Nutritime Revista Eletrônica n 04 v.19

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Editora Responsável: Juliana Maria Freitas Teixeira

Editora Técnica: Rosana Coelho de Alvarenga e Melo

Júlio Maria Ribeiro Pupa George Henrique Kling de Moraes Marcelo Diniz dos Santos Marcos Antonio Delmondes Bomfim Maria Izabel Vieira de Almeida Patricia Pinheiro de Campos Fonseca Rodrigues Rony Antonio Ferreira Rosana Coelho de Alvarenga e Melo

Conselho Científico: Altivo José de Castro Cláudio José Borela Espeschit Evandro de Castro Melo Fernando Queiróz de Almeida José Luiz Domingues

É vedada a reprodução total ou parcial do conteúdo da NRE da em qualquer meio de comunicação, seja eletrônico ou impresso, sem a sua devida citação.

Editor Científico: Júlio Maria Ribeiro Pupa

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Sumário ARTIGOS 559 - Transgênicos: a relação entre o conhecido e o desconhecido ..................................................................... 9105 Lyandra Fonseca Pereira, Caroline Queiroz Cerqueira, Jhenyfer Caroliny de Almeida, Sandra Regina Marcolino Gherardi 560 - Métodos de castração e seus efeitos na produção de suínos ...................................................................... 9114 Bruna Carvalho de Oliveira, Thamirys Vianelli Maurício de Souza, Beatriz Helena Timm Amadei, Matheus Faria de Souza 561 - Fatores que influenciam o comportamento do consumidor de carne suína ........................................... 9122 Vinicius Farias Soares, Sandra Regina Marcolino Gherardi, Jhenyfer Caroliny De Almeida


Transgênicos: a relação entre o conhecido e o desconhecido Transgenia, agricultura, alimentação, perigos.

Revista Eletrônica

1

Lyandra Fonseca Pereira 2 Caroline Queiroz Cerqueira 3* Jhenyfer Caroliny de Almeida 4 Sandra Regina Marcolino Gherardi

Vol. 19, Nº 04, jul/ago de 2022 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

1

Graduanda em Ciência e Tecnologia em Alimentos. Instituto Federal Goiano Campus Urutaí. 2 Graduanda em Ciência e Tecnologia em Alimentos. Instituto Federal Goiano Campus Urutaí. 3 Tecnóloga em Alimentos, Instituto Federal Goiano, Campus Urutaí. **Email:jhenyfer.caroliny@outlook.com. 4 Docente do curso superior de Ciência e Tecnologia em Alimentos, Instituto Federal Goiano, Campus Urutaí.

RESUMO A ciência, no cenário atual, desempenha um papel de suma importância para a sociedade auxiliando na criação de produtos que supram as necessidades das

pessoas. Dentre os

produtos

que foram

desenvolvidos ao longo da história, destacam-se os organismos

geneticamente

modificados

ou

transgênicos, elaborados através de estudos de biotecnologia e que vieram revolucionar diversos setores, dentre eles a agricultura e a alimentação humana.

Porém,

apesar

das

vantagens

comprovadas, há desvantagens uma vez que não se sabe quais são os efeitos que podem vir a ocorrer em longo prazo. Esta incerteza sobre os efeitos dos transgênicos no ambiente e no corpo humano gera uma repercussão negativa e estimula o senso crítico da sociedade sobre a busca do que está sendo consumido e dos impactos que estes podem vir a causar. Palavras-chave: transgenia, agricultura, alimentação, perigos.

9105

TRANSGENICS: THE RELATIONSHIP BETWEEN THE KNOWN AND THE UNKNOWN ABSTRACT Science, in the current scenario, plays an extremely important role for society, helping to create products that meet people's needs. Among the products that have been developed throughout history, genetically modified

or

transgenic

organisms

stand

out,

elaborated through biotechnology studies and that have

revolutionized

several

sectors,

including

agriculture and human food. However, despite the proven advantages, there are disadvantages since it is not known what effects may occur in the long term. This uncertainty about the effects of transgenics on the environment and on the human body generates negative repercussions and encourages society's critical thinking about the search for what is being consumed and the impacts that these may cause. Keyword: transgenics, agriculture, food, dangers.


Artigo 559 - Transgênicos: a relação entre o conhecido e o desconhecido

INTRODUÇÃO

sidade 1992, Art. 2).

É indiscutível que a introdução dos transgênicos no mercado causou uma revolução na agricultura e em

Os transgênicos ou organismos geneticamente

outros setores, porém, com essa revolução vieram

modificados

as discussões sobre o que seria e se haveria riscos

laboratório

para

organismos

engenharia genética, com intuito de alterar o código

geneticamente modificados (OGMs), bem como qual

genético de plantas, animais ou microrganismos. Os

seria o impacto destes para o ambiente. De modo

transgênicos surgiram em 1973, quando os cientistas

geral, a utilização dos OGMs fez com que a

Herbert Boyer e Stanley Cohen realizaram a

sociedade buscasse cada vez mais esclarecimentos

transferência de um gene de rã para uma bactéria.

e a garantia de seus direitos sobre informação, visto

Este foi o primeiro experimento ocorrido com

que são consumidores (LABOR GENE, 2019).

sucesso usando a técnica de engenharia genética

quem

consumisse

esses

(OGMs) através

foram de

desenvolvidos

técnicas

em

artificiais

de

(SILVA, 2015). De modo geral, a alteração do código Há uma questão pouco discutida e esclarecida na

genético acontece por meio da inserção de genes de

sociedade: qual é a diferença entre OGMs e

outros

transgênicos? Segundo a Lei de Biossegurança

determinadas características do organismo doador

(11.105/05), OGM é um indivíduo que por meio de

(MENDES, 2020).

organismos,

com

o

objetivo

de

obter

técnicas de engenharia genética teve seu material genético modificado, podendo haver ou não a

O Brasil é o segundo país no mundo em área de

inserção de genes exógenos aos do organismo. Já

plantações de transgênicos, e entre os anos de 2015

para um organismo ser considerado transgênico, ele

e 2016, as lavouras cresceram cerca de 11% no país

deve apresentar em seu material genético, a

(TRANSGÊNICOS,

inserção

melhoramento

de

genes

exógenos

(espécie

não

2017).

genético

de

A

implantação espécies

do

permitiu

compatível sexualmente com o organismo alvo). Há

desenvolver plantas mais resistentes ao ataque de

também os cisgênicos que são organismos obtidos

pragas e doenças, sem ser necessário o uso de

por meio de procedimentos que envolvem a

agrotóxicos (CIÊNCIA É TUDO, 2020). Logo em

tecnologia do DNA recombinante, porém com o uso

seguida, as técnicas de engenharia genética foram

de genes de espécies que podem ser cruzadas

direcionadas ao setor de produção de alimentos,

naturalmente (MAIS SOJA, 2018).

com objetivo de aumentar a quantidade de alimentos produzidos, visto que a demanda tem apresentado

Diante do exposto, o principal objetivo deste trabalho

crescente aumento, acompanhado do aumento

foi analisar o contexto histórico dos transgênicos,

populacional mundial. A Organização das Nações

desde sua criação até os dias atuais, bem como

Unidas (ONU), estima que a população mundial deve

destacar a importância destes organismos no

aumentar cerca de 53% até 2100, passando de 7.8

cenário da agricultura, ressaltar a influência destes

bilhões para aproximadamente 11.2 bilhões. Desse

sobre a segurança alimentar de qualquer pessoa

modo, a produção mundial de alimentos terá que

que consuma estes alimentos e a contraditoriedade

acompanhar esse crescimento progressivo. Segundo

de informações relacionadas a este assunto.

a Food and Agriculture Organization (FAO) a produção de alimentos deverá aumentar cerca de

CONTEXTO HISTÓRICO E DEFINIÇÃO

70% para que se consiga suprir as necessidades da

A aplicação da biotecnologia está cada vez mais

população mundial no ano de 2050, e segundo a

presente na sociedade contemporânea, nos mais

empresa, o melhoramento genético está entre os

diversos setores. Segundo a Organização das

critérios essenciais para que isso seja possível

Nações Unidas (ONU), biotecnologia vem a ser

(SILVA, 2015).

qualquer empregam

aplicação

tecnológica

agentes

biológicos,

na

qual

podendo

se ser

A primeira empresa no Brasil a solicitar a legislação

organismos vivos e seus derivados, com propósito

do plano nacional de uso de transgênicos foi a

de fabricar ou alterar processos a fim de se ter uma

empresa multinacional Monsanto, no ano de 1998. A empresa em questão, ainda no ano de 1998, foi aprovada

utilização específica (ONU, Convenção de Biodiver-

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Artigo 559 - Transgênicos: a relação entre o conhecido e o desconhecido

pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança

vão sendo liberadas no mercado. Os milhões de

(CTNBio) para comercializar a semente de soja RR

hectares plantados com transgênicos (Figura 1)

(soja transgênica Roundup Ready), apesar de que a

ressaltam a grande adesão mundial por estes, visto

cultivar já era plantada no país de forma ilegal por

o englobamento de diferentes países através de

meio de sementes vindas da Argentina (CASTRO,

várias espécies de transgênicos (JAMES, 2017).

2016). Entretanto, esta aprovação foi contestada por diversas instituições, entre elas o Instituto de Defesa

FIGURA 1: Área plantada nos maiores produtores de

do Consumidor (IDEC) e pelo Greenpeace, e o

transgênicos em 2016

resultado deste descontentamento nacional foi o adiamento da legalização do uso de transgênicos no Brasil.

Os OGMs foram legalizados no Brasil, de

forma provisória, ano de 2003 por meio da Lei 10.688, e de forma definitiva em 2005 a partir da aprovação da Lei de Biossegurança. Desde que foi regulamentado, o uso de transgênicos na produção das

lavouras

no

Brasil

tem

aumentado

consideravelmente (CELERES, 2017a). Questões relativas ao meio ambiente são levantadas a respeito de efeitos intencionais ou não em outras espécies próximas ou com alguma relação a este

Fonte: Conselho de Informações sobre Biotecnologia, 2017.

tipo de organismo, sendo principalmente ligadas ao

Os transgênicos são uma das principais ferramentas

fluxo gênico entre espécies, potenciais efeitos

adotadas pela agricultura global. É importante

adversos em espécies não alvo, desenvolvimento de

ressaltar a existência de produtos transgênicos

resistência, persistência do gene após o cultivo,

aplicados às áreas da saúde, meio ambiente e

alergenicidade,

digestibilidade.

insumos para a indústria, entretanto, na agricultura

Destarte, muitas pesquisas foram desenvolvidas

eles promoveram uma verdadeira revolução. Os

com fins avaliativos e para a verificação da

OGMs permitiram aprimorar o desempenho de

viabilidade da tecnologia aplicada em diversas

culturas agrícolas partindo da possibilidade de se

partes do mundo (COSTA et al., 2011).

expressar características encontradas e escolhidas a

APLICAÇÃO

toxicidade

DE

e

TRANSGÊNICOS

NA

AGRICULTURA Segundo dados do Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em

Agrobiotecnologia

(ISAAA, 2017), a alta comercialização de produtos transgênicos com números referentes área global de cultivo no ano de 2016, se cultivou cerca de 185,1 milhões de hectares de área transgênica em 26 países. Enquanto que no Brasil, foram cultivadas 49,1 milhões de hectares com culturas transgênicas e diante desse número o país se apresenta como o segundo maior produtor de transgênicos, atrás apenas dos Estados Unidos que foi responsável pelo cultivo

de

aproximadamente

72,9

milhões

de

hectares. A área global de cultivo contendo transgênico aumenta a cada ano e gradativamente novos OGM´s 9107

partir

de

outras

espécies

para

se

adicionar

vantagens não disponíveis no banco de sementes da cultura (germoplasma) (CROPLIFE BRASIL, 2019). Nos

primeiros

anos

de

criação

das

plantas

transgênicas o objetivo principal era proporcionar uma tolerância a herbicidas e resistência à insetos. Já posteriormente, conseguiu-se obter plantas com tolerância

a

estresses

abióticos

e

ganhos

nutricionais, e atualmente, têm- se estudado a possibilidade

de

desenvolver

variedades

que

suportem modificações em partes de suas vias metabólicas, para obter ganhos na fotossíntese e no metabolismo de carbono e nitrogênio (CROPLIFE BRASIL, 2019). Atualmente existem estudos em diversas áreas para a criação de produtos transgênicos, alguns exemplos de

plantas

transgênicas

permitidos

para

comercialização no Brasil são a soja, o milho, feijão,

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Artigo 559 - Transgênicos: a relação entre o conhecido e o desconhecido

aplicações de herbicidas em suas folhas, ao

cana-de-açúcar (CROP LIFE, 2021).

contrário das ervas que são susceptíveis mediante O Quadro 1 mostra as principais culturas com as características adquiridas pela inserção de DNA

tais aplicações; 

exógeno em plantas. QUADRO 1 – Principais culturas geneticamente modificadas

no

mundo

e

os

respectivos

MELHORAMENTO Tolerância a salinidade e escassez d’água; aumento

Arroz

dos teores de ferro; resistência ao ataque de

ataque de pragas. Tolerância a escassez Sorgo

d’água; resistência a herbicidas. Resistência a pragas;

Algodão

aumento da produção e na qualidade da fibra do algodão. Maior resistência ao ataque

Batata

de pragas e variações climáticas.

Cana-de-açúcar

Maturidade precoce.

Melão

Maior durabilidade. Resistência à principal

Feijão

proteínas

inseticidas

Introdução de fatores abióticos antiestresse,

Aumento do metabolismo de amido e outros

Alteração da senescência das plantas;

Incorporação de fatores nutricionais, como a manipulação

genética

de

carotenoides

(SHARMA et al., 2002; AUMAITRE et al., 2002). O MERCADO DE ALIMENTOS TRANSGÊNICOS Atualmente, muitos produtos industrializados são formulados a partir de produtos transgênicos, por exemplo, o óleo de soja. Além disso, há no mercado diversas

opções

de

produtos

em

que

seus

ingredientes são ou foram obtidos a partir de transgênicos (CROPLIFE BRASIL, 2020). Em função dos avanços nos estudos relacionados aos transgênicos, existe hoje no mercado mundial uma gama de plantas

transgênicas

que são

transformadas em alimentos, podendo-se citar as quais: milho, batata, melão, berinjela, beterraba, soja, canola, girassol, algodão, trigo, cana-deaçúcar,

feijão,

pimentão,

chicória,

mamão,

praga que ataca a planta, o

abobrinha, ameixa. Porém, em solos brasileiros a

vírus do mosaico dourado

predominância de milho e da soja é superior às

Resistência a mancha Mamão

de

da

açúcares;

Aumento da produção e locais; resistência ao

introdução

através

solos com muito alumínio, etc;

adaptação a diferentes Milho

insetos

o que favorece a tolerância à salinidade,

pragas. Trigo

aos

bacterianas, tais como a toxina bt;

melhoramentos desenvolvidos CULTURAS

Resistência

anelar – o que favorece

demais

culturas, atingindo cerca de 81% da

produção nacional (CROP LIFE, 2020).

uma maior produtividade. Maior durabilidade; e Tomate

Segundo estudos de LAJOLO e NUTTI (2003), os

produção de frutos com

perigos

potenciais

dos

OGM’s

podem

estar

sabor e coloração mais

associados ao novo DNA que vem a ser introduzido,

acentuada.

aos produtos de expressão desse gene (proteína) e/ou a efeitos não-intencionais decorrentes da

Fonte: SHARMA et al., 2002.

introdução no genoma, bem como da expressão Essas culturas possuem um ou dois genes externos,

desse novo gene. Em termos gerais, os mecanismos

codificando proteínas expressadas em pequenas

pelos quais os riscos podem surgir em OGM

quantidades e oferecendo características como:

enquadram-se em três categorias:

Resistência a herbicidas: característica que

Expressão de produtos dos genes inseridos;

torna as plantas capazes de sustentar Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.19, n.4, p.9105-9113, jul/ago, 2022. ISSN: 1983-9006

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Artigo 559 - Transgênicos: a relação entre o conhecido e o desconhecido

Mudanças do fluxo de vias bioquímicas,

que tanto nos produtos embalados como nos

resultando na produção de metabólitos

produtos vendidos a granel ou in natura, no rótulo da

secundários indesejados;

embalagem ou do recipiente em que estão contidos

Mutagênese pela inserção do novo gene.

deverá constar em destaque, no painel principal e juntamente com o símbolo (Figura 2) a ser definido

ROTULAGEM DE ALIMENTOS FORMULADOS A

mediante ato do Ministério da Justiça, uma das

PARTIR DE TRANSGÊNICOS

seguintes expressões, dependendo do caso: "(nome

A rotulagem de alimentos é um tema amplamente

do

discutido nos últimos anos, e tem passado por

ingrediente

constantes reformulações. A rotulagem é o processo

"produto produzido a partir de (nome do produto)

de estabelecer canais de comunicação entre as

transgênico (Figura 3).

empresas

de

produção

de

alimentos

e

produto)

transgênico", ou

"contém

ingredientes)

(nome

do

transgênico(s)"

ou

os

consumidores, visto que os consumidores buscam

FIGURA 2: Símbolo de produtos transgênicos a ser

ter seus direitos assegurados pela Defesa do

utilizado em embalagens de alimentos

Consumidor, e de obterem mais informações sobre os produtos que compram. A primeira norma referente à rotulagem de alimentos, no Brasil, no âmbito do Ministério da Saúde foi o decreto-lei n° 986 de 1969, o qual determina que "todo o alimento será exposto ao consumo ou entregue à venda

Fonte:

depois de registrado no Ministério da Saúde". Tal

camara-transgenicos.

decreto, ainda em vigor, impõe a obrigatoriedade de informações como: tipo de alimento, nome ou marca,

http://www.cantareira.org/noticias/periferia-brasilandia-

FIGURA 3: Símbolo de produtos transgênicos a ser utilizado em embalagens de alimentos

nome do fabricante, local da fábrica, número de registro no Ministério da Saúde, indicação do emprego

de

aditivos

intencionais,

número

de

identificação da partida, lote, data de fabricação e indicação do peso ou volume. É imposto também que todas estas informações devem constar de forma

legível

nas

embalagens

dos

produtos

(BRASIL, 1969). Diante

da

Fonte:https://www.brasildefato.com.br/2019/09/25/deputado-quer-

preocupação

com

o

consumo

de

informacao-sobre-presenca-de-agrotoxicos-nos-rotulos-dosalimentos.

transgênicos e, ciente das informações que são obrigatórias nos rótulos de alimentos, a rotulagem de

Em 2018, houve uma tentativa de retirada do

OGMs ganha uma importância extrema, de modo

símbolo indicativo “T” das embalagens oriundas de

que será o meio de comunicação entre a empresa e

produtos transgênicos. A tentativa de retirada foi

os consumidores de tais alimentos modificados. No

idealizada

rótulo destes produtos devem estar expressos

transparência,

através de imagens ou escrita, os riscos que a ingestão de tais alimentos podem ou não causar ao consumidor (COTA, 2015). O artigo 40 da lei 1.105/2005,

no

regulamenta

a

decreto

de

rotulagem

n° dos

4.680/2003, alimentos

transgênicos, como também em outras fontes legais, tornando-se presente em qualquer alimento que contenha mais de 1 % de transgênicos. Está previsto no decreto 4.680/2003 em seu art. 2º, parágrafo 1º, 9109

por

senadores e

aprovada

que pela

são

contra

Câmara:

a “Os

senadores aprovaram [...], o Projeto de Lei da Câmara (PLC) 34/2015 que determina a retirada do símbolo

“T”,

transgênicos

que nas

identifica embalagens

a

presença dos

de

produtos.”

(DIPLOMATIQUE BRASIL, 2018). Embora tenha sido aprovada na câmara, a proposta veio a ser rejeitada no senado. “A Comissão de Fiscalização e Controle (CTFC) do Senado rejeitou [...] o projeto de lei (PLC 34/2015) que previa a retirada do "T" dos rótulos dos alimentos e produtos transgênicos.”

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Artigo 559 - Transgênicos: a relação entre o conhecido e o desconhecido

(Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, 2019).

regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem que comprometa outras

PRINCÍPIOS

COM

necessidades essenciais, seguindo princípios que

RELAÇÃO AOS ALIMENTOS GENETICAMENTE

promovam a saúde, bem como respeitem as

MODIFICADOS

diversidades culturais, ambientais e econômicas

DA

BIOSSEGURANÇA

(BRASIL, Lei de Biossegurança

Brasileira (Lei

11.105 de 2005)

1986).

A

insegurança

alimentar

é

considerada um reflexo da baixa produtividade agrícola (insuficiência de oferta) e problemas na

As normas de biossegurança partem da bioética, a qual se baseia no propósito de que a ciência e a vida estão obrigatoriamente relacionadas, uma vez que a ciência traz grandes impactos na vida humana, animal e vegetal. Deste modo, estabelece valores morais que devem ser considerados pelo trabalho técnico científico, com o principal objetivo de

intermediação entre distribuição e comercialização (desperdícios e elevação dos preços). Outro fator que influencia a insegurança alimentar é o fator econômico, a falta de poder aquisitivo, retratada nas escolhas alimentares, provoca distúrbios nutricionais graves em determinadas populações (GRAZIANO, 1993).

proteger a vida e o bem-estar humano (SANTOS; TORRES, 2017). No Brasil a Comissão Técnica

A transgenia alimentar está diretamente ligada ao

Nacional de Biossegurança (CTNBio) é o órgão

papel do nutricionista frente a sociedade, pois este

responsável por realizar a avaliação, caso a caso, de

profissional tende a se concentrar na qualidade dos

cada organismo geneticamente modificado (OGM),

alimentos e suas implicações na saúde humana e

seguindo todas as normas estabelecidas pela Lei de

ambiental,

Biossegurança (Lei 11.105/05) (CROP LIFE, 2019).

relacionados

sendo à

influenciado

produção

e

por

processos

manipulação

dos

alimentos, como também atua analisando questões O parecer técnico conclusivo liberado pelo CNTBio investiga os seguintes aspectos:

públicos (CONSELHO FEDERAL DE NUTRIÇÃO,

➔ riscos ao meio ambiente;

2020). O Conselho Federal de Nutrição - CFN

➔ riscos do ponto de vista agrícola e animal; ➔ riscos

para

produção de

a

socioeconômicas e a responsabilidade de agentes

saúde

humana

alimentos

com

e

defende a aplicação da transgenia na alimentação

para

vistas

ao

consumo humano

humana, entretanto, é monitoramento

necessário realizar

pós-comercialização

um dos

transgênicos, para que se faça o seu rastreamento e

Deste modo, a liberação comercial de um alimento transgênico no Brasil implica em muito esforço e tem envolvimento de muitos profissionais de diversas áreas, os quais devem se empenhar para o desenvolvimento de uma tecnologia segura. Por conta de todas essas etapas e cuidados, o processo

o estabelecimento das causas e efeitos no caso de danos à saúde da população. A

FALTA

DE

INFORMAÇÃO

E

A

CONTRADITORIEDADE DE DADOS Infelizmente, há uma carência de pesquisas e

reconhecido

estudos comprobatórios dos riscos e benefícios provocados pela utilização dos transgênicos. Ligado

internacionalmente como um dos mais rígidos e

às novas tecnologias e a introdução destas no

completos do mundo (RECH, 2016).

mercado, surgem as incertezas e dúvidas na sociedade sobre estes produtos. Estas incertezas

regulatório

brasileiro

é

Biossegurança Alimentar

A alimentação vai além de um hábito cultural ou de um direito humano; alimentar é algo necessário para a manutenção da vida, mas alimentação realizada de forma inadequada pode causar riscos à vida. A Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) enquanto

são oriundas da falta de informação oferecida à população, visto que os estudos de avaliação de riscos de uso destas biotecnologias, de modo amplo, são controversos e vagos.

e

Pesquisas e estudos envolvendo os potenciais riscos do consumo de alimentos transgênicos pelo ser

participativa, e garantir o direito de todos ao acesso

humano, bem como o impacto que a produção de

conjunto

de

ações

deve

ser

intersetorial

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Artigo 559 - Transgênicos: a relação entre o conhecido e o desconhecido

de lavouras transgênicas pode provocar ao ambiente

mente,

são restritos, favorecendo uma carência grande de

submetidos a tais níveis de avaliação e rigor

informações

científico como os transgênicos. Vários

informação

(VECCHIO, 2004). pode

falta

sido

alimentos que já consumimos resultam de melhoramentos genéticos grosseiros, muitas

inovações tecnológicas que circundam os riscos

vezes resultam de milhares de genes de

incertos. À vista disso, há também escassez de

espécies distintas. Outros são decorrentes

dados relacionados à opinião pública sobre os

de mutações, espontâneas ou induzidas por

organismos geneticamente modificados (RIBEIRO,

agentes mutagênicos. Eles são consumidos

2012).

pela população humana sem que tenham

espaço

à

tenham

de

no

vinculada

que

sobre

problematização

estar

Essa falta de

alimentos

acadêmico

sido testados com o mesmo rigor que os A polêmica relacionada aos transgênicos mostra

transgênicos. É uma utopia, portanto, querer

uma grande divergência de opiniões. Ao mesmo

que os alimentos transgênicos só sejam

tempo em

liberados

que alguns

setores da sociedade

quando

tivermos

100%

de

consideram o uso de transgênicos indispensáveis,

segurança de que não haverá problemas de

outros setores já desprezam o uso destes sem que

alergia ou outros”.

sejam realizados testes longos e detalhados sobre os impactos que o plantio e consumo desses

Quanto ao consumo dos alimentos geneticamente

alimentos podem acarretar para a saúde humana e

modificados, este deve ser realizado de forma

também para o meio ambiente. Contudo, apesar da

segura e informada, pois o consumidor deve ter

sociedade conhecer pouco sobre os efeitos dos

conhecimento sobre o que está utilizando, visto que

transgênicos, Furnival e Pinheiro (2008) destacam

há a existência de potenciais riscos à saúde humana

que há uma grande procura, por parte do mercado

não descartados pela ciência (EFING, BAGGIO,

consumidor, por informações sobre os OGMs.

MANCIA, 2008).

No que diz respeito à introdução de alimentos de

A introdução de alimentos transgênicos no mercado

origem transgênica no mercado brasileiro, os direitos

de consumo é um tema repleto de polêmicas e

fundamentais

divergências de opiniões, e tem sido um assunto

do

consumidor

necessitam

ser

respeitados. Murilo de Morais e Miranda (2001),

amplamente

afirmam

consequências na saúde, no corpo humano e no

que

modificados

os

alimentos

apresentam

geneticamente

incerteza

quanto

à

discutido,

haja

vista

que

suas

meio ambiente, são ainda desconhecidas. Há a

lesividade à saúde do consumidor e, portanto, não

necessidade

essencial

deveriam ser colocados, de forma imediata, para o

adequada e ostensivamente ao consumidor acerca

mercado consumidor. Em contrapartida a isto, Elida

da existência desses organismos na composição de

Séguin (2005) defende que os homens são seres

vários

livres, dotados de livre-arbítrio para usar a tecnologia

respeitando o direito fundamental da livre escolha,

em proveito da dignidade humana. Ela enfatiza

de opção e de independência do consumidor em

também que a moralidade da conduta humana na

adquirir ou não e consumir tais produtos (MOREIRA,

bioengenharia deve ser repensada ante a certeza de

2001).

alimentos

de

se

comercializados

informar

no

clara,

mercado,

que nem tudo que é tecnicamente possível é ético, e que a ciência necessita de freios e limites impostos

CONSIDERAÇÕES FINAIS

pela ética e pelo direito.

Apesar de o Brasil ser o segundo produtor de lavouras transgênicas no mundo, a população ainda

Mas a fim de evidenciar esta contrariedade de

possui receio com relação a segurança no consumo

informações, tem-se o posicionamento de João

destes

Lúcio de Azevedo, Maria Helena Pelegrinelli Fungaro

Biossegurança que obrigam que estes alimentos

e Maria Lúcia Carneiro Vieira (2000) têm uma

passem por inúmeros testes antes de serem

posição liberal a respeito do tema:

liberados para o comércio. Os estudos divulgados

“Pode-se dizer que não há no mundo, atual9111

alimentos,

mesmo

com

as

Leis

de

sobre os possíveis riscos que os transgênicos podem

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.19, n.4, p.9105-9113, jul/ago, 2022. ISSN: 1983-9006


Artigo 559 - Transgênicos: a relação entre o conhecido e o desconhecido

causar ainda são poucos, e percebe-se o quão é necessário conhecer as informações sobre os alimentos que são consumidos diariamente, bem como, a necessidade de se investir em pesquisas que sanem as dúvidas na mesma intensidade com que são realizadas para produção de novos organismos

geneticamente

informações

contraditórias

modificados.

As

encontradas

nas

publicações acerca deste tema geram por vezes, dificuldade na compreensão do assunto. REFERÊNCIAS AUMAITRE, A. et al. New feeds from genetically modified

plants:

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equivalence,

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Métodos de castração e seus efeitos na produção de suínos Bem-estar animal, castração, imunocastração, suínos. Revista Eletrônica

Vol. 19, Nº 04, jul/ago de 2022 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

RESUMO A castração

Bruna Carvalho de Oliveira¹ 2 Thamirys Vianelli Maurício de Souza * Beatriz Helena Timm Amadei³ 4 Matheus Faria de Souza ¹Graduanda em Medicina Veterinária pela Universidade Metodista de São Paulo – UMESP. 2 Docente da Universidade Metodista de São Paulo – UMESP. ³Médica Veterinária graduada pelo Centro Universitário do Espírito Santo – UNESC. *Email: beatriztimm-medvet@outlook.com. 4 Doutor em Nutrição de Monogástricos pela Universidade Federal de Viçosa – UFV.

CASTRATION METHODS AND THEIR EFFECTS de

suínos

é

um

procedimento

ON SWINE PRODUCTION

historicamente realizado para controle de odor

ABSTRACT

desagradável presente na carne de machos íntegros.

Castration of swine is a procedure historically

A

suas

performed to control unpleasant odor presente in the

implicações negativas ao bem-estar e saúde dos

meat of intact males. The practice has been

animais,

normalmente

questioned beacause of its negative implications for

anestesia. A prática pode ser

the well-being and health of animais, especially as it

remediada com a adoção de protocolos anestésicos

usually performed without anesthesia. The practice

ou pela implementação de solução alternativa

can be remedied by adopting anesthetic protocols or

denominada

atual

by implementing na alternative solution called

objetiva a avaliação dos métodos de castração

immunocastration. The current review aims to

disponíveis e seus efeitos na produção de suínos,

evalueate the available castration methods and ther

com base no bem-estar e desempenho zootécnico

effects on swuine production, based on animal

dos animais. Conclui-se que, enquanto a adoção de

welfare and zootechnical performance of animals,

práticas anestésicas possa efetivar melhorias no

the rejection of surgical castration ends up being

bem-estar e performance dos animais, a rejeição da

more significant, with immunocastration favoring

castração cirúrgica acaba sendo mais significativa,

more the evaluated factors.

com a imunocastração favorecendo mais os fatores

Keyword:

prática

vem

sendo

especialmente

realizada sem

questionada por

imunocastração.

ser

A

por

revisão

avaliados. Palavras-chave:

animal

walfare,

castration,

immunocastration, pigs. bem-estar

animal,

castração,

imunocastração, suínos.

9114


Artigo 560 - Métodos de castração e seus efeitos na produção de suínos

INTRODUÇÃO A suinocultura é uma prática significativa no contexto

REVISÃO DE LITERATURA

global, em que a carne suína é a segunda mais

Considerada

produzida e consumida. Nesse contexto, o Brasil se

realizada pelo homem nos animais (TONIETTI,

destaca como o quarto maior produtor e exportador

2008), a castração de suínos machos destinados à

mundial de carne suína (FAO, 2019).

produção de carne tem como objetivo principal o

Um dos desafios da suinocultura é o controle de alterações de odor e sabor na carne oriundas de hormônios sexuais no suíno macho. Para isso, é ainda comum mundialmente a prática da castração cirúrgica de suínos machos, normalmente realizada durante os primeiros dias de vida do animal e

Castração de suínos a

primeira

intervenção

cirúrgica

controle do odor sexual na carne dos animais. Esse odor é oriundo da produção e deposição de dois compostos na gordura do animal a partir da maturidade sexual, que liberam odor desagradável no momento da cocção da carne (BONNEAU & SQUIRES, 2000).

comumente sem anestesia ou analgesia. A adoção

Sendo a castração cirúrgica uma prática simples e

dessa prática é popularizada por sua simplicidade,

de baixo custo (PRUNIER et al., 2006), por muito

baixo custo, e redução da agressividade dos animais

tempo ela foi o procedimento padrão na suinocultura

(PRUNIER et al., 2006).

mundial.

Nas últimas décadas, a preocupação com o bemestar animal resultou em diversas pesquisas e no desenvolvimento

de

técnicas

alternativas

de

castração e controle de odor sexual, já adotadas por produtores no Brasil e no mundo. Notavelmente, a União Europeia busca abandonar a prática da castração cirúrgica de suínos desde 2010. A despeito disso, em muitos países a prática da castração cirúrgica ainda perdura. No Brasil, 61.1% dos entrevistados por Souza (2019) relatam realizar castração sem anestesia, citando desde custos (25%) e necessidade de mão de obra (16.7%) até a crença de que a anestesia não seja necessária (25%).

a adesão da prática acaba dependendo da adoção de tecnologias de alto custo, o que facilmente a torna economicamente inviável para o produtor brasileiro (TONIETTI,

2008).

Porém,

a

crescente

conscientização do público consumidor aliada à relatada disposição do produtor a investir no bemestar animal (SOUZA, 2019) propicia a busca por alternativas ao tradicional procedimento cirúrgico sem anestesia.

a

crescente

conscientização

e

preocupação com o bem-estar animal, porém, a castração cirúrgica de suínos vem sendo colocada em questão, em particular por conta da baixa adesão a métodos de anestesia e analgesia durante o procedimento cirúrgico, oriundas, dentre outras razões,

de

preocupações

com

a

viabilidade

econômica dessas medidas (SOUZA, 2019). O melhor desempenho zootécnico de machos inteiros tem sido um grande incentivo à busca de alternativas para a castração de suínos nas últimas décadas, já que os custos de produção tendem a ser significativamente mais baixos para animais inteiros em comparação com os castrados (TONIETTI, 2008). A criação de animais inteiros não somente elimina

Enquanto a criação de suínos inteiros é uma opção,

Com

os

custos

associados

à

castração,

juntamente com a perda de desempenho que a mesma ocasiona, mas também alivia custos devido ao menor consumo de ração de animais íntegros, devido

à

sua

melhor

conversão

alimentar

(TONIETTI, 2008). O abandono da castração em prol da criação de machos inteiros é uma prática em crescente adoção, particularmente na Europa, porém não sem sua própria gama de complicações, incluindo manejo dificultado e maior incidência de comportamento

Desta forma, este trabalho objetiva a revisão de

sexual e/ou agressivo nos animais (TONIETTI, 2008;

estudos recentes em técnicas de castração de

CANDEK-POTOKAR et al., 2015), por mais que o

suínos, e a avaliação e comparação de seus efeitos

principal desafio desta prática continue sendo o

na suinocultura com base no bem-estar animal e

controle de odor sexual na carne. Porém, as técnicas

desempenho zootécnico.

necessárias para adoção da criação de animais inteiros

9115

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.19, n.4, p.9114-9121, jul/ago, 2022. ISSN: 1983-9006


Artigo 560 - Métodos de castração e seus efeitos na produção de suínos

com inibição do odor sexual, incluindo seleção

metabolização do escatol, resultando em maior

genética com marcadores moleculares e sexagem

deposição de escatol em tecido adiposo (DORAN et

espermática, acabam por onerar os custos de

al., 2002).

produção, e, segundo Tonietti (2008), inviabilizam Desta forma, suínos machos inteiros são mais

sua utilização na produção suína brasileira.

predispostos ao acúmulo de ambos androstenona e Outra alternativa desenvolvida nas últimas décadas

escatol em tecido adiposo, com maior chance de

é a imunocastração, técnica que controla a produção

apresentar odor de macho inteiro em suas carcaças.

de hormônios sexuais sem a necessidade de

Este, porém, não é o único fator envolvido; foi

cirurgia, poupando o animal de um procedimento

constatada correlação significativa entre a genética

cruento

de suínos e suas concentrações dos compostos

e

dispondo-o

com

maior

vigor

e

produtividade característicos de machos inteiros pela

responsáveis

pelo

odor

sexual

na

carne,

maior parte de seu período produtivo (TONIETTI,

possibilitando a seleção genética (TONIETTI, 2008).

2008). Além disso, vêm sido estudada a influência da No Brasil, as limitações sobre o uso legal da

nutrição nas concentrações de escatol, além da

imunocastração e a obrigatoriedade da castração de

constatada forte influência do manejo das condições

suínos machos destinados à produção de carne

ambientais

foram

revogadas

ambiental por via cutânea (TONIETTI, 2008), fator

2020),

que facilmente alia-se à busca por um melhor bem-

somente

(PRESIDÊNCIA

recentemente DA

REPÚBLICA,

restringindo o uso de carcaças com odor sexual para

na suposta

reabsorção do escatol

estar animal na suinocultura.

destinação industrial. Previamente, a proibição do abate de animais com sinais de castração recente

CASTRAÇÃO CIRÚRGICA

atrapalhava a adoção da imunocastração como

O Manual Brasileiro de Boas Práticas Agropecuárias

alternativa.

na Produção de Suínos (DIAS et al., 2011) cita que a castração cirúrgica de suínos é um procedimento

ODOR DE MACHO INTEIRO

que deve ser realizado ainda na primeira semana de

O odor de macho inteiro é uma característica

vida do animal, por conta da maior facilidade de

presente na carne de suínos machos inteiros e

contenção do animal e menor risco de hemorragia e

sexualmente maduros, de odor remetente a urina e

infecção.

fezes, normalmente percebido no momento da cocção. Essa alteração é oriunda da produção e

As instruções quanto à realização da castração

acúmulo de dois compostos na carcaça de suínos

cirúrgica incluem a assepsia do saco escrotal, tração

machos

dos testículos à pele, realização de corte longitudinal

inteiros

-

androstenona

e

escatol

na bolsa escrotal sobre cada testículo, e exposição e

(BONNEAU & SQUIRES, 2000).

extirpação dos mesmos juntamente com o cordão A androstenona é um esteróide sintetizado nos

espermático (DIAS et al., 2011). Esse procedimento

testículos de suínos sexualmente maduros, atuando

é realizado de maneira muito rápida e, incluindo a

como feromônio sexual quando liberado junto à

apanha e contenção do animal, pode levar menos de

saliva do animal. De natureza hidrofóbica, o

trinta segundos (PRUNIER et al., 2006).

composto acaba acumulando-se no tecido adiposo, Já foi demonstrado por muitos autores que a

liberando odor de urina (TONIETTI, 2008).

castração cirúrgica é um procedimento claramente O escatol é um produto da digestão bacteriana do

doloroso; a área afetada é uma região de inervação

aminoácido

complexa,

triptofano

no

intestino

odor

fecal.

do

suíno,

e

o

procedimento

induz

respostas

é

fisiológicas à nocicepção e taxas elevadas de cortisol

normalmente metabolizado pelo fígado e em parte

no trans- e pós-operatório, além de alterações

excretado,

comportamentais detectáveis por dias (PRUNIER et

apresentando

mas

foi

O

constatado

composto que

altas

concentrações de androstenona reduzem a taxa de

al., 2006; VON BORELL et al., 2009).

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9116


Artigo 560 - Métodos de castração e seus efeitos na produção de suínos

Por consistir de uma gonadectomia, a castração

maior acessibilidade ao produtor, por mais que a

cirúrgica de suínos impede o favorecimento do

maior manipulação dos leitões incorra maiores

desempenho oriundo da produção de hormônios

custos ao produtor e mais estresse aos animais

esteróides naturais (TONIETTI, 2008; SCADUTO et

(VELARDE, 2010; HANSSON et al., 2011). Frente a

al., 2015), causando menor conversão alimentar,

essa questão, Coetzee et al. (2019) obtiveram

menor

maior

resultados positivos com a administração de firocoxib

deposição de gordura em comparação com fêmeas

aos leitões por via transmamária como método

e machos não castrados (TONIETTI, 2008).

analgésico no pós-operatório, assim poupando os

desenvolvimento

muscular,

e

animais Além do controle da produção de odor sexual, outros

do

estresse

da

manipulação

para

administração de analgésicos.

efeitos associados à prática são a redução da agressividade e comportamento sexual dos animais

A utilização de anestesia geral inalatória para esse

(TONIETTI, 2008), efeitos normalmente desejáveis

procedimento

pelo produtor visto que facilitam o manejo dos

inviável devido ao alto custo dos equipamentos e

animais e previnem estresse, danos e depreciação

sistema de ventilação (SOUZA, 2019). Já o uso de

da carne oriundos de montas e brigas entre os

anestésicos gerais como a Cetamina e a Xilazina

mesmos.

tem

como

é

considerada

limitação

o

economicamente

tempo

de

sedação,

acarretando riscos de hipotermia e esmagamento Desta forma, a despeito dos efeitos deletérios, a

aos leitões (VELARDE, 2010).

castração cirúrgica continua uma maneira mais simples, consistente e de baixo custo para controle

A literatura não deixa claro se a utilização de

de odor sexual no suíno macho, sendo assim ainda

anestesia e analgesia no processo de castração

amplamente aplicada na suinocultura (PRUNIER et

cirúrgica de leitões resulta em melhor desempenho

al., 2006; SOUZA, 2019).

zootécnico. Enquanto há trabalhos demonstrando alterações comportamentais de leitões submetidos à

ANESTESIA E ANALGESIA Independentemente

da

natureza

castração cirúrgica sem anestesia ou analgesia dolorosa

da

(PRUNIER et al., 2006; LIMA et al., 2014; LUZ,

castração cirúrgica, não é padrão a utilização de

2017) que, oriundas do estresse e dor, poderiam

anestesia e analgesia durante a castração de

justificar diferenças no desempenho zootécnico dos

suínos. No Brasil, Souza (2019) relata que o uso de

animais, há discordância entre autores sobre a

anestesia e analgesia durante a castração de suínos

existência de uma diferença significativa no ganho

representa somente 5,6% das respostas de sua

de peso de suínos submetidos à castração com

pesquisa; dos que não faziam uso da prática, 25%

diferentes protocolos anestésicos.

citaram preocupações quanto ao custo de aplicação, e 16.7% citaram necessidade de mais mão de obra,

Luz (2017), por exemplo, não observou diferenças

incluindo médico veterinário e funcionário para

significativas

acompanhar a recuperação do animal (SOUZA,

castrados com ou sem a utilização de anestesia

2019).

durante o período de 8 a 28 dias de idade dos

para

o

desempenho

de

leitões

leitões, também não observando influência no No entanto, 64.5% dos entrevistados relataram

desempenho de ganho de peso dos animais com

disposição a providenciar maior investimento para a

uso de anestésico combinado. Da mesma forma,

realização de uma castração menos dolorosa aos

Lima et al. (2014) não observaram diferenças no

animais (SOUZA, 2019), o que, aliado à ascendente

ganho de peso de leitões do momento da castração

conscientização do mercado consumidor, pode

ao desmame, independente do uso de técnicas

indicar uma mudança positiva na questão do bem-

sedativas ou anestésicas.

estar animal na produção de suínos. Já

Telles

et

al.

(2016),

porém,

encontraram

A utilização de lidocaína como anestésico local é o

diferenças significativas no ganho de peso diário

método mais utilizado para controlar a dor aguda da

médio de leitões com ou sem o uso de anestesia

castração. É o método anestésico de menor custo e

local pré-operatória, justificando seus achados na

9117

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.19, n.4, p.9114-9121, jul/ago, 2022. ISSN: 1983-9006


Artigo 560 - Métodos de castração e seus efeitos na produção de suínos

avaliação do ganho de peso a longo prazo (60 a 102 dias de vida) comparado com a de estudos similares.

2006; TONIETTI, 2008). Em

adição,

também

tem

sido

de

De toda forma, o acesso à anestesia e analgesia no

imunocastração

promove

contexto do procedimento cirúrgico constitui uma

ligeiramente melhor, proporciona maior deposição de

clara melhora nas condições de bem-estar dos

gordura em carcaça e impede a ocorrência de

animais em questão. Suínos submetidos à castração

gestações indesejadas em criações extensivas sem

cirúrgica com anestesia e analgesia apresentaram

separação por sexo, por mais que não tenham sido

sinais de maior conforto em comparação aos

observadas diferenças significativas em rendimento

castrados sem o uso de tais medicamentos, seja por

de carcaça (IZQUIERDO et al., 2013; BOHRER et

vocalizações, comportamento lúdico, isolamento, ou

al., 2014).

2014; LUZ, 2017).

nas

eficiência

quais

a

imunocastração

tempo de tremor após a castração (LIMA et al.,

fêmeas,

explorada

a

alimentar

Quanto ao produto final, Tonietti (2008) relata que suínos imunocastrados apresentaram diferenças

IMUNOCASTRAÇÃO

significativas em peso vivo, quantidade de carne na

A imunocastração de suínos, popularizada no Brasil

carcaça e porcentagem

sob o nome comercial Vivax® e internacionalmente

comparação com animais castrados cirurgicamente

como Improvac®, consiste na utilização do sistema

(Tabela 1), com acréscimos na quantidade de carne

imunológico do animal para inibir a ação do

em grande parte dos cortes de carne, sugerindo

hormônio de liberação de gonadotrofina (GnRH),

beneficiação dos cortes de alto valor comercial com

impedindo a liberação dos hormônios luteinizante

o uso da imunocastração. O autor também relata

(LH) e folículo-estimulante (FSH), reduzindo o

maiores taxas de aceitação e menores taxas de

desenvolvimento dos testículos e, por consequência,

rejeição da carne de suínos imunocastrados pelo

a síntese de hormônios esteróides, responsáveis

público consumidor.

de carne magra em

pela deposição de androstenona e escatol (ZANATA TABELA 1 - Valores médios dos pesos dos animais

et al., 2018).

vivos, carcaças quentes, resfriadas, preparadas e Administrada por via de vacinação subcutânea de

quantidade de carne e gordura expressa em

dose dupla, a castração imunológica feita no período

quilogramas

final de terminação permite que o animal tenha

provenientes

proveito de sua produção natural de anabolizantes

imunologicamente

e

porcentagem

dos

por grande parte de sua vida produtiva, por fim

de

castrados

carne

magra

cirurgicamente

e

Tratamentos

obtendo os benefícios de uma castração sem a necessidade de procedimento cruento (TONIETTI, 2008; ZANATA et al., 2018). Estudos comparando o comportamento de suínos machos inteiros e imunocastrados constataram redução

significativa

na

agressividade

dose vacinal, apresentando comportamento similar de

animais

castrados

Castrado

Imunocastrado

Peso vivo

126,64 ± 11,55

137,76 ± 13,41

Peso carcaça quente

103,81 ± 9,35

108,93 ± 10,67

Peso carcaça fria

51,11 ± 4.46

56,71 ± 5,39

Peso carcaça preparada

45,57 ± 4,39

47,84 ± 4,90

Carne magra (kg)

26,64 ± 2,54

29,06 ± 2,82

Carne magra (%)

58,49 ± 2,54

60,83 ± 2,91

Gordura (kg)

10,68 ± 1,51

9,91 ± 1,99

e

comportamento sexual dos animais após a segunda ao

Pesos

cirurgicamente

(EINARSSON, 2006; VON BORELL et al., 2009; ZANATA et al., 2018). Esses efeitos, resultando em menor quantidade de brigas entre os animais, acabam reduzindo o estresse entre eles, resultando em maior bem-estar animal, menos danos em carcaça e melhor qualidade de carne (EINARSSON,

Fonte: TONIETTI (2008).

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.19, n.4, p.9114-9121, jul/ago, 2022. ISSN: 1983-9006

9118


Artigo 560 - Métodos de castração e seus efeitos na produção de suínos

Conforme recomendações do fabricante, a primeira

principalmente sob o incentivo de maior desempenho

dose de vacinação deve ser realizada após 8

zootécnico dos mesmos.

semanas de idade, dando intervalo de quatro semanas para aplicação da segunda dose, quatro a

REFERÊNCIAS

seis semanas antes do abate. Há estudos, porém,

BOHRER, B. M.; FLOWERS, W. L.; KYLE, J. M.; et

demonstrando efetividade da segunda dose até duas

al.

Effect

of

gonadotropin

a três semanas antes do abate (TONIETTI, 2008).

suppression with an immunological on growth performance,

Possíveis

complicações

associadas

à

imunocastração, porém, incluem a dificuldade de manejo dos animais pesados em baias coletivas, bem como o risco de autoinjeção por parte dos

estrus

releasing

activity,

factor carcass

characteristics, and meat quality of market gilts. Journal of Animal Science, v. 92, n. 10, p. 4719–4724, 2014. BONNEAU, M.; SQUIRES, E.J. O uso de machos

operadores. Outro fator é a imprevisibilidade da

inteiros

na

produção

de

suínos.

resposta imunológica individual dos animais, em que

CONFERÊNCIA

há relatos de suínos com altas concentrações de

SOBRE QUALIDADE DE CARNE SUÍNA, 2000,

androstenona em tecido adiposo mesmo após duas

Concórdia, SC.

doses vacinais (SOUZA, 2019), por mais que seu

CANDEK-POTOKAR,

INTERNACIONAL

Marjeta;

In:

VIRTUAL

SKRLEP,

Martin;

número seja baixo e similar ao número de animais

LUKAC, Nina Batorek. Raising entire males or

criptorquídicos (CANDEK-POTOKAR, 2015).

immunocastrates – outlook on meat quality. Procedia Food Science, v. 5, p. 30-33, 2015.

Zanata et al. (2018) citam que uma complicação

International 58th Meat Industry Conference,

relacionada à imunocastração é a determinação das são

2015, Eslovênia. COETZEE, Johann F.; SIDHU, Pritam K.; SEAGEN,

inicialmente idênticas à de animais íntegros mas

Jon; SCHIEBER, Teresa; KLEINHENZ, Katie;

mudam drasticamente após a segunda dose vacinal.

KLEINHENZ, Michael D.; WULF, Larry W.;

exigências

nutricionais

dos

animais,

que

COOPER, Vickie L.; MAZLOOM, Reza; JABERICONCLUSÃO

DOURAKI,

A castração cirúrgica de suínos machos é uma

Transmammary delivery of firocoxib to piglets

prática de baixo custo com claros efeitos deletérios

reduces stress and improves average daily gain

ao bem-estar dos animais envolvidos. Não é claro se a utilização de anestesia e analgesia acerca desse

after castration, tail docking, and teeth clipping. Journal of Animal Science, [s. l.], v. 97, n. 7, p.

procedimento resulta em significativa melhora no

2750-2768,

desempenho dos animais, mas constitui evidente

https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC66

melhora no bem-estar dos mesmos, e pode ser implementada na criação dos animais sem incorrer custo oneroso ao produtor.

Majid;

LECHTENBERG,

2019.

Kelly.

Disponível

em:<

06487/>. Acesso em: 13 out. 2021. DIAS, Alexandre César et al. Manual Brasileiro de Boas Práticas Agropecuárias na Produção de Suínos. 1. ed. Brasília, DF: ABCS; MAPA;

De forma geral, a rejeição da castração cirúrgica remete a uma significativa melhora no custo de

Concórdia: Embrapa Suínos e Aves, 2011. 140 p. DORAN,

Elena;

WHITTINGTON,

Frances

W.;

produção, desempenho zootécnico e bem-estar dos

WOOD,

animais envolvidos, resultando em um produto com

Cytochrome P450IIE1 (CYP2E1) is induced by

menor quantidade de gordura e mais atraente ao

skatole

consumidor. Desta forma, optar pela imunocastração ao invés da castração cirúrgica é uma escolha que

androstenone in isolated pig hepatocytes. Chemico-Biological Interactions, v. 140, n. 1, p.

favorece suínos e produtores.

81-92, 20 abr. 2002.

Com a recente mudança na legislação brasileira, torna-se mais simples a adoção da imunocastração por conta dos produtores, que, se conscientizados, podem estar mais dispostos a investir nos animais, 9119

Jeffrey and

D.;

this

MCGIVAN,

induction

is

John blocked

D. by

EINARSSON, Stig. Vaccination against GnRH: pros and cons. Acta Veterinaria Scandinavica, v. 48, n. 1, 7 ago. 2006. Prevention of Boar Taint in Pig Production: The 19th Symposium of the Nordic Committee for Veterinary Scientific Cooperation;

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.19, n.4, p.9114-9121, jul/ago, 2022. ISSN: 1983-9006


Artigo 560 - Métodos de castração e seus efeitos na produção de suínos

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de

leitões

submetidos

a

diferentes protocolos de castração. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em

Zootecnia)

-

Universidade

Federal

do

Recôncavo da Bahia, Cruz das Almas, BA, 2017. PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA. Decreto nº 10.468, de 18 de agosto de 2020. Altera o Decreto nº 9.013, de 29 de março de 2017, que regulamenta a Lei nº 1.283, de 18 de dezembro de 1950, e a Lei nº 7.889, de 23 de novembro de 1989, que dispõem sobre o regulamento da inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal. Brasília, DF, 18 ago. 2020. Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20192022/2020/decreto/d10468.htm>. Acesso em: 10 set. 2021. PRUNIER, A.; BONNEAU, M.; VON BORELL, E.H.; CINOTTI, S.; GUNN, M.; FREDRIKSEN, B.; GIERSING, M.; MORTON, D.B.; TUYTTENS, F.A.M.; VELARDE, A. A review of the welfare consequences of surgical castration in piglets and evaluation of non-surgical methods.

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Orientador:

Andrea

Roberto

Bueno

Ribeiro. 2019. Dissertação (Mestrado em Saúde e Bem-estar Animal) - Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU), São Paulo, SP, 2019. Disponível em:< https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/cons ultas/coleta/trabalhoConclusao/viewTrabalhoConc lusao.jsf?popup=true&id_trabalho=7711132>. Acesso em: 15 set. 2021. TELLES, F. G.; LUNA, S. P. L.; TEIXEIRA, G.; BERTO, D. A. Long-term weight gain and economic impact in pigs castrated under local anaesthesia. Veterinary and Animal Science, v. 1-2, p. 36-39, 2016. TONIETTI, André Palermo. desempenho zootécnico,

Avaliações qualidade

do da

carcaça e carne em suíno macho inteiro imunocastrado. Orientador: Marília Oetterer. 2008. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos) - Universidade de São Paulo Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Piracicaba, SP, 2008. Disponível em:< https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/11/111 41/tde-10032009-083809/pt-br.php>. Acesso em: 15 set. 2021. VELARDE, A. Alternativa à castração cirúrgica sem anestesia. Grupo de Bem-estar Animal, IRTA-Monells. Espanha. 2010. Disponível em:< https://www.3tres3.com.pt/artigos/alternativa-acastrac%C3%A3o-cirurgica-sem-anestesiai_1082/>. Acesso em 15 set. 2021.

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.19, n.4, p.9114-9121, jul/ago, 2022. ISSN: 1983-9006

9120


Artigo 560 - Métodos de castração e seus efeitos na produção de suínos

VON BORELL, E.; BAUMGARTNER, J.; GIERSING, M.; JÄGGIN, N.; PRUNIER, A.; TUYTTENS, F. A. M.; EDWARDS, S. A. Animal welfare implications of surgical castration and its alternatives in pigs. Animal, v. 3, n. 11, p. 1488-1496, 2009. ZANATA, Fábio Alves; FREITAS, Paulo Vitor Divino Xavier de; ALMEIDA, Emizael Menezes de; ZANATA, Rodrigo Alves; BARBOSA, Leticia Mariano;

RIBEIRO,

Fagner

Machado;

CARVALHO, Thony Assis. Imunocastração em Suínos. Revista Científica Rural, Bagé, RS, v. 20,

n.

1,

3

mar.

2018.

Disponível

em:<

https://www.researchgate.net/publication/3371961 65_IMUNOCASTRACAO_EM_SUINOS>. Acesso em: 30 set. 2021.

9121

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.19, n.4, p.9114-9121, jul/ago, 2022. ISSN: 1983-9006


Fatores que influenciam o comportamento do consumidor de carne suína Revista Eletrônica

Comportamento do consumidor, carne suína, suinocultura.

1*

Vol. 19, Nº 04, jul/ago de 2022 ISSN: 1983-9006 www.nutritime.com.br

Vinicius Farias Soares 2 Sandra Regina Marcolino Gherardi 3 Jhenyfer Caroliny De Almeida 1

A Nutritime Revista Eletrônica é uma publicação bimestral da Nutritime Ltda. Com o objetivo de divulgar revisões de literatura, artigos técnicos e científicos bem como resultados de pesquisa nas áreas de Ciência Animal, através do endereço eletrônico: http://www.nutritime.com.br. Todo o conteúdo expresso neste artigo é de inteira responsabilidade dos seus autores.

Graduando do Curso Ciência e Tecnologia de Alimentos, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano - Campus Urutaí. * E-mail: vinicius.soares@estudante.ifgoiano.edu.br. 2 Docente do Departamento de Tecnologia de Alimentos do Instituto Federal Goiano - Campus Urutaí. 3 Tecnóloga em Alimentos, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Goiano - Campus Urutaí.

RESUMO

FACTORS THAT INFLUENCE PORK CONSUMER

Embora a carne suína seja uma das carnes mais consumidas no mundo, no Brasil o consumo continua baixo em comparação com outros países e outros tipos de carne. O mercado de carne suína brasileiro possui grande potencial internacional como vem sendo demonstrado nos últimos anos, porém, o consumo interno desta carne persiste baixo, principalmente por ser relacionado a mitos e estereótipos de suas origens, frequentemente relacionado às gerações passadas. O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de identificar estes fatores que influenciam o comportamento do consumidor de carne suína no Brasil. Os padrões de produção sofreram evidentes transformações nas últimas décadas, sendo estas atribuídas ao melhoramento genético, maior preocupação em atender o consumidor e suas exigências sensoriais e nutricionais. Apesar dos avanços tecnológicos na produção da carne suína, conceitos ultrapassados ainda influenciam negativamente a imagem que o consumidor tem a respeito desta carne. A carne suína atualmente disponível para o consumidor não merece os conceitos errôneos, nem com relação aos perigos para a saúde, nem quanto a sua composição nutricional. Na verdade, trata-se de um alimento nutritivo, saboroso e saudável que, assim como as outras carnes nunca deveria perder espaço na mesa do consumidor. Palavras-chave: comportamento do consumidor, carne suína, suinocultura.

BEHAVIOR ABSTRACT Although pork is one of the most consumed meats in the world, consumption in Brazil remains low compared to other countries and other types of meat. The Brazilian pork market has great international potential as has been demonstrated in recent years, however, pork consumption remains low, mainly because it is related to myths and stereotypes of its origins, often related to past generations. The present work was developed with the objective of identifying these factors that influence the behavior of pork consumers in Brazil. Production patterns have undergone evident changes in recent decades, which are attributed to genetic improvement, greater concern to meet the consumer and their sensory and nutritional

requirements.

Despite

technological

advances in the production of pork, outdated concepts still negatively influence the image that consumers have about this meat. Pork currently available to the consumer does not deserve the misconceptions, neither in relation to health hazards nor in terms of its nutritional composition. In fact, it is a nutritious, tasty, and healthy food that, like other meats, should never lose space on the consumer's table. Keyword: consumer behavior, pork meat, pig farming.

9122


Artigo 561 - Fatores que influenciam o comportamento do consumidor de carne suína

INTRODUÇÃO

exemplo, “a carne suína é muito gorda”, “com alto

A exigência dos consumidores com relação à

nível de colesterol” e de “difícil digestão”, resultante

segurança alimentar existe no mundo todo. A

de uma série de fatores culturais e educacionais

certificação internacional visa garantir a origem e a

enraizados na sociedade brasileira, transmitidos de

qualidade dos produtos (FARIA 2006). A alta

geração para geração, sem bases científicas. Isto

tecnologia nas granjas e a certificação determinada

demonstra a importância da avaliação do perfil do

pelo mercado internacional colocou o Brasil em

consumidor em questão e do desenvolvimento de

quarto

ações de marketing para a quebra efetiva destes

colocado

no

ranking

de

produção

e

exportação mundial de carne suína, ficando atrás

paradigmas (FALLEIROS, 2008).

apenas para China, União Europeia e Estados o

Nessa direção, o presente trabalho foi desenvolvido

consumo de carne suína no mercado interno é

com o objetivo de identificar os fatores que

baixa, sendo aceita em apenas 55% dos lares

influenciam o comportamento do consumidor de

brasileiros,

carne suína no Brasil.

Unidos,

(EMBRAPA,

2021),

enquanto

a

apesar

carne

disso,

bovina

tem

a

aceitabilidade de 93% e a carne de frango de 90% (GUERRERO, 2018). Segundo o IBGE (2020), cada brasileiro consome em média 16,9 quilos de carne suína por ano.

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Carne suína De acordo com Pardi et al. (2006) a carne é o alimento

resultante

dos

processos

de

Os consumidores estão em primeiro lugar nas

transformações bioquímicas e físico-químicas do

organizações,

do

músculo após o abate. A carne suína é um alimento

consumidor emerge como um aspecto valioso para

nobre para o homem, devido à produção de energia,

as empresas, na medida em que precisam entender

a função plástica na formação de novos tecidos

suas demandas e repertórios comportamentais

orgânicos e a regulação dos processos fisiológicos.

específicos para subsidiar o desenvolvimento de

Ela representa uma excelente fonte de proteínas de

estratégias de marketing, com vistas à fidelização de

alto valor biológico, contribuindo na dieta por

seus clientes (LEMOS, 2016).

apresentar todos os aminoácidos essenciais e

por

isso,

o

comportamento

vitaminas

do

complexo

B,

fundamentais

ao

Todo o processo de compra passa antes pelo

funcionamento do organismo, além de apresentar

conhecimento de uma necessidade que pode surgir

uma boa digestibilidade. É constituída por proteínas

de estímulos externos, essa necessidade que afeta

e sua composição apresenta forma relativamente

o consumidor, é influenciada por diversas questões

constante no conteúdo de proteínas, lipídios, sais

tais como, aspectos culturais, sociais e psicológicos

minerais e umidade. Estes autores ainda comentam

que são ligados aos grupos e vivências com

sobre os fatores que afetam as características

determinados

(PORTELA,

nutricionais como a idade dos animais que também

2016). Grande parte da população não consome

exerce importância relevante, onde, a carne oriunda

carne suína por receio de se contaminar com

de animais mais jovens geralmente apresenta um

alguma doença ou acreditando que a carne possui

conteúdo de umidade maior e menores teores de

altos índices de gordura, além disso, existem ainda,

gordura, proteína e sais minerais, em relação aos

outros

religiosos,

adultos, além de serem menos predispostos ao

culturais, preconceito e a falta de informação

acúmulo de gordura subcutânea e intermuscular.

(ANJOS et al., 2018).

Quanto ao sexo, as fêmeas apresentam maior

fatores

círculos

tais

de pessoas

como, aspectos

predisposição para a formação da gordura que os Existe a formação de uma imagem negativa

machos inteiros e os animais castrados também

associada

tendem ao maior acúmulo de gordura.

à

carne

suína,

sendo

a

falta

de

informação o maior obstáculo para a aquisição e consumo desta carne na maioria das regiões

Pesquisas mostram a importância do consumo da

brasileiras. Conceitos errôneos sobre a carne suína

carne suína para o tratamento de doenças, como

causam impactos negativos na sociedade, como por

hipertensão arterial e anemia. Uma das virtudes da

9123

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.19, n.4, p.9122-9128, jul/ago, 2022. ISSN: 1983-9006


Artigo 561 - Fatores que influenciam o comportamento do consumidor de carne suína

carne suína é o seu alto teor de potássio, que ajuda

natura influenciam sensivelmente na decisão dos

a regular os níveis de sódio no corpo, exigindo

consumidores na hora da compra, incluindo cor,

menor consumo de sal (PARDI et al., 2006).

aroma e aparência, sendo que, após a aquisição e consumo, atributos como maciez, suculência e sabor

A carne suína possui a razão potássio-sódio em

são fatores determinantes para que o consumidor

torno de 7, ou seja, é altamente favorável ao

volte a adquirir essa carne (HEINEN, 2013).

controle

da

pressão

arterial.

É

também

recomendada para crianças em fase de crescimento,

A cor exerce grande atrativo no momento da compra

pois, apresenta proteínas de alto valor biológico,

e os consumidores a veem como um indicativo de

ácidos

do

carne fresca e ausência de patógenos comprovando

complexo B, ferro e selênio. Passando a ser mais

isso (HEINEN, 2013). Já a maciez é afetada pelo

uma opção nutricionalmente adequada ao cardápio

conteúdo de marmoreio da carne, fator que também

escolar (BRAGAGNOLO, 2013).

influencia positivamente a percepção da suculência.

graxos

monoinsaturados,

vitaminas

Outro atributo sensorial muito importante é a Suinocultura no Brasil e no cenário mundial

suculência, após o cozimento, caracterizada pela

No cenário mundial, a China se concretizou como o

sensação de umidade observada nos primeiros

maior

suína,

movimentos de mastigação, e está relacionado

apresentando uma produção estimada em 43.500

principalmente à capacidade de retenção de água da

mil toneladas por ano correspondendo a 41% da

carne, porém, a gordura intramuscular também

produção mundial para o ano de 2021 (aumento de

auxilia na suculência da carne, pois, funciona como

9,21% em relação a 2020). O consumo no Brasil

uma barreira contra a perda do suco muscular

está estimado em 47.995 mil toneladas por ano,

durante o cozimento, aumentando, portanto, a

representando um aumento de 7,44% em relação a

retenção de água pela carne e aumento da

2020. Já a previsão para as importações seria em

suculência (CORREA, 2010).

produtor

mundial

de

carne

torno de 4,50 mil toneladas por ano, o que representa uma queda de 6,25% em relação a 2020

A percepção de maciez é afetada pelo conteúdo de

(AGRINVEST, 2020).

marmoreio da carne, fator que também influencia positivamente a percepção da suculência que, após

Os principais países exportadores de carne suína

o cozimento, é caracterizada pela sensação de

em 2021 foram: União Europeia (4.100 mil ton.),

umidade observada nos primeiros movimentos de

Estados Unidos (3.255 mil ton.), Canadá (1.470 mil

mastigação, e está relacionado principalmente à

ton.) e Brasil (1.230 mil toneladas (EMBRAPA,

capacidade de retenção de água da carne. Outro

2021)).

fator que interfere na suculência é a quantidade de

O Brasil segue em 4º lugar no ranking mundial de produção e exportação de carne suína, de acordo com

estimativas

Commodites, crescimento

do

relatório

apresentando estimado

de

uma 3,64%

da

Agrinvest

previsão para

de

2021,

totalizando uma produção de 1.230 milhões de toneladas e, por sua vez, uma previsão de consumo com aumento estimado de 3,52% em relação a 2020. Já a expectativa para as exportações apresentava crescimento de 4,17%, também em comparação a este ano de 2021 (AGRINVEST, 2021).

gordura intramuscular, que funciona como uma barreira contra a perda do suco durante o cozimento, aumentando, portanto, a retenção de água pela carne e aumento da suculência (CORREA, 2010). Para Correa (2010) o sabor e o aroma estão intimamente relacionados à decisão de compra do consumidor e podem indicar o grau de deterioração ou de frescor do alimento no momento da compra e podem ser determinados por fatores como idade, sexo, raça, alimentação e manejo do animal, porém, fatores pós abate como pH final do músculo, condições de resfriamento e armazenamento, e

Qualidade sensorial e tecnológica da carne suína

procedimento

Algumas características sensoriais da carne suína in

parâmetro sensorial.

culinário

também

afetam

este

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.19, n.4, p.9122-9128, jul/ago, 2022. ISSN: 1983-9006

9124


Artigo 561 - Fatores que influenciam o comportamento do consumidor de carne suína

Mitos e estereótipos existentes com relação à

em chiqueiros, na lama e que se alimentam de

carne suína

“lavagem”.

Esse modo de criação está obsoleto,

ser

uma vez que a suinocultura brasileira evoluiu em

diretamente influenciado por fundamentos sociais e

vários aspectos e atualmente representa uma das

econômicos a respeito da importância de se

cadeias produtivas mais avançadas do mundo,

alimentar e não sobre a composição nutricional dos

devido ao uso de altas tecnologias em todas as

alimentos em si (MAGNONI, 2007). Geralmente, a

áreas, desde a genética, nutrição, instalações,

falta de informação dos consumidores leva à

manejo e biosseguridade, o que resultou em uma

formação de opiniões errôneas a respeito da carne

produção com elevados padrões de qualidade

suína. Muitas pessoas acreditam que a carne suína

(AZEVEDO, 2001).

O

comportamento

do

consumidor

pode

tem um grande potencial para transmissão de doenças e ainda, que apresenta altos teores de

O consumo exacerbado de lipídios pode suscitar

gordura (FERREIRA, 2012).

diversos problemas de saúde, portanto se tornou uma preocupação crescente para a população, visto

Apesar de que no ano de 2018, a carne suína

que cada vez mais buscam uma alimentação

representou 40,1% do consumo per capita mundial,

saudável, objetivando longevidade e qualidade de

esse produto não está acessível a 33% da

vida. Isso impacta o consumo de carne suína devido

população mundial por questões religiosas. Sabe-se

à existência da crença de que a mesma é gordurosa

que até pouco tempo atrás foi a carne mais

e com altos teores de colesterol, contudo essa

consumida no mundo (SAAB, 2018).

convicção está errada (FARIA et al., 2006).

Com relação à crença de que a carne suína pode transmitir doenças, como a Teníase e a Cisticercose, deve-se considerar a forma de transmissão da doença. Para os humanos desenvolverem a cisticercose é preciso ingerir ovos da tênia, que são anteriormente eliminados pelos próprios humanos contaminados com a solitária. A teníase é a doença causada pela fase adulta do parasita Taenia solium,

Este mito precisa de atualização, poderia ser

que precisa de dois hospedeiros para completar seu ciclo de vida, um é o homem, que é o único hospedeiro definitivo da tênia o único a possuir a fase adulta do parasita o outro hospedeiro é chamado de intermediário, pois nele só ocorre à fase larval do parasita (cisticerco). Podem ser hospedeiros intermediários suínos, bovinos, carneiros ou até mesmo o próprio homem (DIEHL, 2011). No entanto, no sistema de criação atual, com a biosseguridade, o risco desta ocorrência é quase nulo (LIMA, 2019). Ressalta-se que existem leis no Brasil que regulamentam os serviços de inspeção e vigilância sanitária, proibindo estabelecimentos clandestinos de abate de animais, uma vez que estes não possuem condições básicas sanitárias e nem são fiscalizados pelo serviço de inspeção sanitária (AZEVEDO, 2001).

É importante destacar que em torno de 70% da

considerado verdadeiro na época do “porco tipo banha”, aonde morfologicamente, o suíno tipo banha tem uma distribuição harmônica entre as partes anterior e posterior. Característica que permite a expansão subcutânea para farta deposição de tecido adiposo hoje é história do passado (ROPPA, 2001).

gordura da carne suína é subcutânea, ou seja, forma uma “capa” externa que pode ser retirada com facilidade. Se o consumidor desejar, pode retirar essa capa ap s o preparo da carne e o teor de gordura será semelhante ou até mesmo menor que o da carne de frango (ROPPA, 2001). A redução no consumo de produtos de origem animal, visando redução do colesterol e gorduras, reduz também o consumo de proteínas de alto valor biológico, cálcio, ferro, vitamina B12 e outras vitaminas,

entre

outros.

O

colesterol

é

um

componente vital para todas as células do organismo e é um elemento essencial para a vida, pois é a matéria prima para síntese de diversos hormônios (estrogênio, testosterona), sais biliares, vitaminas e membranas das células (ROPPA, 2001).

Por falta de conhecimento sobre as técnicas de suinocultura, as pessoas deixam de consumir a carne suína por acreditarem que os suínos são criados 9125

Atualmente, a carne suína passou a apresentar mais de 60% de carne magra na sua carcaça e apenas

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Artigo 561 - Fatores que influenciam o comportamento do consumidor de carne suína

1,5 a 1 centímetro de gordura de espessura de

Marketing Digital influencia na eliminação de

toucinho. Por exemplo, ao consumir 100g de lombo

preconceitos da carne suína

cozido ou assado, um ser humano estaria ingerindo

O marketing digital é um dos assuntos mais

apenas 6,7 gramas de gordura, o que representa menos de 10% do máximo a ser ingerido por dia e

abordados no atual momento, adotado pelos gestores e estudado por diversas empresas, ele visa

72,8 mg de colesterol que é menos de 25% do

atrair e fidelizar os seus consumidores. O marketing

máximo permitido de acordo com as exigências da

digital se torna importante para as percepções dos processos decisórios do consumidor, pois é a partir

“American Heart Association” (DIEHL, 2011). Fatores influenciadores no comportamento de

dele, que será gerado todas as sensações, desejos e até o reconhecimento do problema que impulsionará

Para Torres et al. (2009) os profissionais de

o indivíduo a realizar a compra ou não, incluindo também o seu comportamento de pós-compra, onde

marketing buscam satisfazer as necessidades e

esta etapa se torna relevante e poderá tornar o

desejos do público-alvo. Dessa forma deve-se

consumidor fiel à marca. A realização de um marketing digital eficiente é fundamental para

compra do consumidor

atentar

aos

fatores

que

influenciam

no

delimitar e impulsionar seguidores e consumidores (DE OLIVEIRA, 2017).

comportamento de compra do consumidor. Na aquisição do produto o consumidor pode ter a influência de fatores internos, como motivação,

O desenvolvimento de estratégias para conscientizar

aprendizagem, percepção, atitude e personalidade e

e divulgar aspectos do consumo de carne suína no

externos, como família, classe social, grupos de

país torna-se fundamental para o crescimento da

referência e cultura que influenciarão o consumidor a

produção. Para isso é necessária a realização de

compra (TORRES et al., 2009).

pesquisas que busquem identificar o perfil e as preferências do consumidor, no sentido de planejar

Em um mercado globalizado onde consumidores

campanhas educativas bem como estratégias de

tornam-se mais exigentes, o empreendedor tem que

marketing para a população (RAIMUNDO et al.,

estar constantemente atento a fatores que são

2013).

perceptíveis aos seus clientes como: uma equipe treinada, preços competitivos, comodidade, agilidade

De acordo com Amorim (2010) a expansão do

e rapidez no atendimento, sempre buscando a alta

consumo de carne suína requer investimentos em

produtividade, a qualidade nos serviços e baixos

marketing

custos (MORALES, 2011).

população quanto aos benefícios do consumo desta carne

estimulando

eliminando

e

desta

conscientizando forma

a

preconceitos

Para satisfazer este índice de custo-benefício é

modificando de forma positiva da imagem da carne

necessário conhecer o consumidor. Na visão de

suína.

Pereira (2017) é através da satisfação do cliente ou do consumidor que a organização conseguirá a

CONCLUSÃO

fidelização deste comprador. É importante destacar

Apesar dos avanços tecnológicos em sua produção, conceitos ultrapassados ainda influenciam negativamente a imagem do consumidor sobre a carne suína, muitas pessoas acreditam que a carne suína tem um grande potencial para transmissão de doenças e ainda que apresenta altos teores de gordura e difícil digestão. No Brasil, o suíno passou por mudanças significativas em sua composição física, racial e de criação.

que a satisfação da necessidade do cliente, pode ocorrer em uma única transação. Já a sua fidelização pode exigir um relacionamento em longo prazo com o cliente. Falleiros (2008) listou alguns fatores que influenciam o consumidor na escolha pelo local de compra: localização, existência de estacionamento, limpeza, variedade de produtos, ofertas

e

promoções,

preços

e

formas

de

pagamento, layout e espaço físico, atendimento, organização e confiança no estabelecimento.

Com um sistema de produção tecnificado e legislações que asseguram a carne de boa qualidade,

Nutritime Revista Eletrônica, on-line, Viçosa, v.19, n.4, p.9122-9128, jul/ago, 2022. ISSN: 1983-9006

9126


Artigo 561 - Fatores que influenciam o comportamento do consumidor de carne suína

o consumidor pode ficar consciente de que a carne suína é saudável. Existe muito a ser melhorado dentro da cadeia produtiva, e todos os envolvidos sabem disso, pois as exportações e demanda interna

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carne

suína

atualmente

disponível

para

o

consumidor não merece os conceitos errôneos, nem

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com relação a perigos para a saúde, nem no que diz

EMBRAPA.

respeito à sua composição nutricional. O setor da

em:<

carne suína necessita, portanto, do apoio dos

aves/cias/estatisticas/suinos/mundo>.

grandes atores presentes no meio, para assim ter

em: 8 out. 2021.

investimento

em

disseminação

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