
de
quebra
de
ligações peptídicas das proteínas e diferem-se em sua
capacidade
peptídicas diferentes.
de hidrolisar ligações As
proteínas
pouco
disponíveis, ou com fatores antinutricionais, ou ainda, proteínas alergênicas podem ter seu uso potencializado através da utilização de proteases (CLASSEN,
1996).
Harper
(1968)
relata
que
proteínas e aminoácidos não digeridos por enzimas no intestino delgado sofrem ação de bactérias, produzindo substâncias e aminas tóxicas pelo processo de fermentação no intestino grosso. O baixo aproveitamento das proteínas tem como consequência uma alta excreção de nitrogênio, que é um elemento poluidor, além de representar
Xilanases:
possui
efeito
semelhante
à
beta-
glucanase, atua sobre as pentosanas presentes nos cereais,
a
permitindo
maior
disponibilidade
dos
açúcares (HANNAS & PUPPA, 2006), aumentando a digestibilidade de alimentos como a cevada, o trigo, o centeio, a aveia e o triticale (CONTE et al., 2003). Amilases: proporciona quebra do amido em açúcares simples para produzir energia. Todos os animais possuem a produção endógena desta enzima, mas sabe-se que a digestão do amido na parte final do trato digestivo de aves e suínos é incompleta, mesmo considerando uma dieta com ingredientes de fácil digestão como, por exemplo, milho e soja. Ou seja, a liberação de energia da dieta é menor do que o previsto, então se deve trabalhar com margens de segurança para que as metas de energia da dieta sejam alcançadas. O uso da amilase objetiva uma digestão mais completa do amido, liberando mais energia e consequentemente melhorando o desempenho animal e auxiliando na redução do custo real da alimentação (PARDRIDGE, 1996).
prejuízo econômico ao produtor por se tratar de um nutriente caro. A digestão da proteína é melhorada pela adição de proteases, diminuindo a excreção de nitrogênio (FIREMAN & FIREMAN, 1998). Neste sentido, o uso da protease melhora o aproveitamento dos
aminoácidos
alimentos
e
destinados
nitrogênio aos
presentes
animais.
nos
Segundo
resultados dos estudos de Jost et al. (1993), as proteases combinadas com alfa-amilase em dietas para suínos em crescimento obtiveram uma melhora significativa na digestibilidade de lisina e metionina. Ainda, outra enzima de destaque no grupo das proteases é a chamada queratinase, que faz hidrólise da queratina. A suplementação com esta enzima segundo Ferket (1996) reduziu em 40% a excreção de nitrogênio e enxofre, melhorando a digestibilidade dos aminoácidos e diminuindo a poluição por nitrogênio. Proteases exógenas determinam um papel diverso na nutrição animal, pois enzimas similares já estão
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8482
Artigo 493- Enzimas exógenas na alimentação de suínos
presentes no trato gastrintestinal e possuem um
se, lipase, xilanase, fitase etc) surgiu como uma
espectro de atividade muito maior que outras
alternativa para aumentar o valor nutritivo de
enzimas exógenas.
ingredientes alimentares que possuem baixa digestibilidade
e
apresentam
fatores
ENZIMAS EXÓGENAS PARA LEITÕES RECÉM-
antinutricionais, que não são hidrolisados pelas
DESMAMADOS
enzimas digestivas dos suínos (FURLAN et al.,
O período de desmame de leitões,
por ser
considerado um ponto crítico da produção, requer
1997), diminuindo, assim a viscosidade da dieta (GRAHAM, 1996).
uma atenção especial, tendo em vista que é um período marcado pela alteração da fonte e da
Após o desmame, ocorre um aumento na
composição nutricional do alimento (PASCOAL &
atividade da amilase pancreática, provavelmente
SILVA, 2005).
devido à necessidade de digestão do amido da ração (LINDEMANN et al., 1986). Entretanto,
Na fase de maternidade, o sistema digestivo dos
muitos fatores influenciam na quantidade de
leitões é adaptado a secretar enzimas para digerir o
enzimas
leite materno, rico em gorduras, lactose e caseína,
intestinal do amido pelos leitões. Vários autores
de
rápido
apontam os efeitos positivos da suplementação
crescimento e desenvolvimento do animal (ROPPA,
de enzimas exógenas sobre a digestão dos
1988).
alimentos (CLASSEN, 1996; COWIESON, 2005).
fácil
digestibilidade,
permitindo
um
secretadas,
reduzindo
a
digestão
Portanto, é possível que a adição de amilase na O período de 7 a 14 dias pós-desmame é
ração de leitões na fase de creche aumente a
considerado crítico, sendo caracterizado por baixo
digestibilidade do amido (PIOVESAN et al., 2011).
consumo de ração e baixa digestibilidade, podendo resultar em perdas significativas na produção, tais
Os resultados demonstrados em estudos feitos
como: diminuição no ganho de peso e ocorrência de
por Freitas (2011) comprovam que, o uso do
diarreias,
complexo enzimático (carboidrase + fitase) é uma
podendo
ocasionar
mortalidade
dos
animais (ZIEGERHOFER, 1988).
ferramenta nutricional importante para a nutrição de
A produção de proteases pancreáticas, por exemplo, depende da fonte proteica e da quantidade de alimento que é ingerido. O consumo de alimento diminui após a desmama, visto que o sistema digestivo dos leitões precisa se adaptar ao alimento sólido, adequando o pH às secreções enzimáticas e à motilidade intestinal, além dos transtornos digestivos ocasionados pela proteína da soja, a qual contém fatores antinutricionais e de antígenos, capazes de provocar diversas disfunções intestinais (MAKKINK et al., 1994). Portanto, nesta etapa, existe a necessidade do fornecimento de uma ração que substitua o leite materno e supra, de forma econômica, as exigências nutricionais em proporções adequadas a fim de reduzir o estresse e aumentar a taxa de crescimento, diminuindo a mobilização de reservas de lipídeos (TRINDADE NETO et al., 1994).
leitões,
pois
causa
melhoria
em
seus
parâmetros produtivos. Além disso, foi possível observar que leitões machos apresentam um melhor aproveitamento da dieta reduzida com a adição do complexo enzimático se comparados com as fêmeas. O fornecimento de enzimas exógenas em forma de coquetel normalmente é realizado quando uma determinada
dieta
apresenta
uma
variada
quantidade de fatores antinutricionais, o que comumente ocorre em rações de leitões em situações que debilitam a produção de enzimas endógenas,
como
estresse
do
desmame,
vacinação, castração e desconforto térmico. Os coquetéis geralmente são formados por protease, amilase e lipase, pois os níveis destas enzimas endógenas
são
diminuídos
nas
semanas
seguintes após o desmame. Já a utilização de enzima em separado deve ser feita quando se
A utilização de enzimas exógenas (amilase, protea8483
tem o objetivo de degradar um determinado fator
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Artigo 493- Enzimas exógenas na alimentação de suínos
antinutricional conhecido que venha prejudicar o
tividade na suinocultura tem-se trabalhado e
aproveitamento dos nutrientes da dieta ou quando se
investido
sabe que o uso de determinada enzima em conjunto
desenvolvimento de novas enzimas específicas,
com outra pode diminuir a atividade de ambas.
elas poderão contribuir nesse sentido, já que elas
(FERKET, 1996; WENK et al., 1993).
reduzem os efeitos dos fatores antinutricionais e também
Entretanto,
segundo
dados
apresentados
por
Pascoal & Silva (2005), a utilização dos diversos
em
novas
diminuem
tecnologias.
impactos
Com
o
ambientais,
passando a ser econômica e ecologicamente viáveis.
tipos de enzimas exógenas nos seus diversos substratos, tipos de alimentos, na alimentação de
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
suínos são controversos. Além disto, através destes
ADITIVOS INGREDIENTES. As Enzimas nos
dados apresentados e segundo Bedford et al. (1992); Inborr et al. (1993); Li et al. (1996); Gdala et al. (1997); Jensen et al. (1998), pode-se inferir que os dados científicos sobre digestibilidade de nutrientes e suplementação enzimática são mais consistentes para leitões recém-desmamados consumindo dietas com ingredientes como a cevada, o trigo e o tremoço e
pelo
uso
de
b-glucanase,
xilanase
e
a-
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Apesar dos resultados sobre o uso de enzimas
intestinal viscosity through manipulation of
exógenas
serem
dietary rye and pentosanase concentration is
inúmeras
effected through changes in the carbohydrate
maneiras, de forma avançada, que a utilização de
composition of the intestinal aqueous phase
enzimas exógenas pode trazer possíveis benefícios
and results in improved growth rate and food
aos leitões desmamados (PASCOAL & SILVA,
conversion efficiency of broiler chicks. Journal
2005), portanto, deve-se atentar as condições
Of Nutrition, Saskatoon, v. 122, n. 3, p.560-
nas
contraditórios,
dietas
são
para
leitões
demonstrados
de
569, mar. 1992.
adequadas de utilização das mesmas.
BEDFORD, M. R. et al. The effect of dietary CONSIDERAÇÕES FINAIS
enzyme supplementation of rye and barley
A comparação de resultados sobre suplementação
based diets on digestion and subsequent
enzimática de dietas para suínos é bastante
performance
complexa. Na literatura é relatada a utilização de
Journal Of Animal Science, [s. L.], v. 72, n.
grande variedade de enzimas, de forma isolada ou
1, p.97-105, mar. 1992.
em
complexos,
enzimáticas,
com
diferentes
adicionadas
a
dietas
pigs. Canadian
BRASIL. Lei nº 76.986 de 6 janeiro de 1976.
contendo
Regulamenta a Lei n.º 6.198, de 26 de
idades. Pode-se inferir que os dados científicos sobre digestibilidade de nutrientes e suplementação enzimática são mais consistentes para leitões consumindo
weanling
atividades
ingredientes distintos e para animais de diferentes
recém-desmamados
in
dietas
com
ingredientes como a cevada, o trigo e o tremoço e pelo uso de b-glucanase, xilanase e a-galactosidase, tendo em vista a importância que deve ser dado a este período, caracterizado pela mudança repentina da fonte e composição nutricional do seu alimento.
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