Saúde intestinal dos leitões: o papel de alguns agentes reguladores
Desmane, leitões, nutrição, reguladores.
Maria Ribeiro Pupa
Revista Eletrônica
Vol. 19, Nº 06, nov/dez de 2022 ISSN: 1983 9006 www.nutritime.com.br
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resulta dos de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira res ponsabilidade dos seus autores.
RESUMO
Após todo o início de sua vida lactante o leitãochega ao segundo período desafiante, o desmame. Seu primeiro desafio foi ao nascer, contando principalmentecom o seuinstinto,em buscar e achar uma teta para sugá la. Porém, na desmama o instinto de sobrevivência tem que contar com ajuda zootécnica que propomos realizá la através do manejo,nutrição ebem estar.
Podemos classificar a saúde intestinal de suínos da seguinte maneira: é o estado de equilíbrio entre microbioma e o trato intestinal do animal. Quando esse equilíbrio ocorre dentro da produção de suínos, significa que os melhores resultados serão obtidos, tanto a nível produtivo quanto reprodutivo, porém, existem situações dentro da produção, que acabam interferindo nesse equilíbrio. Dentre os principais fatores, temos: a presença de micotoxinas nos ingredientes, fatores antinutricionais no farelo de soja, salmonela, fatores relacionados ao ambiente e asinstalações, entre outros.
Alimentação, ração e água são agora os desafios que teremos de enfrentar juntos no desmame e através da nutrição teremos que prever e compor fórmula de rações que amenizem essa mudança da alimentação.
Palavras-chave: desmane, leitões, nutrição, reguladores
INTESTINAL HEALTH OF PIGLETS: THE ROLE OFSOMEREGULATORYAGENTS ABSTRACT
After the entire beginning of its lactation life, the piglet reaches the second challenging period, weaning. Her first challenge was at birth, relying mainly on her instinct to look for and find a teat to breastfeed.However, at weaning, thesurvival instinct must rely on zootechnical help, which we propose to carry out through management, nutrition and well being.
We can classify the intestinal health of pigs as follows: it is the state of balance between the microbiome and the animal's intestinal tract. When this balance occurs within the swine industry, it means that the best results will be obtained, both at the productive and reproductive levels, however, there are situations within the production that end up interfering with this balance. Among the main factors, we have: the presence of mycotoxins in the ingredients, anti nutritional factors in soybean meal, salmonella, factors related to the environment and facilities,amongothers.
Food, feed and water are now the challenges we will have to face together at weaning and through nutrition we will have to predict and compose a feed formulathat willalleviatethischange in diet.
Keyword: weaning, piglets,nutrition,regulators.
Júlio
All Nutri LTDA Viçosa MG
9156
INTRODUÇÃO
Um dos desafios da criação intensiva dos suínos é manter a produção em índices compensáveis e constantes sem grandes variações. Todavia, sabemos que vários fatores contribuem para essa instabilidade. Assim sendo, neste artigo apenas abordaremos alguns pontos relevantes que compreende o aparelho digestório dos leitões e os desafios da nutrição desse onívoro na sua primeira mudançadefasede vida, acreche.
Após todo o início de sua vida lactante o leitão chega ao segundo período desafiante, o desmame. Seu primeiro desafio foi ao nascer, contando principalmente com o seu instinto, em buscar e achar uma teta para sugá la. Porém, na desmama o instinto de sobrevivência tem que contar com ajuda zootécnica que propomos realizá la através do manejo,nutriçãoebem estar.
É sabido que na desmama o meio ambiente é um dos fatores estressante bem conhecido. Porém, durante toda sua fase de creche as instalações, limpeza, temperaturas, umidade, ventilação, luminosidade, densidade, dentre outras são muito importantes e de controle critico para evitar erros no manejo.
Alimentação, ração e água são agora os desafios que teremos de enfrentar juntos no desmame e através da nutrição teremos que prever e compor fórmula de rações que amenizem essa mudança da alimentação.
ATransição:
Para entendermos um pouco sobre esse desafio vamos rever o que acontece com o sistema digestório, pois temos agora um leitão que deixa de sugar e ingerir leite para apreender um alimento normalmente seco, farelado ou peletizado, tendo que mastigá lo e umedece lo, inicialmente com a saliva, para depois deglutir. Entretanto, é bom lembramos que antes o leite vinha,além dequente e estéril, livre decontaminações.
As principais fontes de energia durante a fase de aleitamento são a gordura e a lactose do leite que serão substituídas normalmente por amido e óleo vegetal. Assim acaseínadoleite queéaltamente
digestível será substituída por proteínas vegetais menos digestíveis. Além do mais, a nova dieta também pode apresentar antígenos que provocam reações de hipersensibilidade transitória no intestino, isento da proteção imunológica que havia no leite (LUDKEetal.,1998).
Os leitões recém desmamados também apresentam um sistema digestivo relativamente imaturo, com secreção insuficiente de enzimas digestivas e a inadequada produção de ácido clorídrico pelo estômago (CROMWELL, 1989). A reunião de todos estes fatores pode levar ao surgimento da diminuição do consumo, que leva ao aparecimento de distúrbios entéricos e obviamente à perda no desempenhodosanimais.
As enfermidades do trato gastrintestinal em leitões recém desmamados acabam em diarreia de uma maneira ou de outra. E podem estar associadas com a colonização e proliferação de bactérias, vírus, parasitas intestinais ou por um desequilíbrio nutricional causando uma irritação, com ou sem aumento da pressão osmótica do lúmen, que se manifesta normalmente com um aumento do conteúdo de água ou com um incremento diário da deposição de fezes. Além de que a diarreia pode causar uma inflamação do trato intestinal, devido à interrupção dos processos de absorção e secreção das células que recobrem o epitélio do trato digestório ou também proporcionando um descontrolenamotilidadeintestinal.
Entretanto, vamos nos ater apenas para algumas causas ligadas a alimentação e não às causas patogênicas. Por maior cuidado que se tenha na preparação de uma ração, na hora de fornecê la ao leitãopodehaverumacontaminação.
Para que ocorra tudo dentro do esperado e controlado, os ingredientes dessa ração têm que ser bem escolhido, ou seja, boa qualidade e digestibilidadeapropriadaparaojovem leitão.
Abordaremos sobre alguns ingredientes mais indicados e utilizados em dietas para leitões na fase de creche, como o milho e seus derivados que é um dosmaisimportanteseutilizadoem todaasuavida.
Quanto maiscedooleitãodesenvolvereaprimorar
Artigo 565 Saúde intestinal dos leitões: o papel de alguns agentes reguladores
ISSN: 1983 9006 9157
Nutritime Revista Eletrônica, on line, Viçosa, v.19, n.6, p.9156 9166, nov/dez, 2022.
Artigo 565 Saúde intestinal dos leitões: o papel de alguns agentes reguladores
sua produção endógena de enzimas para o milho e outrossubstratos,melhorseráoseudesempenho.
O processo de digestão inicia logo após a ingestão da ração, com a mastigação e a hidratação/umedecendo por meio da saliva onde ocorre a secreção e ação da enzima α amilase salivar, que atuará no amido (ligações α-1-4), quebrando em frações menores (maltases) e outros polissacarídeos.
Todavia, o processamento correto do milho e de seus derivados influenciam na digestibilidade, assim como de qualquer outro ingrediente utilizado nas rações de leitões, para evitar que porções cheguem até o intestino em condições inapropriadas de aproveitamento causando injúrias e desconforto como consequências as diarreias por descargas comomencionadas.
Assim como os suínos, o milho também tem alterações genéticas que iram lhe proporcionar uma melhor produtividade entre seus cultivares, onde há umaseleçãopara umamelhorresistência a pragase consequentemente uma maior dureza no grão. Assim sendo, são de grande importância os constantes ensaios de digestibilidade do mesmo para as espécies no qual ele participa da alimentação.
Através do método de extrusão, têm se obtido amidos modificados com maiores valores de solubilidade em água e com alta capacidade de absorver água, em virtude da “gelatinização e dextrinização”. Estudos na área de processamento de amido estão sendo conduzidos como extrusão, micronização, cozimento entre outros, objetivando a “desorganização” da estrutura do grânulo de amido, para facilitar a ação da enzima amilase no processo dedigestãoe absorção(MOREIRAetal.,2001).
Na digestão do amido duas enzimas estão envolvidas(α amilase e maltase), entretanto o amido não é bem digerido por leitões jovens antes dos 15 dias de idade, mas a digestibilidade melhora com a idade (Tabela 01) e níveis satisfatórios de amilase em leitões sãoatingidos aos28dias. Isso implicaem escolher ingredientes para dietas pré inicias com polissacarídeosmenoscomplexose/ou submetê los
a processamentos que melhorem a digestibilidade comomencionadoanteriormente.
TABELA01 Digestibilidadedoamidoporleitõesdo 1ºao25ºdia Idade(dias) Digestibilidade(%) 1 25 15 32 24 46 25 48
Fonte: Cunningham, In ABRAVES, 1985 Ensaios realizados por Moreira et al. (2001), onde determinaram a digestibilidade e o nível adequado de substituição do milho pela farinha de milho pré gelatinizada, concluiu que este substituiu em 52,2% o milho comum em rações fareladas, para leitões de 21 a 31 dias, e em 23,7%, para leitões de 21 a 63 dias de idade, sem prejuízos do desempenho de leitões.
Rostagno & Pupa (1998) citam que para formular rações de leitões é necessário utilizar valores de digestibilidade dos nutrientes obtidos de tabelas, que normalmente são estrangeiras ou publicadas no Brasil, usadas para formular rações com base em dados obtidos com suínos que possuem o aparelho digestivoestabelecido, animaisadultos.
No Quadro 1 são apresentados dados de coeficiente de digestibilidade da proteína e valores de energia digestível de alimentos usualmente utilizados em rações de leitões, porém determinados com animais jovens, comparando com dados da literatura de animaisadultos.
QUADRO1 Coeficientes deDigestibilidadeda ProteínaeValores deEnergia DigestíveldeAlguns Alimentos,Determinadoscom Leitões(valoresna MS)
9158
v.19, n.6, p.9156 9166,
ISSN:
9006
Nutritime Revista Eletrônica, on line, Viçosa,
nov/jdez, 2022.
1983
1.Literatura: determinação com suínos em crescimento; 2.Soja Integral Processada; 3.Média dos valores citados pelos fabricantes; 4. Moreira et al. (2001)
Fonte: Adaptado de Rostagno & Pupa (1998).
Podemos observar que os valores de digestibilidade da proteína e da energia mudam devido à idade do leitão em dias, estando na dependência do tipo de enzima envolvida e do processamento que o ingrediente possasofrer.
OsÁcidosOrgânicos:
No estômago os ingredientes escolhidos para comporaraçãoinicialdos leitõessofreram aaçãode enzimas e do suco gástrico. Temos um grupo de aditivo muito utilizado e de importante entendimento, quesãoosácidosorgânicos.
A secreção de ácido clorídrico pela mucosa estomacal é provocada pela presença do alimento e por estímulos nervosos e hormonais que aumenta o pH estomacal. O resultado será uma redução gradativa do pH e como consequência a desnaturação das proteínas dietéticas com a abertura das moléculas e eliminação da estrutura terciária o que facilitará o acesso das enzimas proteolíticas no estômago e no intestino delgado (ROSTAGNO&PUPA,1998).
Uma função muito importante do ácido clorídrico HCl no estômago é eliminar microrganismos para proteger o leitão contra infecções entéricas. A baixa produção de ácido após o desmame precoce resulta num pH médio da digesta no estômago de 4 5, cujosvaloresvariam conformea porção do estômago,
entre 6 7 na parte superior e 2 3 na região fúndica do estômago. Entretanto, a secreção de HCl durante a amamentação é controlada pela formação de ácido láctico no estômago que atinge 50% de toda a acidez presente, ou seja, 3 8 mmol Ac. Láctico/ 100g de digesta (Bolduan et al., 1988) (Figura1).
FIGURA 1 ConcentraçõesdeÁcidosOrgânicos e ÁcidoClorídrico naDigesta EstomacaldeLeitões, TrêsHorasApósaalimentação.
Fonte: (Schnabel, 1983, citado por Bolduan, G. et al., 1988).
O ácido láctico é produzido por Lactobacilos que utilizam a lactose do leite da porca como substrato. No entanto, após o desmame com o consumo de ração à proliferação de outros microrganismos (bactérias e fungos) com resultados negativos para o leitão.
Em comparação, os suínos adultos, ajustam o pH gástrico através da secreção de ácido clorídrico pelas células parietal. A situação em leitões recém desmamados é um pouco diferente, pois eles apresentam pH gástrico elevado e mais variável em relação aos animais adultos. Este fato faz presumir que a insuficiência digestiva e as desordens intestinais de leitões desmamados podem estar parcialmente, relacionadas com a condição de não manterem o pH gástrico baixo (ácido), pelos efeitos sobre a ativação da pepsina, pela proliferação de coliformes e pela taxa de esvaziamento estomacal (ROSTAGNO&PUPA,1998).
O alimento deglutido chega ao estômago pouco a pouco, depositado em camadas e sofrendo a ação do suco gástrico. Entretanto, como mencionado
on line, Viçosa, v.19, n.6, p.9156 9166, nov/dez, 2022.
Artigo 565 Saúde intestinal
dos leitões: o papel de alguns agentes reguladores
ISSN: 1983 9006 9159
Nutritime Revista Eletrônica,
Artigo 565 Saúde intestinal dos leitões: o papel de alguns agentes reguladores
anteriormente, um dos problemas na regulação intestinal pode começar no estômago, quando frações de alimentos passam sem ser digeridas pela açãodosucogástrico.
O manejo nos primeiros dias após a desmama tem que copiar a frequência alimentar que o leitão mantinha em aleitamento, pois, um trânsito intestinal mais lento e uma parada intestinal que ocorre imediatamente após o desmame permitem que as bactérias tenham oportunidade de fixarem se ao epitélio intestinal com tempo suficiente para se reproduzir. Assim sendo, as partículas de alimento não digeridas no lúmen intestinal servem de substrato para o crescimento bacteriano indesejável comomencionadoanteriormente.
A capacidade tamponante é uma característica inata dos alimentos, raçãoou ingrediente, em neutralizar o ácido clorídrico secretado no estômago dos suínos, mantendo o pH em níveis mais elevados. Porém, a neutralização do ácido clorídrico pelo efeito tamponante diminui a capacidade dos suínos em ativar suas enzimas digestivas, uma vez que no estômago, o pH ideal para a atividade enzimática se encontra por volta de 2,5. Esta particularidade é importante para os leitões que possuem seu sistema digestivo imaturo, com limitada capacidade de produçãode ácidoclorídrico.
O leite da porca é, sem dúvida, mais fácil de acidificar que os outros alimentos, como o farelo de soja, que possui alta capacidade tampão. Os produtos lácteos, apesar de possuírem alta capacidade tamponante, são auto acidificantes por conterem lactose. A capacidade tamponante pode ser reduzida mediante a escolha de diferentes tipos de alimentos e ou pela redução do nível proteico da raçãoe a simultâneasuplementaçãode aminoácidos sintéticos para manter níveis adequados dos aminoácidos limitantes (ROSTAGNO & PUPA, 1998).
Segundo Delforge (1987) e Bartels & PenzJr (1996), quando a capacidade tampão da ração de leitões é superior a 750 meq/kg favorece a proliferação de E. coli. (Quadro 2).
QUADRO 2 Capacidade Tamponante de Alguns Alimentos
Alimento meq/kg ( 1 )
Milho 160 200 Farelo deSoja 950 1200
FosfatoBicálcico 6500 7500 Calcário 20.000 Leiteem PóDesnatado 1200 1500 Farinhade Peixe 1500 1900 Cevada 200 300
1 Quantidade de HCl necessária para reduzir o pH de 1,0 kg de alimento ou ração para 3 após uma hora a 370 C. Fonte: Delforge (1987) e Bartels & Penz Jr (1996).
Quandoácidos orgânicossãoadicionados nasdietas o pH diminui e melhora a formação de coágulos, assim sendo a acidificação das rações de leitões pode ajudar na ativação do pepsinogênio uma vez que a produção de HCl pode não ser adequada para reduziropHeativaraenzima(Quadro3).
QUADRO3 TempodeCoagulação “invitro”do LeiteIntegrale do Substitutodo Leitecom esem AdiçãodeÁcidoOrgânico Substitutodo Leite Sem com Leite Integral Ácidos Orgânicos
pH 6,6 5,8 6,7 Tempo de Coagulação(min.) 8,1 0,8 4,5 Fonte: Fallon (1993).
Em relação à utilização de acidificantes nas rações de leitões as formas de ação destes produtos basicamentesão:
a) redução do pH da ração que atuaria compensando a baixa produção de HCl no estômago, especialmente para proteínas não lácteas com altacapacidade tampão; b)ativam aconversãode pepsinogênio para pepsina;
9160 Nutritime Revista Eletrônica, on line, Viçosa, v.19, n.6, p.9156 9166, nov/dez, 2022. ISSN: 1983 9006
Artigo 565 Saúde intestinal dos leitões: o papel de alguns agentes reguladores c)estimulam acoagulaçãodasproteínas; d) aumenta o tempo de permanência da ração no estômago e consequentemente o tempo de proteólise; e) melhoram a digestibilidade dos nutrientes da ração; f)evitam aproliferaçãode microrganismos.
A maioria das dietas simples utilizadas na fase de creche é composta de milho e farelo de soja. O farelo de soja devido à sua oferta e disponibilidade no mercado é uma opção economicamente viável para dietas na fase de creche, principalmente pelo seu excelente balanço de aminoácidos (THOMAZ, 1996).
Todavia, o milho e o farelo de soja apresentam estruturas complexas como os polissacarídeos não amiláceos e oligossacarídeos (galactosil, ßgalactomanas e a galactosideos), que podem limitar o total aproveitamento dos nutrientes e aumentar a flatulência (HUISHMAN & TOLMAN, 1992).
Entretanto, seu uso em dietas pós desmama tem sido restrito, uma vez que o farelo de soja, mesmo que processado adequadamente, possui fatores alergênicos, como as frações protéicas, glicinina e ßconglicinina, que provocam reação de hipersensibilidade no leitão, comprometendo a integridade da mucosa intestinal e, consequentemente, o desempenho dos animais (GRANT,1989).
Vários trabalhos ilustram as alterações encontradas na estrutura do intestino delgado dos leitões após a desmama, com redução na altura das vilosidades e aumento da profundidade das criptas, associadas à diminuição do consumo voluntário, das capacidades dedigestão e absorção dos nutrientes e a umamaior ocorrência de problemas entéricos. Como consequências uma redução no crescimento e mais tempo para os animais atingirem o peso de abate esperado(PARTANEN &MROZ,1999).
Segundo Dunsford et al. (1989), a intensidade das alterações morfológicas está mais associada à qualidade dos alimentos empregados na formulação dasdietasdoqueà faseem que o animal se encontra
A adição do complexo enzimático composto das seguintes enzimas agalactosidase, ß glucanase, galactomananase e xilanase em dietas para leitões a base de milho e farelo de soja (totalmente vegetal sem adição de produtos lácteos), segundo Pascoal et al. (2008) favoreceu beneficamente a morfologia intestinal dos leitões, provavelmente pela atuação das enzimas sobre os fatores alergênicos do farelo de soja, que reduziu as respostas de hipersensibilidade provocada pelas proteínas glicina e ß conglicina, pela melhoria da digestibilidade dos nutrientes das dietas devido à ruptura dos componentes fibrosos da dieta. Além de reduzirem as concentrações de ureia e proteínatotaldosangue e promoveram melhora na integridade da mucosa intestinal, aofinaldafasedecreche.
Resultados como estes foram encontrados por Mori et al. (2007), que verificaram que a adição de um complexo enzimático em dietas à base de milho e farelo de soja para leitões influencia a morfologia intestinal, podendo aumentar a capacidade de absorçãodosnutrientes(Figura2).
FIGURA2 Efeito da adição do complexo enzimático sobre a relação altura de vilosidade e profundidade decriptado jejuno edo íleodos leitões Nutritime Revista Eletrônica, on line, Viçosa, v.19, n.6, p.9156 9166, nov/dez,
ISSN: 1983 9006 9161
2022.
Quando a digesta passa do estômago para a primeira porção do intestino, o duodeno, inicia uma nova fase de mistura com secreções alcalinas do fígado (bílis) e do pâncreas (suco pancreático) que neutralizam a acidez elevando o pH intestinal de maneira a facilitar a ação das enzimas pancreáticas que atuam em pHmaisalto.
A digestão dos carboidratos e das proteínas no intestino delgado é rápida e intensa devido à ação das enzimas pancreáticas responsáveis pela digestão no lúmen intestinal e pelas enzimas presentesnamucosaintestinal.
Sabe se que as enzimas pancreáticas podem ser alteradas pela composição da dieta fornecida ao animal, e que o fornecimento de dietas com alto conteúdo proteico e baixo teor de amido (carboidratos) resulta no aumento da secreção pancreática de enzimas proteolíticas e da diminuição de amilase; a mudança para uma dieta de baixa proteína e alto amido resulta em uma ação inversa do pâncreas. Similarmente a atividade da lipase depende do conteúdo de lipídeos da dieta. Estes acontecimentos estão diretamente relacionados com o aumento ou decréscimo da síntese enzimática correspondente no pâncreas (ROSTAGNO & PUPA, 1998).
Os efeitos da idade e da dieta no desenvolvimento do pâncreas, na síntese e na secreção de enzimas pancreáticas em leitões, no período de nascimento até 56 dias de idade, investigados por Oswsley et al. (1986), observaram que as atividades da amilase, tripsina e quimotripsina no pâncreas e no conteúdo intestinal aumentaram com a idade e que as variações observadas nas atividades dessas enzimas estavam relacionadas com a composição das dietas. Soares (1995), pesquisando o efeito da idade sobre a atividade da tripsina e da quimotripsina do pâncreas de leitões, concluiu que a atividade das proteases pancreáticas aumentou com a idade do animal e que o fornecimento de ração a partir do sétimo dia melhorou ainda mais as atividadesenzimáticas(Quadro4).
QUADRO4 EfeitodaIdadeSobre aAtividade
Enzimática( S 1 g 1)do Pâncreas deLeitõesem AleitamentoouconsumindoRaçãoPré Inicial
* Desmame com 7 dias. Fonte: Soares (1995).
Em relação à atividade das enzimas presentes na mucosa intestinal dos suínos e especificamente dos leitões, deve se destacar a alta atividade da lactase no leitão ao nascer e o decréscimo com a idade, ocorrendo rapidamente durante a primeira semana devidapara,posteriormente,umalentadiminuição.
A atividade da sacarose no leitão é baixa, enquanto que no suíno adulto o nível é bastante elevado. Pesquisas realizadas com leitões criados artificialmente com dieta pré inicial mostraram que a atividade máxima da sacarase foi obtida entre a 2a e 4a semana de vida no primeiro quarto do intestino delgado. No segundo quarto do intestino delgado a atividade máxima foi detectada com 4 semanas de idade. Estes resultados confirmaram as observações da década de 50 que mostraram um baixo desempenho de leitões alimentados com dietas contendo açúcar nos primeiros dias de vida (Drochner,1991).
FIGURA 3 Atividade das Dissacaridases (maltase, sacarase e lactase) e de Peptidase (aminopeptidase N)noIntestinoDelgadode LeitõesLactentes
Artigo 565 Saúde intestinal dos leitões: o papel de alguns agentes reguladores
9162 Nutritime
Revista Eletrônica, on line, Viçosa, v.19, n.6, p.9156 9166, nov/dez, 2022. ISSN: 1983 9006
Fonte: SANGILD et al., 1991.
Entre alguns agentes reguladores da atividade intestinal utilizados, classificados como aditivos de rações, em dietas para leitões usados no Brasil por nutricionistas de integrações e independentes foram levantados por Pupa et al. (2005) ao qual observaram que entre estes a uma grande aceitação na sua utilização e alguns são cem por cento utilizadosnasprimeirasdietasdeleitões(Quadro5).
QUADRO5 Percentualdousodeaditivosnas raçõesdesuínosem desenvolvimento,pelos nutricionistasdeintegraçõeseindependentes
Aditivos Pré inicial 1 Pré inicial 2 Inicial Antibiótico 75% 75% 50% Promotor 100% 100% 100% Óxido zinco 100% 75% 25% Sulfato cobre 100% 100% 100% Prebióticos Probióticos 25% 25% 50% Acidificantes 100% 100% 50% Minerais orgânicos 50% 50% 50% Leveduras 25% Mos 25% Enzimas 25% 50% Aromas 100% 100% 25% Palatabilizantes 50% 75% 25% Adsorventes 25% 50% 25% Antioxidantes 100% 100% 100%
Fonte: PUPA et al. (2005).
A microbiota intestinal exerce um papel importante tanto nasaúdequanto na doença e a suplementação da dieta com probióticos e prebióticos pode assegurar o equilíbrio dessa microbiota. Probióticos são microrganismos vivos, administrados em quantidades adequadas, que conferem benefícios à saúde. Prebióticos são carboidratos não digeríveis que afetam beneficamente o hospedeiro, por estimularem seletivamente a proliferação e/ou atividade de populações de bactérias desejáveis no cólon. Um produto referido como simbiótico é aquele no qual um probiótico e um prebiótico estão combinados(SAAD, 2006).
Os potenciais benefícios para a saúde animal com o uso de probióticos e prebióticos incluem o aumento da digestibilidade, a estimulação da imunidade gastrointestinale oaumentodaresistência naturalàs doenças infecciosasdoforoentérico.
As leveduras Saccharomyces cereviae, têm sido um dos probióticos mais estudados em dietas de suínos. O principal efeito deste probiótico nos suínos ocorre no intestino delgado envolvendo o estímulo das enzimas intestinais (dissacaridases), o efeito antiadesivocontrapatógenos,ainibiçãodaprodução de toxinas e o antagonismo contra os microrganismospatogênicos.
Os oligossacarídeos ocorrem naturalmente em diversos sub produtos, e alcançam o intestino delgadodossuínosservem desubstratoaocresci
Nutritime Revista Eletrônica, on line, Viçosa, v.19, n.6, p.9156 9166, nov/dez, 2022.
Artigo 565 Saúde
intestinal dos leitões: o papel de alguns agentes reguladores
9163
ISSN: 1983 9006
Artigo 565 Saúde intestinal dos leitões: o papel de alguns agentes reguladores
mento das bífidas bactérias benéficas, que tem como produtos finais da fermentação microbiana intestinal dos ácidos graxos de cadeia curta. Entre estes ácidos, o butírico tem uma função particularmenteimportante naestrutura e função das célulasepiteliaisdamucosaintestinal.
Os alimentos prebióticos são alguns tipos de fibras dietéticas, ou seja, carboidratos não digeríveis. Isto é, possuem uma configuração molecular que os torna resistentes à ação de enzimas. Esse tipo de fibrapossuiasseguintesfunções:
Ajuda namanutençãoda floraintestinal; Estimulaamotilidadeintestinal(trânsito intestinal);
Contribui com a consistência normal das fezes, prevenindo assim a diarreia e a constipação intestinalpor alterarem amicroflora colônica por uma microflora saudável;
Possui efeito bifidogênico, isto é, estimulam o crescimento das bifidobactérias. Essas bactérias suprimem a atividade de outras bactérias que são putrefativas,quepodemformarsubstânciastóxicas.
Os probióticos são misturas de bactérias e/ou leveduras vivas que são fornecidas através das dietas com o objetivo de estabelecer uma microflora desejada para competir com bactérias deletérias no intestino. A ação desses microrganismos parece ser através de inibição competitiva, principalmente de E. coli e salmonelas, ou alteração do pH intestinal, através da formação de lactato, favorecendo o desenvolvimento daqueles microrganismos que favorecem o hospedeiro, promovendo aumento de ganhodepeso emelhora daeficiênciaalimentar.
Esporos e células vivas de Bacilllus toyoi e subtilis, Lactobacillus acidophilus, Saccharomyces cerevisae e Streptococcus faecium tem sido usados como probióticos e empregados em concentrações indicadas por fabricantes. A maneira de atuação não é completamente entendida, mas inferências incluem: a) influencia na atividade metabólica intestinal (produçãode ácidos,bactericinas, vitaminaB12), b) promoção de competição exclusiva com bactérias patogênicase, c) estimulaçãodosistemaimune.
Dietas suplementadas com mananoligossacarídeos ou combinação de mananoligossacarídeos com aci-
dificante e probiótico propiciam ganho de peso, conversão alimentar e altura de vilosidades ao nível de duodeno semelhantes a dietas suplementadas com colistina e avilamicina para leitões de 21 a 49 dias de idade em condições de desafio sanitário (CORASSA, 2004).
O trato gastrintestinal é o principal órgão de utilização de glutamina. A capacidade da mucosa intestinal de metabolizar glutamina pode ser ainda mais importante durante estados de doença envolvendo o catabolismo, onde danos às vilosidades podem ocorrer, quebrando a barreira da mucosa intestinal, com consequente aumento da permeabilidade, favorecendo a migração de bactérias etoxinasdolúmenpara acirculação.
Nessas condições, a glutamina pode ser um componente dietético essencial para a manutenção da integridade e permeabilidade da mucosa intestinal, melhorando a absorção dos nutrientes e consequentementeo desempenhodosanimais. A glutamina é essencial na regeneração do tecido lesado, devido à sua utilização na síntese de purinas e pirimidinas, na síntese de adenosina trifosfato (ATP), sendo utilizada como fonte de energia, e na gliconeogênese, aumentando a exigência de glutamina na mucosa intestinal (FREITAS & PENA, 2006).
Em leitões ao desmame a glutamina resulta na redução de diarreia de animais desafiados, pois a ligação da E. coli na borda em escova é parcialmente inibida por resíduos de N acetilglucosamina e N-acetilgalactosamina, sintetizados a partir da glutamina (Reeds & Burrin, 2001), quesãocomponentesdamucina.
Assim, o fornecimento de dietas ricas em glutamina pode reduzir a incidência de translocação de bactérias para a corrente sanguínea ao diminuir a aderência das bactérias ao enterócito, ao normalizar os níveis de IgA (SOUBA et al., 1990), e ao reduzir a permeabilidadeintestinal.
A suplementação de glutamina na dieta dos animais é importante para propiciar melhor desempenho aos animais e redução da mortalidade, reduzindo a incidência de complicações em situações de desafio sanitário(FREITAS&PENA,2006).
9164
1983 9006
Nutritime Revista Eletrônica, on line, Viçosa, v.19, n.6, p.9156 9166, nov/dez, 2022. ISSN:
Artigo 565 Saúde intestinal dos leitões: o
Os nucleotídeos são compostos de uma base nitrogenada, uma pentose e com um ou mais grupos fosfatos. Os nucleotídeos participam de vários processos bioquímicos que são essenciais para o funcionamentodoorganismo.
Para a síntese de nucleotídeos é necessário principalmente energia e glutamina, sendo que suínos desmamados são deficientes nestes dois fatores, por isso não sintetizam nucleotídeos em quantidade suficiente durante o período pós desmame.
Os nucleotídeos são cruciais para a manutenção do estado de saúde dos animais, sendo que durante períodos de crescimento rápido, desafio sanitário, lesão e estresse, as exigências de nucleotídeos são maiores. Adicionalmente, o seu uso aumenta a presença de bifidobactérias no intestino e reduz a presença de bactérias patogênicas. Os nucleotídeos podem ser sintetizados via de novo ou pela via salvamento. A via de novo requer maior quantidade de energia, em comparação à via salvamento. Por desempenhar papelimportantenafunçãointestinale no sistema imunológico, os nucleotídeos representam uma excelente fonte de inclusão na dietadosanimais (ROSSI etal.,2007).
Poderíamos citar ainda alguns outros ingredientes como o plasma sanguíneo, os nutraceuticos e sobre a fibra dietética que influencia sobre a fisiologia intestinale amicrobiotadosleitõesdesmamados.
CONSIDERAÇÕESFINAIS
Sabendo que as enfermidades entéricas são de origens multifatoriais, a prevenção deveria estar enfocada em reduzir o número de fatores de risco presentese predisponentes.
Em suma podemosentender que háalgumasformas de controlar as enfermidades entéricas, através da otimização do meio ambiente para o leitão, reduzindo o impacto da desmama no trato intestinal através das rações pela sua composição, forma, consumo e manipulando o desenvolvimento e a estabilidade da flora intestinal por meio da utilização ecombinaçãodeingredienteseaditivos nadietapós desmamedeleitões.
REFERÊNCIAS
papel de alguns agentes reguladores
BARTELS, H.A.; PENZ Jr, A.M. Nutrição de leitões nas fases pré e pós desmame. In: I Simpósio Internacional de Nutrição de Monogástricos, XII Semana de Zootecnia, Rio de Janeiro, 1996. Anais... Rio de Janeiro: Universidade Federal Rural doRiodeJaneiro,1996.
BOLDUAN, G. ; JUNG, H.; SCHABEL, E. & SCHNOIDER. Recent advances in the nutrion of weaner piglets. Pig News and Information, 9(4):381 385, 1988.
CORASSA, A. Mananooligossacarideos, ácidos orgânicos, probioticos, níveis de acido fólico em dietas para leitões de 21 a 49 dias de idade.Viçosa,MG:UFV,2004.
DELFORGE, J. L. New concepts in the use of acidulents in animal feeds. In: Virginiamycin Symposium,Sicilia, Italia,56p., 1987.
FALLON, R. J. Acidificacion of calf and piglet diets. In: Biotechnogy in the food industry. USA, p. 219 233, 1993.
FREITAS, L. S., PENA, S. M., Utilização De Glutamina Em Processos Infecciosos. Revista Eletrônica Nutritime, v.3, n° 4, p.337 342, julho/agosto 2006. www.nutritime.com.br
GRANT, G. Anti nutritional effects of soybean: a review. Progress in Food and Nutition Science ,v.13,p.317 348,1989
HUISMAN, J.; TOLMAN. G. H. Antinutritional factors in the plant proteins of diets for nonruminants. In: GARNSWORTHY, P. C.; HARESIGN, W.; d COLE, D. J. A. Recent advances in animal nutrition. Oxford, U.K: Butterworth-Heinemann., 1992.p.3.
LUDKE, J. V., BERTOL, T. M. e SCHEUERMANN, G. N. Manejo da alimentação. Suinocultura Intensiva: produção, manejo e saúde do rebanho. Brasília: Embrapa SPI; Concórdia: Embrapa CNPSa,388p.1998.
MOREIRA, I., OLIVEIRA, G. C., FURLAN, A.C., et. Al., Utilização da Farinha Pré gelatinizada de Milho na Alimentação de Leitões na Fase de Creche. Digestibilidade e Desempenho, Rev. bras.zootec.,30(2):440 448,2001
PATTERSON, J. A. AND K. M. BURKHOLDER. 2003. Prebiotic feed additives: Rationale and use in pigs. 9th International Symposium on Digestive Physiologyin Pigs.1, 319 331.
Nutritime Revista Eletrônica, on line, Viçosa, v.19, n.6, p.9156 9166, nov/dez, 2022. ISSN: 1983 9006 9165
Artigo 565 Saúde intestinal dos leitões: o papel de alguns agentes reguladores
PUPA, J.M.R.; ORLANDO, U.A.D.; HANNAS, M.I. et al. Níveis nutricionais utilizadosnas dietas de suínos no Brasil. In: SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE EXIGÊNCIAS NUTRICIONAIS DE AVES E SUÍNOS, 2., 2005, Viçosa, MG. Anais... Viçosa, MG, 2005. p.349 374.
REEDS, P.J., BURRIN, D.G. Glutamine and the bowel. Journal of Nutrition, v.131, p.2505S 2508S, 2001.
ROSSI, P, Eduardo Gonçalves Xavier, E. G., Rutz F., Nucleotídeos na nutrição animal, R. Bras. Agrociência, Pelotas, v.13, n.1, p.05 12, jan mar, 2007,
ROSTAGNO, H.S.; PUPA, J.M.R. Fisiologia da digestão e alimentação dos leitões. In: SIMPÓSIO SOBRE NUTRIÇÃO E MANEJO DE LEITÕES, 1998, Campinas. Anais... Campinas: Colégio Brasileiro de Nutrição Animal, 1998. p. 60 87.
SAAD, S. M. I.,Probióticos e prebióticos: o estado da arte. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas. vol.42,n. 1,jan./mar.,2006
SANGILD,P.T.;CRANWELL,P.D.;SǿRENSEN,H.; MORTENSEN, K. ; NOREN, O.; WETTEBERG, L. & SJÖSTRÖM, H. Development of intestinal disaccharidases, intestinal peptidases and pancreatic proteases in sucking pigs. The effects of age and ACTH treatment. In: Digestive physiology in pigs. Proc. V Int. Symp. Holanda, p.73 78,1991.b
SOARES, J. M. Perfil enzimático de tripsina e quimotripsina do pâncreas e do quimo de leitões do nascimento aos 35 dias de idade Viçosa, MG, Universidade Federal de Viçosa, 43p.,1995.(TeseM.S.).
SOUBA, W.W., HERSKOWITZ, K.,SALLOUM, R.M. et al. Gut glutamine metabolism. Journal of Parenteraland EnteralNutrition, v.14(4 suppl.), p.45S 50S,1990.
THOMAZ, M. C. Digestibilidade da soja semiintegral extrusada e seus efeitos sobre o desempenhoemorfologiaintestinaldeleitões na fase inicial. 1996. 66f. Tese (Doutorado em Zootecnia) Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista, Botucatu.
9166 Nutritime Revista Eletrônica, on line, Viçosa, v.19, n.6, p.9156 9166, nov/dez, 2022. ISSN: 1983 9006
Revista Eletrônica
Vol. 19, Nº 06, nov/dez de 2022 ISSN: 1983 9006 www.nutritime.com.br
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resulta dos de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira res ponsabilidade dos seus autores.
RESUMO
Considerado um dos grandes desafios da suinocultura nacional, o estresse término na espécie suína é sabidamente causa de grande impacto no sistema de produção, sobretudo nas fases de reprodução e terminação, fases estas onde este animal apresenta maior dificuldade em dissipar calor paraomeio ambiente.
Como forma de minimizar o estresse térmico, diversas pesquisas na área de ambiência e instalações foram realizadas nos últimos anos, no entanto, as dificuldades técnicas e/ou financeiras no tangente aos processos de readequações das instalações, impactam negativamente no retorno sobre o investimento. Deste modo, as alternativas encontradas pelo setor suinícola para contornar estes desafios, estão focadas em estratégias nutricionais, haja vista que, estas apresentam o melhorcusto benefício, em curtoprazo
Dentre as estratégias, o uso de ingrediente com função termorreguladora, como exemplo, a uso de pimenta (gênero Capsicum spp) tem se mostrado extremamente eficaz em minimizar os efeitos nocivos do estresse térmico sobre o desempenho animal. Ressalta se ainda que, além de sua capacidade termorreguladora, a introdução deste ingrediente em dietas de suínos apresenta como vantagens adicionais o fato de promoverem melhora na palatabilidade, ação antioxidante, anti inflamatória,analgésicaedigestiva.
Palavras-chave: suínos, pimenta, termorregulação, antioxidante, anti inflamatório, analgésico.
Extrato de pimenta (gênero Capsicum spp) e seus efeitos além da palatabilidade e termorregulação em suínos
Suínos, pimenta, termorregulação, antioxidante, anti inflamatório, analgésico
Leonardo Rafael da Silva * Rodrigo Souza Felipe Tomazela Felipe Dalmaso
NutriQuest : * E mail: tecnicosuinos@nutriquest.com.br
PEPPER EXTRACT (GENUS CAPSICUM SPP) AND ITS EFFECTS BEYOND PALATABILITY ANDTHERMOREGULATIONINSWINE ABSTRACT
Considered one of the big challenges in swine production, heat stress in this species is known to have a huge impacte on the production system, especially in the reproduction and finishing phases, phases where this animal has difficulty in dissipating heattotheenvironment.
As a way of minimizing the heat stress, several researches in ambience area and facilites have been carried out in recente years, however, the technical and/ or financial difficulties regarding the processes of readjustment of the facilities, negativelyimpact the return on investment. Thus, the alternatives found by the swine sector to overcome these challenges are focused on nutritional strategies, given that they presentethe bestcost benefit,in the shortterm.
Among the strategies, the use of an ingrediente with thermoregulatory function, as an example, the use of papper (genus Capsicum spp) has beem shown to be extremely effective in minimizing the harmful effects of heat stress on animal performance. It is also noteworthy that, in addition to its thermoregulatory capacity, the introduction of this ingredient in swine diets has the additional advantages of promoting improved palatability, antioxidante, anti inflammatory, analgeic and digestiveaction.
Keyword: pigs, thermoregulation, antioxidante, anti inflammatory, analgesic.
9167
INTRODUÇÃO
Considerada uma atividade altamente dinâmica, a suinocultura brasileira prima pela busca constante por tecnologias capazes de conciliar o aumento em produção de uma forma sustentável e exigências do mercado consumidor. Este conceito da cadeia suinícola brasileira, vem deencontro às projeções da Food and Agriculture Organization of the United Nations _FAO (2009), a qual já projetou a necessidade de incremento de produção de alimentos até 2050. Ainda de acordo com a FAO (2009), o grande entrave na produção de alimentos se dará em virtude de limitações territoriais, de modo que, o aumento da produção por si só não será capaz de suprir tamanha demanda, o que torna necessário o emprego de novas tecnologias capazes depromoveraumentodeprodutividade.
Em se tratando de produção de proteína de origem animal, o Brasil é considerado o 4º maior produtor e exportador carne suína (EMBRAPA, 2022), e como tal, necessita buscar alternativas capazes de atender de forma sustentável essa maior necessidade de produção. Melhorias no que tange manejo, sanidade, genética e alimentação se tornaram uma busca incessante por parte dos meios de pesquisa, no entanto, por muito tempo se negligenciou o papel exercidopelaambiênciaem processosdeprodução.
O suíno é um animal extremamente sensível ao clima, e particularmente no território brasileiro, este pode ser um ponto chave para incrementar os diversos parâmetros produtividade nas diferentes fases de produção. Na fase de reprodução, por exemplo, o clima pode afetar não somente o consumoderaçãodasmatrizessuínas, oqueresulta em redução na taxa de parto, nascidos totais, nascidos vivos, leitões desmamados, peso do leitão ao nascimento e desmame e no percentual de mortalidade de fêmeas. Nas fases subsequentes de produção (creche, crescimento e terminação), o principal efeito do clima, diz respeito a depressão no consumo de ração, o que impacta diretamente no ganhodepeso dos animais.
Vale ressaltar que, a dificuldade dos suínos em dissipar calor para o ambiente ocorre não somente devido às características fisiológicas do animal, mas também pelascaracterísticasclimáticasdecada re
gião, aliada a instalações construídas com baixo critério técnico na área de ambiência para minimizar oestresetérmico.
Diante o exposto, a busca por uma melhora no quesito ambiência das instalações suinícolas deve ser motivo de novas pesquisas na área de produção animal, no entanto, diante as dificuldades técnicas e/ou financeiras no que tange os processos de readequações de instalações, as melhoras em produtividades advindas destas poderão ocorrer somente em longo prazo Em curto prazo, estratégias nutricionais podem e devem ser empregadas como forma de minimizar o estresse calórico em animaisdeprodução.
Dentre as diversas alternativas nutricionais propostas pelos nutricionistas, uma que vem ganhando destaque é a utilização de ingredientes com capacidade termorreguladora, como exemplo, a usode pimenta
AMBIENTETÉRMICO:
Considerado um fator extremamente impactante no sistema de produção de suínos, o estresse térmico ocorre na maioria das criações de suínos no Brasil. Este processo pode ocorrer em maior ou menor intensidade em função das diferentes regiões climáticas (equatorial, tropical e subtropical), tipos de instalações, grau de investimentos em ambiência e genética dos animais (Neste último quesito, a introdução desses novos genótipos aumenta a preocupação com o ambiente térmico onde os suínos serão alojados, pois essas linhagens modernas tendem a apresentar maior deposição de carne magra, o que é associado a maior produção de calor metabólico, tornando as mais sensíveis ao calortropical(WHITEetal., 2008).
O correto entendimento de que as exigências nutricionais dos animais podem ser influenciadas pela fase de desenvolvimento do animal, pelo nível de consumo de ração, pela concentração de nutrientes da dieta e pelo ambientetérmico ao qual o animal é submetido (National Research Counciu NRC, 1998) se faz necessário para compreender a interação nutrição e ambiente. Diversos autores (PAIANO et al., 2007). Collin et al. (2001), Kerr et al. (2003) e Manno et al. (2006) relatam que altas temperaturassãoassociadasàreduçãododesem
Artigo 566 Extrato de pimenta (gênero Capsicum spp) e seus efeitos além da palatabilidade e termorregulação em suínos
9168 Nutritime Revista Eletrônica, on line, Viçosa, v.19, n.6, p.9167 9175, nov/dez, 2022. ISSN: 1983 9006
Artigo 566 Extrato de pimenta (gênero Capsicum spp) e seus efeitos além da palatabilidade e termorregulação em suínos penho zootécnico dos animais devido à diminuição do consumo de ração e ao custo energético necessáriopararealizarà dissipaçãodocalor.
Em termos práticos, vários autores descrevem o ambiente térmico em faixas de temperatura, faixas estas onde os animais apresentam melhor desempenho zootécnico. De uma maneira geral a literatura cita o limite crítico de temperatura máxima em torno de 24ºC para machos reprodutores e porcas em gestação (considerando a umidade relativa entre 70 80%) e para leitões do nascimento até o final da fase de creche a temperatura de conforto deve variar de 32 a 24ºC (EMBRAPA, 2003). Orlando et al. (2007) descreveram como faixa ideal detemperatura no conforto térmico para suínos em fase de crescimento, de 16 a24º C. De acordo com Kiefer et al (2010), a temperatura proposta como ideal para suínos em fase de terminação é de 18 a 23ºC. Outro ponto de grande impacto no processo produtivo é a umidade relativa, sendo que esta deve estar entre 70 a 80%, conforme apresentado porTolon(2010).
Vale ressaltar que, as respostas termoregulatórias dos suínos, no que tange à aclimatação ao clima, sobretudo ao calor ocorre durante toda a vida do animal e incluem processos que vão desde alterações na taxa metabólica, alterações nos sistemas cardiovasculares e respiratório, alterações peso de órgãos, alterações na resposta vasomotora, mudanças no comportamento (social e/ou alimentar) e na fisiologia dos animais. Renaudeau et al. (2010) demonstraram que o tempo total para aclimatação térmica podelevar várias semanas e varia de acordo com amagnitude dodesafiode temperatura.
TERMORREGULAÇÃOEMSUÍNOS:
A temperatura é um dos principais complicadores do processo de produção de suínos. Considerados como animais homeotérmicos, os suínos possuem um sistema de controle da homeostase, que é acionado quando o ambiente externo apresenta situações desfavoráveis(FERREIRA,2000).
O controle da homeostase corporal ocorre através de termo-receptores periféricos e por mecanismos neurais, os quais atuam de modo a promover a ativação de agentes específicos (FERREIRA, 2000),
o que incluem processos que vão desde alterações na taxa metabólica, alterações nos sistemas cardiovasculares e respiratório, alterações na resposta vasomotora, alterações peso de órgãos, mudanças no comportamento (social e/ou alimentar) enafisiologiados animais(BARROSetal.,2010).
A título de exemplo, quando os suínos são submetidos a situações de estresse por calor, estes encontram bastante dificuldade ao se adaptar ao ambiente (RODRIGUES et al., 2010) devido à baixa habilidadeem dissiparem calor.
O primeiro sinal visível de animais submetidos a estresse por calor é o aumento da frequência respiratória, haja vista que, os suínos apresentam como principal característica a baixa habilidade em dissipar calor através da pele, poucas glândulas sudoríparas funcionais, uma capa de tecido adiposo subcutânea, além de apresentarem glândulas sudoríparas queratinizadas. Diversos estudos demonstram que,quandoa temperatura ambiente se aproxima de 30ºC, o suíno diminui a produção de calor corporal através do aumento da frequência respiratória, na tentativa atingir a termorregulação corpórea (COLLIN et al , 2001). A título de curiosidade, a frequência respiratória normal dos suínos em situação de conforto térmico oscila entre 15 a 25 movimentos por minutos (RADOSTITS et al., 2002) e em situaçãode estresse por calor, estapode atingir valores acima de 40 movimentos por minuto (ROZEBOOM, SEE,FLOWERS,2000).
A temperatura da pele (a qual é aferida através da temperatura retal) dos suínos também sofre importante alteração em processos de estresse por calor. No estresse por calor, a pele dos suínos tem a sua temperatura elevada devido a um aumento da circulação do sangue para regiões periféricas do corpo, como forma de aumentar a dissipação sensível de calor par o ambiente (WILLIAMS, 2009). A temperatura corporal (retal) é o resultado entre a energia térmica produzida e a dissipada, sendo que, um aumento desta última significa que o animal, não está conseguindo dissipar calor suficiente (SANTOS et al., 2006). Geralmente, a temperatura retal nos suínos situa se entre 38,5 e 39ºC, apresentando variações dentro das diferentes categorias (SOUZA, Nutritime Revista Eletrônica, on line, Viçosa, v.19, n.6, p.9167 9175, nov/dez, 2022.
ISSN: 1983 9006 9169
2004 ). Na espécie suína, quando sua temperatura retal atinge 44ºC eles entram e um quadro de hipertermia,podendolevar amorte.
Embora visualmente não perceptíveis, os suínos apresentam ainda outras estratégias na tentativa de manter a termorregulação corpórea, como por exemplo, alterações no perfil hormonal e no peso de órgãos.
De acordo com Ferreira (2000), a atividade da tireoide dos animais pode ser alterada quando os animais são expostos a temperaturas em desacordo com o preconizado, sendo que, quando os expostos ao ambiente quente, observa se uma diminuição no metabolismo e no frio, aumento da taxa metabólica. Alguns estudos indicam ainda que, em monogástricos a motilidade do trato gastrointestinal é reduzida pelo hipotiroidismo e aumentada pela administração de hormônios da tireoide. Tal fato evidencia que a mudança na atividade da tireoide, por causa da exposição do animal às diferentes temperaturas ambientais, pode estar associada à mudança da motilidade intestinal, o que influencia a taxa de passagem da digesta resulta em alteração na digestibilidade dos nutrientes da ração (FERREIRA, 2008).
Além das adaptações fisiológicas citadas anteriormente, outro componente que também é utilizado para indicação do estado de estresse dos animaiséopesodosórgãos.Areduçãodopesodos órgãos causada pela temperatura elevada constitui, provavelmente, um ajuste fisiológico dos animais na tentativa de reduzi a produção de calor endógeno (ORLANDOetal.,2007).
ESTRATÉGIASNUTRICIONAIS
Os suínos são animais homeotérmicos e, portanto, mantém uma temperatura relativamente constante, ajustando o calor produzido no metabolismo com o calor ganho do ambiente. Quando são mantidos em ambiente cuja temperatura está dentro da zona de termoneutralidade a produção de calor é relativamente estável, por outro lado, quando alojados em temperaturas críticas inferior ou superior, estes necessitam gastar energia para aquecer ouresfriarocorpo,respectivamente.
A temperatura ambiente,oconsumo alimentar eener
gético e o desempenho estão intimamente interligados. Esta interação é de grande importância na formulação de dietas para suínos, nas diferentes estações do ano e localização geográfica, ou ainda, para a combinação econômica ótima entre nutrição e temperaturaambiente(SAKOMURAetal.,1993).
Em razão da dificuldade em controlar a perda de calor, o animal modifica a produção de calor metabólico. A resposta imediata dos suínos ao estresse por altas temperaturas consiste na redução do consumo voluntário e atividade física (NIENABER et al., 1996), o que representa um esforço do organismoparareduzira produçãodecalor.
O menor consumo de ração determina uma redução nas taxas de ganho de peso, o que pode resultar em grande impacto econômico devido ao maior tempo necessário para atingir o peso ao abate. Rinaldo et al. (2000), realizou um estudo no intuito de avaliar o efeitode diferentes temperaturas e umidades relativa (UR) sobre o desempenho zootécnico de suínos em fase de terminação. Neste estudo, os animais foram submetidos as seguintes situações climáticas: 20,0 ºC e 75% de UR; 24,6º C e 84% de UR; 27,3º C e 82% de UR. O resultado desta pesquisa aponta uma piora significativa noconsumo deração(2253kg/dia, 2154 kg/dia e 1971 kg/dia, respectivamente), redução no ganho de peso (1,020 kg/ dia, 0,980 kg/ dia e 0,939 kg/dia, respectivamente) e aumento dias para abate (92 dias, 92 dias e 102 dias, respectivamente).
O aumento da temperatura ambiente está correlacionado com peso vivo dos animais, sendo que, quanto mais pesados forem os suínos mais afetados serão em decorrência das altas temperaturas. Pesquisas demonstram (QUINIOU et al., 2000) existir uma relação direta entre temperatura,consumoderaçãoepeso vivo.
Van Milgen et al. (1998) relatam em seus estudos a diminuição no peso do trato gastrointestinal e das vísceras, uma vez que estas são responsáveis por uma parcela significativa do calor produzido pelo animal. Ao comparar ambiente classificado em termoneutro e quente, observou-se redução de peso de fígado (1,78 kg e 1,55 kg, respectivamente), coração (0,370 kg e 0,360 kg, respectivamente), rins (0,390 kg e 0,330 kg, respectivamente), intestino
Artigo 566 Extrato de pimenta (gênero Capsicum spp) e seus efeitos além da palatabilidade e termorregulação em suínos
9170
Nutritime
Revista Eletrônica, on line, Viçosa, v.19, n.6, p.9167 9175, nov/dez, 2022. ISSN: 1983 9006
Artigo 566 Extrato de pimenta (gênero Capsicum spp) e seus efeitos além da palatabilidade e termorregulação em suínos delgado(1,520kge1,130 kg,respectivamente).
Como forma de amenizar os problemas do estrese calórico pela dieta, estratégias nutricionais são cada vez mais utilizadas nos sistemas de produção de suínos. Dentre as estratégias utilizadas, tem se os ajustes dos níveis proteicos e/ou energéticos, ajustes na relação proteína/energia, suplementação de aminoácidos sintéticos e o correto balanço na introdução de alimentos fibrosos às dietas para suínos.
O calor produzido a partir do metabolismo dos diferentes nutrientes da ração produzem diferentes quantidades de calor, de forma que, algumas simples manipulações nas rações dos suínos podem resultar numa redução da quantidade de seu calor metabólico (MUIRHEAD, 1993). Calor metabólico ou Incremento Calórico (IC) é representado pelo aumento da produção de calor após o consumo do alimento pelo animal. Em termos práticos, o IC pode ser conceituado como sendo o calor da fermentação eaenergia gasta noprocessodigestivo, assim como o calor de produção resultante do metabolismo dos nutrientes.
Como se sabe, o IC aumenta com a quantidade de alimento consumido e é inversamente relacionado com a concentração energética da dieta (Holmes & Close, 1977), sendo que o aumento da fibra das dietas proporciona altas taxa de IC (STAHLY et al., 1981) e dietas contendo óleos e ou gorduras proporcionam baixo incremento calórico (JUS, 1982). O IC varia dentre os diferentes nutrientes e, desta forma, podemos destacar a contribuição de cada ingrediente nos processos metabólicos, sendo que os lipídios respondem por aproximadamente 9%, os carboidratos 17%, as proteínas 26% e uma ração completa pode apresentar de 10 a 40% (CHURCH & POND, 1982). De acordo com Lusk (1931), este alto poder de IC das proteínas é devido principalmente às séries de complexas reações metabólicas características do metabolismo dos aminoácidos.
Recentemente, o uso de aditivos nutricionais com finalidades termorreguladoras passou a integrar as dietasdossuínos.Dentre osaditivos,destaca seo
uso de pimenta, em especial as provenientes do gênero Capsicum, nome este proveniente do grego Kapto, que significa “morder/picar” (REIFSCHNEIDER, 2000), sendo este termo associado nesta interpretação devido a picância pelo consumodaspimentas.
PIMENTASDOGÊNERO Capsicum
Com expressiva importânciaeconômicaesocialpara o agronegócio mundial, as pimentas destacam se, em grande parte, devido ao seu alto aproveitamento na culinária para temperos (PINTO et al., 2013). Estes autores citam ainda o fato de as pimentas constituírem como fonte de matéria prima para extração de corantes, aromatizantes e oleorresinas, conferirem sabor e aumentar a estabilidade oxidativa doslipídiosem diversosalimentos.
Nutricionalmente, as pimentas destacam se devido a sua capacidade de atuarem como antioxidantes naturais e serem ricas em vitamina C, carotenoides (atividade de provitamina A), vitamina E, vitaminas do complexo B, além de compostos fenólicos (PINTOetal., 2013;GIUFFRIDA etal., 2013).
Corriqueiramente, quando se menciona o uso de pimenta em rações de suínos, a pungência ou ardor das mesmas vem a mente dos nutricionistas, no entanto, este ingrediente apresenta muitas outras características, como citado anteriormente. A picância das pimentas deve se a presença de compostos químicos chamados de capsaicinóides (MANIRAKIZA,COVACI &SCHEPENS,2003).
Capsaicinóides são compostos químicos alcaloides, e estes são responsáveis por estimularem as terminações nervosas, os químio receptoras na pele e, principalmente as membranas das mucosas. Estes compostos são únicos no reino Plantae e restringem se ao gênero Capsicum (NARASINHA et al., 2006).
Segundo Tewksburry & Nabhan (2001), existem 14 compostos químicos classificados com capsaicinóides, no entanto, os de maiores relevâncias são a capsaicina, a dihidrocapsaicina e a nordihidrocapsaicina. A capsaicina e a dihidrocapsaicina, compreendem cerca de 80 a 90% doconteúdototaldecapsaicinóides, sendo estas res
Nutritime Revista Eletrônica, on line, Viçosa, v.19, n.6, p.9167 9175, nov/dez, 2022.
ISSN: 1983 9006 9171
Artigo 566 Extrato de pimenta (gênero Capsicum spp) e seus efeitos além da palatabilidade e termorregulação em suínos ponsáveis por gerar a típica sensação de ardor no meio da boca e no palato, bem como na garganta e na parte posterior da língua (SURH et al., 2002; PAULAetal., 2017).
A capsaicina é o princípio ativo que explica as propriedades farmacêuticas das plantas (NWOKEM et al., 2010) e tem sido usado como analgésico contra dor e a inflamação da artrite (DEAL et al., 1991), porexemplo.
MECANISMO DE AÇÃO DOS CAPSAICINÓIDES NA ATIVAÇÃO DO TRPV1
Os capsaicinóides causam uma sensação de queimação quando entram em contato com as membranas mucosas. As sensações ardentes e dolorosas associadas aos capsaicinóides resultam de sua interação química com os neurônios sensoriais, no que leva a ativaçãodos TRP(receptor potencialtransitório).
Dentre os canais tidos como TRP, o TRPV1 é o canalmais estudado atéo presentemomento,sendo este ativado por compostos vanilóides como a capsaicina, por exemplo. O TRPV1 pode ser ativado por vários estímulos, incluindo temperatura, pH e uma ampla faixa de compostos endógenos e exógenos (seu principal ligante exógeno é a capsaicina).
Os efeitos benéficos da capsaicina na nocicepção foram identificados antes da descoberta do canal TRPV1 (FRIAS & MERIGUI, 2016). O TRPV1 foi clonado em 1997 a partir de uma biblioteca de DNA complementar (cDNA) isolado a partir dos neurônios nociceptivos estimulados pela capsaicina e pela temperatura (CATERINA et al., 1997). A caracterização subsequente do TRPV1 revelou seu papel fundamental na nocicepção. Devido à sua importância nesses processos fisiológicos, vários compostos foram desenvolvidos para modular a atividade do TRPV1, a fim de eliminar ou reduzir a dor(GONZÁLEZ RAMIREZ etal.,2017).
O TRPV1 está amplamente presente no cérebro, desde o córtex frontal, passando pelos gânglios da base até o cerebelo (SZALLASI & MARZO, 2000), o que torna a importância deste canal muito além de percepçãodecalor.
REGULAÇÃODAATIVIDADEDOTRPV1
Em condições normais, apenas temperaturas próximas a 42º C ativam o TRPV1, mas esse limiar térmico diminui para 35 a 37ºC após a acidificação do meio (TOMINAGA et al.,1998). Esse fenômeno é muito importante durante a inflamação, porque esta condição diminui drasticamente o pH (até um pH de 6,4) e ativa rapidamente o TRPV1 (GONZALEZ RAMIREZ etal., 2017).
Quando uma lesão de pele é produzida, uma grande variedade de moléculas pró-inflamatórias é liberada, como bradicinina, prostaglandinas, leucotrienos, serotonina, histamina, substância P, tromboxanos, fator ativador de plaquetas, adenosina e ATP, prótons e radicais livres (GONZALES RAMIREZ et al., 2017). Em geral, esses mediadores sensibilizam o TRPV1, aumentando a probabilidade de um estímuloativaro TRPV1.
AÇÃOANTIOXIDANTE
As pimentas além de conter nutrientes, contém também uma série de substâncias com propriedades antioxidantes que podem intervir sobre o curso de doenças, contribuindo assim para a saúde. Dentre tais compostos pode se destacar: ácido ascórbico, capsaicinóides, tocoferol e carotenoides, substâncias estas, que possuem efeitos importantes na proteção contra danos oxidativo causado pelos radicais livres (OGISO et al., 2008). Segundo Melo et al. (2011) a atividade antioxidante das pimentas não está relacionada apenas com o teor de compostos fenólicos, mas também com a quantidade de capsaicinóidesencontrados.
AÇÃOANTI-INFLAMATÓRIA
Com crescenteinteresse em alternativas em agentes anti inflamatórios não esteroidais no manejo da inflamação crônica, ou uso de abordagens baseadas em alimentos está surgindo (SRINIVASAN, 2016). Diversos estudos in vitro e in vivo demostram o potencial anti inflamatótio da capsaicina. Joe e Lokeh(1997) estudaram o efeitoda capsaicinasobre ratos, e seu uso reduziu a gravidade da inflamação daspatase adiouoaparecimentodeedematambém nas patas dos ratos, edemas estes induzidos por adjuvantes. Ainda neste trabalho, a capsaicina inibiu a formação de metabólitos do arquidonato (leucotrienos) e aumentou a secreção de enzimas
9172 Nutritime Revista Eletrônica, on line, Viçosa, v.19, n.6, p.9167 9175, nov/dez, 2022. ISSN: 1983 9006
Artigo 566 Extrato de pimenta (gênero Capsicum spp) e seus efeitos além da palatabilidade e termorregulação em suínos lisossomais (elastase, colagenase e hialuronidase pormacrófagos).
AÇÃOANALGÉSICA
O efeito analgésico da capsaicina pode ser considerado uma das principais propriedades farmacêuticas estudadas e comprovadas. A capsaicina é um dos principais agonistas do receptor TRPV1 (Transient receptor potential, subfamília V, membro 1) causam analgesia por uma série de mecanismos propostos como dessensibilização,pela disfunção do nociceptor, depleção de neuropeptídeos, e destruição dos terminais simpáticos que expressam o TRPV1 (SCHUMACHER etal., 2010).
Deal (1991) e McCarthy & McCarthy (1991) avaliaram a aplicação tópica de creme contendo capsaicina (0,025% e 0,075%, respectivamente) em pacientes com osteoartrite e artrite reumatoide. Estas aplicações foram consideradas pelos autores alternativas eficazes e seguras aos analgésicos empregados em medicações sistêmicas que são frequentemente associados a potenciais efeitos colaterais.
AÇÃO NA DIGESTÃO E NA ATIVIDADE ENZIMATICA
Para o processo de digestão ocorrer adequadamente no trato gastrointestinal do animal, é necessária a presença de enzimas para hidrolisar substratosespecíficos.
A capsaicina, componente ativo das pimentas do gênero Capsicum spp., tem se mostrado eficiente em estimular a produção de amilase (através do aumento da salivação), lipase, protease (principalmente tripsina e quimiotripsina) e dissacaridases (principalmente sacarase e maltase) (PLATEL & SRINIVASAN, 1996) e aumentar a secreção de enzimas pancreáticas e intestinais em animais não ruminantes (BRUGALLI, 2003), promovendo, consequentemente, redução na viscosidade intestinal e melhorando o processo digestivo.
Estes achados estão de acordo com diversos pesquisadores, os quais avaliaram a ação estimulante digestiva das especiarias. Srinivasan
(2016) demonstrou a ação estimulante do uso de capsaicina é exercida através da estimulação do fígado para produzir e secretar bile (substância rica em ácidos biliares), a qual desempenha papel muito importante na digestão e absorção de gorduras. Segundo (PLATEL & SRINIVASAN, 2001) a ingestão dietética de capsaicina estimulou significamente as atividades enzimáticas, sobretudo a secreção biliar, sendoque esteestímulo resultandoem uma redução significativa na duração da taxa passagem do alimentopelotratogastrointestinal
AÇÃO NO CONTROLE DE ÚLCERAS GPASTRICAS
O trato gastrointestinal (TGI) possui rede neural integrativa própria, sistema entérico, que controla músculos lisos, vasos sanguíneos e glândulas (RIOS, 2009). No TGI chegam fibras parassimpáticas, que são em sua maioria colinérgicas e excitatórias, embora algumas sejam inibitórias (RIOS, 2009). As fibras simpáticas que chegam inervam diretamente vasos sanguíneos, musculo liso e algumas células glandulares, onde inibem a secreção de acetilcolina (ACh) (RIOS, 2009).
A capsaicina age sobre os neurônios sensoriais estimulando os receptores de membrana, predominantemente receptores TRPV1, liberando neuropeptídios tais como substância P epeptídeo relacionado ao gene da calcitonina (CGRP). Baixas doses de capsaicina estimulam os nervos senhoriais primários pela abertura de canais de cátions não seletivos complexados com receptores vanilóides, resultando em liberação local de neurotransmissores como CGRP e substância P (REN et al., 1993), ou seja funciona como potente gastroproteror, estimulando a microcirculação gástrica. Porém em altas doses, ela se torna neurotóxica, destrói seletivamente as terminações neurais das fibras C resultando em uma inativação dos nervos sensoriais e perda dos reflexos nos quais estes nervos estão envolvidos (EVANGELHISTA, 2006), diminuindo níveis plasmáticos e teciduais de CGRP (DEMBISNSKIet al.,2005).
Em vista de sua natureza irritante e provavelmente secretordeácido, aspessiascom úlceraestavam
Nutritime Revista Eletrônica, on line, Viçosa, v.19, n.6, p.9167 9175, nov/dez, 2022. ISSN: 1983 9006 9173
O uso de capsaicina inibe especificamente o crescimento de Helicobacer pylori, que segundo López Carrilho et al. (2003) é uma das principais causas de úlcera gástrica. Um dos principais mecanismos de proteção gástrica das pimentas e da capsaicina pode ocorrer associado ao aumento na produção de muco gástrico (PINTO et al., 2013). A ação digestiva dá se por meio da capsaicina, que estimula as enzimas responsáveis pela digestão ou de secreção de bile (MANARA et al., 2009). A capsaicina também inibe a liberação de gastrina e estimula a da somatostatina, o inibidor fisiológico da secreçãoácida(SRINIVASAN,2016).
AÇÃO NA ABSORÇÃO DE MICRONUTRIENTES
Estudos demonstram que algumas especiarias introduzidas nas dietas de suínos apresentam como características o fato de poderem alterar a estrutura e as características de permeabilidade intestinal. Sabendo dessa premissa, Prakash & Srinivasan (2012) promoveram uma série de estudos para avaliar se a capsaicina teria influência ou não na absorção intestinal de ferro, zinco e cálcio, em ratos pré alimentados durante 8 semanas. A avaliação quanto a absorção destes minerais foi realizada in vitro, e estes autores concluíram que animais alimentados com dietas contendo capsaicina teriam sim alterações no tangente permeabilidade intestinal, aumentando a superfície de absorção e, assim, aumentam aabsorçãointestinaldemicronutrientes.
Segundo Veda & Srinivasan (2009) a característica de aumento da absorção intestinal também pode ser empregadaparaoβ caroteno. Em um estudocom ratos, conduzido para avaliar a influência de compostos
de especiarias na absorção de β caroteno administrado oralmente e a sua conversão em vitamina A, o β caroteno hepático aumentou significativamente em ratos alimentados com capsaicina, sugerindoumamelhorabsorçãodoβ caroteno.
CONCLUSÃO
Artigo 566 Extrato de pimenta (gênero Capsicum spp) e seus efeitos além da palatabilidade e termorregulação em suínos sendo aconselhadas a evitar o consumo de pimenta vermelha (SRINIVASAN, 2016). No entanto, estudos demonstram que a capsaicina da pimenta não é a causa da formação de úlcera, mas sim ajuda a previni la. Estudos detalhados revelam que a capsaicina, não estimula, mas inibe a secreção ácida, estimula as secreções alcalinas e mucosas e o fluxo sanguíneo da mucosa gástrica que ajuda a eliminar o ácido do estômago, prevenindo e curando as úlceras (SATYANARAYANA, 2006). A capsaicina atua estimulando os neurônios aferentes no estomago e sinaliza proteção contra agentes causadoresdelesões(SRINIVASAN, 2016).
Diante o exposto, conclui se que o uso de pimenta (gênero Capsicum spp.) em dietas de suínos promove não somente uma melhora na palatabilidade e/ou processos relacionados a termorregulação dos animais, mas também ganhos em produtividade devido a sua ação como antioxidante, anti inflamatória, digestiva e nocontrole deúlceras gástricas.
REFERÊNCIAS
BARROS, P. C. et al. Aspectos práticos da termorregulação em suínos. Revista Eletrônica Nutritime, Viçosa, MG, v. 7, n. 3, p.1248 1253, 2010.
COLLIN, A. et al. Effect of high temperature and feeding level on energy utilization in piglets. Journal of Animal Science, Champaign, v. 79,p.1849 1857,2001a
EMBRAPA SUÍNOS E AVES. Central de Inteligência de Aves e Suínos, 2022. Disponível em Estatísticas | Mundo | Suínos PortalEmbrapa. Acessado em 03nov2022.
FERREIRA, R. A. Efeitos do clima sobre a nutrição de suínos. 2000. Disponível em: . Acessoem:01nov.2022.
FRIAS, B.; MERIGHI, A. Capsaicin, Nociception and Pain. LID 10.3390/molecules21060797[doi] LID E797[pii].n. 1420 3049 (Eletronic), Ghosh S, May MJ and Koop EB: NF kappa B and Rel proteins: evolutionarily conserved mediators of imune response. AnnuRev Immunol 16:225 260,1998
FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. Rome, 2009. Disponívelem:.Acessoem:01nov. 2022
GONZALEZ RAMIREZ, R. et al. TRP Channels and Pain. In: EMIR, T. L. R. Ed. Source Neurobiology of TRP Channels. 2. ed. Boca Raton (FL): CRC Press/Taylor & Francis; 2017. Chapter 8.
9174
Nutritime Revista Eletrônica, on line, Viçosa, v.19, n.6, p.9167 9175, nov/dez, 2022. ISSN: 1983 9006
Artigo 566 Extrato de pimenta (gênero Capsicum spp) e seus efeitos além da palatabilidade e termorregulação em suínos
HOLMES,C.W. & CLOSE, W.H. Nutr. Climatic. Envirom.,1977
KERR, B. J. et al. Influences of dietary protein level, amino acid supplementation and environment temperature on performance, body composition, organweights and total heat production of growing pigs. Journalof Animal Science, Champaign, v. 81,p.1998 2007, 2003.
KIEFER, C. et al. Respostas de suínos em terminação mantidos em diferentes ambientes térmicos. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal, Salvador, v. 11, n. 2, p. 496 504,2010.
MANNO, M. C. et al. Efeitos da temperatura ambiente sobre o desempenho de suínos dos 30 aos 60 kg. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa,MG, v.35,n. 2,p.471 477, 2006.
NIENABER,J.G. ASAE,30:1772,1987
ORLANDO, U. A. D. et al. Níveis de proteína bruta e suplementação de aminoácidos em dietas para leitoas dos 60 aos 100 kg mantidas em ambiente de alta temperatura. Revista Brasileira de Zootecnia, Viçosa,MG, v. 36, n.4, p.1069 1075, 2007
PAIANO, D. et al. Comportamento de suínos alojados em baias de piso parcialmente ripado ou com lâmina d’água. Acta Scientiarun Animal Science, Maringá,v.29,n. 3,p.345 351, 2007.
RADOSTITS, O. M. et al. Exame clínico e diagnóstico em veterinária. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,2002.
RENAUDEAU, D. et al. Effect of temperature on thermal acclimation in growing pigs estimated using a nonlinear function. Journal of Animal Science, Champaign,v.88,p.3715 3724,2010,
RINALDOetal. Livest. Prod.Sci.66:223 234,2000
RODRIGUES, N. E. B. et al. Adaptações fisiológicas de suínos sob estresse térmico. Revista Eletrônica Nutritime, Viçosa, MG, v. 7, n. 2, p. 1197 1211,2010.
ROZEBOOM, K.; SEE, T.; FLOWERS, B. Coping withseasonalinfertilityintheherd: part I.2000.
SANTOS, J. R. S. et al. Respostas fisiológicas e gradientes térmicos de ovinos das raças Santa Inês, Morada Nova e de seus cruzamentos com a raça Dorper às condições do semi árido nordestino. CiênciaeAgrotecnologia, Lavras, v. 30,n.5, p.995 1001, 2006.
STAHLY,T.S. etal. J.Anim.Sci.49:1242,1979
SATYANARAYANA, M. N. Capsaicin and gastric ulcers. Critical Reviews in Food Science and Nutrition, v. 46, n. 275 328, 2006.
SRINIVASAN, K. Biological Activities of Red Pepper (Capsicum annuum) and Its Pungent Principle Capsaicin: A Review. Critical ReviewsinFoodScienceandNutritionl V. 56, n.9,p. 1488 1500, 2016.
Szallasi A, Di Marzo V. New perspectives on enigmatic vanilloid receptors. Trends Neurosci. 2000;23:491-497
TOLON, Y. B. et al. Ambiência térmica, aérea e acústica para reprodutores suínos. Revista de Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v. 30, n. 1, p. 1 13,2010.
VAN MILGEN et.al. Br.J.Nutr.79:1,1998
WHITE, H.M., et al. Effects of temperature stress on growth performance and bacon quality in grow finish pigs housed at two densities. Journal of AnimalScience, v.86, p.1789 1798, 2008.
WILLIAMS, A. M. Effects of heat stress on reproduction and productivity of primiparous sows and their piglets performance. 2009. 136 p. Thesis (Master of Science) University of Missouri, Columbia,2009.
Nutritime Revista Eletrônica, on line, Viçosa, v.19, n.6, p.9167 9175, novi/dez, 2022. ISSN: 1983
9175
9006