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Sumário ARTIGOS 573 – Antropomorfização da proção animal e impactos sobre o futuro da indústria ....................................9218 Ideraldo L. Lima, Adriana H. Nascimento 574 – Biosseguridade na produção animal 9224 Juliana Maria Freitas Teixeira 575 – Uso de ácidos orgânicos e óleos essências em dietas para leitões 9229 Alexandre Alves Martins, Melissa Isabel Hannas, Julio Maria Ribeiro Pupa
Antropomorfização da Produção Animal e Impactos sobre o Futuro da Indústria*
“Tornandohumanaaformade atuaçãona produção animal”
Ideraldo L. Lima1* Adriana H. Nascimento1
1 Perdigão Industrial S.A
*Email: ideraldo.lima@gmail.com
* Palestra Técnica Tecnologia da Produção de Alimentos para Animais apresentada no II Congresso Latino-Americano de Nutrição Animal (II CLANA)
Realização: CBNA - AMENA - 10 a 13 de abril de 2006 – São Paulo, SP
INTRODUÇÃO
A avicultura industrial teve um grande impulso durante a segunda guerra mundial, quando o governo norte americano incentivou pesquisas e projetos para aumentar a oferta de proteína animal paraconsumohumano.
Desde então, a avicultura e suinocultura mundial vêm tomando proporções cada vez maiores. A maior tecnificação em todas as áreas da avicultura e suinocultura contribuiu para todo o sucesso da produção nacional. E estamos passando por um processo de melhorias contínuas, cada vez mais transformando nossas fábricas de rações em fábricas de alimentos para os animais, e nossa produçãomaishumanitária.
Essas transformações que num primeiro momento incomodaram: pela série de aperfeiçoamentos que tiveram que ser realizados e também pelo custo, hojenostrazem asegurançaquenecessitamos.
Focamos este trabalho em algumas áreas que contribuíram para o sucesso da avicultura, demonstrando as conquistas e mudanças dessas áreas.
Nutrição
Revista Eletrônica Vol. 20, Nº 03, maio/jun de 2023 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
Em uma revisão sobre a evolução da nutrição animal a partir do ano 1920, SCOTT (1969) relata que a filosofia da alimentação animal era o aproveitamentode subprodutos, impróprios parao consumo humano. Asprimeiras rações da década de 20 eram deficientes em vários nutrientes e proporcionavam um baixo desempenho dos animais. Esses nutrientes eram denominados de fatores não identificados, mas, com o passar dos anos, se tornavam conhecidos, ou melhor, eram identificados. Foram descobertas algumas substâncias com propriedades de promotores de crescimento, conhecidas como APF (Animal Protein Factor), uma delas era a vitamina B12 e outra a aureomicina, o que incentivou as pesquisas com promotores de crescimento à base deB12 e antibióticos.
Os primeiros nutrientes considerados como “causadores” do baixo desempenho dos animais pela sua deficiência, foram as vitaminas e minerais. Fatos como a deficiência de manganês causando perose nas aves, adotando a adição de sulfato de manganês, posteriormente a colina e niacina foram suplementadas nas rações. A deficiência de vitamina E, causadora da encefalomalácia, entretanto, com o aumento da
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utilização do farelo de soja e farinha de alfafa nas rações, esta deficiência não era perceptível. Os suplementos de microminerais só foram tornar-se uma prática comum nas rações de aves e suínos no final dos anos 50. Scott (1969) cita que em 1941, pesquisadores comprovaram o benefício da adição de metionina, posteriormente visualizaram a importância do nível proteico das rações, incorporando oconceitocaloria/proteína.
Como os grãos utilizados nas rações continham baixo valor protéico e o farelo de soja oferecia proteína de alto valor biológico, os nutricionistas passaram a utilizar o farelo nas rações. Paralelamente, surgia no mercado os aminoácidos sintéticos, juntamente com a necessidade de balancear melhor a ração para atender as exigências nutricionais de aves e suínos (Rostagno etal.,1999).
No Brasil os estudos com óleos e ou gorduras só iniciaram a partir da década de 70, pois nesta época já se questionavam sobre os baixos níveis energéticos das rações de frangos. A partir dos anos 80 as dietas de frangos de corte passaram a ser suplementada com óleo, aumentando significativamente seu conteúdo energético e conseqüentementeo desempenhodasaves.
Os métodos de balanceamento das rações também sofreram atualizações visando elaborar dietas cada vez mais precisa para o atendimento das necessidades dos animais, bem como, a modernização da produção animal. Um dos métodos mais antigos é o da tentativa, sem nenhum esquema matemático evoluindo para o quadrado de Pearson e as equações algébricas que são métodos simples. Na década de 70 com o auxílio do computador mediante a programação linear, podendo ser calculada rações de custo mínimo. Franqueira e Rostagno (1981) formularam rações utilizando o método convencional (quadrado de Pearson) e a programação linear, por um período de 18 meses e verificaram que os custos das dietas equilibradas pelo método convencional tornavam asrações4%maisonerosas.
ramentas úteis paraatomadade decisãonanutrição e produção de aves, entretanto, pouco progresso tem sido feito. Sendo o principal benefício de usar os modelos de simulação seria a tomada de decisão com base em vários fatores simultaneamente. Especialmente as variáveis financeiras, as quais irão implicar na escolha da estratégia nutricional que é economicamenteótima(FISHER,2001).
FábricasdeRação
A implantação das Boas Práticas de Fabricação (BPF) foi iniciada nos Estados Unidos, em 1969 a secretaria publicou a primeira regulamentação em BPF, para o setor alimentício com a finalidade de proteger o consumidor. Essas práticas eram semelhantesalegislaçãodeprodutosfarmacêutica. Com a necessidade de expansão destes requisitos aos alimentos destinados para os animais, em 2003 o MAPA sugeriu alguns procedimentos básicos e de BPF para alimentos fabricados e industrializados para consumo de animais. Com o objetivo de assegurar os requisitos gerais de higiene e segurança para que o produto esteja a salvo de contaminações, com condições sanitárias adequadas.
1. Requisitohigiênico-sanitáriosdasinstalaçõese edificações;
2. Requisitohigiênico-sanitáriosdo estabelecimento;
3. Requisitohigiênico-sanitáriosdo pessoal;
4. Requisito higiênico-sanitáriosdaprodução;
5. Controlede alimentos;
6. Documentaçãoe registro;
7. Procedimentosoperacionaispadrões e
8. Manualdeprocedimentosde BPF
Atualmente as preocupações são maiores do que no passado quanto a segurança alimentar, principalmente no que se refere a contaminação cruzada dentro da fábrica da ração, bem como, à campo. As avaliações que eram realizadas para verificaçãotornaram-serotinadiária.
Há anos são estudadas a modelagem da produção defrangosearespostanutricional, que seriam fer-
Nesta evolução a entrada de profissionais da engenharia de alimentos ou química nas nossas fábricasderaçõesfoinecessária.
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No início dos anos 60 pela solicitação da NASA também nascia o HACCP com o objetivo de avaliar cada passo do processo de fabricação e verificar o que poderia dar errado, e então, selecionar os pontos que teriam que ser controlados. O HACCP não é um programa isolado, mas é parte de um sistemamaiordeprocedimentosde controle.
Sanidade
Com a demanda cada vez maior pela carne de frango intensifica-se o processo de confinamento das aves para aumentar a produtividade. Surgindo portanto as doenças devido a densidade dos aviários, sendo denominados de “incubadores de bactérias”. Mas, juntamente com os desafios causados pelo aumento de produção surgiam soluções tecnológicas que tornavam a produção animalcada diamaiscompetitiva.
Osantibióticosforam umarevoluçãono controlede microrganismos,tantonoseuusoterapêuticocomo curativoequeproporcionouresultadossatisfatórios eimpulsivonaaviculturaesuinocultura.
Na opção de usar antibióticos como forma de controlar as enfermidades, além do controle ou destruição dos microrganismos, conseqüentemente também estimulava o crescimento dos animais. Em contrapartida um ponto preocupante seria o surgimento das bactérias resistentes aos antibióticos.
Dois grandes questionamentos sobre o uso de antibióticos nas dietas dos animais são: resíduos de antimicrobianos presentes em carne de frango poderiam ser prejudiciais à saúde do consumidor? eaindaseo uso pode contribuir para oaumentoda incidência/prevalência da resistência de bactérias a antimicrobianosdeuso humano?
A administração de antibióticos em animais saudáveis era uma prática rotineira para prevenir infecções e promover o crescimento. Sendo uma grande preocupação da Organização Mundial da Saúde que o uso indiscriminado poderia causar o surgimentodebactériasresistentes.
Desde 1995 o DANMAP (Programa Integrado de MonitorizaçãoeInvestigaçãodaResistência aos
Antibióticos Dinamarquês) têm como foco o controle da resistência em animais para consumo humano e nos riscos da transmissão de agentes patogênicos entéricos e bactérias comensais resistentesatravésdosalimentos.
Bottezini et al. (2002) cita que atualmente existe várias controvérsias sobre o uso de antibióticos na produção animal. Porém, não existe nenhuma evidência científica que afirme que o uso de antibióticos em animais crie resistência em humanos(WEIGHT,2002).
A indústria brasileira iniciou há alguns anos e continua buscando todas as alternativas que possam estar melhorando os resultados de desempenho das aves. Sendo desta forma alternativas mais naturais, do ponto de vista de nutrição e ou mais humanitária quando relacionamos a manejo. Na área de manejo das aves vários pontos podem ser citados como, diminuir a densidade, aumentado o período entre os lotes, bem como, o vazio sanitário dos frangos de corte visando uma diminuição na pressão de infecçãonasgranjas.
A necessidade de segurança com os alimentos foram conseqüência de uma série de eventos, que surgiram e que muitas vezes não foram respaldados tecnicamente e serem bem esclarecidos para a população. Principalmente, pelos veículos de comunicação que chegam a maior parte da população brasileira. Como exemplo: o Mal da Vaca Louca na Europa foi um fato relevante, entretanto, não mais importante que os agrotóxicos, defensivos agrícolas usados no cultivoeprodução que sãodiariamente usados.
Ambiência
O frango de corte tem uma vida curta e durante ela tem necessidades de diferentes ambientes. E ainda possuem capacidade limitada de se protegerem do calor intenso, ou das alterações bruscas de temperatura(NAAS, 1997).
As instalações na avicultura no passado eram vista apenas para alcançar a maior ou ideal produtividade dos frangos de corte. Entretanto, na atualidadeelacontemplatambém ummelhorbem
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estar das aves, requerendo uma visão sistêmica entre temperatura, umidade, poeira, gazes, ventilação, densidade de criação e principalmente, limpeza e desinfecção dos galpões contribuem na prevençãodepatogeniadealgumasdoenças.
Se antes a definição era que os aviários fossem edificações para alojar as aves duranteseu período de vida viabilizando a maior produção e melhor custo benefício. Na atualidade as instalações devem oferecer, basicamente, alojamento com fácil acesso à comida e água, conforto térmico, qualidade de ar, fatores determinantes do bem estardasavesedaprodução(Dellagnello,1998).
Segundo Naas (2005), pesquisas mostram a influência direta do ambiente inadequado de criação como um dos fatores que predispõem ao desenvolvimentodedoençasrespiratórias.
No Brasil pela diversidade de clima entre as regiões produtoras de frangos de corte, o desafio se torna maior principalmente pelas características dos aviários de sistema abertos (com ventilação natural associada a forçada) que predominam ou fechado (tipo túnel, com cortinas suspensas e com sistemademecanizadode ventilação).
Também normalmente são utilizados galpões abertos nas laterais e com o uso de ventiladores associados a nebulizadores. Neste tipo de galpão a quantidade de amônia produzida é menor do que em galpõesfechados.
Uma reflexão sobre os tipos de aviários (fechado, aberto, etc...) e criações (intensiva, extensiva ou semi), torna-se necessário em relação à susceptibilidade a doenças. Comoexemplorecente podemos citar a França que solicitou o fechamento das aves que eram criadas em regime semiintensivo.
Manejo
Essa é a área que observamos menor número de trabalhos científicos publicados. Entretanto, as indústrias de aves estão continuamente trabalhando nestaárea,pois esseassuntoé consideradoum as-
suntoestratégicodentrodas empresas.
Otemaquandoalojarospintosfoiecontinua sendo uma polêmica dentro da avicultura, se o período de jejum de24 a 48 hentre nascimentoe alojamentoé favoráveloudesfavorável?
Vários outros temas são relevantes como: programa de luz, densidade das aves, estímulo de arraçoamento, manejo das cortinas, etc...Hoje ainda temos mais um agravante que seria as diferenças entre as linhagens que temos no mercado, que possivelmente tenha a necessidade de manejo diferenciado.
O conhecimento do melhor programa de luz a ser usado para cada tipo de linhagem sempre é decidido em conjunto com os próprios fornecedores das aves, pela diferença na curva de crescimento entreas linhagens.
A cama também é considerada de suma importância no sistema produção avícola pelas funções: absorção de umidade, e de impacto do peso da ave e isolante térmico. Alguns consumidores estão exigindo a troca de cama a cada lote, entretanto, a reutilização da cama tem várias razões: custo da aquisição, mão de obra, escassez do material e tentativa de minimizar o impacto ambiental. Sendo ainda um risco ambiental pelo desmatamento pela indústria para suprir com maravalha a produção avícola brasileira. Entretanto, a busca por tratamentos naturais adequados para utilizarmos mais eficientemente a cama na produção de frangos são necessários, tantovisandooaspectosanitáriocomooambiental.
Outro avanço que vamos conseguindo é na modernização dos aparelhos de medição de temperatura e umidade dentro dos aviários (datalog), pois sabemos das variações e implicações de aquecimento excessivo ou insuficiente na primeira semana de idade, bem como, a interferência no consumo de ração. Ponto esse importante tanto no bem-estar das aves como nogerenciamentodaprodução de aves.
Adensidade dosaviáriosqueantes era vistae pra-
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ticada em função de maior produtividade por metro quadrado, hoje conjuntamente com produtividade tem a visão também do bem estar e da segurança alimentar.
OBem-Estar
Um conceito relativamente novo nas indústrias brasileiras é o do Bem-Estar animal. Há várias definições de Bem-Estar, segundo Becker (2002) uma bastante utilizada foi estabelecida pela FAWC (Farm Animal Welfare Council), mediante o reconhecimento de 5 liberdades inerentes aos animais:
1. Aliberdadefisiológica(ausência defomeede sede);
2. Aliberdadeambiental(edificaçõesadaptadas);
3. Aliberdadesanitária(ausênciade doenças e fraturas);
4. Aliberdadecomportamental(possibilidadede exprimircomportamentosnormais)e
5. Aliberdadepsicológica(ausênciademedoede ansiedade).
Entretanto, para Edwards (2004) o bem estar animal é uma responsabilidade que abrange todos os aspectos de criação, envolvendo alojamento, manejo, nutrição, tratamento e prevenção de doenças, cuidados e manuseio adequados e, quandonecessário, aindaoabatehumanitário.
Segundo Prestes (2005) no Brasil ainda há idéia de que os animais devem se “sentir bem“ algumas vezes se confronta com conceitos de pessoas que comparam a produção animal às condições que muitos seres humanos infelizmente não possuem. Esta visão errônea deve ser desconsiderada nas atividadesagropecuárias.
possuir um programa de bem-estar, sendo avaliado por meio de indicadores fisiológicos e comportamentais. Sendo as medidas fisiológicas associadas ao estresse e os comportamentais são com base no comportamento que se afastam do comportamento no ambiente natural (BECKER, 2002).
Concretamente segundo Prestes (2005) os principais pontos a serem observados numa estruturação de programa de bem-estar foram retiradosdeumadiretivadaUniãoEuropéia:
1. Recursoshumanos;
2. Inspeções;
3. Comportamentonaturaldasaves;
4. Iluminação;
5. Cuidado com avesdoentes;
6. Registros;
7. Liberdadede movimentos;
8. Instalaçõese alojamento;
9. Equipamentosautomáticosou mecânicos;
10. Alimentação;
11. Temperatura;
12. Cama;
13. Densidade;
14. Água;
15. Gases;
16. Oapanhee
17. Oabate.
De uma forma impositiva num primeiro momento, o programa de Bem-Estar é uma realidade nas indústrias brasileiras, trazendo por meio de uma visãodiferenciadamelhoras nos aspectodemanejo na produção e conseqüentemente uma superior performancedosanimais.
CONSIDERAÇÃOFINAL
Os países que já passaram por alguma crise possuem acirradas diretrizes para a produção animal incluindo além da segurança alimentar (saúde), o bem-estar dos animais como princípios básicos para a saúde pública e a proteção aos consumidores.
Empresasexportadorasde carnede aves devem
A indústria avícola brasileira, mediante as exigências impostas pelo mercado, passa e continuará passando por transformações em todas asáreas.
As adequações realizadas até então, mesmo sendo onerosas permitiram a mantença e evolução da avicultura brasileira para o mercado externo. Novas imposições desde que sejam tecnicamente provadas
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podem ser consideras como melhoras para a aviculturabrasileira.
REFERÊNCIAS
BECKER, B.G. Comportamento das aves e sua aplicação prática. Anais...APINCO 2002. In Conferência APINCO de Ciência e Tecnologias Avícolas, p.81 a90,Campinas,SP, 2002.
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Juliana
Biosseguridade na produção animal
RESUMO
A intensificação na produção animal, gerou a necessidade de uma maior atenção à saúde dos plantéis e com essa necessidade a biosseguridade se tornou uma tecnologia absolutamente primordial e essencial para a sobrevivência das explorações tecnificadas.
Um programa de biosseguridade fica definido como um apanhado de ações que visam o desenvolvimento e implementação de um conjunto de normas e procedimentos, interdependentes e econômicos, que visam reduzir os riscos de introdução de determinados agentes patogênicos infecciosos no sistema, bem como limitar a expressão dos agentes patogênicos infecciosos já existentes no sistema de produção que causam elevadas perdas econômicas e/ou interferem na obtenção de um produto final seguro do ponto de vistaalimentar.
No cenário atual, onde a produção animal tem que seguir normas, o programa de biosseguridade deve ser utilizado não apenas como uma ferramenta essencial para assegurar a saúde dos animais, mas também para agregar valor e garantir a comercialização do produto brasileiro no mercado mundial.
Palavras-chave: riscos, segurança, saúde, controle.
BIOSECURITYINANIMALPRODUCTION ABSTRACT
The intensification of animal production has generated the need for greater attention to the health of herds and with this need, biosecurity has become an absolutely primordial and essential technology for thesurvivaloftechnifiedfarms
A biosafety program is defined as a set of actions aimed at developing and implementing a set of rules and procedures, interdependent and economical, aimed at reducing the risks of introducing certain infectious pathogenic agents into the system, as well as limiting the expression of infectious pathogens already existing in the production system that cause major economic losses and/or interfere withobtaining afinalproductthatissafefrom afoodpointofview. In the current scenario, where animal production has to follow standards, the biosafety program must be used not only as an essential tool to guarantee the health of the animals, but also to add value and guarantee the commercialization of the Brazilian product intheworldmarket.
Keyword: risks,safety,health,control.
Riscos, segurança, saúde, controle.
Maria Freitas Teixeira
Me. Zootecnia pela Universidade Federal de Viçosa, UFV-Viçosa, MG. *E:mail:juliana.teixeira@nutritime.com.br.
Revista Eletrônica
Vol. 20, Nº 03, maio/jun de 2023 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
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INTRODUÇÃO
A população mundial atualmente chegou na marca dos 7,7 bilhões de habitantes. Para suprir a demanda alimentar, a agroindústria aposta em tecnologia com o objetivo de aumentar a produtividade. A intensificação na produção animal, que passou a utilizar alta densidade de alojamento e ciclos mais curtos, gerou a necessidade de uma maior atenção à saúde dos plantéis. Sendo assim, a biosseguridade se tornou uma tecnologia absolutamente primordial e essencial para a sobrevivência das explorações tecnificadas, já que o objetivo é a obtenção de um produto final seguro do pontode vistaalimentar.
O termobiosseguridade é por definição, um conjunto de procedimentos técnicos. No qual o objetivo, é de forma direta e indireta prevenir, diminuir ou mesmo controlar os desafios gerados na produção de animais, frente aos agentes patogênicos. As medidas adotadas devem estar completamente integradas entresi, ecom seus executores, demodo afuncionarperfeitamenteemconjunto.
Frequentemente o termo biossegurança é utilizado em substituição à biosseguridade, o que é errado, pois são conceitos diferentes (BLOOD & STUDERT, 1999). A biosseguridade é a prática de medidas, que visam minimizar riscos deenfermidades oupresença de resíduos em populações animais. Estes procedimentos devem ser constantemente monitorados e se houver a necessidade, podem ser alterados de acordo com os objetivos econômicos e produtivos do sistema. Já a biossegurança, são normas e procedimentos relacionados com a saúde humana, as quais são normalmente inflexíveis, a não ser para se tornarem mais restritivas ainda. (PINHEIRO, J.G, 2014). A compreensão dos conceitos biosseguridade x biossegurança garante que ambos sejam aplicados corretamente e possam cumprir seus papéis, viabilizando a produção animal rentável e de alta qualidade, e dessa forma garantido a proteção da saúde humana. Sendo assim, saber diferenciar biosseguridade e biossegurança dentro de um sistema produtivo é essencial.
de na produção animal é evitar a possibilidade da entrada e disseminação de doenças infecciosas, provenientes de bactérias ou outros agentes patológicos, e que se proliferem em um sistema de produção(umafazendaougranja)
Para o desenvolvimento de um programa de biosseguridade eficiente, os profissionais envolvidos devem compreender como as doenças são transmitidas, avaliar riscos e pontos críticos de controle, conhecer quais medidas de mitigação são mais eficazes, e saber avaliar o programa e suas possíveismelhorias(ALARCONetal.,2021).
Biosseguridade é uma responsabilidade de todos, desde os responsáveis da indústria até os colaboradores diariamente presentes nas unidades de produção. A implementação do programa de biosseguridade não deve ser estática, e sim mantida emmelhoriacontínua.
Os benefícios de um programa de biosseguridade são:
Saúdedolotede reprodutores:
Saúdedaprogênie
- desempenho zootécnico (ganho de peso e conversãoalimentar);
- mortalidade;
- rendimentodascarcaçasaoabate;
- condenaçãodecarcaças aoabate.
Saúdehumana
- Transmissão de agentes de zoonoses (Salmonelas, Campilobacter jejuni).
Deummodogeralbiosseguridadeenvolve:
- Controle da multiplicação de agentes biológicos endêmicos (Um crescimento descontrolado na população desses organismos poderá ocasionar um efeito negativo crônico no desempenhoeprodutividadedosrebanhos);
- Prevenção da contaminação dos rebanhos por organismos altamente contagiosos e potencialmenteletais;
- Controle e prevenção de agentes infecciosos de importância na saúde pública (zoonoses,ex.:salmonelas);
Oprincipalobjetivodosprogramasde biossegurida-
- Controle e prevenção daqueles agentes infecciososdetransmissãovertical.
Artigo 574 – Biosseguridade na produção animal
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Componentes operacionais de um programa de biosseguridade
Um programa de biosseguridade é basicamente um grupo de procedimentos desenhados paraprevenir a entrada e a disseminação de enfermidades em um sistema de produção. Isso é alcançado via manutenção do menor fluxo possível de organismos biológicos (vírus, bactérias, parasitas, fungos, roedores, animais silvestres, pessoas) por meio das divisasdosistemadeprodução.
Um programa de biosseguridade tem basicamente nove componentes principais que funcionam como elos de uma corrente (Figura 1). Dessa forma, a efetividade de um programa de biosseguridade será sempre igual à resistência do elo (componente) mais fraco da corrente. Dessa forma, todos os componentes devem receber a mesma atenção durante o planejamento, implantação e controle permanente do programa de biosseguridade. Todos os procedimentos descritos, a seguir, são recomendações básicas essenciais a qualquer programadebiosseguridade.
Reflorestamentos com árvores não frutíferas, matas naturais, bem como a presença de elevações topográficas, também servem de barreiras sanitárias naturais,diminuindoo riscodecontaminação.
2)Controledetráfego
O controle de tráfego diz respeito aos riscos à saúde do plantel pelo fluxo ou trânsito para dentro e fora do sistema de produção e entre unidades internas do sistema de visitantes, técnicos e funcionários, veículos, equipamentos e materiais (veículos de transporte de ração/ovos/aves, ninhos, balanças, roupas, produtos químicos, etc.), animais silvestres e domésticos.
O fluxo de visitas a diferentes lotes em uma granja por idade (mais novo ao mais velho) e/ou por status de saúde (sem problemas de saúde ou com problemas clínicos atuais ou recentes) deve ser semprerespeitado.
1)Isolamento
O isolamento físico é a primeira consideração para o estabelecimento de um novo sistema de produção. Basicamente, o sistema de produção deve ser localizadoaumadistância segurade:
Outrossistemasdeprodução;
Fábricasderação;
Abatedouros/frigoríficos;
Estradasprincipaismuitomovimentadas e/ouestradascom intenso fluxode transportedecargas vivas (aves, bovinos,suínos).
Também é ideal que seja proibida a entrada de veículos externos à granja (carros de visitantes, técnicos e funcionários e caminhões de ração e de entregademateriais).Em casode necessidade,todo o veículo que entrar na área interna dos limites do sistema de produção deverá ser cuidadosamente lavado com água com detergente, enxaguado e, em seguida, desinfetado com produto de amplo espectro (por exemplo, mistura de composto de amônia quaternária com glutaraldeído). Os veículos internos a granja nunca deve sair da área interna da granja. Os silos de recebimento de ração devem estar localizados àbeiradacercaperimetraldosistemade produção, ou seja, veículos que transportam rações não devem entrar na granja. É interessante que não ocorra troca de qualquer tipo de equipamentos e materiais entre galpões (ou núcleos de galpões) e/ou entregranjas.
3)Higienização
Existem vários procedimentos operacionais de higienização importantes na eficiência de um programa de biosseguridade, sendo essencial executar todos os passos de maneira correta ou de nadaadiantará otrabalho:
-Limpezaedesinfecção;
-Higienepessoal;
-Destinodeanimaismortos;
-Limpezaedesinfecçãodasinstalações;
Artigo 574 –
Biosseguridade na produção animal
FIGURA1. Etapasdoprogramadebiosseguridade
Fonte: SESTI, 2005.
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-Limpezaedesinfecçãodeveículos;
-Higieneequalidadedaáguadebebida;
-Controledepeste(roedoreseinsetos);
-Higienedo alimentodos animais.
Os princípios ativos mais utilizados em sistemas de produção animal podem ser classificados como: compostos de amônia quaternária, fenóis, compostos liberadores de halogênios, aldeídos, compostosiodados, álcoois,ácidos, etc.
Em relação a higiene pessoal algumas regras são importantes, como o banho e troca de roupa para adentrar o sistema de produção, sendo que todos os materiais de uso pessoal devem ser deixados no vestiáriodeentrada.
4)Alojamento,MedicaçãoeVacinação
É muito importante sempre adquirir o material genético, de fornecedores idôneos, que primem pela qualidade sanitária e produtiva da linhagem a ser adquirida.
Vacinas são apenas uma das muitas ferramentas essenciais a um efetivo programa de biosseguridade. Todo o programa de vacinação deve ser desenhado com base no conhecimento do médico veterinário sobre a saúde do rebanho onde o programa será utilizado e na epidemiologia das principais enfermidades ocorrentes na região onde está localizado o sistema de produção. Os fatores como idade, sexo, espécie, região geográfica e tipo de manejo determinam as vacinas a serem utilizadas.
5) Monitoramento, Registro e Comunicação dos Resultados
A saúde do plantel deve ser monitorada continuamente por visitas clínicas e testes diagnósticos laboratoriais (sorologia, PCR, isolamento bacteriológico e virológico). O objetivo de um programa de monitoramento é um rápido diagnóstico de problemas na saúde do lote e diminuição dos prejuízos causados pelos efeitos clínicos, bem como diminuição do risco de disseminaçãodessasenfermidades.
Uma das maiores responsabilidades do responsável peloprogramadebiosseguridadeé passar uma infor-
mação já analisada tecnicamente e os possíveis procedimentos a serem realizados em seguida, pois, sem sua avaliação técnica, os resultados serão de nenhuma utilização ao proprietário do sistema de produção. Obviamente, todos aqueles resultados relacionados com a legislação vigente deverão ser imediatamente comunicados aos órgãos responsáveis, quando for necessário e preconizado pelalegislaçãoem questão.
6)Erradicaçãodedoenças
Uma vez contaminado por algum patógeno importante, só haverá duas opções ao sistema de produção, controlar e conviver (desenvolvendo programas de controle e convivência com o patógeno) ou tentar erradicar o organismo em questão. A erradicação de enfermidades implica na implantação de técnicas de manejo e biosseguridade específicas e sempre haverá um custo extra envolvidocom oprocesso.
7) Auditoria (técnica e de qualidade total) e Atualização
Um programa de biosseguridade necessita de constante auditoria e atualização. Somente desse modomanterásuaefetividadeeabrangência.
Situaçãoclínico-epidemiológicadosistemade produçãooudaregiãoondeestálocalizado;
Novasexigênciasdeclientesdosistemacom relação à saúde e bem-estar animal, como produzir para exportação ou para empresas que exportarão oprodutofinal;
Desenvolvimento de novas técnicas de investigaçãodiagnóstica;
Nova legislação de saúde animal regional ou nacional;
Crescimentodosistemadeprodução.
O cronograma de visitas de auditoria do programa de biosseguridade deve prever, pelo menos, três auditorias anuais completas ao sistema. Essas auditorias sempre devem ser realizadas em datas não anunciadas a todos os envolvidos com o sistema a ser auditado. Isso permite que, no momento da auditoria, a situação operacional no sistema reflita exatamente o que ocorre no dia a dia. Paracada componentedeverá ser previamente
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Nutritime
2023. ISSN: 1983-9006 9226
Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.20, n.3, p.9224-9228, maio/jun,
Biosseguridade na produção animal
criado um guia de auditoria queindicará os principais pontos aserem avaliados. Essaavaliação deverá ser quantificada por índices ou pontuações que tornarão a análise dos dados mais fácil, permitindo a comparaçãocom auditoriasanteriores.
8)EducaçãoContinuada
A educação continuada refere-se ao permanente treinamento de todos aqueles envolvidos com o programa de biosseguridade, desde proprietários e investidores do sistema, diretores, corpo gerencial, até o menor nível hierárquico da empresa, englobando todos aqueles relacionados com a produção e comercialização dos produtos do sistema de produção. Pelo menos uma atualização anual deverá ser feita para os níveis hierárquicos mais altos. Para os níveis hierárquicos operacionais do sistema de produção, as atualizações e treinamentos do programa de biosseguridade devem ser realizadastrêsvezesaoano.
Os aspectos conceituais e técnicos a serem cobertos em um treinamento de um programa de biosseguridadedevem serosseguintes:
Conceitoefilosofiasdebiosseguridade.
Razões da importância da biosseguridade (saúdeanimal,saúdepública).
Principaiscomponentesdoprograma.
Procedimentos operacionais e os porquês desseprocedimento.
Auditorias internas (eventual por técnicos e permanente por todos os envolvidos no programa de biosseguridade) eexternas.
9)PlanodeContingência
Um plano de contingência refere-se a um conjunto de procedimentos e decisões emergenciais a serem tomadas no caso de ocorrência inesperada (ou suspeita de ocorrência) de um evento relacionado com o programa de biosseguridade e/ou a saúde animal de determinado sistema de produção. O objetivo maior de um plano de contingência é prover um rápido esclarecimento (diagnóstico) e uma rápida contenção e/ ou solução para o problema de saúde doplantel em questão.
São os seguintes os componentes estruturais básicosdeum plano decontingência:
deixar dúvidas
- Quem e Como - deve ser listado por nome e/ou cargo profissional na empresa quem deverá realizar as ações (técnico específico, grupo de técnicos) e seus eventuais substitutos, quando necessário. Do mesmo modo, o como realizar as ações deverá ser muito claro e facilmente entendível (amostras a serem tomadas; laboratórios para onde serão enviadas as amostras; tipo (s) de análise (s) a serem conduzidasnas amostras;etc.).
- Resultados - obtenção dos resultados finais da operacionalização do plano de contingência devem ser estimados. É muito importante que os resultados da investigação, seja epidemiológica ou diagnóstica (laboratorial), sejam utilizados como ferramentas de encerramento do plano de contingência, ou seja, confirmação ou eliminação da suspeita inicial. Por isso, na elaboração do plano de contingência, todos os tipos de resultados possíveis devem ser préavaliados juntamente com as respectivas decisões consequentes.
Investimento
Acima de tudo, é importante pensar que a biosseguridade é um investimento, não perda de dinheiro. Isso faz com que as produções sigam em segurança, os animais tenham melhor desempenho e as granjas alcancem alta produtividade. Todo problema sanitário acarreta em alguns riscos e prejuízos, podendo por vez haver problemas graves a ponto de inviabilizar economicamente o negócio. Sendo assim é importante tentar amenizar esses riscos e prejuízos investindo em um bom programa debiosseguridade.
CONCLUSÃO
Para que um programa de biosseguridade tenha êxito é necessário acima de tudo que as pessoas envolvidas no processo entendam em sua plenitude o conceito de biosseguridade e estejam comprometidas e engajadas no propósito. É importante que haja ciência do que cada uma das ações pode trazer como consequência no processo produtivo.
REFERÊNCIAS
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Artigo
-Objetivo- deverásercolocadodeumaformaanão ALARCÓN,
ALLEPUZ, A.; MATEU, E. Biosecurity 9227
L. V.;
Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.20, n.3, p.9224-9228, maio/jun, 2023. ISSN: 1983-9006
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Uso de ácidos orgânicos e óleos essenciais em dietas para leitões
Creche, antibióticos, ácidos orgânicos, óleos essências
Alexandre Alves Martins1*
Melissa Isabel Hannas2
Júlio Maria Ribeiro Pupa3
1 Msc. Nutrição de Monogástricos. Universidade Federal de Viçosa, MG.* E-mail: alexandre.a.martins@hotmail.com
2 Professora Departamento de Zootecnia. Universidade Federal de Viçosa, MG
3 All Nutri LTDA - Viçosa-MG.
RESUMO
Objetivou-se estudar os efeitos do uso de ácidos orgânicoseóleosessenciaisem dietas decrecheem substituição aos antibióticos em dose terapêutica no período de 24 a 65 dias de idade. Os tratamentos foram constituídos de uma dieta basal com antibióticos, uma dieta basal com 0,3% de óleos essenciais (eugenol 25%, timol 15%, cinamaldeído 12%, carvacrol 10%, citral 5%), uma dieta basal com 1,5% de ácido butírico (ácido butírico a 50%), e uma dieta basal com 2,0% de associação de ácidos orgânicos e óleos essenciais (ácido fórmico 17%, ácido lático 15%, ácido benzoico 7,5%, formiato de sódio 7,0%, cinamaldeído 1%, timol 1%). Avaliou-se o consumo de ração médio diário (CRMD), o ganho de peso médio diário (GPMD) e a conversão alimentar (CA). O CRMD não variou entre os tratamentos. O GPMD, a CA, o PMF dos leitões que receberam a dieta basal com 2,0% de associação de ácidos orgânicos e óleos essenciais (ácido fórmico 17%, ácido lático 15%, ácido benzoico 7,5%, formiato de sódio 7,0%, cinamaldeído 1%, timol 1%), foimelhorem relaçãoaos outrostratamentos
Palavras-chave: Creche, antibióticos, ácidos orgânicos,óleosessências.
Revista Eletrônica
Vol. 20, Nº 03, maio/jun de 2023 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br
A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.
USE OF ORGANIC ACIDS AND ESSENTIAL OILS INDIETSFORPIGLETS ABSTRACT
The objective was to study the effects of using organic acids and essential oils in nursery diets to replace antibiotics in therapeutic doses in the period from 24 to 65 days of age. Treatments consisted of a basal diet with antibiotics, a basal diet with 0.3% essential oils (25% eugenol, 15% thymol, 12% cinnamaldehyde, 10% carvacrol, 5% citral), a basal diet with 1. 5% butyric acid (50% butyric acid), and a basal diet with a 2.0% combination of organic acids and essential oils (17% formic acid, 15% lactic acid, 7.5% benzoic acid, sodium 7.0%, cinnamaldehyde 1%, thymol 1%). The average daily feed intake (CRMD), the average daily weight gain (GPMD), the feed conversion (CA). The CRMD did not vary between treatments. The GPMD, the CA, the PMF of the piglets that received the basal diet with 2.0% of association of organic acids and essential oils (formic acid 17%, lactic acid 15%, benzoic acid 7.5%, sodium formate 7.0%, cinnamaldehyde 1%, thymol 1%), wasbettercomparedtotheothertreatments
Keyword: day care, antibiotics, organic acids, essentialoils.
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INTRODUÇÃO
Os leitões na fase pós-desmame são desafiados pelo ambiente, mistura de lote e indivíduos, separação da mãe, alteração da forma física da ração, instalações, entre outros fatores inerentes a cada sistema de produção. Como resultado se observa redução de consumo de ração, e consequentemente do metabolismo e da capacidade dedigestãodosanimais(CHAMONEet.al.,2010).
Essa redução de digestibilidade é resultante da baixa secreção enzimática levando ao comprometimento da integridade intestinal com diminuição na relação de altura de vilosidade e profundidadede cripta(BOUDRYetal.,2004).
Como forma de minimizar os efeitos negativos do desmame, busca-se desde a década de 50, garantir o melhor desempenho dos leitões na fase pósdesmame, através de estratégias nutricionais (VIEITESetal.,2020).
Como principais estratégias nutricionais, destaca-se o uso dos antimicrobianos que teve na década de 1940 a primeira observação do efeito benéfico da associação de sub doses de antimicrobianos em frangos que foram alimentados com subprodutos de tetraciclina e tiveram um crescimento mais acelerado, a partir de então, outros estudos foram realizados e novos antimicrobianos foram utilizados para melhor eficiência na alimentação dos animais deprodução(RIBEIROetal.,2018).
Num contexto geral a tentativa de eliminar, totalmente ou parcial a utilização de antibióticos melhoradores de crescimento animal, a utilização de ácidos orgânicos e de fitogênicos tem sido estudado como ferramentas para melhoria de desempenho dos animais em momentos críticos da produção (VALERIANO et al., 2017). Estes aditivos têm se mostrado eficientes e são tidos como promissores para uso na nutrição frente a desafios entéricos (BEZERRAetal., 2017).
Dentre as opções de ácidos utilizados na alimentação animal, destaca-se o uso de blend de ácidos, queagem em sinergianoorganismoanimal.
Oácidobutírico,éum ácidograxodecadeiacurta,
(4 carbonos), obtido pela fermentação de fibras alimentares na microflora gastrintestinal. Tem ação acidificante,antimicrobiano,eéumafonteenergética preferencial para as células intestinais agindo sobre amultiplicaçãocelulare integridade damucosa.Atua positivamente sobre a atividade microbiana luminal, favorecendo os microrganismos benéficos e controlando os microrganismos patogênicos. Também contribui com melhor absorção de minerais e demais nutrientes, e consequentemente favorece para a ocorrência de melhores resultados de desempenho e menores taxas de excreção. (MACHINSKY, 2008).
O ácido benzóico, por sua vez, tem sido utilizado como conservante antibacteriano ou antifúngico de alimentos e sua adição em dietas pode provocar a queda do poder tampão destas e consequentemente provocar a acidificação da urina (MROZ, 2000). Segundo Den Brock (1997) o ácido benzóico é totalmente eliminado na urina, atuando como bactericida na proliferação bacteriana na bexiga. Tem ação antibacteriana sendo ativo contra agentes gram negativos (enterobacteriae) e gram positivos. Também atuacontrafungos eleveduras.
Outro ácido orgânico muito utilizado na alimentação animal, é o ácido fórmico (HCOOH), que é líquido, incolor, com um odor pungente, e é considerado um ácido potencialmente tóxico. O formiato é um constituinte natural de tecidos animais e do sangue (PARTANEN&MROZ,1999).
O ácido fórmico atua principalmente em leveduras e bactérias como Bacillus spec. E. coli e Salmonella, sendo pouco efetivo contra Lactobacillus e fungos (LIMA, J.D.,2020).
Segundo Buhler (2009), na alimentação dos animais o ácido fórmico é utilizado principalmente como formiato, pois o sal é menos corrosivo e menos tóxicodoqueoácidolivre.
O ácido lático, que é produto da fermentação microbiana no trato gastrointestinal dos animais e pode ser rapidamente absorvido no intestino delgado ou no intestino grosso por difusão passiva, porém é pobremente metabolizado. Contribui para modificaçãodamicrobiotaintestinal,medianteapro-
Artigo 575 – Uso de ácidos
e
dietas de leitões
orgânicos
óleos essenciais em
Nutritime
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produção de um meio favorável para bactérias láticas, promovendo benefícios ao organismo do animal e com forte efeito sobre Eschechiria coli (MROZ,2005).
Os óleos essenciais, se caracterizam por ser uma mistura de compostos lipofílicos e terpenóides provindos de extratos vegetais (BRENES, A. & ROURA, 2010). Esses extratos se caracterizam por apresentarem aspectos importantes para a saúde e desempenho do animal, sendo capazes de proporcionarem melhores índices na produção suinícola. Quando utilizados nas rações apresentam atividades antimicrobianas, antifúngicas e antivirais, pois essas atuam principalmente impermeabilizando a membrana celular bacteriana, causando a ruptura das mesmas e consequentemente a sua morte (OMONIJO etal., 2018).
O cinamaldeído, é um óleo essencial com alta capacidade antibacteriana e inibitória frente a coliformes (E. coli) (LI et al., 2012). Apresentando também capacidade antimicrobiana seletiva, que favorece o crescimento dos lactobacilos presentes nointestino(LIetal.,2012).
O timol, é efetivo contra microrganismos em pH 5,5. Solubiliza os lipídios e proteínas, sendo um mucolítico que facilita a limpeza da árvore respiratória. Desintegra a membrana externa de bactérias gram negativas liberando os lipopolissacarídeos (LPS) e aumentando a permeabilidade da membrana citoplasmática ao ATP (HELANDERetal.,1998).
Assim sendo, a proibição de medicamentos promotores de crescimento, intensifica cada vez mais os estudos sobre os ácidos orgânicos e os óleos essenciais, bem como outros aditivos e suas associações na busca por alternativas eficientes e quefavoreçam odesempenhodosanimais.
Diante do exposto, o objetivo da revisão foi avaliar o uso de ácidos orgânicos e óleos essenciais em dietas de leitões sobre os parâmetros de desempenho.
MATERIAISEMÉTODOS
O experimento foi conduzido no centro experimental daGranjaSãoFranciscoda Vaccinar Nutritção animal
no município de Martinho Campos, MG, no período de 18 de junho de 2021 a 28 de julho de 2021. Foram utilizados 96 leitões, machos castrados, resultantes do cruzamento entre animais da Linhagem TN70 x PIC 337, desmamados aos 24 dias de idade, em um delineamento experimental de blocos ao acaso, com oito repetições e três animais por unidade experimental. Foi adotado o peso inicial aodesmamecomocritériosnaformaçãodosblocos.
Todos os procedimentos e manejos conduzidos com os animais foram aprovados pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal da Universidade Federal deViçosa(Ceuap,protocolonúmero060/2021)
O experimento foi dividido em três períodos, 24 a 38 dias e 24 a 45 dias e 24 a 65 dias de idade, nos quais foram utilizadas dietas àbasedemilho e farelo de soja, formuladas para atender as exigências nutricionais dos animais de acordo com recomendaçõesdeRostagnoetal.(2017).
Em cada fase, os tratamentos foram constituídos por dietas isoprotéicas, isoenergéticas e isolisínicas. As composições centesimais e nutricionais das dietas basais nas quatro fases estão apresentadas nas Tabelas1e 2.
TABELA 1 - Composição percentual das dietas basaispara leitõesnafasedecreche
Artigo 575 – Uso
de ácidos orgânicos e óleos essenciais em dietas de leitões
Ingrediente Fases(período) PréInicial1 24a 31dias PréInicial2 31a 38dias Inicial1 38a 45dias Inicial2 45a 65 dias Premix concentrado vitamínico mineral 600,000 500,000 400,000 25,000 Farelode Soja46% 182,100 202,100 228,300 252,600 Milho moído 177,900 257,900 321,700 652,400 Farelode arroz 30,000 30,000 30,000 50,000 Óleode soja degomado 10,000 10,000 20,000 20,000 Fonte: Elaborado pelos autores
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TABELA 2 - Composição nutricional das dietas basaispara leitões
No tratamento 4 a composição de blend de ácidos orgânicos e óleos essenciais foi de ácido fórmico 17%, ácido lático 15%, ácido benzoico 7,5%, formiato de sódio 7,0%, cinamaldeído 1%, timol 1%, com inclusão de 2,0kg/ton no período de 21 a 65 dias, representados na TABELA 3, onde ambos os tratamentos foram ajustados em substituição ao milho.
TABELA3 -Composiçãodostratamentos
Ostratamentosexperimentaisforam:
– Dietabasal+antibióticos
2 – Dieta basal + Blend de óleos essenciais – 300g
– Dietabasal+Ácidobutírico – 1,5kg Tratamento 4 – Dieta basal + Blend de ácidos orgânicoseóleosessenciais – 2,0kg
No tratamento 1, os antibióticos em dose terapêutica foram: Amoxicilina 262ppm + Tiamulina 200ppm de 21 a 38 dias (Fase 1), Lincomicina + Espectinomicina 176ppm de 39 a 45 dias (Fase 2), e Doxiciclina 250ppm + Tiamulina 200ppm de 46 a 65 dias (Fase 3). No tratamento 2 a composição do blend de óleos essenciais foi de eugenol 25%, timol 15%, cinamaldeído 12%, carvacrol 10%, citral 5%, com inclusão de 300gr no período de 21 a 65 dias. No tratamento 3 a composição foi de ácido butírico 50%, com inclusão de 1,5kg no período de 21 a 65 dias.
* Blend de óleos essenciais: eugenol 25%, timol 15%, cinamaldeído 12%, carvacrol 10%, citral 5% ** Ácido butírico 50% *** Blend de ácidos orgânicos e óleos essenciais: ácido fórmico 17%, ácido lático 15%, ácido benzoico 7,5%, formiato de sódio 7,0%, cinamaldeído 1%, timol 1%
Após a desmama, os animais foram transportados para o centro experimental, alojados em um galpão com 18 m comprimento, 13 m largura, 3 m altura, telhas de aço galvanizado, teto com forro de PVC e cortinas. Baias em grade suspensa, e piso plástico semi-vazado, medindo 1,60 x 1,0 x 0,56 m e laterais de tela metálica, equipadas com comedouros semiautomáticos, bebedouros tipo chupeta e lâmpadas de calor (250 W) pendulares com regulagem de altura para promover o aquecimento aos leitões. Durante o período experimental, foram utilizados dois aparelhos Data logger, da marca LogTag,modeloHAXO-8,sendoposicionados um ao lado esquerdo e outro ao lado direto da sala durante todo o período de avaliação, para monitoramento do
Artigo 575 – Uso de
ácidos orgânicos e óleos essenciais em dietas de leitões
Nutriente Fases (período) PréInicial1 24 a31 dias PréInicial2 31 a 38 dias Inicial 1 38 a 45 dias Inicial 2 45 a 65 dias Proteína bruta (%) 21,000 20,500 20,400 18,500 Lactose (%) 14,558 11,644 4,825 E. Metabolizável (kcal/kg) 3.609,809 3.509,576 3.570,73 3.554,963 Lisina Total (%) 1,732 1,617 1,6123 1,531 Lisina digestível (%) 1,568 1,450 1,4426 1,361 Metionina + Cisteína digestível (%) 0,893 0,836 0,8329 0,791 Triptofano digestível (%) 0,326 0,303 0,3028 0,251 Treonina digestível (%) 0,987 0,922 0,9218 0,879 Sódio (Na) (mg/kg) 4.089,080 3.408,675 2.752,08 202,215 Calcio (%) 0,635 0,932 0,9197 0,406 Fosforo disponível (%) 0,526 0,500 0,450 0,397 Fonte: Elaborado pelos autores
Tratamento3
Tratamento1
Tratamento
Fases TRATAMENTOS Antibióticos (gr/ton) * Óleos essen ciais (gr/ton) ** Ácido Butírico (kg/ton) *** óleos essenci ais + ácidos orgânic os (kg/ton) Préinicial 1 Amoxicilina 75% 0,350 0,300 1,500 2,000 Tiamulina 80% 0,250 Préinicial 2 Amoxicilina 75% 0,350 0,300 1,500 2,000 Tiamulina 80% 0,250 Inicial 1 Lincomicin a + espectino micina 44% 0,400 0,300 1,500 2,000 Inicial 2 Doxiciclina 50% 0,500 0,300 1,500 2,000 Tiamulina 80% 0,200
Nutritime
ISSN: 1983-9006 9232
Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.20, n.3, p.9229-9236, mai/jun, 2023.
de ácidos orgânicos e óleos essenciais em dietas de leitões
ambiente e registro diário das temperaturas mínimas e máximas. Foram realizadas a limpeza e desinfecção diária da sala por meio de lavação das canaletas e corredores, e retirada dos dejetos das baias com varrição diária e lavação duas vezes por semana. Para avaliação do desempenho, foram calculados o consumo de ração médio diário (CRMD), o ganho de peso médio diário (GPMD), a conversão alimentar (CA), o peso médio final (PMF). A mensuração desses parâmetros foi realizada por meio da pesagem dos animais e comedouros no início do experimento e no final de cada período (38°, 45° e 65° dias). Os controles do consumo e do desperdício das rações foram feitos diariamente. A conversão alimentar foi calculada pela relação do consumocom oganho.
Para analisar as características PMI, CRMD, GPD, CA e PMF nas 3 fases do experimento foram aplicados métodos estatísticos descritivos e inferenciais. As variáveis quantitativas foram apresentadas por medidas de tendência central e de variação e tiveram a normalidade avaliada pelo teste de Shapiro-Wilk. A avaliação das diferenças entre os Tratamentos e Fases do estudo foram realizadas pela ANOVA de Duas Vias (Two-way ANOVA) com o pós-teste de Tukey. Foi previamente fixado erro alfa em 5% para rejeição de hipótese nula e o processamento estatístico foi realizado nos programasBioEstatversão5.3eSPSSVersão27.
RESULTADOSEDISCUSSÃO
As temperaturas mínimas e máximas medidas durante todo o período de 24 a 65 dias de idade foram, respectivamente, 13,6°C e 26,1°C no lado direito,e13,6°C e26°C paraolado esquerdo,sendo observados nos gráficos 1 e 2. A temperatura ambiente é o componente climático de maior influência na produção animal (CURTIS, 1983). Assim,oambientetérmiconoqualosuínoémantido pode influenciar o consumo de alimento, a taxa, a eficiência e a composição do ganho e, consequentemente, o crescimento de leitões (ORLANDOetal.,2001).
Análise de desempenho entre os tratamentos nasfases1,2e3.
TABELA 4 – Análise de desempenho entre os tratamentosnafase1
Fonte: Elaborado pelos autores
Na fase 1 (24 a 38 dias) a comparação entre os tratamentos para CRMD (consumo de ração médio diário), resultou no p-valor =0,5520 (não significante). A comparação entre os tratamentos para GPD (ganho de peso médio diário), resultou no p-valor =0,3613 (não significante). Para CA (conversão alimentar), a comparação entre os tratamentos resultou no p-valor =0,0732 (não significante). Para PMF (peso médio final), a comparação entre os tratamentos resultou no p-valor =0,5615(nãosignificante).
TABELA 5– Análise de desempenho entre os tratamentosnafase2
Fonte: Elaborado pelos autores
Na fase 2 (38 a 45 dias), a comparação entre os tratamentos para CRMD (consumo de ração médio diário),resultounop-valor =0,6317(nãosignificante)
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Uso
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A comparação entre os tratamentos para GPD (ganho de peso médio diário), resultou no p-valor =0,3670 (não significante). Para CA (conversão alimentar), a comparação entre os tratamentos resultou no p-valor =0,3642 (não significante). Para PMF (peso médio final), a comparação entre os tratamentos resultou no p-valor =0,5008 (não significante).
TABELA 6 – Análise de desempenho entre os tratamentosnafase3
O desempenho dos leitões que receberam óleos essenciais, tratamento 2, na dieta pode ser devido ao efeito positivo na atividade enzimática, podendo estimular a produção de saliva e de suco gástrico e pancreático, influenciando positivamente a secreção de enzimas digestivas, melhorando a digestibilidade dosnutrientes(MELLOR,2000).
Há também o efeito antimicrobiano, considerado o principal modo de ação dos óleos essenciais. O efeito antimicrobiano está relacionado, principalmente, à alteração da permeabilidade e integridade da membrana celular bacteriana, o que permite que atuem como agentes bactericidas ou bacteriostáticos, causando efeitos interativos com a fisiologia do animal, como a economia de nutrientes, o efeito protetor contra a produção de toxinas no trato gastrintestinal, o efeito no controle de doenças subclínicaseoefeitometabólico(MENTEN,2002).
Fonte: Elaborado pelos autores
Na Fase 3 (24 a 65 dias), a comparação entre os tratamentos para CRMD (consumo de ração médio diário), resultou no p-valor =0,2757 (não significante). Para GPD (ganho de peso médio diário), a comparação entre os tratamentos resultou nop-valor =0,0013*(estatisticamentesignificante). O pós-teste de Tukey indicou que o T4 apresentou valores maiores (p<0.05) em relação aos tratamentos: T1, T2 e T3. Para CA (conversão alimentar), a comparação entre os tratamentos resultou no p-valor =0,0002* (estatisticamente significante). O pós-teste de Tukey indicou que o T4 foi o que apresentou valores menores (p<0.05) em relação aos tratamentos: T1, T2 e T3. Para o PMF (peso médio final), a comparação entre os tratamentos resultou no p-valor =0,0056* (estatisticamente significante). O pós-teste de Tukey indicou que o T4 foi apresentou valores maiores (p<0.05)em relaçãoaostratamentos:T1,T2eT3.
Os resultados alcançados pelo tratamento 1 com o uso de antibióticos como promotores de crescimento épraticadodesdeosanos 50(MENTEN,2002).
Segundo Mellor (2000), os óleos essenciais podem estimular a produção de saliva e dos sucos gástrico e pancreático, influenciando positivamente a secreçãodeenzimas pancreáticas, dasacarase eda maltase,melhorandoa digestibilidade dos nutrientes. Uma adequada digestão dos alimentos refletirá positivamente na microbiota intestinal, absorção de nutrientes, taxa de passagem do alimento e, consequentemente, na saúde e desempenho do animal(JONES, 2001).
O tratamento 3 com ácido butírico não diferenciou dos demais tratamentos nas fases analisadas. A adição do butirato de sódio na alimentação de leitões, segundo Manzanilla (2006), provoca alterações no trato digestório dos animais, diminuindo o pH no intestino grosso e delgado, inibe a colonização de bactérias patogênicas e estimulando as benéficas, tem ação letal e diretamente no metabolismo dos patógenos. Entretanto, o butirato de sódio, não aumentou o consumo diário de ração e o ganho de peso, justificado por, Costa et al. (2011) que em função da alta palatabilidade e o cheiro característico do alimentoqueremeteaodo leitematerno.
Contudo, o tratamento 4 cujo os efeitos positivos do uso de blend de ácidos orgânicos e óleos essenciais ocorrem diretamentenasmicrovilosidadesdotrato
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e óleos
em dietas de leitões
orgânicos
essenciais
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gastrointestinal melhorando significativamente a absorção dos nutrientes, promovendo, portanto, uma melhora na saúde intestinal dos suínos (UPADHAYA etal.,2014).
CONCLUSÃO
Conforme a hipótese testada, o uso de aditivos blends de ácidos orgânicos e óleos essenciais é efetivo em garantir ou melhorar o desempenho de leitões quando fornecido em dietas para animais apósodesmame.
Desta forma, alternativas para se contornar possíveis divergências de inferências entre características nutricionais e produtivas de animais em pastejo ainda necessitam ser concretamente estabelecidas, sem que perdas de representatividade sejam imputadas em ambas as avaliações.
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