E s c o l a S e c u n d á ri a Ja i m e M o n i z | R e v i s t a n º 17 | A b ri l / J u l h o 2 0 0 8 | 1. 5 €
Quem fomos? Quem somos? Que objectivos norteiam o caminho que trilhamos? Quem vislumbramos ser? A comemorar os 170 anos da nossa instituição, o terceiro número da revista “O Lyceu” continua a dar voz a testemunhas ilustres de um passado recente. Figuras incontornáveis da política, da educação, da literatura, da música, da investigação e do jornalismo, que passaram pelos bancos do Liceu, pintam uma aguarela de memórias, onde a saudade de um tempo de estudo e de companheirismo é o sentimento primordial. São “malandrices de adolescentes”, “o inesquecível primeiro amor”, “risos e zangas, gargalhadas e choros” ou “uma certa indisciplina q.b.” que partilham connosco, do mesmo modo que, gratos aos seus professores, nos ensinam, no presente, o valor do “mérito, do trabalho, da disciplina e do respeito pelos outros.” Na actualidade, a nossa escola é um espaço criativo e criador de múltiplos eventos, onde a aliança entre tradição e modernidade irrompe não só nas salas de aula, mas também em múltiplas conferências, sessões literárias, acções de formação, visitas de estudo, torneios desportivos, exposições artísticas, Semana dos Clubes e Projectos, Festival de Teatro, entre outros. De olhos postos no futuro, “O Lyceu” procura reflectir, nas palavras do seu Director, “a Escola filha do seu tempo” que, face aos novos desafios que cada época impõe, almeja, invariavelmente, “ser um instrumento de valorização e de dignificação humana.” A Equipa Editorial
Ficha Técnica
Breves
4
170 anos do Liceu Jaime Moniz Entrevista com o Dr. Jorge Moreira 18 Nº 17 - Abril / Julho 2008
XXIX Encontro de Teatro na Escola
23
Personalidades Ilustres do Liceu
24
Falando com... Testemunhos do Liceu
30
Rostos do Liceu - Nuno Jesus
46
Sociedade de Informação e as TIC na Educação
48
As TIC na Jaime Moniz - Opiniões
50
As TIC na Educação
52
Inovação no Ensino
55
GOS - Computadores a 140 €
58
Capa e contra capa: António Freitas - Grupo 520 José Gouveia - Grupo 600
XVI Festival Regional de Teatro Escolar - Carlos Varela
60
Colaboração: Toda a Comunidade Escolar
Semana dos Clubes e Projectos
70
Psicologia
78
Pedagogia - A supervisão
81
Foto Agrafar Emoções
82
DixIT
83
Poesia
84
Português.com
85
Artes
86
Escola Secundária Jaime Moniz Largo Jaime Moniz 9064 - 503 Funchal Telef.: 291202280 Fax: 291230544 E.mail: olyceu@gmail.com Director: Jorge Moreira Revista O Lyceu Coordenadores: António Freitas - Grupo 520 José Gouveia - Grupo 600 Luís Martins - Grupo 500 Micaela Martins - Grupo 300 Vanda Gouveia - Grupo 300 Revisão: Vanda Gouveia - Grupo 300 Fotografia: António Freitas - Grupo 520 Micaela Martins - Grupo 300
Todos os artigos de opinião são da responsabilidade dos autores. Agradecimentos: À Direcção, bem como a todos quantos contribuíram para que este projecto se tornasse realidade e, em especial, às professoras Elizabete Cró e Fátima Marques, aos nossos entrevistados e aos funcionários dos Serviços Administrativos, Sandra Câmara, Ana Rita, Julieta, Madalena e Marco Aguiar. Tratamento de Imagem, Arranjo Gráfico e Montagem Electrónica: José Gouveia - Grupo 600 Impressão e Acabamento: Liberal Tiragem: 1000 Exemplares
Espaço 21 – Eléazer No dia 11 de Fevereiro de 2008, pelas 11 horas, na Biblioteca, decorreu mais uma das sessões literárias do Espaço 21, desta feita com o objectivo de comentar a obra Eléazer ou a Fonte e a Sarça do escritor francês Michel Tournier. Este livro retrata a vida de Eléazer, um homem dividido pela fé tal como o país em que nasceu, a Irlanda. Numa vida que sempre se apresentou como um caminho bifurcado, ele opta por ser pastor protestante num país muito marcado pela religião católica e encontra na religião uma resposta para a sua angústia desmedida. Estas sessões continuam a contar com a orientação da Dra. Sara Cabral Fernandes, docente desta Escola, actualmente aposentada.
Educação para a Sexualidade No dia 14 de Fevereiro de 2007, no âmbito do Dia dos Namorados (S.Valentim), a Escola recebeu o Dr. Miguel Ferreira, a Dra. Cremilda Barros e a Dra. Paula Pinto, Médicos Obstetras e Ginecologistas, que vieram falar sobre «A Importância de uma Boa Educação Sexual». Os prelectores apresentaram, através de uma diversificação de exemplos, a melhor forma de evitar doenças sexualmente transmissíveis, uma vez que os excessos são muitas vezes responsáveis por uma série de maleitas, algumas com cura, outras irreversíveis. Num tom didáctico e lúdico foram apresentados vários preservativos e posteriormente distribuídos, num evidente sinal de modernidade e evolução de mentalidades, aspecto focado com o intuito de se reconhecer que a informação correcta pode evitar dissabores. Alertaram os presentes para as consultas grátis e disponíveis e, também, para o uso de contraceptivos, para que não coarctassem a sua juventude com encargos não desejados, concretamente - uma gravidez na adolescência. Esta acção, organizada pelas Coordenadoras das Actividades de Complemento Curricular, a Dra. Maria Elisabete Cró, grupo 410, e a Dra. Maria de Fátima Marques, grupo 300, realizou-se no Auditório, teve a duração de duas horas e dirigiu-se a alunos, professores e funcionários.
Elisabete Cró e Fátima Marques - Coord. ACC
Excel como Ferramenta de Trabalho Nos dias 17 de Janeiro e 14 de Fevereiro de 2008, decorreu às quintas-feiras, na sala 107, entre as 14h30 e as 17h30, uma acção de formação de Excel como Ferramenta de Trabalho. Esta acção validada pela DRE, teve como formador o Dr. António Freitas, do grupo 520, e, como formandos, os docentes desta Escola.
Breves
04 / 05
Competências Entre os dias 15 e 29 de Fevereiro de 2008, decorreu uma acção de formação subordinada ao tema «Competências», cujo orador foi o Dr. Hélder Melim, Director Regional da Saúde Pública. Nesta, foi veiculada a ideia de que é, cada vez mais, necessário, nos dias de hoje, incentivar os alunos a desenvolverem competências variadas e transversais a todas as disciplinas que, segundo o orador, devem encontrar um equilíbrio entre conteúdos e competências a desenvolver nos alunos, de modo a promover uma uniformização do Ensino. Uma uniformização de critérios e de metodologias na abordagem das mais diversas competências e dos conteúdos e a adaptação de conteúdos semelhantes a um mesmo ano lectivo e a uma mesma sequência didáctica são medidas importantes para conduzir o aluno a saber-fazer, a saber-estar e a saber-ser, mais do que a ter alguns conhecimentos. Esta iniciativa, destinada a todos os docentes da Escola, foi organizada pela Comissão de Formação Contínua.
IST - 12º 4 No dia 20 de Fevereiro de 2007, as alunas Ana Figueira, Ana Rocha, Luísa Barros, Patrícia Gouveia e Sara Perestrelo, do 12º ano turma 04, dinamizaram uma conferência sobre "Infecções Sexualmente Transmissíveis, no âmbito da disciplina de Área de Projecto – Biologia. A prelectora foi a Dr.ª Nancy Faria, especialista em doenças infecciosas, que procurou sensibilizar a comunidade estudantil sobre este tema, esclarecer eventuais dúvidas e evitar os riscos de uma relação sexual desprotegida.
aconteceunajaimemoniz No dia 22 de Fevereiro de 2008, os gestores do blogue aconteceunajaimemoniz.blogspot.com depararam-se com um fenómeno curioso: o blogue estava a receber uma visita inter(cultura)nacional, como se pode observar na imagem.
Desenvolvimento da cidade No dia 26 de Fevereiro de 2008, pelas 9h45m, no Auditório da Escola, ocorreu uma conferência subordinada ao tema «Os jovens e a cidade», cujo orador foi o Dr. Pedro Calado, vereador da Câmara Municipal do Funchal. O prelector apresentou dados específicos sobre o espaço Cidade em várias áreas, tais como: escolas; centros culturais; pavilhões; piscinas; ginásios, entre outros, dando uma ideia de prosperidade e com o fim de transmitir uma esperança a uma população que se debaterá sem tantos apoios, mas que, na sua perspectiva, vencerá pela qualidade. Com optimismo, aceitou e deu sugestões, deixando o testemunho do seu empenho como autarca. Esta foi mais uma iniciativa das Coordenadoras das Actividades de Complemento Curricular, que se realizou em colaboração com os Coordenadores do Projecto Programa de Aprendizagem ao Longo da Vida – Tema Geral “Modos de Promover a Autonomia e a Iniciativa dos Alunos no Processo de Aprendizagem” – subtema “O Desenvolvimento da Cidade”- (Projecto, financiado em parte pela CE.)
CD’ s Multimedia Entre o dia 27 de Fevereiro e 2 de Abril de 2008, ocorreu uma formação subordinada ao tema «Criação de CDs multimédia», dinamizada pelo Grupo de Estágio B de Informática da Escola. A formação, validada pela DRE, teve a duração de 25 horas e ocorreu também em modo e-Learning. O principal objectivo foi proporcionar aos formandos, a possibilidade da criação de um CD/DVD multimédia e a sua respectiva aparência. Para tal foram utilizadas as ferramentas Autorun Max! e Nero CoverDesigner. No final da acção, os formandos apresentaram um CD multimédia feito por eles, sobre um tema à sua escolha. É de referir que a maioria optou por fazer um CD com os conteúdos das disciplinas que lecciona, aproveitando os conhecimentos nesta adquiridos para a sua actividade profissional.
LEVADA NO RABAÇAL No dia 3 de Março de 2008, as turmas 10º 17 e 10º 18, do Curso Tecnológico de Desporto, acompanhadas da Dra. Cátia Mesquita e do Dr. Odílio Freitas, grupo 620, deslocaram-se ao Rabaçal, no concelho da Calheta, para efectuar um percurso pedestre. O passeio iniciou-se por volta das 10h da manhã e terminou às 14:30h. Durante o percurso, houve tempo para visitar a Lagoa da D. Beja, a Lagoa do Vento e a Cascata do Risco, com algumas paragens para fazer um lanche e admirar a paisagem verdadeiramente deslumbrante. Finalmente, efectuou-se a travessia do túnel do Rabaçal acabando o passeio na zona de lazer das Caldeiras, onde o motorista do autocarro aguardava para o regresso ao Funchal.
Breves
06 / 07
Futebol de Salão Abertura do XVI Festival Regional de Teatro Escolar – Carlos Varela No dia 3 de Março de 2008, pelas 20h30m, à entrada da Escola, teve início o espectáculo «Memórias do Funchal», que abriu o XVI Festival Regional de Teatro Escolar - Carlos Varela, neste ano lectivo, coordenado pela Dra. Elisabete Abreu, grupo 410, e pela Dra. Fernanda Freitas, grupo 510. Durante uma hora, os presentes puderam assistir a um espectáculo cheio de cor, música e emoção, em que pequenos grandes actores, com o auxílio de alguns vídeos em que se revisitou a história da formação das ilhas até ao "nascimento" e à maturação da cidade do Funchal, brindaram a sua audiência com a razão de ser do teatro e prestaram uma digna homenagem à cidade berço desta instituição, que, durante este ano lectivo, comemora, à semelhança da urbe, o seu aniversário. Nesta iniciativa participaram alunos, docentes e funcionários da Escola e alguns convidados, entre eles, o Dr. João Carlos Abreu, que, durante anos, foi Secretário Regional do Turismo e da Cultura.
No dia 4 de Março de 2008, entre as 8 e as 11h30m, no Pavilhão do Liceu, ocorreu um torneio de Futsal organizado pelos alunos da turma 11º 18, no âmbito do Curso Tecnológico de Desporto.
Sensibilização ao Tabagismo No dia 6 de Março de 2008, a Escola recebeu as farmacêuticas Vivina Correia e Paula Fernandes para um painel intitulado «Sensibilização ao Tabagismo». As prelectoras apresentaram diapositivos alusivos aos malefícios do tabaco e aos componentes que criam habituação. Deixaram um alerta aos jovens, dizendo nunca ser tarde para abandonar o vício, sendo, no entanto, necessário ter força de vontade e desejar procurar ajuda de fármacos. Esta foi mais uma iniciativa das Coordenadoras das ACC.
Elisabete Cró e Fátima Marques - Coord. ACC
A mulher do século XXI No dia 7 de Março de 2008, a Escola recebeu a jornalista da RTP-Madeira, Daniela Maria, a arquitecta Elisabete Albuquerque e a deputada municipal do BE Guida Vieira, que participaram num painel intitulado «A mulher do século XXI». A jornalista Daniela Maria falou da sua experiência pessoal para atingir os objectivos, nem sempre fáceis, uma vez que o país ainda estava a sair, lentamente, de uma ditadura prolongada. Sentiu-se grata por não ter desistido dos seus ideais e disse acreditar num amanhã melhor. A arquitecta Elisabete Albuquerque referiu-se aos direitos e deveres dos cidadãos e a deputada Guida Vieira explicou a origem deste dia: a morte, nesta data, de mulheres, nos Estados Unidos, que lutavam pelos seus direitos, falou da sua vida de sindicalista, traçou um retrato intenso de uma luta firme pelos direitos das mulheres desprotegidas. Seguidamente, apresentou o drama das bordadeiras na Madeira e o quão difícil foi obterem melhores condições. Esta foi uma iniciativa organizada pelas Coordenadoras das Actividade de Complemento Curricular. Elisabete Cró e Fátima Marques - Coord. ACC
Espaço 21 – As Mulheres do Meu Pai No dia 10 de Março de 2008, o Espaço 21 reuniu-se uma vez mais, desta vez, para discutir a obra As Mulheres do Meu Pai do escritor angolano José Eduardo Agualusa. Este romance é a narrativa de uma jovem que vai em busca do passado de seu falecido pai e conhece uma série de histórias fantásticas, vividas por este em países da África, onde ele se relacionou com diversas mulheres. O Espaço 21 continua a contar com a colaboração da Dra. Sara Cabral Fernandes.
Inovação no Ensino No dia 11 de Março de 2008, entre as 9 e as 17 horas, ocorreu, no Auditório da Escola, um painel subordinado ao tema «Inovação no Ensino», cujos oradores foram docentes da universidade da Madeira, nomeadamente os professores doutores Nuno Nunes, Paulo Sampaio, Ana Isabel Cardoso e Eduardo Marques. Estes docentes estiveram na Escola a falar sobre o sistema E-Learning, que permite automatizar o planeamento e o suporte da leccionação de disciplinas de qualquer curso, estando provado que o seu uso potencia o aumento de eficácia do ensino. Existem várias plataformas para este sistema, disponíveis em software gratuito, que são fáceis de utilizar por docentes que conheçam o Office e o utilizem para escrever documentos na sua actividade lectiva.
Breves
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Visita de Estudo ao quartel dos Bombeiros Voluntários do Funchal No dia 11 de Março de 2008, os alunos da turma 12º 01, acompanhados da sua Directora de Turma, a Dra. Maria José Barreto, grupo 620, partiram da Escola rumo ao quartel dos Bombeiros Voluntários Madeirenses, sito ao Campo da Barca. Nesta actividade, desenvolvida no âmbito da disciplina de Educação Física, os alunos tiveram a oportunidade de conhecer as instalações e os procedimentos adoptados por aqueles profissionais e de fazer uma experiência, enquanto vítimas, de socorrismo, em que trepavam uma escada até uma janela do prédio, a aproximadamente cinco metros do chão, e desciam por uma manga.
Excel como ferramenta de apoio à docência Entre 31 de Março e 30 de Abril e entre 12 de Maio e 11 de Junho de 2008 decorreram duas formações subordinadas ao tema «O Excel como ferramenta de apoio à actividade docente», à responsabilidade do docente do grupo 550, o Dr. João Paulo Fernandes. Nestas, os formandos tiveram a oportunidade de, numa fase inicial, compreender ou rever as técnicas de formatação de tabelas e as fórmulas básicas, e, numa segunda fase, de executar fórmulas mais complexas e estratégias que exigiam um raciocínio mais alargado, nomeadamente o trabalho com informações oriundas de livros diferentes e as referências absolutas.
Captivate 3 Entre os dias 2 e 23 de Abril de 2008, às quartasfeiras, entre as 15 e as 18h, decorreu uma formação, à responsabilidade do grupo de Estágio de Informática II, orientado pela Dr.ª Patrícia Dinis, grupo 550, sobre o Captivate 3, programa informático que permite criar apresentações multimédia e demonstrações de software. Esta formação contou com quatro sessões presenciais e quatro sessões e-Learning.
Almoço de Páscoa No dia 14 de Março de 2008, ocorreu o tradicional almoço da Páscoa, em que participaram docentes e funcionários da Escola. Como é tradição, foram sorteados alguns prémios, desta vez, com muito humor à mistura.
Breves
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Aniversário do Banco do Tempo No dia 9 de Abril de 2008, o Banco de Tempo celebrou o V aniversário da sua delegação no Funchal, coordenada pelas docentes Maria do Carmo Dória Monteiro Araújo, Graça Silva e Lídia Barbeito, através de um almoço com 65 convivas, entre eles, membros do projecto e amigos, que teve lugar na cantina, pelas 13 horas, e contou com alguns gestos, nomeadamente um bolo representativo da matériaprima desta instituição: o tempo. Houve ainda, pelas 15 horas, na sala 209, uma conferência com duas pessoas muito estimadas desta Escola, o Dr. António Jorge Pestana, grupo 420, e o Mestre Gabriel Pita, grupo 400, que falaram sobre a emigração da Corte de D. João VI para o Brasil, em 1508 e o regicídio de D. Carlos I, em 1908.
Bolsas de Estudo para Formação Contínua no Estrangeiro
Gerir a Mudança No dia 10 de Abril de 2008, esteve no Auditório da Escola, entre as 10h e as 11h30m, o Engenheiro António Guimarães, para proferir uma conferência subordinada ao tema «Gerir a Mudança e Reaprender a Forma de Pensar». Numa sessão muito activa, o alegre orador mobilizou a audiência para um olhar diferente sobre si mesma e sobre os outros, a partir do princípio de que somos todos seres bons e capacitados, e veiculou a mensagem de que temos de lavar a nossa mente dos preconceitos e de ter auto-estima. Deste modo, após alguns exercícios de respiração e libertação de pensamentos negativos, alunos e professores saíram do auditório com uma maior disposição para encontrar-se a si mesmos e dirigir um novo olhar ao ser GUIMA (Génio; Único; Irrepetível; Maravilhoso e Amoroso) que há em todos nós. Esta iniciativa é do Banco do Tempo e teve o acompanhamento das professoras Filomena Soares, e Gilda Gama, grupos 420 e 300, respectivamente.
No dia 9 de Abril de 2008, houve, pelas 15 horas, na sala 215, uma conferência subordinada ao tema «Informação sobre Bolsas de Estudo para Formação Contínua no Estrangeiro», cujos oradores foram o Dr. Jorge Branco Camacho e Dr. Luís Oliveira. O Dr. Jorge Camacho fez uma apresentação descritiva no que diz respeito à filosofia dos programas comunitários no âmbito da Aprendizagem ao Longo da Vida. Os Programas para a Educação, no que respeita às Bolsas de Formação Contínua inscrevemse nessa dimensão e estão disponíveis desde 2007 até 2013. Foram referidos o EUROPASS ou passaporte europeu e as diversas bolsas de formação inscritas nesta nova abordagem em termos de Formação Contínua ao longo de todo o percurso profissional, a saber, COMENIUS, ERASMUS, LEONARDO DA VINCI e GRUNDVIG. Também foi referido o programa transversal de Visitas de Estudo, o antigo ARION. Uma outra possibilidade é a de "job shadowing" que implica estágios práticos ou períodos de observação no posto de trabalho.
Dr.ª Ana Kaupilla, grupo 320
Breves
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Uma Cana de Pesca para o meu Avô No dia 14 de Abril de 2008, pelas 11 horas, ocorreu, na Sala de Reuniões, ao Largo do Museu, mais uma reunião do Espaço 21, que, desta vez, conversou sobre Uma Cana de Pesca Para o Meu Avô de Gao Xingjian, Prémio Nobel da Literatura no ano 2000, que reúne seis contos, escritos com muita subtileza e inteligência e em que são delineados os lugares da infância, os sorrisos, a alegria, os dramas da rua e a tragédia vividos na China. Esta iniciativa contou com a colaboração da Dr.ª Sara Cabral Fernandes.
X Semana dos Clubes e Projectos Entre os dias 14 e 18 de Abril de 2008, decorreu a X Semana dos Clubes e Projectos, à responsabilidade das Coordenadoras das ACC, a Dr.ª Maria Elisabete Cró, grupo 410, e a Dr.ª Maria de Fátima Marques, grupo 300. Na sessão de abertura, houve espectáculos de dança a cargo do grupo DancEnigma, dinamizado pela Dr.ª Carla Rodrigues, grupo 300; de ginástica acrobática e rítmica, orientado pela Dra. Fernanda Martins, grupo 600, e a inauguração de exposições, nomeadamente de uma projecção multimédia que contou com a participação da turma 11º 34, que construiu quadros vivos de algumas das actividades profissionais características da RAM ao longo dos séculos XIX e XX. Ao longo da semana, decorreram diversas actividades, dinamizadas pelos clubes e projectos da Escola, nomeadamente, conferências, verificação de valores da pressão arterial, representações teatrais e projecção de vídeos. Na sessão de encerramento, além de espectáculos de dança e ginástica, dinamizados pelas docentes Carla Rodrigues e Fernanda Martins, houve actuações musicais da parte dos Faisons, a entrega de prémios do Concurso «A Matemática em Nosso Redor» um concurso de canto, intitulado «Vozes do Liceu» e que teve como júri o Dr. António Freitas, grupo 520, o Dr. Inácio Freitas, grupo 300, e o Dr. Miguel Jardim, grupo 430.
Ténis de Praia No dia 15 de Abril de 2008, durante a manhã, nas aulas de Educação Física, no campo de futebol da Escola, decorreram competições de ténis de praia, dinamizadas pelo Núcleo de Estágio de Educação Física e Desporto, orientado pelo Dr. José Duarte Espírito Santo, grupo 600, e supervisionadas pelos docentes das turmas envolvidas. Esses torneios tinham como objectivo demonstrar que é possível rentabilizar a instalação desportiva e introduzir mais uma modalidade desportiva a ser trabalhada nas aulas.
Rabaçal Nos dias 18 e 19 de Abril de 2008, alguns alunos da turma 1 do 12º Ano, acompanhados de docentes da Escola, o Dr. António Freitas, a Dr.ª Fernanda Freitas, a Dr.ª Maria José Barreto, a Dr.ª Micaela Martins, o Dr. Odílio Freitas e do Dr. Marco Livramento, do Diário de Notícias, acantonaram no Rabaçal, onde puderam realizar a caminhada até ao Risco e até às 25 Fontes e jogos tradicionais dinamizados pela Directora da Turma, a Dr.ª Maria José Barreto, grupo 600, responsável pela organização do evento. Posteriormente, os participantes puderam ainda fazer um pequeno circuito de Todo-o-Terreno nas proximidades do Arco da Calheta, acompanhados pelo Sr. Rosário, responsável pela modalidade de 4x4 Todo-o-Terreno do Clube Desportivo do Estreito, e por outros pilotos experientes. Esta iniciativa teve como objectivo executar parte de um trabalho para a disciplina de Área de Projecto cujo tema é «Conhecer para Proteger» e teve o apoio das seguintes entidades: António Pereira; Aripan; Banif; Fábrica Santo António; Farmácia Morna; Ilma; Insular Moinhos; Lactogal; Padaria Mariazinha; Pau de Canela; Papa Manuel; Santagro e Tourigalo.
Meteorologia Nos dias 18 e 21 de Abril, pela manhã, as turmas 30 e 40 do 10º Ano tiveram a oportunidade de visitar e conhecer a Delegação Regional do Instituto de Meteorologia de Portugal, acompanhados do professor Fernando Santos, grupo 420. Nesta visita, os alunos tiveram a oportunidade de contactar com instrumentos de medição e registo da temperatura, da pressão, da humidade e da precipitação, além de terem tomado conhecimento das várias actividades que os profissionais deste departamento executam no seu dia-a-dia. Esta iniciativa é da organização do Clube «A Nossa Terra», coordenado pelos docentes Nídia Camacho e Fernando Santos, grupo 420, e insere-se no estudo do programa da disciplina de Geografia.
Museu do Forte de Santiago Nos dias 23 e 24 de Abril de 2008, os alunos de História da Cultura e das Artes das turmas 20, 50 e 51 do 12º Ano, acompanhados do docente da disciplina, o Dr. Carlos Freira, grupo 400, visitaram as exposições patentes no Museu do Forte de SanTiago. Esta visita foi motivo para uma explicação geral sobre materiais, técnicas e conceitos usados na criação artística, sendo um dos autores em exposição Marco Fagundes.
Breves
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Medicinas Alternativas No dia 30 de Abril de 2008, houve, pelas 11h30m, na Sala de Sessões (215), uma conferência, organizada por alunos da disciplina de Área Projecto da turma 2 do 12º Ano, subordinada ao tema «Medicinas Alternativas», cujos oradores foram a Massagista / Reflexologista Mercedes Marquez e o Osteopata Cláudio Marques. Numa sessão muito interessante, os oradores envolveram a plateia, apontando aquilo que os seus elementos fazem de mal, nomeadamente na maneira de se posicionar e demonstrando a sua prática medicinal, tendo chamado, para tal, alguns elementos da plateia.
Digestão e Socorrismo AP 12º 05
Riscos a nível ambiental No dia 6 de Maio de 2008, houve, pelas 9h50m, na Sala de Sessões, uma conferência subordinada ao tema «Riscos a nível ambiental», cujo orador foi o Professor Doutor Domingos Rodrigues, da Universidade da Madeira. Numa interessante sessão, o orador fez participar a plateia questionando-a acerca do que são estes desastres e das consequências, humanas, sociais e económicas destes fenómenos, fazendo-a compreender que uma sociedade informada tem muitas mais possibilidades de se salvar destes acontecimentos, percebendo os seus sinais e de recuperar das suas consequências.
No dia 6 de Maio de 2008, houve duas conferências desenvolvidas no âmbito dos projectos acatados por alunos das turmas de 12º Ano, da disciplina de Área de Projecto, nomeadamente a da Betina, da Sofia Martins e da Sofia Sousa e a da Ana Carolina Freitas, da Catarina Nóbrega e da Sara Mata, da turma 5 do 12º Ano, subordinadas, respectivamente, aos temas «O Sistema Digestivo» e «Do 112 ao Hospital». Ao longo do ano lectivo, os alunos das turmas de 12º Ano andaram atarefados com os seus projectos para a disciplina supra mencionada. Desenvolveram cartazes, chamadas de atenção para uma diversidade de problemas, nomeadamente a necessidade de prestar auxílio imediato a vítimas de queimaduras e hemorragias; a atenção a dar ao aparelho digestivo; a solidariedade; a necessidade de nos capacitarmos para uma diversidade de áreas e de sermos empreendedores, entre outros.
Desporto Escolar Entre os dias 6 e 9 de Maio de 2008, teve lugar o Desporto Escolar, no qual participaram 170 alunos da -Escola, em modalidades como o Andebol, o Badminton, o Basquetebol, a Canoagem, o Futebol, a Ginástica, a Natação, a Orientação e o Voleibol. Na cerimónia de abertura, que teve início às 20h30m de terça-feira, dia 6 de Maio de 2008, desfilaram cerca de 150 alunos, tendo os padrinhos da Escola sido os seus alunos internacionais: Maria João Correia (CAB Madeira) e Emanuel Gonçalves (Natação do Nacional). Nesta cerimónia, participou ainda “O Moniz – Carlos Varela”, que desfilou com um azulejo típico do Funchal, pintado pelos alunos do clube com a colaboração da Dr.ª Fátima Freitas. Os resultados mais significativos foram: nas modalidades colectivas, a equipa de Juniores/Seniores Masculinos de Andebol, em 1º Lugar; nas individuais, Igor Sousa, em 3º Lugar nos Juvenis Masculinos em Badminton, e Cláudia Jardim, em 4º Lugar nos Juvenis Femininos da mesma modalidade. Distinguiram-se ainda vários atletas na modalidade de Natação, nomeadamente, Sara Jardim (2º Lugar nos Juvenis Femininos dos 50m Livres), Cora Vieira (2º lugar nos Juniores Femininos dos 50m Livres), Lisandra Spínola (1º Lugar nos Juniores Femininos dos 100m Livres), Tiago Sousa (1º Lugar nos Juvenis Masculinos de 100m Livres), entre outros. Na ginástica, distinguiram-se as alunas Olga Gama e Sofia Martins, 1º e 2º lugares na Ginástica Rítmica; Sílvia Andrade, Cíntia Freitas e Catarina Santos, em 2º Lugar na Ginástica Acrobática – Trio Feminino, e outras alunas da Escola, em terceiro lugar na Ginástica de Grupo.
Formação - audiovisuais No dia 7 de Maio de 2008, teve início, pelas 14h30m, na sala 207, uma formação de utilização do programa GIRA, de catalogação de materiais audiovisuais, destinada aos profissionais desta área da Escola, ministrada pelo Dr. Lino Henriques, grupo 550. O objectivo desta formação é promover, em breve, a possibilidade de todos os docentes da Escola reservarem material audiovisual através do computador.
Criação de Páginas Web com o FrontPage No dia 7 de Maio de 2008, pelas 10h, na sala 107, teve início uma formação subordinada ao tema «Criação de Páginas Web Usando o FrontPage», ministrada pela Dr.ª Fábia Silva, grupo 550. Esta formação, destinada a docentes, tem como objectivo promover a criação de páginas da Internet com tabelas, frames e hiperligações e a sua publicação online.
Visita de estudo à Igreja Anglicana No dia 7 de Maio de 2008, pelas 15h30m, os alunos do Curso de Inglês partiram com as duas docentes, a Dr.ª Clara Sousa e a Dr.ª Gilda Figueira, grupo 330, rumo à Rua da Carreira, onde visitaram a Igreja Anglicana, ou The Holy Trinity Church, cujo reverendo é Neil Dawson, isto com o objectivo de os intervenientes contactarem com a cultura anglo-saxónica.
Breves
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Quinta do Palheiro Ferreiro e Levada dos Tornos No dia 7 de Maio de 2008, alunos e professores partiram, pelas 8h30m, da Escola rumo à Quinta do Palheiro Ferreiro, onde puderam contemplar a belíssima colecção de plantas que lá habitam. Esta iniciativa, organizada pelo clube «O Território – A Nossa Casa», à responsabilidade dos docentes de Geografia o Dr. Fernando Santos e a Dr.ª Nídia Camacho, foi seguida de uma caminhada ao longo de parte da Levada dos Tornos, mais precisamente entre o Palheiro Ferreiro e a zona das Babosas, no Monte.
Dia da Europa No dia 9 de Maio de 2008, durante a tarde, houve um encontro intercultural no Colégio de Santa Teresinha, no qual esteve presente a delegação da Escola do Clube Europeu, em representação da Alemanha. No evento, elementos da turma 11º 50, que se fizeram acompanhar pela sua Directora de Turma, responsável pelo Clube Europeu, a Dr.ª Clara Sousa, grupo 340, apresentaram algumas das iguarias oriundas da Alemanha. Esta iniciativa teve a organização de profissionais da Centro de Informação e Documentação da Direcção Regional dos Assuntos Europeus e Cooperação Externa.
Dia do Enfermeiro No dia 12 de Maio de 2008, houve, pelas 9h45m, no Auditório, uma conferência subordinada ao tema «O Enfermeiro – O seu Comportamento Humano (Prevenção na Adolescência)», cuja oradora foi a Enfermeira Laurinda Silva, Directora do Serviço de Cuidados Primários. A prelectora começou por explicar sumariamente a origem da prática de Enfermagem, referindo Florence Nightingale, a impulsionadora da prática. Posteriormente, referiu alguns dados estatísticos relacionados com riscos que os jovens correm e nos quais podem ser assistidos pelos pessoal de Enfermagem e apontou alguns serviços de apoio aos jovens, quer na prevenção, quer na solução de problemas, nomeadamente o Serviço de Atendimento ao Jovem do Centro de Saúde do Bom Jesus.
Elisabete Cró e Fátima Marques - Coord. ACC
Oralidade de Francês Nos dias 9 e 10 de Maio de 2008, houve, ao longo do dia, na Sala de Sessões (215), uma acção de formação subordinada ao tema «Desenvolver e avaliar as competências da oralidade nas aulas de Francês», na sequência da atribuição de 25% da nota final das disciplinas de línguas materna e estrangeiras, a propósito das mudanças na avaliação das disciplinas com parte prática. Esta iniciativa, promovida pelo delegado da disciplina, o Dr. Humberto Lourenço e da Comissão de Formação Contínua, teve como formadoras a Dr.ª Maria Fernanda Martins e a Dr.ª Maria Olinda Reis e implicou uma parte teórica, 15 horas de trabalho autónomo e 3 horas presenciais para avaliação dos trabalhos apresentados pelos docentes da disciplina na Escola.
Equipa Editorial
Numa altura em que se comemoram os 170 anos do Liceu / Escola Secundária
Jaime
Moniz
fomos
ouvir
o
Presidente
do
Conselho
E x e c u t i v o , D r. J o r g e M o r e i r a , s o b r e a q u i l o q u e p o d e m o s e s p e r a r p a r a a nossa Escola, no futuro.
O Ly c e u – A n t e s d o 2 5 d e A b r i l d e 19 74 , a E s c o l a e tu d o o q u e s e e n c o n t r ava l e g i s l a d o s o b r e a E d u c a ç ã o a p o n t ava m p a r a u m d e t e r m i n a d o “ m o d e l o” d e Pa í s . H o j e e m d i a , a o a n a l i s a r m o s e s s e s d o c u m e n t o s , m u i t a s ve ze s p r o d u t o d e i n t e r ve n ç õ e s av u l s a s , n ã o c o m p r e e n d e m o s o p e r f i l d o Po r tu g a l q u e s e q u e r. Jorge Moreira de Sousa
A E s c o l a / E d u c a ç ã o a c tu a l a l i n h a c o m a q u i l o q u e s e p r e t e n d e d o
Presidente do Conselho Executivo da ESJM
Po r tu g a l f u tu r o ? J o r g e M o r e i r a – O m o d e l o e d u c a t i vo a c tu a l e n c o n t r a - s e e m c o n fo r m i d a d e c o m o r e g i m e d e m o c r á t i c o , q u e t e m c o m o m a t r i z r e fe r e n c i a l e d u c a r p a r a a c i d a d a n i a , p a r a o s va l o r e s d o p l u r a l i s m o , d a t o l e r â n c i a e d a l i b e r d a d e . N o e n t a n t o , a e s c o l a a c tu a l , i n f l u e n c i a d a p o r a l g u m a s c o r r e n t e s p e d a g ó g i c a s , n ã o t e m i n c e n t i va d o o s j ove n s à c u l tu r a d o m é r i t o , d o r i g o r, d a ex i g ê n c i a e d a exc e l ê n c i a , p i l a r e s f u n d a m e n t a i s p a r a uma educação de sucesso.
O Ly c e u – A E s c o l a S e c u n d á r i a d e Ja i m e M o n i z , fa c e a o s a c tu a i s m o d e -
... educar para a cidadania, para os valores do pluralismo, da tolerância e da liberdade.
l o s d e g e s t ã o , va i c o n t i n u a r c o m o m e s m o m o d e l o d e g e s t ã o i n t e r m é dia? J o r g e M o r e i r a – D e p e n d e d e a Re g i ã o Au t ó n o m a d a M a d e i r a a l t e r a r o u n ã o o a c t u a l m o d e l o d e g e s t ã o e s c o l a r. D e q u a l q u e r f o r m a , é necessário agilizar e melhorar a qualidade do desempenho de alguns ó r g ã o s d e g e s t ã o i n t e r m é d i a , p o r q u e c o n s t i tu e m o c e r n e e o s u p o r t e p a r a a n o s s a i n s t i tu i ç ã o a d q u i r i r p a t a m a r e s d e e l eva d a q u a l i d a d e . A prestação de ser viços de qualidade passa, necessariamente, por uma g e s t ã o i n t e r m é d i a c o m p e t e n t e e ex i g e n t e .
Entrevista com o Dr. Jorge Moreira
O Ly c e u – As e s c o l a s v ã o p o d e r a d a p t a r o s s e u s p r ó p r i o s m o d e l o s d e g e s t ã o . Q u e m o d e l o p r e c o n i z a p a r a a Ja i m e M o n i z d o f u tu r o ? J o r g e M o r e i r a – U m m o d e l o q u e p r o c u r e c o n c i l i a r d u a s fo r m a s d e a c tu a ç ã o : u m a q u e a s s e n t a n o r i g o r, n a d i s c i p l i n a e n a a u t o r i d a d e e u m a o u t r a q u e e s t i m u l a a c o m u n i d a d e e d u c a t i va p a r a u m a c u l tu r a d e i n c e n t i vo , d e c o n f i a n ç a e d e e s t í m u l o à i n i c i a t i va e à i n ova ç ã o .
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Defendo uma gestão que observe o primado dos critérios de natureza pedagógica sobre os critérios de natureza administrativa.
O Ly c e u – C o n s i d e r a a h i p ó t e s e d e s e r e c a n d i d a t a r à Pr e s i d ê n c i a d o C o n s e l h o E xe c u t i vo ? Jorge Moreira – Ainda estou a meio de um mandato e julgo ser cedo p a r a p e n s a r n u m a r e c a n d i d a tu r a . Tu d o t e m o s e u t e m p o . C o n tu d o , e s t a r e i s e m p r e d i s p o n í ve l p a r a e s t a r a o s e r v i ç o d a m i n h a E s c o l a n o s e n t i d o d e a e n g r a n d e c e r, d e a t o r n a r n u m a E s c o l a d e r e fe r ê n c i a , a o s e r v i ç o d o s n o s s o s j ove n s e a o s e r v i ç o d a Re g i ã o .
O Ly c e u – U m p r o fe s s o r n ã o é u m g e s t o r. C o n c o r d a c o m a e n t r a d a d e gestores na gestão da Escola? Jorge Moreira – Concordo com uma gestão profissionalizada que tenha c o m o r e fe r ê n c i a d o c e n t e s m u i t o b e m p r e p a r a d o s e q u a l i f i c a d o s p a r a o exe r c í c i o d a s f u n ç õ e s , s e j a p e l a fo r m a ç ã o o u p e l a ex p e r i ê n c i a n a a d m i n i s t r a ç ã o e g e s t ã o e s c o l a r, e q u e t e n h a c a p a c i d a d e d e l i d e r a n ç a . D e fe n d o u m a g e s t ã o q u e o b s e r ve o p r i m a d o d o s c r i t é r i o s d e n a tu r e z a p e d a g ó g i c a s o b r e o s c r i t é r i o s d e n a tu r e z a a d m i n i s t r a t i va .
O Ly c e u – A E s c o l a t e m c u m p r i d o o b j e c t i vo s : a u m e n t o u a t a x a d e a p r ove i t a m e n t o ; fo i a o e n c o n t r o d o s p a i s , a t r av é s d a c r i a ç ã o d e e s c o l a s a t e m p o i n t e i r o . E n a p e r s p e c t i va d o s a l u n o s ? Pe r a n t e a m u d a n ç a s o c i a l p u l s a n t e q u e o n o s s o s é c u l o a t r ave s s a , a E s c o l a p r e t e n d e a c o m panhar e gerir este processo? J o r g e M o r e i r a – Po d e m o s a f i r m a r q u e a E s c o l a é f i l h a d o s e u t e m p o , isto é, está sujeit a às regras da temporalidade, às conjunturas e c o n ó m i c o - s o c i a i s e p o l í t i c a s , a o s va l o r e s e à s r e g r a s , à s m o d a s d a s d i ve r s a s g e r a ç õ e s . D eve r á e s t a r a o s e r v i ç o d e u m a p o l í t i c a e d u c a t i va s u f r a g a d a p e l a vo n t a d e d e m o c r á t i c a , d e fo r m a a d a r r e s p o s t a a o s d i ve r s o s d e s a f i o s q u e c a d a é p o c a i m p õ e , s e r u m i n s t ru m e n t o d e va l o rização e dignificação da pessoa humana.
O Ly c e u – A E s c o l a ch a m a a s i “ Q u a l i d a d e e Tr a d i ç ã o”. Pe r a n t e a s ex i g ê n c i a s a c tu a i s , o S r. D i r e c t o r a d m i t e a ex i s t ê n c i a d e , p e l o m e n o s , 5 0 % d e c u r s o s t e c n o l ó g i c o s n a Ja i m e M o n i z ? J o r g e M o r e i r a – O Pr o j e c t o E d u c a t i vo a p r ova d o e e m v i g o r d e fe n d e u m a m a t r i z b a s e a d a n a fo r m a ç ã o d o s n o s s o s j ove n s p a r a o s c u r s o s d e
Podemos afirmar que a Escola é filha do seu tempo, isto é, está sujeita às regras da temporalidade, às conjunturas económico-sociais e políticas, aos valores e às regras, às modas das diversas gerações.
p r o s s e g u i m e n t o d e e s tu d o s p a r a o e n s i n o s u p e r i o r e , d e fo r m a s u p l e -
Te m o s u m a t r a d i ç ã o q u e aponta para cursos de matriz superior e ajusta-se perfeitamente à nossa cultura organizac i o n a l , a o s n o s s o s r e c u rsos humanos e materiais.
t i va , e m c u r s o s d e c a r i z t e c n o l ó g i c o e p r o f i s s i o n a l . Te m o s u m a t r a d i ç ã o q u e a p o n t a p a r a c u r s o s d e m a t r i z s u p e r i o r e a j u s t a - s e p e r fe i t a m e n t e à n o s s a c u l tu r a o r g a n i z a c i o n a l , a o s n o s s o s r e c u r s o s h u m a n o s e m a t e r i ais.
O Ly c e u – A e fe c t i va r- s e a e s c o l a r i d a d e o b r i g a t ó r i a a t é a o 12 º a n o , a nossa Escola está pronta para receber um maior número de alunos? Jorge Moreira – Certamente que temos que estar preparados, como t o d a s a s e s c o l a s d e Re g i ã o , p a r a u l t r a p a s s a r q u a i s q u e r d e s a f i o s q u e n o s s ã o c o l o c a d o s . A e s c o l a r i d a d e o b r i g a t ó r i a d e 12 a n o s s i g n i f i c a q u e estamos a dar mais um passo de gigante no sentido de melhor qualificar os nossos recursos humanos e, assim, dar cumprimento aos desafios que a modernidade nos coloca.
Claro que temos uma escola de qualidade, com excelentes profissionais e com muito bons alunos.
O Ly c e u – E s t á s a t i s fe i t o c o m a s i tu a ç ã o a c tu a l d a E s c o l a S e c u n d á r i a Ja i m e M o n i z ? O q u e m e l h o r a r o u m u d a r ? Pr o fe s s o r e s ? Fu n c i o n á r i o s ? Alunos? Instalações? J o r g e M o r e i r a – Po s s o d i ze r q u e t e m o s q u e s e r i n c o n fo r m i s t a s e n u n c a e s t a r s a t i s fe i t o s c o m u m a d e t e r m i n a d a s i tu a ç ã o . Te m o s q u e ex i g i r e p r o c u r a r s e m p r e m a i s e m e l h o r, s e r a m b i c i o s o s . C l a r o q u e t e m o s u m a e s c o l a d e q u a l i d a d e , c o m exc e l e n t e s p r o f i s s i o n a i s e c o m m u i t o b o n s a l u n o s . N o e n t a n t o t e m o s q u e fa ze r u m e s fo r ç o , a t o d o s o s n í ve i s , p a r a melhorarmos o nosso desempenho cada dia que passa, procurarmos m e l h o r e s s o l u ç õ e s e m a i o r e s n í ve i s d e ex i g ê n c i a e d e q u a l i d a d e , t e m o s q u e i m p l e m e n t a r n ova s p r á t i c a s , n ova s t e c n o l o g i a s .
O Ly c e u – A E s c o l a a p o s t o u n a i m p l e m e n t a ç ã o d e fe ch a d u r a s e l e c t r ó n i c a s . Q u a i s o s a s p e c t o s p o s i t i vo s d e s t a m e d i d a ? H á a l g u m a l i g a ç ã o e n t r e fe ch a d u r a e l e c t r ó n i c a e s u c e s s o d o s a l u n o s ? J o r g e M o r e i r a – A p e n a s p o d e s e r u m i n d í c i o d e a b e r tu r a à s n ova s t e c -
... apontam para uma mudança de paradigma, de mentalidade, e de atitude que, a médio prazo, irão produzir efeitos muito importantes, ...
n o l o g i a s . Po d e s e r u m s i n a l q u e a E s c o l a i n c i d e n a s p r á t i c a s d e a u t o m a ç ã o . O Pr o fe s s o r d e i x a d e e s t a r d e p e n d e d e u m f u n c i o n á r i o e t o r n a - s e m a i s a u t ó n o m o , m a i s r e s p o n s á ve l . E s t a m e d i d a , c o m o o u t r a s que estão a ser aplicadas, nomeadamente a implementação do sumário d i g i t a l , p o r s i s ó , p o d e m d i ze r m u i t o p o u c o , m a s a p o n t a m p a r a u m a m u d a n ç a d e p a r a d i g m a , d e m e n t a l i d a d e e d e a t i tu d e q u e , a m é d i o p r a zo , i r ã o p r o d u z i r e fe i t o s m u i t o i m p o r t a n t e s , p e r m i t i n d o l i b e r t a r o s p r o fe s s o r e s e f u n c i o n á r i o s p a r a o u t r a s t a r e fa s , d i m i n u i n d o a s f u n ç õ e s m e r a m e n t e b u r o c r á t i c o - a d m i n i s t r a t i va s e a u m e n t a n d o a p r o d u t i v i d a d e e a qualidade dos processos de ensino-aprendizagem.
Entrevista com o Dr. Jorge Moreira
O Ly c e u – U m a E s c o l a d e s t a d i m e n s ã o n ã o d eve r i a fo r n e c e r d i ve r s o s serviços humanos,
à
Sociedade incentivando
e
rentabilizar um
os
processo
seus de
próprios
recursos
auto-proficiência
na
I n fo r m á t i c a , n o D e s p o r t o , n a L i t e r a tu r a , n o e n s i n o d a s L í n g u a s , n a Fo r m a ç ã o p l u r i d i s c i p l i n a r … ? J o r g e M o r e i r a – A i n t e r a c ç ã o E s c o l a - S o c i e d a d e c i v i l d eve s e r c a d a ve z
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... a prestação de serviço à sociedade esbarra com preceitos e normas que enquadram o Estatuto da Carreira Docente.
m a i s a p r o f u n d a d a . Po r é m a p r e s t a ç ã o d e s e r v i ç o à s o c i e d a d e e s b a r r a com preceitos e normas que enquadram o Est atuto da Carreira Docente.
O Ly c e u – C o n s i d e r a a p o s s i b i l i d a d e d e a l a r g a r a s p a r c e r i a s c o m o u t r a s e n t i d a d e s d a s o c i e d a d e m a d e i r e n s e ? Q u a i s ? Po r q u ê ? J o r g e M o r e i r a – A E s c o l a S e c u n d á r i a Ja i m e M o n i z s e m p r e s e p a u t o u p o r t e r i n i c i a t i va s i n ova d o r a s e m v á r i a s ve r t e n t e s . A E s c o l a t e m c o m o p r i m e i r o o b j e c t i vo s e r v i r o s s e u s c l i e n t e s ( a l u n o s ) e p r e s t a r- l h e s u m ser viço de qualidade a que têm direito. Qualquer parceria que enriqueça o ser viço prestado pela Escola é sempre bem vinda.
O Ly c e u – O q u e p e n s a o S r. D i r e c t o r fa ze r, a c u r t o p r a zo , p a r a d e s e n vo l ve r a s T I C n a E d u c a ç ã o d e u m a fo r m a i n t e g r a d a ? J o r g e M o r e i r a – N e s t e m o m e n t o , a E s c o l a e n c o n t r a - s e n u m a fa s e d e e s t a b i l i z a ç ã o a e s t e n í ve l e e s p e r a - s e a p r ove i t a r m a i s e m e l h o r o s r e c u r s o s h u m a n o s ex i s t e n t e s . As s i m a p r ove i t a t o d a s a s o p o r tu n i d a d e s a o n í ve l d e a q u i s i ç ã o d e e q u i p a m e n t o s q u e o s p r o g r a m a s r e g i o n a i s p e r m i t e m e a s s i m c o m o a h i p ó t e s e d e fo r m a ç ã o d i s p o n í ve l , e s p e r a n d o o p t i m i z a r e d e s e nvo l ve r a s T I C p a r a b e n e f í c i o d o s a l u n o s e c o m u n i d a d e e d u c a t i va .
O Ly c e u – E s t e a n o , m u i t o s p r o fe s s o r e s , e m e s p e c i a l o s d e A P, r e c l a m a r a m a l e n t i d ã o d e a c e s s o à I n t e r n e t . Fo i u m a r e c l a m a ç ã o q u e ch e g o u a o C o n s e l h o Pe d a g ó g i c o . Pa r a q u a n d o a r e s o l u ç ã o d o p r o b l e m a , u m a ve z q u e d u r a n t e e s t e a n o l e c t i vo a u t i l i z a ç ã o d a s T I C fo i u m fa c t o r l i m i t a t i vo n o t r a b a l h o d e s e nvo l v i d o c o m o s a l u n o s n a s s a l a s d e aula? J o r g e M o r e i r a – E s t a m o s a e s tu d a r a s c o n f i g u r a ç õ e s e a r q u i t e c tu r a p a r a e n c o n t r a r u m a s o l u ç ã o a l t e r n a t i va à ex i s t e n t e ( r e d e Re i X X I ) . A p ó s e s t a r c o m p l e t o e s t e e s tu d o va m o s p e d i r à tu t e l a a s n e c e s s á r i a s a u t o r i z a ç õ e s a d m i n i s t r a t i va s p a r a i m p l e m e n t a r u m n ovo a c e s s o m a i s c é l e r e e eficaz.
... aquisição de equipamentos que os programas regionais permitem e assim como a hipótese de formação disponível, esperando optimizar e desenvolver as TIC para benefício dos alunos e comunidade educativa.
... será utilizada a rede interna para disponibilizar a plataforma Moodle em rede. No que concerne ao e-learning temos ainda que privilegiar o ensino presencial, não descurando o recurso às novas tecnologias, como percursoras de um novo paradigma de escola.
O Ly c e u – H o j e s a b e m o s q u e o e - l e a r n i n g é u m a m a i s - va l i a n o p r o c e s s o d e a p r e n d i z a g e m d o a l u n o . Pa r a q u a n d o a d i s p o n i b i l i z a ç ã o d e u m a p l a t a f o r m a d e e - l e a r n i n g p a r a u t i l i z a ç ã o d o s n o s s o s p r o fe s s o r e s , a l u n o s e f u n c i o n á r i o s ? Po r q u e m o t i vo n ã o u t i l i z a r o M o o d l e , p o r exe m p l o , u m a ve z q u e é u m a p l a t a fo r m a g r a tu i t a ? O q u e p o d e m o s e s p e r a r neste sentido? J o r g e M o r e i r a – A p ó s u m a p r i m e i r a ex p e r i ê n c i a c o m a D r a . M a r i a A n t ó n i a B r i t o e t e n d o e s t a b i l i z a d o o Pr o d e s i s , s e r á u t i l i z a d a a r e d e i n t e r n a p a r a d i s p o n i b i l i z a r a p l a t a fo r m a m o o d l e e m r e d e . N o q u e c o n cerne ao e-learning temos ainda que privilegiar o ensino presencial, n ã o d e s c u r a n d o o r e c u r s o à s n ova s t e c n o l o g i a s , c o m o p e r c u r s o r a s d e u m n ovo p a r a d i g m a d e e s c o l a .
O Ly c e u – A D i r e c ç ã o d a E s c o l a S e c u n d á r i a Ja i m e M o n i z p r e t e n d e t e r u m p a p e l a c t i vo n a ava l i a ç ã o d o s p r o fe s s o r e s ? J o r g e M o r e i r a – O C o n s e l h o E xe c u t i vo n ã o p o d e ex t r a p o l a r d a s s u a s
... permitir uma avaliação mais adequada e ajustada ao perfil e ao desempenho de cada p r o f e s s o r.
c o m p e t ê n c i a s p r ev i s t a s n a l e i v i g e n t e . O D e c r e t o Le g i s l a t i vo Re g i o n a l a t r i b u i a o C o n s e l h o E xe c u t i vo u m c o n j u n t o d e c o m p e t ê n c i a s q u e e s t ã o d ev i d a m e n t e e s p e c i f i c a d a s . Te m u m p a p e l d e p a r c e r i a c o m o u t r a s e n t i d a d e s d a e s c o l a , d e m o d o a p e r m i t i r u m a ava l i a ç ã o m a i s a d e q u a d a e a j u s t a d a a o p e r f i l e a o d e s e m p e n h o d e c a d a p r o fe s s o r.
O Ly c e u – C o m o i d e a l i z a u m a ava l i a ç ã o d e p r o fe s s o r e s o m a i s j u s t a p o s s í ve l ? J o r g e M o r e i r a – U m a ava l i a ç ã o q u e s e b a s e i e n u m a a n á l i s e c o r r e c t a e c o m p l e t a n a s c o m p e t ê n c i a s d o p r o fe s s o r, q u e r a o n í ve l d a s a l a d e a u l a , q u e r a o n í ve l d o d e s e m p e n h o d e c a r g o s o u o u t r a s t a r e fa s q u e l h e s ã o c o m e t i d a s . D eve s e r d i s c u t i d a e p e n s a d a , p o r c a d a e s c o l a , t e n d o p o r b a s e u m n o r m a t i vo q u a d r o , m a s c o m o o b j e c t i vo m u i t o c l a r o d e s e r, a c i m a d e tu d o , u m i n s t ru m e n t o fo r m a t i vo e n ã o p u n i t i vo e d e s e r u m e s t í m u l o a o b o m d e s e m p e n h o e u m i n c e n t i vo à s b o a s p r á t i c a s q u e d eve m s e r g e n e r a l i z a d a s a t o d a a c o m u n i d a d e e s c o l a r.
... com o objectivo m u i t o c l a r o d e s e r, acima de tudo, um instrumento formativo e não punitivo e de ser um estímulo ao bom desempenho e um incentivo às boas práticas que devem ser generalizadas a toda a c o m u n i d a d e e s c o l a r.
Entrevista com o Dr. Jorge Moreira - XXiX Encontro de Teatro
O M o n i z p a rt i c i p a n o X X I X E n c o n t ro d e Te a t ro n a E s c o l a E n t r e o s d i a s 9 e 12 d e A b r i l d e 2 0 0 8 , o C l u b e d e Te a t r o “O M o n i z C a r l o s Va r e l a ”, p a r t i c i p o u n o X X I X E n c o n t r o d e Te a t r o n a E s c o l a , q u e s e r e a l i zo u e m Vi l a Re a l d e S a n t o A n t ó n i o , t e n d o a p r e s e n t a d o a p e ç a RT X 78/24, de António Gedeão. Pa r t i m o s d a M a d e i r a b e m c e d o , ch ov i a i m e n s o l á fo r a . A v i a g e m c o r r e u b e m , ch e g á m o s a L i s b o a n u m á p i c e e , l o g o n o m e s m o i n s t a n t e , p u s e m o - n o s a c a m i n h o d o A l g a r ve . Vi l a Re a l d e S a n t o A n t ó n i o t e i m ava e m n ã o a p a r e c e r. A p ó s q u a s e c i n c o h o r a s d e v i a g e m , ch e g á m o s à c i d a d e . E s t á va m o s c a n s a d o s , m o l h a d o s , c o m fo m e . E x a u s t o s , s e é q u e m e e n t e n d e m . Fo m o s c o n h e c e r a n o s s a “ Re s i d e n c i a l Vi l l a M a r q u e z ”, p a r a mim uma autêntica casinha de bonecas e, de seguida, a escola que organ i zo u o e n c o n t r o , E s c o l a B á s i c a 2 / 3 D. Jo s é I . D e s c a n s á m o s p o r a l g u m a s h o r a s e , m a i s t a r d e , j a n t á m o s n o r e fe i t ó r i o c o m t a n t o s o u t r o s a l u n o s , d e t a n t a s o u t r a s e s c o l a s . E a s s i m fo i o p r i m e i r o d i a . O s o u t r o s q u a t r o ? Pa s s a r a m a c o r r e r ! Fo r a m o s a t e l i ê s d e fo r m a ç ã o , a s p e ç a s d e t e a t r o , o s d e b a t e s , o s p a s s e i o s . Fo r a m a s p e s s o a s , o s g ru p o s , a s p r o n ú n c i a s d e q u e e u t a n t o g o s t o ! A t r o c a d e ex p e r i ê n c i a s , a p a r t i l h a d e e m o ç õ e s , a paixão comum pela arte de representar! Os almoços e os jantares com todas as brincadeiras, canções e histórias a que têm direito. Momentos p a r a r e c o r d a r p o r m u i t o t e m p o , n ã o t e n h o d ú v i d a s . Po r f i m , vo l t á m o s à n o s s a i l h a , d e i x a n d o p a r a t r á s c i n c o d i a s m e m o r á ve i s . H o j e , f i c a m a s saudades. B í t i a Vi e i r a - 1 2 º 6
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U
ma instituição de renome no Funchal e em todo o país, como o foi e é o Liceu - actualmente, a Escola Secundária de Jaime Moniz - teve, ao longo dos seus 170 anos de existência, muitos alunos que acabaram por inscrever o seu nome e o nome desta instituição na História. O Lyceu propõe-se dar-lhe a conhecer alguns deles.
Jaime Constantino de Freitas Moniz
João Cabral do Nascimento
Advogado, professor e político nascido a 18 de Fevereiro de 1837, na freguesia da Sé, filho
Poeta, escritor, tradutor e professor nascido a 22 de Março de 1897, na freguesia da Sé,
de António Caetano da Costa Moniz e de D. Eufémia de Freitas Moniz.
filho de João Crawford do Nascimento e de Palmira Alice de Meneses Cabral.
Tirou o curso do Liceu do Funchal, depois do qual se matriculou na Faculdade de Direito
Tirou o curso do Liceu do Funchal, depois, matriculou-se na Faculdade de Direito de
da Universidade de Coimbra, onde se formou em 1862. Foi um dos alunos mais distintos
Coimbra onde se formou em 1926. Foi primeiro conservador dos Arquivos e Bibliotecas
da sua geração. Exerceu advocacia em Lisboa, Foi lente da cadeira de História Universal e
no Instituto de Alta Cultura. Organizou o Arquivo Distrital do Funchal, do qual foi direc-
Filosófica do antigo curso Superior de Letras. Foi deputado no Círculo de Castelo Branco
tor. Fundou o Arquivo Histórico da Madeira. Colaborou em diversos jornais e revistas e
nas três legislaturas decorridas de 1870 a 1874, pelo Círculo de Goa entre 1975 e 1878.
publicou várias obras. De regresso à Madeira, foi professor no Liceu Jaime Moniz.
Foi-lhe atribuída a pasta da Marinha e Ultramar. Foi sócio efectivo da Academia Real das
Veio a falecer a 2 de Março de 1978.
Ciências de Lisboa de que chegou a ser secretário-geral. Após a sua morte, por proposta da Academia, foi dado ao Liceu do Funchal o nome de Liceu de Jaime Moniz. Publicou, ainda, alguns textos no âmbito do Direito e da Literatura. Veio a falecer a 15 de Setembro de 1917.
Edmundo Alberto Bettencourt Poeta nascido a 7 de Agosto de 1899, na freguesia da Sé, filho do capitão Júlio Teodoro de Bettencourt e de Leopoldina Santana. Tirou o curso do Liceu do Funchal, depois, em 1918, matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Foi delegado de propaganda médica. Em Coimbra, foi um grande cantor de fado, tendo chegado a gravar discos. Foi, ainda, membro preJaime Ornelas Camacho Engenheiro civil nascido em 1911, no Funchal, filho de Joaquim Ornelas Camacho e de D. Iolanda Camacho. Tirou o curso no Liceu do Funchal, tendo a vindo a matricular-se, posteriormente, no Instituto Superior Técnico, onde se formou. Desempenhou as funções de engenheiro civil no C.A.A.H.M. e na Junta Geral do Funchal e de chefe da Secção da Hidráulica da Junta Geral. Esteve na Direcção Técnica da Construção dos Aeroportos do Porto Santo e do Funchal. Foi, ainda, membro da Comissão Política Distrital do PPD e integrou a Junta Governativa. Foi o primeiro Presidente do Governo Regional da Madeira, em 1976.
ponderante do movimento literário e filosófico da «Presença» (Futurismo), ao lado de José Régio e outros. Colaborou em jornais e revistas nacionais e regionais e publicou O
Momento e a Legenda (1930) e Poemas de Edmundo Bettencourt (1964). Veio a falecer a 1 de Fevereiro de 1973.
Personalidades
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Luís da Câmara Pestana Médico e professor nascido a 29 de Outubro de 1863, na Rua das Pretas, filho de Jacinto Augusto Pestana e de Helena Ana da Câmara Pestana. Tirou o curso no Liceu do Funchal e, depois de ter concluído os preparatórios na Escola Politécnica, matriculou-se, em 1884, na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, onde se formou com distinção em 1889. Evidenciou-se nos estudos de Bacteriologia, tendo, inclusive, trabalhado em Paris, no Instituto Pasteur. Em Portugal, conseguiu a criação do Instituto de Bacteriologia, do qual foi director. Foi lente da Secção Médica da Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa, grande distinção. O seu nome foi atribuído a duas instituições reconhecidas no País, o Real Instituto Bacteriológico Câmara Pestana, em Lisboa, e Manicómio Câmara
Luiz Peter Clode
Pestana, no Funchal. Fez diversas descobertas na sua área de estudos e publicou diversos artigos e obras.
Escritor, engenheiro e professor nascido a 1 de Abril de 1904, na freguesia de Santa Luzia,
Veio a falecer a 15 de Novembro de 1899.
filho de Archibald e de Maria Francelina Crawford do Nascimento. Tirou com distinção o curso no Liceu de Jaime Moniz, tendo-se matriculado posteriormente, em 1921, na Faculdade de Matemática da Universidade de Coimbra, porém, mais tarde, licenciou-se em Engenharia Mecânica e Electrotécnica em 1930 na Universidade do Porto. Foi professor. Desempenhou, também, funções de Engenheiro Director dos Serviços Industriais, Eléctricos e de viação da Junta Geral do Funchal. Além disto, foi chefe da Delegação do Instituto Português de Conserva de Peixe do Centro da Madeira. Durante a segunda Guerra Mundial, foi nomeado membro da Comissão de Racionamento de Combustíveis da Madeira, tendo sido louvado pelo Governador do Distrito a 4 de Maio de 1942. Compôs várias obras do género profano e sacro, das quais se destacam “Fantasia” e “Tantun Ergo”. Esteve na Organização da Sociedade de Concertos da Madeira. E, em 1943, na criação da Academia de Música da Madeira, mais tarde, Academia de Música e Belas Artes. Foi fundador e editor da revista “Das artes e da História da Madeira” de que foi director desde 1950 a 1974. Foi um dos fundadores do Posto Emissor do Funchal e seu director até à data do seu falecimento. Colaborou com vários jornais e revistas e publicou muitos trabalhos. O seu espólio encontra-se no Arquivo Regional da Madeira. Veio a falecer a 6 de Abril de 1990.
Francisco Manuel de Oliveira Costa Economista nascido a 22 de Julho de 1946, na freguesia da Sé, filho de Francisco António Gonçalves Costa e de D. Maria Cecília de Meneses Gomes de Oliveira Costa. Concluído o curso do Liceu Jaime Moniz, matriculou-se no Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras da Universidade de Lisboa, onde se licenciou em Economia. É gestor e administrador de empresas e consultor económico. Foi secretário-geral da Associação Comercial e Industrial do Funchal, Câmara do Comércio e Indústria da Madeira. Desempenhou as funções de representante dos Empresários Madeirenses na Comissão Regional de Integração Europeia, membro da Delegação Oficial Portuguesa à Conferência Anual da Organização Internacional do Trabalho em Genève.
Luís Manuel dos Santos Costa Engenheiro civil nascido a 1 de Agosto de 1947, na freguesia do Monte, filho de Luís da Costa e de D. Mercês dos Santos. Estudou no Liceu Nacional do Funchal e no Instituto Superior Técnico de Lisboa, onde se formou. Desempenhou a sua actividade no Grã Pará e exerceu a sua profissão nas Obras Públicas do Governo Regional da Madeira.
Nuno Pinto Coelho Homem da Costa Oficial do Exército, major de Infantaria, nascido a 9 de Novembro de 1942, na Freguesia da Sé, em Macau, filho do coronel Fernando Homem da Costa e de D. Maria Alice Pinto Coelho Homem da Costa. Estudou no Liceu do Funchal, tendo-se matriculado, em 1960, na Academia Militar, vindo a terminar o curso de Infantaria em 1964 e o tirocínio para oficiais na Escola Prática de Infantaria em 1968. Prestou funções no RIS e no Quartel do Comando Territorial Independente da Madeira, entre outros. Foi comandante regional da Polícia de Segurança Pública. É, actualmente, membro do Conselho de Administração da Empresa Horários do Funchal. Na sua folha de matrícula, contam diversos louvores e condecorações, entre os quais, a Medalha de Mérito Militar de 2ª Classe, a Medalha de Mérito Militar de 3ª Classe e a Medalha de prata de Comportamento Exemplar.
João Manuel Coutinho Sá Fernandes Bancário nascido a 18 de Junho de 1934 na freguesia da Sé, filho do Dr. Henrique Teodorico Fernandes e da D. Eugénia de Moura Coutinho Sá Fernandes. Tirou o curso complementar dos liceus e frequentou o curso de Engenharia Aeronáutica. Desempenhou as funções de subdirector do Banco Nacional Ultramarino e de gerente da sua agência do Funchal. Foi deputado à Assembleia da República e Presidente da Câmara Municipal do Funchal.
Emanuel Vasconcelos Jardim Fernandes Gestor de empresas, advogado e deputado nascido a 21 de Janeiro de 1944, na freguesia do Seixal, filho de Manuel Egídio Fernandes e de D. Maria das Dores Vasconcelos Jardim Fernandes. Estudou no Liceu do Funchal, depois, matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, onde se licenciou. É gestor de empresas, tendo passado pela administração da Empresa de Electricidade da Madeira, pelos Conselhos de Gerência da Empresa de Cervejas da Madeira e da Fábrica de Cervejas e Refrigerantes João Melo Abreu. Foi Presidente do PS Madeira, Deputado, líder Parlamentar e Vice-Presidente da Assembleia Legislativa Regional da Madeira. Foi, também, Deputado à Assembleia da República, eleito pelo círculo eleitoral da Madeira. Actualmente, é membro da Comissão Política Nacional do PS e Presidente da Comissão Regional do PS/Madeira. É, desde Julho de 2004, Deputado do Parlamento Europeu.
Personalidades
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Frederico Augusto de Freitas Advogado e notário nascido a 15 de Dezembro de 1894, na freguesia de Santa Maria Maior, filho de Cândido Eduardo de Freitas e de D. Adelaide Augusta Cunha. Tirou o curso do Liceu do Funchal, tendo-se matriculado, em seguida, na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde se formou. Foi nomeado chefe da Secretaria Notarial do Funchal. Foi, também, um grande entusiasta da Sociedade de Concertos da Madeira, tendo pertencido à Direcção da mesma. Organizou a primeira exposição de gravuras da Madeira, que se realizou no antigo Casino Vitória e deu lugar ao livro Estampas Antigas da Madeira, com texto de João Cabral do Nascimento. Foi membro da Comissão Directiva do Museu Quinta das Cruzes e recebeu do Presidente da República o grau de Comendador da Ordem de Benemerência. Veio a falecer a 26 de Novembro de 1978.
Duarte Caldeira Ferreira Engenheiro nascido em Setembro de 1946, na freguesia do Porto Moniz. Frequentou o Liceu do Funchal, depois, matriculou-se no Instituto Superior Técnico, onde se licenciou em Engenharia. Fez estágio no Instituto Nacional de Investigação Industrial e foi técnico do Secretariado Técnico do Planeamento do Ministério das Finanças (exSecretariado Técnico da Presidência do Concelho). Foi director dos Serviços de Coordenação Económica da Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal e fez parte da Junta da Madeira, tendo estado a seu cargo o Planeamento e Finanças.
Rui Adriano Ferreira de Freitas Técnico superior da Segurança Social nascido a 1 de Maio de 1944, na freguesia de Santa Maria Maior, filho de Carlos Sabino de Freitas e de D. Laura Ferreira de Freitas. Tirou o curso do Liceu do Funchal, tendo, mais tarde, frequentado o Instituto Superior de Ciências Políticas e Sociais da Universidade Técnica de Lisboa, onde se licenciou. Foi funcionário do ex-Ministério do Ultramar. Fez parte do Grupo de Trabalho Nacional. Foi vogal da Comissão Administrativa da ex-Caixa de Previdência e Abono de Família e VicePresidente dos Assuntos Financeiros e Administrativos do Club Sport Marítimo. Foi Secretário Regional dos Assuntos Sociais e Presidente do Conselho Directivo do Centro Regional de Segurança Social.
Rui Baptista Fontes Economista nascido a 21 de Dezembro de 1952 na freguesia do Monte, filho de José Florêncio Gonçalves Fontes e de D. Maria Zita Baptista Fontes. Frequentou o Liceu do Funchal, tendo-se matriculado, seguidamente, no Instituto Superior de Economia da Universidade de Lisboa, onde se licenciou em Economia e Finanças. Foi professor do ensino preparatório e deputado da primeira Assembleia Regional da Madeira. Fez parte da Comissão Política Regional da J.S.D. e da Comissão Política Regional do P.S.D.. Foi Secretário Regional da Agricultura e Pescas.
Herberto Hélder (Herberto Bernardes de Oliveira) Poeta nascido a 23 de Novembro de 1930, na freguesia de S. Pedro, filho de Romano Carlos de Oliveira e de D. Maria Ester Bernardes de Oliveira. Frequentou o curso do Liceu do Funchal, vindo a concluir o 7º Ano de Letras em Lisboa, tendo, posteriormente, frequentado o curso superior de Filologia Românica da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Foi funcionário da Caixa Geral de Depósitos e trabalhou no ramo da Publicidade. Foi o fundador do quinzenário do Colégio Lisbonense «Cruzeiro» e o editor de «O Juvenil», órgão do Liceu Jaime Moniz. Tem diversas publicações, entre as quais, Poemacto e Photomaton Vox.
Alberto Figueira Jardim Advogado, professor e publicista nascido a 10 de Outubro de 1882, na freguesia de S. Pedro, filho do Dr. Nuno Ferreira Jardim e de D. Isabel Langstroth. Tirou o curso do Liceu do Funchal, mas, antes de se matricular na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, foi educado pelos Jesuítas no Benmont College, em Inglaterra.
Jorge Manuel Jardim Gonçalves
Foi reitor do Liceu Jaime Moniz do Funchal, procurador eleito à Junta Geral do Funchal, vereador da Câmara Municipal do Funchal. Colaborou em diversos jornais da Madeira e
Gestor bancário nascido a 4 de Outubro de 1935, na freguesia de Santa Maria Maior, filho
do Continente, escrevendo sobre assuntos pedagógicos e literários.
de Agostinho Carlos Gonçalves e de D. Maria Bernardete Estêvão de Sousa Jardim
Veio a falecer em 1970.
Gonçalves. Estudou no Liceu do Funchal, tendo-se licenciado, posteriormente, em Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. De Julho de 1977 a Junho de 1985, fez parte da Administração do Banco Português do Atlântico, tendo sido eleito Presidente em 1979. Esteve, como oficial-miliciano, nas campanhas do Norte de Angola em 19611062, tendo sido condecorado com a Cruz de Guerra, por altos serviços prestados. É presidente do Conselho de Administração do B.C.P..
João Lemos Gomes Médico e pintor nascido a 6 de Agosto de 1906, na freguesia do Porto da Cruz, filho de José Gomes e de D. Luísa Ferreira. Tirou o curso do Liceu do Funchal e licenciou-se na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, tendo-se especializado em anestesia moderna. Foi assistente da cadeira de Anestesiologia da Faculdade de Medicina de Lisboa. Colaborou no Instituto Português de Oncologia, onde criou o Departamento de Anestesia. Regeu o 1º Curso de Anestelogia do Hospital Militar da Estrela. Criou, no Lazareto, no Funchal, uma clínica de Ortopedia, Sol-Ar-Saúde, a expensas da Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal, do qual foi director. Assinava as suas aguarelas com o pseudónimo de «Melos» e apresentou trabalhos em diversas exposições, nomeadamente, nos II, III e IV Salões de Arte da Associação Académica de Coimbra. Foi membro da Comissão directora do Museu de Arte Sacra da Madeira. Veio a falecer em Setembro de 1996.
Personalidades
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Jorge Manuel Jardim Fernandes Engenheiro Civil nascido a 17 de Julho de 1939, na freguesia do Seixal, filho de Manuel Eugénio Fernandes e de D. Maria das Dores de Vasconcelos Jardim Fernandes. Estudou no Liceu do Funchal e, depois, no Instituto Superior Técnico de Lisboa, onde se formou em Engenharia Civil. Tem desempenhado a sua actividade no Continente e no Funchal e foi membro da Direcção das Obras Públicas da Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal e Secretário Regional do Equipamento Social e Ambiente.
José Júlio de Castro Fernandes Analista clínico, professor e escultor nascido a 16 de Fevereiro de 1948, na freguesia de S. Pedro, filho de João Daniel da Costa Fernandes e de D. Maria Natália d’Abreu e Castro Fernandes. Estudou no Liceu do Funchal e, posteriormente, na Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, onde se licenciou e especializou em Análises Clínicas. Também tirou o curso de Escultura no Instituto Superior de Artes Plásticas da Madeira. Foi assistente da Faculdade de Farmácia de Lisboa e professor do curso de Análises Clínicas da mesma faculdade. Foi presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Farmácia de Lisboa.
Manuel Filipe Correia de Jesus Advogado, professor e político nascido a 16 de Dezembro de 1941, no Funchal, filho de João Baptista de Jesus e de D. Jesuína Correia de Jesus. Frequentou o curso do Liceu do Funchal e, depois, matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, tendo terminado a sua licenciatura em 1966. Exerceu funções de técnico-jurista no Gabinete de Estudos e Planeamento dos Transportes Terrestres. Foi monitor do estudo da cadeira de Instrução do Estudo do Direito, assistente do Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras em Lisboa, Secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares e das Comunidades Portuguesas, Presidente da Comissão de Educação, Ciência e Cultura e membro da Delegação Portuguesa à Assembleia Parlamentar da NATO, entre outros. Recebeu diversos prémios escolares e condecorações, entre as quais, a Grã-Cruz da Ordem de Mérito da República Federal da Alemanha. Actualmente, é deputado, Presidente da Comissão de Defesa Nacional, membro do Conselho Superior de Defesa Nacional e Presidente da Assembleia-geral da Casa da Madeira em Lisboa.
Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim Advogado, jornalista e político nascido a 4 de Fevereiro de 1943, no Funchal, filho de Alberto Gonçalves Jardim e de D. Marceliana do Patrocínio de Jesus Cardoso. Tirou o curso do Liceu do Funchal, tendo-se matriculado, mais tarde, na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Foi director do Jornal da Madeira e do Centro de Formação Profissional do Funchal e professor do ensino técnico e do ensino secundário particular. Foi um dos fundadores do P.S.D. da Madeira. Foi o presidente da Conferências das Regiões Periféricas da União Europeia, entre 1978 e 1996, da qual é agora Presidente Honorário. É membro-fundador da Assembleia das Regiões da Europa, a cujo “bureau” já pertenceu e é doutorado «honoris causa» em Ciências Políticas pela Universidade de S. Cirilio (Itália). Actualmente, exerce o cargo de Presidente do Governo Regional da Madeira.
E
spaço multicultural mas, sobretudo, testemunha do processo de socialização e de vida, a Escola assume um papel incontornável na vida de todos nós. Revivemo-lo nas conversas do quotidiano, actualizando episódios pitorescos, eternizando espaços, personagens e modos de aprender e ensinar… É da escola que temos cada vez mais saudade, passado o tempo do estudo e da alegre camaradagem, o que nos faz sentir, como o poeta, “raiva de não ter trazido o passado roubado na algibeira!” O Liceu orgulha-se de ser esse espaço extraordinário de vivências e emoções de milhares de estudantes madeirenses. Quem são? Que recordam? O Lyceu – Diz-se Liceu, vem a saudade. Que importância teve o Liceu na sua vida? David Pinto Correia – Antes de mais, gostava de reconhecer que estas respostas foram elaboradas de modo muito espontâneo, como uma quase evocação imediata do que ainda ficou desses todos anos de Liceu (sete anos); são, portanto, breves notas que deveriam merecer mais reflexão… No entanto, devo acrescentar que quis desenvolver as duas primeiras questões, reservando-me o direito de ser muito sucinto em relação às duas últimas. Do facto peço perdão. Transitando da Escola Primária (a minha foi a de S. Gonçalo, com professores excepcionais, principalmente o Prof. Mendes), o Liceu foi naturalmente outro mundo: aulas diferentes, com seis tempos lectivos diários, vários docentes, instalações muito boas. A princípio um pouco confuso com a mudança, logo me fui habituando e foi no Liceu de Jaime Moniz que passei esses sete anos lectivos. Em primeiro lugar, creio que foi aí que tive pouco a pouco a aprendizagem da cama-
Nome: João David Pinto Correia Idade: 68 Anos Profissão: Professor Universitário (Universidade de Lisboa – Faculdade de Letras)
radagem e da amizade. Os colegas e amigos do Liceu ficaram, de facto, para toda a vida; claro que nos lembramos principalmente dos do sétimo ano, em que éramos finalistas e, ao tempo, quase todos seguiam para o Continente. Mas esses que chegavam ao fim dos estudos do secundário, com alguns mais que vinham de fora (de outros estabelecimentos de ensino ou mesmo de outras partes do território nacional) eram, e se não tinham perdido nalgum ano, quase os mesmos do 1º ano (das diferentes turmas). Deste modo, podemos lá de tempos a tempos juntar-nos ainda em convívio, mormente em jantares de Natal ou de comemoração de uma data importante (como no ano passado,
Área de formação: Letras / Humanidades
a de 50 anos de fim do curso liceal). Depois, penso nos meus professores, avalio-os após tantos anos: há aqueles que nos marcaram pelo saber e capacidade pedagógica, há também outros (é evidente que os anteriormente referidos podem estar incluídos neste grupo) que nos revelaram a
Falando ... com - Testemunhos do Jaime Moniz grandeza humana e simpatia, há ainda todos aqueles a que faltavam capacidade pedagógica, mas tentavam cumprir uns com esforço, outros mais desajeitadamente, a sua tarefa de docentes. Lembro, como grandes mestres ou como docentes que muito me influenciaram, o Dr. Joaquim Lufinha, de Português (a quem devo muita da minha formação), meu professor durante cinco anos, e, já no 3º Ciclo, o Dr. Emanuel Paulo Ramos, meu grande tutor no estudo da Literatura Portuguesa, o Dr. Clementino de Sousa, de Ciências Naturais (homem difícil, mas pedagogicamente admirável), o Dr. Fonseca, a Dra. Judite e a Dra. Conceição, estes de Matemática, mas também a Dra. Maria Ângela, de Desenho e Trabalhos Manuais (disciplinas em que não tinha nenhuma dificuldade e sempre com notas bastante razoáveis), assim como, já mais no 2º ciclo, a Dra. Helena Pires de Lima, de Inglês, o Dr. Canedo, de Ciências, o Dr. Saraiva, que nos dava aulas bem práticas de Física e Química, e, já no 3º Ciclo, o Dr. Cardeal, que me formou muito rigorosamente em Latim e Grego (não esquecendo não as lições, mas a avaliação dos meus exames de sétimo ano, a Dra. Margarida Morna), o Dr. Figueiredo (e fico espantado por ele nos ter leccionado Filosofia e Organização Política e Administrativa da Nação, com um rigor extraordinário, o que, na última dessas disciplinas, me levou a tirar 19,8 no exame final do 7º), o Dr. Horácio Bento de Gouveia, em Geografia e em Filosofia (nesta disciplina, só durante um ano), ou a Dra. Eulália de Sousa, em Francês (no Preparatório), ou a Dra. Adelaide Saraiva, em Francês, no 3º Ciclo, e, por outras razões, bem vivas na minha memória, o Dr. Figueira César (eu era aluno do afamado 4º C). Gostava também de mencionar professores que, não tendo missão considerada de conhecimentos fundamentais, me tornaram diferente e me orientaram no sentido de uma mais completa formação humana: são eles os professores de Religião e Moral, na altura o Padre Manuel Ferreira Cabral, mais tarde Arcebispo de Braga, e o Padre Mata, que teve profunda influência em muitos dos jovens dos anos 50, sobretudo através da Juventude Escolar Católica e das Conferências de S. Vicente de Paulo; de Canto Coral, entre eles o nosso “Capitão” e o Cónego Agostinho Gonçalves, que teve a iniciativa do Orfeão do Liceu (lembro-me da nossa récita no átrio-museu, com, entre outras composições, o «Va pensiero” de Verdi); e de Educação Física, com a ginástica e jogos, com o Dr. Santos Lã e, depois, o Prof. Ferreira. A todos eles devo muito, quase tudo em determinados aspectos… Curiosamente, também poderia falar dos castiços funcionários que nos orientavam pelos corredores e pátios (o Sr. Plácido, por exemplo, com o seu famoso chaveiro em cima das nossas cabeças…). O Lyceu – O que mais o marcou durante os anos de frequência do Liceu? (pessoas, espaços, ambientes, etc…) David Pinto Correia – Serei o mais resumido possível. E obrigado por me ter sido sugerido um quase plano. Quanto a pessoas: muitas delas já ficaram enumeradas na resposta anterior. No entanto, gostaria de ressaltar algumas que tiveram uma grande importância na minha formação, não só em preferência da minha futura actividade científica e académica, mas também humanista. Na escolha da minha carreira, e principalmente para a minha profissão de professor universitário e, de certo modo, escritor, quero salientar não só os professores Dr. Lufinha e Dr. Paulo Ramos, mas também o acompanhamento sempre prestado pela esposa, Dra. Marília Ramos; no entanto, não esqueço as conversas, por vezes nos corredores, sobre estes assuntos das “Letras”, com os Drs. Horácio Bento de Gouveia, Carlos Lélis, Margarida Morna e Alfredo Nóbrega. Na sensibilidade à pedagogia, alguns destes agora citados, mas também, na condução das aulas, os Drs.
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Clementino de Sousa e Helena Pires de Lima. Noutro plano, há que reconhecer a influência profunda dos Padres (na altura) Ferreira Cabral e Mata. Espaços: foram as salas de aula no rés-do-chão da ala oriental do Liceu, junto do pátio dos rapazes: todas aquelas salas de impecável aspecto (pelo menos na altura e creio que ainda o mantêm) e os agradáveis intervalos e mesmo os tempos livres (alguns devidos às compreensíveis faltas dos professores): tempo de jogos, brincadeiras, tropelias mesmo, importantes para os adolescentes que éramos. Mas também a sala de Ciências Naturais, nas aulas do Dr. Clementino, com os desenhos e esquemas que ele escrevia no quadro, o contacto com o esqueleto, a observação nos microscópios (e daí data o meu interesse por este grande campo, que vai dos animais às plantas; até a mineralogia me fascinava). No campo das Ciências, também as nossas aulas nos laboratórios de Física e Química, para acompanharmos as experiências (era já um ensino prático na medida do possível, com os instrumentos da altura, mas sempre gratificantes…). As aulas de Português, com a leitura de alguns clássicos sempre me seduziram, desde os textos dos compêndios e antologias (então, eram os “aprovados como livros únicos”) e, depois, a descoberta de obras como O Bobo, Lendas e Narrativas, Auto da Alma e outros, mas sobretudo Os Lusíadas e a Lírica, de Camões. Quanto a Os Lusíadas, o docente, o já mencionado Dr. Lufinha, pôde com muita competência levar-nos a compreender o poema e motivar-nos para a sua leitura nas partes que teríamos de ler e convencer-nos de que uma tarefa que muitos criticam, como fastidiosa, a divisão de orações, foi maneira magnífica de vir a descobrir o sentido mais profundo da obra. Fiquei-lhe muito grato…Sobretudo pela forma como soube tornar a tarefa aceitável e mesmo fascinante. Memórias há que posso registar como parte da minha experiência que, talvez para muitos hoje seja considerada como indisciplina, e só para discriminar algumas, penso em certas aulas em que havia infracções, que actualmente penso foram exageradas, no entanto importantes para a nossa / nossa afirmação. Cito as que se passavam na Turma 4º C, com grandes incorrecções, de carácter indisciplinado, e que nos ficaram como momentos centrais da nossa vivência. Hoje, com as experiências e situações outras que vejo estampadas em jornais e televisão, considero tais momentos como significativos: as brincadeiras que, por vezes, roçavam o desrespeito pelo professor constituíam situações negativas sem dúvida, por isso sancionadas, mas, por outro lado, humanas, até porque o docente em causa, de Inglês, embora protestando, as consentia e mesmo quase as provocava. E que dizer, neste contexto, das nossas idas à mercearia do outro lado da rua, para beber uma laranjada ou munirmo-nos de feijões, arroz, grão, etc., para as «malandrices» de adolescentes com sangue na guelra, sobretudo quando, na transição para o pátio dos maiores, víamos o nosso estatuto melhorado, já como jovens mais crescidos. Um aspecto gostaria de salientar: não podia haver no nosso código de conduta qualquer tolerância para as denúncias: aquele que as fazia era um “queixinhas”. Hoje, parece que a denúncia, a queixa se tornaram quase obrigatórias. A minha geração não as suportava, nem ainda as suporta (principalmente da parte dos “bufos”) e ai daquele que se atrevesse a fazê-las. Até as actividades de canto, de exercícios físicos no estádio, nos campos de futebol ou de basquetebol, ficaram na saudade de um aluno como eu. E, a propósito, lembro que fui um aluno médio, senão medíocre durante os primeiros anos: no entanto, no momento de reagir para aumentar o rendimento lá estava eu a tentar recuperar com coragem, estudo… Quase ia perdendo o 2º ano, quando me faltavam notas para completar a soma dos 19 valores globais nos três períodos; como exemplo, o Dr. Clementino deu-me em Ciências Naturais, 10 no 1º período, 7 no 2º, e trabalhei
Falando ... com - Testemunhos do Jaime Moniz para o 12 do 3º. E verifiquei como um docente exigente como ele foi sério e íntegro. Pouco a pouco, fui melhorando; no entanto, tive dificuldades na Matemática no 2º ciclo. A docente, a Drª Conceição, deu-me negativas no 1º e 2º período, mas, com esforço, consegui ultrapassar a dificuldade. Tendo sido dispensado em Letras, com 16, tive da fazer provas orais nas Ciências, e o grande problema era Matemática; consegui e a professora, muito exigente e que não era para brincadeiras, foi mesmo, com algum receio meu, a minha examinadora na prova oral dessa disciplina; apertou-me quanto pôde e valorizou-me com um 16. Confessou-me ela no final das provas, já cá fora, e, visto que regressava a Lisboa, que o meu percurso seria uma das suas melhores recordações do Liceu. Muito grato lhe fiquei por esse sincero cumprimento. No 3º ciclo, já foi tudo bem encaminhado: consegui das melhores notas, porque estudei muito (diziam que eu era mesmo um dos “marrões”), tendo conseguido a melhor classificação do 7º ano com a melhor média de 17,6 ou 17,7, o que me levou a ter o 1º prémio do Liceu e da Câmara Municipal do Funchal. Foi recompensa do trabalho, mas também a resposta ao excelente trabalho dos meus professores. Foi sobretudo um dos melhores convites a prosseguir no Superior. Mais duas breves notas: a gratidão para com o casal dos excelentes professores Paulo Ramos (marido e mulher), que, sabendo que eu ia para Filologia Românica, puseram ao meu dispor a sua magnífica biblioteca, recebendo-me em sua casa e incentivando-me à pesquisa pessoal; e, recuando no tempo, também todo o meu reconhecimento pela Dra. Maria Augusta Drummond, a primeira mulher licenciada da Madeira em universidades portuguesas, embora em Farmácia, senhora admirável de saber e enorme pedagoga, minha vizinha no Ribeiro Seco, S. Gonçalo, que, com explicações em várias disciplinas, me possibilitou (a mim e a outros meus colegas) um melhoramento e sucesso contínuo em matérias que nos eram mais difíceis. O Lyceu – Como vê a Educação hoje? David Pinto Correia – Repetindo o lugar-comum, a Educação é o fundamento do Cidadão e do Homem. Creio que, nos meus tempos de Liceu, e não querendo dizer que na época é que estava tudo bem, houve programas, agentes e meios que, para a prática de conhecimento e de pedagogia então possíveis, confluíram numa acertada adequação para a formação dos jovens. O que pode chocar-me hoje em dia é o contínuo experimentalismo que, neste campo, se verifica desde há anos: uma incrível preocupação com a tecnocracia, com tudo orientado por decretos-leis, com regulamentos e instruções, com tudo formatado por uma burocracia desumanizada. Não posso deixar de reconhecer que a Educação terá de exigir a colaboração da Escola, da Família e da Sociedade… O Lyceu – Na sua opinião, de que modo as novas tecnologias são uma mais-valia para a aprendizagem do aluno? David Pinto Correia – São, sem dúvida, uma mais-valia, como auxiliares da aprendizagem, mas, nesta questão, será necessário encontrar um equilíbrio: não só o computador, mas também a biblioteca; não só a calculadora, mas ainda a tabuada; não só o jogo ou o divertimento ao serviço do conhecimento, mas também o esforço e a exigência do trabalho intelectual. Na minha opinião, a Educação deve conjugar instrução (com literacia inclusive) e civismo (cidadania inclusive), com liberdade e responsabilidade. As novas tecnologias têm de ser integradas nesta vasta concepção.
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O Lyceu – Diz-se Liceu, vem a saudade. Que importância teve o Liceu na sua vida? Mónica Teixeira – O Liceu foi tudo na minha vida. Fiz aqui o exame de admissão da Escola Primária para o Ensino Secundário e ainda consigo ver-me, com o meu melhor vestido, os melhores sapatos que tinha e um laço na cabeça, pronta para fazer o meu primeiro exame. É que, naquela altura, fazer um exame era um evento grandioso para a Escola e para a família. Sinto ainda muito carinho pela Dra. Margarida Morna, que me colocou questões de interpretação sobre um texto que referia as andorinhas. Ela pediu-me que lesse o texto e foi colocando as suas perguntas, sempre de forma agradável. Lembro-me de ela me ter perguntado o que eram para mim as andorinhas e que eu respondi que eram a Primavera. Ora, ela ficou deliciada com a minha resposta, como se tivesse sido um verdadeiro fenómeno, aquela menina a entrar pelos caminhos da simbologia. Tive tanta pena de os meus pais não me terem deixado estudar no Liceu depois de ter passado no exame, mas este era um meio muito grande e eles temiam por mim. Contudo, no meu 10º Ano, tive a oportunidade de vir para a escola na qual gostaria
Nome: Mónica Teixeira
mesmo de estar. Este foi um grande espaço. Mudou a minha vida e condicionou toda a minha formação
Idade: 60 Anos
social. As saudades do Liceu são as da minha infância e da minha juventude, porque foi aqui
Profissão: Docente e Investigadora do Arquivo Regional da Madeira (Secção de Espólios de Autores da Madeira).
que elas se formaram. Foi aqui que, além de todos os conhecimentos adquiridos, aprendi a respeitar e a amar as pessoas. E tive muitos dissabores como todos os jovens, mas aprendi a conhecer os sentimentos, o amor, a amizade e a desilusão. Foi aqui também que aprendi que havia um espaço maior do que a Ilha, o Continente,
Área de formação: Licenciatura em Filologia Românica; Mestrado em Literaturas Comparadas – Portuguesa e Francesa, com a tese: «Cabral do Nascimento, a Palavra da Confidência e a Herança do Simbolismo Francês», e Doutoramento em Literaturas Contemporâneas, com a tese: «As Tendências da Literatura na Ilha da Madeira – séculos XIX e XX».
de onde saiu a minha formação. Contudo, na ilha, está preso o meu espírito. O Lyceu – O que mais o marcou durante os anos de frequência do Liceu? (pessoas, espaços, ambientes, etc…) Mónica Teixeira – Pessoas… foram tantas as que passaram pela minha vida. Já referi a Dra. Margarida Morna. Evoco ainda o Dr. Emanuel Paulo Ramos, que teve um papel fundamental na minha formação, visto ter descoberto em mim a vocação para a Literatura e que me obrigou a explorar essa vertente que, eu, na imaturidade da minha juventude, julgava que não tinha importância. Foi ele que me ensinou a ler Os Lusíadas e os tornou aliciantes a ponto de eu gostar da retórica e da sintaxe latina, que marcaram a minha formação académica. Penso que foi a pessoa que mais me marcou e que, sem querer, me conduziu ao rumo que eu tomei. Prova da sua importância é o facto de eu ter tido 16 valores no exame de 7º Ano de Português, que foi a nota mais alta da Escola, na altura. A esposa, a Dra. Marília, também contribuiu para esse meu gosto pela Literatura e o Dr. Louro, que estava ligado à dramatização e ia representando na própria sala de aula, lendo expressivamente os textos, de modo que, aos poucos, nos foi aproximando da leitura. É por esse motivo, pela dedicação, pelo profissionalismo, pelo humanismo dessas pessoas, que muitos querem ser alunos do Liceu e muitos professores querem leccionar cá. Há que ver também que esta instituição tem uma história escrita por muitas pessoas ligadas à Política, à Investigação, à Medicina, à Economia e às mais diversas áreas, na Ilha da Madeira e no Continente.
Falando ... com - Testemunhos do Jaime Moniz
O Lyceu – Como vê a Educação hoje? Mónica Teixeira – Vejo a Educação de hoje com muita preocupação, preocupação pelos alunos e pelos professores. Não sei porque é que isto está a acontecer. Há psicólogos, sociólogos e uma panóplia de profissionais que se debruçam sobre estas questões, mas há que entender que a Escola não é tão complicada quanto as pessoas estão a representá-la. Como defende o Professor Lobo Antunes, os professores são pessoas vocacionadas e não vêm para o Ensino sem vocação, porque esses, se realmente o fazem, acabam por sair desta área. É necessário que se perceba que o professor é aquele que vai abrir as portas aos alunos para áreas diversas, fomentar em si “competências transversais” à disciplina que ele lecciona. Por isso, não se pode encaixar os professores em padrões, esperar que estejam todos formatados para o mesmo. Há que haver orientações, é natural, contudo, é importante não cairmos num exagero. Muito daquilo que a Escola é se deve ao professor, que transmite os conhecimentos e os valores, o empenho, o espírito de ajuda ao aluno. Quando este percebe que o professor não tem essa componete humana, além de uma boa formação científica, desinteressa-se. Há que haver um entendimento entre ambas as partes, em conciliação com o Ministério. Os professores têm de mostrar que trabalham. As orientações rígidas do Ministério deixam de ter lugar. Assim, os professores menos competentes têm de prestar provas de melhoramento pedagógico-didáctico. Em suma, há que encontrar o sistema educativo mais válido para os professores dos nossos dias. O Lyceu – Na sua opinião, de que modo as novas tecnologias são uma mais valia para a aprendizagem do aluno? Mónica Teixeira – Acho que é mesmo uma mais valia. Na era em que vivemos, é impensável que a Escola não esteja ligada a essa área. Hoje em dia, é impossível viver sem computador, por isso, acho que a Escola deveria tirar horas, dentro do horário do professor, para o formar nessa área. O próprio Ministério de Educação deveria decidir que o horário dos docentes contemplasse um espaço para formação, que seria obrigatório, no âmbito das novas tecnologias, de modo a que todos aprendessem a utilizá-las e os que já soubessem pudessem actualizar-se. E digo que esta deveria ser uma componente obrigatória porque há muitas pessoas, muitas colegas minhas, que são renitentes em relação às novas tecnologias, à Informática. Hoje em dia, mesmo na vida prática, nas coisas mais banais, como pagar contas, fazer o IRS, a Internet e o computador são fundamentais. Aceder às novas tecnologias é ter tudo em casa.
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O Lyceu – Diz-se Liceu, vem a saudade. Que importância teve o Liceu na sua vida? Ana Margarida Falcão – O Liceu foi a minha segunda família. Ali aprendi a equacionar as minhas experiências, os meus afectos e os meus pensamentos, não só em função de um alargamento do mundo vivencial mas também através de um reconhecimento mais lato da aprendizagem e de uma perspectivação amplificada dos outros.
O Lyceu – O que mais o marcou durante os anos de frequência do Liceu? (pessoas, espaços, ambientes, etc…)
Nome: Ana Margarida Falcão Ana Margarida Falcão – Foi nas velhas salas, nos amplos corredores, nos
Idade: 59 Anos
aconchegantes pátios e nos quase secretos jardins do Liceu que desenvolvi aprendizagem de saberes mas também – e sobretudo – aprendizagem da descoberta do cresci-
Profissão: Professora
mento do corpo e de sentimentos novos e desconhecidos, como as amizades que ficam para sempre a atravessar-nos a vida ou o inesquecível primeiro amor.
Área de Formação: Letras
Nessa época, os professores eram, na sua quase totalidade, admirados e respeitados pela sua competência e saber, mas seria injusto deixar de referir a Drª Elisabete Vieira da Luz, que me fez descobri Sebastião da Gama, a poesia, o diário literário e o gosto de escrever; ou ainda o Dr. Carlos Lélis, que tantas portas entreabertas deixou, nas suas aulas, para que os alunos mais tarde as pudessem abrir e explorar os caminhos a que levavam; ou ainda o Dr. Louro que connosco transformava o teatro numa realidade vivida tanto na aula como no palco do ginásio.
O Lyceu – Como vê a Educação hoje? Ana Margarida Falcão – A solidariedade e a justiça eram parâmetros inquestionáveis que ofereciam aos alunos um sentido ético do comportamento. Por entre risos e zangas, gargalhadas e choros, ilusões e desilusões, egoismos e altruismos, sucessos e insucessos, essa verticalidade atravessava a nossa vida liceal e acompanhava-nos, indelével, pela vida fora. Também a dimensão cultural da arte era valorizada em actividades que não eram só receptivas mas também produtoras, ao contrário do que hoje frequentemente se julga acerca desse tempo. Sempre pensei e senti que estes parâmetros haviam sido o melhor legado educacional que recebi, por isso os desejo fervorosamente presentes nas directrizes educacionais de hoje.
O Lyceu – Na sua opinião, de que modo as novas tecnologias são uma mais-valia para a aprendizagem do aluno? Ana Margarida Falcão – Li algures que o homem de hoje não constrói a modernidade: ele vive na, da e pela modernidade. As novas tecnologias fazem parte dessa natural e inevitável modernidade. O que importa é não admitir que se falhou a «revolução cultural» e continuar a lutar por ela. No seio de um povo que não tenha educação e cultura não pode sobreviver a democracia.
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O Lyceu – Diz-se Liceu, vem a saudade. Que importância teve o Liceu na sua vida? Albeto João Jardim – Contribuiu decisivamente para a formação nos Princípios e Valores que professo, bem como estruturou os alicerces da minha permanente construção cultural ao longo da vida. Foi berço das amizades perenes.
O Lyceu – O que mais o marcou durante os anos de frequência do Liceu? (pessoas, espaços, ambientes, etc…) Albeto João Jardim – Tive o privilégio de ser aluno de grandes Mestres que me marcaram, não apenas no aspecto do Conhecimento, mas sobretudo nas grandes opções de vida. De resto, foram sete anos vividos com intensa Alegria, experiências inolvidáveis… e uma certa indisciplina q.b.
Nome: Alberto João Cardoso Gonçalves Jardim
O Lyceu – Como vê a Educação hoje?
Idade: 65 Anos
Albeto João Jardim – É a causa principal do actual impasse nacional. Não incentiva
Profissão: Funcionário Público: Presidente do Governo Regional da Madeira
hábitos de trabalho, pouca exigência científica e cultural, falta de reconhecimento do Mérito, nada de Valores intrínsecos ao Povo Português, desconhecimento da Disciplina como valor democrático, inexistência de articulação com o mercado de Emprego. É pena, porque a Região Autónoma tem Professores capazes mas que a legislação colonial impede.
O Lyceu – Na sua opinião, de que modo as novas tecnologias são uma mais-valia para a aprendizagem do aluno? Albeto João Jardim – São decisivas, mas têm que ser complementadas com um esforço de Formação ética, cívica e cultural dos Alunos. A próxima mudança de ciclo económico no arquipélago exigirá mais investimento privado, bem como uma posta prioritária nas Novas Tecnologias, no Turismo e nos Serviços. Considerando que, à partida, a Região Autónoma está penalizada pela exígua dimensão do mercado, pela dependência energética, pela absoluta dependência dos transportes externos, pela densidade populacional tripla dos Açores e do Continente, pela orografia que reduz a exploração das fracas potencialidades apenas a um terço do território insular e pela falta de poder legislativo adequado às circunstâncias, será preciso dar conteúdo profícuo e prático à palavra-chavão “Inovação”.
Área de formação: Licenciado em Direito pela Universidade de Coimbra
O Lyceu – Diz-se Liceu, vem a saudade. Que importância teve o Liceu na sua vida? Raimundo Quintal – É evidente que o Liceu teve grande importância na minha vida, foi onde passei a minha adolescência, onde encontrei pessoas que foram marcantes na minha formação, como a Dr.ª Ângela de Matos, que foi minha professora durante quatro anos e foi decisiva na minha opção por esta área. Esta foi uma professora muito vanguardista, pois, na altura, já ensinava ecogeografia, antes mesmo de esse conceito existir. Aqui, nesta escola, muito mais importante do que os programas eram os professores,
Nome: José Raimundo Gomes Quintal
que nos ensinaram a encontrar um trilho para percorrermos. Foram alguns deles, a Dr.ª Ângela de Matos, já referida, a Drª. Eugénia Bonito e a Dr.ª Sara Cabral Fernandes.
Idade: 53 Anos Profissão: Geógrafo e Investigador Área de formação: Geografia
O Lyceu – O que mais o marcou durante os anos de frequência do Liceu? (pessoas, espaços, ambientes, etc…) Raimundo Quintal – O que mais me marcou, relativamente à época, foi o espírito de solidariedade, a cooperação que havia entre alunos, para superar as dificuldades da altura. Quando queríamos, por exemplo, organizar um baile, não tínhamos acesso a subsídios. Nós éramos os responsáveis por rentabilizar os nossos próprios meios, por administrar os exíguos recursos financeiros. O que, de certa forma, nos dava uma noção mais clara da realidade. Outro aspecto é o facto de as turmas, na altura, serem só masculinas ou femininas, o que não permitia o relacionamento homem – mulher, que é um factor importante na adolescência. Era como se houvesse duas escolas dentro da Escola. Apesar das adversidades, se compararmos os dias de então com os de hoje, éramos muito solidários; agora, há uma forte concorrência pelas notas. Na altura, havia essa vantagem.
O Lyceu – Como vê a Educação hoje? Raimundo Quintal – Vejo-a com optimismo moderado. A escola de hoje já não tem a função que tinha quando eu era aluno, a de fonte exclusiva de conhecimento. Com os meios de informação agora disponíveis, nomeadamente a T.V. e a Internet, à escola, fica reservado um papel diferente, o de ajudar a seleccionar a informação.
O Lyceu – Na sua opinião, de que modo as novas tecnologias são uma mais-valia para a aprendizagem do aluno? Raimundo Quintal – Hoje, um aluno tem a possibilidade de recolher, com despesa reduzida, um manancial de informação que lhe permite compreender o Mundo, como a minha geração não conseguiu. Contudo, há que olhar para as novas tecnologias não como um manancial para “copiar e colar”, mas como fonte de conhecimento e é necessário que sejamos críticos face à informação que elas difundem e que saibamos aproveitá-la e recriá-la.
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O Lyceu – Diz-se Liceu, vem a saudade. Que importância teve o Liceu na sua vida? Miguel Albuquerque – Uma grande importância. Sobretudo a nível dos valores da disciplina e da convivência, que enriquecem a nossa personalidade ao longo da vida.
O Lyceu – O que mais o marcou durante os anos de frequência do Liceu? (pessoas, espaços, ambientes, etc…) Miguel Albuquerque –Indiscutivelmente as pessoas. Os colegas e os professores. O Lyceu – Como vê a Educação hoje? Miguel Albuquerque – Com algum cepticismo. Mas também com alguma esperança. A autoridade dos professores tem de ser rapidamente restabelecida. O mérito, o trabalho, a disciplina, o respeito pelos outros e o civismo são alicerces essenciais de um bom sistema de educação.
O Lyceu – Na sua opinião, de que modo as novas tecnologias são uma mais-valia para a aprendizagem do aluno? Miguel Albuquerque – São uma mais valia. Mas não devem ser um instrumento de
Nome: Miguel Filipe Machado de Albuquerque Idade: 47 anos Profissão: Advogado Área de formação: Licenciado em Direito
facilitismo ou de denegação da memória e do raciocínio.
O Lyceu – Diz-se Liceu, vem a saudade. Que importância teve o Liceu na sua vida? Virgílio Pereira – O Liceu foi o espaço preponderante onde se desenvolveu parte importante da minha infância e toda a minha adolescência. Além da família e da Sociedade, foi nele que talhei o esqueleto da minha personalidade, adquiri a base do meu conhecimento e onde medraram as minhas capacidades e competências. O Lyceu – O que mais o marcou durante os anos de frequência do Liceu? (pessoas, espaços, ambientes, etc…) Virgílio Pereira – Durante a minha frequência do Liceu, marcou-me sobremaneira a descoberta da verdadeira amizade resultante da vivência em grupo e da convivência, valor que norteou toda a minha vida. O Lyceu – Como vê a Educação hoje? Virgílio Pereira – A Educação de hoje difere da que tive, em resultado da influência que vai sofrendo da modernidade. É potencialmente mais rica no campo da aquisição de conhecimento, mas é mais pobre no campo da defesa de valores, como a solidariedade e o respeito pelos que têm mais experiência de vida ou mais saber.
Nome: Virgílio Higino Gonçalves Pereira
O Lyceu – Na sua opinião, de que modo as novas tecnologias são uma mais-valia para a aprendizagem do aluno?
Idade: 67 Anos
Virgílio Pereira – As novas tecnologias proporcionam muito mais fontes de informação à Comunidade Escolar e a possibilidade de uma aprendizagem mais racional, ainda que tenham sido abusivamente usadas, em muitos casos, em desfavor de uma memorização equilibrada que, quanto a mim, continua a ser imprescindível na formação científica
Profissão: Professor Provisório do Ciclo Preparatório – actualmente aposentado da vida político-administrativa
do Homem. Por outro lado, as novas tecnologias têm incentivado menores hábitos de leitura.
Área de formação: Ciências
O Lyceu – Diz-se Liceu, vem a saudade. Que importância teve o Liceu na sua vida? Sérgio Borges – “Mais uma vez se abrem as portas deste Liceu, para dar entrada a centenas de alunos que, em busca do Saber, acabam, para além disso, por criar uma vivência e um ciclo de Amizade que duram uma Vida”. Fim de citação. Mais palavra, menos palavra, este era o contexto, invariávelmente o mesmo, usado pelo então Reitor (décadas de 1950//1960), Ângelo Augusto da Silva, para saudar a abertura do novo ano lectivo e a entrada de novos alunos.
Nome:
Sérgio Borges
Quão verdadeiras se vieram a revelar as suas palavras!
Idade: 64 O Lyceu – O que mais o marcou durante os anos de frequência do Liceu? (pessoas,
Profissão: Cantor Área de formação: Direito (12º Ano)
espaços, ambientes, etc…) Sérgio Borges – Então, agora e sempre – as pessoas. 08.30. Ano 1955. Outubro 7. Turma D. 1º ano. 1ª aula. Prof. Figueiredo. C. Naturais. Austero. Alguém bate à porta. Era o nº 28, L. Manuel Olim, o único atrasado. Reprimenda. Estávamos a iniciar o tal ciclo, de Amizades. Foi ele. Foi o António Almada Cardoso. Eram os gémeos Ameal, o Rui e o Nuno. O Bruno Brazão – indiscutível Chefe de turma. Grandes Amigos que ainda o são! Ao longo dos 8 anos de Liceu, três professores não irei esquecer nunca: Margarida Morna – uma Senhora Professsora Horácio Bento – Imprevisível. Brilhante. Alfredo F. Nóbrega – Previsível. Altamente carismático. Finalizando a resposta como comecei, as pessoas – Sempre!
O Lyceu – Como vê a Educação hoje? Sérgio Borges – Diferente. Nem é para mim relevante saber se melhor, se pior. A Educação nunca pode ver passar ao lado os ventos da Mudança. Ela acontece. E só não mudam as estátuas. Vejam bem o que os pombos lhes fazem!
O Lyceu – Na sua opinião, de que modo as novas tecnologias são uma mais-valia para a aprendizagem do aluno? Sérgio Borges – Como diria La Palisse: “são uma mais valia”. Os meus professoress atrás citados diziam que eu tinha um bom poder de síntese. Provado está!
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O Lyceu – Diz-se Liceu, vem a saudade. Que importância teve o Liceu na sua vida? Paulo Santos – O liceu surgiu na minha vida nos últimos três anos de escola, antes da entrada para a universidade. Foi o momento de transição da adolescência para idade adulta e sem dúvida uma oportunidade para contactar com um a escola cheia de tradição. Os valores, a história, a importância que a escola dá ao seu passado estiveram sempre patentes e são dados a conhecer aos alunos. A existência dessas raízes e as ligações que criamos com os colegas e com a escola são fundamentais para o nosso futuro e para a nossa afirmação como adultos. Não deixa de ser um facto que, grande parte das personalidades de referência da Madeira das últimas décadas, foram estudantes ou professores do Liceu. Isso e as vivências
Nome: Paulo Sérgio Garanito Santos
estudantis são algo que nunca mais se esquece e que, por exemplo, têm o seu ponto alto na noite dos finalistas e na bênção das capas, que continua a ser a mais impor-
Idade: 31 anos
tantes de todas as escolas da Madeira.
Profissão: Jornalista
O Lyceu – O que mais o marcou durante os anos de frequência do Liceu? (pessoas, espaços, ambientes, etc…) Paulo Santos – Há dois lugares que sempre achei emblemáticos no Liceu, pela sua beleza e pela invocação que fazem da história escola. Um deles é o Largo do Museu, onde sempre me identifiquei com as peças mais antigas e curiosas e também porque foi um dos primeiros lugares que conheci, já que tive a minha primeira aula numa das salas dessa zona do edifício. O outro lugar é o pátio, onde no fundo conheci e contactei a maior parte dos meus colegas, onde namorei, onde eram combinadas as saídas com amigos.
O Lyceu – Como vê a Educação hoje? Paulo Santos – A educação é um processo contínuo e por isso sempre a ser aperfeiçoado. Acho que as tecnologias e o acesso à informação tornam mais exigente o papel do professor e do estudante. O professor já não é o único veículo de conhecimento, ele é mais uma espécie de mentor de um processo de aprendizagem que deve pertencer ao estudante. No entanto parece-me que ao nível da formação académica os cursos de via ensino das faculdades deviam ter maior capacidade de adaptação a um mundo globalizado, porque penso ser aí que se pode intervir em todo o ciclo e processo educativo.
O Lyceu – Na sua opinião, de que modo as novas tecnologias são uma mais-valia para a aprendizagem do aluno? Paulo Santos – As novas tecnologias são quase a linguagem universal da comunicação e aprendizagem. No entanto exigem que o aluno seja acompanhado por princípios e regras que o norteiem nesse acesso à informação, porque caso contrário o manancial de conhecimento pode ser tão grande que dificulta o processo de aprendizagem. Mas em suma creio que a tecnologia é imparável e por isso um parceiro privilegiado nas escolas.
Área de formação: Licenciado em Biologia
O Lyceu – Diz-se Liceu, vem a saudade. Que importância teve o Liceu na sua vida? Jorge Borges – Frequentei o Liceu de Jaime Moniz durante sete anos a fio, de 1962/63 a 1968/69. No tempo do “Conjunto Académico de João Paulo”, dos “Beatles” e da guerra colonial. Dos dez aos dezassete anos. Todas as manhãs e algumas tardes. Assim, o Liceu foi, em anos absolutamente decisivos para a minha vida, a minha segunda casa. Aí consolidei hábitos de estudo, criei amizades duradouras e encontrei as primeiras namoradas. Aí vivi os melhores anos da minha juventude e me tornei o homem que sou. Aí abracei as grandes opções que emolduraram toda a minha existência: a formação em Ciências Económicas e a paixão pelo Piano e pela Música.
Nome: Jorge António Camacho Borges O Lyceu – O que mais o marcou durante os anos de frequência do Liceu? (pessoas,
Idade: 56 Anos
espaços, ambientes, etc…) Jorge Borges – A esta distância de quatro décadas, retenho sobretudo, pela positiva, o
Profissão: Professor do Ensino Secundário (Economia) e Músico
convívio com os meus colegas e amigos, a minha iniciação musical e participação como pianista em duas récitas do antigo 7º ano com a banda de alunos “Caleidoscópio”, e a figura de uma grande Professora que teve a arte de me sensibilizar para a língua e lite-
Área de formação: Licenciatura em Economia (ISE – Lisboa)
ratura portuguesas, a Dra. Margarida Morna. Pela negativa, alguns excessos de rigor disciplinar e a inadmissível separação entre alunos e alunas. O Lyceu – Como vê a Educação hoje? Jorge Borges – Com muita preocupação e indignação, face aos atentados à dignidade da classe docente, onde me incluo, perpetrados pelo Governo. O sucesso dos alunos ou o êxito de qualquer reforma passa inevitavelmente pela valorização do papel dos professores. O Lyceu – Na sua opinião, de que modo as novas tecnologias são uma mais-valia para a aprendizagem do aluno? Jorge Borges – Ninguém porá em causa a imensa importância das novas tecnologias na Educação, em particular como instrumentos de aprendizagem, de acesso à informação, de produção e partilha de informação, de comunicação. Errado será concluirmos daí que o papel do professor passa para plano secundário. Bem pelo contrário. A relação pedagógica e humana do professor com o aluno assume um papel ainda mais vital.
O Lyceu – Diz-se Liceu, vem a saudade. Que importância teve o Liceu na sua vida?
Bernardo Trindade – É de facto com saudade que recordo a frequência do Liceu Jaime Moniz. Representou o ingresso numa grande escola. Grande na verdadeira acepção da palavra. Edifício do Sec. XIX, onde, por norma, as divisões estavam pensadas para proporcionar qualidade de uso a quem as frequentava. Foi importante na minha formação cívica e humana. Uma infra-estrutura única para aprender, conviver, praticar desporto…namorar. Recordo que foi no Liceu que comecei a namorar a pessoa com quem estou casado há 16 anos. Tínhamos 16 anos – não sei se os alicerces do Liceu Jaime Moniz tiveram influência, mas a relação mantêm a intensidade dessa altura.
Falando ... com - Testemunhos do Jaime Moniz
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O Lyceu – O que mais o marcou durante os anos de frequência do Liceu? (pessoas, espaços, ambientes, etc…) Bernardo Trindade – Recordo os professores: no 7º ano um professor de geografia cujo nome não recordo, que tinha como alcunha “o pantera”. Lembro-me de que nos obrigava literalmente a decorar definições como os pontos cardeais, a linha do horizonte, a latitude, a longitude, etc.. A dificuldade não estava em compreender o conceito, mas em decorar palavra por palavra o que estava no caderno diário. Notas para professores por quem mantenho ainda hoje grande simpatia: Dr.ª Helena Rosa Gomes, Dr.ª Maria do Carmo Araújo, Prof. Miguel Pita, Dr.ª Violante Matos, Dr.ª Teresa Silva, Dr.ª Inês Costa Neves, entre outros.
Nome: Bernardo Trindade
Recordo a turma de 9º ano de Desporto – uma lição de vida! Para os alunos, uma animação – peripécias todos os dias; para os professores, uma aflição – a Dra. Águeda Lima
Idade: 38
teve uma paciência evangélica para suportar tanta insolência. Depois dessa experiência, lá se foram as boas notas (paulatinamente recuperadas...). Quanto às instalações, ninguém fica indiferente ao enorme pátio com os arcos ao fundo, os tectos altíssimos e os ponteiros do relógio junto aos laboratórios e às instalações
Profissão: Economista Exerce presentemente o cargo de Secretário de Estado do Turismo
desportivas, do melhor que há. Sem dúvida, uma experiência marcante.
Área de Formação: Economia O Lyceu – Como vê a Educação hoje? Bernardo Trindade – Vejo a Educação como um objectivo universal, uma educação que chegue a todos de modo inclusivo e democrático. Esta depara-se, hoje, com múltiplos desafios: responder a um mercado empregador cada vez mais exigente, responder às necessidades das famílias que confiam às escolas a formação e o futuro dos seus filhos e responder às ameaças do insucesso e do abandono. Vejo a Educação de hoje como resultado e também como etapa de um processo contínuo, isto é, ela destina-se, de facto, a todos. Os níveis de escolarização actuais são incomparavelmente melhores do que há 20 ou 30 anos, mas o esforço no sentido de uma escola de qualidade continua a ser feito e estaremos, certamente, melhor dentro de 5 ou 10 anos.
O Lyceu – Na sua opinião, de que modo as novas tecnologias são uma mais-valia para a aprendizagem do aluno? Bernardo Trindade – Para os jovens de hoje, as tecnologias já não são novas, fazem parte deles próprios, são indissociáveis. A utilização de tecnologias no sistema de Ensino é, assim, uma mais-valia em duas perspectivas: 1. Aproxima e motiva o estudante para a aprendizagem; 2. Permite e facilita a acessibilidade à informação, estabelecendo novas abordagens impensáveis pelos métodos tradicionais. Neste sentido e na área que tutelo, temos feito uma aposta determinada na modernização das Escolas de Hotelaria e Turismo, reformulando currículos, reestruturando as escolas, disponibilizando recursos tecnológicos como computadores, acesso à Internet e instalação de quadros interactivos, aliás, como previsto no Plano Tecnológico da Educação, ao qual aderimos.
O Lyceu – Diz-se Liceu, vem a saudade. Que importância teve o Liceu na sua vida? Emanuel Jardim Fernandes – O Liceu de Jaime Moniz foi foi um marco fundamental na minha vida e na minha formação. Recordo a satisfação da minha entrada no Liceu, em Outubro de 1954. Não no dia 1, como previra e desejava, mas no dia 15. A gripe asiática levara a que a abertura das aulas tivesse de ser adiada. Foi a minha primeira saída de casa. O ensino secundário só funcionava no Funchal. Penso hoje e fui formando essa ideia, já no Liceu, que a formação, no seu sentido amplo, resulta muito do que se recebeu e partilhou, na família, na escola, nos grupos de amigos, na vivência de situações concretas. A passagem pelo Liceu de Jaime Moniz foi muito rica e fundamental para a minha formação e para as fases seguintes, na universidade, no cumprimento do serviço militar e na minha vida profissional e política. Muitos dos amigos de Liceu, como alguns da instrução primária, no Seixal e, depois na universidade e na vida profissional e política, são os que ainda hoje guardo no meu coração e na minha memória. É no Liceu que faço a minha primeira saída da Madeira, às Canárias, numa viagem de finalistas. É no Liceu que sou sensibilizado para as questões sociais, no 4º ano, por participação em acções de apoio aos mais pobres, uma delas para resolver um problema de habitação, estimulado, como muitos amigos e muitos colegas, pelo Padre Mata, então professor de moral e dinamizador de movimentos de jovens estudantes e operários. Foi ainda no período de Liceu que conheci a Madeira no seu todo, nas suas belezas, mas também com suas dificuldades, já que tínhamos o hábito de, com frequência, dar passeios, em grande parte a pé, nas zonas povoadas da ilha, mas também nas serras da Madeira e Porto Santo.
O Lyceu – O que mais o marcou durante os anos de frequência do Liceu? (pessoas, espaços, ambientes, etc…) Emanuel Jardim Fernandes – Os sete anos que passei no Liceu de Jaime Moniz são apenas um pouco menos de um décimo da minha vida, mas foram marcantes e, certamente, decisivos para o meu percurso e para a formação da minha personalidade. Os valores que procurei e ainda procuro seguir, o sentido de responsabilidade, a prática da tolerância, a disponibilidade para a solidariedade, o valor da amizade, a partilha, o respeito pelos outros, pela diferença, a procura de novos conhecimentos, o sentido que não somos nem sabemos tudo foram sendo consolidados nesse período que não pode ser esquecido. Pelo contrário, está vivo. É e será sempre motivo de recordação, saudade e gratificação. Era diferente a vida de um jovem do meu tempo e a de hoje. Nas disponibilidades, nos meios de transporte, na diversão, embora talvez com o mesmo espírito de vivência. Como esquecer a abertura de uma turma mista, no 4º e 5º ano de Liceu (1957-1958-1959), a única que juntava os excedentes das outras duas turmas, uma de rapazes e outra de raparigas, que funcionava numa sala de espera da Reitoria. Foi uma espécie de turma percursora do que veio, muito mais tarde, a ser prática normal, a participação sem distinção de sexos, na escola. Como esquecer as idas à neve, no Poiso e Pico do Arieiro, quando era possível lá chegar, que eram motivo de suspensão de aulas para gozarmos essa maravilha que uma terra temperada como a nossa só raras vezes propiciava. Não esqueço, ainda, momentos marcantes que acompanhei nesse tempo e que, contribuíram para o despertar da consciência politica, como o assalto do Santa-Maria, um verdadeiro terramoto na contestação ao regime ditatorial e a invasão pela Índia dos territórios portugueses de Goa, Damão e Índia, que suscitou a
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ordem de Salazar para resistir até ao último momento e originou, na Madeira (como noutros pontos do País), uma manifestação "espontaneamente" organizada a que os jovens foram "chamados" a participar. De tal forma que, quando em 1961 chego à faculdade participo na greve de estudantes, durante a crise académica de 61-62 e no movimento associativo estudantil.
O Lyceu – Como vê a Educação hoje? Emanuel Jardim Fernandes – Falar do Liceu, dos nossos dias, e da educação em geral é falar de uma experiência diferente. São outros os meios, a conjuntura, o enquadramento dos alunos. A primeira e grande diferença no sector da Educação, quando observamos a prática actual e a da década de cinquenta, deriva do 25 de Abril, do fim da ditadura e da instauração da Democracia. A democratização do ensino foi a primeira das consequências e o primeiro dos objectivos da Revolução dos Cravos. Com a Democracia e com a constituição de 1976, vem a Autonomia que abre condições à descentralização do Ensino na Madeira. Alarga-se o número de escolas, no Funchal e
Nome: Emanuel Jardim Fernandes Idade: 64 anos
nas zonas rurais. A população estudantil aumenta. O Liceu de Jaime Moniz continua, no entanto, a assumir a sua função, com responsabilidades acrescidas, mas não já com a predominância e exclusividade que tinha no meu tempo de Liceu. Estou certo de que continuará a assumir um papel de referência na formação da juventude madeirense, havendo motivo para preparar as suas Bodas de Diamante, em 2014. A Educação está melhor, sobretudo, porque chega a mais jovens e prepara-os para saídas mais alargadas. A Educação e a formação, dos jovens e da população em geral continuam a ser o desafio mais estimulante e mais decisivo para o futuro desenvolvimento da nossa região, das nossas empresas, das cidadãs e dos cidadãos madeirenses em geral. A melhoria da qualificação deve ser a prioridade das prioridades para o futuro da Região Autónoma da Madeira, necessariamente integrada no País, na União Europeia e no Mundo. A Educação exige uma permanente actualização. A avaliação do sucesso e eficácia do sistema educativo, a preparação e exercício das suas reformas, sempre que necessárias, como acontece hoje, exige a participação de todos os actores, alunos, famílias, professores, quadros envolvidos, mas, também, a ponderada e oportuna responsabilidade do Governo e das demais autoridades Pública, a todos os níveis, nacional, regional, local, mas também europeia.
O Lyceu – Na sua opinião, de que modo as novas tecnologias são uma mais-valia para a aprendizagem do aluno? Emanuel Jardim Fernandes – Em meu entender, as novas tecnologias são fundamentais para o desenvolvimento da sociedade madeirense e da Região. Os jovens têm de obter qualificação profissional e é responsabilidade das escolas, das universidades e dos demais parceiros sociais colaborarem para tal, utilizando, também, as novas tecnologias e promovendo a investigação e a inovação. É o que tenho defendido no Parlamento Europeu. É evidente que este é um dos aspectos em que a Educação é diferente, mas tem de o ser, uma vez que a própria sociedade evolui, porque o Mundo também. Até porque as novas tecnologias trazem desenvolvimento.
Profissão: Advogado e Deputado do Parlamento Europeu Área de formação: Licenciatura em Direito
O Lyceu – Diz-se Liceu, vem a saudade. Que importância teve o Liceu na sua vida? Sérgio Marques - Enorme importância! Porque o Liceu ajudou-me a crescer: crescimento físico, psicológico e emocional. Depois porque me formou, me preparou e me qualificou para a vida activa e para a cidadania. Muito do que sou hoje devo ao Liceu.
O Lyceu - O que mais o marcou durante os anos de frequência do Liceu? (pessoas, espaços, ambientes, etc…) Sérgio Marques - A experiência de socialização e aprendizagem que vivi no Liceu foi única. Marcou-me a cultura da instituição assente em valores como os do trabalho,
Nome: Sérgio Marques Idade: 51 anos
exigência, mérito, disciplina e iniciativa individual. Mas marcou-me também a excelente qualidade global da escola, desde as instalações ao corpo docente e trabalhadores auxiliares.
Profissão: Deputado do Parlamento Europeu Área de formação: Licenciatura em Direito
Mas acima de tudo marcou-me os grandes professores que tive o privilégio de ter e as amizades que fiz, muitas que ainda perduram.
O Lyceu - Como vê a Educação hoje? Sérgio Marques - Com preocupação. Porque estamos ainda muito longe de ter resolvido os problemas decorrentes da democratização do sistema tornada possível com a Revolução do 25 de Abril de 1974. Há que fazer tudo para garantir a excelente qualidade de antes num contexto de acesso generalizado à Educação.
O Lyceu - Na sua opinião, de que modo as novas tecnologias são uma mais-valia para a aprendizagem do aluno? Sérgio Marques - Constituem apenas um instrumento fácil de acesso por parte dos alunos à informação e ao conhecimento. São portanto uma mais valia para a aprendizagem do aluno. Mas não dispensam de forma nenhuma o papel crucial que a Escola desempenha no processo de aprendizagem dirigido para o saber ser, estar, fazer e inovar.
O Lyceu - Diz-se Liceu, vem a saudade. Que importância teve o Liceu na sua vida?
João Cunha e Silva - A palavra saudade surge associada ao Liceu, mas sobretudo também por trazer à memória os tempos passados de uma juventude fantástica, de uma geração que cresceu e se formou no Liceu em tempos historicamente conturbados. Guardo do Liceu a memória das lições que nele recebi de um conjunto de professores notável, que em muito influenciaram positivamente a formação da personalidade de uma geração de jovens que a todos eles hoje muito devem.
Falando ... com - Testemunhos do Jaime Moniz E a experiência única de ter vivido por dentro a fase mais efervescente da história do Liceu do Funchal, em pleno período revolucionário que se sucedeu ao 25 de Abril de 1974.
O Lyceu - O que mais o marcou durante os anos de frequência do Liceu? (pessoas, espaços, ambientes, etc…) João Cunha e Silva - Obviamente que o mais marcante dos anos de frequência do Liceu são as pessoas e toda uma convivência que ainda hoje recordo com particular saudade, sobretudo nos momentos de reencontro. Refiro-me a todos, desde os colegas a professores e funcionários, alguns destes imagino que ainda hoje continuam ao serviço do Liceu.
Nome: João Carlos Cunha e Silva Idade: 50 anos O Lyceu - Como vê a Educação hoje? João Cunha e Silva - Como qualquer português, com preocupação. Creio que a nível regional estamos num patamar distinto, para melhor, daquilo que se faz e passa no país,
Profissão: Advogado, presentemente a exercer as funções de Vice-Presidente do Governo Regional da Madeira
mas não podemos fechar os olhos e ignorar a realidade nacional, assobiando para o lado e fingindo que não se conhece a realidade. Para mim, como ex-aluno de um tempo diferente, é inadmissível que aconteçam episódios como os que ultimamente foram conhecidos, que são a constatação de uma inaceitável falta de respeito e de uma completa inversão de valores. Algo vai mal quando chegamos a este ponto, que ilustra um bater no fundo do poço, e que diz muito do país em que vivemos…
O Lyceu - Na sua opinião, de que modo as novas tecnologias são uma mais-valia para a aprendizagem do aluno? João Cunha e Silva - As novas tecnologias são cruciais não apenas para o processo de aprendizagem do aluno, mas também e sobretudo para o futuro da sociedade e da economia madeirense. Como região ultraperiférica que somos, pequena, afastada dos grandes centros e caracterizada pela sua orografia difícil, temos de apostar em novos paradigmas que nos permitam mudar o modelo de desenvolvimento que temos vindo a desenvolver até agora. Temos claramente de apostar na economia e sociedade do conhecimento, no imaterial, em tudo o que seja novas tecnologias geradoras de maior valor acrescentado. É isso que temos feito. Passámos do discurso à prática, e isso vê-se desde logo nos bancos da escola: estamos claramente à frente da média nacional no rácio de computador por aluno, e vamos continuar a apostar na educação dos jovens como factor crítico de sucesso da Região. Basicamente, o nosso objectivo e o que fixámos como meta a atingir é que os nossos alunos, quando atinjam o ensino universitário, possam, por esta via, distinguir-se dos demais pelo facto de serem portadores de uma mais-valia que é efectivamente um factor de diferenciação positivo.
Área de formação: Licenciatura em Direito
1837-1910 Liceu Durante a Monarquia
1910-1926 Liceu Durante a RepĂşblica
Hist贸ria em imagens...
1926-1974 Liceu Durante o Estado Novo
Micaela Martins - Grupo 300
O Lyceu: Fala-nos do Nuno Jesus, do seu projecto de vida, dos seus sonhos, dos seus gostos… Nuno Jesus: No que diz respeito ao meu projecto de vida, pretendo continuar a estudar e formar-me em Medicina, na especialidade de Cirurgia. Gostaria de continuar a praticar pesca desportiva e natação pura que são os meus desportos favoritos e também gosto de estar com os meus amigos. Quanto aos meus sonhos, gostaria de ser cirurgião para poder ajudar quem necessitar e ser campeão mundial de pesca desportiva. O Lyceu: Como nasceu a tua apetência pela Pesca Desportiva? Nuno Jesus: Nasci com as idas à pesca com o meu tio, até que este resolveu inscrever-me em provas, que até não correram nada mal. O gosto por este desporto e pela competição foi aumentando e agora o difícil é parar. O Lyceu: Descreve a pesca enquanto actividade desportiva. Nuno Jesus: É uma actividade que exige muita paciência e calma e é preciso respeitar as regras. É também uma actividade um pouco dispendiosa pois exige muito material e, se queremos obter bons resultados, para além da técnica, é necessário ter o material apropriado para cada situação, assim como o isco. O Lyceu: Ser um desportista de alta competição é um desafio? Até que ponto? Nuno Jesus: Sim, porque tento sempre fazer o melhor resultado e, quando não consigo, resolvo treinar mais e adquirir material mais sofisticado. O que implica um gasto maior de tempo e dinheiro. O Lyceu: Como consegues conciliar a alta competição, no que se refere às tuas participações em torneios internacionais ou nacionais, com a vida escolar? Nuno Jesus: Nem sempre é fácil, porque, por vezes, tenho de faltar às aulas para ir às provas. Depois, tento passar a matéria pelos meus colegas mas não é a mesma coisa do que assistir às aulas e acabo por ficar prejudicado.
Rostos do Liceu - Nuno Jesus
O Lyceu: Vale a pena ser um atleta de alta competição, quer em termos de pessoais quer em termos profissionais? Nuno Jesus: Acho que sim. Para quem gosta realmente da modalidade que pratica, é aliciante poder competir com os melhores atletas do mundo. Além disso, permite-nos contactar com outros países e trocar experiências aumentando, assim, os nossos conhecimentos. Ajuda-nos a abrir novos horizontes o que também pode ser uma mais valia em termos profissionais. O Lyceu: Certamente que já és considerado uma referência para os Madeirenses, tendo em conta o teu palmarés. Como lidas com essa “fama”? É fácil geri-la? Nuno Jesus: Acho que não sou assim tão conhecido. A pesca não é dos desportos mais divulgados pelos meios de comunicação social, mas isso, para mim, não é importante. Pratico este desporto porque gosto e não para ser conhecido. O Lyceu: Que mensagem deixas aos teus colegas da Jaime Moniz e para os jovens em geral? Nuno Jesus: Que lutem sempre por aquilo que ambicionam e que experimentem praticar pesca desportiva que vão ver que é um desporto interessante e divertido.
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António Freitas - Grupo 520
Sugestões O Decreto-Lei nº 6/2001 de 18 de Janeiro, com as alterações introduzidas pelo Decreto-Lei nº 209/2002 de Outubro, aprovou a organização curricular do ensino básico, estabelecendo os princípios orientadores da organização e gestão curricular desse nível de ensino, neles incluindo a formação para a utilização das tecnologias de informação e comunicação. Este estudo, bem como os estudos já realizados a nível nacional, revela alguns constrangimentos referenciados pela comunidade educativa em geral, na implementação do currículo nacional do ensino básico. Nesses constrangimentos avultam as questões ligadas à generalização do acesso e uso das novas tecnologias de informação e comunicação. Se tivermos em conta que a escolaridade obrigatória é até ao 9º ano de escolaridade, e que os alunos devem adquirir competências na utilização das TIC antes de concluírem a escolaridade obrigatória, é urgente que exista mais e melhor utilização das TIC de uma forma integrada e plena, de modo a dar uma maior eficácia na aplicação de programas de apoio aos alunos e uma maior igualdade de oportunidades aos mesmos. Desta forma, sugerimos que AP é a melhor disciplina para aprender e utilizar as TIC na educação, atendendo ao facto de AP ser uma área curricular não disciplinar e de ter uma função importante na “valorização da contextualização e da utilização do saber,...”. Recomendações relativas à integração das TIC Tendo em conta os resultados e conclusões do presente estudo, pareceu oportuno apresentar algumas recomendações relativas à integração das TIC no processo de ensino e no processo de aprendizagem. Os professores de AP, incluídos os do 8º ano, devem, possivelmente: - usar as TIC de uma forma sistemática e não pontual, devendo utilizar preferencialmente o turno de 90 minutos; - utilizar as TIC de uma forma contextualizada. Por exemplo, não aprender o Excel por aprender, mas usar o Excel para resolver um problema de cálculo concreto; - desenvolver projectos articulados com o Conselho de Turma, através de saberes de diversas áreas curriculares; - desenvolver projectos em torno de problemas ou temas de pesquisa ou de intervenção de acordo com as necessidades e os interesses dos alunos; - ter mais e melhor formação relacionada com a utilização das TIC na sala de aula. A falta de formação é geradora de grande insegurança;
Sociedade de Informação e as TIC na Educação - informar, por escrito, os órgãos de gestão das escolas, directamente ou através dos coordenadores de departamento, das suas necessidades de formação; - “exigir” aos órgãos de gestão da escola a presença de um computador com ligação à Internet nos laboratórios e nas salas de aula. Os professores com cargos pedagógicos, coordenadores de departamento e delegados de disciplina devem, possivelmente: - Envolver e responsabilizar os elementos dos grupos disciplinares para a utilização das TIC em contexto de sala de aula, fazendo constar, das respectivas planificações, actividades baseadas ou apoiadas nas TIC, idealizadas por todos os professores em trabalho conjunto. A integração das TIC nas práticas lectivas não é compatível com a prática convencional, sendo necessário inovar as formas de concretizar os objectivos propostos. Os órgãos de gestão das escolas devem, possivelmente: - reduzir o número de alunos por turma; - reorganizar os espaços; - reorganizar os horários do modo de funcionamento das turmas, facilitando o acesso dos alunos aos computadores nas salas de aula, garantindo a existência de, pelo menos, um computador em todas as salas de aulas, com prioridade para os laboratórios de ciências e salas destinadas às áreas curriculares não disciplinares: estudo acompanhado, área de projecto; - elaborar planos de formação para os professores da escola, tendo em vista a utilização das TIC de uma forma integrada; - incluir as TIC no Projecto Educativo de Escola, de forma consistente e transversal, de modo a servir de referencial para todas as outras actividades e projectos; - Definir critérios de avaliação dos alunos no âmbito das TIC, a serem aplicados nas áreas curriculares disciplinares e não disciplinares; - investir na formação de professores orientadores de estágio, aptos na utilização das TIC no contexto de sala de aula; - Definir, em colaboração com as instituições de nível superior, responsáveis pela formação inicial de professores, critérios de avaliação dos professores estagiários relativamente à exploração das TIC no processo de ensino e no processo de aprendizagem; - Fazer diagnóstico das competências do seu corpo docente, com a participação dos principais interessados, de forma a identificar lacunas de formação na área das TIC e elaborar um plano de formação de escola; - Proporcionar ao seu corpo docente formação na área das TIC e apoio aos professores com mais dificuldade na sua utilização na sala de aula; - Incentivar a criação de uma comunidade virtual de aprendizagem. Inicialmente, poderá ser através dos grupos disciplinares, criando, por exemplo, a comunidade virtual dos professores de Biologia da escola “x”, onde os professores aproveitam o espaço para partilharem a sua experiência pedagógica com os outros colegas, através de fóruns apenas para professores. Nessa comunidade, também deveria haver fóruns onde os alunos pudessem comunicar com os vários professores de Biologia dessa escola, através da colocação de dúvidas, sugestões, entre outras coisas. Sugestões para futuras investigações Considerando que as limitações do presente estudo estão relacionadas com o facto de os resultados reflectirem práticas declaradas e não observadas, seria interessante a realização de uma investigação que tivesse como método a recolha de dados para observação, com o objectivo de conhecer de que modo as TIC estão presentes no contexto da sala de aula.
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Marisa - 11º 35 - As novas tecnologias podem ser usadas com proveito porque lá podem ser colocadas as matérias para os alunos estudarem. Em relação à informação e à comunicação, penso que está a ser muito bem divulgada pelos sites que as empresas criam para as pessoas se informarem sobre os vários problemas ou as soluções para as suas vidas. Fábio Camacho - 11º 35 - Estas devem ser usadas sem excesso, porque também é importante o contacto com professores/alunos, mas devem propriamente ser usadas no caso de
sites/blog’s para que o aluno no caso de dúvidas possa rever a matéria, funciona como um segundo caderno. É importante referir que estas proporcionam ao aluno/professor uma rápida e boa informação. Ricardo Vieira 11º 35 - Atraves de aulas com PC; quadros electrónicos; haver PCs suficientes os alunos poderem fazer pesquisas sobre algum trabalho ou mesmo trabalhar na aula. Jerónimo Fernandes - 11º 35 - As novas tecnologias podem ser usadas de forma que os alunos tenham algum entretimento durante as aulas e menos trabalho, como por exemplo haver algo que conforme o professor fosse escrevendo nós tínhamos um “caderno digital” que iria armazenando a informação. Carla Rodrigues e Isabel Correia – EnglishNet - O aluno tem um papel importante neste processo de ensino-aprendizagem, daí que o professor deverá ter uma atitude diferente perante aquilo que vai realizar com os seus alunos utilizando novas estratégias. Para professores de línguas, envolvidos no processo de comunicação, o recurso à Internet é o mais perfeito. Os professores de línguas estão constantemente à procura de material pedagógico autêntico e de qualidade, de forma a haver uma boa exploração em sala de aula. Para qualquer professor, a Internet pode ser um recurso infinito de arquivo de textos, estímulos visuais, material de “listening”, vocabulário, informação, arquivos de vídeo, televisão
As TIC na Jaime Moniz e rádio ao vivo, jornais de todo o mundo. A lista é infindável. Desta forma, podemos verificar que as Tecnologias de Informação detêm potencialidades indispensáveis ao ensino, conduzindo a um contínuo enriquecimento dos saberes, levando a que o sistema educativo e a formação ao longo da vida sejam repensados à face do desenvolvimento destas tecnologias. Assim, as TIC como ferramenta de aprendizagem de uma Língua Estrangeira, pode fomentar: - Maior motivação dos alunos, dado o seu carácter inovador; - Comunicação mais autêntica e natural; - Enriquecimento linguístico e consciencialização sócio-cultural, decorrente do contacto com falantes nativos; - Contextos de comunicação do mundo real e acesso a diversos conteúdos; - Maior interesse pela aprendizagem da língua e consciência da sua importância; - Utilização da língua de forma autêntica e significativa; - Aprendizagem de vocabulário e temáticas para além das do currículo; - Melhorias na capacidade de produção escrita e, consequentemente, oral; - Linguagem mais próxima da oralidade, mais informal, pessoal e expressiva, que apela mais aos jovens; - Auto-aprendizagem; - Criação de uma ponte entre a escola e o mundo; - Alargamento do horizonte dos alunos; - Desenvolvimento da literacia informática. Márcio Martins - Grupo 500 - As novas tecnologias podem, em primeiro lugar, ser um forte aliado em termos da motivação dos alunos. No contexto global em que, hoje em dia, os nossos alunos se encontram, perante o fácil e generalizado acesso à internet e a toda a informação e diversão que gratuitamente dedica aos jovens, o papel que o professor assume é ingrato, uma vez que competir com esta realidade é, diga-se abertamente, um jogo desequilibrado. Existem professores que usam a internet para disponibilizar materiais aos seus alunos. Os alunos por sua vez, em alguns casos, disponibilizam materiais aos professores. Por exemplo, imagine-se um trabalho que os alunos têm que realizar e entregar até amanhã ao professor, os alunos podem enviar via internet até à meia-noite de amanhã, a partir daí não entregam porque o sistema não o permite. Desta forma o sistema responsabiliza os alunos em termos de prazos e como os alunos são informados sabem que se não cumprem é como se não fizessem o trabalho. Rui Duarte - Grupo 550 - Depende daquilo que se quer fazer e da concepção de futuro, definida pelos decisores, como sendo a melhor para a escola. Existe um conjunto de plataformas open source (gratuitas) com os mesmos benefícios do software pago, que podem ser implementadas na escola para optimizar processos escolares e promover o trabalho colaborativo a vários níveis da organização escola, inclusivé ao nível do ensino-aprendizagem. Conceição Campanário - Grupo 520 - Poderão ser utilizadas desde que seja de forma contextualizada. FILOSOFIA - GRUPO 410 - As novas tecnologias podem ser usadas para promover a informação e a comunicação, como fonte e aprofundamento de conteúdos abordados nos manuais escolares (recorrer à Wikipédia).
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António Freitas - Grupo 520
inovação é quase sempre um fenómeno perturbador, na medida em que obriga ao
A
confronto com novas ideias que alteram a forma como vemos o mundo e seguimos por ele. É como algo que, de alguma forma, nos surge no caminho e não
podemos mover. Podemos contornar mas não ignorar, sendo provavelmente a melhor
estratégia reflectir sobre como rentabilizá-la para o bem da comunidade. As Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) provocaram essa perturbação na vida de muitas pessoas e, em particular, no quotidiano de muitos professores. A citação com que abro esta introdução é demonstrativa disso mesmo. Podemos e devemos preparar-mo-nos para enfrentar as perturbações que a inovação acarreta, comprometendo todos os nossos pares nessa tarefa, pela partilha da informação, aprendendo juntos a solucionar os problemas e a rentabilizar o que de bom ela possa trazer ao nosso dia-a-dia. Esta aprendizagem, como qualquer outra, em especial se estamos a falar da escola, requer preparação prévia por parte dos professores. A única garantia que temos é a de que por mais bem preparados que estejamos isso não significa que os nossos alunos aprenderão. A aprendizagem é um processo no qual os professores têm um papel importante, mas não absoluto. Durante muitos anos, os modelos de formação de professores, sempre muito centrados nos processos, métodos e técnicas de ensinar, cimentaram a ideia de que o papel do professor era o de detentor do conhecimento. Ainda não há muitos anos, mesmo em espaços que não a escola, quando se discutiam questões relacionadas com o saber, se estava presente um professor, recorria-se a ele para dar a palavra final, mesmo que não tivesse vivências na matéria. O reconhecimento público do professor como detentor do saber funda-se nos modelos clássicos de ensino da antiguidade, quando o conhecimento, publicamente aceite numa determinada área, era passível de ser quase todo dominado por uma pessoa, e se acreditava que este só poderia ser construído por uma “cabeça iluminada”, fugindo ao domínio do cidadão comum. Segundo Marguerite Altet (2001), a formação de professores abraçou, ao longo dos tempos, vários modelos: do modelo “magister” ao “profissional ou reflexivo”, passando por modelos que já deveriam estar abandonados, mas que por motivos que se prendem com a tradição se mantêm muito presentes nas nossas escolas, como o modelo “técnico” e o “engenheiro ou tecnológico”. É comum ouvir dos professores, quando confrontados com a possibilidade de utilização de novos meios, os mesmos receios manifestados pelo professor Joe: perda de controlo na aprendizagem, por incapacidade de acompanhar os seus alunos na aquisição de com-
As TIC na Educação petências no uso dos computadores. Os modelos de formação inicial destes professores foram ainda muito centrados no ensino e menos na aprendizagem. A permanência destes modelos deve-se, fundamentalmente, à crença de que a profissão docente é uma profissão técnica e de que o domínio de todo o conhecimento é fundamental, pois garante segurança nos processos de transmissão. O alerta de Paulo Freire contra a “educação bancária”, que tem como objectivo depositar nos alunos o conhecimento para que possam devolvê-lo quando necessário, onde nem se prevê nenhum acréscimo de juros, continua a estar presente no nosso sistema. “Ensinar é fazer aprender e, sem a sua finalidade de aprendizagem, o ensino não existe. Porém, este “fazer aprender” dá-se pela comunicação e pela aplicação, o professor é um profissional da aprendizagem, da gestão de condições de aprendizagem interativa em sala de aula.” (Altet, 2001: 26) A formação de professores, num primeiro momento, deve mudar a ênfase do “ensinar” para o “aprender”. É necessário, muitas vezes, sermos o professor Joe da história que nos conta Papert, e percebermos que temos que nos despir de preconceitos, correr o risco de não saber tudo e estarmos disponíveis para aprender colaborativamente com os nossos alunos. Cada dia se torna mais claro que o papel do professor não é ser um banco de saber, mas sim um representante do mesmo, que informa sobre a sua localização e o seu uso mais adequado. No ensino presencial, movimentamo-nos na crença de que apenas o contacto visual entre o professor e o aluno proporciona uma comunicação didáctica mais directa e humana, do que através de qualquer sistema de comunicações. Nem o ensino presencial pressupõe comunicação efectiva e apoio ao aluno, nem o ensino à distância deixa inteiramente o processo de aprendizagem nas suas mãos. Se nos centrarmos no processo de ensino-aprendizagem, devemos observar como ensinam os professores, mais do que os conteúdos que explicam, e perceber que as deficiências didácticas e metodológicas que apresentam têm origem na sua formação pedagógica inicial. Uma das características da sociedade de informação é a construção de novos perfis pessoais e, sobretudo, profissionais, capazes de se adaptarem a esta necessidade de profissionais com qualidades, experiência e capacidade de mudança dia-a-dia. Os conhecimentos adquiridos durante a formação inicial dos professores convertem-se, rapidamente, em obsoletos, se este deixar de se preocupar em continuar a aprender. A aprendizagem e a formação deverão ser um desafio constante. Os professores necessitam, cada vez mais, de ter conhecimentos adequados sobre o uso dos novos meios tecnológicos, audiovisuais e informáticos. É imprescindível a literacia informática dos professores, para que a introduzam no seu saber docente e, com a mesma naturalidade quotidiana com que agora usam os manuais, possam usar qualquer software ou CD-Rom educativo nas suas aulas. Ainda que algumas pessoas gostem de andar de burro, e achem mais interessante do que andar de autocarro, para galgar grandes distâncias este não será certamente o meio mais adequado. No entanto, às vezes, parece que utilizamos o “burro pedagógico” com muita frequência nas escolas, ignorando e depreciando a existência das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação, e alegremente lá vamos... Estamos convencidos da necessidade de implementar a tecnologia como modelo para o trabalho do professor. É urgente capacitar os professores nestes domínios da comunicação, através duma pedagogia da imagem e do uso racional e crítico dos recursos tecnológicos na sua aplicação à educação. Daí que um dos desafios que hoje se coloca, de uma forma mais premente às escolas seja a capacitação dos professores no domínio das TIC’s adaptadas aos seus contextos de intervenção. A escola ao longo dos tempos tem assumido várias funções, que passam pela formação dos indivíduos nas suas várias vertentes, formando-os em todas as dimensões da pessoa humana. À escola é reconhecida, fundamentalmente, uma missão: a de ensinar. Esta dimensão, centrada na instituição, tem ignorado, muitas vezes, a importância do aprender.
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A educação serve a sociedade, e por isso tem de se adequar às mudanças que a sociedade vive. Ela passa pelas mesmas transformações que outras instituições sociais também passam. As TIC podem contribuir de modo decisivo para mudar a escola e o seu papel na sociedade. A escola pode passar a ser um lugar da exploração de culturas, de realização de projectos, de investigação e debate. O professor poderá ser um elemento determinante nestas actividades. Isso não acontecerá por ensinar novos conteúdos de literacia informática, muito menos como administrador de pacotes de EAC, e menos ainda como instrutor de Microsof Word ou de Mozilla Firefox. Acontecerá porque ele se envolve na aprendizagem com o aluno, com os colegas e com outras pessoas da sociedade em geral, deixando de ser aquele que apenas ensina, para passar a ser, sobretudo, aquele que (co)aprende e promove a aprendizagem. As novas tecnologias deverão assumir um duplo papel na escola. Primeiro deverão ser uma ferramenta para permitir a comunicação de profissionais da escola, consultores e investigadores exteriores à escola. Segundo poderão ser usadas para apoiar a realização de uma pedagogia que possibilite a formação dos alunos, possibilitando o desenvolvimento de habilidades que serão fundamentais na sociedade do conhecimento. É importante deixar claro que somente a inclusão da informática na escola não representa mudança. O facto de proporcionarmos ao aluno o uso do computador para realização de tarefas não é indicativo que ele compreende o que faz. A qualidade da interacção criança-objecto, de que nos fala Piaget é, particularmente pertinente no caso do uso da informática e de diferentes soft-
wares. Mestre Fernando Correia - UMa
verdadeiro sucesso escolar é sempre um sucesso de todos os envolvidos, concreta-
O
mente dos professores e alunos.
Ao oferecer outras técnicas, métodos e estratégias, oferecemos, no fundo, alternativas mais motivadoras, cognitivamente mais adequadas, despertadoras de curiosidade, promotoras de competência e, assim, respeitadoras do aluno. E, então, os alunos podem mais facilmente aprender, não só pelas tecnologias novas e inovadoras, mas porque alguém olhou para eles e pensou neles. Para que as tecnologias funcionem é preciso que haja um investimento emocional e uma disponibilidade para a relação pedagógica. Só assim a escola pode deixar de ser um lugar aonde se tem de ir para ser um lugar aonde se quer ir.
Maria João Beja - UMa
As TIC na Educação - Inovação no Ensino
informática é tradicionalmente leccionada ao nível do ensino secundário, e mesmo
A
superior para cursos não tecnológicos, numa lógica utilitária, em particular através das ferramentas de automação de escritório (vulgo "office"). Se esta lógica fazia
sentido num período em que o acesso às tecnologias de informação e comunicação era escasso, hoje em dia torna-se irrelevante ensinar a geração Nintendo a utilizar ferramentas que estes consideram banais. Prof. Dr. Nuno Jardim Nunes
s aplicações multimédia têm sido amplamente utilizadas em diversos domínios,
A
nomeadamente na medicina, na educação, no entretenimento, no governo, etc. O termo multimédia é utilizado para indicar que as informações/dados relacionados à
aplicação são compostos por diversos tipos de média (áudio, vídeo, texto, etc.) que podem ser integrados de alguma forma. Em particular, a multimédia quando aplicada à educação representa uma tendência promissora, uma vez que a utilização do áudio, vídeo, animação, etc. pode motivar os alunos e promover o aprendizado. Prof. Dr. Paulo Nazareno Maia Sampaio
ma plataforma de E-learning é um sistema de gestão de ensino (Learning
U
Management System) que automatiza o planeamento e o suporte da leccionação de disciplinas de qualquer curso. Existem várias plataformas destas, disponíveis
em freesoftware que são fáceis de utilizar por docentes que conheçam o Office e o uti-
lizem para escrever documentos na sua actividade lectiva,. Está provado que o seu uso potencia o aumento de eficácia do ensino.
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A UE espera que no final deste quadro comunitário, o domínio destas ferramentas, na Europa, cubra todos os profissionais de ensino. Por isso, é importante que os actuais e potenciais utilizadores, nesta área, se organizem com o fim de possibilitar que os professores, nomeadamente os do ensino do secundário adquiram essas competências. Na Universidade da Madeira, o departamento de Matemática e Engenharia utiliza uma dessas plataformas – o Moodle. Os alunos da via ensino saem da Universidade a saber utilizar estes instrumentos. São pois um bom ponto de apoio para as escolas que os recebem como estagiários, promoverem a utilização de uma dessas plataformas. Com o Moodle qualquer professor pode armazenar e disponibilizar aos seus alunos, o material de suporte ao ensino. Pode ainda fazer os testes e obter a correcção automática dos mesmos. E pode passar a utilizar na sua comunicação não presencial o suporte que os actuais alunos tão bem conhecem, e usam diariamente nas suas actividades de lazer. Como utilizadora do Moodle nos últimos três anos, reconheço as enormes vantagens que disso tenho retirado, para mim e para os meus alunos no apoio às disciplinas que lecciono presencialmente. Ana Isabel Portugal - professora Auxiliar do DME da UMa.
plataforma Moodle (http://moodle.org) é, de forma simples, um sistema que per-
A
mite a gestão de cursos e conteúdos educativos. É um software livre, o que per-
mite que a plataforma possa ser usada sem grandes restrições, por qualquer pes-
soa ou organização. As funcionalidades estão definidas de forma a sustentar uma abordagem pedagógica especifica, o construtivismo, cujo ponto de vista “sustenta que as pessoas constroem novos conhecimentos activamente, na medida em que interagem com o seu ambiente” [1]. De seguida apresento os principais elementos para a instalação e administração. Concluo com comentários à utilização e evolução do Moodle.
O Moodle pode ser instalado em muitos ambientes, desde simples computadores onde a plataforma serve uma pessoa apenas, até servidores com centenas de milhares de utilizadores. Os requisitos técnicos são pequenos e qualquer pessoa, desde que tenha alguma facilidade no uso do computador (por exemplo compreender a instalação de programas), poderá instalar o Moodle. O seu funcionamento necessitará ainda de algum software adicional: servidor de páginas, base de dados e o suporte à linguagem de programação do Moodle. Um exemplo de um programa que realiza toda a instalação necessária, em ambiente Microsoft Windows, para o suporte ao Moodle é o projecto WAMP[2]. Após a instalação destes programas o processo de instalação do Moodle passará apenas por definir alguns parâmetros, como o acesso à base de dados, as directorias para os ficheiros e os dados do administrador; e por alguma personalização geral da plataforma, como a descrição breve e título do sistema. O processo em detalhe pode ser consultado no sítio da plataforma [3]. A administração do Moodle envolve muitos componentes, mas dois destacam-se pela sua importância no contexto da aprendizagem: os utilizadores e as disciplinas. Além destes componentes, outros existem que permitem modificar aspectos relacionados com a funcionalidade, a segurança, o desempenho, a fiabilidade e a aparência. Para os utilizadores deve ser definida uma política de acesso e aí a plataforma é muito flexível. Esta permite desde a inscrição voluntária de quem quiser aceder até a ligação a outros sistemas já existentes numa organização. Além do administrador, super-utilizador com direitos completos sobre a plataforma, existem outros perfis de utilizadores: Professor, Professor Não Editor, Aluno e Visitante, com direitos específicos ao seu papel.
Inovação no Ensino
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Os professores criam os cursos e acompanham, os professores não editores acompanham os cursos podendo participar na avaliação e interacção com os alunos; os alunos acompanham e efectuam as actividades definidas pelos professores e os visitantes, se autorizados, serão alunos não identificados. Podem ainda ser criados outros perfis com restrições e direitos completamente diferentes. As disciplinas, ou cursos, podem ser organizadas em categorias, sem limites hierárquicos. A cada disciplina serão associados os alunos e os professores (ou utilizadores de outros perfis que tenham sido definidos). A associação dos professores é feita apenas pelo administrador. A associação dos alunos já é mais flexível e dependente das definições gerais. Em casos mais limitados será apenas o administrador a realizar a inscrição de um aluno numa disciplina, mas também é permitido aos alunos, se tal for definido pelo administrador e professores, a escolha das disciplinas a que querem assistir (ou desistir). A organização e funcionamento da disciplina é da responsabilidade do professor (ou professores). O Moodle permite ao professor inserir recursos (como páginas de textos, documentos digitais e ligações para conteúdos na web) e definir actividades (como fóruns, glossários e testes, entre outros). Este pode acompanhar os alunos interagindo por intermédio de fóruns e mensagens individuais, e avaliar o trabalho realizado com comentários e com uma classificação, que poderá ser qualitativa ou quantitativa. O uso do Moodle por uma pessoa ou grupo restrito de pessoas não necessita, normalmente, de configurações adicionais, mas o uso por um grupo alargado de utilizadores e em ambiente aberto já necessita de cuidados adicionais de forma a garantir um bom funcionamento e com segurança. A plataforma Moodle teve a sua primeira versão estável em 2001 e desde essa data que a comunidade que a usa, mantém e desenvolve, tem crescido de forma apreciável. Um exemplo é o registo actual de mais de 40.000 sítios [4], sendo mais de 1700 apenas em Portugal [5], entre eles muitas escolas do ensino secundário. No sítio da plataforma existem os mais variados fóruns que esclarecem muitas dúvidas e ajudam a resolver muitos dos problemas que possam surgir. A comunidade é muito activa, o que dá muita confiança sobre a validação e acompanhamento que é feito à plataforma. A minha experiência tem mostrado que, pelo lado dos estudantes, a utilização e adopção da plataforma tem sido simples desde que haja um conhecimento básico de ferramentas para a Internet (navegador e cliente de correio electrónico). Para os professores, os requisitos para a utilização do Moodle são semelhantes, mas para estes o principal esforço é na reorganização dos conteúdos e na redefinição das estratégias de aprendizagem. As actividades privilegiam e facilitam a interacção professor/alunos e aluno/aluno, e a liberdade na construção do conhecimento, isto através da flexibilidade e da variedade de possibilidades oferecidas ao professor na definição de cada actividade. Os glossários e wiki podem ser criados e comentados por todos, os fóruns permitem que muitas discussões possam ser abertas, os trabalhos podem ser feitos e refeitos, e tudo é sempre passível de ser classificado, fazendo depois o Moodle a agregação final das várias avaliações por fórmulas ou por médias. O Moodle, pela sua evolução, tem respondido ao desafio dos educadores adaptando-se às suas necessidades, dando sempre valor às funcionalidades que privilegiam o ensino e não a aspectos técnicos avançados cujo uso é de pouco interesse num contexto educativo. Apesar da uniformidade, que sempre existirá no uso de uma qualquer plataforma, o
Moodle é bastante flexível e permitirá a qualquer professor enquadrar o seu estilo de ensino da forma que achar mais conveniente às necessidades da turma sob a sua responsabilidade.
[1] http://docs.moodle.org/pt/Filosofia_do_ Moodle [2] http://www.wampserver.com [3] http://docs.moodle.org/en/Installing_M oodle [4] http://moodle.org/stats/ [5] http://moodle.org/sites/index.php?coun try=PT
Eduardo Marques - DME da UMa e Administrador da plataforma Moodle
á deve estar a pensar que eu me enganei, que o
J
(http://www.walmart.com/). O mais interessante neste com-
computador é a 150 euros e não 140! Eu diria que
putador não é o preço mas a filosofia adjacente. O com-
não é 150 euros mas 150 + (3 anos x 12 meses x 17
putador bem equipado com o sistema operativo do Google
euros) = 762 euros! A net que vem incluída serve para ter-
(GOS), que pode ser obtido em ttp://www.thinkgos.com/
mos o computador ligado todo o mês na página do Google,
gravar num CD de arranque , de 90 minutos, e experimentar
sem fazer pesquisas, nem usar muito o e-mail, caso contrário
sem ter que o instalar!
vai ter tráfego adicional e em vez de pagar 17 euros, vai pagar
O Good OS, “Bom Sistema Operativo”, desenvolvido pelo
muito mais! A net incluída serve então para darmos a enten-
Google, é baseado no sistema de Linux “Ubuntu”
der aos nossos amigos que já andamos na crista da onda,
(http://www.ubuntu-br.org/), apresenta-se com um ar seme-
apesar de não sairmos do mesmo local nem sabermos
lhante ao sistema Mac OS X usado pela APPLE. A grande
nadar! Andamos de bóia, mas isso não importa! O que impor-
vantagem deste sistema não está apenas no interface, mas
ta é o que parece ser e não o que somos! Vivemos no pais
essencialmente na sua politica de funcionamento. A maioria
da aparência, em que o importante não é o que sabemos,
das aplicações estão online, não para download mas para uti-
mas o papel que temos que atesta o que deveríamos saber...
lização online! Assim, não temos que nos preocupar em actu-
Passando pelos lojas de informática, encontrei equipamento
alizar os programas... desta forma diminui a pirataria informá-
a 699 euros, o X50RL ASUS, mais barato do que as novas
tica (cópia ilegal de programas) e a propagação de vírus! Diria
oportunidades e com melhores características! A seguir apre-
que nasceu o futuro da informática de utilização doméstica!
sento a comparação entre os dois equipamentos de modo a
Perante o que foi referido anteriormente, pergunto por que
tirar as suas conclusões!
razão o governo português não fez um acordo com o Google,
Mas o computador que eu me estava a referir não era o das
que domina 77% do mercado da Internet enquanto a
novas oportunidades mas sim de uma gama de computa-
Microsoft apenas tem 4%?
dores de baixo custo, 140 euros, distribuídos por uma cadeia
Se o objectivo era um choque tecnológico, por que razão não
de supermercados dos Estados Unidos, Wall Mart
fazemos acordos com os mais capazes? Por que razão fazemos acordos com o homem mais rico do mundo? Afinal o
Características Processador Memória RAM Disco Rígido Drive DVD WebCam Comunicação sem fios Office 2007 Preço
Novas
X50RL ASUS
Oportunidades
que se pretende com esses acordos? Adquirir competências ou dinheiro? Segundo o Inimigo Público, as senhoras de 69
Dual Core
Dual Core 2 Duo
T2310 1,46Ghz 1Gb
T5450 1,66 Ghz 2GB
80Gb Gravador DVD Não
120Gb Gravadora DVD DL Sim
A empresa com mais valor financeiro, segundo ranking 2007
Wi-Fi
Wi-Fi i802.11a/b/g
BRANDZ é o Google com 66 biliões de dólares, duplicando o
Sim 762,00€
Não 699,00€
anos iam aprender a fazer sites pornográficos! Será que já sabem o que é um computador? Tendo em conta os dados publicados em 2007, podemos verificar que o Google lidera os serviços da Internet com 77%, a Microsoft só tem 3,7%.
valor de 2006, enquanto a Microsoft está em terceiro lugar com 54 biliões de dólares.
GOS - Computadores a 140 euros
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Google confirmou recentemente que financiou o
O
grupo Codeweavers para que o WINE fosse desen-
volvido a ponto de permitir que o Photoshop
pudesse correr no Linux. Para aqueles que não conhecem, o
Wine (winehq.org) é um programa que permite ao Linux correr programas de Windows – e o mais importante –, sem o
Windows. “O Photoshop é um dos programas mais requisitados pelos utilizadores de Linux. Tivemos de desenvolver 200 emendas ao código do Wine para que este pudesse correr o Photoshop CS2 e CS3.”, ressaltou Dan Kegel (programador do Google e um dos responsáveis pelo desenvolvi-
Continuaremos a desenvolver o Wine para melhorá-lo cada
mento do Wine). “Não por acaso, aplicações como o Flash
vez mais nesta área gráfica”, completa Dan Kegel. Apesar de
CS2 e Flash CS3 agora também podem ser executadas em
toda a compatibilidade actual do Wine com o Photoshop, o
Linux, através do Wine.
sistema ainda não funciona em completa perfeição. Problemas ainda existem, que prometem ser resolvidos
2007 BRANDZ
brevemente. O financiamento do código do Wine para permitir a um programa caro como o Photoshop correr no Linux
#
Empresa
Valor (Biliões)
1
66,434
2
General Electric
61,880
3
Microsoft
54,951
4
Coca Cola
44,134
5
China Mobile
41,214
6
Marlboro
39,166
7
Wal-Mart
36,880
8
Citi
33,706
não parece ser um movimento típico do Google que, normalmente, sempre investe em códigos de uso livre.
In: http://www.efeitosvisuais.com/ blog/2008/02/18/adobe-photoshop-linux/
espectáculo de abertura do XVI Festival de Teatro Escolar - “Carlos Varela”, que
O
ocorreu no dia 3 de Março de 2008, pelas 20h30m, na entrada principal da Escola, conjugou a imagem, a palavra, a música, a dança e a representação para
uma pequena homenagem à cidade do Funchal e aos seus 500 anos. Foi feita uma breve retrospectiva histórica, desde a descoberta da ilha até à actualidade, tendo-se incidido, especialmente, em alguns acontecimentos marcantes para a cidade no século XX. Procurou-se homenagear as gentes, bem como o seu esforço de desbravamento e humanização da ilha. Foram focadas a cidade e as suas freguesias, a obra de Fernão de Ornelas na modernização da cidade, a emigração, o turismo, as artes e os artistas madeirenses. Os textos e algumas das músicas são de autores e compositores madeirenses, que contribuíram para a divulgação da ilha no país e não só. O espectáculo, que contou com a presença do Dr. Jorge Moreira, do Dr. Miguel Nunes, da Dr.ª Maria de Fátima Marques, do Dr. Rui Anacleto, da Dr.ª Maria José Camacho, do Dr. João Carlos Abreu e do arquitecto Bramante, terminou com uma mensagem que retrata o Funchal como uma cidade moderna, voltada para o mundo e para o futuro.
XVI Festival Regional de Teatro Escolar - Carlos Varela
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RTX 78-24 de António Gedeão (adaptação) Escola Secundária de Jaime Moniz
RTX 78/24 é a estreia de António Gedeão como autor dramático. Esta obra, representada no dia 4 de Março de 2008, às 10h, no Ginásio da Escola, “procura esclarecer e ampliar uma das constantes mais angustiosas da sua poesia: a inadaptação da inocência à estrutura cruel da sociedade. O homem só, personificado em António, protagonista da peça, percorre sucessivamente os representantes universais da sociedade, em busca de aconchego que o realize e justifique, como criança perdida no labirinto da multidão hostil. Nos pobres e nos ricos, nos fracos e nos pobres, nos subordinados e nos dirigentes, em todos os tempos e em todos os lugares, se lhe depara a mesma fermentação do vício, a mesma potencial violência, a mesma mistificação, o mesmo desprezo pela verdade, pela razão e pela justiça. Na sua ingénua compleição mental António espera que o Amor possa salvar os homens. A sua esperança é uma sede de esperança.”
Ser e parecer de Sofia de M. Breyner (adaptação do conto A Gata Borralheira) Escola Básica e Secundária Dr. Ângelo Augusto da Silva
Ser e Parecer, representada no dia 4 de Março de 2008, às 11h45m, no Ginásio da Escola, retrata a história de uma rapariga simples e com algumas dificuldades financeiras, que após um luxuoso baile decide mudar a sua vida, escolhendo outro caminho.
A Fada Oriana de Sophia de Mello Breyner Escola Básica e Secundária de Machico Esta peça, representada no dia 4 de Março, pelas 17 horas, no Ginásio da Escola, apresenta-nos a rainha das Fadas Boas, que oferece a floresta à Fada Oriana para que esta a proteja e fá-la prometer que nunca abandonará os animais, as plantas e os homens que nela vivem. Contudo, Oriana descobre o seu reflexo no rio depois de ajudar um peixe e apaixona-se pela sua própria imagem. Obcecada pela sua beleza, a fada esquece a floresta que prometera proteger e a Rainha retira-lhe os poderes e a varinha de condão. Para os recuperar, Oriana terá de corrigir o erro que cometeu, pelo que tentará ajudar os homens e os animais de novo. Todavia, é apenas quando Oriana se atira do abismo abaixo, para salvar uma velha, que finalmente consegue recuperar os seus poderes: ao esquecer-se que não tinha asas e correndo o risco de morrer, Oriana atira-se para salvar a velha, mostrando primeiro pensar nos outros e só depois em si.
«Doce Vida» de Grupo TeatroZarco Escola Básica e Secundária Gonçalves Zarco Esta peça, representada no dia 4 de Março de 2008, pelas 14 horas, no Ginásio da Escola, retrata o Funchal, durante a época pascal. Nela, várias personagens “desesperam” num autocarro superlotado, dado o trânsito congestionado. Entre homens e mulheres do povo, destacam-se pela sua excentricidade, uma idosa burguesa, D. Quitéria, uma freira e um jovem efeminado. Neste ambiente, logo se instalam a confusão, os empurrões, os apupos e a “bilhardice”. Após um episódio burlesco, no qual D. Quitéria sente-se mal e é roubada, a “trupe” é encaminhada para a esquadra local. Depois de algumas peripécias, o chefe da esquadra acaba por controlar a situação, descobrindo que o ladrão é do tipo cleptomaníaco. Esta comédia põe a ridículo os chamados “novos-ricos”, a “fragilidade” da Igreja e o generalizado consumismo desenfreado.
Histórias Impossíveis de Ron Butlin (adaptação) Escola Secundária Francisco Franco
Este trabalho, intitulado Histórias Impossíveis, foi representado no dia 5 de Março de 2008, pelas 10 horas, no Ginásio da Escola e articula episódios ficcionados da vida de três compositores – Joseph Haydn (séc.XVIII), Alma Mahler e Jean Sibelius (sécs. XIX – XX).
«Línguas de Trapo - O regresso» de Grupo de Teatro Juvenil do GCEA - Gabinete Coordenador de Educação Artística «Línguas de trapo - O Regresso», peça representada no dia 5 de Março de 2008, pelas 12 horas, no Ginásio da Escola, é o segundo formato de um programa televisivo a várias vozes, com vários contextos e muitas piadas de mau gosto, do pior canal televisivo do país, galardoado internacionalmente com o «Prémio Bota abaixo» e recomendado a várias estações televisivas como um exemplo a não seguir.
XVI Festival Regional de Teatro Escolar - Carlos Varela
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Antes de Começar de Almada Negreiros (excertos) Direcção Regional de Qualificação Profissional Apresentado no dia 5 de Março de 2008, pelas 11 horas e 45 munutos, no Ginásio da Escola, explora a conversa de dois bonecos sobre os sentimentos e o lugar de guardá-los, o coração. Será que todos falamos de e com o coração?
«Educação.mp3» de Manuel Duarte Silva Ferreira Escola B+S Bispo D. Manuel Ferreira Cabral Representada no dia 5 de Março de 2008, pelas 14 horas, no Ginásio da Escola, esta peça apresenta-nos um professor de Informática cujo leitor de MP3 faz um grupo de três alunos viajarem no tempo, vivendo situações diversas em cada espaço/época. Retrata a evolução da Escola em Santana, desde a escola das irmãs até à actualidade, conjugando relatos de pessoas antigas de situações particulares, espaços diversos de aprendizagem e sobretudo dificuldades e problemas dos alunos dessas décadas. Esta peça foi escrita para os 25 Anos da Escola de Santana, do chamado “Liceu”, que se comemorou a 11 de Outubro de 2007.
Medeia de Eurípedes (adaptação) Escola Básica e Secundária de Ponta do Sol Representada no dia 5 de Março de 2008, pelas 16h30m, no Ginásio da Escola, esta peça apresenta-nos Medeia, uma mulher que, depois de ser traída pelo marido, decide vingar-se, de forma macabra, matando os dois filhos.
«MSN (Memórias só Nossas)» - Associação Grupo Cultural «Flores de Maio» (Grupo Convidado) Representada no dia 6 de Março de 2008, pelas 10 horas, no Ginásio da Escola, esta peça lança algumas questões para reflexão: “Quem é que nunca passou por uma crise de adolescência? Provavelmente quem ainda não chegou a essa idade.” É um diálogo entre sete adolescentes onde se abordam questões próprias da adolescência, vivências, experiências e até mesmo conselhos. Um diálogo do “interior” para o “exterior”, de dentro para fora. Vivido, sentido, representado e apresentado.
«Velhos? Quem? Não!» de Grupo de Teatro da APEL Escola da APEL Representada no dia 6 de Março, pelas 14 horas, a peça tenta transmitir que os idosos não são uns coitadinhos e muito menos incapacitados ou velhos como trapos. Apesar da idade avançada continuam vivos e merecem o respeito que, às vezes, não têm dos mais novos. À sua maneira, continuam a querer viver, continuam a sonhar e a sentir. Nela, três idosos bem-humorados desabafam sobre a incompreensão de que, muitas vezes, padecem, apelando à mudança de mentalidades. Ao cruzarem-se com a geração mais nova, fazem de tudo para fazê-la acreditar que a única coisa que os torna diferentes são as rugas, sendo a vontade de viver aquilo que os torna iguais.
«Amigos?!» (texto elaborado no âmbito das aulas de Formação Cívica, no âmbito do Projecto ESA) Escola Básica e Secundária da Calheta (Núcleo de Teatro Musical) Representada no dia 6 de Março, pelas 15h30m, no Ginásio da Escola, a peça apresenta-nos Beatriz, que, ao saber que o jantar a que os pais vão é um daqueles bem “chatos”, pre-fere ficar em casa, a ler uma revista qualquer. Sem pensar duas vezes, convida Pedro, o namorado, a passar por casa, mas o que ela não espera é que o rapaz venha com todos os amigos lá do bairro. No meio da confusão, surgem algumas situações delicadas e que deixam Beatriz bastante preocupada… Felizmente, acaba tudo bem, apesar do grande susto.
«A Xavelha do Purgatório» de José Bernardino G. Corte Escola Básica e Secundária Padre Manuel Álvares (Grupo de Teatro Voo à Fantasia) Representada no dia 6 de Março de 2008, pelas 17 horas, no Ginásio da Escola, a peça apresenta-nos uma visão cómica do purgatório e do Mundo. Uma agente da polícia é baleada, tomba inconsciente e vê-se subitamente noutra dimensão. Passageiros humanos chegam ao Mar Vermelho do Purgatório e dali querem embarcar na “Xavelha do Purgatório”, que os levará às portas do Paraíso, onde será feito o seu julgamento final. São eles Ossama Bin Laden; um médico cirurgião; uma agente da polícia; uma mulher do povo; um bancário; o ministro José Sócrates; um dentista; alguns idosos e uma professora. O inconformismo dos passageiros, que não querem ficar no “Mar Vermelho do Purgatório”, e a audácia dos três anjos que comandam a Xavelha originam o debate em volta da questão: Quem merece embarcar? No julgamento final, Simão Pedro procede à imaterialização, recorrendo a uma avançada tecnologia que lhe permite rapidamente julgar os réus, evitando assim os atrasos e a burocracia. No entanto, as tecnologias também falham e lá tem de recorrer à morosa e ultrapassada leitura de DVDs (registos que testemunham as práticas dos réus na Terra) para confirmar a justiça da sentença. Alternado com peripécias, é feito o julgamento: os réus condenados refutam em vão e a entrada no Paraíso é aberta apenas a quem merece. No final, a agente da polícia acorda atordoada e confusa com a sua “visão”.
«Nós e os poetas» Exercícios de poesia de Paula Rodrigues LuAndrade Teatro Escola Básica e Secundária D. Lucinda Andrade
Exercícios de dramatização de poesia representados no dia 7 de Março de 2008, pelas 10h30m, no Ginásio da Escola.
XVI Festival Regional de Teatro Escolar - Carlos Varela
ESPECTÁCULO DE ENCERRAMENTO
A Entrega de Prémios do XVI Festival de Teatro Escolar – “Carlos Varela” ocorreu, no dia 7 de Março de 2008, pelas 15 horas, na entrada principal da Escola, após a actuação do Clube de Dança da Escola, DancEnigma, e do grupo de Ginástica Rítmica e Acrobática do Desporto Escolar e contou com a presença do Dr. Jorge Moreira, Presidente do Conselho Executivo da Escola, e com a Dr.ª Margarida Pocinho, Sub-Directora Regional de Educação.
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LOUVORES
DESEMPENHO EM PALCO Aluno Elson Teles – Personagem RODOLFO EBS Bispo D. Manuel Ferreira Cabral, Santana – «Educação.mp3»
PRESENÇA EM PALCO Aluna Sandra Ornelas – VOCALISTA EBS Bispo D. Manuel Ferreira Cabral, Santana – «Educação.mp3»
ESPAÇO CÉNICO ES Jaime Moniz – “Clube de Teatro O Moniz – Carlos Varela” – «RTX 78-24» de António Gedeão (texto Adaptado)- Encenação. CONCEPÇÃO ESPECTÁCULO CONVIDADO Gabinete Coordenador de Educação Artística – Grupo de Teatro Juvenil do GCEA – «Línguas de Trapo – O regresso», Direcção artística e encenação de Miguel Vieira
TEMÁTICA ABORDADA CONVIDADO Associação Grupo Cultural «Flores de Maio» – Grupo de Teatro «Flores de Maio» – «msn (Memórias só Nossas)», Encenação Filipa Silva
ESTILO E FORMA DE REPRESENTAÇÃO CONVIDADO Conservatório – Escola Profissional das Artes – «A invenção do Amor» de Daniel Filipe, Orientação Márcia Rodrigues
XVI Festival Regional de Teatro Escolar
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MENÇõES HONROSAS CONTRACENA Ana Martins – Personagem BONECA e Aluno Rogério Fernandes – personagem BONECO Direcção Regional de Qualificação Profissional – Antes de Começar de Almada Negreiros (excertos de texto), Encenação Susana Ramos ABORDAGEM TEMÁTICA EBS da Calheta – Núcleo de Teatro Musical - «Amigos?!» (texto elaborado no âmbito das aulas de Formação Cívica (Projecto ESA), encenação Almindo Fernandes EXPRESSÃO DRAMÁTICA EBS D. Lucinda Andrade, São Vicente – LuAndrade Teatro - «NÓS E OS POETAS» (Poesia de Camões; Fernando Pessoa; Mário de Sá Carneiro; Sophia de Mello Breyner e Mário Cesariny), Direcção da professora Paula Rodrigues CONSTRUÇÃO DA PERSONAGEM David Brás – Personagem JOEL Escola APEL – Grupo de Teatro da APEL - «Velhos? Quem? Não!» DESEMPENHO EM PALCO Paula Fernandes – Personagem TIA ANGÉLICA ES Jaime Moniz – Clube de Teatro O Moniz – Carlos Varela – RTX 78-24 de António Gedeão (texto Adaptado), Encenação Fernanda da Gama CARACTERIZAÇÃO E PLASTICIDADE CÉNICA EBS de Machico – A Fada Oriana de Sophia Mello Breyner Andresen (texto adaptado)
DESEMPENHO EM PALCO Guida Santos – Personagem FADA ORIANA 2 EBS de Machico – A Fada Oriana de Sophia Mello Breyner Andresen (texto adaptado) DESEMPENHO EM PALCO Laura Nunes – Personagem RAINHA FADAS BOAS EBS de Machico – A Fada Oriana de Sophia Mello Breyner Andresen (texto adaptado) AMBIENTE DE CENA EBS Gonçalves Zarco – Oficina de Teatro “TeatroZarco” – «Doce Vida» adaptado do texto de Fernando Augusto (Versão Fernanda Pereira), Encenação Marco Andrade ACTRIZ Bianca Jesus – Personagem LUCIANA EBS Dr. Ângelo Augusto da Silva – Grupo de Teatro “O Comboio” – «Ser e Parecer» de Sophia de Mello Breyner Andresen (Conto «A Gata Borralheira» adaptado) ACTOR João Pedro – Personagem ANTÓNIO ES Jaime Moniz – Clube de Teatro “O Moniz – Carlos Varela” – RTX 78-24 de António Gedeão (texto Adaptado). INTEGRAÇÃO DE ELEMENTOS EM VÍDEO EBS Padre Manuel Álvares, Ribeira Brava – «A Xavelha do Purgatório» de José Bernardino G. Corte (texto adaptado), Encenação Lília Pereira
Semana dos Clubes
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1 - MELHOR ESPECTÁCULO (pelo colectivo, na interacção de elementos diferenciados); EBS de Ponta de Sol – Medeia de Eurípedes (texto adaptado), Encenação Zé Abreu
2 – MELHOR TEXTO (tendo em conta a temática abordada; a originalidade e a adaptação); ES Jaime Moniz – Clube de Teatro “O Moniz – Carlos Varela” – RTX 78-24 de António Gedeão (texto Adaptado).
3 – MELHOR ENCENAÇÃO ES Francisco Franco – Oficina de Teatro “Corpus” – Histórias Impossíveis de Ron Butlin (3 contos adaptados), Produção; Encenação e Direcção de Actores: Teresa Jardim; Cristina Pestana e Miguel Costa
4 – MELHOR ACTRIZ Débora Abreu – Personagem MEDEIA EBS de Ponta de Sol – Medeia de Eurípedes (texto adaptado), Encenação Zé Abreu
5 – MELHOR ACTOR Marco Lima – Personagem JASÃO EBS de Ponta de Sol – Medeia de Eurípedes (texto adaptado), Encenação Zé Abreu
6 – MELHOR REALIZAÇÃO PLÁSTICA ES Francisco Franco – Oficina de Teatro “Corpus” – Histórias Impossíveis de Ron Butlin (três contos adaptados), Produção; Encenação e Direcção de Actores: Teresa Jardim; Cristina Pestana e Miguel Costa
7 – MELHOR PRODUÇÃO EBS Bispo D. Manuel Ferreira Cabral, Santana – «Educação.mp3»
X Semana dos CLUBES/PROJECTOS realizou-se entre os dias 14 e 18 de Abril de
A
2008, subordinada ao tema: “OS 500 ANOS DA CIDADE DO FUNCHAL”, dirigiu-se a alunos, professores, funcionários e comunidade em geral. Contou om a partici-
pação dos Coordenadores dos respectivos Clubes/Projectos que, ao longo do ano, prepararam: acções; painéis; conferências; concursos e actuações. Incentivaram os alunos na elaboração de exposições temáticas, incluíram projecção multimédia, concursos, entre outras actividades. Para a Abertura, com um espectáculo de dança, ginástica e exposições foi convidado o Sr. Secretário Regional de Educação e Cultura - Dr. Francisco Fernandes. No último dia, actuaram as Vozes do Liceu, tendo um júri, constituído por professores, premiado as três melhores interpretações. Seguiram-se números, ligados à dança e ginástica. A Cerimónia de Encerramento terminou com a entrega de prémios, seguindo-se um lanche para todos os que participaram directa e indirectamente nesta semana. As Coordenadoras das ACC Maria Elisabete de Sousa Cró Maria de Fátima Afonso Marques
Semana dos Clubes
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Semana dos Clubes
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Carla Rodrigues - Monitora do Clube de Dança
dança para mim, para além de ser uma boa terapia no alívio do stress, é algo que
A
quero para o meu futuro.
O que me levou a entrar no Clube de Dança foi o simples facto de gostar muito de dança, do convívio entre os outros elementos e de me aventurar em actividades relacionadas com este clube. Visto que gosto de dançar, a dança não ocupa tempo nenhum, escusado será dizer que se existir uma actividade relacionada com este clube em tempo de aulas, cabe-nos pensar, reflectir se eventualmente irá prejudicar a nível da matéria perdida, caso contrário, é não faltar à(s) aula(s), consoante o período de tempo dessa actividade. Se acontecer algo de grave, aí sim, e falando por mim terei que faltar a essa actividade...
Nuno Santos - 12º 16
Para mim a dança é algo extraordinário e que me faz sentir muitíssimo bem. ança é movimento, é expressão corporal e através desta posso demonstrar o que
D
estou a sentir e aliviar todo o stress.
Entrei para a dança, pois sempre gostei de dançar e como tive esta oportunidade não a ia desperdiçar. Consigo gerir bem o meu tempo, dança e os estudos, pois sempre que tenho um teste fico em casa a estudar e a professora Carla percebe e o resto do grupo também, são todos excepcionais.
Rubina Oliveira - 11º 51
Para mim a dança é uma maneira de expressar os nossos sentimentos, sensações… Já me tinham falado do Clube de Dança do Liceu e disseram que o ambiente era muito bom e que as pessoas eram simpáticas; entrei por gostar de dançar e pelo bom ambiente entre os membros do grupo. dança não interfere nada nos meus estudos, temos é de ter um bom método de estu-
A
do e sermos bem organizados com o tempo livre.
Vera Gomes - 11º 2
Semana dos Clubes dança para mim é uma forma de me expressar e de libertar o stress das aulas e dos
A
testes, ou seja, permite-me espairecer depois de um dia de aulas
Resolvi entrar no clube de dança da escola, pois tive conhecimento deste através de uma amiga que também faz parte dele, e como sempre gostei de dançar aproveitei e inscrevi-me. Para conseguir conciliar a dança ou outra actividade extra-curricular com os estudos acho que é importante sabermos organizar a nossa vida tendo em conta as actividades que temos no nosso dia-a-dia. Se tivermos isso em conta somos capazes de termos sucesso tanto nos estudos como nas actividades restantes.
Cláudia Camacho - 11º 4
dança para mim é uma forma de expressar os nossos sentimentos e isto é impor-
A
tante pois é através dela que posso transmitir o que quiser: tristeza, sensualidade, alegria, transmitir diversas sensações!
Entrei para o Clube de Dança por incentivo próprio para ter uma actividade extracurricular de que gostava, conhecer pessoas novas mas acima de tudo escapar ao stress da escola! Actividades deste tipo são para o desenvolvimento de uma pessoa para que esta não fique somente centrada nos estudos. Tenho várias actividades extracurriculares, mas não é por causa disso que não me dedico aos estudos. Por isso, quem tiver interesse em frequentar um clube da escola quer dança, teatro, música…que se inscreva porque o que tem que haver é capacidade de organização!
Petra Gomes - 10º 7
esde muito pequena que mostrei interesse pela dança, qualquer que seja ela:
D
desde ballet a hip hop, danças de salão, todas as pessoas que eu via a dançar pareciam gostar tanto do que faziam e conseguiam fazer passar tanta emoção que
seria impossível não reparar. Hoje em dia faço-o para me manter em forma, para me expressar (por isso as músicas que danço podem variar de dia para dia, consoante o meu estado de espírito), para me divertir, para conhecer gente nova, para conviver com os mais antigos e para relaxar, especialmente em tempos de teste, quando estou a estudar em vez de fazer uma pausa para ver televisão, danço, é uma maneira de espairecer e de libertar as energias negativas. Inicialmente juntei-me ao Clube de Dança para poder fazer actuações com um grupo formado anteriormente. À medida que o tempo foi passando comecei a conhecer as pessoas que o constituíam e a formar grandes amizades e, por isso, acabei por me juntar por completo. Actualmente é um pouco difícil conciliar a dança com o meu tempo, porque tenho outras actividades no horário em que o clube tem ensaios mas com um esforço por parte de todos, especialmente da professora Carla, conseguimos arranjar um outro dia para me por a par das novas coreografias e alterações. Costumamos dizer que “quem corre por gosto não cansa” e acho que esse é o meu caso, por muitas coisas que tenha para fazer tem que haver sempre um momento no meu dia ou na minha semana em que dance ou esta não será tão completa.
Ana Luísa Capelo - 11º 4
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A dança é uma forma de vida, é uma forma de expressar os sentimentos, emoções, alegrias e tristezas. O corpo reflecte aquilo que a realidade não vê. motivo pela qual me inscrevi no Clube de Dança foi porque a dança é realmente uma
O
grande paixão minha, e sem ela eu não seria a mesma pessoa.
Nicole de Roque - 11º 12
A dança para mim é uma forma de me expressar e de estar bem para comigo própria. Quando estou na dança, não estou a me preocupar com outras coisas, eu estou ali para me divertir e ao mesmo tempo para aprender a ser eu própria. Eu entrei para o Clube de Dança, porque era uma forma de conhecer outras pessoas, conhecer outros pontos de vista ao mesmo tempo que me divertia e me distraia. dança e a escola estão interligadas, porque na dança aprendemos a ser respon-
A
sáveis, visto que é um grupo e se alguém falha todo o grupo é penalizado. Esta responsabilidade que adquirimos aqui é levada a nível escolar, porque temos que
estudar o nosso tempo disponível sabendo que existe tempo para a dança como também existe tempo para a escola. No meu caso, a dança não interfere com a escola, porque eu vejo a dança como um estudo mental, ou seja, um estudo de concentração e ao mesmo tempo de imaginação.
Ana Letícia Pereira - 11º 2
Semana dos Clubes
Inserido na Semana dos Clubes e no âmbito da temática «Funchal 500 anos e os 170 anos do Liceu», os professores envolvidos nos projectos “MatNet” e “As TIC no EnsinoAprendizagem da Matemática” dinamizaram um concurso de fotografia intitulado “A Matemática em nosso redor.” A entrega dos prémios referentes ao mesmo teve lugar na cerimónia de encerramento da Semana dos Clubes. Ana Cristina Silva do 11º04 foi a primeira classificada, tendo recebido como prémio uma calculadora gráfica Casio FX-9850, oferta da Beltrão Coelho. Em segundo lugar esteve Cláudia Azevedo do 10º13 que recebeu uma viagem de ida e volta ao Porto Santo, oferta da Porto Santo Line. Em terceiro lugar, Xavier Ponte de Sousa foi premiado com um kit com artigos diversos, oferta da Funchal 500 anos. Os dinamizadores do concurso agradecem às empresas patrocinadoras.
Lucy Silva Reis - Grupo 500
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Maria de Fátima Vieira - Psicóloga
«A economia global e o desenvolvimento das tecnologias de informação transportam-nos de sociedades industriais para sociedades pós-industriais. As pessoas não podem jamais contar com emprego ao longo da vida e um claro percurso de carreira e promoções desde o primeiro emprego até a reforma.» Mark Savickas. «Arranjar um emprego sempre foi difícil. Nos últimos anos manter um emprego tornou-se ainda mais difícil. Os altos e baixos da economia e uma nova mentalidade, que dá o seu aval à dispensa de trabalhadores para melhorar os resultados da empresa, levaram a que as pessoas passassem mais tempo a proteger-se do que no cumprimento efectivo das suas funções.» Robert Sternberg (1996). Estas afirmações de autores de renome da Psicologia continuam pertinentes, sendo Mark Savickas um nome incontornável da psicologia vocacional e Robert Sternberg um investigador em diversos campos, nomeadamente a inteligência. Este autor distingue três aspectos da inteligência, a prática, a criativa e a analítica (sendo esta a que é usualmente medida pelos testes de inteligência tradicionais, assim como, pelos testes académicos) e considera que será a consciencialização por parte das pessoas do seu tipo de inteligência mais característico que lhes permitirá rentabilizar o melhor possível as suas capacidades no contexto profissional, visando obter o que denomina de inteligência de sucesso. Esta todavia é mais eficaz quando equilibra os três aspectos. Poucos questionarão que actualmente uma das grandes preocupações dos alunos, seus familiares e docentes é a de escolher e enveredar por um percurso formativo que possibilite uma futura colocação no mercado de trabalho. Todavia com as profundas alterações sociais e laborais ocorridas na sequência do desenvolvimento científico, tecnológico e económico deixou de ser possível perspectivar um trabalho para a vida toda como antigamente. Houve uma mudança de paradigma: passou-se de uma situação em que se preparava em termos educativos/formativos para uma determinada profissão, para outra em que será necessário ir se preparando continuamente consoante as características pessoais e as oportunidades que forem surgindo no mercado de trabalho. Ou parafraseando António J. Almeida (2007), está a haver uma substituição do primado do emprego para a vida pelo primado da empregabilidade para a vida. Este conceito de empregabilidade, define-se como um conjunto de competências que permitem uma mais fácil inserção no trabalho mesmo que em profissões não relacionadas com a formação específica. Nesse sentido é errado, em termos laborais, centrarmo-nos em escolhas únicas visto os dados a nível internacional apontarem para a tendência de um determinado indivíduo ao longo do seu percurso profissional ter que passar por múltiplas funções e/ou por diversos
Ciência Aberta empregos/trabalhos (Jane Goodman, 2005). A exigência em termos de flexibilidade, quer mental quer comportamental que já é requerida a quem está a entrar no mercado de trabalho é grande e a tendência é de aumentar. Sabemos porém que quanto maior for o nível de escolaridade mais possibilidades terá uma pessoa de ir adquirindo essas competências que lhe permitem ser mais flexível e de lidar com a incerteza e a imprevisibilidade. Neste âmbito, o Parlamento Europeu e o Conselho da União Europeia (2006), recomendam competências essenciais para a aprendizagem ao longo da vida, isto é, as que são «necessárias a todas as pessoas para a realização e o desenvolvimento pessoais, para exercerem uma cidadania activa, para a inclusão social e para o emprego.»Essas competências essenciais, definidas como uma combinação de conhecimentos, aptidões e atitudes adequadas ao contexto, são: comunicação na língua materna, comunicação em línguas estrangeiras, competência matemática e competências básicas em ciências e tecnologia, competência digital, aprender a aprender, competências sociais e cívicas, espírito de iniciativa e espírito empresarial e sensibilidade e expressão culturais. Estas oito competências são consideradas ao mesmo nível de importância, dado cada uma poder contribuir para uma vida bem sucedida na sociedade do conhecimento. Carla A. Ribeiro (2007), após constatar que não existiam estudos oficiais entrevistou reconhecidas personalidades do meio académico e empresarial português, identificando dez áreas em crescimento e dez trabalhos com boas perspectivas de emprego. As áreas referenciadas são as seguintes: Tecnologias de Informação e Comunicação; Saúde e Assistência Social; Turismo; Estética e Bem-Estar; Ambiente; Transportes e Logística; Cultura e Entretenimento; Marketing e Comunicação; Ciências da Vida e Educação. Os trabalhos destacados são: engenheiro de redes informáticas, gestor de relações com clientes, engenheiro de energias renováveis, fisiologista de controlo de peso, e-formador, jurista especializado em propriedade intelectual, gestor de investigação e desenvolvimento na indústria farmacêutica, técnico de gerontologia, chefe de cozinha e produtor cultural independente. Cita ainda um estudo do Departamento do Trabalho norte-americano, segundo o qual as profissões que mais crescerão até 2014 serão: prestadores de cuidados pessoais e de saúde ao domicílio; engenheiros informáticos especializados em aplicações, redes, soft-
ware, administração de sistemas e de bases de dados; auxiliares médicos, de fisioterapia e de estomatologia; higienistas orais; fisioterapeutas; técnicos de análise forense; técnicos de veterinária; ecografistas; cientistas na área da medicina; professores do pré-escolar; técnicos cardiovasculares; professores do ensino secundário; hidrologistas; trabalhadores
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Alguma documentação consultada:
especializados em resíduos perigosos; engenheiros biomédicos; especialistas em recruta-
Almeida, António J. (2007). Empregabilidade,
mento e colocação de recursos humanos e engenheiros do ambiente.
contextos de trabalho e funcionamento do
É muito frequente os jovens e os que não são tão jovens depararem-se com o seguinte
mercado de trabalho em Portugal. Sísifo.
«dilema»: Estudar e trabalhar em algo que nos interessa de forma efectiva e que nos per-
Revista de Ciências da Educação, 2, pp.51-57. Consultado em Março, 2008 em http://sísi-
mite concretizar os nossos valores e necessidades ou escolher uma área de estudos e/ou de formação só porque à partida nos possibilitará mais facilmente entrar no mercado de
fo.fpce.ul.pt
trabalho? O que será mais importante quando estamos a ter dificuldade na conciliação Alves, José M., (1999) Crises e dilemas do Ensino Secundário. Em busca de um novo paradigma, Porto, Edições ASA.
destes factores? Esta é uma questão a que cada um dará a sua resposta e tenho a convicção de que qualquer que ela seja será legítima. Considerando que os alunos que frequentam a E. S. Jaime Moniz, estão ou em Cursos
Alves, Natália. (2007). E se a empregabili-
Científico - Humanísticos ou em Cursos Tecnológicos recomendamos alguns aspectos
dade dos jovens escondesse novas formas
práticos a ter em consideração na escolha de licenciatura e/ou área profissional:
de desigualdade social? Sísifo. Revista de Ciências
da
Educação,
2,
pp.59-68.
1-Aprofundar aspectos relativos ao auto-conhecimento, como sejam as características
Consultado em Março, 2008 em http://sísi-
essenciais da sua personalidade e os seus valores de vida e profissionais.
fo.fpce.ul.pt
2-Os alunos deverão explorar os sites do instituto de emprego e formação profissional (www.iefp.pt e www.ire.gov.pt), assim como, dos diversos estabelecimentos de ensino
Azevedo, J.(1999), Voos de borboleta. Escola, trabalho e profissão, Porto, Edições ASA.
superior (através do www.acessoensinosuperior.pt e/ou www.madeira-edu.pt/ges/) em que no parâmetro relativo às saídas profissionais, se concretizam as funções e/ou locais
Azevedo, J.(2000), O ensino secundário na
que/onde se pode exercer. Outro aspecto muito importante é explorar os planos de
Europa - O neoprofissionalismo e o sistema
curso/currículo ou seja a importância do processo, (conteúdos, sistema de avaliação).
educativo mundial, Porto, Edições ASA.
Relevante é o facto de muitas universidades terem protocolos de colaboração com institui-
Goodman, Jane (2005), Expanding our vision:
ções estrangeiras como o MIT - Massachusetts Institute of Technology, o CMU - Carnegie
Carreer couseling comes of age in the new
Mellon University etc, o que como é lógico alarga as hipóteses dos seus alunos terem uma
millennium, Lisboa, AIOSP International
maior abrangência do mercado de trabalho. Alguns estabelecimentos apresentam dados
Conference.
relativos à taxa de emprego dos seus cursos, tendo sido divulgado relatório pelo Ministério
Jornal Oficial da União Europeia (2006).
da
Recomendação do Parlamento Europeu e do
(www.estatísticas.gpeari.mctes.pt), com dados provenientes quer dos centros de
Conselho de 18 de Dezembro de 2006 sobre
emprego quer das instituições de ensino superior.
as competências essenciais para a aprendizagem ao longo da vida (2006/962/CE).
Ciência,
Tecnologia
e
Ensino
Superior
em
Fevereiro
de
2008
Embora neste momento existam muitas pessoas com habilitações superiores no desemprego ou a desempenhar funções que exigem menos qualificações do que aquelas que
Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino
possuem, também existem dados que comprovam que a opção por uma licenciatura e pela
Superior (2008). A procura de emprego dos
qualificação ao longo da vida revela-se uma decisão correcta considerando que o salário
diplomados
com
habilitação
superior.
www.estatísticas.gpeari.mctes.pt
auferido é em média superior e que o tempo desempregado é em média inferior em relação aos outros trabalhadores com menos habilitações.
Nova
O grande desafio para o futuro será provavelmente para cada pessoa o de ir gerindo com
Epistemologia para a Psicologia Vocacional,
optimismo as contínuas exigências pessoais e laborais em termos de flexibilidade e actu-
Savickas,
Mark,
(s/d),
Uma
Lisboa, Edições Universitárias Lusófonas 1995.
Sternberg, Robert J., (1996), Inteligência de Sucesso, Lisboa, ÉSQUILO - Edições e Multimédia, Lda; 2005.
Ribeiro, C. A., (2007), 10 Empregos com Futuro, In Visão, 6 de Dezembro de 2007, pp. 70-80.
Universidade da Madeira, (s/d), Uma questão preambular e crucial: a empregabilidade, In Relatório, http://bolonha.uma.pt
Imagens: www.fotosearch.com
alização permanente, de forma a ir encontrando e/ou mantendo o seu equilíbrio psíquico.
Ciência Aberta
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João Viveiros - Grupo 500
conceito
reflexivo,
Os professores não reflexivos acabam por
A supervisão também pode ser exercida
defendido por Zeichner, indica que
aceitar automaticamente o ponto de vista
junto dos professores profissionalizados.
os supervisores devem ajudar os
O
de
ensino
normalmente dominante numa dada situ-
Neste sentido, Isabel Alarcão vem defen-
futuros professores a desenvolver capaci-
ação.
dendo, desde 1987, a extensão do âmbito
dades de reflexão sobre as suas práticas
Os professores devem ter práticas reflexi-
da supervisão à formação contínua de pro-
com o objectivo de a melhorarem. Para
vas no exercício das suas funções. Segundo
fessores. Segundo a mesma autora (2001),
Zeichner (ibid.:17), reflexão também signifi-
Zeichner (1993), uma das formas que os
as competências supervisoras (técnicas e
ca o reconhecimento de que “o processo de
professores têm de abordar a prática reflexi-
humanas) são necessárias a vários níveis,
aprender a ensinar se prolonga durante toda
va é encará-la como a vinda à superfície das
tais como, no apoio à elaboração de projec-
a carreira do professor e de que, indepen-
teorias práticas do professor, para análise
tos, à gestão do currículo, à resolução colab-
dentemente do que fazemos nos progra-
crítica e discussão. Expondo e analisando as
oradora dos problemas, à aprendizagem em
mas de formação de professores e do modo
suas teorias práticas, para si próprio e para
grupo e à reflexão formativa inerente, à
como o fazemos, no melhor dos casos só
os seus colegas, o professor tem mais
avaliação e à monitorização, ao pensamento
podemos preparar os professores para
hipóteses de se aperceber das suas falhas.
sistemático sobre os contextos de for-
começarem a ensinar
Embora o modo como cada professor vê a
mação e sobre o que é ser escola. De acor-
No âmbito do ensino reflexivo, Zeichner
realidade sirva de barreira, impedindo-o de
do com o alargamento das funções supervi-
(1993:20) defende que os professores que
reconhecer e experimentar pontos de vista
soras, a referida autora (ibid.) pretende que
não reflectem sobre o seu ensino aceitam
alternativos “a falta de troca de ideias den-
o supervisor assuma o papel de agente de
de forma passiva a realidade quotidiana das
tro dos grupos, na actualidade, inibe a cons-
desenvolvimento organizacional, que deve
suas escolas, e “concentram os seus
trução saudável das convicções pessoais,
decorrer em simultâneo com o desenvolvi-
esforços na procura dos meios mais efi-
uma vez que estas só se nos tornam reais e
mento pessoal e profissional dos membros
cazes para atingirem os seus objectivos e
claras quando delas podemos falar com os
da organização. Pretende também que, em
para encontrarem soluções para problemas
outros. A reflexão construtiva sobre a expe-
colaboração com os vários sectores, ele
que outros definiram no seu lugar”. Afirma
riência na sala de aula obriga-nos a constituir
fomente ou apoie contextos de formação
mesmo que é frequente estes professores
um fórum social para a sua discussão”
em exercício profissional que, traduzindo-se
esquecerem-se de que a sua realidade quo-
(Solomon cit. por Zeichner, 1993:33). Neste
numa melhoria da escola, se repercutam no
tidiana é apenas uma entre muitas pos-
sentido, Zeichner (1993) defende que os
desenvolvimento profissional dos agentes
síveis, e que existe uma diversidade de
professores critiquem e desenvolvam as
educativos e na melhor aprendizagem dos
opções dentro de um universo de possibili-
suas teorias práticas à medida que
alunos.
dades mais vasto. Com este comportamen-
reflectem sozinhos e em conjunto na acção
to eles perdem muitas vezes de vista as
e sobre ela, acerca do seu ensino e das
metas e os objectivos para os quais traba-
condições sociais que modelam as suas
lham, tornando-se meros agentes de ter-
experiências de ensino.
ceiros.
Maria Emília Homem da Costa - Grupo 340
Adoro fotografar pormenores, daqueles que quase sempre nos escapam quando andamos com pressa, no dia-a-dia. Um pequeno elemento da Natureza assume lugar de destaque, quando o fixamos como tema central.
Fotografar... guardar, agrafar, gravar... Fotografar foi um interesse que só na idade avançada (!) consegui desenvolver. Outros se foram, ao longo da vida, sobrepondo, até que um dia... click, com uma 'maquineta' que não exige muita perícia, empurrada pelo entusiasmo dos filhos, começei a fotografar a torto e a direito! Muitas vezes torto... algumas vezes direito ... Inscrevi-me no Olhares.com e, mais tarde, no Reflexos Online. Aprendi muita coisa e fiz muitos amigos e essa partilha, essa
Uma oportunidade para um pouco de fotojornalismo. Um momento irrepetível e a satis-
possibilidade de aprender com os que
fação de estar no local certo, antes de todos chegarem!...
sabem mais, essa oportunidade de fazer amizades tem-me proporcionado muito bons momentos. Hoje com um 'maquinão' melhor, continuo a dar maior importância aos momentos que fotografo, às emoções que fixo no tempo e à estética do conjunto obtido, sem saber ainda o suficiente do lado técnico desta arte fascinante. Mas sei que farei mais caminho, caminhando...
Gosto do efeito gráfico que às vezes se consegue obter e aprecio alguns abstractos, as formas geométricas, as simetrias... As possibilidades da fotografia são infinitas!
Fotografar Emoções - Dixit
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O espaço do Nosso / Vosso descontentamento!
também a consola Xbox la lista de produtos de sucesso da
Microsoft. Entretanto, esta consola vem perdendo terreno de forma tão rápida para o Wii e para a PlayStation que vai sucumbir em breve, se nada for feito para reverter a tendência. Ao fazer a mudança de área de actuação, de software para a propaganda na Web, a Microsoft deixa um mercado que controla de forma monopolista e onde consegue praticar todo o tipo de acções lícitas ou não para forçar a venda dos seus produtos e passa a concorrer num mercado livre, onde precisa de apresentar produtos de qualidade, coisa para a qual não está vocacionada. O resultado final é o falhanço estrondoso. bcecada com o Yahoo e principalmente com o
A prova está no balanço trimestral da Microsoft publicado recen-
sucesso do Google, empresas que não são seus
temente. Segundo este números, as vendas do Windows cairam
competidores directos, a Microsoft começou a
em 24% em relação ao ano passado, o que representou uma
mudar o seu rumo, de uma empresa criadora de software, para uma
redução de 11% nos lucros globais da empresa em relação ao ano
empresa de venda de anúncios na Internet. Ao fazê-lo, esqueceu-se
anterior.
O
de desenvolver, de forma apropriada o Windows e o Office, os seus
No mesmo período, a Apple registou um aumento de 51% nas
dois únicos produtos de sucesso e que ainda mantêm os lucros da
vendas de computadores, resultando num aumento de 36% do
gigante de Redmond. Um exemplo disso é o recente fiasco bom-
lucro global e o Google registou um aumento global de 31% no
bástico do Windows Vista (= XP com maquilhagem) que tem ven-
lucro.
dido menos a cada dia que passa. Se este artigo fosse escrito há dois anos atrás, podíamos incluir
Magno Urbano http://www.efeitosvisuais.com
Uns olhos Que olhos formosos que eu vi nesse dia Que ao bardo, trouxeram segredos de amor Tão meigos, tão castos, tão cheios de encantos Que a lyra acordarão do pobre cantor
Eram meigos feiticeiros, Eram dous astros brincando, Num lago de branca neve Douradas visões gozando.
Que brilho dos astros no céu a luzir Que encanto suave de mago condão Minh’alma extasia e o peito só pode Erguer doce hymno, suave canção.
Nem Rapahael o sublime Imaginou tal candura Nem pagão, grego, romano Adorou tal formosura!
Amor, alegria seu rosto inspirava Seus olhos tão puros, celeste brandura Dos astros formosos, saphyras brilhantes Que a alma embriagam com maga candura?
Mas não, ai do vate, lá vem a negra nuvem, Que a meiga estrelinha lhe tolda o fulgor, Lá vem o sopro intenso de norte furioso, Que ao bosque florento lhe despe o vigor!
Que meigo olhar sedutor Que brilho d’astro fulgente Em ondas de luz de amor Como se enrosca a serpente.
E arcanjo risonho, ou virgem ou fada, Julguei ter no rosto, nos olhos, amor; Mas ai! Pobnre crença, funesta alegria, A esp’rança fagueira perdeu seu alvor!
Como a gota matutina Que no seio Luís retrata Como a lua ao reflectir-se Na lympha de lisa prata
E a lyra do bardo cantou doce endeixa, E ao ver esses olhos o vate então creu, Mas triste, bem cedo da terra a desgraça Roubou-lhe esses olhos sem norte, sofreu!
Tinham o olhar brando e puro Dum anjo, dum cherubim Como a nívea, branca folha Do perfumado jasmim.
In: O Recreio, 06/07/1863
Poesia - Português.com
A beleza de Maria De Maria a formosura Na terra não tem rival Que é mais formosa que a rosa E do que o jasmim do vale. É como meiga visão De noite de Primavera Queando a lua meiga e triste Poesia n’alma gera. É azul mais sancto e puro Que o azul dos olhos seus Na terra ver não se pode Somente o azul dos céus. Que só ele é grande, imenso, Profundo e misterioso Como esse olhar sancto e puro, Tão terno, tão amoroso. E cabelos mais formosos Que ela quem os terá? Mais louros, mais ondulosos, Virgem de certo os não há. E essa fronte tão singela Tão alva, tão delicada E esse talho tão esbelto E essa mão tão afilada?! Mas p’ra que louco pretendo Belezas taes esboçar? Não será isto ofendê-la, Seus encantos profanar? Virgem dos olhos azuis Oh! Perdoa ao teu cantor! Perdoa-lhe, foi loucura. Perdoa-o, que foi amor. Z In: O Recreio, 09/09/1863
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pós um interregno de dois números, aqui se publicam mais
A
alguns trabalhos produzidos no âmbito da disciplina de Desenho A do agrupamento de Artes Visuais.
Estes trabalhos foram produzidos por alunos da turma 11º 21, enquadrados na proposta de trabalho de representação do corpo humano e neles foram utilizadas diversas técnicas. Uma exposição mais alargada destes trabalhos pode ser vista no
Rossana Silva - 11º 21
Suzana Moreno - 11º 21
Alexandro Rodrigues - 11º 21
nosso espaço de exposições.
Rubina Barros - 11º 21
Andreia Silva - 11º 21
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Suzana Moreno - 11º 21
Artes
Alexandro Rodrigues - 11º 21
Rossana Silva - 11º 21
Alexandro Rodrigues - 11º 21
João Diogo Aguiar - 11º 21